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SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDAR III
AULA 2: PROCESSO DE ENFERMAGEM NO APARELHO DIGESTÓRIO
Profª Mariana Braune
1. Contextualização aparelho gastrintestinal
1.1 Breve revisão sobre a fisiologia e anatomia
O trato gastrintestinal (TGI) possui importante função vital, uma vez que possibilita a aquisição energética e eletrolítica;
Um bom aparelho digestório é capaz de executar os eventos de ingestão, absorção e excreção;
A digestão inicia-se na boca por meio da ação da saliva (ptialina) sobre os carboidratos;
No estômago, as células oxínticas (células parietais) liberam o conteúdo ácido (HCl) que se misturam ao bolo alimentar;
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1. Contextualização aparelho gastrintestinal
1.1 Breve revisão sobre a fisiologia e anatomia (continuação)
No duodeno, a vesícula libera seu conteúdo (bile), possibilitando a emulsificação das gorduras;
O processo de absorção se dá no intestino delgado pelas vilosidades e, no intestino grosso, há absorção de líquidos;
A excreção é possível através da progressão do bolo alimentar através do tubo digestivo até a sua chegada ao reto.
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1. Contextualização aparelho gastrintestinal
1.2 O processo patológico e a ação de enfermagem
O processo patológico no TGI são decorrentes das alterações em seu segmento, estrutura ou fisiologia. Sinais e sintomas são indícios importantes no equacionamento de patologias, bem como a realização de exames complementares (exames sanguíneos, ultrassom abdominal total, ressonância, raios X);
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1. Contextualização aparelho gastrintestinal
1.2 O processo patológico e a ação de enfermagem
Portanto, o enfermeiro, deve estar habilitado a reconhecer cotidianamente os sinais e sintomas necessários à identificação prévia de quadros patológicos, tais como:
 dor abdominal
 pirose
 disfagia
 eructos
 flatulência
perda de peso
 melena
 hematoquezia. 
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AULA 3: PROCESSO DE ENFERMAGEM NO APARELHO DIGESTÓRIO
O exame físico é uma ferramenta crucial em ações diagnósticas que antecedem o uso de exames de imagem.
2. Planejamento do exame físico
2.1. Preparo do ambiente
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A execução do exame físico do abdome deve ser precedida do planejamento das condições ideais, de modo a garantir o conforto e a segurança do cliente.
2. Planejamento do exame físico
	É de extrema importância o preparo do ambiente para a realização do exame. Alguns fatores devem ser considerados:
O ambiente em si (o local, a iluminação, a privacidade do cliente, o som ambiente, a temperatura, o conforto);
A condução da entrevista (a prática do acolhimento, a criação do vínculo, o processo de escuta ativa).
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Compete ao enfermeiro dialogar com o paciente proporcionando conforto para exposições de questões relacionadas a sua saúde, sejam gerais ou de campo íntimo.
2. Planejamento do exame físico
2.1. Preparo do ambiente 
 Unidade de internação, ou uma sala de consultório equipados com mobiliários básicos, com boa iluminação, privacidade e sem correntes de ar ( previne desconforto e alteração na tensão da musculatura do abdome).
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2. Planejamento do exame físico
2.2. Preparo do material
Balança antropométrica, estetoscópio, fita métrica, relógio com marcador em segundos, 2 travesseiros pequenos.
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2. Planejamento do exame físico
2.3 Preparo do paciente
Antes a dar início a realização do exame, solicitar ao paciente que esvazie a bexiga. 
A posição mais adequada é o decúbito dorsal com um travesseiro pequeno sob a cabeça e outro sob os joelhos, para permitir o relaxamento da musculatura do abdome.
Exposição do abdome desde o apêndice xifoide até a sínfise púbica (cobrir a genitália e as mamas)
Exame da região posterior do abdome: paciente sentado na borda do leito com os pés apoiados sobre a escada de dois degraus, mãos nos joelhos, ou sobre a cama paciente lateralizado com o tronco ereto.
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3. Entrevista
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3. Entrevista
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3. Entrevista
3.2 Inquirindo sobre sintomatologias de dor
A dor pode denotar importante sintoma. No inquérito sobre a dor, torna-se relevante perguntar:
Duração;
Frequência;
Característica: aguda, em pontada, em cólica ou em queimação.
Localização;
Distribuição;
Se existem fatores desencadeantes e metodologias alternativas de alívio (chás, massagens, bolsas aquecidas).
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3. Entrevista
3.3. Principais focos de dor em região abdominal
Fig.1 – Focos de dor (SMELTZER, 2005. p.1000)
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4. Fases e técnicas de exame
4.1 Divisões semiológicas
O abdome pode ser dividido sob duas formas: 
Através da repartição e referência do local em quadrantes (Figura 2);
Através da identificação das nove regiões semiológicas (Figura 3).
Fig.2- Referência em quadrantes
Fig.3- Referência em 9 regiões
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4. Fases e técnicas de exame
4.2 Técnicas de exame
Segue o seguinte ordenamento:
a) Inspeção: estática (observação dos contornos) e dinâmica (visualização perceptível da atividade gastrintestinal);
b) Ausculta;
c) Percussão;
d) Palpação.
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4. Fases e técnicas de exame
Inspeção:
Observação dos sinais e indícios visíveis, classificação quanto ao contorno:
Plano: pessoas com bom tônus muscular e peso regular;
globoso: musculatura flácida ou excesso de gordura;
Protuberante (ou distendido): gestação, ascite, distensão abdominal;
Em avental: em casos de obesidade grave.
No idoso, o enfraquecimento muscular abdominal pode resultar em acúmulo de gordura na região dos quadris.
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4. Fases e técnicas de exame
b) Ausculta:
A avaliação dos ruídos intestinais (ruídos hidroaéreos) que ocorrem em consequência dos movimentos peristálticos, do deslocamento de ar e de líquidos ao longo do trajeto intestinal.
Utilizando o estetoscópio com o diafragma previamente aquecido, deve iniciar pelo quadrante inferior direito.
Os ruídos são classificados em:
 normais/presentes,
 diminuídos (hipoatividade - 1 a 2 sons em 2 minutos),
 aumentados (hiperatividade - 5 a 6 sons em 30 segundos),
 normoativos (sons ouvidos a cada 5-20 segundos),
 ausentes (nenhum som em 3 a 5 minutos). 
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Auscultar
15-20 seg. (cada quadrante). 
4. Fases e técnicas de exame
Sinais de alerta: 
Sons hipoativos, correlacionar com: distúrbios hidroeletrolíticos, pós-operatórios, íleo paralítico, peritonite, isquemia do colo, obstrução intestinal;
Sons hiperativos, correlacionar com: Diarreias, uso de laxantes, fase inicial de obstrução intestinal.
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4. Fases e técnicas de exame
b) Ausculta de ruídos vasculares:
Fig. 4. Ângulos de ausculta vascular (SEMIOLOGIA, 2006).
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4. Fases e técnicas de exame
c) Percussão:
Percussão direta ou indireta no abdome auxilia delimitação do tamanho e localização das vísceras sólidas.
Percussão direta: Estímulo realizado diretamente com mãos e dedos na parede abdominal (Piparote);
Percussão indireta: Mão não dominante sobre abdome, dedo médio utilizado como martelo (Técnica do plexímetro e plexor);
Notas: O dedo plexor é o que golpeia. O dedo plexímetro é o dedo a ser golpeado (Fig.4).
Percussão contusa ou punho percussão. 
Fig. 5 . Técnica de percussão indireta (BARROS E COLS, 2009).
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4. Fases e técnicas de exame
Sons podem ser evidenciados no processo de percussão abdominal:
Quadro. 1 – Contextualizado (BARROS E COLS, 2009, p.245; SEMIOLOGIA, 2006).
Sistematização Do Cuidar III4. Fases e técnicas de exame
d) Palpação. Pode ser realizada através:
Palpação leve ou superficial (Fig. 5);
Palpação profunda ou bimanual (Fig. 6).
e) Procedimentos especiais. Palpação de órgãos:
Palpação do fígado (Fig.7);
Palpação do baço (Fig. 8).
f) Outros importantes exames:
Exame da cavidade oral;
Exame do reto e do ânus.
Fig. 6- Palpação superficial (BARROS E COLS, 2009).
Fig. 7- Palpação profunda (BARROS E COLS, 2009).
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Fig.5- Palpação indireta (leve)
(BARROS E COLS, 2009).
4. Fases e técnicas de exame
Fig. 8- Palpação do fígado (BARROS E COLS, 2009).
Fig. 9- Palpação do baço (BARROS E COLS, 2009).
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4. Fases e técnicas de exame
4.3 Sinais patológicos à palpação
Sinal de McBurney – Dor à descompressão brusca e dolorosa no quadrante inferior direito entre a cicatriz umbilical e a crista ilíaca direita: Indicativa de apendicite aguda.
 
Sinal de Murphy – Compressão em ponto cístico ponto localizado na borda subcostal direita, na linha hemiclavicular. Ao comprimir solicita-se ao paciente que inspire profundamente. Haverá uma interrupção na inspiração devido a dor intensa. Indicativo de colecistite aguda.
Sinal de Jobert - Percussão em linha axilar média sobre a área hepática produz sons timpânicos em vez de maciços (indicativo de ar livre em cavidade abdominal – pneumoperitônio: indicativo de perfuração de víscera oca)
Sinal de Rosving – Palpação profunda e contínua no quadrante inferior esquerdo produz dor no quadrante inferior direito, mais especificamente na fossa ilíaca direita. Indicativo de apendicite aguda.
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5. Possíveis NANDA e cuidados
Diarreia relacionada à oferta nutricional inadaptada/processo infeccioso/caracterizada por aumento dos movimentos peristálticos/volume de fezes presentes em fralda nas últimas 4h/odor forte;
Risco de choque relacionado à perda de líquidos (volêmica);
Nutrição desequilibrada – menos do que as necessidades corporais relacionadas à inadequação da dietoterapia ofertada caracterizada por inapetência/emagrecimento;
Dor relacionada à procedimento cirúrgico/processo patológico/doença de trato digestivo alto e/ou baixo, caracterizada por sudorese/palidez/escalas faciais;
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5. Possíveis NANDA e cuidados
Intensificar a troca de fraldas e higienizações do cliente – sempre que houver evacuações e sempre que necessário;
Instalar pausa em dieta (4/4h) durante as 24h;
Monitorar resíduo gástrico;
Acionar componente da equipe multidisciplinar – nutricionista, a fim de orientar sobre prescrição (gotejamento) de dieta;
Levantar os hábitos alimentares do cliente tentando promover adequação da dieta fornecida pela instituição;
Monitorar a dor do cliente (avaliação contínua/escalas faciais);
Orientar e preparar o cliente sobre a realização de exames de imagem;
Outros cuidados.
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6. Referências 
ALVARO-LEFREVE, Rosalinda. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. 5. ed. Porto Alegre: Artmed 2005.
ANDRIS, Debora A. et al. Semiologia: bases para a prática assistencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
ATKINSON, L.D. e MURRAY, M.E. Fundamentos de Enfermagem. Introdução ao Processo de Enfermagem. Rio de Janeiro, Guanabara, 2008.
BARROS e COLS. Anamnese e exame e exame físico. 2. ed. Porto Alegre: Artmed: 2009.
BRAGA, Muriele Picoli et al. Inibidores da bomba de prótons: Revisão e análise farmacoeconômica. Saúde (Santa Maria), Ahead of Print, v.37, n.2, p. 19­32, 2011. 
Disponível em: http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/revistasaude/article/viewFile/2963/2655. Acesso em Abril, 2016.
MORETE, Márcia Carla; MINSON, Fabíola Peixoto. Instrumentos para a avaliação da dor em pacientes oncológicos/Tools for pain evaluation in cancer patients. Rev. dor; 11(1) jan.-mar. 2010. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-562434 Acesso em Abril, 2016.
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6. Referências 
T. HEATHER (Org). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificações 2015-2017. Porto Alegre: Artmed, 2015.
USP - Universidade de são Paulo. Roteiro aula de Avaliação da NHB Psicobiológicas: Nutrição e Eliminação Intestinal, 2012. Disponível em: http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/55794/mod_resource/content/1/Roteiro%20Estudo%20Abdome.pdf. Acessado em abril, 2016.
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