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Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
Aula 1: O conhecimento e as bases filosóficas: Sócrates e Platão
A admiração e a Episteme (Espanto)
Sócrates
Sócrates praticava a filosofia como sendo uma missão divina confiada pelo deus Apolo: conhece-te a ti mesmo; e acreditava que só poderia realizá-la se levasse o preceito a todos os homens. Sócrates entendia a filosofia como a busca pela verdade, trilhando o caminho da sabedoria entre os seus concidadãos para que pudessem percorrê-lo juntos e fazia isto instigando e incomodando os homens, negando a construção do conhecimento de forma solitária e contemplativa.
Para Sócrates, filosofar um modo de vida baseado em questionamentos, interrogações. Sua ideia era fazer com que as pessoas se livrassem das falsas certezas e preconceitos que possuíam e fossem em busca do verdadeiro, tudo isso através de uma série de perguntas que iam despertando inúmeras dúvidas e fazendo com que as pessoas estivessem abertas e dispostas a trilhar o caminho do conhecimento da verdade.
A verdade é o conceito, a essência, a busca de um significado único e suficientemente geral para sustentar a relatividade das acepções correntes, pois a pluralidade e as variações devem depender de um padrão único de sentido, algo que confira unidade à aparente dispersão de nossa experiência.
A partir das variedades, Sócrates indaga qual seria a verdade absoluta, mas, em resposta, os interlocutores quase sempre oferecem definições múltiplas, como se a verdade fosse intrínseca às ocasiões, às crenças particulares, à oscilação das opiniões pessoais. Eles não conseguem distinguir a relatividade de uma experiência imediata e dispersa da unidade íntegra e absoluta que deve ter a verdade. Aristóteles considerava Sócrates o inventor das "definições", apesar do filósofo jamais ter definido qualquer coisa ou indivíduo. 
Desta dificuldade em se distanciar do imediato, aponta-se os obstáculos a uma compreensão unitária superior às contradições das aparências sensíveis. A variedade de opiniões acaba se contrapondo a própria verdade de cada uma delas, podendo verificar que por este caminho não chegará ao lugar da verdade. Para completar esta busca, deve ascender a outro plano, acabar com as falsas certezas e reiniciar a procura da verdade em outro patamar de pensamento.
Com todo o questionamento sobre a pluralidade de opiniões, Sócrates acaba, deveras, entrando em contradição com o contexto sociocultural e com a organização política da democracia ateniense. Nesta sociedade, para participar da política não era exigido qualquer conhecimento político, o único requisito era ser cidadão. O filosofo, entretanto, acreditava que somente aqueles que possuíssem o saber político, ou seja, aqueles que de fato soubessem o que era a Política, a Justiça, estariam aptos a governar. Ele mostrou que aquela democracia não tinha nenhum fundamento que sustentasse os costumes e crenças da época, que não havia verdade e que tudo dependia da instabilidade das opiniões e, talvez, tenha sido esse o motivo real de sua condenação à morte.
Platão
Platão, discípulo de Sócrates, pôde constatar com a condenação à morte de seu mestre, a fraqueza da democracia ateniense. O regime vinha decaindo com a ambição de poder e pelos interesses de facções e o fez se desiludir com a política, mas como aprendeu com Sócrates, era preciso acompanhar à distância as coisas, não ignorando a política completamente.
Com Platão, para compreender a filosofia, é necessário afastá-la da prática e, se possível, reencontrá-la mais tarde. Ao contrário de onde Sócrates acreditava que a real filosofia acontecia nas ruas e nas casas, onde ocorriam os diálogos de interrogação à procura das verdades, Platão isola a filosofia, confinada ao recinto da Academia. Em seus escritos, porém, ele mantem a estrutura do diálogo, desenvolvendo um percurso ascensional à verdade (influência de seu mestre), tida como condição da filosofia.
Platão institui o dualismo na filosofia, a presença de dois mundos: o sensível, das aparências, da experiência das sensações, no qual normalmente nos encontramos; e o inteligível, o mundo das ideias ou das formas, das essências, da realidade propriamente dita. Esses dois mundos não são propriamente reais, um seria a própria realidade em si mesma e o outro, sombras dessa realidade. Com esse pensamento, Platão ficou conhecido como o primeiro metafísico, pregando que a realidade está além das coisas sensíveis ou aparentes, completando o trajeto socrático que ia do particular sensível ao universal inteligível.
Conhecer significa apreender pelo intelecto as formas, verdade e razão de ser de tudo o que existe no mundo sensível. Neste mundo, tudo é instável, se transforma com o tempo. Para Platão, tudo que nasce e vem a desaparecer não pode ser considerado o ser de maneira plena. O dualismo vem resolver esse problema do ser que nunca é, que está sempre vindo-a-ser: no mundo das essências, das formas, a realidade repousa na concretude do ser, não estando submetida a qualquer oscilação, entendida como o ser em sua perfeição.
Aspiramos à verdade porque dela viemos e o conhecimento se define como tentativa de retornar a ela, ao lugar das formas inteligíveis, das essências. No mundo suprassensível o conhecimento e a verdade são possíveis. Daí, surge a Teoria da Reminiscência, ou seja, a alma deseja o retorno porque pode, ainda que superficialmente, recordar-se desta condição anterior e o meio de conseguir lembrar é o conhecimento.
 Não se chega ao saber a partir do zero, mas volta-se ao saber lembrando-se da verdade. Para que isso aconteça, é preciso um método que conduza o processo de recordação, a Dialética. Nesse ponto é que a questão de Sócrates ganha solução: as perguntas provocam a reminiscência de verdades que já eram conhecidas e estavam apenas esquecidas, voltando assim ao saber, lembrando-se da verdade. Para isto, contudo, exige-se o afastamento do sensível, para que a alma ganhe uma disposição crescente para a intuição intelectual, despojando-se dos obstáculos no caminho da verdade.
No mundo das ideias, o princípio de todos os princípios é constituído por uma tríade de formas: a Verdade, o Bem e o Belo. No homem que ascende dialeticamente, o conhecimento da verdade é, simultaneamente, a contemplação da beleza e o discernimento do bem.
Pela preocupação com a cidade, Platão procura formar um cidadão e uma cidade justos. Para haver justiça no indivíduo, é preciso o equilíbrio entre as três "almas" presente no homem referentes à divisão da alma humana em princípio animal, passional e intelectual, ou seja, o intelecto (razão) deve dominar as paixões e os instintos para que estas se mantenham na parte que cabe a cada uma. Aos que chegaram ao saber, dominados pelo racional, devem governar, enquanto os outros, dominados pelas paixões ou pelo instinto, devem defender a cidade ou fazer o trabalho material necessário à vida de todos, respectivamente. A justiça reinará quando os mais sábios dominarem, em equilíbrio com os demais, de modo que cada um se conforme à sua medida. 
Pode-se alcançar a reminiscência por meio da educação, conduzindo-os na direção da verdade, tornando o homem e a cidade, justos e harmoniosos. A harmonia da alma vem por intermédio do aprendizado da música e da matemática; a harmonia do corpo através da ginástica; e, para os que forem aptos, o exercício da dialética para a contemplação da verdade. Este determinaria os governantes da cidade.
Platão propunha, então, uma aristocracia, mas bem diferente da ateniense. Uma aristocracia formada por um rígido e extenso sistema de educação, e completamente fundada e interessada somente na ideia de justiça. Os governantes deveriam aceitar estar no governo somente para fazer o bem a todos, sem o tornar instrumento de poder.
No "Mito da Caverna", onde prisioneiros no subterrâneo, acorrentados de frente para a parede podem ver apenas as sombras que refletem na parede. Um deles liberta-se e depara-se com a realidade, distinta daquela das sombras. Impressionado,volta ao interior da caverna para contar a seus companheiros sobre o mundo real que existia fora, mas eles se recusam a acreditar e acabam matando aquele que voltou para libertá-los. Platão projeta um mundo em que os homens sejam educados para enxergar a luz e sempre duvidar das sombras, a nunca acreditarem nas primeiras certezas e tão somente nas aparências, e a sempre acolher aquele que vem mostrar a verdade.
Aristóteles
Em Atenas, Aristóteles fundou a escola onde se reunia com seus discípulos, o Liceu. Tinha formação platônica e frequentou a Academia por 20 anos, deixando após a morte de Platão, e por isso pode-se perceber muito do pensamento dele nos textos de Aristóteles.
Aristóteles tinha o mesmo ponto de partida de Platão, mas o pensamento platônico serviu de amadurecimento para suas ideias. A solução que Aristóteles propôs também consistia no "dualismo": a separação entre a dimensão sensível e a inteligível. Contudo, entrou em conflito com a ideia de seu mestre e formou outra relação entre os dois mundos. Não se trata da relação entre o mundo sensível e o inteligível, e sim, de estabelecer a relação entre a realidade sensível, múltipla, mutável e as condições inteligíveis de seu conhecimento. A razão de ser das coisas sensíveis, não coincide com essências realmente existentes. O mundo sensível não é o mundo das sombras, é o mundo real, mas não se pode achar que essa dimensão sensível, por ser real, constitui conhecimento. Desse modo, propõe que mundo inteligível é oposto ao mundo sensível.
Aristóteles é o fundador da lógica. A lógica possui os princípios mais básicos para coerência e tudo o que é necessário para caracterizar o verdadeiro, sem deixar de lado a sensação, que ainda é a única coisa real que possuímos para chegar ao processo de conhecimento. As mudanças que ocorrem no mundo sensível não podem ser consideradas a passagem do ser ao não-ser. Nesse processo, o ser, pode permanecer estável, encontrando assim, uma justificativa para a realidade sensível.
 
Conceitos importantes
Sofistas: Os sofistas correspondem aos filósofos que pertenceram à “Escola Sofística” (IV e V a.C). Composta por um grupo de sábios e eruditos itinerantes, eles dominavam técnicas de retórica e discurso, e estavam interessados em divulgar seus conhecimentos em troca do pagamento de taxa pelos estudantes ou aprendizes.
Maiêutica: Significa literalmente a “dar à luz”, é um método de argumentação, indicado para desvendar o conhecimento humano, como se ele estivesse latente.
Aretê: É uma palavra de origem grega que expressa o conceito grego de excelência, ligado à noção de cumprimento do propósito ou da função a que o indivíduo se destina.
Paideia: É a denominação do sistema de educação e formação ética da Grécia Antiga, que incluía temas como Ginástica, Gramática, Retórica, Música, Matemática, Geografia, História Natural e Filosofia, objetivando a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser liderado e desempenhar um papel positivo na sociedade.
Episteme: É o conjunto do conhecimento metodologicamente construído de determinados assuntos em um determinado momento histórico, em oposição às opiniões individuais.
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Teeteto – O que é conhecimento?
É um diálogo entre Sócrates e o jovem Teeteto. É a transcrição lida por Euclides à Terpsion baseado na conversa que tiveram quando Teeteto ainda era jovem. Em grande medida o objetivo central da obra é discutir a respeito da natureza do conhecimento e a possibilidade de se atingir tal fim por meio da razão, além de promover a descoberta do pensar, mais especificamente, como pensar o pensar. No diálogo travado por eles, fica evidente que o rumo dado por Sócrates pretende provocar o jovem a ir além das limitadas definições dadas por ele mesmo, pensar além do concreto. Fica mais claro, na definição inicial dada pelo filósofo: “Logo, não compreenderá a arte do sapateiro nem qualquer outra arte, quem não souber o que seja conhecimento“ que a busca pelo saber inicia-se quando superados os pré-conceitos definidos ao longo da vida.
Há também por todo o texto, pontualmente, o conceito de relativismo, tão em moda atualmente. Ao definir que aparência e sensação se equivalem com relação ao calor e às coisas do mesmo gênero; tal como cada um as sente, é como elas talvez sejam para essa pessoa. Sócrates inicia a discussão sobre a construção do conhecimento a partir das percepções, apesar de considerar posteriormente que não pode ser a verdade percepção nem opinião verdadeira, nem uma explicação acompanhada de opinião verdadeira o relativismo, isto é, do meu ponto de vista eu compreendo o mundo. Percebe-se também a presença do que os teóricos mais tarde denominariam método da maiêutica, a descoberta, a busca pelo esclarecimento, pelo conhecimento. Segundo ele, enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse suas limitações no “Conhece-te a ti mesmo”, era seu lema, o esclarecimento não se materializa. E isso se demonstra em Teeteto no momento em que diz ao jovem: “Ao ouvirmos os sábios, a rigor nunca deveríamos empregar expressões como: Alguma coisa, ou Pertence a alguém ou a mim, nem Isto, nem Aquilo, nem qualquer outra designação que fixe determinada coisa”. Sendo assim, o método maiêutico é utilizado não dando respostas prontas, mas se utilizando das afirmações de Teeteto para que ele mesmo possa enxergar onde errou e perceba o conhecimento de forma abrangente e não limitada.
Traçando um paralelo com a disciplina Educação em Espaços não escolares, o método aplicado por Sócrates, infelizmente, é pouco ou em nenhuma medida aplicado pelos instrutores, professores, ou seja profissionais da área da educação. O fato mais evidente é a correção imediata à maneira como crianças e jovens adultos expressam suas ideias e conceitos. Ao apresentá-las, geralmente, ouvem de seus mestres que não tem sentido o que dizem, ou o mais estarrecedor, que não pensam da maneira adequada. Como se fosse possível uma única maneira de pensar. O entendimento do conhecimento como algo inerente ao ser humano e não concentrado em algo ou alguém traz luz à obscura maneira de pensar de muitos professores, que nessa perspectiva, nem poderiam estar nesta função, visto que não disseminam o conhecimento, pelo contrário, barra-o. Sócrates era considerado um parteiro das ideias, porque os libertava para o pensamento, para a filosofia. Por que não temos esse método, esse conceito, permeando nossas salas de aula, nossa reuniões de planejamento? Porque insistimos em acreditar que nós detemos todo o conhecimento?
Embora, muitos considerem que o método de Sócrates só possa ser aplicado em estudos de matemática, conhecido como “Prova por Absurdo”, é possível estendermos a metodologia para os mais simples trabalhos e tarefas no que diz respeito ao entendimento do que é educação e qual o papel do professor nela. Há ainda uma velha compreensão de que uma parte de conhecimento é suficiente para o juízo do todo. Porém, temos em Teeteto um vislumbre do que não é o conhecimento. Nas palavras de Sócrates quem adquire o conhecimento de algo em parte fecha os olhos e deixa de absorver o todo e, assim sendo, ao lembrar-se alguém de alguma coisa de que já teve conhecimento, não a conhece por não a ter diante dos olhos, o que dissemos ser positivamente monstruoso.
É muito provável que uma simples leitura de Teeteto não fará diferença para quem não estiver disposto a reconsiderar seus absolutos posicionamentos diante do conhecimento, diante da educação, da vida, de um mundo de sentido e significados. Apenas a leitura de um texto como esse não reverberará a verdade, o esclarecimento, como um diálogo realizado entre aluno e educador. Não aquele diálogo pontuado por um maniqueísmo displicente. Muito pelo contrário, se conseguirmos superar a distância que nos afasta do outro, por meio do diálogo, datroca de ideias, do conhecimento, talvez seja possível o que tanto se fala no meio acadêmico a respeito da revolução pedagógica que nosso país tanto necessita.
Ao término da leitura de Teeteto fica a sensação, utilizando um termo recorrente do texto, de que nada sabemos. Porém, os ecos de pressa em correr atrás do conhecimento e da verdade contida, não em coisas, mas no outro, no diálogo, na interação com o outro, proporciona um olhar para um horizonte em que abandonaremos nossa velha forma de pensar o todo e passamos a mergulhar na profunda riqueza da sabedoria contida, como diria Sócrates, dentro de nós mesmos, dos nossos alunos, dos nossos mestres.
O desejo de sabedoria e a Paideia Justa
Platão nasceu em Atenas, em 427ª.C, e morreu em 347 a.C.
Recebeu a educação clássica dos jovens atenienses, sendo preparado fisicamente para os jogos e para a guerra. Frequentou os sofistas para adquirir habilidades retóricas. Tornou se discípulo de Sócrates. Ao seguir a filosofia socrática e ao tentar amplia lá, Platão questiona a formação aristocrática que recebeu os modos de vida ao qual estava submetido. Sócrates marcou profundamente a vida e a educação do discípulo Platão a ponto de se tornar personagem principal das suas obras. O pensamento de Sócrates se confunde com a própria obra de Platão. Platão apresenta Sócrates em sua obra ora como mestre ora como personagem.
Da herança Socrática ao desejo de sabedoria Platônica
Com Sócrates se inicia a consolidação da filosofia como reflexão sistemática sobre o agir humano, a possibilidade de construir um Estado a partir de uma ordenação racional. O pensamento platônico se concentra sobre esses aspectos. A filosofia platônica confirma e amplia as pretensões da filosofia socrática, que é de ser uma Paidéia que aspira resolver o problema da Educação do Homem em que postula para si o direito de decidi-la. Assim como Sócrates, Platão põe em relevo o desejo à sabedoria como condição para a liberação do homem da ignorância e para a constituição de uma cidade ou de um Estado justo. Platão procura chegar ao conhecimento do valor absoluto que Sócrates buscava e por meio dele, restituir à ciência e a vida uma unidade perdida. A filosofia e a pedagogia platônicas haviam sido derrotas pelos gregos. Platão não desiste de esboçar uma filosofia e uma pedagogia que se contraponham à decadência política, ética e educativa grega.
O Estado Justo e o Homem virtuoso como ideais da Paidéia Platônica
Platão tem consciência de que a reforma moral e política de Atenas demanda uma redefinição da justiça. O verdadeiro significado da justiça a define a partir de homem virtuoso e do ideal de cidade justa. Para ele, a cidade ideal seria aquela constituída de três estratos, a saber: o dos artesões ou trabalhadores; o dos guardiões ou sentinelas; o dos magistrados ou governantes; em que todos viveriam em perfeita harmonia.
A ética consiste em dominar a alma concupiscente pela razão. O não submeti mento da alma racional a esferas inferiores seria, assim, condição para que o homem se tornasse virtuoso e a virtude fosse um conhecimento de si. Para Platão, o desenvolvimento das virtudes de cada cidadão respeitando sua natureza, deveria ocorrer no sentido de contemplar as qualidades exigidas para o bom funcionamento do estado justo. Isso ocorreria, segundo ele por intermédio da reforma da cultura e da Educação de seu tempo, tendo em vista a constituição da Paidéia justa. A nova educação dependera do valor de conhecimento. Platão tomara como problema a formação daqueles capazes de educar a própria cidade. Por essa razão, a sua preocupação estaria em educar os indivíduos para a justiça, mesmo reconhecendo que há muitas formas de esse educador se desviar dessa meta.
O Caminho da Reflexão Filosófica e da Constituição da Paidéia Justa
Platão afirma que sua reflexão filosófica segue um caminho próprio, baseado numa teoria do conhecimento. Ele o denomina de dialética e o interpreta como o processo de ascese do conhecimento do mundo sensível, em que este se processa apenas como opinião, para o mundo inteligível, em que se alcança o conhecimento da ciência. Entende se por dialética ainda, o produto do pensamento que, pela intuição intelectual, contempla as ideias verdadeiras e , entre elas, a ideia de sumo Bem ,por meio do qual o sábio filosofo e o Estado deveriam orientar a conduta, a ética e a política .
Paidéia platônica
O seu conceito Máximo é o de Bem, Belo e Justo. São as categorias as quais o seu pensamento se refere e que compõe a base de todo o seu sistema. O Bem para ele é o fim, o ultimo que o homem busca, é a virtude máxima, é o Absoluto. O belo é a Realização. Justiça é o elemento ordenador da desordem possibilitando assim, uma harmonia na busca do Bem. Assim, a Justiça é como o Belo e o Bom, é uma derivação da busca pelo Bem Absoluto. Em Platão o conhecimento é visto como a busca pelo saber, ou seja, esta atitude é um ato de amor, não um amor qualquer, mas um amor à sabedoria, onde o saber filosófico, na verdade, é uma negação de se saber que sabe, provocando assim, um continuo desejo de saber mais.
O que significa para Platão a Paideia, ou seja, a formação do homem:
Para Platão, o homem deve ser educado não em uma única disciplina ou forma de pensamento, ele deve ser educado num contexto mais amplo, onde através do exercício da arte, justiça, beleza, Política, cultura, etc., o homem possa purificar sua alma e caminhar rumo a direção do Bem. Desta maneira, o homem é um ser de várias dimensões que somente são incorporadas e entendidas quando ele as vive na pratica, construindo para si um caráter social e intelectual que conduz a Justiça, Beleza e Bondade que culminaram no Bem Absoluto. Para ele o único homem que alcançou este bem foi Sócrates.
A filosofia da Educação Moderna: Bacon e Descartes
Francis Bacon: o método experimental
Nascido em Londres, Francis Bacon (1561-1626) pertencia a uma família de nobres.
É considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação cientifica.
Segundo Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem.
O método indutivo de investigação, baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais e do cumprimento das seguintes etapas:
- Observação da natureza para a coleta de informações;
- Organização racional dos dados recolhidos empiricamente;
- Formulação de explicações gerais, ou hipóteses destinadas à compreensão do fenômeno estudado;
- Comprovação da hipótese formulada mediante experimentações repetidas em novas circunstancias.
A grande contribuição de Francis Bacon para a história da ciência moderna foi apresentar conhecimento cientifico como resultado de um método de investigação capaz de conciliar a observação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a experimentação controlada para comprovar as conclusões obtidas.
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos.
Para isso, deve-se descrever os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença (responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam). Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo mas fazem uma distinção entre a experiência vaga e a experiência escriturada. Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon que ela ganha amplitude e eficácia.René Descartes (1596 - 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês.
Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebracom a geometria.
O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de disseminar.
Foi um dos precursores do movimento, considerado o pai do racionalismo, e defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento.
Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre Protestantes e Católicos na Europa. Viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam.
O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínioque é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. 
O Racionalismo é a doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada de fato, como a origem do Universo. Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento. Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento que não vêm da experiência e são elaborados somente pela razão.
Conclusão
Bacon acredita que para se ter certeza sobre algo, como um fenômeno natural , se leva tempo e buscas por respostas através de experiências, de estudos e de muitas análises para se chegar a uma conclusão, ou seja, uma verdade. Já Descartes acreditava que uma simples dúvida era o caminho para se ter o conhecimento. Onde o raciocínio utiliza de uma ou várias hipóteses para se ter uma conclusão, e muitas vezes esta, pode ser bem compreendida mas não possa ser provada efetivamente, surgindo assim a dedução.
Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
Aula 2: A teoria do conhecimento: Kant e o papel da escola
Sócrates – Análise de Vídeo
Perambulava pelas ruas de Atenas para ensinar a quem estivesse aberto a ouvir, a fim de descobrir sua virtude.
Dizia que o homem era a sua alma, a alma como sendo razão.
Era contrário as ideias dos sofistas, uma vez que esses, considerados os mestres cobravam para ensinar.
Acreditava que todos já nasciam com o conhecimento e que cabiam aos mestres fazer o parto desse conhecimento.
Para Sócrates, os filósofos eram os responsáveis por trazer a luz à verdade.
Construía o conhecimento a partir de questionamentos, isto é, induzia o interlocutor a dialogar e a conhecer a ti mesmo, o que ele chamou de maiêutica
Para Sócrates, a grande virtude é saber que não sabe. Por isso a sua afirmação: “Sei que nada sei”.
Descartes – Análise de Vídeo
Fazia uso do método investigativo para responder questionamentos e pensamentos levantados.
Penso, logo existo. (Frase apresentada por René Descartes)
Com o exercício da subjetividade e a confiança na razão, revolucionou o pensamento filosófico e científico, até então subordinado à autoridade da igreja, escolástica e aos líderes políticos levantados por Deus.
Ele colocou ao alcance de todos as ferramentas em busca da verdade.
Paradoxo da objetividade dentro da subjetividade, com a exigência da certeza e a isenção da dúvida para o êxito da investigação científica inaugurou um novo estágio no pensamento filosófico.
É considerado o pai da filosofia moderna.
Saiu em busca ambiciosa de um novo sistema de conhecimento. Um método único que mensurasse todos as realidades observáveis no mundo físico, celeste ou terrestre. Ele queria explicar o mundo a partir da mecânica elementar da partícula.
Para ele, todas as coisas que caem sobre o conhecimento humano estão interconectadas da mesma forma.
Na busca da premissa da evidência, ele propunha o exercício da dúvida metódica, radical, hiperbólica, como método até o nível do absurdo quando a própria dúvida forneceria a verdade indubitável.
Dualismo cartesiano: A divisão ou dicotomia entre alma e corpo, elaborada por Descartes, é conhecida como dualismo cartesiano. Essa teoria não se preocupou apenas em definir a substância pensante e a substância extensa, mas também em explicar como uma age sobre a outra.
Deus, para Descartes, representada a ponte do mundo subjetivo do pensamento e o mundo objetivo da verdade científica.
A mente e a matéria são criações de Deus, um ser de Perfeito e legitimador das evidências verdadeiras da razão. 
A filosofia da educação KANTIANA: Educar para a liberdade
Introdução:
Filósofo reconhecido no período do “século das luzes” (Iluminismo)
Suas preocupações estavam centradas às questões do conhecimento e sobre as possibilidades e os limites na ação do “conhecer” e também sobre o problema da ação humana, isto é, o problema moral.
Análises de textos – Educação Kantiana
Kant considera o homem como um ser dotado de potencialidades que podem e precisam ser desenvolvidas para a realização máxima de suas disposições originais que é o aperfeiçoamento cada vez maior da humanidade.
Mas como essas disposições para a razão manifestam-se no homem? Faz-se necessário entender que, para Kant, o homem é a única criatura racional sobre a Terra e que esta disposição natural só poderá desenvolver-se no homem, não como indivíduo, mas sim como espécie. Considerar o homem como uma criatura dotada da faculdade racional favorece a prática educativa, porque permite a ampliação do uso de suas forças para além do instinto natural.
A educação é, neste horizonte, o meio que vai favorecer esse progredir permanente. Portanto, o objetivo de todos os esforços educativos precisa ser o de se fazer cumprir o desenvolvimento das disposições naturais do homem.
Para Kant é somente a partir da educação que o homem pode alcançar, com plenitude, sua humanidade, pois a educação o “constrói”, fazendo com que ele seja capaz de gozar sua liberdade.  A liberdade plena só pode ser alcançada a partir do momento em que o homem compreende que deve cumprir a lei moral e é capaz de cumpri-la. O papel da educação é aperfeiçoar as disposições que o homem já traz dentro de si referentes a esta lei.
O autor considera que a educação deve atender a quatro aspectos imprescindíveis para seu desenvolvimento: a disciplina, a cultura, a civilidade e a moralidade.
Segundo sua classificação a disciplina seria o componente principal da Educação Física que visa impedir que os resquícios de animalidade do homem prejudiquem sua humanidade – uma forma de “domar” sua selvageria. Depois de disciplinado, o homem encontra-se em condições de entrar em contato com os demais aspectos – que unidos constituem o que Kant denominou Educação Prática, também conhecida como educação moral.
 
O homem nasce com disposições naturais para o bem, no entanto estas disposições desenvolvem-se enquanto virtudes a partir do contato com a Educação Prática. A Educação Prática de Kant consiste em trabalhar no homem sua habilidade, sua prudência e sua moralidade – aspectos que somados estão diretamente relacionados à formação de seu caráter. Quanto às virtudes podemos compreendê-las como a capacidade que o homem desenvolve em si de agir conforme o dever estabelecido por ele mesmo por meio da razão. É a razão que nos permite conhecer a lei moral que encontra-se em nós. Tal lei é um imperativo categórico, pelo fato de ser uma ação boa em si mesma, um princípio ordenado por nossa razão.
 
A habilidade precisa ser trabalhada para que o homemconsiga todos os seus fins e possua um valor em relação a si como indivíduo; a prudência lhe proporciona um valor público preparando-o para tornar-se cidadão; a moral lhe agrega valores relacionados à espécie humana como um todo.
 
Em linhas gerais, Kant vê na educação (mais especificamente na educação prática tendo em vista que a educação física está mais relacionada a questão de cuidados para a manutenção do corpo e na contenção do homem) um passaporte para a perfeição da humanidade. Cada geração se aperfeiçoaria mais que a anterior visando um ideal de perfeição, que segundo o próprio autor, estaria apenas no plano das ideias, porém impulsionaria os homens para que gradativamente – geração após geração – buscassem atingi-lo.
 
Sua obra apesar de ter sido elaborada exclusivamente no campo teórico, sem relações empíricas com o meio infantil e escolar é reconhecida como um marco da pedagogia iluminista, pois representa a confiança da reforma da sociedade através da educação. Este é um dos traços da pedagogia kantiana que pode ser encontrado ainda hoje no ideário educacional.
 
Com vistas na configuração do ideal de perfeição humana baseado na educação tão difundido na obra de Kant, criou-se o termo “pedagogia da qualidade”, segundo o qual há um ideal pedagógico perfeito que se busca alcançar. Este ideal foi desenvolvido e aprofundado com pesquisas científicas por uma série de pensadores dos quais destacam-se: Freud, Montessori, Vigotsky, Piaget, Pestalozzi, entre outros – segundo a professora da Universidade de Brasília, Bárbara Freitag.
 
Apesar das correntes favoráveis à pedagogia kantiana, alguns pesquisadores não veem sua efetivação na prática. O professor Jürgen Oelkers da Faculdade de Filosofia da Universität Zürich (Suíça) considera a passagem da filosofia kantiana para a prática pedagógica problemática, porque não resolve as lacunas existentes entre teoria e prática por não oferecer o encadeamento entre ambas – ficando apenas no âmbito da exigência do dever. Ainda segundo o professor só é possível observar, de fato, essa ponte a partir do paradigma proposto por Locke. Segundo este todas as aprendizagens, incluindo a moral, provém do meio externo para o interno de modo a conduzir os homens para o caminho que se espera chegar, pois para Locke não existe ideias nem predisposições inatas – o homem é visto como uma tabula rasa onde as ideias são impressas.
 
Não podemos deixar de considerar a influência de Kant na educação. Seus pressupostos permeiam o cenário escolar até os dias de hoje e são refletidos na prática docente. No entanto, é importante ressaltar que a pedagogia de Kant, bem como sua filosofia, partem do princípio da universalidade do ser humano, sem considerar o contexto específico em que se desenvolve sua moralidade. Isso, de fato, dificulta sua aplicação na prática já que a educação é um processo repleto de especificidades.
O homem esclarecido: Segundo Kant, o esclarecimento é um processo de emancipação intelectual, de superação da ignorância e da preguiça de pensar por conta própria. É a busca de autonomia, de maioridade; é o esforço para sair da menoridade e para isso é necessário ter a ousadia de fazer uso de seu próprio entendimento. Como ele mesmo diz: "ousa, atreve-te, a saber". Para Kant é preciso descobrir quais são os nossos limites e possibilidades em relação ao conhecimento. Portanto, cabe a pergunta: o que podemos conhecer? Qual o limite de nosso conhecimento? 
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Filosofia e Educação: amizade na sala de aula
Introdução:
Ao entrar na sala de aula, em seu primeiro dia de escola, o menino não pensa no que será a matemática ou na lição de português. Ele quer saber quem será sua professora, mas, sobretudo, quer encontrar um amigo ou fazer amigos. A escola seria tanto para o menino, quanto para a menina, essencialmente, isso: o seu primeiro espaço de amizades. Como afirma Miranda (2004, p. 155), “a amizade é um fenômeno público, precisa do mundo, da visibilidade dos assuntos humanos para florescer”.
Sabemos que, desde os seus primórdios, a instituição Escola foi um local marcado pela hierarquia, pelos mecanismos de controle, com o principal objetivo de disciplinar para normalizar, através de um caráter homogeneizador que permite qualificar, classificar e punir.
Segundo Descartes, na infância o ser humano se encontra submetido aos órgãos do sentido, à imaginação e à fantasia, desviando-se da luz, da razão e do pensamento que fundamentam o conhecimento indubitável e seguro das ciências e da filosofia.
A família não era mais a única instituição responsável pelo desenvolvimento da criança, pois essa instituição passou a ser vista como incapacitada para tais cuidados por ser apenas o lugar da afeição e não da educação. Com isso, começou a existir a consciência de que era preciso cuidar da criança fora do lar, por este motivo foi delegada à escola a responsabilidade de controle, sempre com uma intenção eugênica (aperfeiçoar a espécie).
A escola tornou-se, segundo Foucault (2008), um “observatório”, desempenhando o papel de vigilância e de “adestramento”, caracterizando-se como repressora e punitiva, deixando de ser um local afetuoso.
Frente a uma educação assim padronizada, racionalizada e institucionalizada, as relações humanas perdem o sentido. O que vale são as atitudes mecânicas, frias, calculistas e voltadas para um processo de cientificização gradual e permanente. Os seres humanos devem apenas construir laços em que a pessoa, o sujeito e o cidadão sejam ou se transformem em objetos. Ao nos depararmos com esse quadro, o que vemos no cotidiano escolar, portanto, seria a falta de entrosamento nas relações, evidenciando uma fragilidade nos laços humanos.
E se a escola é tão importante na vida de toda criança, ela o é, inicialmente, por isso: porque ao se encontrar com seus amigos, a criança encontra neles uma condição filosófica inaugural, ou seja, encontra os seus comuns amigos-do-saber. Assim, ao pensarmos nas relações humanas na escola e, sobretudo na sala de aula, a ideia ou pergunta que rapidamente nos vem é se há possibilidade de uma relação amical, nos termos que tratamos aqui, entre professor e aluno, por exemplo.
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Amizade: Dimensão da Vida Política e Cidadã
O termo amizade tem sido correntemente entendido como manifestação de laços privilegiados e relações cordiais entre as pessoas. Com essa significação, ela aparece como um valor presente em todos os tempos e em todas as culturas, sendo saudada em prosa e verso, seja na literatura, seja na filosofia etc. Nas sociedades modernas e contemporâneas, formadas por um avanço permanente da urbanização e da tecnologia, defrontamo-nos com o desafio de entender que significado ainda pode cumprir a amizade, tanto do ponto de vista da convivência sócio-política, quanto do debate constitutivo do campo filosófico com a possibilidade de alguma repercussão no campo educacional.
Aristóteles oferece uma primeira definição ou finalidade, ou seja, que a amizade tem uma função política. Isto significa que quando o legislador estabelece as leis ele deve ter os olhos fixos em duas coisas: o território e os homens. Nesse aspecto, a cidade não tem uma vida solitária, isolada, mas se localiza numa região e por isso deve estar aberta à convivência com outras cidades. Segundo ele, mesmo que a guerra esteja no horizonte dessas convivências, a amizade ainda é o maior dos bens que elas podem construir, no sentido de evitar ao máximo a discórdia. 
A unidade da cidade é obra da amizade, ou seja, uma cidade é a comunidade da vida feliz, perfeita e autárcica, e as relações que permitem essa vida em comum – a justiça – são obras da amizade, pois ela é a escolha refletida de viver e conviver juntos. Portanto, fonte de felicidade para cada indivíduo e elemento de concórdia para a cidade, a amizade deve ser entendida como uma questão éticae política. É por isso que Aristóteles não se interessa pelas múltiplas formas de relações humanas a partir das afecções, mas privilegia a análise das relações objetivas e públicas da amizade.
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Aristóteles: a Amizade como Virtude
Aristóteles compreende a amizade como uma virtude, uma experiência necessária à vida. Mesmo que tenhamos todos os bens, toda riqueza e todo o poder ou que vivamos na pobreza, ou em qualquer outro tipo de infortúnio, não poderíamos passar sem a amizade sem esse refúgio. Os jovens teriam nela uma forma de evitar os erros da inexperiência, os velhos uma forma de socorro às enfermidades da idade e àqueles que estão na força da idade, ela inspira as belas condutas. A amizade, como um exercício, é uma caminhada que dois seres fazem juntos, em que a ternura, a afeição e a simpatia se manifestam. Nobre e bela, a amizade deve, então, ser louvada como o caminho mais vantajoso que nos leva à “excelência moral”: à areté. As condições para essa experiência estão na nossa capacidade de estimar e bem querer ao outro, ou seja, em um processo de benevolência partilhada, mútua.
A amizade que visa ao bem é perfeita e virtuosa, devendo ser a preferida de todos. Mais rara e mais lenta para se formar, essa amizade é duradoura, dado que pertence ao homem virtuoso considerar os amigos como a si mesmo e o prazer que experimenta reside nas ações que exprime uma natureza que visa sempre ao bem do outro. Essa semelhança de natureza se funda em uma relação de confiança e de um reconhecimento recíproco: os homens bons e virtuosos são agradáveis e úteis uns aos outros (ARISTÓTELES, 1988, p. 34-5).
Portanto, a amizade virtuosa inclui e vai além de uma amizade útil e agradável e se diferencia do amor entre o amante e o ser amado que, muitas vezes, são seduzidos e conduzidos por coisas mutáveis, passivas e motivadas pela satisfação pessoal, como alguma coisa de excessivo, endereçando-se, assim, a um único ser.
Aristóteles considera, assim, que “[...] a amizade será estável e equilibrada quando cada parte fizer ao outro o que lhe é devido [...]. A regra é que essa ligação deve ser proporcional às vantagens recebidas” (1988, p.40). Nesse sentido, é preciso cuidado permanente para que as coisas sejam realizadas sempre tendo em vista certa ponderação; um reconhecimento das diferenças de funções,
das virtudes, das razões de gostar do outro, as diferenças de obrigações recíproca e das vantagens esperadas pelas partes.
A amizade seria, então, o meio de restabelecer a igualdade e a semelhança como condição para uma vida virtuosa, constante e estável, equilibrando os vícios de excesso ou de deficiência. É nesse sentido que Aristóteles pensa como possível a amizade entre o rico e o pobre, o sábio e o ignorante.
Na concepção aristotélica, as relações entre as pessoas, entre os familiares e na vida política devem estar, portanto, ancoradas nos mesmos princípios: amizade e justiça. O homem como animal político deve viver entre amigos, deve viver em uma comunidade de cidadãos e de justos.
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Política: Amizade e Cidadania
As relações entre os amigos e entre os cidadãos se equivaleriam em Aristóteles, ou seja, a amizade entre os cidadãos é a coisa mais importante para a estabilidade do Estado.
A dimensão política da amizade estaria na nossa capacidade e disposição de conviver com o outro e com os outros. Nesse caso, as espécies de governos, como a monarquia, a aristocracia e a república seriam manifestações do grau e da intensidade de nossas relações com a comunidade de amigos e de cidadãos. A corrupção, a tirania, a falta de escrúpulo, a busca das vantagens pessoais que se instauram nos governos, com o tempo produz as mais diversas maneiras de degeneração de um regime político. Devemos cuidar para preservá-lo. O mesmo acontece na organização familiar, em que os pais, os filhos, os irmãos, os maridos e as esposas devem, segundo Aristóteles, esforçar-se para garantir uma relação ponderada e justa em relação às funções e competências de cada um.
A ideia que podemos sobrelevar da concepção aristotélica, é considerar que na base da amizade está a igualdade. Quando as relações, as formas de governo são corrompidas, a justiça se enfraquece, as constituições tornam-se perversas, instaura-se a tirania, impossibilitando as afeições recíprocas e de nos submetermos a uma lei e a uma vida em comum, aceitando um contrato. Portanto, a amizade e a cidadania se aproximam devido ao elemento necessário a sua realização, isto é, à vida em comunidade, bem no estilo das relações familiares.
No caso do sentimento de amizade, ela deve estar associada ao bom-senso, à moderação, à circunspecção e à ponderação, permitindo deliberarmos corretamente acerca do que é bom para nós e agirmos de acordo com isso. Sem essa disposição, teremos dificuldades em escolher e realizar atos que garantam a amizade. 
No caso das amizades fundadas sobre o que é útil ou agradável, em que as vantagens imediatas e pessoais são as razões do agir, a possibilidade de uma vida virtuosa pode diminuir. Quando um dos amigos conduz sua vida baseada no vício, a instauração da amizade virtuosa e perfeita torna-se impossível ou mesmo de continuar, a não ser que haja mudança.
A amizade perfeita, sentimento reservado aos homens virtuosos, pressupõe o altruísmo como característica básica que deriva das relações do indivíduo consigo mesmo: desejar o bem de si mesmo é condição para o bem do outro. “O amigo é outro si mesmo”. Agir com prudência e justiça não é apenas um fim que está posto no futuro, mas trata-se de uma condição mesma para nos tornamos prudentes e justos.
Depois de ter definido e apresentado as condições básicas para a experiência da amizade, Aristóteles distingue-as de outras disposições constitutivas do homem: a benevolência, a concórdia e a beneficência. Como começo da amizade ou uma amizade inativa, a benevolência consiste na disposição, nem sempre experimentada, de fazer o bem aos outros homens: é ter simpatia por pessoas que jamais vimos.
O fundamento para a experiência da amizade está em compartilhar uma vida em comum. Viver entre amigos é uma ação política. A amizade, como virtude, ou melhor, tendo em vista a vida feliz e virtuosa, é o meio para compartilhar a prosperidade e suportar as adversidades. A presença de amigos é preciosa, seja na alegria, seja na tristeza, tornando as dores leves e toleráveis. “A amizade é uma comunidade, em que os sentimentos que temos por nós-mesmos, temos por um amigo. Como desejamos a nossa própria existência, desejamos a de um amigo e a consciência de sua existência se atualiza concretamente graça a essa vida em comum” (ARISTÓTELES, 1988, p. 79-80). 
	
Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
Aula 3: Sociologia da educação – o estudo sociológico e o capitalismo
A história do Capitalismo no Brasil
O início da economia brasileira foi colonial, especializada em completar a economia metropolitana; exportando matéria-prima e importando produtos industrializados. Esse padrão de comércio efetivou-se por meio do monopólio comercial metropolitano burguês.
A economia colonial organizou-se então para cumprir uma função: instrumento de acumulação primitiva de capital. Os mecanismos de exploração foram:
_A economia colonial deveria produzir um excedente que se transformasse em lucro, ao comercializar no mercado externo.
_Criação de mercados coloniais para a produção metropolitana.
_O lucro gerado pela colônia deveria ser repassado a metrópole por meio da compra dos produtos industrializados.
A produção colonial deveria ser mercantil, comercializável em todo o mundo não atrapalhando a metrópole.
Só haveria a produção colonial se houvesse trabalho compulsório, servil ou escravo, tratando-se assim de rebaixar ao máximo o custo de reprodução da força de trabalho.
O tráficonegreiro abriu um setor do comercio colonial altamente rentável, e representou poderosa alavanca à acumulação de capitais.
A exclusividade na compra rebaixava ao máximo os preços de aquisição dos produtos coloniais, e a exclusividade na venda estabelecia para os produtores metropolitanos os preços mais altos. Aumentando assim a tributação.
O capitalismo industrial na América Latina reinventou o trabalho servil e escravo.
Com o capitalismo industrial houve a exigência de um outro tipo de colônia. A produção de matéria-prima em massa começa a ser cobrada pelos industrialistas, era necessário que fossem abertas às portas da colônia para expandir as relações comerciais; o trabalho escravo já não era mais viável aos burgueses, pois esses necessitavam de mercado consumidor assalariado.
No período de 1880 a 1900 emerge o capitalismo monopolista (concentração do poder em poucas mãos).
O capitalismo tardio foi à política de incorporar as ideias capitalistas a países que eram colônias.
A segunda revolução industrial conhecida como monopolizadora (concentração de capital), capital bancário, formando o capital financeiro, inicia o colonialismo monopolizador, e as principais potências capitalistas terminam por repartir o mundo.
Entre 1880 a 1900, na América Latina começou a importação de mão-de-obra assalariada, e o nascimento das economias exportadoras capitalistas.
No Brasil a formação da Estada Nacional e a queda do exclusivo metropolitano, marca o início da crise da economia colonial no Brasil.
O setor mercantil financiou a montagem da economia cafeeira. Nas três primeiras décadas do século XX, o café tornou-se consumido no mundo inteiro. Produzindo muito e barato, em 1830, o Brasil tornou-se o primeiro produtor mundial de café, esse passando a ser o principal produto destinada à exportação.
Houve a generalização do consumo mundial de café e a pós-generalização. Até que houvesse a generalização o preço do café seria baixo para que houvesse a conquista de mercado consumidor, após esse período estabelecer-se-ia um teto máximo, e os preços oscilariam.
Produzir em larga escala a preços baixos era a única forma de expandir a produção auferindo lucros e enfrentando com êxito a concorrência dos demais produtos.
No Brasil existia o trabalho vazio, falta de uma população superabundante que procurasse se submeter ao regime monótono das grandes fábricas.
O entrelaçamento de investimentos externos com os internos induziu ao surgimento das estradas de ferro, facilitando a escoação da produção e abrindo caminho para a importação da mão-de-obra assalariada, pois o mercado nacional era concentrado nas mãos dos grandes produtores de café. Havia a necessidade por parte dos burgueses nacionais de aumentar os assalariados para consequentemente haver ao aumento da circulação de capital, aumentando o lucro industrial.
O início da industrialização no brasil
Introdução (contexto histórico)
 
Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos ingleses.
 
Começo da industrialização 
 
Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabelecimento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação mais simples. A mão-de-obra usada nestas fábricas era, na maioria das vezes, formada por imigrantes italianos.
 
Era Vargas e desenvolvimento industrial 
 
Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando uma grande disparidade regional.
 
Durante este período, a indústria também se beneficiou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando importar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil.
 
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc.).
 
Período JK
 
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro. 
 
Últimas décadas do século XX
 
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios industrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria nacional ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por exemplo) de tecnologia externa.
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Análise de Vídeo – Clássicos da Sociologia: Karl Marx
As influência de Marx na Educação
 
Na base do pensamento de Marx está a ideia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. O conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado. Sua teoria é considerada radical a sociedade capitalista.
O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central.
Marx abordou as relações capitalistas como fenômenos históricos, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção – o empregado se aliena do processo total. 
Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante.
Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. Combater a alienação e a desumanização era, paraMarx, função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo chamava atenção para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”. Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a serem aproveitadas para o ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência profissionalizante, que leva as escolas industriais a ensinar apenas estritamente o necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de “unilateral” (múltipla), difere da visão da educação “integral” porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por “outros adultos”. Chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar.
É extremamente pertinente a concepção educativa de Marx, visto que sua proposta recupera o sentido do trabalho enquanto atividade vital em que o homem humaniza-se sempre mais ao invés de alienar-se e a educação é concebida, não como instrumento de dominação e manutenção do status, mas como processo de transformação desta situação. Sua obra é uma crítica à concepção burguesa do ser humano e de educação. Ele opõe-se à concepção materialista, histórica e dialética, isto é, interessa-se pelo ser humano real em carne e osso, por seus problemas enquanto vivem em sociedade, visando uma transformação positivista e humanizada.
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O capitalismo no Brasil
 
Introdução
Todos os anos os meios de comunicação publicam indicadores da desigualdade social no Brasil, analisados por diferentes órgãos e agências nacionais e internacionais. Esses indicadores relacionam-se a diferentes temas: a posição do Brasil frente a outros países do mundo – e/ou da América Latina - no que diz respeito à desigualdade social; aos índices que medem desigualdade social nos estudos econômicos; à concentração da riqueza produzida nas diferentes classes sociais; às oportunidades educacionais das pessoas das diferentes classes sociais; ao acesso a serviços de saúde etc. Embora com diferentes números (podemos encontrar publicações que colocam o Brasil em quarto, quinto ou oitavo lugar em desigualdade social no mundo ou em primeiro lugar na América Latina, por exemplo), a desigualdade social no Brasil é evidente em toda e qualquer análise. Por outro lado, um tema que vem sendo tratado pelos diferentes meios de comunicação de forma contraditória e até mesmo divergente, diz respeito à diminuição da desigualdade social nos últimos anos no Brasil, resultado do crescimento econômico que teve um significativo momento em 2008 e que, agora, em 2010, vem sendo retomado: em algumas análises a desigualdade cresceu, em outras estabilizou e, em outras ainda, diminuiu. Mesmo com essas divergências, o que se destaca nesta discussão é o fato de que a desigualdade social é um dos mais graves problemas do Brasil ainda hoje. Isso significa dizer que a discrepância de condições de vida entre ricos e pobres é enorme: se por um lado temos um conjunto – pequeno – de famílias que acumulam fortunas detendo um grande percentual da riqueza gerada no país, temos um conjunto – muito grande – de famílias que tem uma renda tão baixa que suas em condições de vida são muito precárias.
Capitalismo, liberalismo e neoliberalismo
Capitalismo
Capitalismo é o princípio político em que a distribuição da renda fica nas mãos das instituições privadas com fins lucrativos. Os lucros, as ofertas, os preços são decididos pelos empresários, que vendem seus produtos, serviços, investem, criam com livre decisão e o governo pouco interfere. Os donos das empresas ficam com os lucros, embora atualmente em algumas empresas brasileiras, no final do ano dividem resultados através do PLR (Participação dos lucros e resultados). É o sistema dominante no mundo e originário do liberalismo.
É um sistema que incentiva o crescimento econômico, há liberdade nas negociações, proporcionando a criatividade, o individualismo e a competitividade social, em que a maioria quer um “lugar ao sol” e isto a qualquer preço. Segundo os americanos, o capitalismo simboliza a liberdade, porque cada um pode ser dono do seu próprio negócio
Liberalismo
Liberalismo é o sistema político econômico com base na liberdade política e econômica.
E iniciou-se no século XVII através da ideologia proclamada pelo filósofo inglês John Lock.  O liberalismo marcou a idade média e se estendeu por séculos diante. A finalidade dos pensadores da época era cessar as guerras religiosas e melhorar as vidas das pessoas naquele momento.
O movimento ganhou força através do filósofo escocês Adam Smith no século XVIII. No entanto, nem todos os governos tiveram boa aceitação ao movimento, como aconteceu na Revolução Russa, onde o episódio foi praticamente anilado. Em outros países como nos Estados Unidos o liberalismo foi responsável por tornar o país na maior democracia do mundo.
O liberalismo deu a luz ao Capitalismo e ao término da Segunda Guerra Mundial o mundo ficou dividido entre dois sistemas: O Sistema Liberal, conhecido como Capitalista dominado pelos Estados Unidos e o Sistema Socialista liderado pela União Soviética.
Um ponto positivo do liberalismo foi o surgimento da democracia, mas os críticos políticos destacam também a desigualdade social, a pobreza e a exploração do trabalhador.
Neoliberalismo
Neoliberalismo é uma redefinição do liberalismo clássico, influenciado pelas teorias econômicas neoclássicas e é entendido como um produto do liberalismo econômico clássico.
O neoliberalismo pode ser uma corrente de pensamento e uma ideologia, ou seja, uma forma de ver e julgar o mundo social ou um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos.
Esta teoria, que foi baseada no liberalismo, nasceu nos Estados Unidos da América e teve como alguns dos seus principais defensores Friedrich A. Hayeck e Milton Friedman.
Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Os autores neoliberalistas afirmam que o estado é o principal responsável por anomalias no funcionamento do mercado livre, porque o seu grande tamanho e atividade constrangem os agentes econômicos privados.
O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos excessivos etc.
Esta teoria econômica propunha a utilização da implementação de políticas de oferta para aumentar a produtividade. Também indicavam uma forma essencial para melhorar a economia local e global era reduzir os preços e os salários.
Neoliberalismo no Brasil
No Brasil, o Neoliberalismo começou a ser seguido de uma forma aberta nos dois governos consecutivos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Neste caso, seguir o neoliberalismo foi sinônimo de privatização de várias empresas do Estado. O dinheiro conseguido com essas privatizações foi na sua maioria utilizado para manter a cotação do Real (uma nova moeda na altura) ao nível do dólar.
A estratégia de privatização encorajada por ideais neoliberais não foi seguidapor todos os países. Ao contrário do Brasil, a China e Índia (países que têm mostrado um crescimento enorme nas últimas décadas) adotaram tais medidas de forma restrita e gradativa. Nesses países, o investimento de grupos econômicos foram feitos em parceria com empresas nacionais.
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Sociologia: O estudo da sociedade
Introdução
A definição mais geral de sociedade pode ser resumida como um sistema de interações humanas culturalmente padronizadas. Assim, e sem contradição com a definição anterior, sociedade é um sistema de símbolos, valores e normas, como também é um sistema de posições e papéis.
Uma sociedade é uma rede de relacionamentos sociais, podendo ser ainda um sistema institucional, por exemplo, sociedade anônima, sociedade civil, sociedade artística etc. A origem da palavra sociedade vem do latim societas, que significa associação amistosa com outros.
O termo sociedade é comumente usado para o coletivo de cidadãos de um país, governados por instituições nacionais que aspiram ao bem-estar dessa coletividade. Todavia, a sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos em um determinado lugar, é também a existência de uma organização social, de instituições e leis que regem a vida dos indivíduos e suas relações mútuas. Há também alguns pensadores cujo debate insiste em reforçar a oposição entre indivíduo e sociedade, reduzindo, com frequência, ao conflito entre o genético e o social ou cultural.
Durkheim, Marx e Weber conceituaram de maneiras diferentes a definição de sociedade. Cada um definiu a constituição da sociedade a partir do papel político, social ou econômico do indivíduo.
Émile Durkheim
O homem é coagido a seguir determinadas regras em cada sociedade, o qual chamou de fatos sociais, que são regras exteriores e anteriores ao indivíduo e que controlam sua ação perante aos outros membros da sociedade. Fato social é a coerção do indivíduo, constrangido a seguir normas sociais que lhe são impostas desde seu nascimento e que não tem poder para modificar.
Em outras palavras, a sociedade é que controla as ações individuais, o indivíduo aprende a seguir normas que lhe são exteriores (não foram criadas por ele), apesar de ser autônomo em suas escolhas; porém essas escolhas estão dentro dos limites que a sociedade impõe, pois caso o indivíduo ultrapasse as fronteiras impostas será punido socialmente.
Karl Max
A sociedade sendo heterogênea, é constituída por classes sociais que se mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção, ou seja, as elites. Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto que o bem-estar coletivo é secundário.
Numa sociedade dividida em classes, o trabalhador troca sua força de trabalho pelo salário, que é suficiente apenas para ele e sua família se manterem vivos, enquanto que o capitalista acumula capital (lucro), que é o símbolo maior de poder, de prestígio e status social.
A exploração do trabalhador se dá pela mais-valia, a produção é superior ao que recebe de salário, sendo o excedente da produção o lucro do capitalista, que é o proprietário dos meios de produção. Assim se concretiza a ideologia do capitalista: a dominação e a exploração do operário/trabalhador para obtenção do lucro.
Para Marx, falta ao trabalhador a consciência de classe para superar a ideologia dominante do capitalista e assim finalmente realizar a revolução, para se chegar ao socialismo.
Max Weber
Não tem uma teoria geral da sociedade concebida, sendo que está mais preocupado com o estudo das situações sociais concretas quanto às suas singularidades. Além da ação social, que é a expressão do comportamento externo do indivíduo, trabalha também o conceito de poder. A sociedade, para Weber, constitui um sistema de poder, que perpassa todos os níveis da sociedade, desde as relações de classe a governados e governantes, como nas relações cotidianas na família ou na empresa. O poder não decorre somente da riqueza e do prestígio, mas também de outras fontes, tais como: a tradição, o carisma ou o conhecimento técnico-racional.
O poder por meio da dominação tradicional se dá através do costume, quando já está naturalizada em uma cultura e, portanto, legitimada. Por exemplo, uma fonte de dominação tradicional é o poder dos pais sobre os filhos, do professor sobre o aluno etc.
O domínio do poder carismático ocorre quando um indivíduo submete os outros à sua vontade, por meio da admiração/fascinação e sem uso da violência. O líder carismático controla os demais pela sensação de proteção, que atrai as pessoas ao seu redor.
A ação racional com relação aos fins ocorre na burocracia, visando organizar as transações tanto comerciais como estatais, para que funcionem de forma eficiente. Por conta dessa organização, os indivíduos são submetidos às normas e diretrizes da empresa ou do Estado, para que o funcionamento dessas organizações seja eficiente e eficaz.
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O legado de Paulo Freire
Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
Aprendizado conjunto
Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o autoaprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretordo Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.
Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas linguísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.
Seres inacabados
O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".
No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e consequentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".
Três etapas rumo à conscientização 
Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.
Biografia
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas ideias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.
Tempos de mobilização e conflito
Obs: 300 pessoas alfabetizadas pelo método Paulo Freire em um mês. 
O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas ideias e começou a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica.
Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
Aula 4: Sociologia da educação – bases para a educação escolar.
	
Análise de vídeo - A contribuição da Sociologia na Educação para a compreensão da educação escolar
Análise de vídeo - Contribuição de Weber na sociedade e na educação.
O objeto de estudo de Max Weber eram as ações sociais dos indivíduos, que eram motivadas pelas causas racionais, afetivas ou tradicionais (Veja abaixo o conceito de cada uma dessas causas). Essas ações sociais resultariam na relação social, caracterizada pela reciprocidade de ações, ou seja, quando as ações sociais se tornam recíprocas, nasce então a relação social.
A sociedade, para Weber, compreende diferentes esferas (econômica, política, religiosa, jurídica), cada uma com uma determinada lógica autônoma de funcionamento, cuja trama resulta das ações individuais.
Alguns dos principais conceitos para Max Weber:
Poder – possibilidade de impor a própria vontade.
Dominação – exercício do poder, estabelecimento de subordinações.
Política – competição entre valores equivalentes.
Estado – Luta de indivíduos pelo poder, sem sentido predeterminado. Os tipos de estado se definem pelos meios de dominação que utilizam. É a única instituição que tem o monopólio da violência, pois a violência cometida pelo Estado é legítima.
Formas de dominação legítima (causas da ação social):
Racional – baseada no direito e na legislação (burocracia, Estado);
Tradicional – baseada no costume e na crença de um poder sagrado, como se ninguém pudesse se opor;
Afetiva – baseada no carisma do líder, ou seja, a forma de

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