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Resumo de Direito de Família AV1 e AV2

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Resumo elaborado por: Graziele Carmo – E-mail de contato: grazzielecarmo@gmail.com 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial deste resumo, por qualquer meio ou processo. 
Atualizado em: 26/09/2017 15:15 
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1. Introdução ao Direito de Família 
1.1. Noção de Direito de Família 
 O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de 
modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência, 
mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável. 
 Constitui o ramo do direito civil que disciplina as relações entre pessoas unidas pelo matrimônio, pela união 
estável ou pelo parentesco, bem como os institutos complementares da tutela e curatela, visto que, embora tais 
institutos de caráter protetivo ou assistencial não advenham de relações familiares, têm, em razão de sua finalidade, 
nítida conexão com aquele 
 
1.2. Conceito de Direito de Família 
 Relação interpessoal desprovida de pessoalidade, constituída por pessoas e se vinculam umas às outras por laços 
de consanguinidade, afinidade e afetividade. 
 
� Conceito amplo de família: Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de 
sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela 
adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins. 
 
� Conceito estrito de família: Núcleo restrito, formado por genitores (ou por um deles) e sua prole (embora não 
seja essencial a caracterização de família), apresentando certa unidade de relações jurídicas e de interesses. 
 
1.3. Fontes do Direito de Família 
Fontes históricas: Direito Romano, Direito Canônico e Direito português. 
Fontes formais: Código Civil de 1916, Código Civil de 2002, legislação ordinária e CR/88. 
 
1.4. Estrutura e objeto do Direito de Família 
 Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora regulam as relações pessoais 
entre os cônjuges, ou entre os ascendentes e os descendentes ou entre parentes fora da linha reta; ora disciplinam as 
relações patrimoniais que se desenvolvem no seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, 
entre pais e filhos, entre tutor e pupilo; ora finalmente assumem a direção das relações assistenciais, e novamente 
têm em vista os cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do tutor, o interdito diante do seu 
curador. Relações pessoais, patrimoniais e assistenciais são, portanto, os três setores em que o direito de família 
atua. 
 
1.5. Localização da matéria no Cód. Civil 
 O Código Civil de 2002 destina o Livro IV da Parte Especial ao direito de família. Trata, em primeiro lugar, 
sob o título “Do direito pessoal”, das regras sobre o casamento, sua celebração, validade e causas de dissolução, 
bem como da proteção da pessoa dos filhos. Em seguida, dispõe sobre as relações de parentesco, enfatizando a 
igualdade plena entre os filhos consolidada pela Constituição Federal de 1988. 
 
 No segundo título (“Do direito patrimonial”), cuida do direito patrimonial decorrente do casamento, dando 
ênfase ao regime de bens e aos alimentos entre parentes, cônjuges e conviventes. Disciplina, também, o usufruto e a 
administração dos bens de filhos menores, bem como o bem de família, que foi deslocado da Parte Geral, Livro II, 
concernente aos bens, onde se situava no Código de 1916. 
 O Título III é dedicado à união estável e seus efeitos, como inovação e consequência de seu reconhecimento 
como entidade familiar pela Constituição Federal (art. 226, § 3º). Em cinco artigos o novo diploma incorporou os 
princípios básicos das Leis n. 8.971/94 e 9.278/96, que agora têm caráter subsidiário. Trata, nesses dispositivos, dos 
aspectos pessoais e patrimoniais, deixando para o direito das sucessões o efeito patrimonial sucessório. Em face da 
equiparação do referido instituto ao casamento, aplicam-se-lhe os mesmos princípios e normas atinentes a 
alimentos entre cônjuges. 
 Por fim, no Título IV, o Código de 2002 normatiza os institutos protetivos da tutela e da curatela. A ausência, 
que neste último diploma situava-se no livro “Do direito de família”, foi, todavia, deslocada para a Parte Geral do 
novo, onde encontra sua sede natural. 
 
1.6. Direito pessoal e patrimonial 
 
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 Podem os direitos de família, todavia, ter um conteúdo patrimonial, ora assemelhando-se às obrigações, como 
nos alimentos (CC, art. 1.694), ora tendo o tipo dos direitos reais, como no usufruto dos bens dos filhos (art. 1.689). 
Na realidade, tal acontece apenas indiretamente, como nos exemplos citados e ainda no tocante ao regime de bens 
entre cônjuges ou conviventes e à administração dos bens dos incapazes, em que apenas aparentemente assumem a 
fisionomia de direito real ou obrigacional. 
 
1.7. Os princípios de Direito de Família 
a) Princípio da proteção Dignidade da Pessoa Humana - art. 1.º, III, CR 
 Prevê o art. 1.º, III, da CF/1988, que o Estado Democrático de Direito brasileiro tem como fundamento a 
dignidade da pessoa humana. 
 Ora, não há ramo do Direito Privado em que a dignidade da pessoa humana tem maior ingerência ou atuação do 
que o Direito de Família. Por certo que é difícil a conceituação exata do que seja o princípio da dignidade da pessoa 
humana, por tratar-se de uma cláusula geral, de um conceito legal indeterminado, com variantes de interpretações. 
 
b) Princípio da Solidariedade Familiar - art. 3.º, I, da CR 
 A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil pelo art. 
3.º, I, da CF/1988, no sentido de construir uma sociedade livre, justa e solidária. Por razões óbvias, esse princípio 
acaba repercutindo nas relações familiares, eis que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos pessoais. 
 Ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à ideia de solidariedade do direito das obrigações. 
Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade familiar deve ser tida em sentido 
amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e sexual. 
 No que concerne à solidariedade patrimonial, essa foi incrementada pelo CC/2002. Isso porque mesmo o 
cônjuge culpado pelo fim do relacionamento pode pleitear os alimentos necessários – indispensáveis à 
sobrevivência –, do cônjuge inocente (art. 1.694, § 2.º, do CC). Isso, desde que o cônjuge culpado não tenha 
condições para o trabalho, nem parentes em condições de prestar os alimentos (art. 1.704, parágrafo único, do CC). 
 
c) Princípio da Igualdade entre cônjuges e companheiros - art. 226, § 5º, CR e art. 1.511, CC 
 Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
 Diante do reconhecimento dessa igualdade, como exemplo prático, o marido ou companheiro pode pleitear 
alimentos da mulher ou companheira, ou mesmo vice-versa. Além disso, um pode utilizar o nome do outro 
livremente, conforme convenção das partes (art. 1.565, § 1.º, do CC). 
 
� Extinção (pelo menos legal) do sistema Patriarcal 
 Como outra decorrência do princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, surge a igualdade na chefia 
familiar, que pode ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um regime democrático de colaboração, 
podendo inclusive os filhos opinar (conceito de família democrática). Substitui-se uma hierarquia por uma 
diarquia. Utiliza-se a expressão despatriarcalizaçãodo Direito de Família, eis que a figura paterna não exerce o 
poder de dominação do passado. O regime é de companheirismo, não de hierarquia, desaparecendo a ditatorial 
figura do pai de família (paterfamilias), não podendo sequer se utilizar a expressão pátrio poder, substituída por 
poder familiar. 
 
� Alimentos entre cônjuges: Excepcionalidade; 
 Os alimentos prestados a ex-cônjuge que tenha plena capacidade para o trabalho se enquadra na condição de 
alimentos temporários, fixado em tempo razoável para superar o desemprego ou o subemprego. 
 
� Deveres recíprocos – Art. 1566, CC 
a) Fidelidade recíproca; 
b) Vida em comum, no domicílio conjugal; 
c) Mútua assistência; 
d) Respeito e consideração mútuos. 
 
� Adoção de sobrenome – Art. 1565, § 1º, CC 
Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
 
� Direitos e deveres paritários: Mãe-Pai – Art. 1631 e Art. 1690, CC 
 
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 Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, 
o outro o exercerá com exclusividade. 
 Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de dezesseis 
anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados. 
 
� Inexistência de preferência sobre guarda de filhos – Art. 1583 e 1584, CC, 
 
d) Princípio da igualdade jurídica entre os filhos - art. 227, § 6º, CR e art. 1596, CC 
 Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, 
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
 
e) Princípio do maior interesse da criança e do adolescente - art. 227, caput, da CR e arts. 1.583 e 1.584 do 
CC 
 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
f) Princípio da paternidade responsável e do planejamento familiar - art. 226, § 7º, CR e art. 1.565, CC 
 O planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável. Essa responsabilidade é de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros. A Lei n. 
9.253/96 regulamentou o assunto, especialmente no tocante à responsabilidade do Poder Público. O CC, no art. 
1.565, traçou algumas diretrizes, proclamando que “o planejamento familiar é de livre decisão do casal” e que é 
“vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições públicas e privadas”. 
 
g) Princípio da não intervenção ou da liberdade - art. 1.513 do CC 
 Dispõe o art. 1.513 do Código Civil Brasileiro que: “É defeso a qualquer pessoa de direito público ou direito 
privado interferir na comunhão de vida instituída pela família”. Trata-se de consagração do princípio da liberdade 
ou da não intervenção na ótica do Direito de Família. O princípio é reforçado pelo art. 1.565, § 2.º, da mesma 
codificação, pelo qual o planejamento familiar é de livre decisão do casal, sendo vedada qualquer forma de coerção 
por parte de instituições privadas ou públicas em relação a esse direito. 
� Incentivo ao controle de natalidade pelo estado 
� Incentivo ao planejamento familiar 
 
h) Princípio da Afetividade - art. 1.511 
Comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou conviventes. 
 
i) Princípio da monogamia (Art. 1521, VI, CC) 
� Dever de fidelidade recíproca? 
� Obs¹ Crime de bigamia: Art. 235, CP 
� Obs² Regra moral: Triunfo da propriedade privada 
� Poliamor: Escritura pública 
Só não pode casar. Cada um faz o que quiser da sua vida. 
 
j) Princípio da função social da família - art. 226, caput, da CR 
 A função da família em última análise, é a realização de nosso anseios e pretensões. 
 
k) Princípio da proibição do retrocesso social 
 Direitos sociais garantidos pelo estado. São direitos subjetivos e servem como obstáculo para o retrocesso social. 
 
l) Princípio da pluralidade de entidades familiares 
� Formas de família: 
Família Matrimonial: Decorre do casamento civil validamente contraído. 
Família monoparental: Estabelecida entre um dos genitores e sua prole. 
Família informal: Decorre da constituição da união estável. 
 
 
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1.8. A família na Constituição da República de 1988 e espécies de famílias no ordenamento jurídico 
 A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo próprio que trata da família, da criança, do adolescente e do 
idoso (Capítulo VII, do Título VIII – Da Ordem Social). Interpretando-se um dos dispositivos constantes desse 
capítulo, o art. 226 do Texto Maior, pode-se dizer que a família é decorrente dos seguintes institutos: 
a) Casamento civil, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o casamento religioso, nos termos da lei 
(art. 226, §§ 1.º e 2.º). 
b) União estável entre homem e mulher, devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento (art. 226, § 3.º). 
c) Família monoparental, comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4.º). 
 Tem prevalecido, na doutrina e na jurisprudência, o entendimento pelo qual o rol constitucional familiar é 
exemplificativo (numerus apertus) e não taxativo (numerus clausus). Assim sendo, são admitidas outras 
manifestações familiares, caso das categorias a seguir: 
d) Família anaparental, expressão criada por Sérgio Resende de Barros, que quer dizer família sem pais. 
Ilustrando a aplicação do conceito, o STJ entendeu que o imóvel em que residem duas irmãs solteiras constitui 
bem de família, pelo fato delas formarem uma família. 
e) Família homoafetiva, constituída por pessoas do mesmo sexo, tendo sido a expressão união homoafetiva 
criada e difundida por Maria Berenice Dias. Como é notório, decisão histórica do Supremo Tribunal Federal, 
do dia 5 de maio de 2011, reconheceu por unanimidade a união homoafetiva como entidade familiar, o que 
representou uma grande revolução no sistema jurídico nacional. A decisão compara a união homoafetiva à 
união estável, para todos os fins jurídicos, tendo efeito vinculante e erga omnes. 
f) Família mosaico ou pluriparental, aquela decorrente de vários casamentos, uniões estáveis ou mesmo 
simples relacionamentos afetivos de seus membros. Utiliza-se o símbolo do mosaico, diante de suas várias 
cores, que representam as várias origens. 
 
2. Relações de parentesco 
2.1. Conceito 
 O parentesco pode ser conceituado como sendo o vínculo jurídico estabelecido entre pessoas que têm mesma 
origem biológica (mesmo tronco comum); entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro; e entre as 
pessoas que têm entre si um vínculo civil. 
 
2.2. Espécies 
a) Parentesco por afinidade 
 Existente entre um cônjuge e ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro. Deve ser 
atentado o fato de que marido e mulher e companheiros – inclusive homoafetivos –, não são parentes entre si, 
havendo outro tipo de vínculo, decorrente da conjugalidade ou da convivência. Como novidade, o CC/2002 
reconhece o parentesco de afinidade decorrente da união estável (art. 1.595 do CC).O parentesco por afinidade 
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (art. 1.595, § 1.º). Desse 
modo, há parentesco por afinidade na linha reta ascendente em relação ao sogro, à sogra e seus ascendentes até o 
infinito. Na linha reta descendente, em relação ao enteado e à enteada e assim sucessivamente até o infinito. Na 
linha colateral, entre cunhados. Na linha reta, até o infinito, a afinidade não se extingue com a dissolução do 
casamento ou da união estável, havendo um vínculo perpétuo (art. 1.595, § 2.º, do CC). Nessas últimas relações há 
impedimento matrimonial, como visto (art. 1.521, II, do CC). 
 
b) Parentesco Biológicos, consanguíneos ou naturais 
 Aquele existente entre pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico ou de sangue, por terem origem no 
mesmo tronco comum. 
 
c) Parentesco Civil ou socioafetivo - art. 1.593, CC. 
 Aquele decorrente de outra origem, que não seja a consanguinidade ou a afinidade, conforme consta do art. 
1.593 do CC. 
Ex. Adoção, inseminação artificial heteróloga. 
 
2.3. Linhas e graus 
2.3.1. Parentes consanguíneos 
 De início, destaque-se que o parentesco consanguíneo pode ser na linha reta ou na linha colateral (ou 
transversal). 
 
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a) Parentes consanguíneos em linha reta – Art. 1.591, CC 
 Enuncia o art. 1.591 do CC que “são parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na 
relação de ascendentes e descendentes. ” O parentesco na linha reta é contado de forma bem simples, na medida em 
que se sobe (linha reta ascendente) ou se desce (linha reta descendente) na escada parental, tem-se um grau de 
parentesco (art. 1.594 do CC: “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações” 
Infinito/Ilimitada). 
 
b) Parentes consanguíneos em linha colateral – Art. 1592, CC 
 
 O parentesco também é contado pelo número de gerações entre os parentes, mas é necessário subir até o 
ascendente comum e depois descer até o outro parente para se identificar o grau de parentesco. 
 Preconiza o art. 1.592 do CC que: “São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas 
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra”. A inovação desse dispositivo está na redução do 
limite do parentesco colateral que pelo CC/1916 era de sexto grau (art. 331). Pode ser feita a crítica de que o atual 
Código Civil restringiu as relações familiares, quando a tendência é justamente a oposta. 
 Para a devida contagem, enuncia a segunda parte do art. 1.594 do CC que se conta o número de graus de acordo 
com o número de gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo até encontrar o outro 
parente. Atente-se que a premissa fundamental é a seguinte: deve-se subir ao máximo, até o parente comum, para 
 
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depois descer e encontrar o parente procurado. Em complemento, o parentesco colateral pode ser igual ou 
desigual. Será igual se a medida da subida for igual a da descida; será desigual em caso contrário. 
 O mínimo parentesco colateral é de segundo grau, diante da regra de subir ao máximo, até o tronco comum, para 
depois descer e encontrar o outro parente. Em suma, não há, portanto, parentesco colateral de primeiro grau. 
 
2.3.2. Parentes por afinidade em linha reta e colateral 
 Constitui-se com o casamento ou união estável e vincula o cônjuge ou o companheiro aos parentes do outro. 
 
 
 
3. Casamento 
3.1. Conceito 
 O casamento pode ser conceituado como vínculo jurídico entre duas pessoas, que visa o auxílio mútuo e 
espiritual, de modo que haja uma integração físico-psíquica e a constituição de uma família baseado em um vínculo 
de afeto. 
 
3.2. Natureza jurídica 
a) Contratualista (concepção clássica) 
 O casamento é um contrato de natureza especial, e com regras próprias de formação, corrente encabeçada por 
Silvio Rodrigues. 
 
b) Institucionalista (ou supra –individualista) 
 O casamento é uma instituição, tese sustentada, entre outros, por Maria Helena Diniz e Rubens Limongi França. 
Há nessa corrente uma forte carga moral e religiosa. 
 
c) Híbrida, eclética ou mista (Majoritária) 
 O casamento é uma instituição quanto ao conteúdo e um contrato especial quanto à formação. Seria um ato 
complexo e, portanto, contrato “sui generis. Essa visão é seguida por doutrinadores como Eduardo de Oliveira 
Leite, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Flávio Augusto Monteiro de Barros e Roberto Senise Lisboa. 
 
3.3. Princípios do casamento 
a) Princípio da Monogamia – Art. 1.521, VI, CC 
 Não podem casar as pessoas casadas; o que constitui um impedimento matrimonial a gerar a nulidade absoluta 
do casamento (art. 1.548, II, do CC). 
 
b) Princípio da Liberdade da União - Art. 1.513, CC 
 
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 Princípio da liberdade de escolha, como exercício da autonomia privada – salvo os impedimentos 
matrimoniais, há livre escolha da pessoa do outro cônjuge como manifestação da liberdade individual. As pessoas 
podem se divorciar quando quiserem. 
 
c) Comunhão de vida ou comunhão indivisa – Art. 1.511, CC 
 Princípio da comunhão plena de vida, regido pela igualdade entre os cônjuges – segundo o qual “o casamento 
estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. Tal regramento 
pode ainda ser retirado do art. 1.565 do CC, ao enunciar que “pelo casamento, homem e mulher assumem 
mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”. 
 
3.4. Finalidades 
 São múltiplas as finalidades do casamento e variam conforme a visão filosófica, sociológica, jurídica ou 
religiosa como são encaradas. Segundo a concepção canônica, o fim principal do matrimônio consiste na 
procriação e educação da prole; e o secundário, na mútua assistência e satisfação sexual. 
 Segundo a consciência religiosa, não resta dúvida ser a affectio maritalis, ou o amor que une um homem e uma 
mulher, no qual se converte a atração sexual inicial, e a pretensão a um direcionamento comum na vida, os motivos 
ou finalidades principais do casamento. 
 Sem dúvida, a principal finalidade do casamento é estabelecer uma comunhão plena de vida, como prevê o 
art. 1.511 do Código Civil de 2002, impulsionada pelo amor e afeição existente entre o casal e baseada na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência. 
 O que define a família, “é uma espécie de afeto que, enquanto existe, conjuga intimamente duas ou mais pessoas 
para uma vida em comum. É o afeto que define a entidade familiar. Mas não um afeto qualquer. Se fosse qualquer 
afeto, uma simples amizade seria família, ainda que sem convívio. O conceito de família seria estendido com 
inadmissível elasticidade”. 
 Na realidade, “o que identifica a família é um afeto especial, com o qual se constitui a diferença específica 
que define a entidade familiar. É o sentimento entre duas ou mais pessoas que se afeiçoam pelo convívio diuturno, 
em virtude de uma origem comum ou em razão de um destino comum, que conjuga suas vidas tão intimamente, 
que as torna cônjugesquanto aos meios e aos fins de sua afeição, até mesmo gerando efeitos patrimoniais, seja de 
patrimônio moral, seja de patrimônio econômico. Este é o afeto que define a família: é o afeto conjugal”. 
 Os demais objetivos, embora também importantes, são secundários, não essenciais, como a procriação, a 
educação dos filhos e a satisfação sexual, já citados, aliados à atribuição de nome de um dos cônjuges ao outro, e o 
de ambos aos filhos, bem como à legalização de estados de fato. 
 
3.5. Esponsais (Noivado) 
 Não se apresenta como requisito para o casamento no Direito Brasileiro, mas o arrependimento pode acarretar em 
Responsabilidade Civil. 
 
3.6. Formalidades preliminares 
3.6.1. Capacidade para o casamento – Art. 1517, CC 
 Não se pode confundir a incapacidade para o casamento com os impedimentos matrimoniais. Isso porque a 
incapacidade é geral, impedindo que a pessoa se case com qualquer um que seja. Já os impedimentos matrimoniais 
atingem determinadas pessoas, em situações específicas. Em outras palavras, os impedimentos envolvem a 
legitimação, que é a capacidade especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico. 
 O código civil igualou a capacidade para o casamento entre homem e mulher, fixando a idade núbil em 16 
anos. No entanto, autoriza no art. 1520, o casamento de quem ainda não completou a idade mínima para o 
casamento, desde que tenha sido constatada a gravidez ou que vise evitar a imposição ou cumprimento de pena 
criminal. 
 
� Menores de 18 anos: Precisam de autorização de ambos os pais ou representantes legais, que pode ser 
revogada até a celebração. art. 1518, CC 
 
� Menores de 16 anos: Além da autorização de ambos os pais, para que o casamento ocorra é necessário 
suprimento judicial. Aplica-se somente nos casos de gravidez ou que vise evitar a imposição ou 
cumprimento de pena criminal - art. 1520. 
 A prática de crime contra os costumes contra o menor ou a menor, ou o estado de gravidez, constituem as 
condições para o requerimento do suprimento judicial de idade. Todavia, a Lei n. 11.106, de 28 de março de 
 
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2005, revogou, além de outros dispositivos, o inciso VII do art. 107 do Código Penal. Em consequência, o 
casamento deixou de evitar a imposição ou o cumprimento de pena criminal, nos crimes contra os costumes de 
ação penal pública. Mesmo que o noivo tenha idade inferior a 16 anos, admite-se o suprimento de idade, dele 
somente ou de ambos, embora não esteja sujeito às penas do Código Penal. 
 Interpreta-se o art. 1.520 de modo benévolo, porque há um interesse social na realização desses casamentos. 
Assim, a expressão “pena criminal” abrange qualquer espécie de sanção de caráter criminal, ainda que prevista no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. Somente não se admite o suprimento de idade do noivo menor de 16 anos 
quando a noiva já atingiu ou ultrapassou a idade de 18 anos, se por esse motivo o fato for atípico. 
 O suprimento da idade não dispensa o consentimento dos pais. Eventual denegação deve ser analisada do ponto 
de vista do interesse do filho, tendo em vista que a possibilidade de sofrer pena privativa de liberdade não pode 
ficar na dependência da vontade paterna. Destarte, somente quando o casamento for totalmente desaconselhado, 
por causas inafastáveis, é de se admitir a validade da negativa dos pais em dar o seu consentimento. 
Suprida a idade de um dos nubentes, ou de ambos, o casamento será realizado no regime da separação de bens (CC, 
art. 1.641, III), comunicando-se, porém, os aquestos provenientes do esforço comum, a teor do estatuído na Súmula 
377 do Supremo Tribunal Federal. (Carlos Roberto Gonçalves) 
 
3.6.2. Habilitação - Art. 1525 e 1526, CC 
 É notório que o casamento é um negócio jurídico formal e solene, relacionado com um procedimento de 
habilitação prévio cheio de detalhes e solenidades. Do mesmo modo, em relação à celebração, a norma jurídica 
impõe uma série de requisitos. Vejamos, de forma pontual e detalhada. 
 De início, o art. 1.525 do CC prescreve que “o requerimento de habilitação para o casamento será firmado por 
ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, instruído com os seguintes documentos: 
� Certidão de nascimento ou documento equivalente; 
� Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; 
� Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir 
impedimento que os iniba de casar; 
� Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem 
conhecidos; 
� Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, 
transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. 
 
 Reza o art. 1.526 diz que a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a 
audiência do Ministério Público e somente no caso de impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiros, 
a habilitação será submetida ao juiz. 
 
A habilitação pode ocorrer em 2 momentos: 
� Habilitação prévia: Os nubentes realizam o procedimento de habilitação no Cartório e posteriormente há 
registro. 
 
� Habilitação posterior: A cerimônia religiosa é realizada antes da habilitação. O registro pode ser realizado 
desde que cumpre os requisitos do casamento civil. Efeitos Ex tunc. 
 
3.6.3. Casamento Civil e Religioso: Equiparação – Art. 1516, CC 
 O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, 
desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. 
 Os requisitos do casamento religioso são os mesmos do casamento civil, o que inclui registro, nos termos do art. 
1515 e 1516, CC. 
 O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de 90 dias de sua realização, mediante 
comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido 
homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova 
habilitação. O prazo é decadencial. 
 
3.6.4. Publicação dos proclamos do casamento - Extração de edital - Art. 1527, CC 
 Estando a documentação em ordem, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante 15 dias nas circunscrições 
do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver (art. 1.527 
do CC). Trata-se da publicação dos proclamas do casamento, formalidade considerada em regra como essencial, 
 
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mas que poderá ser dispensada pela autoridade competente pela homologação do casamento em casos de urgência 
(art. 1.527, parágrafo único, do CC). 
 O Edital deve ser afixado no cartório que os nubentes têm sua residência e não na cidade em que foi registrado o 
nascimento dos noivos, durante o período de 15 dias. 
 A finalidade da publicação dos proclamos do casamento é tornar pública a pretensão dos nubentes de se 
casarem, de modo que qualquer pessoa que tenha conhecimento de um impedimento ou de causa suspensiva possa 
indica-los ao oficial para decisão do juiz. Trata-se, portanto, de procedimento que consiste na apreciação de 
documentos por meio do quais se apreciam os pressupostos de existência, capacidade einexistência de 
impedimentos matrimoniais. 
 
4. Validade do casamento 
4.1. Impedimentos matrimoniais – art. 1521 
 A oposição de impedimento é a comunicação escrita feita por pessoa legitimada, antes da celebração do 
casamento, ao oficial do registro civil perante quem se processa a habilitação, ou ao juiz que preside a solenidade, 
sobre a existência de um dos empecilhos mencionados na lei. Em sentido estrito Impedimento é a 
impossibilidade de alguém se casar com determinada pessoa. Trata-se de proibição que atinge uma pessoa com 
relação a outra ou outros. 
 
a) Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; (Impedimento decorrente de 
parentesco consanguíneo) - art. 1521, I 
 Duas são as razões do impedimento: 1.º) Razão moral – evitar o incesto (relações sexuais entre pessoas da mesma 
família); 2.º) Razão biológica – evitar problemas congênitos à prole, comuns em casos tais. 
b) Os afins em linha reta (impedimento decorrente de parentesco por afinidade) - art. 1521, II 
 Nos termos do art. 1.595 do CC, há parentesco por afinidade entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes 
do outro consorte (ou convivente). O impedimento, por razão moral, existe apenas na afinidade em linha reta até o 
infinito (sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado, e assim sucessivamente). Os cunhados 
podem se casar, depois de terminado o casamento, pois são parentes afins colaterais. Destaque-se que o CC/2002 
inovou ao reconhecer a afinidade em decorrência da união estável. Anote-se ainda que o vínculo por afinidade na 
linha reta é perpétuo, sendo mantido mesmo nos casos de dissolução do casamento ou da união estável (art. 1.595, 
§ 2.º, do CC). Por isso, em tom jocoso, afirma-se que sogra é para a vida inteira. 
 
c) O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; o adotado com o 
filho do adotante (impedimentos em decorrência do parentesco civil formado pela adoção) - art. 1521, III e 
V. 
 Visa proteger a harmonia familiar e a ordem moral. Obs. Existe equiparação constitucional entre filhos. Vale a 
máxima pela qual a adoção imita a família consanguínea. 
O adotante com o ex do adotado. 
O adotado com ex do adotante. 
E o adotado com seu irmão (filho do adotante) 
 
d) Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; (Impedimento 
decorrente de parentesco consanguíneo) – art. 1521, IV 
 Não podem se casar os irmãos, que são colaterais de segundo grau, sejam bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) 
ou unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). Também não podem casar os tios e sobrinhas, tias e sobrinhos 
(colaterais de terceiro grau). Porém, segundo o entendimento majoritário, continua em vigor o Decreto-lei 
3.200/1941, que autoriza o casamento entre tios e sobrinhos se uma junta médica apontar que não há risco 
biológico (nesse sentido: Enunciado n. 98 do CJF/STJ). Esse casamento é denominado avuncular. 
 
e) As pessoas casadas (impedimento decorrente de vínculo matrimonial). art. 1521, VI 
O atual Código continua consagrando o princípio da monogamia para o casamento. Mesmo sendo tratada como 
impedimento matrimonial – e assim deve ser visualizada como categoria jurídica criada pela lei –, a hipótese parece 
ser de incapacidade matrimonial. Isso porque a pessoa casada não pode contrair matrimônio com qualquer um que 
seja. 
 
f) O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte 
(impedimento decorrente de crime). art. 1521, VII 
 
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 Tal impedimento somente nos casos de crime doloso e havendo trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Ilustrando, se o casamento ocorre no curso do processo criminal, será reputado válido, pois quando 
da celebração não havia a limitação à autonomia privada. Em reforço, incide o princípio da presunção da inocência. 
O casamento permanece válido, mesmo no caso de sentença penal transitada em julgado superveniente, ou seja, 
posterior ao matrimônio, o que demonstra a reduzida aplicação prática da previsão, que deve ser extinta, conforme 
o Estatuto das Famílias (PL 470/2013). 
 
4.1.1. Casamento Nulo - art. 1548 
 O Casamento nulo é aquele que fere razões de ordem pública. Atingido por vício essencial ou que foi 
contraído com simulação, infração à lei, ordem pública ou bons costumes. Ocorre no casamento celebrado com 
infringência a impedimento matrimonial, tais impedimentos, constam do art. 1.521 do CC (impedimentos 
decorrentes de parentesco consanguíneo, de parentesco por afinidade, de parentesco civil, de vínculo matrimonial e 
de crime). 
 Em regra, anulando-se o casamento os efeitos para as partes serão “ex tunc”. 
 A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida 
mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. 
 
4.1.2. Efeitos do impedimento matrimonial 
 Em relação aos efeitos, os impedimentos matrimoniais impossibilitam a celebração do casamento mediante 
procedimento administrativo que corre perante o Cartório de Registro das Pessoas Naturais (arts. 1.529 e 1.530 do 
CC). A sua oposição poderá ocorrer até o momento da celebração, por qualquer pessoa capaz (art. 1.522 do CC). 
Caso o oficial do registro ou qualquer juiz tenha conhecimento do impedimento, deverá reconhecê-lo de ofício (ex 
officio). Caso o casamento seja celebrado, será ele nulo de pleno direito, havendo nulidade absoluta (art. 1.548, II, 
do CC). 
 
4.2. Casamento anulável – Art. 1550 
 As causas de anulabilidade do casamento, fundamentam-se basicamente, em afronta de interesses privados. 
 
É anulável o casamento: 
a) De quem não completou a idade mínima para casar - (16 anos, tanto para homem quanto para mulher) 
 Como visto, o menor que tiver menos idade do que o limite mínimo para casar necessitará de autorização 
judicial. Eventualmente, sendo celebrado o casamento sem a referida autorização judicial, o ato será considerado 
anulável. Deve ser feito ao alerta de que o casamento não será nulo, raciocínio normalmente desenvolvido, tendo 
como parâmetro a teoria geral do negócio jurídico (art. 166, I, do CC). 
 O prazo para a ação anulatória é decadencial de 180 dias, podendo ser proposta pelo próprio menor, por seus 
representantes legais ou por seus ascendentes (art. 1.552 do CC). Sobre o início da contagem do prazo, duas são as 
regras constantes do art. 1.560, § 1.º, do CC: 
� Se a ação for proposta pelo próprio menor, devidamente representado, o prazo será contado a partir do 
momento em que completar a idade núbil (16 anos). 
� Se a ação for proposta pelo representante legal ou ascendente, o prazo será contado a partir do momento em 
que o casamento foi celebrado. 
 Eventualmente o casamento poder ser convalidado em duas hipóteses: 
1º Hipótese – não se anula o casamento, por motivo de idade, se dele resultou gravidez, não sendo necessária 
sequer a autorização do seu representante legal (art. 1.551 do CC). 
2º Hipótese – o menor poderá, depois de completar a idade núbil, confirmar o seu casamento, com a autorização de 
seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial (art. 1.553 do CC). 
 
b) Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal 
 O menor entre 16 e 18 anos não necessita de autorização judicial para se casar, mas de autorização especial de 
seus pais ou outros representantes, caso dos tutores (art. 1.517 do CC). 
 O prazo para propositura da ação anulatória é decadencial de 180 dias, com as seguintes regras de contagem (art.1.555, caput e § 1.º, do CC). 
� Se a ação for proposta pelo menor, o prazo será contado a partir do momento em que completar 18 anos. 
� Se a ação for proposta pelo representante legal, o prazo será contado a partir da celebração do casamento. 
� Sendo proposta a ação por herdeiro necessário, o prazo será contado da data do óbito do menor. 
 
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 Como hipótese de convalidação, não se anulará esse casamento quando à sua celebração tiverem assistido – no 
sentido de presenciado –, os representantes legais do menor, ou se esses representantes tiverem manifestado a sua 
aprovação (art. 1.555, § 2.º, do CC). O dispositivo está inspirado na máxima da boa-fé objetiva que veda o 
comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest). 
 
c) Por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
� Casamento celebrado havendo erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (error in persona) - art. 
1.556 
 O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro 
essencial quanto à pessoa do outro. (O erro é a falsa representação da realidade que deve referir a pessoa do outro 
cônjuge.) 
 
 Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge - Rol taxativo -Art. 1557 
i. O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento 
ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
ii. A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
iii. A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de 
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro 
cônjuge ou de sua descendência; 
 
 O prazo decadencial para a ação anulatória é de três anos, contados da celebração do casamento (art. 1.560, III, 
do CC). Essa ação somente cabe ao cônjuge que incidiu em erro, sendo uma ação personalíssima, conforme o art. 
1.559 do CC. 
 
� Casamento celebrado sob coação moral (vis compulsiva) - art. 1.558 
 A coação moral que anula o casamento tem conceito específico no art. 1.558 do CC, pelo qual é anulável o 
casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado 
mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
Ameaça grave, injusta e atual, ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para força-lo ao casamento. 
 O prazo para anular o casamento celebrado sob coação é decadencial de 4 anos, contados da sua celebração 
(art. 1.560, IV, do CC). A ação anulatória é personalíssima e somente poderá ser proposta pelo cônjuge que sofreu 
a coação. O ato poderá ser convalidado, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do vício, pelo 
tempo que o juiz entender que é razoável (art. 1.559). O dispositivo, ao prever que a coabitação sana a invalidade, 
adota a vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest). 
 
d) Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento 
 Essa previsão engloba os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, as pessoas com discernimento 
mental reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento completo (art. 4.º, II e III, do CC). Segundo o 
entendimento considerado majoritário, nessa previsão também se enquadram as pessoas que por causa transitória 
ou definitiva não puderem exprimir vontade (art. 3.º, III, do CC). 
 O prazo decadencial para a ação anulatória é de 180 dias, contados do casamento, nos termos do art. 1.560, 
caput, e § 1.º, do CC. 
 
e) Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges 
 O casamento poderá ser anulado se realizado por mandatário, ocorrendo a revogação do mandato, sem que o 
representante e o outro cônjuge tenham conhecimento da extinção do contrato. Obviamente, essa revogação 
somente surtirá efeitos se realizada antes da celebração do casamento. Em caso contrário o ato encontra-se 
aperfeiçoado, não sendo o caso de sua invalidade. 
 O prazo para a propositura da ação anulatória é decadencial de 180 dias, a contar do momento em que chegue 
ao conhecimento do mandante a realização do casamento (art. 1.560, § 2.º, do CC). Por força da lei, equipara-se à 
revogação a invalidade do mandato reconhecida judicialmente, caso da sua nulidade absoluta ou relativa (art. 
1.550, parágrafo único, do CC). A anulação do casamento cabe somente ao mandante, que detém a titularidade 
dessa ação personalíssima. O ato será convalidado se houver coabitação entre os cônjuges (art. 1.550, V, parte 
final). 
 
 
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f) Por incompetência da autoridade celebrante 
 Entende-se que a hipótese trata da incompetência relativa em relação ao local (ratione loci). Ilustrando, um juiz 
de paz de uma determinada localidade realiza o casamento em outra, fora de sua competência. 
 O prazo para a propositura da ação anulatória é decadencial de 2 anos contado da data da celebração do 
casamento (art. 1.560, II, do CC). 
 O art. 1.554 do CC trata de hipótese de convalidação de tal casamento, sanando a anulabilidade, ao enunciar 
que“Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer 
publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil”. 
 
4.3. Causas suspensivas - art. 1.523. 
 São na verdade, causas restritivas patrimoniais, ou seja, não vedam a realização do matrimônio, desatendidas as 
restrições legais, o casamento, não é nulo, nem anulável. 
 
Consequências. 
 A sanção principal é o regime da separação legal ou obrigatória de bens (art. 1.641, I, do CC). 
 
Não devem casar: 
a) Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário dos bens do casal com a 
respectiva partilha, para evitar confusão patrimonial. 
 Além da imposição do regime da separação obrigatória de bens, essa causa suspensiva gera uma segunda 
sanção, qual seja a imposição de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis dos pais que 
passarem a outras núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge falecido (art. 1.489, II, do CC). Se o filho for 
apenas do cônjuge falecido, ou seja, não for filho do viúvo ou viúva que pretende se casar novamente, não se impõe 
a causa suspensiva ao cônjuge sobrevivente, pois se trata de limitação da autonomia privada que somente pode 
decorrer de lei, não admitindo interpretação extensiva ou analogia. O mesmo ocorre se o filho for apenas daquele 
que pretende se casar. 
 
b) A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do 
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. 
 O objetivo é evitar confusões sobre a paternidade do filho que nascer nesse espaço temporal (turbatio ou 
confusio sanguinis). Com os avanços da medicina, esta causa suspensiva tende a desaparecer, pois se busca 
cientificamente a realização de um exame que demonstre a parentalidade da criança via exame de DNA, sem que 
isso ofereça riscos à prole e à sua mãe. 
 
c) O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. 
 Também visa a evitarconfusões quanto ao patrimônio. Essa previsão foi incluída no CC/2002, uma vez que o 
divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, o que abrange o divórcio extrajudicial (art. 
1.581). Anote-se que a lei exige apenas a homologação ou decisão da partilha e não a sua efetivação em si. 
 Nesse caso a possibilidade de ser dispensada a obrigatoriedade do regime de separação de bens, desde que seja 
demonstrado que não haverá prejuízo patrimonial. 
 
d) O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa 
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas 
contas. 
 A razão é moral, pois, supostamente, o tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o curatelado a erro, diante 
de uma relação de confiança, o que geraria repercussões patrimoniais. 
 
 Em todas as hipóteses, enuncia o parágrafo único do art. 1.523 que desaparece a causa suspensiva se for 
provada a ausência de prejuízo aos envolvidos. 
 A respeito da arguição das causas suspensivas, essa somente pode ser realizada por parentes em linha reta de 
um dos cônjuges, consanguíneos ou afins (pais, avós, sogros, pais dos sogros etc.) e pelos colaterais em segundo 
grau, consanguíneos ou afins (irmãos ou cunhados). Essa a regra do art. 1.524 do CC, que demonstra o interesse 
particular em relação à categoria. Como consequência, as causas suspensivas não podem ser conhecidas de ofício 
por eventual juiz ou pelo oficial do registro civil. 
 Por fim, adiante-se que desaparecendo o motivo de imposição da causa suspensiva, justifica-se a ação de 
alteração de regime de bens, a ser proposta por ambos os cônjuges (art. 1.639, § 2.º, do CC). 
 
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4.4. Casamento Putativo - art. 1561, CC 
 Do latim, putare significa crer, imaginar. Sendo assim, o casamento putativo é o casamento da imaginação. 
Trata-se do casamento que embora nulo ou anulável – nunca inexistente –, gera efeitos em relação ao cônjuge que 
esteja de boa-fé subjetiva (ignorando o motivo de nulidade ou anulação). É o casamento nulo ou anulável contraído 
de boa-fé por um ou ambos os cônjuges 
 
A categoria está tratada nos art. 1.561 do CC, com três regras fundamentais: 
1.ª Regra – Havendo boa-fé de ambos os cônjuges, o casamento gera efeitos em relação a estes e aos filhos, até o 
trânsito em julgado da sentença de nulidade ou anulação. Por isso, eventuais bens adquiridos no período devem ser 
partilhados entre os cônjuges de acordo com o regime de bens adotado. Em suma, o Direito de Família atinge 
ambos os cônjuges. Segue-se a corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a permanência de efeitos pessoais 
mesmo após a sentença. Nesse sentido, Flávio Augusto Monteiro de Barros aponta três efeitos existenciais que 
persistem: a) o direito de usar o nome; b) a emancipação; c) a pensão alimentícia. “Efeitos ex nunc”. 
 
2.ª Regra – Havendo boa-fé de apenas um dos cônjuges, o casamento somente gera efeitos para este e para os 
filhos do casal. O art. 1.564 do CC atribui culpa ao cônjuge de má-fé, sofrendo as seguintes sanções: a) perda de 
todas as vantagens havidas do cônjuge inocente, caso da necessidade de devolver bens, dependendo do regime de 
bens adotado; b) dever de cumprir as promessas feitas no contrato antenupcial, como é o caso de doações 
antenupciais. Todavia, com a entrada em vigor da Emenda do Divórcio (EC 66/2010), há quem entenda que a culpa 
foi banida do sistema de casamento, o que inclui a anulação do casamento, perdendo aplicação o dispositivo em 
comento. “Efeitos ex nunc” e “Efeitos ex tunc”. 
 
3.ª Regra – Havendo má-fé de ambos os cônjuges, o casamento somente gera efeitos para os filhos. Eventualmente, 
se bens forem adquiridos durante a união deverão ser partilhados de acordo com as regras obrigacionais que vedam 
o enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 do CC). Isso porque o Direito de Família não atinge os cônjuges. 
“Efeitos ex tunc”. 
 
5. Celebração do casamento e Provas do casamento 
5.1. Celebração do casamento 
 O casamento é cercado de um verdadeiro ritual, com significativa incidência de normas de ordem pública. 
Constitui negócio jurídico solene. As formalidades atribuem seriedade e certeza ao ato, garantem e facilitam sua 
prova e resguardam o interesse de terceiros no tocante à publicidade da sociedade conjugal. 
 
5.1.1. Assento de casamento 
 O ato solene relativo ao casamento será realizado na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, 
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes. Se as partes quiserem, e consentindo a 
autoridade celebrante, o casamento poderá ser celebrado em outro edifício, público ou particular (art. 1.534 do CC). 
No último caso, ficará o edifício particular de portas abertas durante o ato (art. 1.534, § 1.º, do CC). O número de 
testemunhas aumenta para quatro, o que igualmente se aplica se algum dos contraentes não souber ou não puder 
escrever (art. 1.534, § 2.º, do CC). 
 Estando presentes os contraentes, pessoalmente ou por procurador especial (no caso de casamento por 
procuração), juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, após ouvir dos nubentes a 
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nos seguintes 
termos: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e 
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados” (art. 1.535 do CC). 
 Após a celebração do casamento, será lavrado o assento no livro de registro (art. 1.536 do CC). 
 Em relação ao momento de aperfeiçoamento do ato, enuncia o art. 1.514 do CC que o casamento se realiza no 
momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e 
o juiz os declara casados. Como se pode notar, existem dois atos continuados que somados geram o 
aperfeiçoamento do negócio, no sentido de sua validade (manifestação dos nubentes + declaração do juiz).40 O 
registro do ato está no plano da eficácia do casamento. 
 Nos termos do art. 1.538 do CC, a celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos 
contraentes: a) recusar a solene afirmação da sua vontade; b) declarar que esta não é livre e espontânea; c) 
manifestar-se arrependido. O nubente que der causa à suspensão do ato não poderá retratar-se no mesmo dia (art. 
 
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1.538, parágrafo único, do CC). Essa regra será aplicada mesmo se a manifestação tiver sido feita em tom jocoso 
(animus jocandi) ou de brincadeira. 
 
5.1.2. Modalidade especiais de casamento 
a) Casamento por moléstia grave - (art. 1.539 do CC) 
 É o casamento que pressupões que já estejam satisfeitas as formalidades preliminares, mas devido ao 
agravamento do estado de saúde de um ou de ambos os nubentes, não é possível esperar a realização da cerimônia. 
 Se um dos nubentes estiver acometido por moléstia grave, o presidente do ato celebrará o casamento onde se 
encontrar a pessoa impedida, e sendo urgente ainda que à noite. O ato será celebrado perante duas testemunhas que 
saibam ler e escrever 
 
b) Casamento nuncupativo (em viva voz) ou in extremis vitae momentis, ou in articulo mortis (art. 1.540 do 
CC) 
 É o casamento realizado na eminencia da morte provocado por ato inesperado ao qual há possibilidade de secasar sem juiz de paz. 
 A presente situação não pode ser confundida com a anterior, apesar de próxima. Nos termos do art. 1.540 do CC, 
“Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual 
incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, 
que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau”. Como se pode notar, 
não há a presença da autoridade celebrante prevista em lei, ao contrário da modalidade prevista no art. 1.539 do 
CC. 
 Mais uma vez, consigne-se que essa forma de casamento não poderá ser utilizada com o intuito de 
enriquecimento sem causa, o que pode motivar a decretação da sua nulidade absoluta, por fraude à lei imperativa 
(art. 166, VI, do CC). Igualmente não prevalecerá se decorrer de simulação absoluta, o que de igual modo gera a 
sua nulidade (art. 167 do CC). 
 Justamente para evitar fraudes é que o art. 1.541 do CC determina que, realizado esse casamento, devem as 
testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por 
termo a declaração de: a) que foram convocadas por parte do enfermo; b) que este parecia em perigo de vida, mas 
em seu juízo; c) que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e 
mulher. Instaura-se um procedimento de jurisdição voluntária, no qual deve intervir o Ministério Público. Autuado 
o pedido e tomadas as declarações, o juiz (da autoridade judicial mais próxima) procederá às diligências 
necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados 
que o requererem, dentro em quinze dias (art. 1.541, § 1.º, do CC). 
 Verificada a idoneidade dos cônjuges para o ato, o casamento será tido como válido e assim o decidirá a 
autoridade competente, com recurso voluntário às partes (§ 2.º). Se da decisão ninguém tiver recorrido, ou se ela 
passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos 
(§ 3.º). O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da 
celebração (§ 4.º) – os efeitos são ex tunc. 
 Porém, serão dispensadas tais formalidades se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença 
da autoridade competente e do oficial do registro (§ 5.º). Isso porque a confirmação posterior afasta a necessidade 
de todas as formalidades para se verificar a idoneidade da vontade. 
 A princípio, não sendo respeitados os requisitos constantes desses dispositivos, o casamento deve ser tido como 
ineficaz, não gerando efeitos. Também é possível concluir por sua nulidade, por desrespeito à forma e às 
solenidades (art. 166, IV e V, do CC). Socorre-se à teoria geral do negócio jurídico da Parte Geral do CC/2002. 
 
c) Casamento por procuração - (art. 1.542 do CC) 
 O casamento poderá ser celebrado por procuração, desde que haja instrumento público com poderes especiais 
para tanto. A eficácia do mandato não ultrapassará 90 dias da sua celebração (art. 1.542, § 3.º). Ilustrando, se o 
marido está trabalhando no exterior, poderá outorgar poderes para que sua mãe o represente quando da celebração. 
Como se pode notar, não se exige diversidade de sexos quando da celebração, eis que o mandatário age em nome 
do mandante. 
 Eventualmente, se o mandante quiser revogar o mandato, a revogação não necessita chegar ao conhecimento do 
mandatário (art. 1.542, § 1.º, do CC). Ressalte-se que somente é possível revogar o mandato para o casamento por 
meio de instrumento público (art. 1.542, § 4.º). 
 
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 Celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação anterior, 
responderá o mandante por perdas e danos perante o eventual prejudicado, caso do outro nubente. Estão incluídas 
as despesas materiais com a celebração do casamento. 
 Por fim, no casamento in extremis, nada impede que o nubente que não esteja em iminente risco de vida seja 
representado nesse casamento nuncupativo (art. 1.542, § 2.º, do CC). 
 
5.2. Provas do casamento 
 Os arts. 1.543 a 1.547 do CC tratam da prova do casamento, havendo três tipos comprobatórios principais: 
� Prova direta – Em regra, o casamento celebrado no Brasil é provado pela certidão do seu registro (art. 1.543 do 
CC). Em relação ao casamento de brasileiro celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os 
cônsules brasileiros, este deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges 
ao Brasil. Esse registro deverá ocorrer no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1.º Ofício da 
Capital do Estado em que passarem a residir (art. 1.544 do CC). 
 
� Provas diretas complementares ou supletórias – justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível 
qualquer outra espécie de prova (art. 1.543, parágrafo único, do CC). Exemplos: documentos em que consta a 
situação de casado, tais como a cédula de identidade, o passaporte e a certidão de proclamas. 
 
� Prova indireta – fundada na posse de estado de casados, na demonstração efetiva da situação de casados. 
Conforme se extrai da doutrina de Eduardo de Oliveira Leite, três são os requisitos para a sua comprovação: 
nomen – um cônjuge utiliza o nome do outro; tractatus – as partes se tratam como se fossem casados; fama ou 
reputatio – a sociedade reconhece nas partes pessoas casadas (reconhecimento geral ou reputação social).60 O 
art. 1.545 do CC determina que o casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam 
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum. Essa regra deverá 
ser aplicada salvo se existir certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando 
contraiu o casamento impugnado. Se a prova da celebração legal do casamento resultar de eventual processo 
judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no 
que diz respeito aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento (art. 1.546 do CC) – efeitos ex tunc. 
Nessa ação vale a regra hermenêutica in dubio pro matrimonio. Assim, entre as provas favoráveis e as provas 
contrárias, deve-se julgar pela existência do casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem 
ou tiverem vivido na posse do estado de casados (art. 1.547 do CC). A máxima prestigia a família e a sua 
função social. 
 
5.3. Efeitos Jurídicos do casamento em geral 
a) Efeitos sociais 
 Os efeitos do casamento, em razão de sua relevância, projetam-se no ambiente social e irradiam as suas 
consequências por toda a sociedade. O matrimônio legaliza as relações sexuais do casal, proibindo a sua prática 
com outrem e estabelecendo o debitum conjugale. O seu principal efeito, no entanto, é a constituição da família 
legítima ou matrimonial. Ela é a base da sociedade e tem especial proteção do Estado, conforme estatui o art. 226 
da Constituição Federal, que reconhece também a união estável e a família monoparental como entidades familiares 
(§§ 3º e 4º). 
 
Legalização das relações sexuais do casal 
Constituição de família constitucionalmente protegida 
Antecipação da maioridade civil 
Estabelecimento de presunções de paternidade 
 
b) Efeitos pessoais 
 A respeito dos seus efeitos pessoais ou existenciais, de início, pelo casamento, tanto o homem quanto a mulher 
assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família (art.1.565, 
caput, do CC), constituindo-se a tão mencionada comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e 
deveres dos cônjuges” (CC, art. 1.511). Como seu primeiro efeito concreto, qualquer um dos nubentes poderá 
acrescer ao seu o sobrenome do outro (art. 1.565, § 1.º, do CC). 
 Relativamente ao planejamento familiar, este é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito (art. 1.565, § 2.º). Segundo o Enunciado n. 99 do 
 
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CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, o art. 1.565, § 2.º, também deve ser aplicado à união estável, 
diante do seu reconhecimento constitucional como entidade familiar. 
 
O art. 1.566 do CC consagra os deveres de ambos os cônjuges no casamento, a saber: 
I – Dever de fidelidade recíproca 
Havendo infidelidade, no sistema anterior, estava presente motivo para a separação sanção, fundada na culpa (art. 
1.572, caput, do CC). Com a entrada em vigor da Emenda do Divórcio (Emenda Constitucional 66/2010), a questão 
da infidelidade deve ser vista com ressalvas. Como é notório, alterou-se o art. 226, § 6.º, da Constituição Federal de 
1988, que passou a prever que “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. Não há mais menção à 
separação judicial, havendo corrente doutrinária de peso que afirma a impossibilidade de discussão da culpa para a 
dissolução do casamento. Não se filia pura e simplesmente a tal corrente, eis que a culpa, em casos excepcionais, 
pode ser discutida para a dissolução do casamento. Isso porque a fidelidade continua sendo um dever do casamento 
e não uma mera faculdade. Assim, em algumas situações de sua não mitigação, a culpa pode ser discutida em sede 
de divórcio, em especial para a atribuição da responsabilidade civil e para a fixação de alimentos. Além da 
manutenção do dever de fidelidade como regra do casamento – sendo a culpa a sua violação –, conserva-se no 
sistema um modelo dualista, com e sem culpa. O tema será aprofundado oportunamente. 
 
II – Dever de vida em comum, no domicílio conjugal, antigo dever de coabitação. 
 Este dever que inclui o débito conjugal (dever de manter relações sexuais), de acordo com a doutrina tradicional. 
Todavia, em visão contemporânea interessante, Maria Berenice Dias procura afastar a obrigatoriedade de se manter 
relação sexual, pois “essa interpretação infringe o princípio constitucional do respeito à dignidade da pessoa, o 
direito à liberdade e à privacidade, além de afrontar o direito à inviolabilidade do próprio corpo”. Em suma, o 
conceito de coabitação deve ser visualizado a partir da realidade social, de modo a admitir-se a coabitação 
fracionada, sem que haja quebra dos deveres do matrimônio. Como sustenta a própria jurista, “A vida no domicílio 
conjugal é outra imposição que não se justifica, pois compete a ambos os cônjuges determinar onde e como vão 
morar. 
 Necessário respeitar a vontade dos dois, sendo de todo descabido impor um lar comum, até porque a família pode 
ter mais de um domicílio”. Nessa realidade, é possível que cônjuges mantenham-se distantes, em lares distintos, por 
boa parte do tempo, sem que haja o rompimento do afeto, do amor existente entre eles, vínculo mais forte a manter 
a união. É possível, ainda, que os cônjuges até durmam em camas separadas, sem que isso seja motivo para a 
separação do casal. Enuncia o art. 1.569 do CC, em tom democrático, que o domicílio conjugal será escolhido por 
ambos os cônjuges. O mesmo dispositivo admite que um dos cônjuges se ausente do domicílio conjugal para 
atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes. 
 
III – Dever de mútua assistência. 
A assistência é moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. Quanto à assistência patrimonial, sempre debatida, o 
art. 1.568 do CC/2002 preconiza que cada cônjuge será obrigado a concorrer, na proporção dos seus bens e dos 
seus rendimentos, para o sustento da família e para a educação dos filhos, qualquer que seja o regime matrimonial 
adotado entre eles. A regra é geralmente utilizada para a fixação de alimentos, quando dissolvida a sociedade 
conjugal. 
 
IV – Dever de sustento, guarda e educação dos filhos. 
A previsão tem relação com a solidariedade social, retirada do art. 3.º, I, da CF/1988. Em complemento, prevê o art. 
1.567 do CC que “a direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, 
sempre no interesse do casal e dos filhos. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que 
decidirá tendo em consideração aqueles interesses. ” Assim, cabe ao Poder Judiciário, suprir a vontade de um dos 
cônjuges, sempre no interesse da família. A norma foi elaborada em um momento que se incentivava o acesso à 
Justiça. Porém, a tendência atual é de fuga do Judiciário, na linha da desjudicialização dos conflitos. Em suma, a 
última previsão perdeu sua razão de ser. 
 
V – Dever de respeito e consideração mútuos. 
Tais deveres, retirados da boa-fé objetiva, também tem aplicação ao casamento. Segundo Paulo Lôbo, tal dever 
“consulta mais a dignidade dos cônjuges, pois a lei a eles delega a responsabilidade de qualificá-los, segundo os 
valores que compartilhem, sem interferência do Estado-juiz na privacidade ou na intimidade, o que ocorre com o 
dever de fidelidade”. Como se nota, o jurista defende uma maior liberdade na análise dos deveres matrimoniais. 
 
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Encerrando o estudo dos efeitos pessoais do casamento, de acordo com o art. 1.570 do CC, eventualmente, a 
administração da sociedade conjugal e a direção da família poderão ser exercidas exclusivamente por um dos 
cônjuges, estando o outro: a) em lugar remoto ou não sabido; b) encarcerado por mais de 180 dias; e c) interditado 
judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente. 
 
c) Efeitos patrimoniais 
 O casamento gera, para os consortes, além dos efeitos pessoais, consequências e vínculos econômicos, 
consubstanciados no regime de bens, nas doações recíprocas, na obrigação de sustento de um ao outro e da prole, 
no usufruto dos bens dos filhos durante o poder familiar, no direito sucessório etc 
 
6. Regime de bens entre os cônjuges - arts. 1.639 a 1.688 
6.1. Conceito 
 O regime matrimonial de bens pode ser conceituado como sendo o conjunto de regras de ordem privada 
relacionadas com interesses patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar. 
 É o estatuto patrimonial das pessoas casadas, destinada não só a regular os efeitos econômicos do casamento 
entre os consortes, bem como destes em face de terceiros. 
 
6.2. Princípios 
a) Princípio da autonomia privada 
 A plena liberdade na escolha dos regimes de bens 
Trata-se do direito dos cônjuges de regulamentar as questões patrimoniais, retirado do art. 1.639, caput, do CC, in 
verbis: “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes 
aprouver”. O exercício da autonomia privada se dá pelo pacto antenupcial, em regra, que não pode contrariar os 
preceitos de ordem pública. Sendo assim, podem os cônjuges escolher outro regime que não seja o regime legal 
(comunhão parcial de bens); fazendo opção pela comunhão universal, pela participação final nos aquestos ou pela 
separação de bens. É possível, ainda, a criação de um regime misto,combinando as regras dos regimes previstos em 
lei. 
 
b) Princípio da indivisibilidade 
Não é possível fracionar os regimes em relação aos cônjuges, o regime é único para ambos os consortes. 
 Apesar de ser possível juridicamente a criação de outros regimes que não estejam previstos em lei, não é lícito 
fracionar os regimes em relação aos cônjuges. Em outras palavras, o regime é único para ambos os consortes, 
diante da isonomia constitucional entre marido e mulher. 
 
c) Princípio de variedade de regimes 
 O CC/2002 consagra quatro possibilidades de regimes de bens aos nubentes (Comunhão Parcial, Comunhão 
Universal, Separação de Bens e Participação final dos aquestos). No silêncio das partes, prevalecerá o regime da 
comunhão parcial, que é o regime legal ou supletório (art. 1.640, caput, do CC). O regime de bens adotado começa 
a vigorar desde a data do casamento (art. 1.639, § 1.º, do CC). 
 
d) Princípio da mutabilidade justificada 
 O art. 1.639, § 2.º, do CC/2002, possibilita a alteração do regime de bens, mediante autorização judicial, em 
pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e desde que ressalvados os 
direitos de terceiros. 
 Este princípio merece aprofundamentos, diante de sua enorme aplicação prática. De início, cumpre destacar que a 
norma é clara, no sentido de somente admitir a alteração do regime mediante pedido judicial de ambos os cônjuges 
(ação de alteração do regime de bens, que segue jurisdição voluntária e corre na Vara da Família, se houver). Em 
projeções legislativas, há tentativa de se criar a possibilidade de alteração administrativa do regime de bens, por 
meio de escritura pública, conforme o PL 470/2013 (Estatuto das Famílias). 
 Havendo prejuízo de terceiro de boa-fé a alteração do regime será reconhecida como ineficaz em relação a esse o 
que não prejudica sua validade e eficácia entre as partes. 
 
6.3. Regras gerais quanto ao regime de bens 
6.3.1. Pacto antenupcial 
 Trata-se da escolha de regime de bens mediante o qual os nubentes determinam antes do casamento as 
disposições próprias do regime de bens escolhido. Tem, portanto, natureza jurídica negocial e acessória. 
 
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6.3.2. Regime legal ou supletório. Art. 1640 
 A comunhão parcial é o regime legal desde a entrada em vigor da Lei do Divórcio, em 26 de dezembro de 1977 
(Lei 6.515/1977). 
 Trata-se do regime legal ou supletório, que valerá para o casamento se não houver pacto entreos cônjuges ou 
sendo este nulo ou ineficaz. 
 
6.3.3. Regime da Separação Legal ou Obrigatório de bens - Art. 1641 
 A norma é considerada de ordem pública para proteção de determinadas pessoas. 
I – Das pessoas que contraírem o casamento com inobservância das causas suspensivas do casamento (art. 1.523 do 
CC). 
II – Da pessoa maior de 70 anos. Destaque-se que a norma foi alterada pela recente Lei 12.344, de 9 de dezembro 
de 2010, uma vez que a idade antes prevista era de 60 anos. 
III – De todos os que dependerem de suprimento judicial para casar, caso dos menores. 
 Em relação ao seu inc. II, é forte a corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a sua 
inconstitucionalidade, por trazer situação discriminatória ao idoso, tratando-o como incapaz. Na verdade, tal 
previsão não protege o idoso, mas seus herdeiros, tendo feição estritamente patrimonialista, na contramão da 
tendência do Direito Privado contemporâneo, de proteger a pessoa humana 
 Reconhecendo doutrinariamente a inconstitucionalidade, o Enunciado n. 125, da I Jornada de Direito Civil, 
propõe a revogação do comando. Constam de suas justificativas: “A norma que torna obrigatório o regime da 
separação absoluta de bens em razão da idade dos nubentes (qualquer que seja ela) é manifestamente 
inconstitucional, malferindo o princípio da dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República, 
inscrito no pórtico da Carta Magna (art. 1.º, inc. III, da CF/1988). 
 Isso porque introduz um preconceito quanto às pessoas idosas que, somente pelo fato de ultrapassarem 
determinado patamar etário, passam a gozar da presunção absoluta de incapacidade para alguns atos, como contrair 
matrimônio pelo regime de bens que melhor consultar seus interesses. 
 Os arts. 1.642 e 1.643 do CC consagram os atos que podem ser praticados por qualquer um dos cônjuges, 
sem autorização do outro, não importando o regime de bens adotado: 
a) Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as 
devidas exceções legais (art. 1.642, I, do CC). 
b) Administrar os bens próprios (art. 1.642, II, do CC). 
c) Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem 
suprimento judicial (art. 1.642, III, do CC). Apesar de a lei mencionar a reivindicação, o caso é de anulação do 
ato de alienação ou da instituição real, estando a ação anulatória sujeita a prazo decadencial de dois anos, 
contados do término do casamento e da sociedade conjugal (art. 1.647 c/c art. 1.649 do CC, atualizados com a 
EC 66/2010). 
d) Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge 
com infração do disposto nos incs. III e IV do art. 1.647, dispositivo que será estudado a seguir (art. 1.642, IV, 
do CC). Novamente, apesar de a lei expressar a rescisão (que gera a extinção por motivo posterior à 
celebração), o caso é de anulação da fiança e do aval, o que gera a extinção dos mesmos por motivo anterior ou 
concomitante à celebração (art. 1.647 do CC) no prazo decadencial de dois anos, contados do fim do casamento 
e da sociedade conjugal (art. 1.649 do CC). 
e) Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, 
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de 
fato por mais de cinco anos (art. 1.642, V, do CC). Por óbvio que esse dispositivo não deve ser aplicado 
havendo uma união estável entre o doador e o donatário. Mais uma vez, não se trata de reivindicação, mas de 
anulação da doação, nos termos do art. 550 do CC, norma que trata da matéria com maior especialidade e que 
deve prevalecer. De toda sorte, conforme exposto no Capítulo 6 desta obra, o último dispositivo tem aplicação 
restrita às hipóteses de doação ao concubino, merecendo críticas. 
f) Praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente em lei, o que decorre da máxima pela qual, 
para o Direito Civil, o que não está proibido está permitido (art. 1.642, VI, do CC). 
g) Comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica (art. 1.643, I, CC). 
h) Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir (art. 1.643, II, do CC). 
 
 
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 Relativamente às últimas duas previsões, atos relacionados com as economias domésticas, dispõe o art. 1.644 do 
CC que haverá solidariedade passiva legal de ambos os cônjuges. Ilustrando, em relação aos gastos mensais de 
supermercado, contas de água, luz, telefone, gás e condomínio do imóvel do casal haverá a citada solidariedade. 
 Com relação às ações fundadas nos incs. III, IV e V do art. 1.642, essas competem ao cônjuge prejudicado e a 
seus herdeiros (art. 1.645). No caso dos incs. III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença favorável 
ao autor, terá direito

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