O cariz monográfico das pesquisas históricas

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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
Prof. Ana Paula Caldeira
Aula 9: O cariz monográfico das pesquisas históricas na pós-modernidade.
Aula 9: O cariz monográfico das pesquisas históricas na pós-modernidade.
PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
OBJETIVOS DA AULA DE HOJE: 
- Examinar a produção historiográfica contemporânea.
- Analisar do item “delimitação do tema e do problema” para toda pesquisa histórica.
- Verificar a importância da clareza na delimitação do tema e do problema para toda pesquisa histórica.
- Verificar as melhores estratégias para a construção do item “delimitação do tema e do problema” em um projeto de pesquisa.
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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
 
O PROJETO DE UMA HISTÓRIA “TOTAL”
A ambição de conhecer a totalidade da realidade – abordagens holísticas de uma sociedade.
A história-problema e a Escola dos Annales.
A crise das abordagens totalizantes e globalizantes.
Especialização temática.
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VEJAMOS O QUE DIZ O HISTORIADOR JOSÉ D´ASSUMPÇÃO BARROS:
Uma característica crescente da historiografia contemporânea é que ela tem passado a ver a si mesma (...) como um campo cada vez mais compartimentado, partilhado em uma grande gama de subespecialidades e atravessando por muitas e muitas tendências. Fala-se hoje em muitos tipos de história, quando na historiografia profissional do início do século XIX os historiadores tinham uma ideia bem mais homogênea do seu ofício. 
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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
VEJAMOS O QUE DIZ O HISTORIADOR JOSÉ D´ASSUMPÇÃO BARROS:
O historiador hoje é um historiador da cultura, um historiador econômico, um historiador das mentalidades, um especialista em história da mulher, um medievalista ibérico ou um especialista em estudos da antiguidade clássica ou quem sabe ainda um doutor em História do Brasil Colonial mais particularmente especializado nos processos de visitação inquisitorial do Santo Ofício. De igual maneira, existem os historiadores marxistas, ou mais especificamente os historiadores marxistas da linha gramsciana, thompsoniana ou qualquer outra, os historiadores weberianos, os micro-historiadores da linha italiana, ou sabe-se lá quantas outras orientações. (BARROS; 2010, p. 09)
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ALGUNS “EQUÍVOCOS” COMUNS...
Estou encantado pela Idade Média e quero estudar esse período!
Meu tema é a ditadura militar.
Gostaria de estudar a escravidão.
Pretendo estudar as mulheres no Brasil colonial.
Meu objeto de estudo é a história da Baixada Fluminense.
O que precisamos fazer:
DELIMITAR, AFUNILAR, REDUZIR!
PESQUISAR!
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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
COMO DELIMITAR O TEMA E CONSTRUIR UM PROBLEMA?
Tema: a partir de um conjunto de leituras, é preciso delimitar no TEMPO e no ESPAÇO aquilo que se deseja estudar. Justificar o recorte escolhido: por que aquele espaço? Por que esses marcos cronológicos?
Problema: é a pergunta que motiva a pesquisa. Pode ser Ela é construída por você e exige um conhecimento prévio do tema.
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EXEMPLO!
“O século XVIII era “obcecado” pela história, sobretudo pelo medo da finitude histórica. É desta maneira que Jean-Marie Goulemot entende o interesse que os homens do setecentos tinham pela conservação. A escrita – que cada vez mais ganhava terreno como forma de comunicação na sociedade moderna – associada ao ato e à atividade de preservar e compilar, tornava-se uma maneira de não permitir que as experiências do passado e do presente se perdessem no tempo. 
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EXEMPLO!
“Em Portugal, este interesse pela História pode ser notado, sobretudo, por duas iniciativas de D. João V, monarca que governou por quase toda a primeira metade do século XVIII. A primeira é a instituição, em 1720, da Academia Real da História Portuguesa, cujo objetivo era o de escrever a história do reino e de promover as glórias de Portugal para toda a Europa. A segunda medida refere-se a um decreto promulgado em 1721 com o intuito de preservar os monumentos, os edifícios, as estátuas e os outros possíveis resquícios dos povos que habitaram o reino português no passado.
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Tendo em vista este duplo objetivo, foram, então, convocados cinqüenta eruditos. Eles deveriam tomar a frente da dita academia e, por meio da posição de destaque que passariam a ter, ficariam também responsáveis por recolher materiais do passado, preservando-os e reconhecendo sua autenticidade. Um desses acadêmicos foi Diogo Barbosa Machado. Filho de uma família burguesa média, Diogo nasceu em Lisboa, no ano de 1682, e morreu nesta mesma cidade em 1772. (...) Sua ocupação de maior destaque foi como membro da Academia Real da História. Uma das tarefas que seu cargo exigia era a de produzir as memórias de D. Sebastião, de D. Henrique e dos reis Felipe I, II e III. Mas seu trabalho não se resume a isto. Compôs ainda a “Bibliotheca Lusitana” – obra organizada em três tomos na qual Barbosa Machado escreve sobre a vida e a produção de intelectuais e escritores portugueses – e fez também um catálogo manuscrito de todos os livros de sua biblioteca particular, biblioteca esta que, mais tarde, seria vendida a D. José I e acabaria vindo para o Brasil com a Família Real Portuguesa. 
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“Há, no entanto, em meio aos livros que compunham a biblioteca do abade de Sever, uma coleção organizada por ele mesmo. Contendo retratos, mapas e opúsculos, em sua maioria dos séculos XVII e XVIII, a coleção dizia respeito à história de Portugal e de suas possessões na África, América e Ásia. Barbosa Machado preservava materiais relativos ao passado e também ao seu presente ao mesmo tempo em que, através de um trabalho minucioso de compilação e de organização dos mesmos, escrevia a história de Portugal.
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Neste sentido, o tema que propomos estudar na dissertação de mestrado é o colecionismo no século XVIII português como uma forma de escrita da história. Nosso objeto específico é a Coleção Barbosa Machado, que se encontra na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e representa praticamente o início desta mesma instituição. Em relação a este objeto, elaboramos as seguintes questões:
1. Como Barbosa Machado, por meio de sua coleção, escreve a história de Portugal? Qual o sentido que ele dá ao passado português?
2. De que maneira a sua escrita da história relaciona-se ao projeto historiográfico desenvolvido pela Academia Real da História Portuguesa?
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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA
BARROS, José D´Assumção. O Campo da História: especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2010.
Retome ainda os textos sugeridos na aula 5 dessa disciplina.
PARA SABER MAIS!