Buscar

PSICOLOGIA INSTITUCIONAL 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

PSICOLOGIA INSTITUCIONAL
AULA 2
A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL COMO ANÁLISE INSTITUCIONAL
A Análise Institucional de Inspiração Sociológica – Lapassade
Assim como Bleger, Georges Lapassade também fornece uma rica contribuição teórica à prática da Psicologia em instituições. Mas, diferentemente daquele autor, que denomina essa forma de compreender e intervir em grupos e organizações psicologia institucional, Lapassade usa o termo análise institucional.
Georges Lapassade
Em Lapassade, entende-se, de modo geral, a análise institucional como a maneira singular de entender o que são as relações instituídas e a forma de trabalhá-las ou agir sobre elas na condição de psicólogo.
Suas bases concretas encontram-se nas experiências da pedagogia institucional que, criticando uma pedagogia autoritária, procurou constituir uma outra que dimensionasse o espaço, o tempo e a relação educador-educando. Também encontram-se nas práticas da psicoterapia institucional e na psicossociologia. Os pensamentos de Lapassade, iniciados na França da década de 1960 junto com René Lourau, foram considerados um movimento porque constituíram uma forma de análise política da realidade social e institucional.
A análise institucional considera a realidade social acontecendo em três níveis: o do grupo, o da organização e o da instituição. O primeiro nível, do grupo, é a base da vida cotidiana; o segundo, o da realidade ou do sistema social, é o da organização, com seus regimentos e regulamentos – é nesse segundo nível que Lapassade situa a burocracia em sua mais concreta dimensão; e o terceiro nível é o do Estado, a instituição propriamente dita. Instituição, nessa abordagem, é o conjunto de do que está instituído e, como jurisdição e política, pauta toda e qualquer relação.
Lapassade distingue o termo instituição de organização. No nível da organização fala-se do equipamento, das condições materiais, do espaço físico, do estabelecimento e do organograma. O termo instituição não designa as formas materiais do prédio ou a distribuição hierárquica mais imediata de uma empresa, escola ou hospital. Instituição é algo como o inconsciente do Freud, não localizável e imediatamente problemático.
Ainda na conceituação de instituição, Lapassade distingue outros dois termos: instituído e instituinte.
Embora se identifique a instituição com o instituído, Lapassade ressalta que o instituinte é também um movimento da instituição. É ele que garante a possibilidade de mudança. Criticando o lugar que as instituições ocupam na teoria de Marx, que situa as instituições como parte das superestruturas, determinando-as como nada mais do que um reflexo do modo de produção, Lapassade procura destacar que as próprias relações de produção são instituídas; o modo de produção sendo uma instituição.
A nível de superestrutura de uma instituição, o que se encontra é apenas o aspecto institucionalizado da instituição. A questão dos horários e das rotinas dos grupos e das organizações. Para Lapassade, quando se admitem os movimentos do instituído e do instituinte, o conceito de instituição se transforma e passa a ser um importante instrumento de análise das contradições sociais.
Lapassade considera o Estado a instituição primeira, aquela que legitima toda e qualquer outra instituição; é a lei e a repressão. O que o Estado reprime permanentemente, afirma o autor, é o sentido da ação. É esse mecanismo coletivo de repressão, determinante do desconhecimento social, que é a ideologia.
E quem faz essa repressão de sentido é o Estado, a instituição por excelência que, controlando a informação, a educação e a cultura, nos grupos e nas relações face a face, instaura a autocensura e impede a verdadeira comunicação. Com isso, o Estado reprime a Revolução. Tudo o que permite a expressão e o exercício da ação coletiva são as instituições da revolução.
A revolução supõe não apenas a destruição do que já existe, mas o esforço instituinte de novas pautas para o exercício social. Da relação entre a força instituinte e o instituído nasce a necessidade de luta e de ação dos grupos sociais.
Na concepção de organização da vida social, criada pelo Estado, Lapassade atribui um lugar fundamental à burocracia, situando-a como uma questão política. A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma alienação da condição de decisão sobre o fazer cotidiano, em favor de grupos que, embora em relação, não alinham seus interesses aos dos grupos ou indivíduos executores.
Na quase totalidade das vezes, sequer essa impressão de estar sendo lesado na sua capacidade de decisão chega à consciência do sujeito. A burocracia é, portanto, o ritual de iniciação no universo institucional. É com vistas à suspensão das instituições dominantes, provocando as relações de poder rígidas e hierarquizadas, que Lapassade propõe a análise institucional.
Na década de 1960, Lapassade revê a análise institucional como prática e não teorização sobre a burocracia: os três níveis da realidade social, o conceito de instituição de Estado e de Ideologia. Em Chaves da sociologia (1971), ele define a análise institucional como um método de análise da realidade social, bem como um método de intervenção.
Como método de análise, a análise institucional redefine o conceito de instituição afastando-se, até certo ponto, da teoria marxista clássica. Como intervenção, propõe-se ser a condição concreta para que se revele a determinação institucional, oculta pela repressão do sentido e pelo encobrimento ideológico. Para Lapassade, a análise institucional visa revelar nos grupos uma dimensão oculta, não analisada e determinante, da vida e do funcionamento de uma instituição.
O que ela faz é chegar ao Estado – mas Estado de classes – que criva o cotidiano das instituições. Assim, a análise institucional, uma vez efetiva, atingirá, em cada grupo, a questão das relações sociais de classe. Para ele, há uma diferença entre análise institucional e organizacional. Embora no primeiro caso seja o grupo o lugar das intervenções, deve-se, no trabalho com ele, colocar em questão sua dimensão institucional e não buscar a reorganização ou a recuperação da burocracia.
Para Lapassade, o sentido das organizações e dos grupos é sempre externo a eles; está na história, no modo de produção e na formação social em que esta organização é constituída. Por essa razão, propõe a análise institucional como um instrumento de análise das contradições sociais, enquanto revela a dimensão oculta do que se passa nos grupos.
Antes de finalizar esta aula, vamos realizar uma atividade!
( ) A respeito da concepção de burocracia de Lapassade, assinale a alternativa correta:
( x ) A burocracia é, para ele, a repressão permanentemente do Estado, é o sentido da ação. É um mecanismo coletivo e determinante do desconhecimento social.
( ) A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma alienação da condição de decisão sobre o fazer cotidiano, em favor de grupos que, embora em relação, não alinham seus interesses aos dos grupos ou indivíduos executores.
( ) A burocracia é, para ele, o movimento de criação, é a capacidade de inventar novas formas de relação.
( ) A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma organização da condição de decisão sobre o fazer cotidiano dos grupos ou indivíduos executores.

Outros materiais