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CITOHISTOLOGIA DO ÚTERO • O sistema reprodutor feminino está localizado no interior da cavidade pélvica sendo constituído por: • - dois ovários, • - duas tubas uterinas (trompas de Falópio), • - um útero, • - uma vagina, • - uma vulva. • Vagina e colo uterino abertos longitudinalmente e vistos de cima. A vagina está a esquerda e o colo está à direita. Notar no meio da foto, o orifício externo, que conduz ao canal cervical. • O que vai interessar no nosso estudo é o útero (colo e corpo). • O útero é piriniforme, medindo em média 7 cm de comprimento por 5 cm de largura máxima e 2 a 3 de espessura. • O colo do útero se divide em duas porções: 1) ectocérvice 2) endocérvice ou canal cervical 1) ECTOCÉRVICE: • Corresponde a parte mais inferior do útero e dentro do canal vaginal. Revestido por um EPITÉLIO ESCAMOSO ESTRATIFICADO – NÃO QUERATINIZADO. • Este epitélio é formado por três camadas ou estratos, semelhantes ao da vagina. • OBS. Abaixo do epitélio escamoso encontra-se a membrana basal e o estroma conjuntivo, rico em fibras e pobre em células. 1.1) CAMADA PROFUNDA: FORMADA POR CÉLULAS BASAIS E PARABASAIS • - As células basais originam-se da camada basal do epitélio escamoso estratificado e constituem as células germinativas, responsáveis pela divisão celular e manutenção do mecanismo dinâmico de substituição das células superficiais que descamam. • São infreqüentes em esfregaços rotineiros. • Aparecem mais comumente em esfregaços de mulheres com hiperplasia da camada basal. • - A célula basal é morfologicamente pequena, arredondada, com citoplasma compacto, basofílico e núcleo relativamente volumoso. • -As células parabasais originam-se da camada profunda do epitélio escamoso estratificado. • - Aparecem, fisiologicamente, em esfregaços de mulheres nas fases pré-puberais, puerperais e pós-menopausais, sendo infreqüentes em esfregaços de mulheres na fase reprodutiva. • As células parabasais são semelhantes às células basais, porém apresentam núcleos menores e citoplasmas relativamente maiores. • O núcleo vesiculoso possui uma cromatina finamente distribuída, na qual raramente se identifica um pequeno nucléolo. • O citoplasma cianófilo tem contornos bem marcados. • Quando descamam espontaneamente, são, frequentemente, isoladas e arredondadas; porém, quando se desprendem do epitélio por raspagem, a persistência das pontes intercelulares dá ao citoplasma uma aparência estirada, e a descamação ocorre em agrupamentos. • Esse aspecto é encontrado, sobretudo nos aglomerados de células parabasais metaplásicas. 1.2) CAMADA INTERMEDIÁRIA: FORMADA POR CÉLULAS INTERMEDIÁRIAS • As células intermediárias estão na camada intermediária do epitélio escamoso estratificado e predominam em esfregaços de mulheres na fase progestínica • O citoplasma é denso e mais volumoso que o da célula basal. • Tem forma geralmente elíptica e contém, freqüentemente, um ou mais vacúolos. • O núcleo é arredondado e apresenta cromatina finamente granular. • Quando mais jovens, apresentam basofília. Essas células exibem pregueamentos do citoplasma periférico, particularmente evidentes durante a fase lútea do ciclo menstrual. • As células naviculares, variantes das células intermediárias, apresentam formato de navio e tonalidade amarelada, resultante de grande conteúdo glicogênico e ocorrem em determinadas condições, como gravidez. • O fenômeno da citólise, resultado da digestão do glicogênio pelos lactobacilos, atinge particularmente as células intermediárias, quando se observam núcleos nus e detritos celulares. ??????????? identifique 1.3) CAMADA SUPERFICIAL: FORMADA POR CÉLULAS SUPERFICIAIS • As células superficiais estão localizadas na camada mais superficial do epitélio escamoso estratificado e predominam em esfregaços de mulheres na fase estrogênica. • O citoplasma é relativamente grande, poliédrico, com limites irregulares, mas bem definidos. • O núcleo é pequeno, arredondado, hipercromático, na maioria das vezes picnótico e, freqüentemente, circundado por um halo claro e estreito, provocado pela sua retração. • As células mais maduras apresentam eosinofilia e as menos maduras podem apresentar cianofilia. • Descamam, sobretudo, como elementos isolados, devido à ruptura dos desmossomos. ????????? 2) ENDOCÉRVICE • Corresponde ao canal cervical (2 a 3 mm em média de espessura) revestido por EPITÉLIO COLUNAR PRISMÁTICO MUCO SECRETOR. Células endocervicais: • São originárias do epitélio cilíndrico simples da mucosa endocervical. • São constituídas de células ciliadas e secretoras (mucíparas), que recobrem as superfícies interna e externa das estruturas glandulares. Essas células são encontradas isoladas ou agrupadas em forma de paliçada. • O seu citoplasma é basófilo e finamente vacuolizado. • O núcleo é arredondado e polarizado (excêntrico). • A aparência da célula depende, também, da fase do ciclo menstrual. • Durante a fase estrogênica, o citoplasma é cianófilo e o núcleo toma uma forma elíptica ou esférica. • Durante a fase secretora, o citoplasma é claro e edemaciado; um muco abundante desloca o núcleo para a base da célula. • Algumas células cilíndricas exibem um pólo apical provido de uma borda ciliada que, quando são numerosas, podem ser provenientes de uma área cervical de metaplasia tubária. • As células endocervicais são raras nos esfregaços vaginais e habituais nos esfregaços cervicais obtidos por escovação ou raspagem. • Sua presença tem sido considerada como um selo obrigatório de qualidade da colheita cervical. Células endometriais: • São originárias do epitélio cilíndrico simples do endométrio. • Aparecem, fisiologicamente, em esfregaços cérvico-vaginais durante a menstruação e até o décimo dia do ciclo menstrual. • Apresentam-se agregadas, como arranjos esféricos ou agrupamentos densos, podendo ser diferenciadas das células endocervicais pela regularidade, menor volume nuclear e escassez e má definição de limites citoplasmáticos. • A esfoliação de células endometriais em aglomerados, acompanhadas por diversas células histiocitárias, pode ocorrer em fase menstrual tardia e tem a denominação de êxodo. 3- JUNÇÃO ESCAMO-COLUNAR - JEC • Região compreendida entre o epitélio escamoso da ectocérvice com o colunar ou prismático da endocérvice. • Limite ou zona de transição entre duas mucosas. • É o local da maioria das doenças que ocorrem na cérvice uterina. • A JEC original geralmente está localizada na região do orifício externo. 3.1-LOCALIZAÇÕES DA JEC • É o encontro do epitélio escamoso (mucosa escamosa) com o epitélio colunar (mucosa glandular). • A JEC original geralmente localizada na região do orifício externo. • influências hormonais, quadros congestivos e inflamatórios podem causar: EVERSÃO – ECTRÓPIO OU ECTOPIA • 1- a extensão do epitélio colunar para a ectocérvice constituindo o que se chama ectrópio (eversão ou ectopria). • É a exposição, protusão ou afloramento da mucosa glandular (epitélio colunar ou prismático) da endocérvice que ultrapassa o orifício externo do colo uterino, deixando de pertencer ao referido canal endocervical e passa a cobrir a ectocérvice. REVERSÃO – ENTRÓPIO • quando a JEC está localizada mais internamente (na pós-menopausa) é chamado de entrópio (reversão) - É a condição em que o epitélio escamoso da ectocérvice se projeta para o orifício interno, indo revestir parte do canal endocervical. 4-ZONA DE TRANSFORMAÇÃO • Região formada por um novo epitélio semelhante ao escamoso em uma área que previamente era ocupada por um epitélio colunar. • Antes da puberdade o pH da vagina e da cérvice é alcalino. Com a posterior degradação bacteriana do glicogênio do epitélio escamoso e vaginal torna-se o pH ácido. • A exposição do epitélio colunar ou prismático da endocérvice ao ambiente ácido da vagina após a puberdade induz uma METAPLASIA ESCAMOSA e uma ZONA DE TRANSFORMAÇÃO (ZT) entre o epitélio escamoso e o colunar endocervical. • A ZT é formada por um novo epitélio semelhante ao escamoso em uma área que previamente era ocupada por um epitélio colunar. • Observe na imagem citológica acima, um grupo de três células metaplásicas, próximas umas às outras. Note que o citoplasma das células metaplásicas é denso devido à sua alta atividade metabólica e apresenta projeções. No canto superior direito é possível observar uma célula superficial ELEMENTOS NÃO EPITELIAIS • Além das células epiteliais descritas, são encontrados elementos não epiteliais em quantidades variáveis nos esfregaços cérvico- vaginais, correspondendo a leucócitos, hemácias, histiócitos, muco e microbiota. • A presença de leucócitos constitui um achado normal em esfregaços cérvico- vaginais. • O seu número reflete a fase do ciclo menstrual, é dependente da quantidade de progesterona circulante e não pode ser correlacionado com inflamação sem a presença de alterações celulares reativas inflamatórias. • Os leucócitos, geralmente, estão ausentes nos esfregaços de pacientes com altos níveis de estrogênios, como no período ovulatório. Histiócitos • são freqüentemente encontrados em esfregaços atróficos e não definem qualquer quadro específico. São células móveis, de tamanho e forma variados, que fazem parte do sistema monócito-macrófago e possuem a propriedade de ingerir partículas e, especialmente, bactérias. • Na forma clássica, o citoplasma é cianófilo, vacuolizado, e o núcleo reniforme. Podem ser pequenos, médios e grandes. São mais indicativos de inflamação crônica. Têm citoplasma espumoso, isto é, microvacuolizado, pálido e cianófilo. Núcleo excêntrico, sendo a forma e o tamanho variável. Os núcleos têm formato arredondado, ovalado ou reniforme ( forma de grão de feijão ), cromatina uniforme e finamente granular. O histiócito pequeno é fisiológico e o grande tem atividade fagocitária. Pode-se, também, encontrar nos esfregaços os histiócitos gigantes multinucleados. As formas mais jovens (histiócitos imaturos) são células maiores com um núcleo pálido, nucléolos aparentes e um citoplasma escasso. Vistos nos esfregaços de pacientes na pós- menopausa, cervicites crônicas e após radioterapia. São células com citoplasma amplo, coloração indeterminada e que abriga vários núcleos (multinucleação). POLIMORFONUCLEARES NEUTRÓFILOS Os polimorfonucleares neutrófilos isoladamente não indicam inflamação. Podem aparecer nos esfregaços de modo normal em certas fases do ciclo menstrual (por ex.: na segunda fase do ciclo) e freqüentemente nas infecções por agentes biológicos. Raros são os esfregaços que não exibem polimorfonucleares neutrófilos. São células com diâmetro aproximado de 8 micra, citoplasma escasso e com núcleo lobulado. LINFÓCITOS E PLASMÓCITOS São mais freqüentes em inflamações crônicas (cervicites foliculares e plasmocitárias). Os linfócitos vistos nos esfregaços são pequenos com núcleos picnóticos, densos, rodeados por um escasso citoplasma (linfócito maduro). Os plasmócitos mostram um núcleo excêntrico em “roda de carroça” e são raríssimos nos esfregaços cérvico vaginais HEMÁCIAS • Hemácias podem estar presentes em esfregaços normais colhidos até o décimo dia do ciclo menstrual. • Fora desses períodos, sua presença representa lesão genital traumática, às vezes da própria colheita ou doença genital. Podem aparecer intactas ou lisadas. • A presença de filamentos de fibrina, de hemoglobina e de seu derivado hemossiderina, dispostos em pequenos grânulos marrons, são testemunhas de fenômenos hemorrágicos, que podem apresentar um significado clínico MICROBIOTA • A microbiota normal é, geralmente, dependente da idade. Cocos isolados ou agrupados podem estar presentes em esfregaços atróficos. • Na menacme, é constituída de lactobacilos. Os lactobacilos (bacilos de Döderlein) são bastonetes Gram positivos, imóveis e não capsulados, que provocam a fermentação do glicogênio celular em ácido lático e contribuem para a manutenção do pH ácido do meio vaginal. • Essa fermentação provoca a citólise das células intermediárias ricas em glicogênio. A citólise pronunciada pode se acompanhar de leucorréia. • A microbiota vaginal normal é dominada pelos lactobacilos (bacilos de Döderlein). • A cultura microbiana revela a presença de outros microorganismos aeróbicos, anaeróbicos e facultativos que são saprófitos, mas podem se tornar patogênicos. • Além da presença dos bacilos de Döderlein, uma grande variedade de bactérias pode ser detectada no conteúdo cérvico-vaginal de mulheres assintomáticas. • Na vagina, existe um equilíbrio dos bacilos de Döderlein com diversos micro-organismos de natureza bacteriana (estafilococos, estreptococos, coliformes, bacteróides, etc.). • Existem pelo menos quatro espécies de lactobacilos, componentes da microbiota vaginal, que atuam na acidificação vaginal. São eles: L. vaginalis, L. gasseri, L. crispatus e L. jesisenii. • Praticamente todas as mulheres portadoras ou não de corrimento vaginal apresentam lactobacilos em sua microbiota vaginal. Todavia, vinte por cento delas apresentam L. vaginalis em sua microbiota. • Nas pacientes sintomáticas, estudos por hibridização do DNA bacteriano demonstraram haver predominância do L. grosseri, fazendo supor menor capacidade acidificante desta espécie bacteriana e maior predisposição à infecção por outras espécies bacterianas. • Na prática ginecológica, é difícil conceituar o que seja microbiota vaginal normal, visto que é extremamente variada a gama de espécies de microorganismos que podem habitar a vagina sem desencadear sintomatologias características. A avaliação microbiota vaginal normal com sua riqueza em lactobacilos representa importante indicador do estado de autoproteção contra a agressão de microorganismos externos ou dos que vivem como comensais no trato vaginal inferior. Silva Filho (2002).
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