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Reação de Eliminação Bimolecular Desidroalogenação; Regra de Zaitsev; Regra de Hofmann; Estereoquímica e Eliminação em compostos cíclicos Docente: Fabiano do Espírito Santo Gomes Discente: Edson de Oliveira Lima Filho Introdução Na reação de Eliminação Bimolecular (E2), como o próprio nome diz, irá se eliminar átomos de uma molécula. Formando, assim, um alceno, como produto dessa eliminação. Se referirmos, “molécula” à alcanos. Mas deve-se saber que pode haver formação de alcinos, também. E essa reação é normalmente chamada de desidroalogenação. Onde “des” refere-se a eliminação de átomos, “hidro” à hidrogênio, e “alogenação” aos halogênios (flúor, cloro, Bromo ou Iodo). E dar-se o nome de bimolecular, pois a velocidade da reação depende tanto do substrato (haloalcano - 1ª molécula) como do nucleófilo (base - 2ª molécula). Daí o nome “Bimolecular”, que equivale a “duas moléculas”. 2 H C C H H H H X + B- .. Desidroalogenação H B + CH2 CH2 + X - X= F, Cl, Br, IHaloalcano Alceno Desidroalogenação A desidroalogenação ocorre quando há reação de um haloalcano em presença de base forte. E irá gerar, no mínimo, três tipos de produtos. Alceno(s), hidrogênio com a base que abstraiu-o, e o íon halogênio. Os químicos, geralmente, chamam o átomo de carbono que contém o grupo abandonador (halogênio) de carbono alfa (α). E qualquer átomo de carbono adjacente ou vizinho, de beta (β). E são frequentemente denominadas de eliminação 1,2. 3 H C C H H H H X Desidroalogenação Em um mecanismo E2, uma base remove um hidrogênio beta (β) do carbono beta, para formação de uma ligação dupla (carbono-carbono) e saída do íon halogênio. Mecanismo: 4 CH2 C CH3 CH3 BrH CH2 CH3 CH3 - OH+ + O HH + Br - CH2 C CH3 CH3 BrH CH2 CH3 CH3 + O HH + Br - - OH .. Um próton é removido O Br - é eliminado Desidroalogenação Representação do mecanismo por orbitais: 5 Desidroalogenação Simulação da reação de Eliminação Bimolecular (E2) 6 7 a ligação B-H é formada a ligação C-C é formada a ligação C-H é quebrada a ligação C-X é quebrada e n e r g i a p o t e n c i a l coordenação da reação estado de transição reagentes par de elétrons livres da base ligação sígma Csp3-H1s ligação sígma Csp3-Xsp3 par de elétrons livres do íon halogênio (X-) ligação Cp-Cp ligação sígma B-H produtos Como mostrado no slide anterior, a reação E2 ocorre em uma única etapa, isto é, em uma etapa concertada. O que nos diz que quando ocorre a abstração do hidrogênio do haloalcano (Hβ), há também, formação de uma ligação dupla (carbonoβ-carbonoα), e por conseguinte, essa formação da ligação dupla entre carbonos forçará a saída do íon halogênio. Todas essas quebras e formações de ligações químicas é concertada. Desidroalogenação 8 Como favorecer um mecanismo E2 o Haleto de alquila secundário ou terciário; o Pois com impedimento estérico no substrato inibirá a substituição o Caso o haloalcano seja primário, utilize uma base volumosa; o Para evitar a reação de substituição o Utilize uma elevada concentração de uma base forte não polarizável tal como um alcóxido; o Porque uma base fraca e polarizável não conduzirá a reação através de uma reação bimolecular, consequentemente permitindo a ocorrência competitiva de processos unimoleculares, como Sn1 e E1 o Etóxido de sódio em etanol (EtONa/EtOH) e terc-butóxido de potássio em álcool terc-butílico (t-BuOK/t-BuOH); o São exemplos de bases fortes não polarizáveis. 9 CH3 CH2 O - íon etóxido CH3 C O - CH3 CH3 íon terc-butóxido Como favorecer um mecanismo E2 o Utilize uma temperatura elevada porque o calor geralmente favorece a eliminação no lugar da substituição; o Porque as reações de eliminação são antropicamente favorecidas em relação as de substituição (visto que existe um maior número de produtos do que de reagentes). Por isso, ∆S° na equação de energia livre de Gibbs, ∆G°= ∆H°-T. ∆S°, é significativo, e T. ∆Sº aumentará em temperaturas mais elevadas uma vez que T é um coeficiente, levando a um valor mais negativo (mais favorável) de ∆G°. 10 H C C H H H H X + B- .. Desidroalogenação H B + CH2 CH2 + X - 11 Como favorecer um mecanismo E2 Tabela 1 - Resumo da reatividade de haloalcanos em reações de eliminação Haloalcano primário Somente E2 Haloalcano secundário E1 e E2 Haloalcano terciário E1 e E2 Tabela 2 - Reatividades relativas dos haloalcanos Em uma reação Sn2: 1º > 2º > 3º Em uma reação Sn1: 3º > 2º > 1º Em uma reação E2: 3º > 2º > 1º Em uma reação Sn2: 3º > 2º > 1º 12 Tabela 3 - Resumo de produtos esperados em reações de Substituição e Eliminação Classe de haloalcano SN2 versus E2 SN1 versus E1 Haloalcano primário Substituição será preferencial; a menos que haja impedimento estérico no haloalcano ou no nucleófilo, favorecendo a eliminação Não ocorrerá as reações SN1/E1 Haloalcano secundário Substituição e eliminação; a base forte e volumosa favorecerá uma maior porcentagem de eliminação Substituição e eliminação Haloalcano terciário Somente eliminação Substituição e eliminação Como favorecer um mecanismo E2 Regra de Zaitsev A regra de Zaitsev refere-se a formação de alcenos mais substituídos, isto é, onde há um maior número de grupos alquilas ligado ao carbono alfa (átomo de carbono que contém o grupo abandonador ou halogênio). Que pode ser favorecida utilizando uma base pequena. E esse assunto tem uma certa importância, devido a reação de desidroalogenação poder produzir mais de um produto (alcenos). Onde tem-se como objetivo ao estudar essa regra, conhecer como pode-se obter o alceno majoritário em uma reação e o porquê dessa tendência. 13 Como exemplo, veremos a reação entre o 2-bromobutano e o íon metóxido via Eliminação Bimolecular (E2): Perceba que há dois carbonos betas (β), que possibilita gerar três alcenos distintos. Porém, duas possibilidades de eliminação para formação de ligação dupla (carbono-carbono). Podendo-se, então, formar no carbono primário (menos substituído), o 1-buteno; e formar no carbono secundário, (mais substituído), o 2-buteno (E e Z). E qual será o majoritário? porquê? Regra de Zaitsev 14 CH3 CHCH2CH3 Br Carbonos + H3C O - CH3OH CH2 CHCH2CH3CH3 CH CHCH3 + H3C OH+ + Br - 2-bromobutano 2-buteno 1-buteno 80% (mistura de E e Z) 20% Entre o monossubstituído (1-buteno), e o dissubstituído (2-buteno), o produto 2-buteno assemelha-se a um alceno mais estável e será majoritário, segundo o postulado de Hammond-Leffler. Que diz que “a estrutura de um estado de transição assemelha-se à espécie estável que tem energia livre (∆G°) mais próxima à dele”, como ilustrado no slide seguinte. Formando, assim, o E-2-buteno ou Z-2-buteno, por assemelhar-se a um alceno mais estável. Regra de Zaitsev 15 estado de transição para formação do 2-buteno mais estável estado de transição para formação do 1-buteno menos estável Regra de Zaitsev 16 O slide anterior mostra um diagrama de energia comprovando que o produto majoritário é o 2-buteno (∆G‡(1)) e não o 1-buteno (∆G‡2). Pois contém a energia livre mais baixa, ∆G‡(1) < ∆G ‡ 2. E corresponde ao postulado Hammond- Leffler. A energia livre de ativação para a reação do 2-buteno (∆G‡(1)) é menore o 2-buteno é formado mais rapidamente (linha azul). Explicando, assim, porque é o produto principal. Devido a velocidade de formação ser mais rápida (chamada de controle cinético da formação do produto). Bem como, termodinâmico, também. Devido ao produto de formação do 2-buteno está em mais baixa energia que o 1- buteno, como produto final. Regra de Zaitsev 17 Mas qual é a razão para que isto seja verdade? A explicação de que isto é verdade, é que há uma relação entre a estabilidade dos alcenos com a estabilidade dos carbocátions. Em que os carbocátions mais substituídos são os mais estáveis, como mostrado abaixo: Regra de Zaitsev 18 carbocátion terciário carbocátion secundário carbocátion primário carbocátion metila mais estável menos estável Regra de Zaitsev 19 O slide anterior nos mostra que o orbital pí antiligante vazio (π*), do alceno pode interagir como os carbocátions, estabilizando- se por indução. Esse orbital vazio pí antiligante (π*), irá interagir com o orbital paralelo, sigma (sp3) ocupado do C-H ou C-C, como ilustra na figura do slide anterior, estabilizando o alceno. Assim, quanto mais C-H ou C-C tiver vizinhos aos átomos que estão fazendo ligação pí, mais estável será o alceno, pois essa interação entre orbitais pí antiligantes vazios com orbitais sp3 ocupados, diminui a energia livre (∆G‡) no estado de transição, favorecendo a formação do produto mais substituído. Esse fator, também serve para explicar a melhor estabilidade do carbocátion após uma adição nucleofílica no alceno, pois o alceno mais substituído formará um carbocátion mais estável. O que poderá servir para favorecer a determinadas reações para formação de certos alcanos e eliminar a possibilidade de gerar outros produtos. Regra de Zaitsev 20 Em uma reação entre uma base pequena (metóxido) e o fluoro-alcano, será uma exceção à regra de Zaitsev e formará majoritariamente um alceno menos substituído. O contrário do que ocorre com o cloro,bromo ou iodo- alcano. Analise a reação abaixo: Regra de Zaitsev 21 CH3 CHCH2CH2CH3 F CH2 CHCH2CH2CH3CH3 CH CHCH2CH3+ H3C O - + H3C OH+ + F - CH3OH Carbonos 2-fluoropentano 2-penteno 1-penteneno 30% (mistura de E e Z) 70% Isso ocorre devido o flúor ser um péssimo grupo abandonador. E na abstração do próton, no haloalcano, permanecerá um acúmulo de carga negativa no carbono (carbânion) no estado de transição, antes da saída do íon fluoreto (Tabela 4). E mudará o modo de analisar a estabilidade do composto. Pois, agora, trata-se de estabilidade de carbânion no estado de transição do haloalcano, e não de estabilização do orbital vazio pí antiligante por indução. Perceba, no slide seguinte, que o carbânion mais estável é o menos substituído. Por isso, ocorre a formação do alceno menos substituído quando há uma reação entre o fluoro-alcano e o íon metóxido. Regra de Zaitsev 22 Regra de Zaitsev 23 carbânion terciário carbânion secundário carbânion primário carbânion metila mais estávelmenos estável mais estável estado de transição para formação do 1-penteno estado de transição para formação do 2-penteno menos estável Tabela 4 - produtos obtidos da reação E2 partindo do CH3O - Produto mais substituído Produto menos substituído Grupo abandonador Ácido conjugado pKa X = I HI -10 81% 19% X = Br HBr -9 72% 28% X = Cl HCl -7 67% 33% X = F HF 3.2 30% 70% Regra de Zaitsev Tabela referente ao slide 21. Mostrando a diferença que ocorre com o fluoro-alcano, na reação de desidroalogenação, em relação os outros haloalcanos (cloro, bromo e iodo). 24 CH3 CHCH2CH2CH3 X CH2 CHCH2CH2CH3CH3 CH CHCH2CH3+ H3C O - + 2-penteno 1-penteneno (mistura de E e Z) Regra de Hofmann A regra de Hofmann trata da reação de desidroalogenação efetuada com uma base volumosa como o terc-butóxido de potássio (t-BuOK) em álcool terc-butílico (t- BuOH) favorecem a formação do alqueno menos substituído. Isso ocorre devido ao grande íon terc-butílico ter dificuldade em remover um dos átomos de hidrogênio internos (do carbono secundário) por causa do maior impedimento naquele local. 25 CH3CH3 C CH2 CH3 Br CH3 C O - CH3 CH3 íon terc-butóxido + 2-bromo-2-metilbutano (CH3)3COH CH3CH2 C CH2 CH3 CH3CH3 C CH CH3 + 2-metil-1-buteno 2-metil-2-buteno + Br - 72% 28% base volumosa hidrogênio impedido estericamente Ilustração do impedimento estérico que dificulta a abstração dos hidrogênios mais internos Regra de Hofmann 26 C C X C H H H H H H H B -.. C C X C C H H H H H H C H H H H H B -.. A tabela seguinte, mostra em porcentagem, qual alceno será majoritário (menos ou mais substituído) a medida que se altera a base (alcóxido) para menos ou mais substituída, também. Regra de Hofmann 27 28 Tabela 5 - efeito das propriedades estéricas nos produtos dissubstituídos na reação E2 Base Produto mais substituído Produto menos substituído 79% 21% 27% 73% 19% 81% 8% 92% CH3 CH2O - CH3 Br CH3 CH3 CH CCH3 CH3 CH3 CH3 C CCH3 CH3 CH3 CH3 CH C CH2++ O - R 2-bromo-2,3-dimetil-butano 2,3-dimetil-2-buteno 2,3-dimetil-1-buteno CH3 CH3 C O - CH3 CH3 CH3 CH3 C O - CH2 CH3 CH3 CH3 CH2 C O - CH2 Estereoquímica Em uma reação via E2 envolve a remoção de um próton do carbono beta, de hibridização sp3 e formação de uma ligação pí com o carbono adjacente (paralelo) ao carbono beta, também de hibridização sp3, expulsando o íon halogênio. E há duas possibilidades de se obter átomos adjacentes (H-C e X-C) em paralelo, para haver formação da ligação pí (figura abaixo). Podendo está de forma eclipsada (mesmo plano) ou anti (totalmente opostos), como mostra o slide seguinte. 29 Pz e Px Pz e Py sobreposição efetiva dos osbitais P Estereoquímica 30 os substituintes estão sin-periplanar um confômero eclipsado os substituintes estão anti-periplanar um confômero alternado eliminação antieliminação sin Isso pode gerar duas formas de alceno (E ou Z). E como as estruturas possuem mesma fórmula molecular, chamamos, então, de isômeros (iso=mesmo; meros=formula molecular). Assim, denominamos a reação de Eliminação Bimolecular de estereoseletiva, pois há uma preferência na formação de um isômero em relação ao outro, em questão de estabilidade. Onde, forma-se majoritariamente os de isomeria TRANS ou E (entgegen, que significa opostos), a partida da estrutura periplanar, devido os grupos de maior volume estarem totalmente opostos, evitando a repulsão estérica. Produzindo, assim, o isômero Z (zuzammen, que significa juntos) ou CIS em menor quantidade. Estereoquímica 31 CH3CH2 CH3 C C H H (E)-2-penteno 41% CH3CH2CH3 C C H H (Z)-2-penteno 14% O mecanismo de Eliminação Bimolecular (E2) também é regiosseletivo. O que nos diz que tem preferência na formação de um composto de maior estabilidade que o outro. Como no caso do mecanismo abaixo, para formação do 2-penteno em maior porcentagem que o 1-penteno: Estereoquímica 32 CH3 CHCH2CH2CH3 Br CH2 CHCH2CH2CH3CH3 CH CHCH2CH3 + Carbonos 2-bromoopentano 2-penteno 1-penteneno produto majoritário(mistura de E e Z) produto minoritário CH3CH2O - CH3CH2OH A figura ao lado mostra que a formação do isômero E é de maior preferência. Isso é explicado pela diferença de energia livre (∆G‡), representado no diagrama abaixo. Pois o isômero E tem uma menor energia livre que o de isomeria Z. 33 (Z)-2-penteno menos estável (E)-2-penteno mais estável Eliminação em compostos cíclicos Para formação de alcenos cíclicos, também se aplica a ideia de obter os orbitais dos carbonos adjacentes em paralelos para haver a reação, como no caso abaixo: α β 34 C sp3 - H 1s ligação sígma C sp3 - X sp3 ligação sígma mais estável menos estável não há reação O slide anterior mostra que não há reação no caso em que o bromo está na posição equatorial. Mas há reação quando ocorre a interconversão do anel e o bromo passa a ficar na posição axial. Havendo, então, orbitais paralelos para formação da ligação pí. Eliminação em compostos cíclicos 35 Mecanismo: Eliminação em compostos cíclicos 36 Referências o Organic Chemistry, Paula Yurkanis Bruice, 4th edition; o Organic Chemistry, J Clayden; o Organic Chemistry, Francis A. Carey, 4th edition; o Química Orgânica, T.w. Graham Solomons, Vol. 1, 10ª Edição. 37
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