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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
FACULDADE DE AGRONOMIA 
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS E FORMULAÇÃO DE 
RAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRO 1002 ALIMENTOS E ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS 
 
Prof. Harold Ospina Patino 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, RS 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
PARTE 1 
 
TERMINOLOGIA USUALMENTE EMPREGADA .......................................................................... 5 
AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS ................................................................................................... 6 
1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS .......................................................................... 6 
1.1. MÉTODOS FÍSICOS .......................................................................................................... 6 
1.1.1. PROPRIEDADES ORGÂNOLEPTICAS ............................................................................... 6 
1.1.2. REFLETÂNCIA NO INFRAVERMELHO PROXIMAL (NIR) .................................................... 6 
1.2. MÉTODOS QUÍMICOS ..................................................................................................... 7 
1.2.1. COLETA DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE NO LABORATÓRIO ............................................ 7 
1.2.2. ANÁLISE PROXIMAL OU DE WEENDE ............................................................................ 8 
1.2.2.1 CONTÉUDO DE ÁGUA E DE MATÉRIA SECA (MS) .......................................................... 8 
1.2.2.2. TEOR DE CINZAS E MATERIA ORGÃNICA (MO) .......................................................... 10 
1.2.2.3. TEOR DE PROTEÍNA BRUTA (PB)............................................................................... 11 
1.2.2.4. TEOR DE GORDURA BRUTA OU EXTRATO ETÉREO (EE).............................................. 11 
1.2.2.5. TEOR DE FIBRA BRUTA (FB)...................................................................................... 11 
1.2.2.6. EXTRATIVO NÃO NITROGENADO (ENN) ................................................................... 12 
1.2.2.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE WEENDE .................................................................... 12 
1.2.3. METODO DE VAN SOEST ............................................................................................ 14 
1.2.4. EXERCICIO 01: ARREDONDAMENTOS EM CÁLCULOS MATEMÁTICOS ........................... 18 
1.2.5. EXERCÍCIO 02: COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS E CONTEÚDO DE MATÉRIA SECA .......... 19 
1.2.6. MÉTODOS COMPLEMENTARES ................................................................................... 21 
1.2.6.1. Fibra Total, Solúvel e Insolúvel da Dieta ................................................................... 21 
1.2.6.2. Amido e açúcares livres ........................................................................................... 21 
1.2.7 ANÁLISES ESPECÍFICAS E QUALITATIVAS DOS ALIMENTOS ......................................... 21 
1.2.7.1. Análise de aminoácidos ........................................................................................... 22 
1.2.7.2. Análises de ácidos graxos ........................................................................................ 22 
1.2.7.3. Análises de minerais ............................................................................................... 22 
1.2.7.4. Vitaminas ............................................................................................................... 22 
1.2.7.5. Análises qualitativas ............................................................................................... 22 
1.2.8. IMPORTÃNCIA DA ANÁLISE QUÍMICA DOS ALIMENTOS ............................................... 23 
1.3. MÉTODOS BIOLOGICOS ................................................................................................. 23 
1.3.1. DIGESTÃO .................................................................................................................. 23 
1.3.1.1. MÉTODO IN VIVO (no animal).................................................................................. 24 
1.3.1.2. MÉTODO IN VITRO (no vidro) .................................................................................. 26 
1.3.1.3. MÉTODO IN SITU (no lugar) ..................................................................................... 27 
1.3.1.4. MÉTODO DA PRODUÇÃO DE GÁS ............................................................................ 27 
1.3.2. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DOS ALIMENTOS ................................................................. 27 
1.3.2.1. NUTRIENTES DIGESTIVEIS TOTAIS (NDT) .................................................................. 28 
1.3.2.2. ENERGIA BRUTA (EB) ............................................................................................... 29 
1.3.2.3. ENERGIA DIGESTÍVEL (ED) ........................................................................................ 29 
1.3.2.4. ENERGIA METABOLIZAVEL (EM) ............................................................................... 30 
1.3.2.5. ENERGIA LIQUIDA (EL) ............................................................................................. 31 
 
 
3 
1.3.2.6. MÉTODOS USADOS NA DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DOS ...................................... 31 
ALIMENTOS ......................................................................................................................... 31 
1.3.3. AVALIAÇÃO PROTÉICA DOS ALIMENTOS ..................................................................... 33 
1.3.3.1. AVALIAÇÃO PROTÉICA DE ALIMENTOS UTILIZADOS POR NÃO .................................. 33 
RUMINANTES ...................................................................................................................... 33 
1.3.3.1.1. MÉTODOS INTEGRATIVOS .................................................................................... 33 
1.3.3.1.2. MÉTODOS ADITIVOS ............................................................................................ 34 
1.3.3.2. AVALIAÇÃO PROTÉICA DE ALIMENTOS UTILIZADOS POR .......................................... 35 
RUMINANTES ...................................................................................................................... 35 
1.3.3.3. EXERCÍCIO 03 .......................................................................................................... 37 
1.3.3.4. EXERCICIO 04: EXPERIMENTO DE DIGESTIBILIDADE .................................................. 38 
1.3.3.5. EXERCÍCIO 05: USO DAS TABELAS DE COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS ....................... 41 
1.3.3.6. LOCALIZAÇÃO DE NOMES NAS TABELAS................................................................... 43 
 
PARTE 2 
 
2. TIPOS DE ALIMENTOS ...................................................................................................... 46 
2.1 CONCENTRADOS - GRÃOS E SEUS SUBPRODUTOS ........................................................... 46 
2.1.1 EXERCÍCIO 01: COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA .......................................................... 46 
2.1.2. CONCENTRADOS PROTEICOS ...................................................................................... 47 
2.1.3. TABELAS COM CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS CONCENTRADOS............................ 48 
2.2 VOLUMOSOS – FORRAGENS E DERIVADOS ..................................................................... 64 
2.2.1 Fatores que influenciam a composição nutricional: ...................................................... 64 
2.2.2. Forrageiras conservadas: ............................................................................................ 66 
2.2.2.1. Ensilagem ............................................................................................................... 66 
2.2.2.2. Fenação ..................................................................................................................70 
 
PARTE 3 
 
3. FORMULAÇÃO DE RAÇÕES ............................................................................................... 75 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 75 
3.1. ELEMENTOS PARA O CÁLCULO DE RAÇÕES .................................................................... 76 
3.1.1 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO ANIMAL ...................................................................... 76 
3.1.2 COMPOSIÇÃO BROMATOLOGICA DOS ALIMENTOS ...................................................... 77 
3.2. PROCEDIMENTOS PARA FORMULAR RAÇÕES ................................................................ 77 
3.3 ESTUDO ECONÔMICO DOS ALIMENTOS .......................................................................... 78 
3.3.1 Avaliação baseada nos custo por unidade de nutriente (CUN) ...................................... 78 
3.3.2. Avaliação baseada no custo por unidade de desempenho (CUD) ................................. 80 
3.3.3. Avaliação baseada na comparação com rações básicas ............................................... 81 
3.4. MÉTODOS UTILIZADOS NO BALANCEAMENTO DE RAÇÕES ............................................. 83 
3.4.1. PRIMEIRO MÉTODO: CÁLCULO POR TENTATIVAS ........................................................ 83 
3.4.2.SEGUNDO MÉTODO: QUADRADO DE PEARSON ........................................................... 84 
3.4.2.1 FORMULAÇÃO CONSIDERANDO INGREDIENTES FIXOS E MAIS DE UM NUTRIENTE ..... 86 
3.4.2.3. FORMULAÇÃO DE MISTURA DE ALIMENTOS COM CONTEÚDO DE PROTEÍNA 
3.4.2.4. Formulando com ingredientes fixos ......................................................................... 90 
3.4.3. FORMULANDO COM MAIS DE DOIS INGREDIENTES ..................................................... 90 
 
 
4 
3.4.4. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE VOLUMOSO NECESSÁRIO NUMA RAÇÃO PARA 
HERBIVOROS ....................................................................................................................... 93 
3.4.5. TERCEIRO MÉTODO: EQUAÇÕES SIMULTÂNEAS .......................................................... 94 
3.4.5.1. Ajuste de dois ingredientes e um nutriente .............................................................. 94 
2.4.5.2. Ajuste de três ingredientes e dois nutrientes ........................................................... 95 
3.4.6. QUARTO MÉTODO: PROGRAMAÇÃO LINEAR .............................................................. 96 
3.5 FORMULAÇÃO DE RAÇÕES PARA RUMIANTES UTILIZANDO A ENERGIA LÍQUIDA DE 
MANTENÇA (ELm) E DE GANHO DE PESO (ELg) ................................................................... 101 
3.5.1. EXERCICIO 06 – FORMULAÇÕES ................................................................................ 103 
3.5.2. EXERCICIO 07: FORMULAÇÃO DE PRÉ-MISTURAS DE VITAMINAS E MINERAIS (PREMIX 
VITAMÍNICO- MINERAL) .................................................................................................... 106 
4. ANEXOS......................................................................................................................... 109 
4.1. Tabelas de Exigências Nutricionais .............................................................................. 109 
4.1.1. Tabela 1. Exigências nutricionais de bovinos em crescimento e terminação, machos e 
fêmeas. ............................................................................................................................. 109 
4.2.2.Tabela 2. Exigências nutricionais de bovinos em crescimento e terminação, machos e 
fêmeas. ............................................................................................................................. 110 
4.2.3. Tabela 3. Exigências nutricionais de novilhas de corte em lactação ............................ 111 
4.2.4.Tabela 4. Exigências nutricionais de vacas em lactação .............................................. 112 
4.2.5 Tabela 5. Composição Bromatológica dos alimentos .................................................. 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
TERMINOLOGIA USUALMENTE EMPREGADA 
 
 NUTRIÇÃO – Estudo de fenômenos bioquímicos, físicos e fisiológicos mediante os 
quais os alimentos ingeridos pelos animais são digeridos e os produtos de digestão 
absorvidos e metabolizados. 
 ALIMENTAÇÃO – Estudo dos alimentos e dos nutrientes que estes contem, dos 
padrões que estabelecem as exigências alimentares dos animais e o modo de atendê-las 
eficienetemente e economicamente. 
 ALIMENTO – Todos os materiais incluídos na dieta. Inclui não sós produtos de 
origem animal e vegetal e os subprodutos preparados a partir deles, como também as 
substancias sintéticas usadas para suplementar os alimentos naturais. 
 NUTRIENTE – Constituintes dos alimentos de mesma composição química que 
auxiliam na manutenção da vida. Uma extensão desta definição caracteriza um nutriente 
como substancias que se encontram no alimento da mesma forma que são absorvidas ou 
participam do metabolismo animal. O conceito atual é mais amplo pois inclui substancias 
que não são originarias de alimentos. Por exenmplo: vitaminas produzidas sinteticamente, 
sais inorgânicos quimicamente puros ou aminoácidos sintéticos. 
 COMPONENTE ALIMENTAR – Embora não seja um termo amplamente utilizado 
é a forma correta de se referir a frações da dieta compostas de um conjunto de nutrientes. 
(Ex: proteína bruta da dieta é um componente alimentar composto basicamente de 
aminoácidos que individualmente são nutrientes.) 
 RAÇÃO – Refere-se a quantidade total de alimento que um animal recebe em 24 
horas, independente do manejo. É usado muitas vezes erroneamente do lugar de dieta. 
 DIETA – O alimento ou a mistura de alimentos ingeridos compõem a dieta de um 
animal/humano. Não faz referencia a quantidade, mas a composição. 
 RAÇÃLO BALANCEADA – É a raça que contem os nutrientes nas quantidades 
necessárias para o animal que vai recebê-la 
VOLUMOSO – Alimento que possui alto teor de fibra. As forrageiras na forma de 
pastagem ou conservadas como feno ou silagem constituem o exemplo mais típico. 
CONCENTRADO – A definição oficial é: alimento usado com outros para melhorar 
o balanço nutritivo do total e destinado a ser posteriormente diluído e misturado para 
produzir um suplemento ou alimento completo. Na indústria de alimentação animal são 
suplementos preparados industrialmente. 
SUPLEMENTO – Alimento ou mistura de alimentos ricos em um ou mais 
nutrientes essenciais. É usado para melhorar o balanço da ração total. O seu uso é muito 
variado: 
Pode ser dado sem diluir, diretamente adicionado aos outros alimentos que 
constituem a ração 
Pode ser fornecido, a livre escolha, em cocho separado dos outros alimentos. 
Pode ser diluído e misturado a outros alimentos para preparar a ração completa. 
ADITIVO – Qualquer substancia que é adicionada ao alimento ou mistura de 
alimentos. Este conceito é mais amplo. Comumente, aditivo é a substancia, ou mistura de 
substancias que não são nutrientes, mas que tem, ou podem ter, efeito benéfico na 
produção animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS 
 
 
1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS 
 
Um dos fatores determinantes da eficiência na produção animal é a otimização do 
processo de utilização dos alimentos para o crescimento, desenvolvimento e reprodução. 
Então a determinação da eficiência biológica precisa do conhecimento de aspectos 
relacionados com as exigências nutricionais dos animais, a escolha dos alimentos com 
potencial para preenchê-las e a correta formulação de programas alimentares. Para fazer 
isto existem métodos de avaliação de alimentos os quais fornecem informações que 
permitem conhecer e comparar alimentos quanto a seu conteúdo de nutrientes visando 
queo planejamento de regimes alimentares, e a formulação e avaliação de rações sejam 
feitos com precisão. 
 Dentro da nutrição animal a avaliação dos alimentos é uma área de especial 
importância, pois nos permite conhecer o tipo, a concentração e a relação entre os 
nutrientes contidos num alimento e por conseqüência a utilidade global do alimento ou 
ingrediente, assim como as interações e os possíveis efeitos sinérgicos e antagônicos 
entre os alimentos e seus nutrientes. 
 Na prática todo o alimento que possa vir a influenciar significativamente o custo da 
dieta e o desempenho dos animais tem que ser analisados, principalmente aqueles que 
apresentam uma marcada diferença entre a composição estimada e a verdadeira. 
 Em função das técnicas utilizadas os métodos de avaliação de alimentos podem 
ser divididos em três grandes grupos: métodos físicos, métodos químicos e métodos 
biológicos. 
 
1.1. MÉTODOS FÍSICOS 
 
1.1.1. PROPRIEDADES ORGÂNOLEPTICAS 
 
Os métodos físicos incluem testes que utilizam os sentidos para avaliar os 
alimentos: vista (aparência), olfato (cheiro) e tato (consistência). Este tipo de avaliações 
tem pouco valor na predição do desempenho animal, porém quando combinado com 
testes mais objetivos e precisos podem ser de grande utilidade. 
 
1.1.2. REFLETÂNCIA NO INFRAVERMELHO PROXIMAL (NIR) 
 
Outro método físico que vem sendo muito utilizado é os sistema de análise por 
refletância no infravermelho proximal (NIRS). Esta baseada no fato de que cada um dos 
componentes químicos de uma amostra de alimento tem propriedades particulares de 
absorção da radiação no infravermelho proximal que podem ser utilizadas para diferenciar 
tais componentes. O somatório destas informações sobre refletância, combinado com as 
propriedades de dispersão da radiação determinam a refletância difusa de uma amostra. 
Então o processamento das informações sobre a refletância difusa de amostras de 
alimentos e outros materiais pode fornecer informações acerca de sua composição. O 
procedimento mais simples é medir a refletância em dois comprimentos de onda de modo 
que um deles garanta máxima absorção e o outro seja escolhido para garantir mínima 
absorção do constituinte sob análise. A relação destes dois valores de refletâncias 
 
 
7 
medidos sob amostras diferentes pode ser correlacionada com a concentração do 
constituinte especifico na amostra. Após ser feita esta correlação pode ser gerada uma 
equação que permita predizer a concentração do constituinte na amostra a partir das 
medidas de refletância. 
As principais vantagens deste método são sua rapidez, simplicidade na 
preparação de amostras, multiplicidade de constituintes que podem ser analisados numa 
mesma rodada e a não destruição da amostra que pode ser conservada para futuras 
avaliações. Normalmente o tempo de determinação está entre 30 segundos e 3 minutos 
comparado com horas ou dias que demoram as análises químicas. As principais 
desvantagens do NIR são a necessidade de equipamentos caros, a dependência de 
procedimentos de calibração, a complexidade na escolha do tratamento dos dados e a 
falta de sensibilidade para micronutrientes. 
 
1.2. MÉTODOS QUÍMICOS 
 
Os métodos químicos incluem procedimentos de análise que visam caracterizar os 
alimentos quanto à concentração de substancias ou frações químicas de importância na 
nutrição dos animais. Este tipo de análises é feita no laboratório mediante técnicas que 
direta ou indiretamente simulam o processo digestivo que ocorre no trato gastrintestinal 
(TGI) dos animais. 
As principais características dos métodos químicos são sua facilidade de 
realização, precisão e rapidez. Para usufruir do potencial dos métodos químicos um 
aspecto fundamental é a coleta de amostras para enviar ao laboratório. 
 
1.2.1. COLETA DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE NO LABORATÓRIO 
 
No laboratório são analisados diversos tipos de amostras: líquidas, pastos e 
forragens frescos, silagens, fenos, grãos e subprodutos da agroindústria, concentrados, 
sais mineralizados, fezes, etc. Independente do tipo de alimento o processo de 
amostragem deve ser feito seguindo as recomendações especificas para cada tipo e 
sempre visando enviar ao laboratório amostras homogêneas e representativas do 
alimento avaliado. Grande parte dos problemas existentes com as análises destes 
alimentos é conseqüência de erros na coleta e manipulação das amostras. O aspecto de 
maior importância na amostragem de alimentos utilizados na nutrição de animais é que as 
amostras coletadas devem ser representativas do que o animal consumirá e isto em 
algumas situações não é muito fácil de atingir. Alimentos com teores superiores a 85% de 
água apresentam maior variabilidade na sua composição e por tanto maior dificuldade no 
processo de amostragem. Os cuidados no processo de amostragem são maiores em 
pastagens e silagens, menor em feno e ainda menor em alimentos concentrados (grãos e 
subprodutos da agroindústria). 
As amostras coletadas devem ser bem identificadas e na medida do possível, 
fornecer informações que permitam a posterior interpretação dos resultados (data de 
coleta, lote a que pertencem, fase vegetativa, adubação, etc.) 
Para amostras de forragens verdes é sugerido coletar ente 15 e 20 sub-amostras 
cobrindo toda a área e posteriormente misturá-las para obter uma amostra única de 
aproximadamente 500 g. Neste tipo de material é de fundamental importância coletar a 
parte da planta que realmente será colhida pelo animal. A amostra, assim obtida, deve ser 
embalada em sacos plásticos bem fechados, sem ar e enviar para o laboratório. Se 
possível remeter a amostra em menos de 24 horas; se não deve ser congelada antes do 
 
 
8 
envio. Na identificação da amostra deve constar o tipo de forragem que está sendo 
enviada, sua fase vegetativa, data de coleta e procedência. 
A amostragem de silagem pode ser feita antes da abertura do silo o quando este já 
foi aberto. A amostragem feita antes da abertura do silo pode ser realizada 40 dias após 
fechamento do silo, colhendo amostras ao longo do silo e a diferentes profundidades. 
Quando o silo já foi aberto a amostragem deve ser feita em vários pontos da frente de 
corte e procurando repetir esta amostragem a cada 40 dias de consumo da silagem, 
principalmente se o silo foi enchido com vários cortes em datas diferentes. As sub-
amostras devem ser misturadas para obter uma amostra única de 500 gramas a qual 
deve ser embalada em saco plástico ou em vidros, retirando totalmente o ar de seu 
interior para evitar a necessidade de congelamento. Na identificação do material deve 
constar o tipo de produto ensilado (espécie ou híbrido), se aditivado ou não, se inoculado 
ou não, data de coleta e a procedência. 
A amostragem de feno deve ser feita retirando sub-amostras de vários fardos 
desfazendo-os ou coletando material da parte interna do fardo. A amostra de 500 gramas 
deve ser colocada em saco de papel acompanhada da seguinte informação: tempo de 
armazenagem, idade do capim no corte, data de coleta e procedência. 
Para raízes, tubérculos e frutas retirar sub-amostras em número nunca inferior a 
10, lavar bem as raízes e tubérculos e enviar uma única amostra de 1 a 2 kg em sacos 
plásticos o mais rápido possível ou congelado. 
Para produtos comerciais ou misturas de propriedades (farelos, grãos e resíduos) 
em partidas grandes (superiores a 1 tonelada) coletar uma sub-amostra a cada tonelada 
de produto. Em partidas menores coletar no mínimo 30 sub-amostras em diversos pontos, 
misturar e retirar uma amostra única de 200 gramas. Nunca retirar amostras da boca do 
moinho. 
Para produtos líquidos tais como melaço, óleos e resíduos aquosos retirar 1 litro 
de cada recipiente ou dorna que contenha o material da forma mais homogênea possível, 
misturar as várias sub-amostras e retirar uma amostraúnica de 1 litro para enviar ao 
laboratório. 
 
1.2.2. ANÁLISE PROXIMAL OU DE WEENDE 
 
 É o método de análise mais utilizado na avaliação do valor nutritivo dos alimentos. 
Foi desenvolvido por Henneberg e Stohmann na estação experimental de Weende na 
Alemanha em 1862. Seu principio básico é que os nutrientes contidos nos alimentos 
podem ser agrupados em entidades químicas as quais podem ser determinadas no 
laboratório. Sobre esta base o alimento é analisado por seu conteúdo de água, cinzas, 
proteína bruta (PB), fibra bruta (FB), extrato etéreo (EE) e extrativo não nitrogenado 
(ENN). Estas entidades químicas representam grupos heterogêneos de substancias e, 
portanto também é conhecido como a análise dos nutrientes brutos. Na Tabela 1 é 
possível observar os componentes das diferentes frações que compõem a análise de 
Weende. A pesar da informação nutricional fornecida pela análise de Weende ser 
freqüentemente incerta ou confusa é uma análise muito utilizada para analisar alimentos 
utilizados no balanceamento de rações para animais não ruminantes. 
 
1.2.2.1 CONTÉUDO DE ÁGUA E DE MATÉRIA SECA (MS) 
 
Apesar de a água ser um nutriente essencial para os animais não contribui ao 
valor nutritivo dos alimentos e pelo contrario dilui o conteúdo de nutrientes sólidos 
 
 
9 
tornando-os mais susceptíveis a sofrer fenômenos de decomposição enzimática, 
bacteriana ou de fungos. 
De forma geral os alimentos apresentam uma ampla variabilidade no conteúdo de 
nutrientes e quando se deseja compará-los é preciso expressar este conteúdo numa base 
comum. Em função do conteúdo de água variar amplamente entre alimentos e, além 
disto, representar uma grande proporção do consumo total tem-se adotado expressar o 
conteúdo de nutrientes na base livre de umidade ou base seca. 
 
Tabela 1. Frações e Componentes da análise de Weende 
 
FRAÇÕES COMPONENTES 
Umidade (% H2O) Água, ácidos voláteis e bases 
Cinzas Macro e micro minerais 
Proteína Bruta (PB) Proteína, aminoácidos, aminas, nitratos, vitaminas do 
complexo B, ácidos nucléicos, etc. 
Extrato Etéreo (EE) Gorduras, óleos, ceras, ácidos orgânicos, pigmentos, esteróis,, 
vitaminas A, D, E e K 
Fibra Bruta (FB) Celulose e parte de lignina 
Extrativo Não 
Nitrogenado (ENN) 
Hemicelulose, parte de ligninas, açucares, fructanas, amido, 
pectina, ácidos orgânicos, resinas, taninos, pigmentos e 
vitaminas hidrossolúveis. 
 
O calculo de matéria seca alem de permitir comparar os alimentos quanto a seu 
conteúdo de nutrientes, permite ter uma idéia da possibilidade de armazenamento, serve 
como referência na formulação de rações e ajuda na comparação de matérias primas de 
diferentes origens e localidades. 
O conteúdo de água é determinado pela secagem de uma amostra do alimento 
sob condições definidas e posterior determinação da perda de peso que corresponde a 
água evaporada. A matéria seca é calculada por diferença e normalmente é expressa 
como proporção do peso inicial da amostra. Na matéria seca estão incluídos todos os 
princípios nutritivos utilizados pelo animal nos processos digestivos e metabólicos e é 
considerado o ponto de partida da análise de Weende (Figura 1) 
O processo de secagem depende da natureza do alimento sob análise. O 
processo de secagem alimentos com baixos teores de água (menores do que 15%) 
consiste em colocar as amostras em estufas a 105 ºC durante 24 horas. Alimentos com 
elevados teores de água (>15%) precisam ser pré-secados em estufas de ar forçado a 60 
ºC para posteriormente realizar a secagem a 105 ºC. O objetivo deste procedimento é 
evitar a formação de artefatos químicos que alteram a composição e concentração normal 
dos nutrientes contidos nos alimentos. Algumas das conseqüências mais relevantes da 
secagem de alimentos úmidos com temperaturas elevadas são as desnaturações da 
proteína, formação de compostos indigestíveis através da reação de Maillard e alteração 
dos componentes da parede celular das forragens. O cálculo da MS em alimentos tais 
como a silagem pode ser feito através da secagem em estufa, porém este procedimento 
tem o inconveniente de o calor volatilizar frações nutricionais que são utilizadas pelos 
ruminantes podendo subestimar o valor nutritivo deste tipo de alimento. Métodos 
alternativos para determinação da MS em silagens e fezes incluem a destilação com 
tolueno e a liofilização, porém estes métodos são complicados e de maior custo, só 
justificando sua utilização quando são necessárias estimativas muito precisas do teor de 
MS. 
 
 
 
10 
1.2.2.2. TEOR DE CINZAS E MATERIA ORGÃNICA (MO) 
 
A matéria seca dos alimentos é dividida em matéria orgânica e matéria inorgânica. 
A matéria inorgânica é determinada pela queima da amostra do alimento sob análise em 
temperaturas elevadas até que todas as moléculas que contem carbono (gorduras, 
proteínas, carboidratos) e a água desapareçam por combustão e evaporação, 
respectivamente, sendo o resíduo as cinzas, fração que representa os constituintes 
inorgânicos contidos no alimento. Nutricionalmente esta fração carece de importância, 
pois não indica que minerais a compõem e em que proporção se encontram, porém é o 
ponto de partida para análise de minerais específicos e pode ser utilizada na detecção de 
fraudes com materiais inorgânicos. 
Para determinação das cinzas uma amostra seca do alimento é pesada e colocada 
numa mufla a 550 ºC durante 4 horas. O conteúdo de cinzas é expresso como 
percentagem do peso original da amostra. Conhecendo o conteúdo de cinzas o conteúdo 
de MO é calculado como a diferença de entre 100 e o teor de cinzas. 
 
 
Amostra original 
 
 Estufa 105 ºC Umidade 
 
 
Amostra seca (MS) 
Método de Kjeldahl Mufla (55ºC) MO 
 
 
 Nitrogênio total Cinzas 
 
 * 6,25 
 
 
 Proteína Bruta (PB) Extrato Etéreo (EE) 
 
 Digestão em ácido fraco 
 Digestão base fraca 
 Mufla (600 ºC) 
 
 
 
 Fibra Bruta (FB) 
 
 
ENN = 100 – [H20 (%) + PB (%) + Cinzas (%) + EE (%) + FB (%)] 
 
 
Figura 1.Representação esquemática da Análise Proximal ou de Weende 
 
 
 
 
 
 
11 
1.2.2.3. TEOR DE PROTEÍNA BRUTA (PB) 
 
Sob a denominação de proteína bruta estão incluídas todas as substancias 
nitrogenadas contidas na amostra do alimento. O nitrogênio presente nestas substancias 
pode ser dividido em dois grandes grupos dependendo de sua origem: nitrogênio protéico 
proveniente do grupamento amino (NH2) presente nos aminoácidos e nitrogênio não 
protéico presente em outras substancias nitrogenadas (amidas, aminas, uréia, etc.) 
naturalmente presentes nos alimentos. Na determinação dos teores de proteína bruta só é 
analisado o conteúdo total de nitrogênio da amostra sem fazer nenhuma separação 
quanto ao tipo de nitrogênio, sendo portanto uma determinação que não avalia a 
qualidade da proteína. 
 Na determinação da PB é utilizado o método de Kjeldahl. A amostra de alimento 
é digerida com ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) na presença de um catalisador (Zn) 
para converter o nitrogênio contido na amostra em sulfato de amônia ( [NH4]2SO4). A 
amônia é liberada pela adição de NaOH, sendo destilada e recolhida numa solução de 
H2SO4 padrão a qual é titulada. A % PB é calculada sob a base de que na média as 
proteínas contem 16% de N. Desta forma a % PB é calculado multiplicando o teor de N 
por 6,25 (100/16) sendo este resultado normalmente expresso na base seca. 
 
1.2.2.4. TEOR DE GORDURA BRUTA OU EXTRATO ETÉREO (EE) 
 
O extrato etéreo está composto por lipídios simples e complexos, vitaminas 
lipossolúveis, alguns pigmentos e alguns hormônios. Todas estas substanciasapresentam a característica comum de serem solúveis em solventes orgânicos e este 
fenômeno é utilizado na determinação do teor de gordura bruta dos alimentos. 
Os métodos utilizados para determinar a gordura bruta são Goldfish e Soxhlet. Em 
ambos os métodos os componentes citados anteriormente são extraídos de uma amostra 
seca por uma solução de éter de petróleo que é volatilizada ao ser esquentado sendo seu 
vapor condensado e vertido sobre a mostra para arrastar as substancias solúveis nele. 
Posteriormente o éter é destilado e coletado num outro recipiente e o resíduo que fica no 
vidro que continha a amostra é a fração conhecida como extrato etéreo. Este vidro é 
colocado num dessecador antes de ser pesado e o resultado é expresso na base seca. 
 
1.2.2.5. TEOR DE FIBRA BRUTA (FB) 
 
Não existe um método analítico simples para determinação do conteúdo total de 
carboidratos de um alimento devido a que esta fração agrupa uma série de substancias 
que não apresentam uma característica analítica comum. Devido a isto os pesquisadores 
que idealizaram o método de Weende dividiram os carboidratos contidos num alimento 
em duas frações: fibra bruta e extrativos não nitrogenados. 
Fibra bruta é o resíduo insolúvel, livre de cinzas, que resulta de ferver as amostras 
de alimentos em soluções diluídas de ácido e álcali. Esta fração esta composta 
basicamente por celulose, pentosanas, cutina e lignina. 
Na época em que surgiu a análise de Weende tinha-se a opinião que a FB 
separava as substancias componentes da parede celular das substancias contidas dentro 
da célula dos alimentos ( proteína, amido, gordura, etc.) e que o resíduo insolúvel 
representava a quantidade total de celulose misturada com as denominadas incrustações 
(lignina e cutina). Posteriormente estudos mais detalhados mostraram que a parede 
celular apresenta uma grande diversidade química que inclui carboidratos tais como 
celulose, hemicelulose e pectina incrustados com lignina e cutina. Quanto maior é a 
 
 
12 
proporção destas incrustações na parede celular menor é o valor nutritivo dos alimentos. 
Além disto esta proporção varia consideravelmente com a idade das plantas e com as 
funções que executam os tecidos. 
A FB é determinada a partir de amostras de alimento secas e desengorduradas. 
Estas amostras, primeiro, são fervidas em soluções de ácido sulfúrico fraco (0,255 N) e 
posteriormente são fervidas numa solução de hidróxido de sódio fraca (0,313 N). Estes 
procedimentos solubilizam proteínas, açucares e amido os quais são descartados por 
filtração. O resíduo que fica está basicamente composto por celulose, lignina e matéria 
mineral, sendo secado, pesado e incinerado numa mufla a 550ºC. A diferença de peso é 
considerada como fibra bruta. O grande problema com a determinação da FB é que o éter 
utilizado na extração da gordura também solubiliza pentoses. Da mesma forma o 
tratamento com ácido e álcali também solubiliza parte da lignina, hemicelulosa e cutina, 
substancias esta que não são mais incluídas na fração FB e passam a fazer parte da 
fração correspondente aos extrativos não nitrogenados (ENN). Esta situação é 
particularmente perigosa com alimentos que apresentam elevados teores de fibra 
(forragens e volumosos) devido a que a análise de FB tende 
 
1.2.2.6. EXTRATIVO NÃO NITROGENADO (ENN) 
 
O ENN não é uma fração obtida através de análise. Ela é calculada como a 
diferença entre 100 e o somatório das outras frações da análise de Weende (cinzas, 
proteína bruta, fibra bruta e extrato etéreo). Esta fração representa uma mistura de 
substancias orgânicas, entre as quais não esta incluído o nitrogênio, que em teoria 
deveriam apresentar elevada digestibilidade. 
O extrativo não nitrogenado acumula os erros das frações que o compõem sendo 
que o maior componente deste erro é a solubilização e perda de parte da lignina e da 
hemicelulosa durante a determinação da fibra bruta. Este erro é maior em volumosos do 
que em concentrados devido a que nestes últimos 75% do extrativo não nitrogenado esta 
composto por amido e carboidratos solúveis. Geralmente a solubilidade da lignina em 
gramíneas é maior do que em leguminosas e tende a aumentar quando a qualidade de 
volumoso diminui (aumento de carboidratos estruturais). A principal conseqüência deste 
erro é que a digestibilidade aparente do ENN é menor do que a digestibilidade aparente 
da FB, principalmente com alimentos que apresentam elevados teores de hemicelulosa e 
lignina. 
 
1.2.2.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE WEENDE 
 
 O método de Weende é uma análise que fornece informações aproximadas sobre 
o conteúdo de nutrientes de um alimento e por tanto não é o método mais adequado para 
avaliação nutricional de alimentos e formulação de rações. Em parte isto é decorrente dos 
procedimentos de análise que resultam em substancias muito diferentes das que estão 
sendo categorizadas dentro das frações, isto é, as frações não apresentam 
homogeneidade química. Além disto, nesta análise não são consideradas as diferenças 
qualitativas entre os nutrientes as quais tem significado fisiológico e nutricional diferente 
para o animal. Isto faz com que seja necessário complementar as análises com 
determinações mais específicas que permitam caracterizar os nutrientes de cada fração. 
 O método de Weende esta baseado nos seguintes supostos: 
 O extrato etéreo recupera lipídios e gorduras. 
 Todo o nitrogênio provem da proteína a qual contem 16% de N. 
 A fibra bruta recupera a matéria fibrosa e estrutural de menor digestibilidade 
 
 
13 
 O extrativo não nitrogenado representa os carboidratos de elevada digestibilidade. 
Nenhum deste supostos é verdadeiro e o grau de erro varia consideravelmente. O extrato 
etéreo inclui ceras e pigmentos de baixo valor nutricional e não recupera os ácidos graxos 
não digeridos excretados nas fezes na forma de sabões. O erro com o extrato etéreo é 
importante em alimentos que apresentem altos teores de lipídios sendo que em 
volumosos esta análise é ignorada. 
 Os tecidos vegetais contem uma variedade de constituintes nitrogenados que 
podem ser divididos em proteínas, ácidos nucléicos, nitrogênio não protéico e nitrogênio 
insolúvel associadas a lignina. O conteúdo de nitrogênio nos alimentos varia ente 15 e 
16% porém destes só 70% é de origem protéica e nas fezes pouca proteína verdadeira é 
encontrada, então a aplicação do fator 6,25 para todas as frações nitrogenadas constitui 
um erro que se reflete principalmente no calculo do ENN. A magnitude deste erro 
depende do teor de nitrogênio da dieta sendo mais serio na análise de fezes onde pouca 
proteína é encontrada pois o principais constituintes nitrogenados encontrados são de 
origem microbiana ou produtos da reação de Maillard com 7-11% de nitrogênio. 
 A principal limitação da análise de Weende é a divisão dos carboidratos em fibra 
bruta e extrativo não nitrogenado. Este problema esta relacionada com a dificuldade em 
ter uma definição química da fibra que permita fracionar seus componentes em entidades 
químicas com sentido nutricional. As dificuldades apresentadas pelo método de Weende 
quanto ao fracionamento e recuperação da lignina celulose e hemicelulosa levaram ao 
surgimento da análise de Van Soest ou método dos detergentes. 
A pesar das limitações analíticas apresentadas pelo método de Weende este 
ainda é muito utilizado para avaliar o conteúdo de nutrientes dos alimentos principalmente 
em alimentos concentrados que apresentam baixos teores de fibra. Em parte isto é devido 
a facilidade de implementação de suas determinações e a seu baixo custo. Na tabela 2 
são apresentados alguns dos critérios nutricionais utilizados para classificar alimentos 
concentrados. 
 
 
Tabela 2. Classificação de alimentos concentrados segundo algumas características 
nutricionais 
 
CATEGORIA H2O 
(%)FB 
(%) 
CINZAS 
(%) 
PB 
(%) 
ENN 
(%) 
EE 
(%) 
NDT 
(%) 
Ca/P 
 (%) 
Muito baixo < 4 < 4 < 1,5 < 6 < 20 < 0,5 < 25 < 0,3 
Baixo 4 – 12 4 – 8 1,5 – 4,5 6 –12 20 – 
35 
0,5 – 
2,5 
25 – 
40 
0,3 – 0,6 
Médio 13 – 
24 
8 –16 4,5 – 9 12 - 36 35 – 
50 
2,5 – 
7,5 
40 – 
55 
0,6 – 0,9 
Alto 25 – 
48 
16 –
32 
9 – 13,5 36 – 
48 
50 – 
65 
7,5 – 
10 
55 –70 0,9 –1,2 
Muito Alto > 48 > 32 > 13,5 > 48 > 65 > 10 > 70 > 1,2 
EXEMPLOS DE ALIMENTOS CONCENTRADOS 
Soja, farelo 11 6 6 48 28 1 78 Ca=0,30 
P= 0,65 
Carne e osso, 
farinha 
7 3 25 55 2 8 68 Ca=7,86 
P= 4,11 
Milho, grão 11,5 2,5 1,5 9,5 71 4 80 Ca=0,02 
P= 0,27 
Trigo, farelo 12 2,5 5 14 57 4 70 Ca=0,10 
 
 
14 
P= 0,90 
Arroz, farelo 
integral 
9 9,4 8,3 12,8 45,4 14 70 Ca=0,10 
P= 1,64 
Arroz, farelo 
desengordurado 
10 9,8 11 15,4 33,4 1,9 62 Ca=0,07 
P= 2,13 
FB: fibra bruta; PB: proteína bruta; ENN: extrativo não nitrogenado; EE: extrato etéreo; 
NDT: nutrientes digestíveis totais. 
 
 
 
 
1.2.3. METODO DE VAN SOEST 
 
Os problemas e erros apresentados pelo método de Weende quando utilizado na 
análise de alimentos volumosos motivou o surgimento do sistema dos detergentes. Este 
sistema foi desenvolvido por Van Soest em 1964 e representa um método alternativo para 
contornar o problema de a fibra bruta incluir grupos de substancias com propriedades 
físico-químicas diferentes. A proposta do método é identificar os fatores físicos e 
bioquímicos que influenciam a disponibilidade das diversas frações nutricionais contidas 
nos alimento e poder classificar tais frações em entidades que são influenciadas por 
fatores comuns. Em outras palavras significa poder dividir as frações contidas nos 
alimentos utilizando os mecanismos da relação causa-efeito que ocorrem durante a 
digestão dos alimentos. As frações dos alimentos podem ser divididas em três 
componentes em função dos fatores que afetam sua bio-disponibilidade: totalmente 
disponível parcialmente disponível e totalmente indisponível. (Tabela 3) 
 
Tabela 3. Bio-disponibilidade de frações nutricionais de volumosos (Adaptado de Van 
Soest, 1982) 
 
COMPONENTES DIGESTIBILIDADE FATOR LIMITANTE 
Totalmente disponível 
Carboidrato solúvel 100 Consumo 
Amido 90 Passagem 
Ácidos orgânicos 100 Consumo 
Proteína 90 Fermentação 
Pectina 98 Fermentação 
Parcialmente disponível 
Celulose Variável Lignina, sílica 
Hemicelulosa Variável Cutina 
Totalmente indisponível 
Lignina indigestível Limita uso da parede celular 
Cutina indigestível Limita uso da parede celular 
Sílica indigestível Limita uso da parede celular 
Taninos e outros Inibidores de enzimas 
 
 
O método divide os componentes da matéria seca em dois componentes em 
função de sua disponibilidade nutricional: conteúdo celular que compreende os 
componentes totalmente disponíveis e os constituintes da parede celular que apresentam 
disponibilidade variável (Tabela 4). 
 
 
15 
A solução em detergente neutro está relacionada com a extração dos constituintes 
da parede celular (fibra em detergente neutro, FDN) em quanto a extração com 
detergente ácido isola os conteúdos lignocelulósicos (fibra em detergente ácido, FDA). O 
tratamento posterior do resíduo da FDA com uma solução de ácido sulfúrico 72% permite 
extrair a celulose em quanto a lignina fica insolúvel e pode ser determinada 
gravimetricamente. Esta última fração é denominada lignina em detergente ácido (ADL). A 
diferença entre a FDN e a FDA fornece uma estimativa do teor de hemicelulosa presente 
no alimento. 
O método de Van Soest quando utilizado em alimentos concentrados e em 
alimentos que apresentam elevados teores de amido apresenta interferências 
relacionadas com a filtração dos resíduos. Nestas situações é preciso utilizar métodos 
químicos e/ou enzimáticos que permitam solubilizar as frações que interferem com a 
filtração (amido e outros carboidratos). 
 
Tabela 4. Divisão da matéria orgânica de volumosos utilizando o método de Van Soest. 
 
FRAÇÃO COMPONENTES DISPONIBILIDADE 
Conteúdos celulares 
(solúveis em detergente neutro) 
Lipídios, açucares, 
ácidos orgânicos e 
material solúvel em 
água 
Completamente digestível 
não lignificado 
Constituintes da parede celular (Fibra 
em detergente neutro ou insolúvel em 
detergente neutro) 
 
 
 
Solúvel em detergente ácido Hemicelulosa 
Proteína ligada fibra 
Parcialmente digestível de 
acordo ao grau de 
lignificação 
Fibra em detergente ácida ou 
insolúvel em detergente ácido 
Celulose, Lignina, 
Nitrogênio lignificado 
 
 
 
 Na tabela 5 são apresentados alguns critérios nutricionais utilizados para 
classificar os volumosos quanto a seu valor nutritivo. Estes critérios são particularmente 
importantes para ruminantes pois a arquitetura de seu aparelho digestivo e sua fisiologia 
digestiva lhes permitem utilizar, com maior eficiência do que outros animais (não 
ruminantes), os componentes da parede celular (celulose e hemicelulosa). 
 
Tabela 5. Classificação de volumosos segundo algumas características nutricionais 
 
CATEGORIA H2O 
 (%) 
FDN 
(%) 
FDA 
 (%) 
PB 
 (%) 
DMS 
(%) 
CMS 
(%PV) 
Muito baixo < 4 < 40 < 31 < 8 < 50 < 1,0 
Baixo 4 –12 40 – 53 31 – 40 8 – 10 50 – 57 1,0 – 1,5 
Médio 13 – 24 54 – 60 41 – 45 11 – 13 58 – 62 1,6 – 2,0 
Alto 25 – 48 61 – 65 46 – 50 14 – 16 63 – 65 2,1 – 2,5 
Muito alto >48 > 65 > 50 > 17 > 65 > 2,5 
EXEMPLOS DE VOLUMOSOS 
Aveia, silagem 65 61 39 12 59 2,0 
Milho, silagem (gl) 74 53 31 8 64 2,3 
Sorgo, silagem 68 53 35 8 61 2,3 
 
 
16 
Bermuda, feno 9 77 38 9 59 1,6 
Cornichão,veg. 78 52 28 21 67 2,3 
Trevo Vermelho 76 44 33 18 63 2,7 
Campo Nativo (Inv.) 9 78 65 7 45 1,5 
Palha trigo 11 79 3,5 40 < 1,0 
FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; PB: proteína bruta; 
DMS: digestibilidade da matéria seca; CMS (%PV): consumo de matéria seca expresso 
em percentagem do peso vivo. 
 
A Figura 2 apresenta a classificação dos constituintes dos alimentos segundo a 
análise de Van Soest e sua relação com a análise de Weende. 
 
 
 
17 
Figura 2. Classificação dos constituintes da matéria orgânica de acordo ao método dos 
detergentes e ao método de Weende. 
 
 
 
18 
1.2.4. EXERCICIO 01: ARREDONDAMENTOS EM CÁLCULOS MATEMÁTICOS 
 
 Os computadores e as calculadoras trabalham só com números reais em forma 
finita, sejam eles finitos ou não. Ocorre então um grande problema, que são os erros de 
arredondamento os quais se acumulam ao longo das operações e podem levar a 
obtenção de resultados muito diferentes dos esperados, dependendo da presição 
desejada. 
Sempre que possível, têm-se que evitar arredondamentos, utilizando a 
transformação de dizimas em frações, para então efetuar as operações. Entretanto, 
quando inevitável, algumas regras são necessárias, a saber: 
 Os algarismos 1, 2, 3 e 4 são arredondados para baixo, isto é, o algarismo precedente 
é mantido inalterado. Exemplo: o número 34, 472 é arredondado para 34,47. 
 Os algarismos 6, 7,8 e 9 são arredondados para cima, isto é, o algarismo precedente 
é aumentado de 1. Exemplo: o número 28, 288 deve ser arredondado para 28,89. 
 Quando o número terminar em 5, este é arredondado para baixo se o algarismo 
precedente for par e, para cima, se o precedente for impar. Assim 7,65 e 3,75 são 
arredondados para 7,6 e 3,8, respectivamente. 
 
1. Efetue os cálculos a seguir, primeiramente sob a forma de fração, e somente no 
final arredonde com duas casas decimais; depois transforme cada fração em 
número decimal com duas casas decimais e, então, efetue a soma; analise o erro 
ocasionado pelos arredondamentos, fazendo o mesmo com trêscasas decimais. 
a. 2/7 +1/16 
b. 6/7+1/3+1/26+2/9+2/13 
c. 2/3+7/3+8/7+2/9+13/14+3/7 
 
2. Se o preço de um saco de farelo de soja subiu de R$15 para R$18, qual foi sua 
taxa percentual de aumento? 
3. Considerando, a partir de uma produção de 60 laranjas por pé, um crescimento de 
50% e um decréscimo consecutivo de 50%, qual a produção atual? 
4. Sabendo que a superfície do globo terrestre consiste de 71% de água e o restante 
de terra; deste, dois quintos são desertos ou cobertos por gelo; um terço é 
pastagem, floresta ou montanha; e o restante é cultivado, que percentagem da 
superfície total do planeta é cultivada? 
5. Se 20% dos animais de um confinamento apresentaram acidose sub-clínica e 9% 
desses animais morreram, calcule o percentual de perda em relação ao lote de 
animais. 
 
 
19 
 1.2.5. EXERCÍCIO 02: COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS E CONTEÚDO DE MATÉRIA 
SECA 
 
 A composição química dos alimentos é a primeira informação disponível para a 
avaliação de seu valor nutritivo. Porém, as diferentes espécies animais utilizam os 
mesmos alimentos com diferentes graus de eficiência, em função do tipo e funcionamento 
do aparelho digestivo que possuem e dos processos metabólicos envolvidos na síntese 
dos produtos biológicos que serão utilizados pelo homem. 
 Os alimentos de origem vegetal variam muito em composição, sendo esta 
dependente de fatores tais como espécie, variedade, clima, solo, nível de adubação, parte 
do vegetal usada, estádio de crescimento na ocasião da colheita, tipo de conservação e 
processamento industrial. Por outro lado, os alimentos de origem animal estão sujeitos a 
menor número de fatores de variação, mas os efeitos da fonte do alimento, conservação e 
processamento industrial são muito marcantes. 
 A primeira consideração na formulação de rações diz respeito à variação na 
quantidade de umidade presente nos ingredientes usados. A água no alimento tem pouca 
significância como um nutriente em si, mas pode ter uma influência marcada no valor 
global do alimento. Os animais normalmente consomem maiores quantidades de 
alimentos quando estes possuem altos conteúdos de água. Eles fazem isto, 
principalmente porque mais alimento será necessário (em termos de peso bruto) para 
preencher suas exigências nutritivas. A quantidade de umidade de um alimento afeta, 
portanto, diretamente seu conteúdo em nutrientes. 
 Na comparação de alimentos com diferentes conteúdos de umidade, a 
composição dos mesmos deve ser expressa em matéria seca ou livre de umidade. Isto 
permite, entre outras coisas tomar decisões sobre a escolha de um determinado alimento, 
com base em custo unitário de nutriente. Portanto, quando se trabalha com alimentos, 
dois termos devem ser bem entendidos: 
 
1. SECO AO AR ou COMO É DADO ou COMO É ALIMENTADO - O termo se aplica 
para as condições normais da maioria dos alimentos adquiridos pelos produtores. Grãos, 
fenos, e suplementos comerciais são normalmente armazenados nesta condição. Isto é, 
estes alimentos estão em um grau de secagem que permite condições normais de 
manuseio e preservação. Os alimentos não são "livres de umidade". Outros sinônimos 
para seco ao ar são base úmida e como é oferecido. 
 
2. MATÉRIA SECA ou LIVRE DE UMIDADE - Quando o conteúdo de nutriente dos 
alimentos é expresso na base de matéria seca isto simplesmente significa que toda a 
umidade presente no alimento foi desconsiderada. A composição em nutriente (% de 
proteína, % de gordura, etc...) é expressa, nos livros e textos, na base seca 
principalmente para forragens verdes, silagens, raízes e outros alimentos em que o teor 
de água é extremamente alto. Por exemplo, assumindo que o alimento contenha 20% de 
umidade, logo se conclui que os alimentos contem 80% de matéria seca. Desta maneira, 
em vez de relacionar o conteúdo de um nutriente a 100, ele é relacionado a 80. Portanto, 
se este alimento contem 30% de proteína na base "como é dado", na base de "matéria 
seca" (ou base seca) ele conterá: 
(30 / 80) x 100 = 37,5% de proteína na MS. 
Portanto, a composição de um alimento expressa na "matéria seca" é determinada 
dividindo-se o valor de cada nutriente expresso em base "como é dado" pela percentagem 
de matéria seca do alimento e multiplicando-a por 100. 
Exemplo: 
 
 
20 
Uma amostra de alfafa verde apresentou um conteúdo de matéria seca de 24,5% e 5,6% 
de proteína bruta. Portanto, o teor de proteína bruta na matéria seca (100% de MS) será 
de: 
 (5,6 / 24,5) x 100 = 22,8% de PB na MS. 
 
EXERCICIOS 
 
1. Verifique, completando a Tabela 6, como se alteram os valores se os dados forem 
expressos na matéria seca (principalmente, quando os alimentos diferem muito no 
conteúdo de umidade) (Trabalhe sempre com uma casa depois da vírgula). 
 
TABELA 6. Composição de alimentos contendo diferentes teores de umidade. 
 
 Milho grão Alfafa verde Silagem Milho 
Nutrientes Seco ao ar Matéria seca Seco ao ar Matéria seca Seco ao 
ar 
Matéria seca 
Mat. Seca 86 100 27,7 100 29,6 100 
Umidade 14 72,3 70,4 
Proteína 8,6 8,4 2,5 
Fibra bruta 2 5,1 6,2 
Gordura 3,7 1,1 0,9 
ENN 70,2 10,6 18,7 
Cinzas 1,5 2,5 1,3 
Total 100 100 100 
 
2. Um produtor precisa comprar uma quantidade de alimento que lhe forneça 500 kg de 
NDT. Ele dispõe de um veículo com uma capacidade de 500 kg e a distância do lugar de 
compra até a propriedade é 200 km. O custo de transporte é aproximadamente R$ 
2,00/km. Os alimentos disponíveis são: Farelo de trigo, Farelo de Arroz, Polpa de Citros e 
Bagaço de Cervejaria. Sem considerar outros nutrientes que estes alimentos possam 
fornecer, qual seria a compra mais econômica em termos de energia (% NDT) se a 
composição química (base seca ao ar) e o preço destes alimentos fossem: 
 
Alimento % H2O % NDT R$/ton 
Farelo de trigo 11,0 78,6 103,0 
Farelo de arroz 10,0 60,0 118,0 
Polpa de citros 10,0 71,0 70,0 
Bagaço de Cervejaria 77,0 19,6 20,0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
1.2.6. MÉTODOS COMPLEMENTARES 
 
1.2.6.1. Fibra Total, Solúvel e Insolúvel da Dieta 
 
Diversos outros métodos para determinação da fibra da dieta têm sido 
desenvolvidos, especialmente para alimentos de humanos e animais silvestres, pois os 
métodos citados anteriormente nem sempre são adequados para alimentos como frutas, 
tubérculos, legumes e outros vegetais que podem apresentar alta quantidade de fibra 
solúvel. Entretanto, especialmente para galinhas e outras aves de produção, tem se dado 
maior importância ao conhecimento do total de fibra mesmo em se tratando de dietas 
concentradas, pois, embora possa apresentar valor energético insignificante, essa fração 
pode interferir na digestibilidade dos outros componentes e da energia. Como os efeitos 
são diferentes para a fibra solúvel e insolúvel torna-se importante a quantificação de cada 
uma destas frações. 
A fibra insolúvel na maior parte é formada pelos mesmos compostos determinados 
na FDN, enquanto a fibra solúvel, também chamada de polissacarídeos não amiláceos 
(PNA) solúveis, depende do material analisado, contendo em geral pectinas e cadeias 
grandes ou pequenas de pentoses (poli e oligossacarídeos), como arabinoxilanas (trigo), 
beta-glicanas (centeio, cevada), rafinose e estaquiose (soja) e outros. 
A determinação da fibra total da dieta é feita por digestão enzimática das proteínas e do 
amido, com filtragem em soluções alcoólicas (são insolúveis em álcool). A separação das 
frações solúvel e insolúvel é feita também por filtração e precipitação com álcool. 
 
1.2.6.2. Amido e açúcares livres 
 
O amido e a sacarose são os carboidratos vegetais digestíveis de maior 
importância para a nutrição animal, e compõe a maior parte da dieta concentrada de 
monogástricos. Devido aos problemas citados anteriormente na determinação destes 
compostos usando ENN(Weende), a determinação direta destes compostos tem sido 
realizadas em muitos laboratórios do mundo, fazendo parte de sistemas de avaliação de 
alimentos na Europa e nos Estadas Unidos. 
A determinação de açucares livre (redutores) é simples, por solubilização e leitura 
em calorímetro, e a determinação de amido é semelhante, mas após digestão com 
amilase. 
 
1.2.7 ANÁLISES ESPECÍFICAS E QUALITATIVAS DOS ALIMENTOS 
 
A permanência da análise proximal como a primeira e mais usual na caracterização 
do alimento se deve ao seu beixo custo e relativa rapidez, e a capacidade de fornecer 
uma primeira e geral descrição do alimento com poucos números. Por outro lado, à 
medida que a alimentação animal necessita de maior ajuste às exigências animais, 
análises mais específicas dos nutrientes propriamente ditos (aminoácidos vitaminas, 
etc…) são necessárias. São análises de muitos itens, de forma geral mais cara e 
complexas. Por ouro lado, as tabelas modernas estão sempre aumentando em 
complexidade e sofisticação (ver tabelas para alimentação humana, no site da USDA: 
www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp . Também muitos ingredientes necessitam apenas de 
análises específicas (não é necessária a análise proximal no calcário, p. ex., e sim a de 
cálcio total). 
 
 
 
22 
 
 1.2.7.1. Análise de aminoácidos 
É reconhecido que a análise dos aminoácidos totais dos alimentos é a melhor 
forma de conhecer a proteína verdadeira total do alimento, bem como sua qualidade. Por 
outro lado é um processo analítico lento e caro (a digestão é um processo complicado, e 
a leitura cromatográfica deve acontecer depois da separação em colunas específicas de 
troca iônica). Estimar os aminoácidos digestíveis dos alimentos é bem mais trabalhoso, 
pois deve ser realizado experimento in vivo, com coleta de digesta ileal, em vários 
animais. 
 
1.2.7.2. Análises de ácidos graxos 
A composição de ácidos graxos das gorduras alimentares deve ser conhecida, 
pois existem ácidos graxos essenciais (como o linoléico) que devem estar na dieta, e 
também porque esta composição influi na digestibilidade da gordura (mais AG saturados 
= menor digestibilidade). Estas análises são hoje realizadas por cromatografia gasosa. 
 
1.2.7.3. Análises de minerais 
É sabido que a análise de cinzas do método de Weende nada informa sobre a 
composição desta em minerais. Esta fração deve ser digerida em ácido e solubilizada 
para análise de minerais específicos. Normalmente o Fósforo é analisado por métodos 
colorimétricos, enquanto Cálcio, Sódio, Potássio, Magnésio, Ferro, Cobre, Manganês, e 
Zinco são lidos em espectrofotometria por absorção atômica (EAA). Selênio e Iodo são 
difíceis de analisar, em métodos variantes da EAA. 
 
1.2.7.4. Vitaminas 
Estão em pequenas quantidades nos alimentos e sua bio-disponibilidade é pouco 
conhecida. A análise atualmente ocorre por cromatografia de alto desempenho (HPLC), e 
é muito cara. 
 
1.2.7.5. Análises qualitativas 
Adquirem cada vez mais importância em função das questões de eficiência e 
qualidade na produção animal e questões de biossegurança: 
 Análises associadas à conservação dos alimentos de origem animal e vegetal: 
contagem microbiana, acidez da gordura, teste de Eber (emissão de gás 
sulfídrico), índice de peróxidos, presença de aminas biogênicas, contagem de 
grãos quebrados, ardidos e atacados por insetos, níveis de micotoxinas, 
determinações de densidade (peso do hectolitro). 
 Análises associadas à qualidade das gorduras – índice de peróxidos, índice de 
acidez, índice de iodo, matéria insaponificável, acidez livre, umidade, resíduos 
insolúveis. 
 Análises associadas à qualidade das proteínas – solubilidade protéica, proteína 
digestível em pepsina. 
 Análises associadas à presença de fatores anti-nutricionais – inibidores de tripsina 
e urease em grãos de leguminosas, tanino em sorgo, oxalato em pastagens 
tropicais, gossipol em farelo de algodão, PNAs em cereais de inverno. 
 Análises de contaminantes – metais pesados em fontes minerais, dioxinas em 
subprodutos industriais. 
 
 
 
23 
1.2.8. IMPORTÃNCIA DA ANÁLISE QUÍMICA DOS ALIMENTOS 
 
 O conhecimento da composição química dos alimentos é de fundamental 
importância na utilização dos alimentos pelos animais e representa o ponto de partida de 
sistemas de produção animal mais eficientes. 
 As informações contidas na análise química de um alimento podem ser utilizadas 
para: 
 Balancear rações que permitam otimizar o custo, o desempenho animal ou outra 
função objetivo que seja importante para o sistema de produção. 
 Escolher os alimentos mais adequados para o tipo, a categoria e o nível de 
produção animal almejado e 
 Avaliar economicamente o potencial nutricional dos alimentos disponíveis. 
 Da pose do resultado de uma análise de um alimento ou ingrediente, o técnico 
poderá ter uma idéia das características nutricionais do alimento em questão e comparar 
os dados obtidos com os valores encontrados nas tabelas de composição de alimentos. 
 Geralmente a análise química de um alimento toma tempo e é mais cara do que 
utilizar valores de tabela, porém é recomendado que, na medida do possível, sejam feitas 
análises químicas, principalmente quando existem poucos dados na literatura sobre o 
alimento, na hora de comprar grandes quantidades de alimentos ou quando se utilizam 
alimentos que apresentam grande variabilidade na composição química, tais como 
forragens frescas e conservadas (fenos e silagens). 
 Devido a grande ênfase que hoje está sendo dada a redução do impacto que 
alguns sistemas de produção animal exercem sobre o meio ambiente, é prioritário que os 
sistemas de alimentação estejam inseridos dentro da abordagem de uma nutrição de 
precisão e neste sentido a análise dos alimentos é o ponto de partida desta abordagem. 
 
1.3. MÉTODOS BIOLOGICOS 
 
O potencial de fornecimento de nutrientes de um alimento pode ser determinado 
através das análises químicas feitas no laboratório, porém, além disto, é preciso levar em 
conta o grau de utilização do alimento feito pelo organismo dos animais. Em principio só a 
parte digestível dos alimentos proporciona os nutrientes necessários para manutenção 
das funções vitais e produtivas, sendo esta parte digestível o substrato básico para 
obtenção da energia necessária a tais funções. 
 
1.3.1. DIGESTÃO 
 
A digestão de um alimento agrupa os processos que sofre um alimento quando 
ingressa no trato digestivo: ingestão, mastigação, salivação, digestão enzimática e/ou 
química, absorção e excreção. O objetivo final deste processo é diminuir o alimento a um 
tamanho de partícula que permita solubilizar os nutrientes para serem absorvidos e 
metabolizados. 
O conteúdo de nutrientes digestíveis de um alimento define a proporção de 
nutrientes que são digeridos e absorvidos pelo organismo. Normalmente esta definição só 
é aplicável aos nutrientes que compõem a matéria orgânica dos alimentos (proteína, 
gordura, e carboidratos) e para sua obtenção é preciso calcular a digestibilidade. 
A digestibilidade representa, após a análise química, o segundo estágio na 
avaliação de um alimento e representa a bio-disponibilidade dos nutrientes contidos em 
tal alimento, sendo definida com a proporção de alimento que não é excretada nas fezes 
 
 
24 
e portanto assumido que foi absorvida pelo animal. Contudo nem todos os componentes 
fecais são resíduos alimentícios não digeridos. Partes destes componentes estão 
compostos por enzimas, substancias secretadas no trato gastrintestinal que não foram 
reabsorvidas e por material celular proveniente da renovação do epitélio intestinal. A 
excreção fecal de substancias não provenientes diretamente do alimento tendem a 
subestimar a proporção de nutrientes absorvidos pelo animal e neste sentido os valores 
de digestibilidadeobtidos são denominados aparentes. Quando os componentes 
metabólicos são considerados no cálculo da digestibilidade esta última é denominada 
verdadeira. Na prática a determinação da digestibilidade verdadeira não é muito utilizada 
devido a dificuldade técnica e maior custo na separação dos componentes alimentícios e 
metabólicos presentes nas fezes. 
Em função dos objetivos podem ser utilizados vários métodos para determinar a 
digestibilidade de um alimento: in vivo, in vitro, insitu e através da produção de gás. 
 
1.3.1.1. MÉTODO IN VIVO (no animal) 
 
Este método consiste na utilização de animais em ensaios de digestibilidade 
convencionais para calcular os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes. Tais 
coeficientes de digestibilidade são calculados através da formula geral: 
 
CDA (%) = [(QAC*PNA) – (QFP*PNF)] 
 -------------------------------------- * 100 
 (QAC*PNA) 
 
Onde: 
CDA: coeficiente de digestibilidade aparente 
QAC: quantidade de alimento consumido (g ou kg) 
PNA: percentagem do nutriente no alimento (%) 
QFP: quantidade de fezes produzidas ( g ou kg) 
PNF: percentagem do nutriente nas fezes (%) 
 
O ensaio de digestibilidade foi originalmente utilizado por Hanneberg e Stohman 
em 1860 e sua utilização foi padronizada nos EUA em 1950. Durante sua condução o 
animal tem que ser alimentado com uma quantidade conhecida do alimento sob avaliação 
e paralelamente ter uma determinação exata da quantidade de alimento consumida e da 
quantidade de fezes produzidas. Devem ser utilizados pelo menos três animais por 
tratamento pois os animais apresentam variabilidade intrínseca quanto a sua habilidade 
digestiva. 
O alimento fornecido aos animais durante o ensaio deve ser homogeneizado para 
garantir uniformidade na sua composição. Este alimento é inicialmente fornecido aos 
animais num período preliminar para adaptá-los a nova dieta, permitir a saída do TGI de 
resíduos provenientes de alimentos anteriormente consumidos e de forma geral 
adaptarem os animais ao novo ambiente (pessoas e protocolo experimental). Este 
período de adaptação depende da espécie e pode variar de 4 a 7 dias em suínos e de 5 a 
7 dias em ruminantes. 
O período preliminar é seguido pelo período de consumo máximo onde o alimento 
e oferecido a vontade para determinar o consumo voluntário máximo. A duração deste 
período também é espécie dependente sendo de aproximadamente 5 dias para suínos e 
entre 7 e 10 dias para ruminantes. 
O período preliminar é seguido pelo período de coleta total onde o consumo e a 
produção fecal são cuidadosamente medidos. Neste período é feita uma restrição na 
 
 
25 
oferta de alimento equivalente a 10% do consumo máximo observado no período anterior. 
A finalidade desta restrição é diminuir as sobras de alimento e padronizar o consumo de 
modo a poder comparar os resultados entre experimentos. A duração deste período 
também é espécie dependente sendo de aproximadamente 7 dias para suínos e entre 7 e 
10 dias para ruminantes. 
Após este período as amostras de alimento, sobras e fezes são analisadas quanto 
a seu conteúdo de nutrientes. Então a quantidade de nutriente aparentemente digerido é 
igual a diferença entre a quantidade do nutriente consumida, a quantidade nas sobras e a 
quantidade excretada nas fezes. Na Tabela 8 podem ser observados os dados obtidos 
num ensaio de digestibilidade com feno. 
 
Tabela 8. Exemplo de um ensaio de digestibilidade onde foi avaliado um feno de 
gramínea. 
Média diária Quantidade 
(g) 
MS 
(g) 
PB 
(g) 
EE 
 (g) 
FB 
(g) 
ENN 
(g) 
EB 
 (kj) 
a.Consumida 900 782 103 22 212 372 14.132 
b. Excretada 265 34 9 70 112 4946 
c.Digerida (a-b) 517 69 13 142 260 9186 
d.Coeficiente Digestão (%) 
[(a-b)/a]*100 
 66.1 67.0 59.1 67.0 69.9 65.0 
 
 
Um das principais dificuldades com os ensaios de digestibilidade é que certos 
alimentos ricos em proteína, gordura e/ou fibra não podem ser fornecidos como 
ingredientes únicos na dieta devido a possibilidade de causar distúrbios digestivos. A 
digestibilidade destes alimentos tem que ser obtida por diferença adicionando-los em 
certas proporções a uma dieta base de digestibilidade conhecida. O coeficiente de 
digestibilidade do alimento sob estudo pode ser obtido pela diferença entre os valores de 
digestibilidade obtidos na deita base e aqueles obtidos pelas combinações. Apesar de 
esta metodologia permitir calcular os coeficientes de digestibilidade de certos alimentos 
desconhece o fato de existirem os denominados efeitos associativos entre alimento 
quando eles são consumidos, digeridos e metabolizados pelos animais. 
Outros fatores que podem afetar a digestibilidade dos alimentos são: espécie 
(suínos, ovinos, bovino) e idade dos animais (pequena influência), doenças e parasitas 
intestinais, fontes dos alimentos e composição dos mesmos, nível de consumo, taxa de 
passagem do alimento pelo TGI e excesso ou deficiência de certos nutrientes (N, P, etc.). 
Os ensaios de digestibilidade apresentam como característica uma elevada 
demanda de infra-estrutura e mão de obra e isto nem sempre é possível. Nestas 
situações é utilizado o método do indicador onde não é preciso medir diretamente o 
consumo de alimento nem a produção fecal. O principio do método radica na 
possibilidade de existirem nos alimentos substâncias totalmente indigestíveis que possam 
serem recuperadas e analisadas nas fezes. Estas substâncias, denominadas indicadores 
internos, não podem ter efeitos farmacológicos no TGI, devem transitar de forma uniforme 
através do TGI, devem ser facilmente determináveis no laboratório e, preferencialmente, 
serem constituintes naturalmente presentes nos alimentos. Alguns dos indicadores 
internos mais utilizados são: óxido férrico, sesquióxido de cromo, polietilenoglicol, lignina, 
fibra em detergente neutro indigestível (FDNI), fibra em detergente ácido indigestível 
(FDAI), nitrogênio fecal, e outros. Através da análise de uma amostra do alimento e das 
fezes pode ser estabelecida uma relação entre a concentração do indicador e o conteúdo 
de algum nutriente e a digestibilidade pode ser calculada sem precisar conhecer as 
quantidades de alimento consumidas e de fezes produzidas. A grande dificuldade desta 
 
 
26 
metodologia está relacionada com a dificuldade de encontrar indicadores internos que se 
comportem idealmente quanto a sua recuperação fecal. A grande maioria de tais 
indicadores apresenta problemas de recuperação fecal. A formula utilizada para calcular a 
digestibilidade pelo método do indicador é a seguinte: 
 
Digestibilidade= 100 – [(% recuperação indicador)*(%indicador alimento)*(% nutriente fezes)] 
 ----------------------------------------------------------------------------------------- 
 [(% indicador fezes)*(%nutriente alimento)] 
 
A determinação da digestibilidade de forragens consumidas por ruminantes em 
pastejo pelo método convencional esbarra em duas grandes dificuldades: em primeiro 
lugar o ruminante consome alimento de forma seletiva o que faz com que o consumo de 
nutrientes seja muito diferente do existente na pastagem disponível. Por outro lado a 
determinação da produção fecal pode ser feita através da utilização de bolsas coletoras 
porém é um processo que altera o comportamento dos animais principalmente em 
bovinos devido a quantidade e peso das fezes produzidas. 
Para contornar os problemas anteriormente citados é possível utilizar o método do 
duplo indicador: um indicador externo (Cr2O3, Yb, etc.) para medir a produção fecal e um 
indicador interno para medir a digestibilidade (FDNI, FDAI, N fecal, etc). Esta metodologia 
de novo enfrenta o problema do consumo seletivo feito pelos ruminantes em pastejo.Outra forma de avaliar a digestibilidade das forragens consumidas por ruminantes 
em pastejo é mediante a utilização de animais fistulados no esôfago que permitem coletar 
amostras do pasto efetivamente selecionadas pelo animal. Estas amostras são analisadas 
para digestibilidade por método in vitro, ou in situ . 
 
1.3.1.2. MÉTODO IN VITRO (no vidro) 
 
 Devido a que os ensaios de digestibilidade demandam uma grande quantidade de 
trabalho faz muito que se vem procurando métodos alternativos para sua determinação. A 
atenção tem-se concentrado em métodos in vitro ou de laboratório nos quais os alimentos 
são digeridos por preparações a base de microrganismos ou enzimas que executam as 
mesmas atividades encontradas no TGI dos animais. 
 O método in vitro mais conhecido é o de Tilley e Terry ou método de dois estágios. 
No primeiro estágio uma amostra de forragem de 0,5 g é digerida num meio sem oxigênio 
(anaeróbio) contendo líquido ruminal e saliva artificial numa incubadora mantida a 39º C. 
Pela adição da saliva artificial o pH do meio de incubação é mantido em níveis similares 
aos encontrados dentro do TGI. Este processo ocorre durante um período de 48 horas. 
No qual a fibra é completamente digerida, porém a proteína não. 
 No segundo estágio o resíduo obtido após a filtração é digerido com pepsina 
durante 48 horas para terminar a digestão da proteína. Depois deste período o 
sobrenadante é descartado e o resíduo é lavado com água e filtrado. Cada resíduo é seco 
a peso constante para calcular sua matéria seca. Posteriormente é descontado o peso do 
resíduo do branco até se obter o peso do resíduo não digerido proveniente da amostra de 
forragem original. A digestibilidade aparente calculada por este método apresenta 
resíduos bacterianos e de outras substancias insolúveis em pepsina. 
 Um método alternativo que permite calcular a digestibilidade verdadeira consiste 
em lavar os resíduos do primeiro estágio com uma solução de fibra em detergente neutro 
para solubilizar as frações do conteúdo celular (proteínas, carboidratos não estruturais, 
vitaminas etc) e as frações microbianas. Outro método é a hidrolise enzimática que 
consiste na utilização de enzimas ou misturas de enzimas para predizer a digestibilidade 
do alimento. Este método tem a vantagem de ser consistente e estável devido à utilização 
 
 
27 
de enzimas purificadas e condições experimentais estritamente definidas, eliminando as 
possíveis variações observadas com o inoculo ruminal. Por outro lado as enzimas 
utilizadas para simular a digestão ruminal são obtidas de culturas de fungos e podem não 
reproduzir integralmente a atividade enzimática ruminal. Este método não precisa de 
animais, porém exigem tempo e dedicação, pois são feitas incubações com vários tipos 
de enzimas: proteases, celulases e amilases. 
 Os métodos in vitro não são recomendados para alimentos que apresentem 
elevados teores de lipídios pois geralmente as gorduras presentes nos alimentos são 
insolúveis nos meios de incubação. 
 
 
1.3.1.3. MÉTODO IN SITU (no lugar) 
 
 O método in situ consiste em colocar uma amostra do alimento sob avaliação num 
saco, feito normalmente de náilon, e colocá-lo dentro do rúmen de um animal fistulado, 
durante vários períodos de tempo. A magnitude de desaparecimento da amostra dentro 
do saco é analisada após a retirada dos sacos de dentro do rúmen. A digestibilidade da 
amostra pode ser calculada como a diferença de peso da amostra contida no saco entre o 
inicio e o fim da incubação. Esta técnica é muito utilizada para avaliar a degradabilidade 
ruminal de proteína contida em alimentos utilizados por ruminantes. Também vem sendo 
utilizada para predizer o consumo de forragens devido a que permite relacionar a taxa de 
digestão com o tempo que o material permanece no rúmen. 
 
1.3.1.4. MÉTODO DA PRODUÇÃO DE GÁS 
 
 Este método foi desenvolvido na Universidade de Hohenheim (Alemanha) e está 
baseado no fato da incubação de amostras de alimento incubadas em meios com líquido 
ruminal produzirem grandes quantidades de gás, simulando a fermentação ruminal. 
Quando os alimentos são incubados com líquido ruminal tamponado os carboidratos são 
fermentados a ácidos graxos de cadeia curta e gás, principalmente CO2 e CH4. Alimentos 
de diferente digestibilidade apresentam grandes diferenças quanto a taxa e quantidade de 
gás produzido dentro de períodos de tempo previamente definidos. Normalmente uma 
pequena mostra (200 mg MS) de alimento é colocada numa seringa de vidro calibrada 
junto com 30 ml de líquido ruminal e incubadas a 39ºC por 24 horas. Ao final deste 
período o volume de gás produzido é lido diretamente na seringa. As diferenças 
ocasionadas pela composição e atividade do líquido ruminal podem ser controladas pela 
utilização de brancos e alimentos padrões. Apesar da produção de gás no ser uma 
medida direta da digestibilidade de um alimento ela pode ser utilizada para predizer a 
digestibilidade través de equações de regressão. 
 Um dos problemas com as metodologias de digestibilidade in vitro e produção 
cumulativa de gás é a crescente dificuldade em manter animais fistulados para coletar 
líquido ruminal. Neste sentido vários trabalhos de pesquisa vêm mostrando resultados 
promissores na utilização de fezes de ruminantes como fonte de inoculo. 
 
 1.3.2. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DOS ALIMENTOS 
 
 O valor energético é uma expressão utilizada para quantificar o potencial de um 
alimento para suprir com energia os principais processos metabólicos que ocorrem dentro 
do corpo dos animais. Tais processos estão relacionados com a manutenção das funções 
vitais, a síntese de tecido e de produtos (leite, ovos, lã) e as transformações de trabalho 
 
 
28 
feitas pelo animal. Todos estes processos requerem de transferência de energia e por 
tanto a habilidade de um alimento para suprir energia é uma medida de seu valor nutritivo. 
A utilização e transformação de energia pelos seres vivos são regidas pelas leis da 
termodinâmica e isto determina que o conteúdo potencial de energia de um alimento seja 
degradado sucessivamente até sua total transformação em outros tipos de energia 
(produtos e calor. Sabe-se que apenas uma pequena porção da energia bruta do alimento 
fica disponível para uso em funções de manutenção e produção dos animais, devido à 
perdas digestivas e metabólicas. 
Os vários sistemas energéticos para alimentação animal, atualmente em uso no 
mundo, procuram levar em conta algumas ou todas as perdas mensuráveis. 
A energia pode ser definida como a capacidade para realizar trabalho e o trabalho 
é definido como o produto de uma força determinada que atua ao longo de uma distancia. 
Algumas das unidades mais comuns para quantificar a energia são: ergios, joules e 
calorias. Uma caloria (cal) é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura 
de 1 g de água desde 14,5ºC até 15ºC. As seguintes equivalências são normalmente 
empregadas: 
 Kilocaloria (kcal) = 1000 cal 
Megacaloria (Mcal) = 1.000 kcal ou 1.000.000 cal. 
Cal = 4,184 j 
Kilojoule (kj) = 1.000 j 
Megajoule (Mj) = 1.000 kj ou 1.000.000 j. 
 A energia se encontra nos alimentos sob a forma de energia química e pode se 
expressa, junto como as exigências energéticas dos animais, de várias maneiras. As mais 
antigas como o NDT e o Valor Amido expressam a energia em percentagem. Atualmente, 
há uma tendência cada vez maior para o uso de sistemas que empregam a caloria e seus 
múltiplos como unidade, recomendando-se a substituição do uso do NDT por Energia 
Digestível (ED), Energia Metabolizável (EM) ou Energia Líquida (EL). 
 . 
1.3.2.1. NUTRIENTES DIGESTIVEIS TOTAIS (NDT) 
 
 É uma medida do valor energético dos alimentos, expressa em percentagem, 
criada no início do século por pesquisadores da Universidade de Wisconsin, EUA. É 
baseada nas determinações químicas