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Página 1 de 7 As Normas Jurídicas As normas jurídicas são estruturas fundamentais do Direito e nas quais são gravados preceitos e valores que vão compor a Ordem Jurídica. A norma jurídica é responsável por regular a conduta do indivíduo, e fixar enunciados sobre a organização da sociedade e do Estado, impondo aos que a ela infringem, as penalidades previstas, e isso se dá em prol da busca do bem maior do Direito, que é a Justiça. Sociedades são agrupamentos organizados de pessoas que vivem em comunidade. É, também, uma organização política regida por um sistema de normas impostas pelo poder estatal. Todas as relações humanas são regidas por normas, sejam elas costumeiras, morais, religiosas ou jurídicas, normas estas que impõem aos indivíduos integrantes de uma determinada sociedade valores ali aceitos como corretos, legítimos ou vigentes. O que é norma? É uma regra, padrão ou princípio que regula determinado comportamento ou procedimento. Existem normas de linguagem, normas de trânsito, normas de etiqueta e até de netiqueta (a etiqueta da internet). São padrões pré-estabelecidos, que podem ser culturais, grupais, técnicos. As regras jurídicas são um tipo de norma. De qualquer modo, a finalidade da norma, seja ela de que tipo for, será sempre predeterminar um comportamento a ser seguido pelas pessoas que a ela estão sujeitas. A algumas normas as pessoas se sujeitam por opção, como as normas de uma religião a que aderem ou às regras de etiqueta social; a outras estão sujeitas por imposição, como as normas jurídicas. Página 2 de 7 1) Características Comuns: * Bilateralidade - é uma característica que possui relação com a própria estrutura da norma, pois, normalmente, a norma é dirigida a duas partes, sendo que uma parte tem o dever jurídico, ou seja, deverá exercer determinada conduta em favor de outra, enquanto que, essa outra, tem o direito subjetivo, ou seja, a possibilidade dada pela norma de agir diante da outra parte. Uma parte, então, teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação, decorrente do direito que foi concedido. * Generalidade - característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um, sem distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também iguais entre si, que se encontram na mesma situação. A norma não foi criada para um ou outro, mas para todos. Essa característica consagra um dos princípios basilares do Direito: igualdade de todos perante a lei. Obs: Principio da igualdade ou da isonomia - Trata-se de um princípio jurídico disposto nas Constituições de vários países que afirma que "todos são iguais perante a lei" Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (Constituição de República Federativa do Brasil) * Abstratividade - diz respeito ao fato de a norma não ter sido criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos semelhantes, que ocorrem, normalmente, da mesma forma. A norma não pode disciplinar situações concretas, mas tão somente formular os modelos de situação, com as características fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada situação, pois é impossível ao legislador prever todas as possibilidades que podem ocorrer nas relações sociais. Página 3 de 7 * Imperatividade - é uma característica essencial, pois a norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa, ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida. * Coercibilidade - por fim, pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar mediante coação, que atua na esfera psicológica, desestimulando o indivíduo de descumprir a norma, ou por sanção (penalidade), que é o resultado do efetivo descumprimento. Pode- se dizer que a Ordem Jurídica também estimula o cumprimento da norma, que se dá pelas sanções premiais. Essas sanções seriam a concessão de um benefício ao indivíduo que respeitou determinada norma. 2) Classificação quanto ao sistema que pertencem: leva em conta o local de atuação das normas. * Nacionais - quando as normas devem ser observadas no limite de um país. * Direito estrangeiro - quando apesar de pertencerem a outro país, poderá ser aplicada no território do outro, pelas relações diplomáticas que possuem. * Direito uniforme - quando dois ou mais países adotam as mesmas leis, que são usadas nos dois territórios. 2) Classificação quanto à fonte: leva em conta a origem das normas. * Legislativas - quando escritas e organizadas. * Consuetudinárias - quando as normas advém dos costumes. São as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o que Página 4 de 7 resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica. * Jurisprudenciais - quando são retiradas de decisões dos tribunais. 3) Classificação quanto à validade: essa característica se subdivide levando em conta o espaço, tempo, e conteúdo material. 3.1) No espaço: As normas jurídicas podem incidir em variados espaços e respeitar determinados limites espaciais de incidência. * Gerais - são aquelas que valem em todo o território nacional, sendo essas as leis federais. * Locais - são aquelas que atuam apenas em parte do território, podendo ser as leis federais, estaduais ou municipais. 3.2) No tempo: se classificam pela vigência. * Por prazo determinado - quando a própria lei determina o período que irá atuar. * Por prazo indeterminado - quando a lei não prevê esse período de duração de sua atuação. 3.3) Âmbito material: se classificam pelo conteúdo. * Direito Público - quando o Estado seria uma das partes da relação, e impõe seu poder, verificando, dessa forma, uma relação de subordinação. * Direito Privado - quando as partes são tidas como iguais, numa relação de coordenação. Página 5 de 7 4) Classificação quanto à hierarquia: * Constitucionais - decorrem da Constituição Federal, ou de suas emendas. É a norma mais importante do país, não podendo ser contrariada em nenhuma hipótese. * Complementares - complementam algumas omissões da Constituição Federal. Possuem hierarquia logo abaixo das normas constitucionais. * Leis ordinárias - estão localizadas num plano inferior. São as leis, medidas provisórias e leis delegadas. * Normas regulamentares - advindas dos decretos e as individualizadas, decorrentes de testamentos e sentenças. 5) Classificação quanto à sanção: * Perfeitas - quando a sanção para o descumprimento da norma é a nulidade do ato, ou seja, age como se o ato nunca tivesse existido. P. ex., a anulação de um contrato assinado por menor que venha a trazer prejuízos a seu patrimônio, inexistindo punição a tal menor. * Mais que perfeitas - quando a norma, além de considerar nulo o ato na hipótese de descumprimento, prevê sanção para aquele que violou a norma. * Menos do que perfeitas - quando o descumprimento da norma é combatido apenas com a sanção (penalidade). * Imperfeitas - quando não prevê nem a possibilidade de sanção ou nulidade do ato como consequênciado descumprimento da norma. 6) Classificação quanto à qualidade: Página 6 de 7 * Positivas - quando a norma permite exige do indivíduo uma conduta compatível com uma ação ou omissão. * Negativas: quando a norma implica na proibição de uma ação ou omissão. 7) Classificação quanto à vontade das partes: * Taxativas - quando independem da vontade das partes por abrangerem conteúdos de caráter fundamental. * Dispositivas - leva em conta a vontade das partes, por se referirem aos interesses particulares, podendo ou não serem adotadas. * Rígidas - quando o conteúdo não oferece outras alternativas, sendo impositiva a ordem (exemplo: aposentadoria compulsória). * Elásticas - quando admitem a maleabilidade da situação pelo juiz, por conter termos de significação ampla (exemplo: "usos e costumes da região..."). 8) Alguns aspectos que devem estar contidos numa norma jurídica: * Vigência - a norma, ao ser elaborada, para que possa ser objeto de cobrança, impondo o ajuste de condutas individuais, deve possuir vigência, ou seja, deve se apresentar válida. * Validade - a validade depende de requisitos técnico-formais, tais como a obediência ao procedimento previsto para elaboração da norma (processo legislativo), do respeito à vacatio legis1, ou seja, aguardar um período previsto para que depois da publicação, a lei ingresse no mundo jurídico. Página 7 de 7 Obs: 1 - Vacatio legis é uma expressão latina que significa "vacância da lei", designa o período que decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, tem seu cumprimento obrigatório. A expressão diz respeito à aplicação da lei no tempo. * Eficácia - significa que a norma cumpriu a finalidade a que se destinava, pois, foi socialmente observada, tendo solucionado o motivo que a gerou. Uma lei é eficaz quando cumprida a sua função social. * Legitimidade - último requisito da norma jurídica,é ser originada do poder competente, ou seja, ser produzida, por quem a lei autoriza.
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