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ASPECTOS ÉTICOS DA TERMINALIDADE DA VIDA O que é a terminalidade da vida? É o momento em que se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde e as possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível O indivíduo se torna “irrecuperável” e caminha para a morte, sem que se consiga reverter este caminhar. Enfermidade terminal Doença avançada, progressiva e incurável; Falta de respostas razoáveis a tratamentos específicos; Presença de inúmeros problemas ou sintomas intensos, múltiplos e multifatoriais; Grande impacto emocional no paciente, família, equipe de cuidados, estritamente relacionado com a presença explícita ou não de morte; Prognóstico de vida inferior a 6 meses. Comunicando a má notícia Cuidados ao se informar a terminalidade da vida: Aja no momento adequado: com disponibilidade de tempo e avaliando o estado emocional e psicológico do interlocutor; Use linguagem clara e simples; Mostre tristeza, sem mostrar “culpa”; Não minimize o problema. Dê, apenas, uma esperança realista; Garanta que haverá continuidade dos cuidados paliativos; Repita as explicações, sempre que necessário; Assegure suporte emocional necessário. As questões éticas que envolvem a terminalidade da vida se restringem ao paciente terminal? As questões éticas que envolvem a terminalidade da vida se restringem ao paciente terminal? NÃO! As questões éticas que envolvem a terminalidade da vida se restringem ao paciente terminal? NÃO! Cada paciente terminal é um indivíduo inserido num contexto social, econômico, cultural, religioso e FAMILIAR único. Terminalidade da vida para o paciente Quem é o seu paciente terminal? Terminalidade da vida para o paciente Cada paciente reage de uma forma a depender do contexto socioeconômico, cultural e familiar em que está inserido Repercussões de sua morte no bem-estar dos familiares que vai deixar; Experiências pregressas com a morte; Crenças religiosas; Progressão da doença que está levando à terminalidade. Terminalidade da vida para o paciente Autonomia Direito à verdade: esconder a verdade do paciente é privá-lo da condição de sujeito e cercear sua autonomia; Direito ao diálogo: Não fugir do paciente terminal – respeito à dignidade; Direito à decisão: É o exercício do direito que todo se humano tem de responder sobre si mesmo. Terminalidade da vida para o contexto social e familiar do paciente Fases emocionais características pelas quais passam pacientes e seus familiares após o diagnóstico de doença terminal (Kübler-Ross): 1º estágio: negação e isolamento; 2º estágio: raiva; 3º estágio: barganha; 4º estágio: depressão; 5º estágio: aceitação. Terminalidade da vida para o médico Terminalidade da vida para o médico A inexistência de um protocolo que define objetivamente a partir de que ponto o paciente passa a ser considerado terminal incentiva a equipe de saúde a evitar a comunicação direta sobre o morrer na esperança de que o sujeito descobrisse isso por si mesmo. Atitude mais comum do profissional de saúde: Distanciamento Mecanismo de defesa: Contato frequente com a dor e o sofrimento; Receio de cometer erros; Pacientes difíceis. Terminalidade da vida para o médico ... o lidar com a morte não faz parte do treinamento da grande maioria dos médicos. ... Peguei-me, em algumas ocasiões, evitando a visita de rotina ao leito de um paciente terminal... ... Os pacientes que vi partirem foram os que mais me marcaram afetivamente. Marques Filho J. Reflexões de um clínico sobre o morrer, o viver e o cuidar. Rev Paul Reumatol 2008;7:18-19 Código de ética médica e a terminalidade da vida Ao paciente cabe o direito de escolher entre submeter-se ou não a um tratamento. O princípio da autonomia mantém o indivíduo como dono de sua própria vida, podendo limitar as invasões a sua intimidade A inviolabilidade do direito à vida e a liberdade são também garantidos na Constituição Federal, pelo inciso XXXV, no 5° artigo. (Código de Ética Médica de 2010) Limites terapêuticos Perspectiva bioética dos paciente fora das possibilidades de cura Eutanásia; Distanásia; Ortotanásia Eutanásia Origem grega: “boa morte”; Ação médica destinada a abreviar a vida do paciente em estado de grave sofrimentos proveniente de doença incurável e sem perspectiva de melhora; Principal justificativa: a vida sem qualidade não merece ser vivida; Pode ser classificada como ativa, passiva ou de duplo efeito. Eutanásia no Brasil Infração ética e conduta ilegal pela legislação brasileira; Crime de homicídio simples; Pena: 6 a 20 anos de reclusão; Fere o princípio da inviolabilidade do direito à vida, assegurado pela Constituição da República; Distanásia Prolongamento exagerado da vida quando não há possibilidade de cura ou melhora do paciente; Condição que gera agonia, dor e sofrimento, ao prorrogar o processo de morrer; Valoriza a salvação da vida a qualquer custo, submetendo pacientes a terapias que não prolongam a vida, mas, sim, o processo de morte; Agressão à dignidade da pessoa, comprometendo a qualidade de vida do enfermo e de sua família Obstinação terapêutica. Ortotanásia Orthos, certo, correto + thanatos, morte); Comportamento médico que, diante da morte iminente e não evitável, suspende a realização de ações que prolongam a vida do paciente e que levariam ao tratamento inútil e ao sofrimento desnecessário; Morte como parte do ciclo de vida. Não acelera nem posterga a morte do indivíduo, mas lhe oferece momento natural de partida; Ortotanásia Respeita o tempo de sobrevida do paciente que se encontra em fase terminal; Elimina-se os métodos que mantêm artificialmente a vida, permitindo que ela siga seu curso natural; Encontra campo de atuação diante do quadro de distanásia; Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a ortotanásia é a abordagem apropriada diante de paciente que está em fase final de vida (mediante consentimento do paciente ou da família). Ortotanásia A dor é uma das razões mais comuns de incapacidade e sofrimento nos pacientes terminais. Em algum momento da evolução de sua doença cerca de 80% dos paciente experimentarão dor. Na ortotanásia passa-se a oferecer ao doente os cuidados paliativos adequados para que venha a morrer com dignidade Conclusão O paciente terminal se apresenta como um desafio para a equipe de saúde e para o contexto social e familiar em que está inserido pois envolve aspectos, éticos, legais, religiosos, emocionais e biológicos. O objetivo do sistema de saúde é buscar a humanização do cuidado, ou seja criar para os seres humanos oportunidades de existir e viver dignamente. O Código de Ética Médica prevê que o médico guardará absoluto respeito pelo ser humano, o qual é maior e mais importante que a simples vida material. No contexto das práticas que envolvem a terminalidade da vida, a equipe de saúde precisa ter em mente que o ser humano não é apenas corpo ou matéria, mas sim a inter-relação e unificação entre a consciência do próprio ser, a espiritualidade e a matéria (corpo). Referências Terminalidade de vida: bioética e humanização em saúde – Mariana O. Marengo; Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida – Fabianne Christine Lopes de Paiva; Sentimentos e percepções da equipe de saúde frente ao paciente terminal - Alberto Manuel Quintana; O Enfrentamento da Morte e do Morrer na Formação de Acadêmicos de Medicina - Nára Selaimen G. Azeredo;
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