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Penal II

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Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
P ROGRAMA
 
 
 
 
 
Material auxiliar para acompanhamento das aulas da disciplina de 
Direito Penal II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2013 
Teoria da Pena 
2 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
DIREITO PENAL II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DA PENA 
PROGRAMA ESQUEMATIZADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
Teoria da Pena 
3 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
PARA UMA DISCUSSÃO PRELIMINAR ...................................................... 05 
 
 
1. TEORIA DA PENA: AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO CRIME...... 
 
 
08 
 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS FORMAS DE PUNIÇÃO NA 
SOCIEDADE ................................................................................................. 
 
 
 
08 
 
1.2 TEORIAS LEGITIMADORAS DA PENA OU JUSTIFICADORAS DO 
DIREITO DE PUNIR ...................................................................................... 
 
 
 
11 
 
1.3 ALGUMAS DEFINIÇÕES MODERNAS DE PENA ............................... 
 
17 
 
1.4 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ................................................. 
 
18 
 
1.5 CONDIÇÃO PARA A IMPUTAÇÃO DA PENA ...................................... 
 
19 
 
 
2. DA AUTORIA NO DIREITO PENAL ......................................................... 
 
 
20 
 
2.1 TEORIAS NEGATIVAS ........................................................................... 
 
20 
 
2.2 TEORIAS POSITIVAS OU RESTRITIVAS ............................................. 
 
20 
 
2.3 TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO .......................................................... 
 
21 
 
2.4 TIPOS DE AUTORIA .............................................................................. 
 
21 
 
2.5 DA CO-AUTORIA .................................................................................... 
 
23 
 
2.6 DA PARTICIPAÇÃO ............................................................................... 
 
24 
 
 
3. TIPOS DE PENAS NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .......................... 
 
 
26 
 
3.1 A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PPL) ......................................... 
 
26 
 
3.2 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ............................................ 
 
31 
Teoria da Pena 
4 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 DA SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS .......................................................... 33 
 
3.4 DA PENA DE MULTA ............................................................................. 
 
35 
 
 
4. DA APLICAÇÃO DA PENA ...................................................................... 
 
 
37 
 
4.1CRITÉRIO NORMATIVO .......................................................................... 
 
37 
 
4.2 1ª FASE DE APLICAÇÃO DA PENA ..................................................... 
 
38 
 
4.3 2ª FASE DE APLICAÇÃO DA PENA ..................................................... 
 
38 
 
4.4 3ª FASE DE APLICAÇÃO DA PENA ..................................................... 
 
45 
 
 
5. DO CONCURSO DE CRIMES .................................................................. 
 
 
49 
 
5.1 CONCURSO MATERIAL ........................................................................ 
 
50 
 
5.2 CONCURSO FORMAL OU IDEAL ........................................................ 
 
51 
 
5.3 CRIME CONTINUADO ........................................................................... 
 
53 
 
6. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - “SURSIS” ............................ 
 
 
55 
 
6.1 REQUISITOS OBJETIVOS ..................................................................... 
 
55 
 
6.2 REQUISITOS SUBJETIVOS ................................................................. 
 
56 
 
6.3 ESPÉCIES DE “SURSIS” ..................................................................... 
 
57 
 
7. DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ......................................................... 
 
58 
 
7.1 REQUISITOS OBJETIVOS ...................................................................... 
 
58 
 
7.2 REQUISITOS SUBJETIVOS ................................................................... 
 
58 
 
7.3 CONDIÇÕES ........................................................................................... 
 
59 
 
7.4 REVOGAÇÃO ......................................................................................... 
 
59 
Teoria da Pena 
5 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.5 SUSPENSÃO (Art. 145, LEP) ................................................................. 60 
7.6 PRORROGAÇÃO (Art. 89, CP) .............................................................. 60 
7.7 EXTINÇÃO (Art. 90, CP) ......................................................................... 60 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 61 
Teoria da Pena 
6 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCUSSÃO PRELIMINAR 
 
 
 
 
a) ESQUEMA BÁSICO DE COMPREENSÃO DO DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
7 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
CRIME (breve revisão) 
 
- Conceitos formal, material e analítico 
 
AGENTE 
 
- Conceito extensivo; conceito restritivo 
 
- Teoria do domínio do fato 
 
PENA (Conseqüência Jurídica do crime) 
 
- Conceito 
 
- Finalidade 
 
- Tipos 
 
- Regras para aplicação 
 
 
 
 
c) CRIME (breve revisão) 
 
 
 
 CONCEITO FORMAL: “Crime é o fato humano contrário à lei” (Não penetra 
em sua essência, em seu conteúdo, em sua matéria). 
 CONCEITO MATERIAL: “Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a 
perigo um bem jurídico protegido pela lei penal (Tem em vista o bem 
protegido pela lei penal ). 
 CONCEITO ANALÍTICO:“Ação humana, antijurídica, típica, culpável e 
punível” (Se a conduta é um dos componentes do fato típico, deve-se definir o 
crime como “fato típico e antijurídico). 
 
 
 
No sistema tripartido clássico (amplamente majoritário na doutrina penal atual), 
são três as categorias que compõem o delito: 
Teoria da Pena 
8 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
Tipicidade 
 
Preceitos 
 

 

 
Antijuridicidade 
 
Culpabilidade 
 
Nexo de causalidade 
 
Elemento subjetivo do tipo 
 
 
 
CRIME, PORTANTO, É UM FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL. 
Teoria da Pena 
9 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. TEORIA DA PENA: AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO 
CRIME 
 
 
 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS FORMAS DE PUNIÇÃO NA SOCIEDADE 
 
 
 
 
 
 SOCIEDADES PRIMITIVAS: 
 
 Inicialmente, segundo Nucci, a pena tem origem sacra ou mística – totens 
e tabus (caráter coletivo); 
 
 Individualmente prevalecia a lei do mais forte (Lei de Darwin), onde cabia a 
auto-composição, conhecida como vingança privada, utilizada pelo 
ofendido em busca de sanar a lide, através de força própria, do grupo ou 
família, para exercê-la em desfavor do “agressor”; 
 
 Ausência, em ambos os casos, do caráter tecnico-jurídico da atualidade 
 
 
 
 
 ANTIGUIDADE 
 
 Fase da Composição: Com a Lei Mosaica (Talião), surge o primeiro indício 
de proporcionalidade entre pena e delito. Ao prescrevera máxima “sangue 
por sangue, olho por olho, dente por dente”, vinculou proporcionalmente a 
retribuição à gravidade do mal causado 
 
adotada pelo Código de Hamurabi (século XXIII a C.), na Babilônia, 
pela legislação hebraica (Êxodo) e pela Lei das XII Tábuas, em Roma. 
 
 Civilização Helênica: expiação dos violadores da norma (morte, mutilação, 
tortura e trabalhos forçados) 
 
 
 
ATENÇÃO: INEXISTÊNCIA DA PRIVAÇÃO DE LIBERDADE COMO PENA! 
Teoria da Pena 
10 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MEDIEVO 
 
 Com a queda do Império Romano, (século IV), sobreveio o direito 
germânico, sob forte influência da direito canônico, pelo qual a vingança 
divina era exercida na proporcionalidade do “pecado” cometido contra 
Deus. 
 
 Prisão de Estado: custódia ou detenção (Torre de Londres, Bastilha, 
Palácio Ducal de Veneza) 
 
 Suplícios e mutilações. 
 
 
 
 
O suplício penal não corresponde a qualquer punição 
corporal: é uma produção diferenciada de sofrimentos, 
um ritual organizado para a marcação das vítimas e a 
manifestação do poder que pune (FOUCAULT). 
 
 
 
 Prisão Eclesiástica: Haviam penas para punir clérigos faltosos, em celas ou 
com a internação em mosteiros, com a finalidade de fazer com que o 
recluso meditasse, refletisse e se arrependesse da infração cometida. 
 
 Por influência do clero foram criadas, no Sec. XII, as prisões subterrâneas, 
donde surgiu a expressão “vade in pace” 
 
O cárcere era tido como penitência e meditação, o que originou a 
palavra “penitenciaria”. 
 
 
 
 A MODERNIDADE 
 
 Desenvolvimento do capitalismo, guerras religiosas, generalização da 
pobreza e multiplicação dos desafortunados e delinqüentes. 
Teoria da Pena 
11 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por razões de política criminal era evidente que, ante 
tanta delinqüência, a pena de morte não era uma 
solução adequada, já que não se podia aplicar a tanta 
gente (BITTENCOURT). 
 
 
 
 O Estado assume a função de resolução racional de conflitos, com a 
construção de prisões para a correção dos apenados e de hospícios para a 
correção de crianças errantes e jovens rebeldes: Surge a idéia de prender 
para (re)educar. 
 
 
 
Sobre esta época de transição feudal ao capitalismo, dizem Rusche e 
Kirchheimer (Punição Estrutura Social): 
 
 
 
A pena serviu também para suprir a falta e a crescente 
necessidade de mão-de-obra. Portanto, as casas de 
correção ou de trabalho, para onde eram mandados os 
condenados, foram os antecedentes do que hoje 
conhecemos por cárcere. 
 
 
 
O Direito Penal foi utilizado como segregação social com penas de expulsão, 
trabalhos forçados ou galés. 
 
 
 
 
 
 
 CESAR BECCARIA: PRECURSOR DA MODERNIDADE PENAL 
Teoria da Pena 
12 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não é o tamanho da pena que inibe o cometimento de um delito, mas sim 
a certeza da sua aplicação” 
 
“A medida justa da pena dar-se pela maior eficiência da punição com o 
menor sofrimento possível impingido ao apenado” 
 
"toda severidade que ultrapasse os limites se torna supérflua e, por 
conseguinte, tirânica“ 
 
"Quereis prevenir delitos? Fazei com que as leis sejam claras e simples." 
 
 
 
 
 
 
 
 MICHAEL FOUCAULT: CRÍTICA A SOCIEDADE DISCIPLINAR 
 
 
 
 
"Não se trata de um acaso, nem de uma gratuita e generosa humanização do 
sistema penal, mas da culminação de um longo processo. [...] O Direito Penal 
passa a poupar o corpo para agir diretamente na alma”. 
 
 
 
Pode-se compreender o caráter de obviedade que a 
prisão-castigo muito cedo assumiu. Desde os primeiros 
anos do século XIX, ter-se-á ainda consciência de sua 
novidade; e entretanto ela surgiu tão ligada, e em 
profundidade, com o próprio funcionamento da 
sociedade, que relegou ao esquecimento todas as 
outras punições que os reformadores do século XVIII 
haviam imaginado. 
Teoria da Pena 
13 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 TEORIAS LEGITIMADORAS DA PENA OU JUSTIFICADORAS DO DIREITO 
DE PUNIR 
 
 
 
 
 
 
 TEORIAS RETRIBUTIVAS OU ABSOLUTAS DA PENA - “Punitur quiar 
 
peccatum est” 
 
 
 
 
A Teoria retributiva considera que a pena se esgota na idéia de pura 
retribuição e tem como fim a reação punitiva, ou seja, responde ao mal 
constitutivo do delito (injusto) com outro mal que se impõe ao autor do delito 
(justo). 
 
 KANT 
 
 
 HEGEL 
 
 
 BINDING 
 
 
 KANT rejeita qualquer fim político (prevenção geral ou especial) para a pena, 
entendendo que a mesma é um imperativo categórico que responde a uma 
necessidade absoluta de justiça: “As penas são, em um mundo regido por 
princípios morais (por Deus), categoricamente necessárias” 
 
De acordo com Kant, é preferível que morra um homem a perder todo um 
povo, pois se a justiça perde a sua credibilidade, já não há sentido para que viva o 
homem sobre a terra, concluindo que: “Ainda que uma sociedade se 
dissolvesse por consenso de todos os seus membros, o último assassino 
deveria ser executado” 
 
 Para HEGEL a pena é uma exigência da razão, uma conseqüência lógica do 
próprio movimento do Direito: 
Teoria da Pena 
14 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Delito: constitui uma violência contra o Direito 
 
 Pena: Violência que anula a primeira e restabelece a supremacia do 
Direito 
 
A pena é a negação da negação (reafirmação da tese), ou seja, uma 
necessidade lógica do sistema que independe de outros fins: “O Direito negado 
pelo crime é reafirmado pela pena, e na necessidade dessa reafirmação é 
que a pena encontrará a razão que a torna legítima” (Aníbal Bruno). 
 
 
 
 BINDING também é colocado na doutrina como um representante das teorias 
absolutas, mesmo que por motivos diversos dos dois primeiros representantes 
(Luis Flávio Gomes). 
Considera que a pena justifica-se pelo fato de mostrar ao 
infrator/delinqüente, a sua impotência diante da lei 
 
 A pena submete o criminoso a “força vitoriosa do Direito”. 
 
 A pena pode, eventualmente, exercer outras funções ou finalidades, mas 
essas são irrelevantes para a sua justificação - justifica-se desde que “seja 
justa de si e para si” (HEGEL) 
 
 
 
“A pena justa é legítima, ainda que inútil, motivo pelo qual uma pena 
útil não tem legitimidade alguma, se injusta” (Paulo Queiroz). 
 
 
 
DE MAIS A MAIS... 
 
 
 
 
 A exigência da pena deriva da necessidade de realização de justiça 
 
 Fundamentos éticos da responsabilidade individual do homem e 
culpa moral do cristianismo 
Teoria da Pena 
15 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A pena, independentemente do seu fim, deve ter o delito como 
pressuposto indispensável 
 
 O homem não pode ser reduzido a um objeto, de modo que a pena 
não pode ser tida como um meio ou ter caráter meramente 
exemplificador 
 
 
 
 TEORIAS PREVENTIVAS OU RELATIVAS DA PENA - “Punitur ut ne 
 
peccetur” 
 
 
 
 
 As teorias preventivas são aquelas que atribuem à pena a capacidade e a 
missão de evitar que no futuro se cometam delitos. 
 
 Reconhecem que segundo sua essência, a pena se traduz num mal para 
quem a sofre, mas tem de usar desse mal para alcançar a finalidade 
precípua de toda a política criminal: a prevenção ou a profilaxia criminal. 
 
 Divide-se em teoria preventiva especial e teoria preventiva geral (positiva e 
negativa). 
 
 
 
 PREVENÇÃO ESPECIAL (VON LISZT) 
 
 
 
 
 Direcionada ao delinqüenteconcreto, castigado com uma pena; 
 
 A pena é um instrumento de atuação preventiva sobre a pessoa do 
delinqüente, com o fim de evitar que, no futuro ele cometa novos crimes 
(prevenção da reincidência); Objetiva “a conversão do criminoso em um 
homem de bem” (Basileu Garcia); 
 
 Para Von Liszt, a função da pena é prevenir de modo eficaz a prática de 
futuros delitos, conforme a peculiaridade de cada infrator: 
Teoria da Pena 
16 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Para o delinqüente ocasional – advertência/intimidação 
 
• Para os que precisam de correção – ressocialização 
 
• Para o incorrigível ou habitual - inocuização 
 
 
 
 
A PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA: persegue a ressocialização do 
delinqüente através da sua correção: A finalidade da pena-tratamento é a 
ressocialização. 
 
 
 PREVENÇÃO ESPECIAL NEGATIVA: busca tanto a intimidação ou 
inocuização através da intimidação, como a inocuização mediante a privação da 
liberdade. Ou seja, a prevenção especial negativa tem como fim neutralizar a 
possível nova ação delitiva, daquele que delinqüiu em momento anterior, através 
de sua "inocuização" ou "intimidação". 
 
Busca evitar a reincidência através de técnicas, ao mesmo tempo, eficazes e 
discutíveis, tais como, a pena de morte, o isolamento etc. 
 
 
 
 PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA (Feuerbach): 
 
 
 
 
 Direciona-se à generalidade dos cidadãos, com o escopo de que a ameaça 
de uma pena, por um lado, sirva para intimidar aos delinqüentes potenciais, 
e, por outro , sirva para robustecer a consciência jurídica dos cidadãos e 
sua confiança e fé no Direito. 
 
 Não destina-se a retribuição ou a correção moral 
 
 A finalidade da pena é a abstenção de criminosos reais ou potenciais da 
prática do delito, independentemente da mudança de valores. 
Teoria da Pena 
17 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PREVENÇÃO GERAL POSITIVA OU INTEGRADORA (Welzel e Jakobs) 
 
 
 
 Encontra o seu precedente sociológico na teoria da consciência coletiva de 
Emile Durkheim, pois vê na pena a finalidade de promover a integração 
social por meio da cristalização dos valores fundamentais da sociedade e 
da fidelidade ao direito; 
 
 Para Welzel a mera proteção de bens jurídicos tem um fim policial 
negativo, de modo que a real missão do Direito Penal “é de natureza ético- 
social de caráter positivo da ação dos cidadãos” 
 
 O desvalor da ação é mais importante do que o desvalor do resultado, já 
que “importa menos o efeito positivo atual da ação, que a permanente 
tendência positiva da ação dos cidadãos” 
 
 Ainda para Welzel, a pena, tem como destinatário toda a sociedade, 
fortalecendo na mente de todos o respeito pelos valores ético-sociais 
consolidados, e só secundariamente, bens jurídicos definidos. 
 
 Nesse sentido, também Hassemer e Conde: 
 
“A função de qualquer tipo de controle social – desde a família ao 
Direito, passando pela escola – é afirmar as normas fundamentais de 
toda sociedade, fazendo assim possível a convivência social”. 
 
 
 
 GÜNTHER JAKOBS 
 
O bem jurídico tutelado pelo Direito Penal é a própria norma, ou melhor, o 
próprio sub-sistema jurídico-penal da sociedade: 
 
 
 
“O delito é a ação de uma pessoa exclusivamente formal, porém, em 
todo caso, de uma pessoa, e, por isso, deve ser entendido como algo 
Teoria da Pena 
18 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
com significado, como contraprojeto perante a sociedade. A pena 
Marginaliza o significado da ação” 
 
“A pena não luta contra um inimigo; tampouco serve ao 
estabelecimento de uma ordem desejável, mas somente à 
manutenção da realidade social” 
 
“Os destinatários da pena, antes de tudo, não são algumas pessoas 
consideradas autores potenciais, senão todas as pessoas que têm de 
saber o que devem esperar nessas situações” 
 
 
 
 TEORIAS MISTAS OU UNIFICADORAS - “Punitur, quia peccatum est, ne 
peccatur “ 
 
 
 
Tentam agrupar em um conceito único os fins da pena. Essa corrente 
tenta recolher os aspectos mais destacados das teorias absolutas e relativas. 
 
Deste modo, afirma MIR PUIG: "Entende-se que a retribuição, a prevenção 
geral e a prevenção especial são distintos aspectos de um mesmo complexo 
fenômeno que é a pena”. 
 
 
 
 Sustentam que uma visão unidimensional da pena mostra-se formalista e 
incapaz de abranger a complexidade dos fenômenos sociais que 
interessam ao Direito Penal, com conseqüências graves para a segurança 
e os direitos fundamentais do homem. 
 
 Pretende unir justiça e utilidade, de modo que a pena somente será 
legítima se for, ao mesmo tempo, justa e útil 
 
 A pena é uma retribuição jurídica, mas que somente se justifica se e 
quando necessária à proteção da sociedade 
Teoria da Pena 
19 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 ALGUMAS DEFINIÇÕES MODERNAS DE PENA 
 
 
 
Plácido e Silva: “expiação ou castigo estabelecido pela lei, com o intuito de 
prevenir e de reprimir a prática de qualquer ato ou omissão de fato que atente 
contra a ordem social, o qual seja qualificado como crime ou contravenção” 
 
Aníbal Bruno: “pena é a sanção, consistente na privação de determinados bens 
jurídicos, que o Estado impõe contra a prática de um fato definido na lei como 
crime.” 
 
Franz Von Liszt: “a pena é um mal imposto pelo juiz penal ao delinqüente, em 
virtude do delito, para expressar a reprovação social em relação ao ato e ao 
autor.” 
 
Edmund Mezger: “pena é a imposição de um mal proporcional ao fato”. 
 
Giuseppe Betiol: a pena é uma conseqüência jurídica do crime, ou seja, a 
sanção estabelecida pela violação de um preceito penal. 
 
 
 
 
 
 
1.4 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DA PENA NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 5º 
 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal; 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, [...]; 
 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 
b) perda de bens; 
Teoria da Pena 
20 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) multa; 
 
d) prestação social alternativa; 
 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
 
b) de caráter perpétuo; 
 
c) de trabalhos forçados; 
 
d) de banimento; 
 
e) cruéis; 
 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 
 
 
1.5 CONDIÇÃO PARA A IMPUTAÇÃO DA PENA 
 
 
 
Para que o Estado submeta alguém a aplicação de uma pena é necessário: 
 
 Que alguém pratique uma conduta tipificada na lei como crime; 
 
 Que aja uma pena prevista para o crime praticado; 
 
 Que se tenha indubitavelmente definida a autoria do crime. 
 
A pena, portanto, somente pode ser aplicada ao autor de um crime. 
 
 
 
NO DIREITO PENAL BRASILEIRO, O QUE SE ENTENDE POR AUTORIA? 
Teoria da Pena 
21 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. DA AUTORIA NO DIREITO PENAL 
 
 
 
2.1 TEORIAS NEGATIVAS: 
 
 
 
a) TEORIA EXTENSIVA: tem fundamento na teoria da equivalência dos 
antecedentes causais. Todos que concorrem para o delito são autores - não 
distingue autor e partícipe, quem é condição do resultado é autor (Liszt). 
 
b) TEORIA UNITÁRIA (ou da associação criminal): todos os que concorrem 
para o delito são autores,mesmo porque o delito é um fenômeno unitário. 
 
c) TEORIA DO ACORDO PRÉVIO: o prévio acordo entre todos os participantes é 
o suficiente para concebê-los como autores, sem se distinguir a contribuição de 
cada um. 
 
 
 
2.2 TEORIAS POSITIVAS OU RESTRITIVAS 
 
 
 
 
a) TEORIAS SUBJETIVAS: quem atua com animus auctoris é autor; quem age 
com animus socii é partícipe. Importa para a distinção o aspecto subjetivo do 
agente. 
 
b) TEORIAS MISTAS (subjetivas e objetivas): admitem a distinção entre autor e 
partícipe conforme cada caso, ora preponderando o critério objetivo (realização do 
injusto penal), ora o subjetivo (conforme a reprovabilidade). 
 
c) TEORIAS OBJETIVAS FORMAIS: dizem que autor é quem realiza o verbo 
núcleo do tipo; partícipe é quem contribui de outra maneira para o delito. 
 
d) TEORIAS OBJETIVAS MATERIAIS: levam em conta a efetiva contribuição do 
agente para o resultado final. O que importa é a magnitude da conduta. 
Teoria da Pena 
22 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO 
 
Mescla critérios objetivos e subjetivos, além de apresentar um elemento 
novo: a divisão de tarefas, devendo cada agente ter domínio funcional da tarefa 
que lhe foi atribuída, devendo esta possuir relevância para a efetivação do ato 
delituoso. 
 
A partir dessa teoria admite-se como autor: 
 
 
 
 
(a) quem tem o domínio da própria ação típica; 
 
(b) uem domina a vontade de outra pessoa; 
 
(c) quem tem o domínio funcional do fato (casos de co-autoria). 
 
 
 
 
AUTOR, PARA O DIREITO PENAL, É QUEM: 
 
 Realiza o verbo núcleo do tipo; 
 
 Tem o domínio organizacional da ação típica (quem organiza, quem 
planeja etc.); 
 
 Participa funcionalmente da execução do crime mesmo sem realizar o 
verbo núcleo do tipo (por exemplo: quem segura a vítima para que o 
executor venha a matá-la; 
 
 Tem o domínio da vontade de outras pessoas (isso é o que ocorre na 
autoria mediata). 
 
 
 
2.4 TIPOS DE AUTORIA 
 
a) Autor individual: dá-se quando o agente atua isoladamente (sem a 
colaboração de outras pessoas). 
Teoria da Pena 
23 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Autor coletivo: é quando há o concurso de duas ou mais pessoas para a 
realização do fato (co-autoria). 
 
c) Autor Direto ou imediato: é aquele que pessoalmente pratica o fato típico – o 
executor. 
 
d) Autor Intelectual: é o indivíduo que mesmo sem agir diretamente na execução 
do crime tem pleno domínio da situação, vez que planeja e determina a 
conduta dos demais agentes, podendo decidir sobre a execução, paralisação e 
modificação de metas. 
 
e) Autor Mediato: Neste caso a ação é realizada valendo-se de uma ou mais 
pessoas que exercem uma atividade subordinada à vontade do autor. O 
executor (autor direto) é o instrumento (meio) de que se vale o autor mediato 
para a prática do crime. Nesses casos não há o concurso de pessoas, o fato é 
punível exclusivamente para o autor mediato, que tem o domínio do fato. 
 
f) Autor de escritório: É aquela autoria derivada do crime organizado, ocorrendo 
quando alguém compre ordens de um grupo criminoso estruturalmente 
organizado. 
 
g) Autoria Colateral: Ocorre quando duas ou mais pessoas, agindo sem 
qualquer vínculo subjetivo, dão, simultaneamente, causa a um dano ou perigo 
de dano a um mesmo bem jurídico. Alguns a identificam como co-autoria lateral 
ou imprópria. 
h) Autoria Incerta (ou autoria com resultado incerto): se dá quando, na autoria 
colateral, não se descobre quem produziu o resultado ofensivo ao bem jurídico. 
i) Autoria incerta e autoria ignorada: autoria ignorada é conceito de processo 
penal e ocorre quando não se descobre quem foi o autor da infração. 
j) Autoria Complementar ou Acessória: ocorre autoria complementar (ou 
acessória) quando duas pessoas atuam de forma independente, mas só a 
soma das duas condutas é que gera o resultado. Uma complementa a outra. 
Isoladas não produziriam o resultado. 
Teoria da Pena 
24 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
k) Autoria Sucessiva: ocorre autoria sucessiva quando alguém ofende o mesmo 
bem jurídico já afetado antes por outra pessoa. Exemplo: CP, art. 138, § 1.º: 
quem propala ou divulga a calúnia precedente, sabendo falsa a imputação. 
 
 
 
 
3.5 DA CO-AUTORIA: 
 
 
 
Dar-se a co-autoria quando duas ou mais pessoas, através de atuação 
conjunta, praticam um fato punível. Nesse caso, ambas realizam a conduta típica 
(teoria objetiva-formal) ou ambas têm o domínio coletivo da realização da ação 
típica (teoria do domínio do fato). 
 
Não se exige um ajuste prévio, mas sim que haja a convergência de 
vontades, isto é, a consciência de colaborar na ação comum. 
 
A co-autoria é autoria, sua particularidade consiste em que mesmo com a 
divisão das tarefas, todos serão responsabilizados pelo cometimento do 
delito. 
 
 
 
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser 
diminuída de um sexto a um terço. 
 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos 
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada 
até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais 
grave. 
 
 CO-AUTORIA SUCESSIVA: 
Teoria da Pena 
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Ocorre quando já teve início a execução de um delito por alguém ou por 
um grupo e outrem resolve aderir ao ato que já iniciado. 
 
Neste caso, coloca-se a seguinte controvérsia doutrinária: qual é a 
responsabilidade penal do co-autor sucessivo pelos atos já praticados 
antes do seu ingresso na ação? 
 
1ª corrente: Welzel, Maurach e Nilo Batista: responsabilidade completa 
 
2ª corrente: Mezger e Zaffaroni: Responsabilidade proporcional 
 
 
 
 
 
 
 
3.6 DA PARTICIPAÇÃO 
 
 
 
Configura-se quando um agente, denominado partícipe, que não tem o 
domínio do fato, contribui para a realização de um crime por outros executado; ou 
seja, é aquele que não realiza atos típicos, distinguindo-se, do co-autor (teoria 
formal-objetiva). 
 
Se o agente facilita a consumação de maneira a torná-la mais rápida, 
segura ou eficiente,será partícipe; De outro modo, se o fato não pudesse ter sido 
cometido com a sua ausência, será co-autor. 
 
“O agente será partícipe se a contribuição que traz para o fato reside 
na mera comodidade dos autores, apenas facilitando-lhes a empresa 
delitiva, que bem podia realizar-se sem sua cooperação” 
(ZAFFARONI; PIERANGELI) 
 
 
 
A PARTICIPAÇÃO PODE SER: 
Teoria da Pena 
26 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) MORAL OU INTELECTUAL: pode se dar na modalidade do induzimento ou 
determinação (o agente cria, implanta a idéia criminosa na cabeça de outro) ou da 
instigação (o sujeito reforça, estimula, incentiva uma idéia pré-existente); 
 
b) MATERIAL: é o auxílio material. O partícipe facilita materialmente a prática da 
infração penal, cedendo, por exemplo, a arma para aquele que deseja se matar. 
 
 
 
 PARTICIPAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA: 
 
Ocorre a participação da participação nos casos de induzimento de 
induzimento, instigação de instigação, mandado de mandado, etc. Exemplo: A 
induz B a induzir C a matar D. 
 
Já a participação sucessiva se dá quando presente o induzimento ou 
instigação do executor, se sucede outro induzimento ou instigação. Ocorre, por 
exemplo,quando A instiga B a matar C, sendo que D, sem saber da previa 
participação de A, também instiga B a matar C. 
 
 
 
 CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS 
 
Art. 30 Não se comunicam as circunstâncias e as condições de 
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 
Atentar para a distinção entre crimes de concurso necessário e crimes de 
concurso eventual 
 
 
 
 CASOS DE IMPUNIBILIDADE 
 
Art. 31 O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não 
chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
Ver: inter criminis e crimes de perigo 
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27 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. TIPOS DE PENAS NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
 
 
 
4.1 A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PPL) 
 
CP, Art. 32 - As penas são: 
I - privativas de liberdade; 
 
 
 
As PPL dividem-se em pena de reclusão ou pena de detenção 
 
 
 
 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- 
aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo 
necessidade de transferência a regime fechado. 
 
 
 
 REGIME FECHADO: 
 
Executado em penitenciárias de segurança máxima ou média e se 
caracteriza pelo fato do condenado estar submetido à rigorosa vigilância armada, 
passando a maior parte do tempo recolhido à sua cela, só podendo afastar-se 
mediante autorização judicial. 
 
O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a 
exame criminológico de classificação para individualização da execução (Art. 34); 
 
ficará sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso 
noturno (§ 1º); 
 
O trabalho interno será em comum, atendendo as aptidões ou ocupações 
anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena; O 
trabalho externo será admitido em serviços ou obras públicas (§ § 2º e 3º). 
Teoria da Pena 
28 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 REGIME SEMI-ABERTO: 
 
Cumprido em Colônias Penais que podem ser agrícolas ou industriais. O 
preso não fica em cela e sim em alojamento, trabalhando fora durante o dia e 
voltando somente para dormir no alojamento. 
 
O condenado também deverá ser submetido ao exame criminológico no 
início do cumprimento da pena (Art. 35, caput) 
 
Durante o dia ficará sujeito ao trabalho em comum em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar (§ 1º). 
 
O trabalho externo e a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, 
de instrução de segundo grau ou superior, também serão permitidos (§ 2º) 
 
 
 
 REGIME ABERTO: 
 
Cumprido em casa de albergado, onde o preso fica recolhido em 
dormitórios que são vinculados ao sistema penitenciário, não possuindo vigilância 
armada ostensiva, já que funda-se no senso de responsabilidade do próprio 
condenado (Art. 36, caput). 
 
O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, 
freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido 
durante o período noturno e nos dias de folga (§ 1º); 
 
O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido 
como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a 
multa cumulativamente aplicada (§ 2º). 
 
 
 
 REGIME ESPECIAL 
Teoria da Pena 
29 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, 
observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição 
pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. 
 
Quais são os direitos específicos conferidos a mulheres que cumprem pena? 
 
 
 
 PROGRESSÃO DE REGIME 
 
 
 
As PPL’s deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o 
mérito do condenado, observados os seguintes critérios (Art. 33, caput e § 2º): 
 
a) o condenado a pena superior a 8 anos deverá começar a cumpri-la em 
regime fechado; 
 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não 
exceda a 8, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; 
 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos, 
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. 
 
 
 
ATENÇÃO! - O condenado por crime contra a administração pública terá a 
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação 
do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os 
acréscimos legais(Art. 33, § 4º). 
 
 
 
A determinação do regime inicial será determinada pelo juiz com base nos 
critérios estabelecidos no art. 59 do Código Penal (Art. 33, § 3º) 
 
A progressão será sempre escalonada; 
 
O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento 
adequado (Art. 41). 
Teoria da Pena 
30 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTITUTOS INDISPENSÁVEIS 
 
 
 
 
 DETRAÇÃO: Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de 
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de 
prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos 
referidos no artigo anterior (Art. 42) 
 
 REMISSÃO: O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi- 
aberto poderá remir, pelo trabalho, à razão de 1 dia de pena por 3 de trabalho 
no tempo de execução da pena. (Art. 126, § § 1º e 2º,LCP). O preso 
impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuará a beneficiar- 
se com a remição (§ 2º). 
 
 CUMULTAÇÃO: É a substituição de uma pena restritiva de liberdade por uma 
pena alternativa, restritiva de direitos. 
 
 
 
 
 DIREITOS DO PRESO 
 
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da 
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade 
física e moral. 
 
 
 
O preso com condenação definitiva pode votar? 
 
 
 
 
 TRABALHO DO PRESO 
 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos 
os benefícios da Previdência Social. 
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31 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
O trabalho do preso é um direito, um dever ou uma obrigação? O preso pode 
recusar-se a trabalhar durante o cumprimento da pena? 
 
 
 
 TEMPO MÁXIMO DE CUMPRIMENTO DAS PENAS PRIVATIVAS DE 
LIBERDADE 
 
 Não pode ser superior a 30 anos (art. 75 CP). 
 
 Ver o art. 5º, XLVII, “b”, CF; 
 
 Esse limite só se refere ao tempo de cumprimento de pena, não 
podendo servir de base para cálculo de outros benefícios, como o 
livramento condicional e a progressão de regime. 
 
 
 
Nova condenação – sobrevindo nova condenação por fato posterior ao 
início do cumprimento da pena, que fazer nesse caso? 
 
 
 
sobrevindo nova condenação por fato posterior ao início do 
cumprimento da pena: 
 
 far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de 
pena já cumprido (ex.: “A” é condenado a 150 anos de reclusão. Procedida 
a unificação, cumpre 30. Após cumprir 12 anos, é condenado por fato 
posterior ao início do cumprimento da pena. Nessa nova condenação, é- 
lhe imposta pena de 20 anos. Somam-se os 18 que faltavam para cumprir 
os 30 anos com os 20 impostos pela nova condenação. Dessa soma 
resultará a pena de 38 anos. Procede-se a nova unificação para o limite de 
30 anos. Agora, além dos 12 já cumpridos, terá de cumprir mais 30). 
 
 Observe-se que a unificação das penas nesse limite traz um inconveniente: 
deixa praticamente impune o sujeito que, condenado a uma penade 30 
Teoria da Pena 
32 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
anos de reclusão, comete novo crime logo no início do cumprimento dessa 
sanção. 
 
 
 
 
 
 
3.2 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
 
 
 
 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I - prestação pecuniária; 
II - perda de bens e valores; 
III - (VETADO) 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; 
V - interdição temporária de direitos; 
VI - limitação de fim de semana. 
 
 
 
 
a) Prestação pecuniária (arts. 43, I, 45, §§ 1° e 2°, CP). 
 
 Pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou entidade pública 
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz da 
condenação (não pode ser inferior a 1 salário mínimo, nem superior a 360 
vezes esse salário). 
 
 Em caso de condenação em ação de reparação civil, ou execução civil da 
sentença condenatória penal transitada em julgado, deverá ser descontado 
o valor referente à prestação pecuniária. 
 
 Se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária poderá ser 
substituída por prestação de outra natureza. 
Teoria da Pena 
33 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Perda de bens e valores (arts. 43, II, 45, § 3º, CP) 
 
 Confisco em favor do FPN de quantia que pode atingir o valor referente ao 
prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em 
conseqüência da prática do crime, prevalecendo aquele que for maior. 
 
 A lei ressalva a destinação diversa que lhe for dada pela legislação 
especial. 
 
 Tais bens e valores serão destinados, com preferência, ao lesado ou a 
terceiro de boa fé (art. 91, II, CP). 
 
 
 
c) Prestação de serviços à comunidade ou a entidade públicas (arts. 43, IV, 
46, CP) 
 
 Atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. 
 
 Dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros 
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
 
 As tarefas devem ser atribuídos conforme as aptidões do condenado e não 
deve prejudicar a sua jornada normal de trabalho. 
 
 Deve ser cumprida à razão de 1 hora de trabalho por dia de condenação à 
pena privativa de liberdade fixada inicialmente, Permitindo-se a pena 
superior a 1 ano seja cumprida em menor tempo (nunca inferior à metade 
da pena privativa de liberdade fixada). 
 
 
 
d) Interdição temporária de direitos (arts. 43, V, 47, CP) 
 
 Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública (Art 327, CP), 
bem como de mandato eletivo; 
 
 Infração relativa ao dever funcional praticada quando do cometimento do 
ilícito penal. 
Teoria da Pena 
34 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Não se confunde nem implica perda do cargo exercido pelo condenado 
(efeito da condenação quando a pena aplicada for superior a 4 anos). 
 
 Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; 
 
 Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir - Aplicada aos 
crimes culposos de trânsito (art. 57, CP). 
 
 
 
e) Proibição de freqüentar determinados lugares. 
 
 O juiz deverá especificar expressamente na sentença quais os lugares que 
o sentenciado não pode freqüentar. 
 
 Deve guardar relação com o delito praticado e com a pessoa do agente, 
como forma de prevenir a prática de novo crime. 
 
 Cabe ao juiz da execução comunicar à autoridade competente a aplicação 
da pena. 
 
 O descumprimento injustificado da restrição acarreta a conversão da pena 
restritiva de direitos em pena privativa de liberdade. 
 
 
 
f) Limitação de fim de semana (arts. 43, VI, 48 do CP). 
 
 Obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas 
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, 
podendo ser ministrado aos condenados durante essa permanência cursos 
e palestras, ou atribuídas a eles atividades educativas. 
 
 Cabe ao juiz da execução determinar a intimação do condenado, 
cientificando-o do local, dias e horário em que deverá cumprir a pena, que 
terá início a partir da data do primeiro comparecimento (art. 151, LEP); 
Teoria da Pena 
35 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 DA SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS 
 
 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando: 
 
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime 
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que 
seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
 
II - o réu não for reincidente em crime doloso; 
 
 
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente. 
 
§ 1o (VETADO) 
 
 
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita 
por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a 
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de 
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
 
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, 
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente 
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática 
do mesmo crime. 
 
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade 
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No 
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo 
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta 
dias de detenção ou reclusão. 
Teoria da Pena 
36 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, 
o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de 
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
3.4 DA PENA DE MULTA 
 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da 
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 
10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a 
um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem 
superior a 5 (cinco) vezes esse salário. 
 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices 
de correção monetária. 
 
 A pena de multa pode ser prevista como punição única, a exemplo do que 
ocorre na LCP (DL nº. 3688/41), ou pode ser cominada e aplicada 
cumulativamente com a PPL, a exemplo do artigo 155, CP, ou ainda de 
forma alternativa, com a pena de prisão, a exemplo do Art. 130, cominando 
pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
 Quando a multa é punição única ou nos casos em que ela encontra-se 
cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, será obrigatória a sua 
aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da 
inderrogabilidade da pena; Já nos casos em que a pena de multa estiver 
cominada de forma alternativa poderá o juiz escolher entre uma ou outra, 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do 
crime. 
Teoria da Pena 
37 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Todas as vezes que o magistrado estiver fazendo a aplicação da pena de 
multa, seja ela isolada, cumulada oualternativamente aplicada, deve seguir 
os limites legais, ou seja, a expressão “multa” deve ser entendida como 
sendo de 10 a 360 dias-multas. 
 
 É o que se depreende do artigo 49, caput, do CP, quando dispõe: “A pena 
de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada 
na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no 
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa”. 
 
 FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA 
 
1ª fase: o juiz levará em conta para fixar entre 10 a 360 dias-multa, as 
 
circunstâncias judiciais - artigo 59 do CP 
 
2º fase: deverá o magistrado dar um valor a cada dia-multa, que não poderá ser 
inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, 
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário (art. 49, § 1º, CP), valor este que 
deverá ser atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária 
(art. 49,§ 2º, CP). 
 
 O valor de cada dia-multa será aplicado pelo juiz que deverá atender, 
principalmente, à situação econômica do réu (art. 60, caput, do CP). 
Teoria da Pena 
38 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. DA APLICAÇÃO DA PENA 
 
 
 
 
A primeira regra fundamental na fixação de uma pena é: para cada réu 
uma análise; para cada crime uma análise. 
 
Assim, se dois delitos (homicídio e ocultação de cadáver, por exemplo) 
foram praticados por dois réus em concurso de agentes, o procedimento de 
fixação da pena será realizado 4 vezes (1o réu -homicídio, 1o réu - ocultação de 
cadáver, 2o réu -homicídio, 2° réu - ocultação de cadáver). 
 
Ao final da fixação da pena para cada um dos delitos, ela deverá ser 
unificada de acordo com o tipo de concurso (material, formal ou continuidade 
delitiva), nos termos dos arts. 69, 70 ou 71 do CP. 
 
 
 
TAL OPERAÇÃO DENOMINA-SE APLICAÇÃO DA PENA 
 
 
 
 
4.1 CRITÉRIO NORMATIVO 
 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste 
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e 
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição 
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma 
só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou 
diminua. 
 
 O CPB adotou em seu art. 68 o chamado critério trifásico de fixação das 
penas, sendo a primeira a analise das circunstâncias do art. 59 do CP, ao 
final da qual é fixada uma pena denominada pena-base. 
Teoria da Pena 
39 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.2 1ª FASE DE APLICAÇÃO DA PENA: observância do disposto no artigo 59 
do Código Penal: 
 
 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos 
antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências 
do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime: 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites 
previstos; 
 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de 
liberdade; 
 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade 
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
 
 
5.3 2ª FASE DE APLICAÇÃO DA PENA: Em seguida, havendo quaisquer das 
circunstâncias agravantes ou atenuantes previstas nos arts. 61 e ss. do CP, a 
pena será aumentada e diminuída, conforme o caso e uma nova pena provisória 
será fixada. 
 
 
 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime 
 
I - a reincidência; 
 
II - ter o agente cometido o crime: 
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a) por motivo fútil (1) ou torpe (2); 
 
(1) é o motivo frívolo, mesquinho, desproporcional, insignificância, sem 
importância, do ponto de vista do homem médio. É aquele incapaz de justificar, 
por si só, a conduta ilícita. 
 
 Ausência de motivo, segundo a jurisprudência majoritária, não equivale a 
motivo fútil; 
 
 Ciúme – não é motivo fútil, segundo o entendimento majoritário. 
 
 Embriaguez é incompatível com a futilidade, pela perturbação que provoca 
na mente humana. 
 
(2) é o motivo abjeto, ignóbil, repugnante, ofensivo à moralidade média e ao 
sentimento ético comum (ex.: egoísmo, maldade, etc.). 
 
 
 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime; 
 
Nesse caso, existe conexão entre os crimes: 
 
 Teleológica: quando é praticado para assegurar a execução do outro crime. 
 
 Conseqüencial: quando um crime é praticado em conseqüência de outro, 
visando garantir-lhe a ocultação, impunidade ou vantagem. 
 
 
 
c) à traição (1), de emboscada (2), ou mediante dissimulação (3), ou outro 
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido (4); 
 
(1) Traição – é a deslealdade, a agressão sorrateira, com emprego de 
meios físicos (ex.: atacar pelas costas) ou morais (ex.: simulação de amizade). 
 
(2) Emboscada – é a tocaia, o ataque inesperado de quem se oculta 
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(3) Dissimulação – é a ocultação da vontade ilícita, visando apanhar o ofendido 
desprevenido. É o disfarce que esconde o propósito delituoso. 
 
(4) Qualquer outro recurso que dificulte ou impossibilite a defesa do 
ofendido – trata-se de formulação genérica, cujo significado se extrai por meio de 
interpretação analógica. 
 
 
 
d) com emprego de veneno (1), fogo (2), explosivo (3), tortura (4) ou outro 
meio insidioso (5) ou cruel (6), ou de que podia resultar perigo comum (7); 
 
(1) é a substância tóxica que perturba ou destrói as funções vitais. 
 
(2) é a combustão ou outro meio que provoque queimaduras. 
 
(3) é toda substância inflamável que possa produzir explosão. 
 
(4) é a infligência de sofrimento físico ou moral na vítima 
 
(5) se inicia e progride sem que seja possível percebê-lo prontamente e cujos 
sinais só se evidenciam quando em processo bastante adiantado. 
 
(6) todo aquele que aumenta o sofrimento do ofendido ou revela uma brutalidade 
fora do comum ou em contraste com o mais elementar sentimento de piedade 
(ex.: reiteração de golpes de faca). 
 
(7) disparos de arma de fogo contra a vítima, próximo a terceiros. 
 
 
 
 
e) contra ascendente, descendente, irmão(1) ou cônjuge (2); 
 
(1) o parentesco pode ser o legítimo ou ilegítimo, natural (consangüíneo) ou civil 
(por adoção). 
 
(2) quanto ao cônjuge, não se exige casamento, sendo admissível no caso de 
união estável. No caso de separação de fato, não subsiste a agravante 
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f) com abuso de autoridade (1) ou prevalecendo-se de relações domésticas, 
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na 
forma da lei específica (2); 
 
(1) diz respeito à autoridade nas relações privadas, e não públicas, como o abuso 
na qualidade de tutor. 
 
(2) Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006 
 
 
 
 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício (1), 
ministério (2) ou profissão (3); 
 
(1) devem ser públicos. 
 
(2) refere-se a atividades religiosas. 
 
(3) qualquer atividade exercida por alguém, como meio de vida. 
 
 
 
 
h) contra criança (1), maior de 60 anos (2), enfermo (3) ou mulher grávida (4); 
 
(1) é a pessoa até os 12 anos de idade incompletos(art. 2º ECA); 
 
(2) esta hipótese foi inserida pelo Estatuto do Idoso. 
 
(3) é a pessoa doente, com reduzida condição de defesa. 
 
(4) foi acrescentada pela Lei 9318/96. 
 
 
 
 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
 
Atinge o respeito à autoridade que o tem a vítima sob a sua imediata proteção. 
 
 
 
 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade 
pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
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pune-se com mais severidade o sadismo, o oportunismo imoral revelador 
de personalidade perversa e a absoluta ausência de solidariedade 
humana. 
 
 
 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
 
é a hipótese em que o agente se embriaga para cometer o crime. 
 
 
 
 
 AGRAVANTES NO CASO DE CONCURSO DE PESSOAS 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes; 
 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade 
ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa. 
 
 
 
 ATENUANTES GENÉRICAS 
 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 
I - ser o agente menor de 21, na data do fato (1), ou maior de 70 anos, na 
data da sentença; 
 
(1) é a circunstância atenuante mais importante, prevalecendo sobre todas as 
demais. Leva-se em conta a idade do agente na data do fato, pois o CP adotou a 
teoria da atividade (art. 4º CP). É obrigatória a consideração da referida 
atenuante pelo juiz, e sua desconsideração gera nulidade da sentença. 
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(2) data da sentença é a data em que esta é publicada pelo juiz em cartório. 
Nula é a decisão que não considera tal circunstância na individualização da pena. 
 
 
 
II - o desconhecimento da lei; 
 
– embora não isente de pena (art. 21 CP), serve para atenuá-la, ao passo 
que o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade. 
 
 
 
III - ter o agente: 
 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social (1) ou moral (2); 
 
(1) interesse coletivo/ público no resultado da ação 
 
(2) refere-se ao interesse subjetivo do agente, avaliado de acordo com postulados 
éticos, o conceito moral da sociedade e a dignidade da meta. 
 
 
 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o 
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências (1), ou ter, antes do 
julgamento, reparado o dano (2); 
 
(1) difere do arrependimento eficaz, uma vez que neste, o agente consegue evitar 
a produção do resultado (art. 15 CP). 
 
(2) deve ocorrer até o julgamento de 1a instância. Se a reparação do dano 
anteceder o recebimento da denúncia ou queixa e se preenchidos os demais 
requisitos do art. 16, CP, há causa de diminuição de pena (arrependimento 
posterior) e não atenuante genérica. 
 
 
 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir (1), ou em cumprimento 
de ordem de autoridade superior (2), ou sob a influência de violenta emoção, 
provocada por ato injusto da vítima (3); 
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(1) é o constrangimento vencível, que não isenta da responsabilidade penal, 
mas, mesmo assim, funciona como atenuante genérica, visto que a pressão 
externa influi na prática do delito. 
 
(2) a obediência a ordem manifestamente ilegal não exclui a culpabilidade, mas 
permite a atenuação da pena. 
 
(3) o domínio de violenta emoção pode caracterizar causa de diminuição 
específica, também chamada de privilégio, no homicídio doloso (art. 121, §1º, 
CP) e nas lesões corporais dolosas (art. 129, §4º, CP). 
 
 
 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
 
 A confissão deve ser espontânea e não a meramente voluntária. 
 
 Confissão qualificada: em que o acusado admite a autoria, mas alega ter 
agido acobertado por causa excludente da ilicitude (ex.: legítima defesa). 
 
 Confissão extrajudicial: só funciona se confirmada em juízo. 
 
 Confissão em segunda instância – a confissão em segunda instância, após 
a sentença condenatória, não produz efeitos. 
 
 
 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o 
provocou. 
 
ainda que a reunião da qual se originou o tumulto não tivesse fins lícitos, se o 
agente não lhe deu causa, tem direito à atenuação 
 
 
 
 ATENUANTES INOMINADAS 
 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância 
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista 
expressamente em lei. 
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 Embora não prevista expressamente em lei, pode ser considerada em razão 
de algum outro dado relevante. 
 
 A circunstância atenuante inominada deve ser relevante e pode ser anterior 
ou posterior ao crime; 
 
 Ver discussão acerca da co-culpabilidade 
 
5.4 3ª FASE: CAUSAS DE AUMENTO OU DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
 
São aquelas que aumentam ou diminuem a pena em quantidades 
previamente fixadas em lei (ex.: 1/3, metade, 2/3, etc.). São exemplos os 
seguintes dispositivos da Parte Geral do CP: arts. 14, § único, 16, 21, 26, § único, 
29, §1º, 70 e 71. 
 
 Não interessa se as causas de aumento ou de diminuição de pena estão 
previstas na Parte Geral o Especial: essas causas são sempre levadas em 
consideração na última fase de fixação da pena, nos termos do art. 68 CP. 
 
OBS: Causas específicas ou especiais de aumento ou diminuição de pena – 
são as causas de aumento ou diminuição que dizem respeito a delitos 
específicos previstos na Parte Especial (ex.: art. 157, §2º, I e II, CP). 
 
 
 
 CONFLITO ENTRE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS 
 
 Se houver circunstâncias judiciais favoráveis em conflito com outras 
desfavoráveis ao agente: 
 
 Deverão prevalecer as que digam respeito à personalidade do agente, aos 
motivos do crime e aos antecedentes. 
 
 Em seguida, as demais circunstâncias subjetivas, ou seja, grau de 
culpabilidade e conduta social. 
 
 E, finalmente, as circunstâncias objetivas, isto é, as conseqüências do crime e 
o comportamento da vítima. 
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 CONFLITO ENTRE AGRAVANTES E ATENUANTES 
 
É possível que na segunda fase de fixação da pena ocorra para o 
julgador o seguinte problema: diante de três agravantes e apenas duas 
atenuantes aplicáveis ao caso concreto, seria possível subtrair das três 
agravantes as duas atenuantes e, assim, aplicar somente a circunstância 
agravante que sobrou? 
 
Não, pois, dependendo da natureza da circunstância em questão, esta 
poderá valer mais do que duas ou três outras juntas, ou seja, pode ser que uma 
atenuante sozinha valha mais do que duas agravantes. 
 
Tal questão é solucionada pelo art. 67 CP, que prevê quais as 
circunstâncias mais relevantes, que possuem preponderância em um eventual 
conflito: São preponderantes os motivos do crime, a personalidade do agente 
e a reincidência. 
 
A jurisprudência, porém, vem entendendo que a circunstância mais 
importante de todas, mais até do que as do art. 67 CP, isto é, os motivos do 
crime, a personalidade do agente, a reincidência; é a de ser o agente menor de 
21 anos na data do fato. 
 
Dessa forma, conclusivamente,no conflito entre agravantes e atenuantes, 
prevalecerá a circunstância atenuante genérica de ser o agente menor de 21 anos 
na data do fato. 
 
Em seguida, as agravantes genéricas referentes aos motivos do crime, à 
personalidade do agente e à reincidência. 
 
Abaixo dessas, qualquer circunstância de natureza subjetiva. Por último, 
as circunstâncias objetivas. 
 
 
 
 CONFLITO ENTRE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS E AGRAVANTES E 
ATENUANTES 
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Não existe conflito, uma vez que as circunstâncias judiciais se 
encontram na primeira fase e as agravantes e atenuantes na segunda; logo, 
jamais haverá conflito. 
 
Se as judiciais forem desfavoráveis, o juiz aumenta a pena na primeira 
fase. Em seguida, se só existirem atenuantes, diminui, na segunda. 
 
 
 
 CONCURSO ENTRE AGRAVANTE GENÉRICA E QUALIFICADORA 
 
No caso de homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de veneno e 
de recurso que impossibilite a defesa do ofendido, terão incidência três 
qualificadoras (art. 121, §2º, I, III e IV). Entretanto, somente uma cumprirá a 
função de elevar os limites da pena mínimo e máximo. Assim, como as demais 
qualificadoras não poderão alterar mais os limites, qual o seu papel na fixação da 
pena? 
 
 Posição – Majoritária – as demais qualificadoras assumem a função de 
circunstâncias judiciais (art. 59 CP), influindo na primeira fase da dosagem 
da pena. É que o art. 61, “caput”, CP, dispõe que as agravantes “são 
circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime”. 
 
 Posição – Minoritária – as demais qualificadoras funcionam como 
 
agravantes, na segunda fase de fixação da pena. 
 
 
 
 
 CONCURSO ENTRE CAUSAS DE AUMENTO DE PENA DA PARTE 
GERAL E DA PARTE ESPECIAL: 
 
Nesse caso, o juiz deve proceder a ambos os aumentos. 
 
 Primeiro incide a causa específica e depois a da Parte Geral, com a 
observação de que o segundo aumento deverá incidir sobre a pena total 
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resultante da primeira operação, e não sobre a pena-base (operação idêntica à de 
“juros sobre juros”). 
 
 
 
 CONCURSO ENTRE CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA DA PARTE 
 
GERAL E DA PARTE ESPECIAL: incidem as duas diminuições, da mesma 
forma anterior. 
 
 
 
 CONCURSO ENTRE CAUSAS DE AUMENTO PREVISTAS NA PARTE 
 
ESPECIAL: nos termos do art. 68, § único, CP, o juiz pode limitar-se à 
aplicação da causa que mais aumente, desprezando-se as demais (trata-se de 
faculdade do juiz). 
 
 CONCURSO ENTRE CAUSAS DE DIMINUIÇÃO PREVISTAS NA PARTE 
 
ESPECIAL: nos termos do art. 68, § único, CP, o juiz pode limitar-se à 
aplicação da causa que mais diminua, desprezando-se as demais (trata-se de 
faculdade do juiz). 
 
OBS: Concurso entre causas de aumento ou de diminuição previstas na 
Parte Especial – na hipótese de concurso entre causas de aumento ou de 
diminuição previstas na Parte Especial, se o juiz optar por fazer incidir 
ambos os aumentos ou ambas as diminuições, o segundo aumento ou a 
segunda diminuição incidirão sobre a pena-base e não sobre a pena 
aumentada. 
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5. DO CONCURSO DE CRIMES 
 
 
 
Quando duas ou mais pessoas participam conjunta e conscientemente do 
mesmo evento criminoso, estamos diante do denominado CONCURSO DE 
AGENTES. 
 
Entrementes, na ocasião em que uma pessoa pratica duas ou mais 
infrações penais, estamos diante do CONCURSO DE CRIMES, que, nos termos 
dos arts. 69 a 71, pode ser de três espécies: concurso material (art. 69), concurso 
formal (art. 70) e crime continuado (art. 71). 
 
 
 
 CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO PARA O CONCURSUS DELICTORUM 
 
a) Critério do cúmulo material – As sanções são aritmeticamente somadas, 
depois de haver a aplicação individualizada para cada um dos crimes. No Brasil, 
este foi o critério adotado para o concurso material (CP, art. 69), de forma 
temperada ou matizada, ante a existência do artigo 75 do CP (COSTA JR.; 
PRADO). 
 
 
 
b) Critério da exasperação – Este critério não soma as penas, porém não 
despreza uma pelas outras. Neste caso, toma-se uma das penas (a maior ou, se 
iguais, qualquer uma delas) e, em relação a esta pena, incide uma majoração, 
uma fração. No Brasil, este critério foi adotado para o concurso formal próprio 
(CP, art. 70, 1a parte) e para a Continuidade delitiva (CP, art. 71). Esclareça-se 
que o concurso formal impróprio (CP, art. 70, parte final) segue a regra do cúmulo 
material; 
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5.1 CONCURSO MATERIAL 
 
Nos termos do art. 69, dá-se o concurso material quando o agente, 
mediante duas ou mais ações ou omissões, comete dois ou mais crimes, 
idênticos ou não. 
 
Quando isso ocorrer, as penas deverão ser somadas. 
 
Em regra os crimes são apurados no mesmo processo, mas, quando isso 
não for possível, a soma das penas será feita na Vara das Execuções 
Penais. 
 
 
 
ATENÇÃO! - A regra do concurso material não se aplica quando estiverem 
presentes os requisitos do crime continuado (crimes da mesma espécie, 
praticados nas mesmas condições de tempo, local e modo de execução). 
 
Assim, ausente qualquer dos requisitos do crime continuado, poderá ser 
aplicada a regra do concurso material, desde que o agente tenha praticado 
duas ou mais condutas que impliquem o reconhecimento de dois ou mais 
crimes. 
 
 
 
 ESPÉCIES: 
 
 HOMOGÊNEO: quando os crimes praticados forem idênticos (dois roubos, 
 
p. ex.), 
 
 HETEROGÊNEO: quando os crimes não forem idênticos (um homicídio 
e um estupro, p. ex.). 
 
 
 
O art. 69, caput, em sua parte final, esclarece que, no caso de 
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se 
primeiro aquela. 
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52 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O § 1 do art. 69, por sua vez, determina que, sendo aplicada pena privativa 
de liberdade, não suspensa (sem aplicação de sursis),por um dos crimes, 
em relação aos demais não será cabível a substituição da pena privativa 
de liberdade por restritiva de direitos. 
 
 Já o § 2 dispõe que, sendo aplicadas duas penas restritivas de direitos (em 
substituição às penas privativas de liberdade), o condenado as cumprirá 
simultaneamente, se forem compatíveis, ou sucessivamente, se não for 
possível o cumprimento simultâneo. 
 
 
 
5.2 CONCURSO FORMAL OU IDEAL 
 
Nos termos do art. 70, caput, do Código Penal, ocorre quando o agente, 
mediante uma única ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. 
 
Nesse caso, se os crimes forem idênticos (concurso formal homogêneo), 
será aplicada a pena de qualquer um deles, aumentada de 1/6 a 1/2. Ex.: agindo 
com imprudência, o agente provoca um acidente, no qual morrem duas pessoas. 
 
Assim, o juiz aplica a pena de um homicídio culposo, no patamar de 1 ano 
(supondo-se que o magistrado tenha aplicado a pena mínima), e, na seqüência, 
aumenta-a de 1/6 (p. ex.), chegando à pena de 1 ano e 2 meses de detenção. 
 
Se, entretanto, os crimes cometidos não forem idênticos (concurso formal 
heterogêneo), o juiz aplicará a pena do crime mais grave, aumentada, também, 
de 1/6 a 1/2. Ex.: em um só contexto o agente profere ofensas que caracterizam 
calúnia e injúria contra a vítima. 
 
Nesse caso, o juiz aplica a pena de calúnia (crime mais grave) e a aumenta 
de 1/6 a 1/2, deixando de aplicar a pena referenteà injúria. 
 
GRECO sugere que a variação da tarifação (entre um sexto e a metade) 
deve levar em conta a quantidade de lesões. Propõe ele o seguinte quadro: 
Teoria da Pena 
53 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
Número de lesões Fração de aumento 
2 1/6 
3 1/5 
4 1/4 
5 1/3 
6 ou mais ½ 
 
 
 
 
 
 
 CONCURSO MATERIAL BENÉFICO 
 
Na hipótese do concurso formal heterogêneo pode ocorrer a seguinte 
situação: no crime de estupro (art. 213) em concurso formal com o crime de 
perigo de contágio de moléstia venérea (art. 130, caput). Suponha-se que o juiz 
fixe a pena mínima para os dois crimes: no estupro, o mínimo é de 6 anos, e no 
crime de perigo, a pena mínima é de 3 meses. 
 
Se as penas fossem somadas atingiríamos o total de 6 anos e 3 meses, 
mas de acordo com a regra do art. 70, caput, chegaríamos à pena de 7 anos (6 
anos do estupro, aumentada em 1/6). 
 
NESSE CASO APLICA-SE A REGRA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 70. 
 
 
 
 
 CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO OU IMPERFEITO 
 
Suponha-se que A, querendo matar B e C, os amarre em linha e, com 
utilização de arma de fogo de grande poder, efetue um único disparo, que, 
atravessando o corpo de B, cause também a morte de C. 
 
Para hipótese, a 2ª parte do art. 70, caput, no qual as penas serão 
somadas (como no concurso material) sempre que o agente, com uma só ação ou 
Teoria da Pena 
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omissão dolosa, praticar dois ou mais crimes, cujos resultados ele 
intencionalmente visava (autonomia de desígnios em relação aos resultados). 
 
 
 
5.3 CRIME CONTINUADO 
 
O crime continuado surgiu para evitar penas muito altas, por vezes cruéis 
e infamantes, para a hipótese de o sujeito tratar de cometer vários delitos. 
 
Trata-se o crime continuado de um tratamento mais brando a condutas 
que, se não existisse o instituto, seriam tratadas como crime em concurso 
material. 
 
Com o crime continuado, consideram-se várias condutas como se única 
fosse, apreciando o “conjunto da obra”. 
 
 
 
 ELEMENTOS DA CONTINUIDADE DELITIVA 
 
O crime continuado vem regido pelo art. 71 do código, exigindo os seguintes 
elementos: 
 
a) Mais de uma ação ou omissão: É pressuposto do crime continuado que 
exista mais de uma conduta. Conduta única com produção de mais de um 
resultado seria crime em concurso formal. 
 
 
 
b) Crimes da mesma espécie: Parte da doutrina defende que crimes da mesma 
espécie são os previstos necessariamente no mesmo tipo penal, podendo, porém, 
haver continuidade delitiva entre o tipo simples e os derivados (qualificado e 
privilegiado). Outra corrente entende que crimes da mesma espécie não são 
necessariamente previstos no mesmo tipo. São aqueles que, em verdade, 
lesionam bens semelhantes com condutas similares. 
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55 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
No STF, porém, prevalece a tese de que crime continuado só pode haver 
se a previsão for do mesmo tipo penal. 
 
 
 
Circunstância de tempo: A doutrina aponta que entre um ato e outro não pode 
haver prazo superior a trinta dias.(para Hungria, pequenas oscilações superiores 
aos 30 dias são toleradas). 
 
Circunstância de lugar: Entende-se que os diversos atos devem ser praticados 
na mesma cidade. Mais uma vez, recomenda-se cautela e os tribunais já aceitam 
a tese mesmo quando se tratar de fatos praticados em cidades distintas, 
conurbadas. 
 
Circunstâncias de modo: Deve haver semelhança no modus operandi do 
infrator. 
 
 
 
 CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO 
 
Nos crimes violentos, praticados contra vítimas diferentes, observadas as 
condições de culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do 
indivíduo, poderá o juiz aplicar a pena de um só dos crimes aumentada até o triplo 
(parágrafo único). 
 
exigem-se os requisitos do 71 e mais que haja violência ou ameaça contra 
vítimas distintas. 
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6. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - “SURSIS” 
 
 
 
Sursis é a suspensão da execução da pena, por um determinado prazo, 
mediante certas condições. A expressão origina-se do francês “surseoir”, que 
significa suspender. 
 
 
 
 NATUREZA JURÍDICA 
 
1ª Posição – STF e Capez – é direito público subjetivo do réu, de forma que o 
juiz não pode negar sua concessão ao réu quando preenchidos os requisitos 
legais. 
 
2ª Posição – STJ e Damásio – é medida penal de natureza restritiva da 
liberdade e não um benefício: livra o condenado da sanção que afeta o “status 
libertatis”, todavia, impõe-se-lhe pena menos severa, eminentemente pedagógica. 
 
 
 
6.1 REQUISITOS OBJETIVOS 
 
Pena privativa de liberdade – não pode ser concedido “sursis” nas penas 
restritivas de direitos nem nas penas de multa - art. 80 CP. 
 
Pena igual ou inferior a 2 anos – O condenado a pena superior a 2 anos de 
prisão não tem direito ao “sursis”, pouco importando que o aumento da pena 
acima da pena-base tenha resultado do reconhecimento do crime continuado (o 
que se deve levar em consideração é o “quantum” final da condenação). 
 
 EXCESSÃO: Crime contra o meio ambiente – admite-se o benefício desde 
que a pena privativa de liberdade não exceda a 3 anos (art. 16 da Lei 
9605/98). 
Teoria da Pena 
57 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR PENA RESTRITIVA DE 
DIREITOS: 
 
Só se admite a concessão do “sursis” quando incabível a substituição da 
pena privativa de liberdade por uma das penas restritivas de direito (art. 77, III, c/c 
art. 44 CP). 
 
Tal requisito justifica-se porque no “sursis”, operada a revogação do 
benefício, o condenado terá de cumprir toda a pena privativa de liberdade 
imposta, uma vez que, durante o período de prova, esta não foi executada, ao 
contrário, a sua execução ficou suspensa condicionalmente. 
 
 
 
solto. 
 
Isto significa que não se desconta o período em que o sentenciado esteve 
 
 
 
 
6.2 REQUISITOS SUBJETIVOS 
 
 Não ser reincidente em crime doloso, salvo se a condenação anterior for a 
pena de multa – condenado irrecorrivelmente pela prática de crime doloso que 
cometeu novo crime doloso após o trânsito em julgado não pode obter o 
“sursis”, a menos que a condenação anterior tenha sido a pena de multa. 
 
Nas demais hipóteses é possível (inclusive se o crime anterior for militar 
próprio, político ou contravenção penal). 
 
OBS: Réu anteriormente beneficiado com a suspensão do processo do art. 
89 da Lei 9099/95 – é cabível a concessão do “sursis”. 
 
 Circunstâncias do art. 59 CP favoráveis – exige-se mínimo grau de 
culpabilidade e boa índole, sendo incabível nas hipóteses de criminalidade 
violenta ou maus antecedentes. 
 
Exige-se a necessária demonstração de periculosidade do réu para 
indeferimento do “sursis”, de modo que deve estar apoiada em indícios válidos a 
presunção de futura reincidência. 
Teoria da Pena 
58 Prof. Isaac de Luna Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intensidade do dolo não é elemento convocado para impedir a 
concessão do “sursis”. 
 
 
 
6.3 ESPÉCIES DE “SURSIS” 
 
 Simples – é aquele em que, preenchidos os requisitos mencionados nos itens 
anteriores, fica o réu sujeito, no primeiro ano de prazo, a uma das condições 
previstas no art. 78, §1º, CP (prestação de serviços à comunidade ou limitação 
de fim de semana). 
 
 
 
 Especial – o condenado fica sujeito a condições mais brandas, previstas 
cumulativamente no art. 78, §2º, CP (proibição de freqüentar determinados

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