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Ponto 1 (Ordem dos Processos nos Tribunais)

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1 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III 
 
Prof. Marco Aurélio Peixoto 
 
Ponto 1 
ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS 
Disposições Gerais. Ordem dos Processos nos Tribunais. 
 
1. Disposições Gerais 
 
 O CPC cuida, entre os arts. 929 e 946, da ordem dos processos no 
tribunal. 
 
 São dispositivos aplicáveis a qualquer processo em trâmite nos 
tribunais, envolvendo recursos, ações originárias, remessa necessária e incidentes. 
 
 Normalmente, nos tribunais temos duas fases distintas, quais sejam, 
uma perante o relator, que pratica quase todos os atos até o julgamento, e outra, 
que se dá em colegiado, com as discussões e o julgamento. 
 
 Fora aquilo que consta da Constituição Federal e do Código de 
Processo Civil, temos os regimentos internos dos tribunais, que versam sobre a 
competência e o funcionamento dos órgãos jurisdicionais e administrativos. Essa 
competência para a elaboração dos regimentos internos advém da própria 
Constituição Federal, em seu art. 96, I, “a”. 
 
 Importa registrar que o Regimento Interno do Supremo Tribunal 
Federal foi recepcionado pela Constituição Federal com força de lei, porque o STF, 
nos termos da Constituição de 1969, tinha essa competência legislativa atípica. As 
mudanças após a CF/88 não mantiveram essa força de lei. 
 
 
2. Da ordem dos processos no Tribunal 
 
 O art. 929 prevê que os autos serão registrados no protocolo do 
tribunal no dia de sua entrada, devendo a secretaria ordená-los, com imediata 
distribuição. 
 
 O protocolo nada mais é que o livro oficial do Tribunal, cada tribunal 
tem o seu, que pode ou não ser eletrônico. Sua função principal é autenticar a 
data de apresentação de autos ou petições, sendo permitida a obtenção de 
certidões ou do recibo de entrega dos autos ou da petição. 
 2 
 
 O parágrafo único do art. 929 prescreve que os serviços de protocolo 
podem ser descentralizados, por delegação a ofícios de justiça de primeiro grau, 
de modo a facilitar o acesso aos tribunais. Tal pode se dar também em relação aos 
tribunais superiores. 
 
 O registro há de ser feito no dia da apresentação da petição ou 
chegada dos autos ao tribunal, assegurando a publicidade dos atos processuais. A 
distribuição de processos será imediata. Assim, coincidem no momento de sua 
realização o protocolo, o registro e a distribuição. 
 
 Conforme prevê o art. 930, a distribuição deve ser alternada entre os 
membros do Tribunal, obedecendo-se rigorosa igualdade. A distribuição se dá por 
sorteio eletrônico, e esse sorteio decorre da previsão constitucional do juízo 
natural. 
 
 É possível haver conexão entre as ações originárias, recursos e 
incidentes. De acordo com o parágrafo único do art. 930, o primeiro recurso 
protocolado no tribunal torna prevento o relator para eventual recurso 
subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo. Isso ocorre 
porque a competência é funcional, logo absoluta. Dita previsão haverá de ser 
aplicada, por analogia, à distribuição de mandado de segurança contra ato judicial. 
 
 Essa regra de prevenção encontra repercussão em outros dispositivos 
do CPC, como na previsão do relator para quem foi distribuído o pedido de 
atribuição de efeito suspensivo na apelação, no recurso especial ou no recurso 
extraordinário. 
 
 Quanto aos julgamentos, há de se dizer que em regra se dão de 
forma colegiada, de modo que na sessão de julgamento cada membro daquele 
colegiado profira o seu voto. O julgamento do tribunal é, portanto, a reunião dos 
votos, que formam assim o acórdão. 
 
 Há distinção formal entre julgamento e acórdão. O julgamento 
antecede o acórdão. Quando são colhidos os votos, tem-se o julgamento. Sendo 
este reduzido a escrito, tem-se o acórdão, que é assim a materialização do 
julgamento. 
 
 O acórdão deve ser devidamente fundamentado, em obediência ao 
art. 489 do CPC, contendo assim relatório, fundamentação e dispositivo. A 
fundamentação do acórdão deve apresentar os fundamentos determinantes que 
levaram à maioria, deve expressar o pensamento da maioria, e não o pensamento 
do relator. 
 3 
 
 Há que se realçar ainda que o voto vencido deve ser expressamente 
declarado e compõe o acórdão para todos os fins legais, inclusive para 
prequestionamento. Se o voto vencido não for juntado, é caso de nulidade do 
acórdão, por vício de fundamentação. O voto vencido cumpre um papel importante 
no sistema de precedentes obrigatórios, porque, como se incorpora ao acórdão, 
agrega a argumentação e as teses contrárias à vencedora, de modo a viabilizar, no 
futuro, se for o caso, a superação do precedente. 
 
 Decisão plural é a nomenclatura utilizada para aquelas situações em 
que, apesar de haver maioria em relação ao resultado, não há uma ratio 
decidendi, ou seja, nenhum dos fundamentos são sustentados pela maioria. Assim, 
chamamos de voto concorrente aquele em que o membro do colegiado adere ao 
resultado vencedor, mas não ao fundamento. 
 
 O acórdão, além de conter o relatório, a fundamentação e o 
dispositivo, deve contem a ementa, nos termos do art. 943, §1º. O objetivo da 
ementa é o aperfeiçoamento da divulgação dos precedentes e da jurisprudência 
dos tribunais. Deve refletir o entendimento do tribunal a respeito das questões de 
fato e de direito debatidas no julgamento que originou o acórdão, além dos 
fundamentos determinantes. É, por assim dizer, o resumo do julgamento. A falta 
da ementa não conduz à nulidade do julgamento e nem contamina o acórdão, mas 
pode comprometer a validade da intimação odo julgamento, porque dificulta a 
percepção do conteúdo do acórdão. Nula será, portanto, a intimação, mas não o 
acórdão. 
 
 Os advogados e as partes precisam ser comunicados do julgamento 
colegiado. Publica-se a resenha de julgamento, ou seja, anuncia-se o resultado, 
mas os autos ainda irão ao relator ou para quem proferiu o voto vencedor, para 
lavrar o acórdão. Lavrar o acórdão é escrevê-lo, redigi-lo, tarefa normalmente 
atribuída ao relator, salvo quando restar vencido. Sendo lavrado o acórdão, a sua 
ementa será publicada no órgão oficial, marco inicial para a contagem do prazo 
recursal. 
 
 O art. 944 prevê que se não for publicado o acórdão no prazo de 30 
dias, contado da sessão de julgamento, as notas taquigráficas o substituirão, 
independentemente de revisão. 
 
 O art. 932, II, do CPC, prevê que o interessado pode requerer a 
tutela provisória ao relator, em grau de recurso. Se a tutela provisória for 
antecedente, o requerimento é livremente distribuído, e esse relator para quem for 
distribuída a tutela fica prevento para o recurso. Sendo incidente, vai ao próprio 
relator. Em regra, a tutela provisória serve para alcançar o efeito suspensivo. 
 4 
 
 Nos órgãos colegiados dos tribunais, cabe ao relator estudar o caso, 
firmar o seu entendimento e levar o caso a julgamento. Tem ainda o relator a 
função de determinar diligências, corrigir vícios, instruir o feito e apreciar pedidos 
de tutela provisória. 
 
 Ao relator são atribuídos alguns poderes, de ordenar e gerir o 
processo, instruir e decidir. São poderes identificados ao longo do Código, mas o 
dispositivo mais relevante é o art. 932. 
 
 Dentre os poderes ordinatórios, o art. 932, I, prevê que cabe ao 
relator dirigir e ordenar o processo, englobando alguns atos como a determinação 
de intimação do Ministério Público, a delimitação dos poderes do amicus curiae, o 
dever de assegurar igualdade de tratamento, o dever de zelar pela razoável 
duração do processo, o poder de dilatar prazos e alterar a ordem de produção de 
provas, dentre outros. 
 
 O relator temum dever geral, pelo art. 938, §§1º e 2º, de determinar 
a correção de defeitos processuais, sempre que constatar a ocorrência de vícios 
sanáveis, podendo inclusive converter o julgamento em diligência e determinar a 
produção de provas. 
 
 Dentre os poderes decisórios, estão o de homologar autocomposição, 
decidir pela concessão ou não de tutela provisória, decidir sobre a concessão ou 
não dos benefícios da justiça gratuita e proceder ao juízo de admissibilidade e de 
mérito dos recursos. 
 
 Quanto a esse último aspecto (poder de julgar o mérito dos 
recursos), o art. 932, IV e V, autoriza o relator a promover julgamentos 
monocráticos. Esse julgamento feito monocraticamente deveria ser encarado como 
excepcionalidade, mas infelizmente tem se tornado cada vez mais rotineiro nos 
tribunais. Ele pode negar ou dar provimento a recursos monocraticamente, mas 
para dar provimento é preciso estabelecer o contraditório prévio. 
 
 Os julgamentos nos tribunais se dão, em regra, em uma sessão 
pública, na sede do tribunal. O relator lê o seu relatório e voto, e os demais 
componentes do colegiado proferem em sequência os seus votos. Entre a data de 
publicação da pauta no órgão oficial e a da sessão de julgamento, deve-se ter pelo 
menos cinco dias, sob pena de nulidade. 
 
 Em algumas hipóteses, admite-se a sustentação oral (após a leitura 
do relatório) do recorrente e do recorrido, bem como ao terceiro interveniente e ao 
Ministério Público, na sessão de julgamento. É admitida, conforme o art. 937, na 
 5 
apelação, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário, nos 
embargos de divergência, na ação rescisória, no mandado de segurança, na 
reclamação, no agravo de instrumento contra tutela provisória ou em outras 
hipóteses previstas no regimento interno. Admite-se ainda, apesar da ausência de 
previsão, a sustentação oral em remessa necessária e em agravo de instrumento 
contra decisão parcial de mérito. O §4º do art. 937 possibilita a realização de 
sustentação oral por videoconferência ou outro recurso tecnológico. 
 
 A sustentação oral não se confunde com o esclarecimento de fato. 
Esta última se destina ao advogado, para em qualquer momento do julgamento 
usar da palavra pela ordem para esclarecer fatos ou dúvida surgida na sessão. 
 
 Nos julgamentos, pode ocorrer o pedido de vista, que está 
determinado no art. 940, viabilizando a que um dos membros do colegiado, que se 
considere inabilitado a proferir o voto de imediato, melhor examine os autos. A 
vista pode ser em mesa (imediata) ou em gabinete, com a sessão suspensa por 
até dez dias. 
 
 O CPC, no art. 942, criou uma técnica de ampliação do colegiado em 
caso de divergência, em “substituição” ao antigo recurso de embargos 
infringentes, dispondo que, quando o resultado da apelação não for unânime, o 
julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de 
outros julgadores, que serão convocados nos termos do regimento interno, em 
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial. 
Essa técnica se aplica igualmente ao julgamento não unânime proferido na ação 
rescisória (quando houver a rescisão do julgado) e no agravo de instrumento 
(quando houver reforma da decisão parcial de mérito).

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