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A Ética na pesquisa animal Professora Erika Cristiane Análise Experimental do Comportamento A pesquisa animal Após a Segunda Guerra Mundial, o uso de animais na ciência teve apoio do Código de Nuremberg (1947). Esse código estipula que os experimentos e as pesquisas desenvolvidas com seres humanos devem estar fundamentados em resultados prévios oriundos da experimentação com animais. Análise Experimental do Comportamento A pesquisa animal William Russell e Rex Burch, em 1959, com a publicação do livro The principles of humane experimental technique examinaram como deveriam ser o uso de animais em contexto de experimentação. Chegaram à conclusão de que elas necessitavam pautar-se em três Rs: Substituição (replacement) - procurar substituir a utilização de animais vertebrados por outros métodos apropriados – por exemplo, experimentos simulados, com base em avanços tecnológicos Redução (reduction) - objetiva-se a utilização do menor número possível de animais. Refinamento (refinement) - implementação de cuidados e de métodos que reduzam o sofrimento dos animais, oferecendo-lhes o maior conforto possível. Análise Experimental do Comportamento A pesquisa animal Os três Rs se apresentam como fundamentos para: embasamento para legislações sobre a pesquisa animal em diversos países e, mais recentemente, também no Brasil. os comitês de ética e demais órgãos que normalizam a experimentação animal. A partir da década de 1970, vem crescendo o número de publicações que defendem o bem-estar animal. Conjunto mínimo de condições que favoreçam: a saúde da espécie, liberdade de movimentação, abrigo e alimentação adequada, ausência ou minimização do sofrimento decorrente das práticas experimentais etc. Análise Experimental do Comportamento Questões éticas na pesquisa com animais A utilização de animais em pesquisas deve guiar-se por alguns princípios orientadores, tais como: que nem tudo o que é tecnicamente possível de ser realizado deve ser permitido; que nem todo o conhecimento gerado em pesquisas com animais é plenamente transponível ao ser humano; que o conflito entre o bem dos seres humanos e o bem dos animais deve ser evitado sempre que possível. Análise Experimental do Comportamento O Laboratório de Análise Experimental do Comportamento No Brasil, o laboratório de AEC consolida-se como uma ferramenta no ensino de Psicologia. A fundação do primeiro laboratório de Análise do Comportamento ocorreu Universidade de São Paulo (USP) em 1960. Tradição do uso de laboratório x objetivos de seu uso. Análise Experimental do Comportamento O Laboratório de Análise Experimental do Comportamento O laboratório possibilita o desenvolvimento de: - Observar sistematicamente um organismo vivo; - Identificar e estabelecer relações funcionais entre o organismo e o ambiente; - Analisar os efeitos das manipulações de variáveis sobre o comportamento do organismo. - Práticas, habilidades ligadas aos princípios da análise do comportamento; Análise Experimental do Comportamento O uso de ratos no Laboratório de AEC O trabalho com animais é prático e permite um maior controle das variáveis ambientais envolvidas no processo. Já o trabalho com humanos apresenta um importante complicador: a dificuldade no controle da história do sujeito. Moreira e Medeiros (2007) afirmam que ratos têm manejo mais fácil (alojamento, alimentação e trato) e mais acessível. Moreira e Medeiros (2007, p. 166) também discutem a questão da continuidade biológica e comportamental entre os animais e afirmam que [...] da mesma forma que, por questões práticas e éticas, o médico estuda o efeito de um remédio para o ser humano em um rato, o psicólogo também estuda os comportamentos de ratos em laboratório para tentar compreender melhor o comportamento do ser humano. Análise Experimental do Comportamento Legislação brasileira em experimentação animal No Brasil, uma legislação específica sobre o uso de animais na pesquisa e no ensino concretizou-se apenas em 2008. A Lei nº. 11.794, de 8 de outubro de 2008, a mais recente, estabelece procedimentos para o uso didático-científico de animais. Entre as principais postulações dessa lei está: A criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – Concea (art. 4º). A introdução de técnicas alternativas que possibilitem a substituição da utilização de animais em ensino e pesquisa (art. 5º, inciso III). Com a regulamentação da Lei nº 11.794/2008, fica estabelecido que cada instituição que desenvolva pesquisas com animais deve constituir uma Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) com a função de aprovar, acompanhar e avaliar as atividades de pesquisa e ensino, respeitando as normas estabelecidas pelo Concea. Análise Experimental do Comportamento Legislação brasileira em experimentação animal Desse modo, todas as práticas de experimentação a serem realizadas com animais, sejam de pesquisa ou ensino, deverão possuir aprovação da Ceua de sua instituição. De acordo com a Lei nº. 11.794/2008, capítulo IV, artigo 14, parágrafo 3º: [...] sempre que possível, as práticas de ensino deverão ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de procedimentos didáticos com animais. AEC - Demonstração de conceitos a partir de experimentos, cujos resultados são previamente conhecidos. Alvo de substituição. Análise Experimental do Comportamento O programa Sniffy pro • Trata-se de um programa de computador desenvolvido por Greg Wilson, sob a orientação de três psicólogos (Tom Alloway, Jeff Graham e Lester Kramer) e consultores; • O programa acompanha um manual de laboratório que instrui o aluno a realizar uma série de exercícios tendo como base um curso de laboratório que se destinaria a alunos de graduação trabalhando com um rato de experimentação; • O programa Sniffy Pro exibe um rato em uma caixa de Skinner e inclui 40 sequências de movimentos adaptadas a partir de 600 fotos extraídos do vídeo de um rato movimentando- se no interior de uma caixa de Skinner. Análise Experimental do Comportamento O programa Sniffy pro Sniffy difere de um rato real; Sniffy Pro constitui tão somente uma metáfora; Não tem caráter de pesquisa; Dois dos vários aspectos em que Sniffy difere de um rato real: (1) ele não demonstra saciedade, o que o faz estar sempre pronto a comer; (2) ele aprende mais rapidamente do que um rato real. Análise Experimental do Comportamento Referências ALLOWAY, T.; WILSON, C.; GRAHAM, J. Sniffy: o rato virtual. Thomson, 2006. MIRANDA, J. J.; GONÇALVES, A. L.; MIRANDA, R. L.; CIRINO, S. D. Ética em experimentação animal: reflexões sobre o laboratório didático de Análise do comportamento. Psicologia: Teoria e Prática, v.13, n.1, p.198-212, 2011. MOREIRA, M.; MEDEIROS, C. Princípios básicos da análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. NETO, M. B. C. Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental do comportamento e análise aplicada ao comportamento. Interação em Psicologia, v. 6, n. 1, p.13-18, 2002. Lei nº. 11.794, de 8 de outubro de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2008/lei/l11794.htm>. Acesso em: 30 Jul. 2017. Análise Experimental do Comportamento
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