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Direito Econômico [Ano] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 2 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Análise de Curto Prazo MATERIAL TEÓRICO Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Fernando Tadeu Marques Prof. Ms. Reinaldo Zychan de Moraes Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 3 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Objetivos da aula: A intervenção estatal na esfera econômica O intervencionismo é considerado uma doutrina que preconiza uma maior ingerência do Estado no domínio econômico, por meio de regulação da atividade econômica ou execução direta de atividades econômicas. Os casos previstos na Carta Magna que deferem ao Estado a sua atuação no domínio econômico estão mencionados nos artigos 175, 176 e 177, que tratam da prestação de serviços públicos, da exploração de jazidas, recursos minerais e potenciais de energia elétrica e do monopólio da União relativamente ao petróleo e aos minerais nucleares. Uma das formas de atuação do Estado na ordem econômica se dá quando ele executa um serviço público ou quando exerce uma atividade econômica, em sentido estrito. Pela análise do artigo 173 da Constituição Federal podemos afirmar que, salvo nos casos previstos expressamente, a exploração direta da atividade econômica pelo Estado constitui-se uma exceção. Logo, a regra é a de que o Estado não deve atuar diretamente no domínio econômico, senão em situações excepcionais, restritas à necessidade decorrente de dois fatores que deverão estar previstos em lei: imperativos de segurança nacional e relevante interesse coletivo. Nesta unidade, nosso objetivo é estudar o tema da intervenção do Estado no domínio econômico, enfocando quem tem competência para intervir nas relações econômicas, como ocorre essa intervenção e as modalidades de intervenção, segunda a classificação do professor Eros Roberto Grau. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 4 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo A definição de competência A competência quase absoluta para a intervenção no domínio econômico é da União, conforme o artigo 21 da Constituição. Esse dispositivo constitucional apresenta, dentro de sua competência administrativa privativa, um rol de atividades ligadas a sua atuação nessa área, podendo ser destacadas as seguintes: a elaboração e execução de planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; a fiscalização de operações financeiras: a reserva da função relativa ao serviço postal; a organização dos serviços de telecomunicações, radiodifusão, energia elétrica, aproveitamento energético dos cursos d’água e os serviços de transporte. Já no rol de competências legislativas privativas da União (artigo 22 de nossa Lei Maior) vamos verificar que somente ela pode expedir normas sobre os seguintes assuntos: comércio exterior e interestadual; organização do sistema nacional de empregos e dos sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; diretrizes da política nacional de transportes, jazidas, minas e outros recursos minerais. Pouco ou nada resta para os demais entes federativos (Estados, Distrito Federal e Municípios), o que denuncia claramente a supremacia da União como representante do Estado-Regulador da ordem econômica, apesar de haver competência concorrente para legislar sobre direito econômico (art. 24, inc. I, da CF) e sobre produção e consumo (art. 24, inc. V, da CF). Nesses casos, a competência da União encerra a produção de normas gerais, cabendo aos Estados e ao Distrito Federal a edição de normas suplementares. Deve ainda ser observado que, em relação à competência para tratar de questões afetas ao direito econômico, há também espaço para a atuação municipal, desde que sejam observadas as limitações estabelecidas nos incisos I e II do artigo 30 da Constituição Federal, ou seja: a questão deve ser de interesse local; as disposições estabelecidas pelo município devem somente suplementar a legislação federal e estadual, quando isso for cabível. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 5 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; [...] Nesse particular, pode ser destacada a possibilidade do município, por lei, regular o horário do comércio local, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal cristalizado na Súmula n.º 419. Súmula n.º 419 do Supremo Tribunal Federal Os municípios tem competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. Atuação estatal A expressão “atuação estatal” engloba ação do Estado no campo da atividade econômica em sentido amplo. Nessa linha, podemos estabelecer que a atuação estatal na economia pode se dirigir: aos serviços públicos: nesse caso estaremos falando sobre a ação estatal sobre a esfera pública; à ação estatal em relação à esfera das relações privadas: aqui se trata de atividades econômicas em sentido estrito – a isso chamamos de intervenção do Estado no domínio econômico. “Assim, se pretendermos, ao enunciar as formas de atuação do Estado em relação ao processo econômico, considerar a globalidade da ação estatal, inclusive sua atuação sobre a esfera do público, o uso, da expressão atuação estatal será mais adequado. Estaremos a referir, então, não apenas a ação do Estado em relação à esfera do privado, mas também no que respeita à prestação de serviço público e à regulação da prestação do serviço público.” (GRAU, 2007, p. 131) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 6 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Vamos falar um pouco mais sobre a atividade econômica do Estado quando ele presta serviços públicos. Quando o Estado presta serviços públicos raramente poderíamos imaginar que essa atividade não envolva questões ou consequências econômicas. Assim, por exemplo, para prestar o serviço público na área da saúde é imprescindível construir hospitais, comprar equipamentos, comprar remédios, bem como contratar e pagar os funcionários que irão desempenhar essa atividade. Nessa situação, muito embora haja o envolvimento de pessoas e empresas privadas não podemos falar em atividade econômica em sentido estrito, pois: a atividade econômica em sentido estrito (aquela que objetiva precipuamente o lucro) é destinada, em regra, para a iniciativa privada; diversamente do que ocorre com os particulares, não podemos falar em “livre iniciativa” do Estado ao realizar serviços públicos; bem ao contrário é a prestação de serviços públicos uma de suas principais razões de existência. A realização de serviços públicos diretamente pelo Poder Público está prevista no caput do artigo 175 da Constituição Federal. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviçospúblicos. [...] Mas como o Estado presta os serviços públicos? Isso pode ocorrer de duas formas: diretamente pelo próprio Poder Público: essa é a regra, razão pela qual serviços como segurança pública, emissão de moeda, controle alfandegário, dentre outros, são realizados sem a intermediação de outras pessoas jurídicas privadas; por particulares contratados pelo Poder Público. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 7 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Também nesse mesmo dispositivo constitucional está prevista a possibilidade do Poder Público estabelecer, por meio de concessão ou permissão, que alguns serviços públicos possam ser executados por particulares. Formas de intervenção do Estado na economia Como vimos, a intervenção do Estado na economia se caracteriza quando o Poder Público age sobre a chamada atividade econômica em sentido estrito, ou seja, aquela que é realizada, em regra por particulares, tendo por objetivo maior a percepção de lucros. É o que ocorre, por exemplo, em alguns municípios que possuem frota própria de ônibus e destinam funcionários da prefeitura para realizar o transporte urbano de pessoas. Nesses casos, contudo, dois importantes detalhes devem ser observados: a concessão ou a permissão devem ser antecedidas de licitação pública para escolha dos particulares que irão contratar com o Poder Público; o Poder Público continua responsável pelo serviço público, sendo que somente a sua execução é transferida à iniciativa privada pelo período de vigência do contrato de concessão ou permissão. Seguindo o mesmo exemplo acima, pode o município contratar uma empresa de transporte para que ela realize o transporte público urbano. Nesse caso, dentre outras possibilidade, pode o contrato de concessão estipular que caberá à empresa providenciar os ônibus empregados nesse serviço público, bem como que ela deverá providenciar os funcionários que irão operar esse sistema. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 8 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo A intervenção do Estado na economia pode se dar de duas formas distintas, a intervenção direta e a intervenção indireta. a) Intervenção direta Na intervenção direta o Estado atua como se fosse um grande empresário, desempenhando atividade que, em geral, poderiam ser desenvolvidas por empresas privadas. Essas situações excepcionais em que o Estado pode atuar diretamente na economia estão estipuladas no caput do artigo 173 da Constituição Federal. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. [...] Mas quais atividades econômicas podem ser desempenhadas pelo Estado? Em razão da relevância desse tema ocorreram diversos debates durante a elaboração de nossa Constituição Federal, sendo estipulado que a atuação direta na economia deveria ser reservada aos particulares e que somente de forma excepcional se admitiria a participação do Estado. Dessa forma, a exploração direta de atividades econômicas pelo Estado somente pode ocorrer: se for necessário aos imperativos da segurança nacional; se houver relevante interesse coletivo; essas situações excepcionais devem estar previstas em lei. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 9 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Essas atividades econômicas desempenhadas pelo Estado podem ser executadas em regime concorrencial ou em regime monopolístico, sendo que, normalmente, elas são executadas por empresas públicas e sociedades de economia mista especialmente criadas para realizá-las. O Decreto-Lei n.º 200/67 apresenta as seguintes definições: Art. 5º [...] II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. [...] Dessa forma, considerando a relevância coletiva da questão, pode o Poder Público, por exemplo, desde que autorizado por lei, criar um laboratório para a fabricação de remédios de menor complexidade para a distribuição em programas públicos para o combate de determinadas doenças, tais como a hipertensão arterial, o diabetes etc. Deve ser observado que outras empresas privadas também atuam nessa atividade e fabricam esses mesmos remédios, contudo, em razão do relevante interesse coletivo pode, em determinadas situações, ser interessante que o Poder Público atue diretamente. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 10 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Regime Concorrencial O Estado, quando explora diretamente a atividade econômica em regime concorrencial, atua em áreas em que outras empresas particulares também atuam. Nesse caso as empresas públicas e sociedades de economia mista submetem-se ao mesmo regime jurídico aplicável às empresas privadas. Isso faz com que elas estejam plenamente submetidas às mesmas obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias a que se sujeitam as demais empresas que atuam no mercado, não gozando de privilégios de qualquer ordem, salvo quando estes forem extensivos aos particulares (§§ 1º e 2º do artigo 173 da CF). Art. 173 [...] § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I. sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II. a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III. licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV. a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V. os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. OBSERVAÇÕES: Muito embora essas disposições normativas estabeleçam que as empresas públicas e sociedades de economia mista devem realizar atividades econômicas, atualmente, se entende que elas podem ser criadas para a prestação de serviços públicos. Embora essas definições se refiram à esfera federal elas são perfeitamente aplicáveis aos níveis estadual, distrital e municipal. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 11 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo 1) Regime Monopolístico Antes de analisarmos como o Estado atua no regime monopolístico é importante conhecer os conceitos de monopólio e oligopólio, pois eles serão bastante utilizados em nossas aulas. Um monopólio estará caracterizado quando a atividade econômica referente a um determinado produto ou serviço estiver centralizada em somente um agente econômico, não havendo a possibilidade jurídica ou fática de se estabelecer qualquer forma de concorrência. Já o oligopólio se caracteriza pela existência de uma quantidade muito reduzida de fornecedores de determinado bem ou serviço. Apesar de teoricamente ser possível a concorrência entre esses fornecedores, em geral, os integrantes do oligopólio, em razão da convergência de interesses, realizam uma composição de suas atuações de forma a impossibilitar (ou ao menos dificultar) o ingresso de outros fornecedores no mercado. Outra prática comum e que igualmente lesa o mercado é o acordo formado pelos integrantes do oligopólio sobre os preços praticados para o fornecimento de produtos e serviços. Além do regime concorrencial, nossa Constituição Federal estabeleceu outro regime de intervenção direta do Poder Público na economia ao instituir monopólios da União, em especial, em seu artigo 177. Essa situação ocorre, por exemplo, com: a Caixa Econômica Federal: empresa pública pertencente à União; o Banco do Brasil: sociedade de economia mista da qual a União é o principal acionista com direito a voto. Observe que esses dois bancos públicos atuam, em grande parte, concorrendo com instituições bancárias privadas. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 12 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Art. 177. Constituem monopólio da União: I. a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II. a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III. a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV. o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V. pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. Nessas áreas somente a União poderá atuar, sendo vedado que empresas privadas explorem essas atividades. Como pode ser observado no dispositivo constitucional, essas atividades são de grande impacto para a vida do país, razão pela qual os constituintes optaram em mantê-las, exclusivamente, sob o controle da União. b) Intervenção indireta Além dessa sua intervenção direta, o Estado deve exercer o papel de agente normativo e regulador da atividade econômica, consoante informa o caput do artigo 174 da Constituição. A isso chamamos de intervenção indireta do Estado na ordem econômica. Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. [...] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 13 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Na intervenção indireta o Estado atua por meio de leis, normas administrativa, órgãos públicos, agências reguladoras etc., estando suas ações voltadas para três áreas: fiscalização; incentivo; planejamento. Por meio da fiscalização das práticas dos agentes econômicos (do empresariado) o Poder Público objetiva verificar se há adequação entre estas e as normas jurídicas de conteúdo econômico editadas pelo Estado. Consiste em uma atividade de acompanhamento da atividade econômica, para fins de verificação de observância do ordenamento normativo aplicável, garantindo-se a efetividade e a eficácia das políticas públicas do Estado. O incentivo econômico pode ser entendido como um auxílio prestado pelo Poder Público para o fomento, implementação ou desenvolvimento de determinadas atividades econômicas a serem exploradas pelo particular. A atividade de incentivo estatal é fundamental para a redução das desigualdades regionais, uma vez que o desenvolvimento econômico não se dá de forma equivalente e uniforme em todas as regiões de um país. A redução das desigualdades sociais e regionais é um dos princípios da ordem econômica brasileira (art. 170, VII) e um dos objetivos fundamentais da República (art. 3º, III). Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; [...] Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] VII - redução das desigualdades regionais e sociais; [...] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 14 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Por intermédio do planejamento o Poder Público objetiva criar estímulos favoráveis ao progresso da atividade econômica e dar condições positivas para o seu desenvolvimento, possibilitando um melhor e mais adequado resultado da economia. Os benefícios concedidos não podem violar o princípio da isonomia, tampouco representar subsídios injustificáveis para determinados agentes econômicos, devendo ser implementados para o setor, não para terceiros, muito menos para determinados entes. A atividade é implementada e exercida pela iniciativa privada, contando, todavia, com benefícios e incentivos estatais transparentes, conduzidos de forma a atender a interesses públicos e coletivos de grande relevância. O planejamento é um processo técnico instrumentado para transformar a realidade existente no sentido dos objetivos previamente estabelecidos. O planejamento econômico consiste, assim, num processo de intervenção com o fim de organizar atividades econômicas para obter resultados previamente colimados. Vale citar que o processo de planejamento se instrumentaliza mediante a elaboração de Planos. Muito debatida na doutrina é a questão da obrigatoriedade dos Planos, ou seja, se os comandos das previsões do Plano vinculam ou não os sujeitos-econômicos. Se vincularem a todos, estaremos diante de um plano imperativo, caso contrário, um plano indicativo. Em nosso sistema jurídico, o plano se considera sempre imperativo para o setor público, porém para o setor privado da economia ele é meramente indicativo. Segundo o que dispõe nossa Carta Magna, o planejamento econômico deve buscar, sobretudo, um desenvolvimento nacional equilibrado, razãopela qual há uma preocupação em se incorporar e compatibilizar os planos nacionais e regionais de desenvolvimento, de forma a se atingir esse objetivo maior. Art. 174. [...] § 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 15 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Acrescente-se, finalmente, que há inúmeros preceitos constitucionais tratam da função de planejar, como, por exemplo: os artigos 21, IX e XVIII, 30, VIII, 48, IV, 49, IX e 84, XI. As modalidades de intervenção segundo a classificação de Eros Roberto Grau. a) Por absorção Ocorre quando o Estado atua em regime de monopólio, avocando para si a iniciativa de exploração de determinada atividade econômica (artigo 177 da CF). É um meio de intervenção direta. b) Por participação Ocorre quando o Estado atua paralelamente aos particulares, empreendendo atividades econômicas ou, ainda, prestando serviço público economicamente explorável, concomitantemente com a iniciativa privada. São as hipóteses nas quais o Estado participa na atividade econômica, em concorrência com o particular (art. 173 da CF). É um meio de intervenção direta. c) Por direção Ocorre quando o Estado atua na Economia por meio de instrumentos normativos de pressão, por meio da edição de leis ou de atos normativos. É uma forma de regulação econômica por parte do Estado. É quando o Estado normatiza, regula a atividade econômica. São normas cogentes, estando todos os particulares obrigados a obedecê-las. É um meio de intervenção indireta. d) Por indução Ocorre quando o Estado incentiva setores econômicos, por meio de benesses creditícias, tais como benefícios fiscais e abertura de linhas de crédito para fins de incentivo de determinadas atividades – em instituições financeiras privadas ou oficiais de fomento. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 16 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Nesse caso, por exemplo, o Estado induz que a atividade econômica seja desenvolvida em determinado local, pelo qual objetiva o desenvolvimento da área. Não é norma cogente, é apenas um incentivo à prática de determinada atividade em determinado local. É o que ocorre, por exemplo, na Zona Franca de Manaus. Trata-se de uma forma de intervenção indireta do Estado na economia. Síntese: Nesta unidade, nós estudamos o conceito de intervenção do Estado no domínio econômico, suas formas, modalidades e restrições previstas constitucionalmente. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 17 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Anotações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 18 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Análise de Curto Prazo Referências BASTOS, C. Curso de direito constitucional. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2002. COELHO, F. U. O empresário e os direitos do consumidor. São Paulo: Saraiva, 1994. FIGUEIREDO, L. V. Direito Econômico. São Paulo: MP Editora, 2006. FORTES, H., PELÁEZ, C. M. A política, a economia e a globalização do Brasil. Madrid: Agualarga, 1997. GIDDENS, A.. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. Rio de Janeiro: Record, 1999. GRAU, E. R.. A ordem econômica na Constituição de 1988. 12. ed., São Paulo: Malheiros, 2007. HELD. D. Democracia y el orden global. Del estado moderno al gobierno cosmopolita. Barcelona: Paidós, 1997. MAGNOLI, D. Manual do candidato: Política Internacional. 3. ed. Brasília: Funag, 2004. SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo. 33. ed. São Paulo: Malheiros,2010. www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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