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Resumo elaborado por: Graziele Carmo – E-mail de contato: grazzielecarmo@gmail.com 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial deste resumo, por qualquer meio ou processo. 
Atualizado em: 26/09/2017 15:15 
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1. Introdução ao Direito de Família 
1.1. Noção de Direito de Família 
 O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de 
modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência, 
mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável. 
 Constitui o ramo do direito civil que disciplina as relações entre pessoas unidas pelo matrimônio, pela união 
estável ou pelo parentesco, bem como os institutos complementares da tutela e curatela, visto que, embora tais 
institutos de caráter protetivo ou assistencial não advenham de relações familiares, têm, em razão de sua finalidade, 
nítida conexão com aquele 
 
1.2. Conceito de Direito de Família 
 Relação interpessoal desprovida de pessoalidade, constituída por pessoas e se vinculam umas às outras por laços 
de consanguinidade, afinidade e afetividade. 
 
� Conceito amplo de família: Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de 
sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela 
adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins. 
 
� Conceito estrito de família: Núcleo restrito, formado por genitores (ou por um deles) e sua prole (embora não 
seja essencial a caracterização de família), apresentando certa unidade de relações jurídicas e de interesses. 
 
1.3. Fontes do Direito de Família 
Fontes históricas: Direito Romano, Direito Canônico e Direito português. 
Fontes formais: Código Civil de 1916, Código Civil de 2002, legislação ordinária e CR/88. 
 
1.4. Estrutura e objeto do Direito de Família 
 Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora regulam as relações pessoais 
entre os cônjuges, ou entre os ascendentes e os descendentes ou entre parentes fora da linha reta; ora disciplinam as 
relações patrimoniais que se desenvolvem no seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, 
entre pais e filhos, entre tutor e pupilo; ora finalmente assumem a direção das relações assistenciais, e novamente 
têm em vista os cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do tutor, o interdito diante do seu 
curador. Relações pessoais, patrimoniais e assistenciais são, portanto, os três setores em que o direito de família 
atua. 
 
1.5. Localização da matéria no Cód. Civil 
 O Código Civil de 2002 destina o Livro IV da Parte Especial ao direito de família. Trata, em primeiro lugar, 
sob o título “Do direito pessoal”, das regras sobre o casamento, sua celebração, validade e causas de dissolução, 
bem como da proteção da pessoa dos filhos. Em seguida, dispõe sobre as relações de parentesco, enfatizando a 
igualdade plena entre os filhos consolidada pela Constituição Federal de 1988. 
 
 No segundo título (“Do direito patrimonial”), cuida do direito patrimonial decorrente do casamento, dando 
ênfase ao regime de bens e aos alimentos entre parentes, cônjuges e conviventes. Disciplina, também, o usufruto e a 
administração dos bens de filhos menores, bem como o bem de família, que foi deslocado da Parte Geral, Livro II, 
concernente aos bens, onde se situava no Código de 1916. 
 O Título III é dedicado à união estável e seus efeitos, como inovação e consequência de seu reconhecimento 
como entidade familiar pela Constituição Federal (art. 226, § 3º). Em cinco artigos o novo diploma incorporou os 
princípios básicos das Leis n. 8.971/94 e 9.278/96, que agora têm caráter subsidiário. Trata, nesses dispositivos, dos 
aspectos pessoais e patrimoniais, deixando para o direito das sucessões o efeito patrimonial sucessório. Em face da 
equiparação do referido instituto ao casamento, aplicam-se-lhe os mesmos princípios e normas atinentes a 
alimentos entre cônjuges. 
 Por fim, no Título IV, o Código de 2002 normatiza os institutos protetivos da tutela e da curatela. A ausência, 
que neste último diploma situava-se no livro “Do direito de família”, foi, todavia, deslocada para a Parte Geral do 
novo, onde encontra sua sede natural. 
 
1.6. Direito pessoal e patrimonial 
 
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 Podem os direitos de família, todavia, ter um conteúdo patrimonial, ora assemelhando-se às obrigações, como 
nos alimentos (CC, art. 1.694), ora tendo o tipo dos direitos reais, como no usufruto dos bens dos filhos (art. 1.689). 
Na realidade, tal acontece apenas indiretamente, como nos exemplos citados e ainda no tocante ao regime de bens 
entre cônjuges ou conviventes e à administração dos bens dos incapazes, em que apenas aparentemente assumem a 
fisionomia de direito real ou obrigacional. 
 
1.7. Os princípios de Direito de Família 
a) Princípio da proteção Dignidade da Pessoa Humana - art. 1.º, III, CR 
 Prevê o art. 1.º, III, da CF/1988, que o Estado Democrático de Direito brasileiro tem como fundamento a 
dignidade da pessoa humana. 
 Ora, não há ramo do Direito Privado em que a dignidade da pessoa humana tem maior ingerência ou atuação do 
que o Direito de Família. Por certo que é difícil a conceituação exata do que seja o princípio da dignidade da pessoa 
humana, por tratar-se de uma cláusula geral, de um conceito legal indeterminado, com variantes de interpretações. 
 
b) Princípio da Solidariedade Familiar - art. 3.º, I, da CR 
 A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil pelo art. 
3.º, I, da CF/1988, no sentido de construir uma sociedade livre, justa e solidária. Por razões óbvias, esse princípio 
acaba repercutindo nas relações familiares, eis que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos pessoais. 
 Ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à ideia de solidariedade do direito das obrigações. 
Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade familiar deve ser tida em sentido 
amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e sexual. 
 No que concerne à solidariedade patrimonial, essa foi incrementada pelo CC/2002. Isso porque mesmo o 
cônjuge culpado pelo fim do relacionamento pode pleitear os alimentos necessários – indispensáveis à 
sobrevivência –, do cônjuge inocente (art. 1.694, § 2.º, do CC). Isso, desde que o cônjuge culpado não tenha 
condições para o trabalho, nem parentes em condições de prestar os alimentos (art. 1.704, parágrafo único, do CC). 
 
c) Princípio da Igualdade entre cônjuges e companheiros - art. 226, § 5º, CR e art. 1.511, CC 
 Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
 Diante do reconhecimento dessa igualdade, como exemplo prático, o marido ou companheiro pode pleitear 
alimentos da mulher ou companheira, ou mesmo vice-versa. Além disso, um pode utilizar o nome do outro 
livremente, conforme convenção das partes (art. 1.565, § 1.º, do CC). 
 
� Extinção (pelo menos legal) do sistema Patriarcal 
 Como outra decorrência do princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, surge a igualdade na chefia 
familiar, que pode ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um regime democrático de colaboração, 
podendo inclusive os filhos opinar (conceito de família democrática). Substitui-se uma hierarquia por uma 
diarquia. Utiliza-se a expressão despatriarcalizaçãodo Direito de Família, eis que a figura paterna não exerce o 
poder de dominação do passado. O regime é de companheirismo, não de hierarquia, desaparecendo a ditatorial 
figura do pai de família (paterfamilias), não podendo sequer se utilizar a expressão pátrio poder, substituída por 
poder familiar. 
 
� Alimentos entre cônjuges: Excepcionalidade; 
 Os alimentos prestados a ex-cônjuge que tenha plena capacidade para o trabalho se enquadra na condição de 
alimentos temporários, fixado em tempo razoável para superar o desemprego ou o subemprego. 
 
� Deveres recíprocos – Art. 1566, CC 
a) Fidelidade recíproca; 
b) Vida em comum, no domicílio conjugal; 
c) Mútua assistência; 
d) Respeito e consideração mútuos. 
 
� Adoção de sobrenome – Art. 1565, § 1º, CC 
Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
 
� Direitos e deveres paritários: Mãe-Pai – Art. 1631 e Art. 1690, CC 
 
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 Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, 
o outro o exercerá com exclusividade. 
 Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de dezesseis 
anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados. 
 
� Inexistência de preferência sobre guarda de filhos – Art. 1583 e 1584, CC, 
 
d) Princípio da igualdade jurídica entre os filhos - art. 227, § 6º, CR e art. 1596, CC 
 Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, 
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
 
e) Princípio do maior interesse da criança e do adolescente - art. 227, caput, da CR e arts. 1.583 e 1.584 do 
CC 
 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
f) Princípio da paternidade responsável e do planejamento familiar - art. 226, § 7º, CR e art. 1.565, CC 
 O planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável. Essa responsabilidade é de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros. A Lei n. 
9.253/96 regulamentou o assunto, especialmente no tocante à responsabilidade do Poder Público. O CC, no art. 
1.565, traçou algumas diretrizes, proclamando que “o planejamento familiar é de livre decisão do casal” e que é 
“vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições públicas e privadas”. 
 
g) Princípio da não intervenção ou da liberdade - art. 1.513 do CC 
 Dispõe o art. 1.513 do Código Civil Brasileiro que: “É defeso a qualquer pessoa de direito público ou direito 
privado interferir na comunhão de vida instituída pela família”. Trata-se de consagração do princípio da liberdade 
ou da não intervenção na ótica do Direito de Família. O princípio é reforçado pelo art. 1.565, § 2.º, da mesma 
codificação, pelo qual o planejamento familiar é de livre decisão do casal, sendo vedada qualquer forma de coerção 
por parte de instituições privadas ou públicas em relação a esse direito. 
� Incentivo ao controle de natalidade pelo estado 
� Incentivo ao planejamento familiar 
 
h) Princípio da Afetividade - art. 1.511 
Comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou conviventes. 
 
i) Princípio da monogamia (Art. 1521, VI, CC) 
� Dever de fidelidade recíproca? 
� Obs¹ Crime de bigamia: Art. 235, CP 
� Obs² Regra moral: Triunfo da propriedade privada 
� Poliamor: Escritura pública 
Só não pode casar. Cada um faz o que quiser da sua vida. 
 
j) Princípio da função social da família - art. 226, caput, da CR 
 A função da família em última análise, é a realização de nosso anseios e pretensões. 
 
k) Princípio da proibição do retrocesso social 
 Direitos sociais garantidos pelo estado. São direitos subjetivos e servem como obstáculo para o retrocesso social. 
 
l) Princípio da pluralidade de entidades familiares 
� Formas de família: 
Família Matrimonial: Decorre do casamento civil validamente contraído. 
Família monoparental: Estabelecida entre um dos genitores e sua prole. 
Família informal: Decorre da constituição da união estável. 
 
 
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1.8. A família na Constituição da República de 1988 e espécies de famílias no ordenamento jurídico 
 A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo próprio que trata da família, da criança, do adolescente e do 
idoso (Capítulo VII, do Título VIII – Da Ordem Social). Interpretando-se um dos dispositivos constantes desse 
capítulo, o art. 226 do Texto Maior, pode-se dizer que a família é decorrente dos seguintes institutos: 
a) Casamento civil, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o casamento religioso, nos termos da lei 
(art. 226, §§ 1.º e 2.º). 
b) União estável entre homem e mulher, devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento (art. 226, § 3.º). 
c) Família monoparental, comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4.º). 
 Tem prevalecido, na doutrina e na jurisprudência, o entendimento pelo qual o rol constitucional familiar é 
exemplificativo (numerus apertus) e não taxativo (numerus clausus). Assim sendo, são admitidas outras 
manifestações familiares, caso das categorias a seguir: 
d) Família anaparental, expressão criada por Sérgio Resende de Barros, que quer dizer família sem pais. 
Ilustrando a aplicação do conceito, o STJ entendeu que o imóvel em que residem duas irmãs solteiras constitui 
bem de família, pelo fato delas formarem uma família. 
e) Família homoafetiva, constituída por pessoas do mesmo sexo, tendo sido a expressão união homoafetiva 
criada e difundida por Maria Berenice Dias. Como é notório, decisão histórica do Supremo Tribunal Federal, 
do dia 5 de maio de 2011, reconheceu por unanimidade a união homoafetiva como entidade familiar, o que 
representou uma grande revolução no sistema jurídico nacional. A decisão compara a união homoafetiva à 
união estável, para todos os fins jurídicos, tendo efeito vinculante e erga omnes. 
f) Família mosaico ou pluriparental, aquela decorrente de vários casamentos, uniões estáveis ou mesmo 
simples relacionamentos afetivos de seus membros. Utiliza-se o símbolo do mosaico, diante de suas várias 
cores, que representam as várias origens. 
 
2. Relações de parentesco 
2.1. Conceito 
 O parentesco pode ser conceituado como sendo o vínculo jurídico estabelecido entre pessoas que têm mesma 
origem biológica (mesmo tronco comum); entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro; e entre as 
pessoas que têm entre si um vínculo civil. 
 
2.2. Espécies 
a) Parentesco por afinidade 
 Existente entre um cônjuge e ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro. Deve ser 
atentado o fato de que marido e mulher e companheiros – inclusive homoafetivos –, não são parentes entre si, 
havendo outro tipo de vínculo, decorrente da conjugalidade ou da convivência. Como novidade, o CC/2002 
reconhece o parentesco de afinidade decorrente da união estável (art. 1.595 do CC).O parentesco por afinidade 
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (art. 1.595, § 1.º). Desse 
modo, há parentesco por afinidade na linha reta ascendente em relação ao sogro, à sogra e seus ascendentes até o 
infinito. Na linha reta descendente, em relação ao enteado e à enteada e assim sucessivamente até o infinito. Na 
linha colateral, entre cunhados. Na linha reta, até o infinito, a afinidade não se extingue com a dissolução do 
casamento ou da união estável, havendo um vínculo perpétuo (art. 1.595, § 2.º, do CC). Nessas últimas relações há 
impedimento matrimonial, como visto (art. 1.521, II, do CC). 
 
b) Parentesco Biológicos, consanguíneos ou naturais 
 Aquele existente entre pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico ou de sangue, por terem origem no 
mesmo tronco comum. 
 
c) Parentesco Civil ou socioafetivo - art. 1.593, CC. 
 Aquele decorrente de outra origem, que não seja a consanguinidade ou a afinidade, conforme consta do art. 
1.593 do CC. 
Ex. Adoção, inseminação artificial heteróloga. 
 
2.3. Linhas e graus 
2.3.1. Parentes consanguíneos 
 De início, destaque-se que o parentesco consanguíneo pode ser na linha reta ou na linha colateral (ou 
transversal). 
 
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a) Parentes consanguíneos em linha reta – Art. 1.591, CC 
 Enuncia o art. 1.591 do CC que “são parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na 
relação de ascendentes e descendentes. ” O parentesco na linha reta é contado de forma bem simples, na medida em 
que se sobe (linha reta ascendente) ou se desce (linha reta descendente) na escada parental, tem-se um grau de 
parentesco (art. 1.594 do CC: “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações” 
Infinito/Ilimitada). 
 
b) Parentes consanguíneos em linha colateral – Art. 1592, CC 
 
 O parentesco também é contado pelo número de gerações entre os parentes, mas é necessário subir até o 
ascendente comum e depois descer até o outro parente para se identificar o grau de parentesco. 
 Preconiza o art. 1.592 do CC que: “São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas 
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra”. A inovação desse dispositivo está na redução do 
limite do parentesco colateral que pelo CC/1916 era de sexto grau (art. 331). Pode ser feita a crítica de que o atual 
Código Civil restringiu as relações familiares, quando a tendência é justamente a oposta. 
 Para a devida contagem, enuncia a segunda parte do art. 1.594 do CC que se conta o número de graus de acordo 
com o número de gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo até encontrar o outro 
parente. Atente-se que a premissa fundamental é a seguinte: deve-se subir ao máximo, até o parente comum, para 
 
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depois descer e encontrar o parente procurado. Em complemento, o parentesco colateral pode ser igual ou 
desigual. Será igual se a medida da subida for igual a da descida; será desigual em caso contrário. 
 O mínimo parentesco colateral é de segundo grau, diante da regra de subir ao máximo, até o tronco comum, para 
depois descer e encontrar o outro parente. Em suma, não há, portanto, parentesco colateral de primeiro grau. 
 
2.3.2. Parentes por afinidade em linha reta e colateral 
 Constitui-se com o casamento ou união estável e vincula o cônjuge ou o companheiro aos parentes do outro. 
 
 
 
3. Casamento 
3.1. Conceito 
 O casamento pode ser conceituado como vínculo jurídico entre duas pessoas, que visa o auxílio mútuo e 
espiritual, de modo que haja uma integração físico-psíquica e a constituição de uma família baseado em um vínculo 
de afeto. 
 
3.2. Natureza jurídica 
a) Contratualista (concepção clássica) 
 O casamento é um contrato de natureza especial, e com regras próprias de formação, corrente encabeçada por 
Silvio Rodrigues. 
 
b) Institucionalista (ou supra –individualista) 
 O casamento é uma instituição, tese sustentada, entre outros, por Maria Helena Diniz e Rubens Limongi França. 
Há nessa corrente uma forte carga moral e religiosa. 
 
c) Híbrida, eclética ou mista (Majoritária) 
 O casamento é uma instituição quanto ao conteúdo e um contrato especial quanto à formação. Seria um ato 
complexo e, portanto, contrato “sui generis. Essa visão é seguida por doutrinadores como Eduardo de Oliveira 
Leite, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Flávio Augusto Monteiro de Barros e Roberto Senise Lisboa. 
 
3.3. Princípios do casamento 
a) Princípio da Monogamia – Art. 1.521, VI, CC 
 Não podem casar as pessoas casadas; o que constitui um impedimento matrimonial a gerar a nulidade absoluta 
do casamento (art. 1.548, II, do CC). 
 
b) Princípio da Liberdade da União - Art. 1.513, CC 
 
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 Princípio da liberdade de escolha, como exercício da autonomia privada – salvo os impedimentos 
matrimoniais, há livre escolha da pessoa do outro cônjuge como manifestação da liberdade individual. As pessoas 
podem se divorciar quando quiserem. 
 
c) Comunhão de vida ou comunhão indivisa – Art. 1.511, CC 
 Princípio da comunhão plena de vida, regido pela igualdade entre os cônjuges – segundo o qual “o casamento 
estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. Tal regramento 
pode ainda ser retirado do art. 1.565 do CC, ao enunciar que “pelo casamento, homem e mulher assumem 
mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”. 
 
3.4. Finalidades 
 São múltiplas as finalidades do casamento e variam conforme a visão filosófica, sociológica, jurídica ou 
religiosa como são encaradas. Segundo a concepção canônica, o fim principal do matrimônio consiste na 
procriação e educação da prole; e o secundário, na mútua assistência e satisfação sexual. 
 Segundo a consciência religiosa, não resta dúvida ser a affectio maritalis, ou o amor que une um homem e uma 
mulher, no qual se converte a atração sexual inicial, e a pretensão a um direcionamento comum na vida, os motivos 
ou finalidades principais do casamento. 
 Sem dúvida, a principal finalidade do casamento é estabelecer uma comunhão plena de vida, como prevê o 
art. 1.511 do Código Civil de 2002, impulsionada pelo amor e afeição existente entre o casal e baseada na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência. 
 O que define a família, “é uma espécie de afeto que, enquanto existe, conjuga intimamente duas ou mais pessoas 
para uma vida em comum. É o afeto que define a entidade familiar. Mas não um afeto qualquer. Se fosse qualquer 
afeto, uma simples amizade seria família, ainda que sem convívio. O conceito de família seria estendido com 
inadmissível elasticidade”. 
 Na realidade, “o que identifica a família é um afeto especial, com o qual se constitui a diferença específica 
que define a entidade familiar. É o sentimento entre duas ou mais pessoas que se afeiçoam pelo convívio diuturno, 
em virtude de uma origem comum ou em razão de um destino comum, que conjuga suas vidas tão intimamente, 
que as torna cônjugesquanto aos meios e aos fins de sua afeição, até mesmo gerando efeitos patrimoniais, seja de 
patrimônio moral, seja de patrimônio econômico. Este é o afeto que define a família: é o afeto conjugal”. 
 Os demais objetivos, embora também importantes, são secundários, não essenciais, como a procriação, a 
educação dos filhos e a satisfação sexual, já citados, aliados à atribuição de nome de um dos cônjuges ao outro, e o 
de ambos aos filhos, bem como à legalização de estados de fato. 
 
3.5. Esponsais (Noivado) 
 Não se apresenta como requisito para o casamento no Direito Brasileiro, mas o arrependimento pode acarretar em 
Responsabilidade Civil. 
 
3.6. Formalidades preliminares 
3.6.1. Capacidade para o casamento – Art. 1517, CC 
 Não se pode confundir a incapacidade para o casamento com os impedimentos matrimoniais. Isso porque a 
incapacidade é geral, impedindo que a pessoa se case com qualquer um que seja. Já os impedimentos matrimoniais 
atingem determinadas pessoas, em situações específicas. Em outras palavras, os impedimentos envolvem a 
legitimação, que é a capacidade especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico. 
 O código civil igualou a capacidade para o casamento entre homem e mulher, fixando a idade núbil em 16 
anos. No entanto, autoriza no art. 1520, o casamento de quem ainda não completou a idade mínima para o 
casamento, desde que tenha sido constatada a gravidez ou que vise evitar a imposição ou cumprimento de pena 
criminal. 
 
� Menores de 18 anos: Precisam de autorização de ambos os pais ou representantes legais, que pode ser 
revogada até a celebração. art. 1518, CC 
 
� Menores de 16 anos: Além da autorização de ambos os pais, para que o casamento ocorra é necessário 
suprimento judicial. Aplica-se somente nos casos de gravidez ou que vise evitar a imposição ou 
cumprimento de pena criminal - art. 1520. 
 A prática de crime contra os costumes contra o menor ou a menor, ou o estado de gravidez, constituem as 
condições para o requerimento do suprimento judicial de idade. Todavia, a Lei n. 11.106, de 28 de março de 
 
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2005, revogou, além de outros dispositivos, o inciso VII do art. 107 do Código Penal. Em consequência, o 
casamento deixou de evitar a imposição ou o cumprimento de pena criminal, nos crimes contra os costumes de 
ação penal pública. Mesmo que o noivo tenha idade inferior a 16 anos, admite-se o suprimento de idade, dele 
somente ou de ambos, embora não esteja sujeito às penas do Código Penal. 
 Interpreta-se o art. 1.520 de modo benévolo, porque há um interesse social na realização desses casamentos. 
Assim, a expressão “pena criminal” abrange qualquer espécie de sanção de caráter criminal, ainda que prevista no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. Somente não se admite o suprimento de idade do noivo menor de 16 anos 
quando a noiva já atingiu ou ultrapassou a idade de 18 anos, se por esse motivo o fato for atípico. 
 O suprimento da idade não dispensa o consentimento dos pais. Eventual denegação deve ser analisada do ponto 
de vista do interesse do filho, tendo em vista que a possibilidade de sofrer pena privativa de liberdade não pode 
ficar na dependência da vontade paterna. Destarte, somente quando o casamento for totalmente desaconselhado, 
por causas inafastáveis, é de se admitir a validade da negativa dos pais em dar o seu consentimento. 
Suprida a idade de um dos nubentes, ou de ambos, o casamento será realizado no regime da separação de bens (CC, 
art. 1.641, III), comunicando-se, porém, os aquestos provenientes do esforço comum, a teor do estatuído na Súmula 
377 do Supremo Tribunal Federal. (Carlos Roberto Gonçalves) 
 
3.6.2. Habilitação - Art. 1525 e 1526, CC 
 É notório que o casamento é um negócio jurídico formal e solene, relacionado com um procedimento de 
habilitação prévio cheio de detalhes e solenidades. Do mesmo modo, em relação à celebração, a norma jurídica 
impõe uma série de requisitos. Vejamos, de forma pontual e detalhada. 
 De início, o art. 1.525 do CC prescreve que “o requerimento de habilitação para o casamento será firmado por 
ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, instruído com os seguintes documentos: 
� Certidão de nascimento ou documento equivalente; 
� Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; 
� Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir 
impedimento que os iniba de casar; 
� Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem 
conhecidos; 
� Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, 
transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. 
 
 Reza o art. 1.526 diz que a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a 
audiência do Ministério Público e somente no caso de impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiros, 
a habilitação será submetida ao juiz. 
 
A habilitação pode ocorrer em 2 momentos: 
� Habilitação prévia: Os nubentes realizam o procedimento de habilitação no Cartório e posteriormente há 
registro. 
 
� Habilitação posterior: A cerimônia religiosa é realizada antes da habilitação. O registro pode ser realizado 
desde que cumpre os requisitos do casamento civil. Efeitos Ex tunc. 
 
3.6.3. Casamento Civil e Religioso: Equiparação – Art. 1516, CC 
 O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, 
desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. 
 Os requisitos do casamento religioso são os mesmos do casamento civil, o que inclui registro, nos termos do art. 
1515 e 1516, CC. 
 O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de 90 dias de sua realização, mediante 
comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido 
homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova 
habilitação. O prazo é decadencial. 
 
3.6.4. Publicação dos proclamos do casamento - Extração de edital - Art. 1527, CC 
 Estando a documentação em ordem, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante 15 dias nas circunscrições 
do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver (art. 1.527 
do CC). Trata-se da publicação dos proclamas do casamento, formalidade considerada em regra como essencial, 
 
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mas que poderá ser dispensada pela autoridade competente pela homologação do casamento em casos de urgência 
(art. 1.527, parágrafo único, do CC). 
 O Edital deve ser afixado no cartório que os nubentes têm sua residência e não na cidade em que foi registrado o 
nascimento dos noivos, durante o período de 15 dias. 
 A finalidade da publicação dos proclamos do casamento é tornar pública a pretensão dos nubentes de se 
casarem, de modo que qualquer pessoa que tenha conhecimento de um impedimento ou de causa suspensiva possa 
indica-los ao oficial para decisão do juiz. Trata-se, portanto, de procedimento que consiste na apreciação de 
documentos por meio do quais se apreciam os pressupostos de existência, capacidade einexistência de 
impedimentos matrimoniais. 
 
4. Validade do casamento 
4.1. Impedimentos matrimoniais – art. 1521 
 A oposição de impedimento é a comunicação escrita feita por pessoa legitimada, antes da celebração do 
casamento, ao oficial do registro civil perante quem se processa a habilitação, ou ao juiz que preside a solenidade, 
sobre a existência de um dos empecilhos mencionados na lei. Em sentido estrito Impedimento é a 
impossibilidade de alguém se casar com determinada pessoa. Trata-se de proibição que atinge uma pessoa com 
relação a outra ou outros. 
 
a) Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; (Impedimento decorrente de 
parentesco consanguíneo) - art. 1521, I 
 Duas são as razões do impedimento: 1.º) Razão moral – evitar o incesto (relações sexuais entre pessoas da mesma 
família); 2.º) Razão biológica – evitar problemas congênitos à prole, comuns em casos tais. 
b) Os afins em linha reta (impedimento decorrente de parentesco por afinidade) - art. 1521, II 
 Nos termos do art. 1.595 do CC, há parentesco por afinidade entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes 
do outro consorte (ou convivente). O impedimento, por razão moral, existe apenas na afinidade em linha reta até o 
infinito (sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado, e assim sucessivamente). Os cunhados 
podem se casar, depois de terminado o casamento, pois são parentes afins colaterais. Destaque-se que o CC/2002 
inovou ao reconhecer a afinidade em decorrência da união estável. Anote-se ainda que o vínculo por afinidade na 
linha reta é perpétuo, sendo mantido mesmo nos casos de dissolução do casamento ou da união estável (art. 1.595, 
§ 2.º, do CC). Por isso, em tom jocoso, afirma-se que sogra é para a vida inteira. 
 
c) O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; o adotado com o 
filho do adotante (impedimentos em decorrência do parentesco civil formado pela adoção) - art. 1521, III e 
V. 
 Visa proteger a harmonia familiar e a ordem moral. Obs. Existe equiparação constitucional entre filhos. Vale a 
máxima pela qual a adoção imita a família consanguínea. 
O adotante com o ex do adotado. 
O adotado com ex do adotante. 
E o adotado com seu irmão (filho do adotante) 
 
d) Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; (Impedimento 
decorrente de parentesco consanguíneo) – art. 1521, IV 
 Não podem se casar os irmãos, que são colaterais de segundo grau, sejam bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) 
ou unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). Também não podem casar os tios e sobrinhas, tias e sobrinhos 
(colaterais de terceiro grau). Porém, segundo o entendimento majoritário, continua em vigor o Decreto-lei 
3.200/1941, que autoriza o casamento entre tios e sobrinhos se uma junta médica apontar que não há risco 
biológico (nesse sentido: Enunciado n. 98 do CJF/STJ). Esse casamento é denominado avuncular. 
 
e) As pessoas casadas (impedimento decorrente de vínculo matrimonial). art. 1521, VI 
O atual Código continua consagrando o princípio da monogamia para o casamento. Mesmo sendo tratada como 
impedimento matrimonial – e assim deve ser visualizada como categoria jurídica criada pela lei –, a hipótese parece 
ser de incapacidade matrimonial. Isso porque a pessoa casada não pode contrair matrimônio com qualquer um que 
seja. 
 
f) O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte 
(impedimento decorrente de crime). art. 1521, VII 
 
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 Tal impedimento somente nos casos de crime doloso e havendo trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Ilustrando, se o casamento ocorre no curso do processo criminal, será reputado válido, pois quando 
da celebração não havia a limitação à autonomia privada. Em reforço, incide o princípio da presunção da inocência. 
O casamento permanece válido, mesmo no caso de sentença penal transitada em julgado superveniente, ou seja, 
posterior ao matrimônio, o que demonstra a reduzida aplicação prática da previsão, que deve ser extinta, conforme 
o Estatuto das Famílias (PL 470/2013). 
 
4.1.1. Casamento Nulo - art. 1548 
 O Casamento nulo é aquele que fere razões de ordem pública. Atingido por vício essencial ou que foi 
contraído com simulação, infração à lei, ordem pública ou bons costumes. Ocorre no casamento celebrado com 
infringência a impedimento matrimonial, tais impedimentos, constam do art. 1.521 do CC (impedimentos 
decorrentes de parentesco consanguíneo, de parentesco por afinidade, de parentesco civil, de vínculo matrimonial e 
de crime). 
 Em regra, anulando-se o casamento os efeitos para as partes serão “ex tunc”. 
 A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida 
mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. 
 
4.1.2. Efeitos do impedimento matrimonial 
 Em relação aos efeitos, os impedimentos matrimoniais impossibilitam a celebração do casamento mediante 
procedimento administrativo que corre perante o Cartório de Registro das Pessoas Naturais (arts. 1.529 e 1.530 do 
CC). A sua oposição poderá ocorrer até o momento da celebração, por qualquer pessoa capaz (art. 1.522 do CC). 
Caso o oficial do registro ou qualquer juiz tenha conhecimento do impedimento, deverá reconhecê-lo de ofício (ex 
officio). Caso o casamento seja celebrado, será ele nulo de pleno direito, havendo nulidade absoluta (art. 1.548, II, 
do CC). 
 
4.2. Casamento anulável – Art. 1550 
 As causas de anulabilidade do casamento, fundamentam-se basicamente, em afronta de interesses privados. 
 
É anulável o casamento: 
a) De quem não completou a idade mínima para casar - (16 anos, tanto para homem quanto para mulher) 
 Como visto, o menor que tiver menos idade do que o limite mínimo para casar necessitará de autorização 
judicial. Eventualmente, sendo celebrado o casamento sem a referida autorização judicial, o ato será considerado 
anulável. Deve ser feito ao alerta de que o casamento não será nulo, raciocínio normalmente desenvolvido, tendo 
como parâmetro a teoria geral do negócio jurídico (art. 166, I, do CC). 
 O prazo para a ação anulatória é decadencial de 180 dias, podendo ser proposta pelo próprio menor, por seus 
representantes legais ou por seus ascendentes (art. 1.552 do CC). Sobre o início da contagem do prazo, duas são as 
regras constantes do art. 1.560, § 1.º, do CC: 
� Se a ação for proposta pelo próprio menor, devidamente representado, o prazo será contado a partir do 
momento em que completar a idade núbil (16 anos). 
� Se a ação for proposta pelo representante legal ou ascendente, o prazo será contado a partir do momento em 
que o casamento foi celebrado. 
 Eventualmente o casamento poder ser convalidado em duas hipóteses: 
1º Hipótese – não se anula o casamento, por motivo de idade, se dele resultou gravidez, não sendo necessária 
sequer a autorização do seu representante legal (art. 1.551 do CC). 
2º Hipótese – o menor poderá, depois de completar a idade núbil, confirmar o seu casamento, com a autorização de 
seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial (art. 1.553 do CC). 
 
b) Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal 
 O menor entre 16 e 18 anos não necessita de autorização judicial para se casar, mas de autorização especial de 
seus pais ou outros representantes, caso dos tutores (art. 1.517 do CC). 
 O prazo para propositura da ação anulatória é decadencial de 180 dias, com as seguintes regras de contagem (art.1.555, caput e § 1.º, do CC). 
� Se a ação for proposta pelo menor, o prazo será contado a partir do momento em que completar 18 anos. 
� Se a ação for proposta pelo representante legal, o prazo será contado a partir da celebração do casamento. 
� Sendo proposta a ação por herdeiro necessário, o prazo será contado da data do óbito do menor. 
 
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 Como hipótese de convalidação, não se anulará esse casamento quando à sua celebração tiverem assistido – no 
sentido de presenciado –, os representantes legais do menor, ou se esses representantes tiverem manifestado a sua 
aprovação (art. 1.555, § 2.º, do CC). O dispositivo está inspirado na máxima da boa-fé objetiva que veda o 
comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest). 
 
c) Por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
� Casamento celebrado havendo erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (error in persona) - art. 
1.556 
 O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro 
essencial quanto à pessoa do outro. (O erro é a falsa representação da realidade que deve referir a pessoa do outro 
cônjuge.) 
 
 Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge - Rol taxativo -Art. 1557 
i. O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento 
ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
ii. A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
iii. A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de 
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro 
cônjuge ou de sua descendência; 
 
 O prazo decadencial para a ação anulatória é de três anos, contados da celebração do casamento (art. 1.560, III, 
do CC). Essa ação somente cabe ao cônjuge que incidiu em erro, sendo uma ação personalíssima, conforme o art. 
1.559 do CC. 
 
� Casamento celebrado sob coação moral (vis compulsiva) - art. 1.558 
 A coação moral que anula o casamento tem conceito específico no art. 1.558 do CC, pelo qual é anulável o 
casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado 
mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
Ameaça grave, injusta e atual, ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para força-lo ao casamento. 
 O prazo para anular o casamento celebrado sob coação é decadencial de 4 anos, contados da sua celebração 
(art. 1.560, IV, do CC). A ação anulatória é personalíssima e somente poderá ser proposta pelo cônjuge que sofreu 
a coação. O ato poderá ser convalidado, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do vício, pelo 
tempo que o juiz entender que é razoável (art. 1.559). O dispositivo, ao prever que a coabitação sana a invalidade, 
adota a vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest). 
 
d) Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento 
 Essa previsão engloba os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, as pessoas com discernimento 
mental reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento completo (art. 4.º, II e III, do CC). Segundo o 
entendimento considerado majoritário, nessa previsão também se enquadram as pessoas que por causa transitória 
ou definitiva não puderem exprimir vontade (art. 3.º, III, do CC). 
 O prazo decadencial para a ação anulatória é de 180 dias, contados do casamento, nos termos do art. 1.560, 
caput, e § 1.º, do CC. 
 
e) Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges 
 O casamento poderá ser anulado se realizado por mandatário, ocorrendo a revogação do mandato, sem que o 
representante e o outro cônjuge tenham conhecimento da extinção do contrato. Obviamente, essa revogação 
somente surtirá efeitos se realizada antes da celebração do casamento. Em caso contrário o ato encontra-se 
aperfeiçoado, não sendo o caso de sua invalidade. 
 O prazo para a propositura da ação anulatória é decadencial de 180 dias, a contar do momento em que chegue 
ao conhecimento do mandante a realização do casamento (art. 1.560, § 2.º, do CC). Por força da lei, equipara-se à 
revogação a invalidade do mandato reconhecida judicialmente, caso da sua nulidade absoluta ou relativa (art. 
1.550, parágrafo único, do CC). A anulação do casamento cabe somente ao mandante, que detém a titularidade 
dessa ação personalíssima. O ato será convalidado se houver coabitação entre os cônjuges (art. 1.550, V, parte 
final). 
 
 
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f) Por incompetência da autoridade celebrante 
 Entende-se que a hipótese trata da incompetência relativa em relação ao local (ratione loci). Ilustrando, um juiz 
de paz de uma determinada localidade realiza o casamento em outra, fora de sua competência. 
 O prazo para a propositura da ação anulatória é decadencial de 2 anos contado da data da celebração do 
casamento (art. 1.560, II, do CC). 
 O art. 1.554 do CC trata de hipótese de convalidação de tal casamento, sanando a anulabilidade, ao enunciar 
que“Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer 
publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil”. 
 
4.3. Causas suspensivas - art. 1.523. 
 São na verdade, causas restritivas patrimoniais, ou seja, não vedam a realização do matrimônio, desatendidas as 
restrições legais, o casamento, não é nulo, nem anulável. 
 
Consequências. 
 A sanção principal é o regime da separação legal ou obrigatória de bens (art. 1.641, I, do CC). 
 
Não devem casar: 
a) Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário dos bens do casal com a 
respectiva partilha, para evitar confusão patrimonial. 
 Além da imposição do regime da separação obrigatória de bens, essa causa suspensiva gera uma segunda 
sanção, qual seja a imposição de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis dos pais que 
passarem a outras núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge falecido (art. 1.489, II, do CC). Se o filho for 
apenas do cônjuge falecido, ou seja, não for filho do viúvo ou viúva que pretende se casar novamente, não se impõe 
a causa suspensiva ao cônjuge sobrevivente, pois se trata de limitação da autonomia privada que somente pode 
decorrer de lei, não admitindo interpretação extensiva ou analogia. O mesmo ocorre se o filho for apenas daquele 
que pretende se casar. 
 
b) A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do 
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. 
 O objetivo é evitar confusões sobre a paternidade do filho que nascer nesse espaço temporal (turbatio ou 
confusio sanguinis). Com os avanços da medicina, esta causa suspensiva tende a desaparecer, pois se busca 
cientificamente a realização de um exame que demonstre a parentalidade da criança via exame de DNA, sem que 
isso ofereça riscos à prole e à sua mãe. 
 
c) O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. 
 Também visa a evitarconfusões quanto ao patrimônio. Essa previsão foi incluída no CC/2002, uma vez que o 
divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, o que abrange o divórcio extrajudicial (art. 
1.581). Anote-se que a lei exige apenas a homologação ou decisão da partilha e não a sua efetivação em si. 
 Nesse caso a possibilidade de ser dispensada a obrigatoriedade do regime de separação de bens, desde que seja 
demonstrado que não haverá prejuízo patrimonial. 
 
d) O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa 
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas 
contas. 
 A razão é moral, pois, supostamente, o tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o curatelado a erro, diante 
de uma relação de confiança, o que geraria repercussões patrimoniais. 
 
 Em todas as hipóteses, enuncia o parágrafo único do art. 1.523 que desaparece a causa suspensiva se for 
provada a ausência de prejuízo aos envolvidos. 
 A respeito da arguição das causas suspensivas, essa somente pode ser realizada por parentes em linha reta de 
um dos cônjuges, consanguíneos ou afins (pais, avós, sogros, pais dos sogros etc.) e pelos colaterais em segundo 
grau, consanguíneos ou afins (irmãos ou cunhados). Essa a regra do art. 1.524 do CC, que demonstra o interesse 
particular em relação à categoria. Como consequência, as causas suspensivas não podem ser conhecidas de ofício 
por eventual juiz ou pelo oficial do registro civil. 
 Por fim, adiante-se que desaparecendo o motivo de imposição da causa suspensiva, justifica-se a ação de 
alteração de regime de bens, a ser proposta por ambos os cônjuges (art. 1.639, § 2.º, do CC). 
 
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4.4. Casamento Putativo - art. 1561, CC 
 Do latim, putare significa crer, imaginar. Sendo assim, o casamento putativo é o casamento da imaginação. 
Trata-se do casamento que embora nulo ou anulável – nunca inexistente –, gera efeitos em relação ao cônjuge que 
esteja de boa-fé subjetiva (ignorando o motivo de nulidade ou anulação). É o casamento nulo ou anulável contraído 
de boa-fé por um ou ambos os cônjuges 
 
A categoria está tratada nos art. 1.561 do CC, com três regras fundamentais: 
1.ª Regra – Havendo boa-fé de ambos os cônjuges, o casamento gera efeitos em relação a estes e aos filhos, até o 
trânsito em julgado da sentença de nulidade ou anulação. Por isso, eventuais bens adquiridos no período devem ser 
partilhados entre os cônjuges de acordo com o regime de bens adotado. Em suma, o Direito de Família atinge 
ambos os cônjuges. Segue-se a corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a permanência de efeitos pessoais 
mesmo após a sentença. Nesse sentido, Flávio Augusto Monteiro de Barros aponta três efeitos existenciais que 
persistem: a) o direito de usar o nome; b) a emancipação; c) a pensão alimentícia. “Efeitos ex nunc”. 
 
2.ª Regra – Havendo boa-fé de apenas um dos cônjuges, o casamento somente gera efeitos para este e para os 
filhos do casal. O art. 1.564 do CC atribui culpa ao cônjuge de má-fé, sofrendo as seguintes sanções: a) perda de 
todas as vantagens havidas do cônjuge inocente, caso da necessidade de devolver bens, dependendo do regime de 
bens adotado; b) dever de cumprir as promessas feitas no contrato antenupcial, como é o caso de doações 
antenupciais. Todavia, com a entrada em vigor da Emenda do Divórcio (EC 66/2010), há quem entenda que a culpa 
foi banida do sistema de casamento, o que inclui a anulação do casamento, perdendo aplicação o dispositivo em 
comento. “Efeitos ex nunc” e “Efeitos ex tunc”. 
 
3.ª Regra – Havendo má-fé de ambos os cônjuges, o casamento somente gera efeitos para os filhos. Eventualmente, 
se bens forem adquiridos durante a união deverão ser partilhados de acordo com as regras obrigacionais que vedam 
o enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 do CC). Isso porque o Direito de Família não atinge os cônjuges. 
“Efeitos ex tunc”. 
 
5. Celebração do casamento e Provas do casamento 
5.1. Celebração do casamento 
 O casamento é cercado de um verdadeiro ritual, com significativa incidência de normas de ordem pública. 
Constitui negócio jurídico solene. As formalidades atribuem seriedade e certeza ao ato, garantem e facilitam sua 
prova e resguardam o interesse de terceiros no tocante à publicidade da sociedade conjugal. 
 
5.1.1. Assento de casamento 
 O ato solene relativo ao casamento será realizado na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, 
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes. Se as partes quiserem, e consentindo a 
autoridade celebrante, o casamento poderá ser celebrado em outro edifício, público ou particular (art. 1.534 do CC). 
No último caso, ficará o edifício particular de portas abertas durante o ato (art. 1.534, § 1.º, do CC). O número de 
testemunhas aumenta para quatro, o que igualmente se aplica se algum dos contraentes não souber ou não puder 
escrever (art. 1.534, § 2.º, do CC). 
 Estando presentes os contraentes, pessoalmente ou por procurador especial (no caso de casamento por 
procuração), juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, após ouvir dos nubentes a 
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nos seguintes 
termos: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e 
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados” (art. 1.535 do CC). 
 Após a celebração do casamento, será lavrado o assento no livro de registro (art. 1.536 do CC). 
 Em relação ao momento de aperfeiçoamento do ato, enuncia o art. 1.514 do CC que o casamento se realiza no 
momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e 
o juiz os declara casados. Como se pode notar, existem dois atos continuados que somados geram o 
aperfeiçoamento do negócio, no sentido de sua validade (manifestação dos nubentes + declaração do juiz).40 O 
registro do ato está no plano da eficácia do casamento. 
 Nos termos do art. 1.538 do CC, a celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos 
contraentes: a) recusar a solene afirmação da sua vontade; b) declarar que esta não é livre e espontânea; c) 
manifestar-se arrependido. O nubente que der causa à suspensão do ato não poderá retratar-se no mesmo dia (art. 
 
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1.538, parágrafo único, do CC). Essa regra será aplicada mesmo se a manifestação tiver sido feita em tom jocoso 
(animus jocandi) ou de brincadeira. 
 
5.1.2. Modalidade especiais de casamento 
a) Casamento por moléstia grave - (art. 1.539 do CC) 
 É o casamento que pressupões que já estejam satisfeitas as formalidades preliminares, mas devido ao 
agravamento do estado de saúde de um ou de ambos os nubentes, não é possível esperar a realização da cerimônia. 
 Se um dos nubentes estiver acometido por moléstia grave, o presidente do ato celebrará o casamento onde se 
encontrar a pessoa impedida, e sendo urgente ainda que à noite. O ato será celebrado perante duas testemunhas que 
saibam ler e escrever 
 
b) Casamento nuncupativo (em viva voz) ou in extremis vitae momentis, ou in articulo mortis (art. 1.540 do 
CC) 
 É o casamento realizado na eminencia da morte provocado por ato inesperado ao qual há possibilidade de secasar sem juiz de paz. 
 A presente situação não pode ser confundida com a anterior, apesar de próxima. Nos termos do art. 1.540 do CC, 
“Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual 
incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, 
que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau”. Como se pode notar, 
não há a presença da autoridade celebrante prevista em lei, ao contrário da modalidade prevista no art. 1.539 do 
CC. 
 Mais uma vez, consigne-se que essa forma de casamento não poderá ser utilizada com o intuito de 
enriquecimento sem causa, o que pode motivar a decretação da sua nulidade absoluta, por fraude à lei imperativa 
(art. 166, VI, do CC). Igualmente não prevalecerá se decorrer de simulação absoluta, o que de igual modo gera a 
sua nulidade (art. 167 do CC). 
 Justamente para evitar fraudes é que o art. 1.541 do CC determina que, realizado esse casamento, devem as 
testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por 
termo a declaração de: a) que foram convocadas por parte do enfermo; b) que este parecia em perigo de vida, mas 
em seu juízo; c) que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e 
mulher. Instaura-se um procedimento de jurisdição voluntária, no qual deve intervir o Ministério Público. Autuado 
o pedido e tomadas as declarações, o juiz (da autoridade judicial mais próxima) procederá às diligências 
necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados 
que o requererem, dentro em quinze dias (art. 1.541, § 1.º, do CC). 
 Verificada a idoneidade dos cônjuges para o ato, o casamento será tido como válido e assim o decidirá a 
autoridade competente, com recurso voluntário às partes (§ 2.º). Se da decisão ninguém tiver recorrido, ou se ela 
passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos 
(§ 3.º). O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da 
celebração (§ 4.º) – os efeitos são ex tunc. 
 Porém, serão dispensadas tais formalidades se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença 
da autoridade competente e do oficial do registro (§ 5.º). Isso porque a confirmação posterior afasta a necessidade 
de todas as formalidades para se verificar a idoneidade da vontade. 
 A princípio, não sendo respeitados os requisitos constantes desses dispositivos, o casamento deve ser tido como 
ineficaz, não gerando efeitos. Também é possível concluir por sua nulidade, por desrespeito à forma e às 
solenidades (art. 166, IV e V, do CC). Socorre-se à teoria geral do negócio jurídico da Parte Geral do CC/2002. 
 
c) Casamento por procuração - (art. 1.542 do CC) 
 O casamento poderá ser celebrado por procuração, desde que haja instrumento público com poderes especiais 
para tanto. A eficácia do mandato não ultrapassará 90 dias da sua celebração (art. 1.542, § 3.º). Ilustrando, se o 
marido está trabalhando no exterior, poderá outorgar poderes para que sua mãe o represente quando da celebração. 
Como se pode notar, não se exige diversidade de sexos quando da celebração, eis que o mandatário age em nome 
do mandante. 
 Eventualmente, se o mandante quiser revogar o mandato, a revogação não necessita chegar ao conhecimento do 
mandatário (art. 1.542, § 1.º, do CC). Ressalte-se que somente é possível revogar o mandato para o casamento por 
meio de instrumento público (art. 1.542, § 4.º). 
 
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 Celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação anterior, 
responderá o mandante por perdas e danos perante o eventual prejudicado, caso do outro nubente. Estão incluídas 
as despesas materiais com a celebração do casamento. 
 Por fim, no casamento in extremis, nada impede que o nubente que não esteja em iminente risco de vida seja 
representado nesse casamento nuncupativo (art. 1.542, § 2.º, do CC). 
 
5.2. Provas do casamento 
 Os arts. 1.543 a 1.547 do CC tratam da prova do casamento, havendo três tipos comprobatórios principais: 
� Prova direta – Em regra, o casamento celebrado no Brasil é provado pela certidão do seu registro (art. 1.543 do 
CC). Em relação ao casamento de brasileiro celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os 
cônsules brasileiros, este deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges 
ao Brasil. Esse registro deverá ocorrer no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1.º Ofício da 
Capital do Estado em que passarem a residir (art. 1.544 do CC). 
 
� Provas diretas complementares ou supletórias – justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível 
qualquer outra espécie de prova (art. 1.543, parágrafo único, do CC). Exemplos: documentos em que consta a 
situação de casado, tais como a cédula de identidade, o passaporte e a certidão de proclamas. 
 
� Prova indireta – fundada na posse de estado de casados, na demonstração efetiva da situação de casados. 
Conforme se extrai da doutrina de Eduardo de Oliveira Leite, três são os requisitos para a sua comprovação: 
nomen – um cônjuge utiliza o nome do outro; tractatus – as partes se tratam como se fossem casados; fama ou 
reputatio – a sociedade reconhece nas partes pessoas casadas (reconhecimento geral ou reputação social).60 O 
art. 1.545 do CC determina que o casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam 
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum. Essa regra deverá 
ser aplicada salvo se existir certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando 
contraiu o casamento impugnado. Se a prova da celebração legal do casamento resultar de eventual processo 
judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no 
que diz respeito aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento (art. 1.546 do CC) – efeitos ex tunc. 
Nessa ação vale a regra hermenêutica in dubio pro matrimonio. Assim, entre as provas favoráveis e as provas 
contrárias, deve-se julgar pela existência do casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem 
ou tiverem vivido na posse do estado de casados (art. 1.547 do CC). A máxima prestigia a família e a sua 
função social. 
 
5.3. Efeitos Jurídicos do casamento em geral 
a) Efeitos sociais 
 Os efeitos do casamento, em razão de sua relevância, projetam-se no ambiente social e irradiam as suas 
consequências por toda a sociedade. O matrimônio legaliza as relações sexuais do casal, proibindo a sua prática 
com outrem e estabelecendo o debitum conjugale. O seu principal efeito, no entanto, é a constituição da família 
legítima ou matrimonial. Ela é a base da sociedade e tem especial proteção do Estado, conforme estatui o art. 226 
da Constituição Federal, que reconhece também a união estável e a família monoparental como entidades familiares 
(§§ 3º e 4º). 
 
Legalização das relações sexuais do casal 
Constituição de família constitucionalmente protegida 
Antecipação da maioridade civil 
Estabelecimento de presunções de paternidade 
 
b) Efeitos pessoais 
 A respeito dos seus efeitos pessoais ou existenciais, de início, pelo casamento, tanto o homem quanto a mulher 
assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família (art.1.565, 
caput, do CC), constituindo-se a tão mencionada comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e 
deveres dos cônjuges” (CC, art. 1.511). Como seu primeiro efeito concreto, qualquer um dos nubentes poderá 
acrescer ao seu o sobrenome do outro (art. 1.565, § 1.º, do CC). 
 Relativamente ao planejamento familiar, este é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito (art. 1.565, § 2.º). Segundo o Enunciado n. 99 do 
 
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CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, o art. 1.565, § 2.º, também deve ser aplicado à união estável, 
diante do seu reconhecimento constitucional como entidade familiar. 
 
O art. 1.566 do CC consagra os deveres de ambos os cônjuges no casamento, a saber: 
I – Dever de fidelidade recíproca 
Havendo infidelidade, no sistema anterior, estava presente motivo para a separação sanção, fundada na culpa (art. 
1.572, caput, do CC). Com a entrada em vigor da Emenda do Divórcio (Emenda Constitucional 66/2010), a questão 
da infidelidade deve ser vista com ressalvas. Como é notório, alterou-se o art. 226, § 6.º, da Constituição Federal de 
1988, que passou a prever que “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. Não há mais menção à 
separação judicial, havendo corrente doutrinária de peso que afirma a impossibilidade de discussão da culpa para a 
dissolução do casamento. Não se filia pura e simplesmente a tal corrente, eis que a culpa, em casos excepcionais, 
pode ser discutida para a dissolução do casamento. Isso porque a fidelidade continua sendo um dever do casamento 
e não uma mera faculdade. Assim, em algumas situações de sua não mitigação, a culpa pode ser discutida em sede 
de divórcio, em especial para a atribuição da responsabilidade civil e para a fixação de alimentos. Além da 
manutenção do dever de fidelidade como regra do casamento – sendo a culpa a sua violação –, conserva-se no 
sistema um modelo dualista, com e sem culpa. O tema será aprofundado oportunamente. 
 
II – Dever de vida em comum, no domicílio conjugal, antigo dever de coabitação. 
 Este dever que inclui o débito conjugal (dever de manter relações sexuais), de acordo com a doutrina tradicional. 
Todavia, em visão contemporânea interessante, Maria Berenice Dias procura afastar a obrigatoriedade de se manter 
relação sexual, pois “essa interpretação infringe o princípio constitucional do respeito à dignidade da pessoa, o 
direito à liberdade e à privacidade, além de afrontar o direito à inviolabilidade do próprio corpo”. Em suma, o 
conceito de coabitação deve ser visualizado a partir da realidade social, de modo a admitir-se a coabitação 
fracionada, sem que haja quebra dos deveres do matrimônio. Como sustenta a própria jurista, “A vida no domicílio 
conjugal é outra imposição que não se justifica, pois compete a ambos os cônjuges determinar onde e como vão 
morar. 
 Necessário respeitar a vontade dos dois, sendo de todo descabido impor um lar comum, até porque a família pode 
ter mais de um domicílio”. Nessa realidade, é possível que cônjuges mantenham-se distantes, em lares distintos, por 
boa parte do tempo, sem que haja o rompimento do afeto, do amor existente entre eles, vínculo mais forte a manter 
a união. É possível, ainda, que os cônjuges até durmam em camas separadas, sem que isso seja motivo para a 
separação do casal. Enuncia o art. 1.569 do CC, em tom democrático, que o domicílio conjugal será escolhido por 
ambos os cônjuges. O mesmo dispositivo admite que um dos cônjuges se ausente do domicílio conjugal para 
atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes. 
 
III – Dever de mútua assistência. 
A assistência é moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. Quanto à assistência patrimonial, sempre debatida, o 
art. 1.568 do CC/2002 preconiza que cada cônjuge será obrigado a concorrer, na proporção dos seus bens e dos 
seus rendimentos, para o sustento da família e para a educação dos filhos, qualquer que seja o regime matrimonial 
adotado entre eles. A regra é geralmente utilizada para a fixação de alimentos, quando dissolvida a sociedade 
conjugal. 
 
IV – Dever de sustento, guarda e educação dos filhos. 
A previsão tem relação com a solidariedade social, retirada do art. 3.º, I, da CF/1988. Em complemento, prevê o art. 
1.567 do CC que “a direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, 
sempre no interesse do casal e dos filhos. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que 
decidirá tendo em consideração aqueles interesses. ” Assim, cabe ao Poder Judiciário, suprir a vontade de um dos 
cônjuges, sempre no interesse da família. A norma foi elaborada em um momento que se incentivava o acesso à 
Justiça. Porém, a tendência atual é de fuga do Judiciário, na linha da desjudicialização dos conflitos. Em suma, a 
última previsão perdeu sua razão de ser. 
 
V – Dever de respeito e consideração mútuos. 
Tais deveres, retirados da boa-fé objetiva, também tem aplicação ao casamento. Segundo Paulo Lôbo, tal dever 
“consulta mais a dignidade dos cônjuges, pois a lei a eles delega a responsabilidade de qualificá-los, segundo os 
valores que compartilhem, sem interferência do Estado-juiz na privacidade ou na intimidade, o que ocorre com o 
dever de fidelidade”. Como se nota, o jurista defende uma maior liberdade na análise dos deveres matrimoniais. 
 
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Encerrando o estudo dos efeitos pessoais do casamento, de acordo com o art. 1.570 do CC, eventualmente, a 
administração da sociedade conjugal e a direção da família poderão ser exercidas exclusivamente por um dos 
cônjuges, estando o outro: a) em lugar remoto ou não sabido; b) encarcerado por mais de 180 dias; e c) interditado 
judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente. 
 
c) Efeitos patrimoniais 
 O casamento gera, para os consortes, além dos efeitos pessoais, consequências e vínculos econômicos, 
consubstanciados no regime de bens, nas doações recíprocas, na obrigação de sustento de um ao outro e da prole, 
no usufruto dos bens dos filhos durante o poder familiar, no direito sucessório etc 
 
6. Regime de bens entre os cônjuges - arts. 1.639 a 1.688 
6.1. Conceito 
 O regime matrimonial de bens pode ser conceituado como sendo o conjunto de regras de ordem privada 
relacionadas com interesses patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar. 
 É o estatuto patrimonial das pessoas casadas, destinada não só a regular os efeitos econômicos do casamento 
entre os consortes, bem como destes em face de terceiros. 
 
6.2. Princípios 
a) Princípio da autonomia privada 
 A plena liberdade na escolha dos regimes de bens 
Trata-se do direito dos cônjuges de regulamentar as questões patrimoniais, retirado do art. 1.639, caput, do CC, in 
verbis: “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes 
aprouver”. O exercício da autonomia privada se dá pelo pacto antenupcial, em regra, que não pode contrariar os 
preceitos de ordem pública. Sendo assim, podem os cônjuges escolher outro regime que não seja o regime legal 
(comunhão parcial de bens); fazendo opção pela comunhão universal, pela participação final nos aquestos ou pela 
separação de bens. É possível, ainda, a criação de um regime misto,combinando as regras dos regimes previstos em 
lei. 
 
b) Princípio da indivisibilidade 
Não é possível fracionar os regimes em relação aos cônjuges, o regime é único para ambos os consortes. 
 Apesar de ser possível juridicamente a criação de outros regimes que não estejam previstos em lei, não é lícito 
fracionar os regimes em relação aos cônjuges. Em outras palavras, o regime é único para ambos os consortes, 
diante da isonomia constitucional entre marido e mulher. 
 
c) Princípio de variedade de regimes 
 O CC/2002 consagra quatro possibilidades de regimes de bens aos nubentes (Comunhão Parcial, Comunhão 
Universal, Separação de Bens e Participação final dos aquestos). No silêncio das partes, prevalecerá o regime da 
comunhão parcial, que é o regime legal ou supletório (art. 1.640, caput, do CC). O regime de bens adotado começa 
a vigorar desde a data do casamento (art. 1.639, § 1.º, do CC). 
 
d) Princípio da mutabilidade justificada 
 O art. 1.639, § 2.º, do CC/2002, possibilita a alteração do regime de bens, mediante autorização judicial, em 
pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e desde que ressalvados os 
direitos de terceiros. 
 Este princípio merece aprofundamentos, diante de sua enorme aplicação prática. De início, cumpre destacar que a 
norma é clara, no sentido de somente admitir a alteração do regime mediante pedido judicial de ambos os cônjuges 
(ação de alteração do regime de bens, que segue jurisdição voluntária e corre na Vara da Família, se houver). Em 
projeções legislativas, há tentativa de se criar a possibilidade de alteração administrativa do regime de bens, por 
meio de escritura pública, conforme o PL 470/2013 (Estatuto das Famílias). 
 Havendo prejuízo de terceiro de boa-fé a alteração do regime será reconhecida como ineficaz em relação a esse o 
que não prejudica sua validade e eficácia entre as partes. 
 
6.3. Regras gerais quanto ao regime de bens 
6.3.1. Pacto antenupcial 
 Trata-se da escolha de regime de bens mediante o qual os nubentes determinam antes do casamento as 
disposições próprias do regime de bens escolhido. Tem, portanto, natureza jurídica negocial e acessória. 
 
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6.3.2. Regime legal ou supletório. Art. 1640 
 A comunhão parcial é o regime legal desde a entrada em vigor da Lei do Divórcio, em 26 de dezembro de 1977 
(Lei 6.515/1977). 
 Trata-se do regime legal ou supletório, que valerá para o casamento se não houver pacto entreos cônjuges ou 
sendo este nulo ou ineficaz. 
 
6.3.3. Regime da Separação Legal ou Obrigatório de bens - Art. 1641 
 A norma é considerada de ordem pública para proteção de determinadas pessoas. 
I – Das pessoas que contraírem o casamento com inobservância das causas suspensivas do casamento (art. 1.523 do 
CC). 
II – Da pessoa maior de 70 anos. Destaque-se que a norma foi alterada pela recente Lei 12.344, de 9 de dezembro 
de 2010, uma vez que a idade antes prevista era de 60 anos. 
III – De todos os que dependerem de suprimento judicial para casar, caso dos menores. 
 Em relação ao seu inc. II, é forte a corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a sua 
inconstitucionalidade, por trazer situação discriminatória ao idoso, tratando-o como incapaz. Na verdade, tal 
previsão não protege o idoso, mas seus herdeiros, tendo feição estritamente patrimonialista, na contramão da 
tendência do Direito Privado contemporâneo, de proteger a pessoa humana 
 Reconhecendo doutrinariamente a inconstitucionalidade, o Enunciado n. 125, da I Jornada de Direito Civil, 
propõe a revogação do comando. Constam de suas justificativas: “A norma que torna obrigatório o regime da 
separação absoluta de bens em razão da idade dos nubentes (qualquer que seja ela) é manifestamente 
inconstitucional, malferindo o princípio da dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República, 
inscrito no pórtico da Carta Magna (art. 1.º, inc. III, da CF/1988). 
 Isso porque introduz um preconceito quanto às pessoas idosas que, somente pelo fato de ultrapassarem 
determinado patamar etário, passam a gozar da presunção absoluta de incapacidade para alguns atos, como contrair 
matrimônio pelo regime de bens que melhor consultar seus interesses. 
 Os arts. 1.642 e 1.643 do CC consagram os atos que podem ser praticados por qualquer um dos cônjuges, 
sem autorização do outro, não importando o regime de bens adotado: 
a) Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as 
devidas exceções legais (art. 1.642, I, do CC). 
b) Administrar os bens próprios (art. 1.642, II, do CC). 
c) Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem 
suprimento judicial (art. 1.642, III, do CC). Apesar de a lei mencionar a reivindicação, o caso é de anulação do 
ato de alienação ou da instituição real, estando a ação anulatória sujeita a prazo decadencial de dois anos, 
contados do término do casamento e da sociedade conjugal (art. 1.647 c/c art. 1.649 do CC, atualizados com a 
EC 66/2010). 
d) Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge 
com infração do disposto nos incs. III e IV do art. 1.647, dispositivo que será estudado a seguir (art. 1.642, IV, 
do CC). Novamente, apesar de a lei expressar a rescisão (que gera a extinção por motivo posterior à 
celebração), o caso é de anulação da fiança e do aval, o que gera a extinção dos mesmos por motivo anterior ou 
concomitante à celebração (art. 1.647 do CC) no prazo decadencial de dois anos, contados do fim do casamento 
e da sociedade conjugal (art. 1.649 do CC). 
e) Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, 
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de 
fato por mais de cinco anos (art. 1.642, V, do CC). Por óbvio que esse dispositivo não deve ser aplicado 
havendo uma união estável entre o doador e o donatário. Mais uma vez, não se trata de reivindicação, mas de 
anulação da doação, nos termos do art. 550 do CC, norma que trata da matéria com maior especialidade e que 
deve prevalecer. De toda sorte, conforme exposto no Capítulo 6 desta obra, o último dispositivo tem aplicação 
restrita às hipóteses de doação ao concubino, merecendo críticas. 
f) Praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente em lei, o que decorre da máxima pela qual, 
para o Direito Civil, o que não está proibido está permitido (art. 1.642, VI, do CC). 
g) Comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica (art. 1.643, I, CC). 
h) Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir (art. 1.643, II, do CC). 
 
 
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 Relativamente às últimas duas previsões, atos relacionados com as economias domésticas, dispõe o art. 1.644 do 
CC que haverá solidariedade passiva legal de ambos os cônjuges. Ilustrando, em relação aos gastos mensais de 
supermercado, contas de água, luz, telefone, gás e condomínio do imóvel do casal haverá a citada solidariedade. 
 Com relação às ações fundadas nos incs. III, IV e V do art. 1.642, essas competem ao cônjuge prejudicado e a 
seus herdeiros (art. 1.645). No caso dos incs. III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença favorável 
ao autor, terá direitoregressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros (art. 1.646). 
 
6.3.4. Outorga conjugal – art. 1647 
 Mitigando a liberdade constante nos arts. 1.642 e 1.643 do CC, o art. 1.647 enuncia os atos e negócios que 
exigem outorga conjugal, restringindo a autonomia privada. Trata-se de um dos mais importantes dispositivos do 
livro de Direito de Família. De início, destaque-se que a outorga conjugal pode ser assim classificada: 
a) Outorga Uxória: Capacidade que trata de outorga ou vênia conjugal da mulher. 
b) Outorga marital: Capacidade que trata de outorga ou vênia conjugal do homem. 
 
 A outorga conjugal envolve legitimação, estando no plano da validade dos atos e negócios ali previstos. Antes 
de se estudar quais são os atos que exigem outorga, insta verificar a exceção constante do caput do art. 1.647. Por 
esse comando, a outorga é dispensada se os cônjuges forem casados pelo regime da separação absoluta. Que 
regime seria esse, afinal de contas o CC/2002 trata apenas da separação de bens, podendo essa ser legal (art. 1.641) 
ou convencional (arts. 1.687 e 1.688)? No tocante à separação convencional de bens, não existem maiores debates, 
havendo uma separação absoluta, pela redação do art. 1.687 do CC. A polêmica gira em torno da antiga Súmula 
377 do STF, um dos temas mais conflituosos do atual Direito de Família brasileiro. 
 
A possibilidade de aplicação aos casamentos celebrados na vigência do Cód. Civil de 1916 
 Seguindo no estudo do tema, como importante questão de direito intertemporal, entende-se que é possível alterar 
o regime de bens de casamento celebrado na vigência do CC/1916. Trata-se de aplicação do art. 2.035, caput, do 
CC, e da Escada Ponteana. Nos termos desse comando legal, quanto ao plano da validade deve ser aplicada a 
norma do momento de celebração ou constituição do negócio. Em relação ao plano da eficácia – onde se situa o 
regime de bens –, incide a norma do momento da produção dos efeitos. Exemplificando, se o casamento foi 
celebrado em 1973, é possível alterar hoje o regime de bens, pois a localização categórica é no plano dos efeitos. 
Doutrinariamente, tal conclusão já constava do Enunciado n. 260 do CJF/STJ, da III Jornada de Direito Civil: 
“Arts. 1.639, § 2.º, e 2.039: A alteração do regime de bens prevista no § 2.º do art. 1.639 do Código Civil também é 
permitida nos casamentos realizados na vigência da legislação anterior”. 
 
6.4. Regimes em espécies 
a) O Regime da Comunhão Parcial de bens – arts. 1658 a 1.666 do CC 
 Caracteriza-se por estabelecer a separação quanto ao passado (bens que cada cônjuge possuía antes do 
casamento) e comunhão quanto ao futuro (adquiridos na constância do casamento), gerando três massas de bens: os 
do marido, os da mulher e os comuns. 
 Trata-se do regime legal ou supletório, que valerá para o casamento se não houver pacto entre os cônjuges ou 
sendo este nulo ou ineficaz (art. 1.640, caput, do CC). A regra básica do regime da comunhão parcial é a seguinte: 
comunicam-se os bens havidos durante o casamento com exceção dos incomunicáveis (art. 1.658 do CC). 
Esquematizando: 
 
 
� Bens incomunicáveis 
 
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Do esquema acima, destaque-se que os bens comunicáveis formam os aquestos, sobre os quais o outro cônjuge tem 
direito à meação. Entretanto, há bens que não se comunicam nesse regime, descritos no art. 1.659 do CC: 
I – Os bens que cada cônjuge já possuía ao casar e aqueles havidos por doação ou sucessão, bem como os sub-
rogados no seu lugar (sub-rogação real, substituição de uma coisa por outra). A norma trata dos bens 
particulares, que são os bens anteriores e os havidos por herança ou doados a um dos cônjuges. 
 
II – Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens 
particulares. A previsão deve ser interpretada restritivamente, no sentido de que se o bem é adquirido também com 
esforço do outro cônjuge, de qualquer natureza, haverá comunicação. 
III – As obrigações anteriores ao casamento, caso das dívidas pessoais que cada cônjuge já possuía ao casar. 
IV – As obrigações decorrentes de ato ilícito, salvo reversão em proveito do casal. A título de exemplo, se os 
cônjuges possuem uma fazenda e o marido, na administração desta, causar um dano ambiental, haverá 
responsabilidade solidária do casal, respondendo todos os seus bens. Isso porque a atividade desenvolvida na 
fazenda era realizada em benefício do casal. 
Obs. O credor no caso da segunda parte do inciso deve provar que o ato ilícito aproveitou ao casal. 
V – Os bens de uso pessoal de cada um dos cônjuges (v.g., joias da família, roupas, escova de dentes, relógios, 
celulares, CDs, DVDs); os livros (v.g., obras jurídicas, coleções raras etc.); e os instrumentos de profissão 
(bisturi, fita métrica, máquina de costura). 
VI – Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, o que inclui o salário, as remunerações em sentido amplo 
e a aposentadoria. Há problema técnico em relação a tal comando, pois se interpretado na literalidade, nada ou 
quase nada se comunicará nesse regime. 
Obs. Os valores depois de recebidos passam a compor a renda familiar e se comunicam até a dissolução do 
vínculo. 
VII – As pensões (quantias pagas de forma periódica em virtude de lei, decisão judicial, ato inter vivos ou mortis 
causa, visando a subsistência de alguém), meios-soldos (metade do valor que o Estado paga ao militar reformado) 
e montepios (pensão paga pelo Estado aos herdeiros de um funcionário público falecido), bem como outras rendas 
semelhantes e que têm caráter pessoal. Mais uma vez deve-se interpretar restritivamente a previsão, pois se tais 
valores forem recebidos durante o casamento, haverá comunicação dos bens. 
 
� Bens comunicáveis 
Por outra via, o art. 1.660 da codificação traz o rol dos bens comunicáveis no regime, a saber: 
I – Os bens adquiridos na constância do casamento a título oneroso, ainda que em nome de somente um dos 
cônjuges. 
Essa previsão entra em conflito com o inciso VI do art. 1.659, devendo prevalecer, pois relacionada com o próprio 
espírito do regime. Para a comunicação não há necessidade de prova de esforço comum, havendo presunção de 
ingresso nos aquestos. 
II – Os bens adquiridos por fato eventual com ou sem colaboração do outro cônjuge. Exemplos: valores recebidos 
em decorrência de jogos, apostas e loterias em geral. 
III – Os bens adquiridos por doação, herança ou legado em favor de ambos os cônjuges. Haverá comunicação eis 
que o benefício é dado a ambos. 
IV – As benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias em bens particulares de cada cônjuge. As benfeitorias são 
bens acessórios, introduzidas de forma onerosa e que valorizam a coisa principal, havendo uma presunção de 
aquisição onerosa. A comunicação deve ser estendida às acessões, conforme propõe o PL 276/2007, a partir das 
lições da doutrina. 
V – Os frutos civis (rendimentos) ou naturais decorrentes de bens comuns ou particulares de cada cônjuge 
percebidos na constância do casamento, ou pendentes quando cessar a união. 
 
 A lei civil considera incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento (art. 
1.661 do CC). Exemplificando, é a hipótese de um rapaz solteiro que vende a crédito um terreno seu, cujo valor é 
recebido após a celebração do casamento sob o regime da comunhão parcial. Tal valor é incomunicável, pois a sua 
causa é anterior ao matrimônio. 
 
 Relativamente aos bens móveis, o CC/2002 consagra a presunção de que foram adquiridos na constância da 
união, ou seja, haverá comunicação (art. 1.662 do CC). Conclui-se que essa presunção é relativa(iuris tantum), 
cabendo prova em contrário de quem alega que o bem é exclusivo e incomunicável. 
 
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 A administração do patrimônio comum compete a qualquer um dos cônjuges, diante da isonomia constitucional 
e do sistema de colaboração presente nesse regime de bens (art. 1.663 do CC). As Dívidas contraídas no exercício 
dessa administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro cônjuge na 
razão do proveito que houver auferido (art. 1.663, § 1.º). Concretizando, o marido tem uma empresa, anterior ao 
casamento, e a administra sozinho. Por tal conduta de administração, a parte que a esposa tem nos bens comuns e 
os seus bens exclusivos não respondem por dívidas contraídas pelo marido na administração da empresa, uma vez 
que o bem é anterior. 
 A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos que, a título gratuito, impliquem a cessão do uso ou 
gozo dos bens comuns, caso da instituição de um usufruto ou da celebração de um contrato de comodato de imóvel 
pertencente a ambos (art. 1.663, § 2.º, do CC). Havendo prova de dilapidação do patrimônio ou do desvio de bens, 
o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges, analisando as provas dessa má administração (art. 
1.663, § 3.º, do CC). 
 Os bens da comunhão ainda respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos 
encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal (art. 1.664 do CC). Para 
exemplificar, os bens da comunhão respondem pelas dívidas domésticas; pelas despesas de alimentação da família; 
pelas despesas de aluguel e condomínio do apartamento do casal e pelas contas de consumo mensal. 
No tocante à administração e à disposição dos bens constitutivos do patrimônio particular, tais atos competem ao 
cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial (art. 1.665). 
A norma constitui novidade e deve ser confrontada com o art. 1.647 do CC. A polêmica que surge interroga a 
necessidade da outorga conjugal para a venda de um bem imóvel anterior (bem particular) por um dos cônjuges na 
comunhão parcial. A correta interpretação é que a outorga em casos tais é necessária, prevalecendo a regra do art. 
1.647, I, do CC, sob pena de anulação do ato. Com essa dedução jurídica, o Enunciado n. 340 do CJF/STJ: “No 
regime da comunhão parcial de bens é sempre indispensável a autorização do cônjuge, ou seu suprimento judicial, 
para atos de disposição sobre bens imóveis”. A conclusão tem o fito de proteger eventuais benfeitorias introduzidas 
nos bens particulares que, como antes exposto, são comunicáveis neste regime (art. 1.660, IV, do CC). 
 Finalizando o tratamento da comunhão parcial, o art. 1.666 do CC determina que as dívidas contraídas por 
qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes não obrigam os bens 
comuns. 
 
b) O Regime da Comunhão Universal de bens – arts. 1.667 a 1.671 do CC 
 Regra básica do regime: comunicam-se tanto os bens anteriores, presentes e posteriores à celebração do 
casamento, ou seja, há uma comunicação plena nos aquestos, o que inclui as dívidas passivas de ambos (art. 1.667 
do CC). (Regime em que se comunicam todos os bens, atuais e futuros, dos cônjuges, ainda que adquiridos em 
nome de um só deles.) Vejamos o esquema gráfico: 
 
 
 Destaque-se que a comunicação é plena, mas não absoluta, pois existem bens incomunicáveis descritos no art. 
1.668 do CC: 
I – Bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade, e os correspondentes sub-rogados (sub-
rogação real, substituição de uma coisa por outra). Por essa cláusula, como o próprio nome já diz, afasta-se a 
comunhão em qualquer regime. Se instituída por testamento na legítima, enuncia o art. 1.848 do CC que esta 
cláusula deve ser justificada. 
II – Bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição 
suspensiva. O fideicomisso é uma forma de substituição testamentária em que um primeiro herdeiro (fiduciário) 
 
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pode ser substituído por outro (fideicomissário). Quando o bem estiver com o fiduciário (1.º herdeiro) haverá 
incomunicabilidade, pois, a sua propriedade é resolúvel, protegendo-se o direito do fideicomissário (2.º herdeiro). 
III – As dívidas anteriores ao casamento, salvo se tiverem como origem dívidas relacionadas com o casamento, ou 
aquelas que se reverterem em proveito comum. Desse modo, são comunicáveis, as dívidas relativas à aquisição do 
imóvel do casal, da mobília e do enxoval; bem como as despesas para a festa do casamento. 
IV – As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges a outro, com cláusula de incomunicabilidade. 
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 do CC (bens de uso pessoal, livros, instrumentos de 
profissão, proventos do trabalho de cada um e pensões em geral). Como apontado no estudo da comunhão parcial 
de bens, as duas últimas previsões merecem interpretação restritiva. (destacamos) 
 
 Quanto aos frutos, são eles comunicáveis, mesmo que sejam retirados de bens incomunicáveis, mas desde que 
vençam ou sejam percebidos na constância do casamento (art. 1.669 do CC). Para ilustrar, os aluguéis retirados por 
um dos cônjuges em relação a um imóvel recebido com cláusula de incomunicabilidade são comunicáveis. 
 O art. 1.670 do CC/2002 aduz que, quanto à administração dos bens na comunhão universal, devem ser 
aplicadas as mesmas regras vistas para a comunhão parcial. Desse modo, os arts. 1.663, 1.665 e 1.666 do CC 
subsumem-se à comunhão universal de bens. 
 Por derradeiro, sendo extinta a comunhão pela dissolução do casamento e sendo efetuada a divisão do ativo e 
do passivo entre as partes, cessará a responsabilidade de cada um para os credores do outro (art. 1.671 do CC). 
Obviamente, sobre uma eventual dívida que surja após o fim da união, mas cuja origem está no período da vida em 
comunhão, haverá responsabilidade do cônjuge. 
 
c) O Regime da separação de bens (voluntária ou convencional) – arts. 1.687 a 1.688 do CC 
 Conforme outrora exposto, o regime da separação de bens pode ser convencional (origem em pacto 
antenupcial) ou obrigatório (art. 1.641 do CC). 
 Como regra básica do regime, não haverá a comunicação de qualquer bem, seja posterior ou anterior à união, 
cabendo a administração desses bens de forma exclusiva a cada um dos cônjuges (art. 1.687 do CC). Justamente 
por isso, cada um dos cônjuges poderá alienar ou gravar com ônus real os seus bens mesmo sendo imóveis, 
envolvendo todos os bens presentes e futuros frutos e rendimentos e confere autonomia na gestão do próprio 
patrimônio, nas hipóteses em que foi convencionada a separação de bens. Esquematizando a separação de bens: 
 
 Como se nota, normalmente, nada muda no regime na questão patrimonial. Porém, seja na separação 
convencional ou na separação obrigatória de bens, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas 
do casal na proporção dos rendimentos do seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto 
antenupcial (art. 1.688 do CC). Mesmo sendo clara a norma, no sentido de que cabe regra em contrário no pacto, 
conclui-se que a convenção não pode trazer situação de enorme desproporção, no sentido de que o cônjuge em pior 
condição financeira terá que arcar com todas as despesas da união. Essa patenteonerosidade excessiva gera a 
nulidade absoluta da cláusula constante da convenção antenupcial, pelo que consagra o art. 1.655 do CC. 
 
d) O regime da participação final nos aquestos – arts. 1.672 a 1.686 do CC 
 Trata-se de um regime novo que veio a substituir o regime dotal. Como regra fundamental do regime, durante o 
casamento há uma separação convencional de bens, e, no caso de dissolução da sociedade conjugal, algo próximo 
de uma comunhão parcial de bens. Finda a união, cada cônjuge terá direito a uma participação daqueles bens para 
os quais colaborou para a aquisição, devendo provar o esforço patrimonial para tanto, eis que o art. 1.672 do CC 
preconiza que caberá direito à metade dos bens adquiridos a título oneroso durante a união. Enquanto durar a 
sociedade conjugal, cada cônjuge tem exclusiva administração sobre o seu patrimônio. 
 
 
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 Pelo esquema a seguir já se demonstra a complexidade do regime, pois devem ser levados em conta como 
momentos de comparação durante o casamento e dissolvidos o casamento e sociedade conjugal. 
 Isso porque se forem levados em conta como momentos antes do casamento e depois do casamento – como nos 
outros regimes –, nada muda, pois há uma separação convencional de bens durante a união. Vejamos: 
 
 
 Deve ficar claro que os bens de participação não se confundem com a meação, pois a última independe da 
prova de esforço comum para a comunicação. Sendo assim, há equívoco nos dispositivos que fazem uso do 
termo meação, caso dos arts. 1.676, 1.678 e 1.682. Diante disso, onde se lê meação, deve-se entender 
participação. 
 
 Conforme o art. 1.673, integram o patrimônio próprio ou particular os bens que cada cônjuge possuía ao casar e 
os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. A administração desses bens é exclusiva de 
cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis, na constância da união. Nesse comando é que 
reside diferença fundamental em relação à comunhão parcial, pois no último caso os bens adquiridos durante a 
união, em regra, presumem-se de ambos. 
 Porém, ocorrendo a dissolução do casamento e da sociedade conjugal, deverá ser apurado o montante dos 
aquestos (parte comunicável), excluindo-se da soma dos patrimônios próprios, nos termos do art. 1.674 do CC: 
 
� Os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram (substituição real ou objetiva). 
� Os bens que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade. 
� As dívidas relativas a esses bens. 
 
 Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis (art. 1.674, parágrafo 
único, do CC). Nesse último ponto, está presente proximidade a comunhão parcial, havendo uma presunção relativa 
(iuris tantum) de participação. 
 Ao se determinar o montante dos aquestos, será computado o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a 
necessária autorização do outro (art. 1.675 do CC). Nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge 
prejudicado ou por seus herdeiros; ou declarado no monte partilhável por valor equivalente ao da época da 
dissolução. Mais uma vez, apesar da lei falar em reivindicação, anote-se que, realizada a doação sem a outorga 
conjugal, o ato é anulável, sujeita a ação anulatória a prazo decadencial de dois anos (arts. 1.647 e 1.649 do CC). 
 O valor dos bens alienados em detrimento da meação (ou melhor, da participação) deve ser incorporado ao monte 
partível, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de reivindicá-los (art. 1.676 do CC). 
Como se pode notar, o regime é justo, pela valorização do trabalho, mas de difícil aplicação prática diante de sua 
complexidade. 
 No que tange às dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, 
salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro ou do casal (art. 1.677 do CC). Se um 
dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e 
imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge (art. 1.678 do CC). Isso deverá ser provado por quem 
alega o pagamento da dívida, como, por exemplo, por meio de recibos ou notas fiscais, que devem ser guardados 
por aquele que fez o desembolso. Para essa prova, é possível até que um cônjuge exija recibo do outro, o que 
demonstra a inviabilidade do regime, diante do espírito de conduta do brasileiro. Essa exigência, nos comuns 
relacionamentos de nosso País, até pode motivar a separação do casal. 
 
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 Além dessas regras de divisão, “no caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônjuges 
uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido” (art. 1.679 do CC). Em regra, vale a 
divisão igualitária, o que comporta prova em contrário no sentido de que houve uma colaboração superior à metade 
do valor do bem. 
 As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso 
pessoal do outro (art. 1.680 do CC). Ilustre-se com a hipótese em que um dos cônjuges assina contrato de 
financiamento para aquisição de um veículo. Perante o credor, o bem é do cônjuge que constar do contrato. 
 Por outra via, os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro, salvo impugnação 
dessa titularidade, cabendo ao cônjuge proprietário o ônus de provar a aquisição regular dos bens de forma 
individual (art. 1.681 do CC). Nota-se que no último caso o ônus de provar não é de quem alega o domínio, mas 
daquele cuja titularidade consta do registro, havendo uma inversão do ônus da prova. A regra é injusta, diante da 
dificuldade de prova, podendo-se falar em prova diabólica. Em suma, recomenda-se que, durante o regime, um 
cônjuge solicite ao outro uma declaração, de que o bem imóvel foi adquirido somente por seus recursos. Mais uma 
vez, essa exigência documental pode desestabilizar o relacionamento. 
 Nos termos literais do art. 1.682 do CC, o direito à meação nesse regime é irrenunciável, incessível e 
impenhorável. Mais uma vez, repise-se, na esteira da melhor doutrina, que onde se lê meação, deve-se entender 
participação. 
 Em havendo dissolução do casamento, será verificado o montante dos aquestos à data em que cessou a 
convivência, o que objetiva evitar fraudes por aquele que detêm a titularidade ou a posse do bem partível (art. 1.683 
do CC). Não sendo possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de 
alguns ou de todos para a reposição em dinheiro ao cônjuge não proprietário. Por fim, não sendo possível realizar a 
reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem 
para o pagamento das respectivas quotas (art. 1.684 do CC). As mesmas premissas servem se o casamento for 
dissolvido por morte, com a ressalva de que a herança deve ser deferida na forma estabelecida no capítulo que 
regulamenta o Direito Sucessório (art. 1.685 do CC). 
 Por fim, enuncia o art. 1.686 que as dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam 
ao outro, ou a seus herdeiros. 
 
 
Bibliografia: Gonçalves, Carlos Roberto Direito civil brasileiro, volume 6: direito de família/ Carlos Roberto 
Gonçalves. — 9. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
Tartuce, Flávio, Manual de direito civil:volume único / Flávio Tartuce. 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
 
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7. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
7.1. Breve evolução da dissolução da sociedade conjugal no Ordenamento Jurídico Brasileiro: o cód. Civil de 
1916, a lei 6515/77, a CRFB/88 e o novo cód. Civil 
 Para entender a razão dos empecilhos historicamente impostos pela lei ao fim do casamento, é necessário atentar 
à própria evolução do conceito de família, que sempre foi valorada como um bem em si mesmo. A manutenção do 
vínculo conjugal era uma tentativa de consolidar as relações sociais. Tanto era assim que a ideia de família sempre 
esteve ligada à de casamento. Os vínculos extramatrimoniais eram reprovados socialmente e punidos pela lei. O 
rompimento da sociedade marital a figurava-se como um esfacelamento da própria família. 
 Sob a égide de uma sociedade conservadora e fortemente influenciada pela igreja, justificava-se a concepção do 
casamento como instituição sacralizada. Quando da edição do Código Civil de 1916, o enlace juramentado era 
indissolúvel. A única possibilidade legal ele romper com o matrimônio era o desquite, que, no entanto, não o 
dissolvia. Permanecia intacto o vínculo conjugal, a impedir novo casamento, mas não novos arranjos familiares, pois 
cessavam os deveres de fidelidade e de manutenção da vida em comum sob o mesmo teto. Remanescia, no entanto, 
a obrigação de mútua assistência, a justificar a permanência do encargo alimentar em favor do cônjuge inocente e 
pobre. 
 Vínculos extramatrimoniais sempre foram tolerados, mas nunca reconhecidos. As raras referências legais se 
limitavam a negar a essas uniões quaisquer benefícios. 
Tais restrições, porém, não impediam que as pessoas - desquitadas ou somente separadas de fato - constituíssem 
novos vínculos afetivos, que, pejorativamente, eram chamados de concubinato. A necessidade de solver os conflitos 
decorrentes dessas uniões levou a justiça a reconhecer sua existência e a atribuir-lhes alguns direitos. Em um primeiro 
momento, como simples sociedade de fato, a ensejar tão somente a partilha dos bens adquiridos durante o período da 
vida em comum e mediante a prova do aporte econômico de cada um. 
 Apesar da forte resistência dos segmentos mais conservadores, depois de 27 anos de incansável luta, o Senador 
Nelson Carneiro, mediante reforma constitucional, conseguiu acabar com a indissolubilidade do casamento (EC 
9/77). 
 No entanto, para a aprovação da Lei do Divórcio (L 6.515/77), algumas concessões foram feitas. Uma delas foi a 
manutenção do desquite, com uma singela alteração terminológica. O que o Código Civil chamava de desquite (ou 
seja, não "quites", alguém em débito para com a sociedade), a Lei do Divórcio denominou de separação, com 
idênticas características: pôr fim à sociedade conjugal, mas não dissolver o vínculo matrimonial. 
 Para a obtenção do divórcio, eram impostos vários entraves. Primeiro as pessoas precisavam se separar. Só depois 
é que podiam converter a separação em divórcio. A dissolução do vínculo conjugal era autorizada uma única vez 
(LD 38). 
 Ainda assim, sobreviveu a separação, instituto que guardava em suas entranhas a marca de um conservadorismo 
injustificável. Tratava-se quase de um limbo: a pessoa não era mais casada, mas não podia casar de novo. Se, em um 
primeiro momento, para facilitar a aprovação da Lei do Divórcio, foi útil e quiçá necessária essa artimanha, com o 
passar dos anos, não mais existiam razões para manter dupla via para pôr fim ao matrimônio. 
 Demorou até se desmistificar a fantasia de que o divórcio iria acabar com o casamento, e que era desnecessária a 
prévia separação judicial e sua posterior conversão em divórcio. Foi do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de 
Família a iniciativa de apresentar projeto de emenda constitucional que pôs fim à separação, acabando a inútil, 
desgastante e onerosa - tanto para o casal, como para o próprio Poder Judiciário - duplicidade de procedimentos para 
manter, durante o breve período de um ano, uma união que não mais existia, uma sociedade conjugal " finda", mas 
não "extinta". 
 A Emenda Constitucional 66/2010, ao dar nova redação ao § 6º do art. 226 da CF, com um só golpe alterou o 
paradigma de todo o Direito das Famílias. A dissolução do casamento sem a necessidade de implemento de prazos 
ou identificação de culpados dispõe também de um efeito simbólico: deixa o Estado de imiscuir-se na vida das 
pessoas, tentando impor a mantença de vínculos jurídicos quando não mais existem vínculos afetivos. 
 A referida Emenda representa uma verdadeira revolução para o Direito de Família brasileiro, sendo necessário 
rever as categorias jurídicas relativas ao tema. Vejamos como era a redação original do art. 226, § 6.º, da Constituição 
Federal de 1988, e como ficou o comando legal com a aprovação da EC 66/2010, que entrou em vigor em 13 de julho 
de 2010: 
 
 
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 Constata-se que apenas houve alteração no Texto Maior, sem qualquer modificação ou revogação de dispositivos 
do CC/2002 ou de leis específicas, cabendo à doutrina e à jurisprudência apontar quais construções jurídicas ainda 
persistem. Nota-se que grandes são os desafios para a civilística nacional brasileira. 
 
7.2. Separação 
 Separação e divórcio são institutos que não se confundem. Embora distintos, serviam ao mesmo propósito: pôr 
fim ao casamento (CC 1.571 III e IV). A diferença entre ambos sempre causou alguma perplexidade. O Código Civil 
disciplina a separação em sete embaralhados artigos, concedendo ao divórcio somente três dispositivos legais. Diz a 
lei que a sociedade conjugal termina pela morte, pela nulidade ou anulação do casamento, pelo divórcio e pela 
separação, mas que somente se dissolve pela morte ou pelo divórcio (CC 1.571 § 1). Ou seja, a separação terminava 
o casamento que, no entanto, só se dissolvia com o divórcio. É por isso que o Capítulo X do Código Civil fala em 
dissolução da sociedade e do vínculo conjugal. 
 Sempre foi muito alardeada pela doutrina como indevida a intromissão do Estado na vontade das partes, 
estabelecendo prazos ou exigindo a identificação de "culpas" para desfazer o casamento. Evidente o desrespeito ao 
direito à liberdade, por isso eram reconhecidas como inconstitucionais as limitações impostas à separação e ao 
divórcio, por afrontarem o princípio que consagra o respeito à dignidade da pessoa humana como bem supremo. Era 
absurdo forçar a manutenção do estado de casado, quando o casamento não mais existia. Ninguém pode ser obrigado 
a viver com quem não esteja feliz. Ao depois, até para quem acredita que a Constituição dá preferência ao vínculo 
matrimonial (CF 226 § 3º), obstaculizar a separação e o divórcio, mantendo a força o enlace conjugal, desatenderia 
à recomendação de transformar a união estável em casamento. 
 
7.2.1. A Separação Consensual Judicial e a extrajudicial 
 Como um dos impactos da Emenda do Divórcio a ser apontado, verifica-se que não é mais viável juridicamente a 
separação de direito, a englobar a separação judicial e a separação extrajudicial, banidas totalmente do sistema 
jurídico. 
 
7.2.2. Posicionamentos em relação à extinção da Separação 
a) Fundamentos favoráveis a manutenção da separação 
 De fato, existem juristas que são favoráveisà manutenção da separação de direito no sistema, caso, entre outros, 
de Mário Luiz Delgado, Luiz Felipe Brasil Santos,109 João Baptista Villela, Regina Beatriz Tavares da Silva, 
Gustavo Tepedino, Maria Celina Bodin de Moraes e Heloísa Helena Barboza. 
 Para essa corrente, a Emenda Constitucional 66/2010 não alterou a ordem infraconstitucional, havendo necessidade 
de normas para regulamentá-la. Com o devido respeito, a tese parece desprezar todo o trabalho de alteração 
constitucional, tornando-o inútil. Além disso, a dedução desconsidera a força normativa da Constituição e toda a 
evolução engendrada pelo Direito Civil Constitucional. 
 
� Dependeria de regulamentação de lei ordinária 
� A separação foi afastada como requisito do divórcio 
� Persiste quando houver vontade das partes 
� Expressão “pode” do art. 226, CR/88 
� Há os que sustentam ser necessária a identificação do culpado pelo término do casamento, porque disso 
dependeria a quantificação dos alimentos. Art. 1694, §2º 
� Pela separação há possiblidade de arrependimento 
� Apenas a interpretação literal não justificaria a permanência da separação no ordenamento. 
� A facilitação do divórcio fragiliza as famílias e banaliza o casamento 
 
b) Fundamentos contrários a manutenção da separação 
 Posicionamento de Zeno Veloso, que assim resume seu parecer: “numa interpretação histórica, sociológica, 
finalística, teleológica do texto constitucional, diante da nova redação do art. 226, § 6.º, da Carta Magna, sou levado 
a concluir que a separação judicial ou por escritura pública foi figura abolida em nosso direito, restando o divórcio 
que, ao mesmo tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial 
Na mesma linha, o posicionamento de Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo da Cunha Pereira e 
Maria Berenice Dias. 
 
� Legislação constitucional revoga infraconstitucional 
� Expressão “pode” meramente explicativa 
 
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� Não há prazo ou requisitos para o divórcio 
� Diminuição da interferência injustificada do estado no casamento 
� A culpa pode ser averiguada em processo de anulação e nulidade do casamento nos quais se analisará a boa-fé 
dos cônjuges, não havendo necessidade de se averiguar o mesmo na separação. 
� A obtenção da dissolução de casamento se tonaria menos burocrática e onerosa aos cônjuges 
� A extinção da separação se justifica pela teoria da deterioração factual (que se baseia na liberdade de escolha do 
modo de constituição, manutenção e dissolução do casamento) e pela teoria da intervenção mínima do estado na 
visa privada. 
 
7.2.3. O extinto instituto da Separação 
 Agora o sistema jurídico conta com uma única forma de dissolução do casamento: o divórcio. O instituto da 
separação simplesmente desapareceu. Ao ser excluído da Constituição Federal, foram derrogados todos os 
dispositivos da legislação infraconstitucional referentes ao tema. Não era necessário sequer expressamente revogá-
los, nem regulamentar a mudança levada a efeito, eis que o divórcio já se encontra disciplinado. 
 Com o fim da separação, toda a teoria da culpa esvaiu-se, e não mais é possível trazer para o âmbito da justiça 
qualquer controvérsia sobre a postura dos cônjuges durante o casamento. Não remanesceu sequer no âmbito da 
anulação do casamento ou para a quantificação dos alimentos. 
 Igualmente, desapareceu o desarrazoado período de tempo em que as pessoas não eram mais casadas, mas não 
podiam casar novamente. Essa era a insustentável situação dos separados judicialmente. O casamento estava 
rompido, não havia deveres matrimoniais, mas não tinha acabado. Como estavam impedidas de casar, as pessoas 
precisavam viver em união estável, ou seja, não havia como se atender à recomendação constitucional ele transformar 
a união estável em casamento (CF 226 § 3). Como bem refere Paulo Lôbo, a sobrevivência da separação judicial é 
de palmar inocuidade, além ele aberto confronto com os valores que a Constituição passou a exprimir, expurgando 
os resíduos ele quantum despótico: liberdade e autonomia sem interferência estatal. 
 Com o fim do instituto da separação, também acaba a odiosa prerrogativa de o titular do nome buscar que o cônjuge 
que o adotou seja condenado a abandoná-lo. Não estão mais em vigor os arts. 1.571 § 2 e 1.578 do CC. 
 Superado esse ponto, vejamos como a Emenda n. 66 atinge o art. 1.571 do CC/2002, dispositivo primordial para 
o estudo da dissolução da sociedade conjugal e do casamento: 
“Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I – pela morte de um dos cônjuges; 
II – pela nulidade ou anulação do casamento; 
III – pela separação judicial; 
IV – pelo divórcio. 
§1.º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção 
estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
§ 2.º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; 
salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial”. 
 De imediato, deve ser tido como revogado, por ser incompatível com o Texto Maior, o inciso III do comando legal, 
uma vez que, repise-se, todas as modalidades de separação de direito foram retiradas do sistema, a incluir a separação 
judicial. Concluindo desse modo, a sociedade conjugal termina com a morte de um dos cônjuges, pela nulidade e 
anulação do casamento e pelo divórcio. Já o casamento válido é dissolvido pelo divórcio e pela morte. Entende-se 
que o conceito de sociedade conjugal deve ser mantido para algumas finalidades, notadamente com repercussões 
contratuais. 
 Também não tem mais sentido o § 2.º da norma nas menções ao divórcio direto ou por conversão e à sentença de 
separação judicial. A última norma deve ser lida da seguinte maneira: “Dissolvido o casamento pelo divórcio, o 
cônjuge poderá manter o nome de casado”. 
 
7.2.4. O fim da separação de direito em todas as suas modalidades e a manutenção da separação de fato 
 No estudo da dissolução da sociedade conjugal, era comum a diferenciação entre a separação jurídica ou de direito 
– a englobar a separação judicial e a extrajudicial – e o divórcio. A separação jurídica colocava fim somente à 
sociedade conjugal, persistindo o casamento, enquanto que o divórcio findaria o casamento e, consequentemente, a 
sociedade conjugal. Havia, portanto, um sistema bifásico de extinção dos institutos, o que foi banido com a Emenda 
do Divórcio. 
 
 Não existem mais os seguintes institutos de dissolução da sociedade conjugal: 
 
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a) Separação jurídica extrajudicial consensual, introduzida pela Lei 11.441/2007, revogando-se o art. 1.124-A do 
CPC/1973 nas menções à separação. O mesmo deve ser dito em relação ao art. 733 do CPC/2015, nas referências 
à separação extrajudicial, que já nasce revogado por incompatibilidade constitucional com o art. 226, § 6.0, do 
Texto Maior. 
b) Separação jurídica judicial consensual, revogando-se o art. 1.574 do CC/2002, incluindo o seu parágrafo único, 
por incompatibilidade com o Texto Maior. Os arts. 1.120 a 1.124 do CPC anterior, que tratam da ação de 
separação consensual, também devem ser tidos como não vigentes, pois não recepcionados. A revogação também 
atinge os arts. 731 e 733 do Novo CPC, nas menções à separação judicial. 
c) Separação jurídica judiciallitigiosa, não existindo qualquer uma das suas modalidades anteriores, a saber: a 
separaçãosanção, com análise da culpa, por grave violação dos deveres do casamento e insuportabilidade da vida 
em comum (art. 1.572, caput, do CC); a separação-falência, diante da ruptura da vida em comum por mais de um 
ano e impossibilidade de sua reconstituição (art. 1.572, § 1.º, do CC); a separação-remédio, fundada em doença 
mental superveniente que acometesse um dos cônjuges, com duração de dois anos pelo menos, cura improvável 
e que tornasse impossível a vida em comum (art. 1.572, §§ 2.º e 3.º, do CC). Obviamente, como consequência 
de tais supressões, não tem mais validade e eficácia a norma do art. 1.573 do CC, que elencava motivos que 
poderia caracterizar a insuportabilidade da vida em comum na separação-sanção. 
 
 Para as duas últimas hipóteses, perde eficácia o art. 1.575 do CC, pelo qual a sentença de separação judicial 
importaria em separação de corpos e partilha de bens. Como é notório, o dispositivo tinha incidência tanto na 
separação judicial consensual quanto na litigiosa. 
 Além disso, em regra, não tem mais sentido a possibilidade de reconciliação dos casais separados juridicamente, 
constante do art. 1.577 do CC (“Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos 
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo. Parágrafo único. A reconciliação 
em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de separado, seja qual for o regime de 
bens”). Desaparece a razão da discussão a respeito da possibilidade da reconciliação do casal por meio de escritura 
pública, reconhecida pela Resolução 35/2007 do Conselho Nacional de Justiça (“Art. 48. O restabelecimento de 
sociedade conjugal pode ser feito por escritura pública, ainda que a separação tenha sido judicial. Neste caso, é 
necessária e suficiente a apresentação de certidão da sentença de separação ou da averbação da separação no assento 
de casamento”). Na verdade, a norma e o entendimento da resolução até podem ser aplicados aos casais já separados 
antes da entrada em vigor da Emenda do Divórcio e que queiram se reconciliar. É preservada, então, a proteção do 
direito adquirido, constante do art. 5.º, XXXVI, da CF/1988 e do art. 6.º da Lei de Introdução. Em suma, o art. 1.577 
do CC não deve ser tido como revogado tacitamente. 
 Encerrando o tópico, esclareça-se que apesar do desaparecimento dos institutos e das citadas revogações por 
incompatibilidade com a nova redação do Texto Constitucional, a separação de fato está mantida no sistema. Aliás, 
a separação de fato está fortalecida com a aprovação da Emenda do Divórcio, pois tem o papel de substituir, em 
muitas hipóteses, a antiga separação de direito. 
 A separação de fato somente ocorre no plano físico ou afetivo, não havendo uma formalização do distanciamento 
dos cônjuges. A categoria não se confunde com a separação de direito ou jurídica, pois não gera os mesmos efeitos 
concretos. Mesmo com a atual desnecessidade de dois anos de separação de fato para o divórcio direto, diante da 
nova redação do art. 226, § 6.º, da CF/1988, o instituto continua como parte de suas aplicações. Vejamos duas 
aplicações bem efetivas: 
� O separado de fato, pelo atual Código Civil, pode constituir união estável (art. 1.723, § 1.º, do CC). 
� Há forte corrente reconhecendo que a separação de fato por tempo considerável põe fim à sociedade conjugal, o 
que inclui o regime de bens. O entendimento é justo, tendo como parâmetro a função social da família. 
 
7.2.5. A Separação de Corpos 
 A separação de corpos é uma medida judicial que tem por escopo a saída ou a retirada de um dos cônjuges do lar 
conjugal, por autorização judicial, espontânea ou compulsoriamente. 
 Essa medida estava prevista expressamente no Artigo 888, inciso VI do antigo Código de Processo Civil, segundo 
o qual o juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal, ou, antes de sua propositura, o afastamento 
temporário de um dos cônjuges da morada do casal. 
 O CPC 2015 não prevê, expressamente, a separação de corpos, mas unificou os procedimentos. A nova legislação 
regulamentou o que já era praticado em diversas varas de família. “O CPC 2015 acabou com a autonomia do processo 
cautelar”, diz o desembargador Newton Teixeira de Carvalho (MG), sócio-apoiador do IBDFAM. 
 
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 “Assim, basta entrar com a ação cautelar de separação de corpos e, no prazo de 30 dias, ajuizar, nos mesmos autos, 
a ação principal de divórcio ou de dissolução de entidade familiar ou outra ação que for mais adequada ao caso 
concreto. Portanto, não haverá mais duas custas processuais e dois desnecessários processos. Em um único processo 
discutirá a medida cautelar e a ação principal”, explica. 
 A separação de corpos tem a finalidade de evitar o convívio com o outro cônjuge e poderá acontecer quando um 
dos dois quiser, e no momento do pedido de divórcio ou de dissolução de união estável. A medida também é utilizada 
em casos de agressão. 
 Nesta situação, o cônjuge agredido pode pedir para sair do lar conjugal ou a retirada do cônjuge agressor. “Neste 
caso, é conveniente que o juiz marque audiência para ouvir o cônjuge ou convivente, sem o conhecimento da parte 
agressora, para comprovação dos fatos o mais rapidamente possível”, recomenda o desembargador. 
 
7.3. Manutenção do conceito de sociedade conjugal. A situação das pessoas separadas juridicamente antes 
da EC 66/2010 
 Dois outros problemas devem ser expostos e enfrentados diante da entrada em vigor da Emenda do Divórcio. O 
primeiro se refere à manutenção ou não do conceito de sociedade conjugal no sistema familiarista. O segundo é 
relativo à situação das pessoas que já se encontravam separadas juridicamente – judicial ou extrajudicialmente –, 
antes da mudança do Texto. 
 Pois bem, a primeira questão é saber se a categoria da sociedade conjugal ainda se justifica, uma vez que a 
separação de direito foi retirada do sistema, sendo a sua finalidade anterior a de por fim à sociedade mantida entre os 
cônjuges. Antes de analisá-la, cumpre demonstrar o conceito de sociedade conjugal, que para este autor constitui um 
ente despersonalizado formado pelo casamento e relacionado com os deveres de coabitação, fidelidade recíproca e 
com o regime de bens. Isso poderia ser percebido pela leitura do revogado art. 1.576 do CC/2002, que dispunha que 
a separação judicial colocava fim a tais deveres e às regras patrimoniais decorrentes da sociedade. Como se nota, foi 
utilizada a lógica simples para chegar à construção de sociedade conjugal. 
 Esquematizando, podem assim ser delimitados os conceitos de sociedade conjugal e casamento: 
 
 Pela figura, constata-se que a sociedade conjugal está inserida no conceito de casamento. 
Didaticamente, afirma-se que a sociedade conjugal é o miolo do casamento. Por óbvio, sendo dissolvido o casamento, 
também o será a sociedade conjugal. Entretanto, anteriormente não se poderia dizer o contrário. Dissolvida a 
sociedade conjugal pela separação de direito, mantinha-se o casamento e o vínculo dele decorrente. 
 Verificada a permanência do conceito de sociedade conjugal, insta analisar a situação dos cônjuges separados 
juridicamente – judicial ou extrajudicialmente –, antes da entrada em vigor da Emenda do Divórcio. A dúvida que 
surge se refere à indagação se tais pessoas passam a ser consideradas automaticamente como divorciadas. A resposta 
é negativa, apesar da vigência imediata da nova norma. Isso porque se deve resguardaro direito adquirido de tais 
pessoas, nos termos do art. 5.º, XXXVI, da CF/1988, e do art. 6.º da Lei de Introdução. Além disso, a separação 
jurídica pode ser tida como um ato jurídico perfeito, que goza da mesma proteção. Em reforço, não se pode admitir 
a modificação automática e categórica da situação jurídica, de separado juridicamente para divorciado. Para tanto, 
deveria existir uma norma de direito intertemporal nesse sentido. Consigne-se que, historicamente, tal norma existia 
na Lei do Divórcio, enunciando o seu art. 42 que as sentenças já proferidas em causas de desquite seriam equiparadas 
às de separação judicial. Ademais, as causas de desquite em curso na data da vigência da lei passariam 
automaticamente a visar à separação judicial (art. 41 da Lei 6.515/1977). Até o presente momento não foi essa a 
opção do legislador nacional, não se podendo presumir tal transmudação dos institutos jurídicos. 
 
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 Em síntese, as pessoas separadas juridicamente têm a opção de ingressar de imediato com a ação de divórcio, se 
assim o quiserem, não havendo mais a necessidade de atender ao prazo de um ano previsto para a antiga modalidade 
de divórcio indireto. Cabe o divórcio a qualquer tempo, pelo unificado tratamento da matéria. 
 Anote-se, por fim, que algumas normas ainda têm incidência para os casos das pessoas já separadas juridicamente, 
como as que expressam prazos decadenciais para ação anulatória de negócio jurídico, a contar da dissolução da 
sociedade conjugal (p. ex., art. 1.649 do CC). Também pode ser citada a hipótese do separado juridicamente antes 
da EC 66/2010, que constitui união estável, nos termos do art. 1.723, § 1.º, do CC, estando protegido pela sua situação 
anterior, subsumindo-se a regra. Por fim, cumpre repisar o direito de as pessoas separadas juridicamente 
reconciliarem-se pela forma judicial ou extrajudicial, nos termos do art. 1.577 do CC e da anterior Resolução 35/2007 
do Conselho Nacional de Justiça. Concluindo, a persistência de sua situação jurídica está plenamente justificada. 
 
7.4. Divórcio 
 O divórcio dissolve o vínculo conjugal (CC 1.571 § 1º). Com o advento da EC 66/ 1 0, este é o único modo de 
dissolver o casamento, quer de forma consensual, quer por meio de ação litigiosa. E, se os cônjuges não tiverem 
pontos de discordância nem filhos menores, podem obter o divórcio sem a intervenção judicial, perante um tabelião 
(CPC 1.124-A). 
 O divórcio pode ser requerido a qualquer tempo. N o mesmo dia o u n o dia seguinte ao casamento. O instituto 
está acanhadamente regulado no Código Civil. 
 Enquanto a anulação do casamento está regulamentada em 17 artigos, sete parágrafos e 21 incisos, o divórcio 
direto não dispõe sequer de um dispositivo próprio. Está previsto em um parágrafo do artigo que regulamenta a 
conversão da separação em divórcio (CC 1.580 § 2º). Fora disso, há somente a identificação dos legitimados para 
propor a demanda (CC 1.582) e a dispensa da partilha de bens para a sua decretação (CC 1.581). 
 O divórcio é uma das causas do término da sociedade conjugal (CC 1.571, IV), além de ter o condão de dissolver 
o casamento (CC 1 .571 § 1º). Com o divórcio, há a alteração do estado civil dos cônjuges, que de casados passam a 
divorciados. A morte de um dos ex-cônjuges não altera o estado civil do sobrevivente, que continua sendo divorciado, 
não adquirindo a condição de viúvo. 
 Em face da atenção assegurada aos filhos no momento da separação dos pais (CC 1.583 a 1.590), de todo 
dispensável, pela obviedade de seu conteúdo, proclamar a lei a inalterabilidade dos direitos e deveres dos pais com 
relação a eles, em decorrência do divórcio ou do novo casamento (CC 1 .579). A obrigação alimentar decorre tanto 
dos laços de parentesco como do poder familiar, não sofrendo modificação com a mudança do estado civil do 
devedor. No entanto, está se consolidando corrente jurisprudencial no sentido de permitir a revisão do valor dos 
alimentos quando o alimentante estabelece novo vínculo afetivo, ou ocorre o nascimento de outros filhos. 
 O casamento provoca a emancipação de quem casou antes de atingir a maioridade (CC 5º parágrafo único 
II).Ocorrendo a dissolução do casamento, quer pelo divórcio, quer pela morte, aquele que adquiriu a maioridade não 
retorna ao status quo ante. A emancipação é irrevogável e definitiva. 
 
7.4.1. Divórcio por mútuo consentimento 
 O término da sociedade conjugal pode ocorrer por mútuo consentimento ou por meio de demanda judicial. A lei 
não regulamenta a ação de divórcio, quer judicial, quer consensual. Somente o procedimento consensual da separação 
está disciplinado no C PC (1 . 1 20 a 1 . 1 
 O pedido é formulado em conjunto pelos cônjuges. A ação precisa ser instruída com a certidão de casamento, a 
certidão de nascimento dos filhos e o pacto antenupcial, se existentes. Também devem ser juntados os documentos 
referentes ao patrimônio comum. 
 
7.4.2. Divórcio judicial 
 Até ser admitido o uso da via extrajudicial, a dissolução do casamento dependia da chancela do Poder judiciário. 
Era a sentença judicial que punha fim ao casamento. A ação de divórcio tem eficácia desconstitutiva, ou melhor, 
constitutiva negativa. Com o trânsito em julgado da sentença, os cônjuges adquirem a condição de divorciados. 
 O uso da expressão "judicial" dizia somente com a ação contenciosa. Quando mútua a vontade das partes, e o 
pedido era formulado de forma conjunta, chamava- se o divórcio de " amigável " , " consensual" ou "por mútuo 
consentimento" . Ainda assim, a pretensão necessitava ser homologada pelo j uiz após a ouvida dos cônjuges. 
 Portanto, quando se falava em "divórcio judicial", se estava fazendo referência à ação proposta por um cônjuge 
contra o outro. Anuindo o réu ao pedido, ocorria a "conversão d o divórcio litigioso em consensual", o que não 
subtraía a demanda do âmbito judicial. Mesmo amigável, era necessária sua homologação. 
 
7.4.2.1. Legitimidade extraordinária 
 
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 A ação que busca a dissolução do casamento é personalíssima, sendo exigida a presença dos cônjuges no processo. 
Ninguém mais do que eles tem capacidade para compreender o ato da separação."1 As partes precisam ser capazes. 
A partir do implemento da maioridade, a capacidade é presumida (CC 5º). O casamento emancipa o cônjuge menor 
de idade (CC 5º parágrafo único, II), não se podendo mais falar em representatividade dos ascendentes. 
 
7.5. Ação de Divórcio 
 A ação de divórcio - historicamente chamada de divórcio direto para se distinguir da ação de conversão da 
separação em divórcio - pode ser consensual ou litigiosa. 
Cumulação de demandas 
Direito Potestativo 
Sentença: Efeito ex nunc 
Sentença deve ser averbada no Registro Civil 
 
7.5.1. Divórcio consensual ou judicial 
 Quando de comum acordo os cônjuges decidem dissolver o casamento, havendo filhos menores ou incapazes, o 
divórcio precisa ser buscado por meio de ação judicial. Somente se inexistirem filhos menores ou incapazes, é 
possível o divórcio extrajudicial. 
 
7.5.2. Divórcio litigioso ou contencioso 
 Apesar de todos chamarem a ação de divórcio movida por um cônjuge contra o outro de divórcio litigioso, a 
expressão é equivocada. Como o réu não pode se opor, não existe lide. Tratando-se de direito potestativo, cabe ao 
juiz decretarliminarmente o divórcio e determinar a citação do demandado. Decorrido o prazo de resposta, é expedido 
mandado de averbação. Caso exista alguma controvérsia sobre filhos ou partilha de bens, o processo prossegue quanto 
a estas questões. É juridicamente possível que o casal obtenha o divórcio mediante simples medida liminar, enquanto 
ainda tramita o procedimento para o julgamento final dos demais pedidos cumulados. 
-Resolução de questões pendentes de título de alimentos e patrimônio. 
 
7.5.3. Divórcio extrajudicial 
 A possibilidade de a dissolução do casamento ocorrer extrajudicialmente, por pública escritura perante o tabelião, 
se não existem filhos menores ou incapazes, atende ao movimento de desjudicialização dos conflitos, simplificação 
dos procedimentos, desburocratização dos serviços públicos, visando a desafogar a justiça. Por inexistir conflito entre 
as partes, esses procedimentos são chamados de jurisdição voluntária. 
 Nada justifica que, para pôr um fim ao casamento, seja necessária a intervenção do Poder Judiciário. Quando o 
divórcio é consensual, totalmente dispensável que sua dissolução dependa da chancela do juiz com a audiência das 
partes e a participação pelo Ministério Público. Demandas que envolvem somente maiores e capazes deveriam ser 
solvidas administrativamente. O uso ela via extrajudicial deveria ser obrigatório. Afinal, falta interesse para agir em 
juízo. Proposta ação judicial, caberia a extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267 VI). Mas, como não 
pode ser negado acesso à justiça e a lei utiliza a expressão "pode", o Judiciário continua sendo entupido de ações 
desnecessárias. 
-Por escritura pública perante o tabelião – jurisdição voluntária 
-Advogado: Pode representar ambos 
-Escritura pública e a questão do nome 
 
8. UNIÃO ESTÁVEL 
 Qualquer estudo da união estável deve ter como ponto de partida a CF/1988, que reconhece a união estável entre 
o homem e a mulher como entidade familiar, prevendo que a lei deve facilitar a sua conversão em casamento. Duas 
conclusões fundamentais podem ser retiradas do Texto Maior. A primeira é que a união estável não é igual ao 
casamento, eis que categorias iguais não podem ser convertidas uma na outra. A segunda é que não há hierarquia 
entre casamento e união estável. São apenas entidades familiares diferentes, que contam com a proteção 
constitucional. 
 O CC/2002 traz um capítulo próprio relativo à união estável, entre os seus arts. 1.723 a 1.727. 
 Além disso, o art. 1.694 do CC consagra direito a alimentos aos companheiros; enquanto que o polêmico art. 
1.790 prevê o direito sucessório do companheiro. O último comando será estudado no próximo capítulo desta obra. 
 O atual Código Civil incorporou substancialmente o que estava tratado pela Lei 8.971/1994 e principalmente pela 
Lei 9.278/1996. 
 
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 Das duas leis foram incorporados os requisitos da união estável, os seus deveres, a proteção patrimonial, o direito 
a alimentos e os direitos sucessórios (os últimos totalmente remodelados). Dois aspectos não foram tratados pela 
atual codificação. O primeiro é a competência da Vara da Família para apreciar as questões relativas à união estável, 
norma processual que continua em vigor (art. 9.º da Lei 9.278/1996). O segundo é o direito real de habitação sobre o 
imóvel do casal como direito sucessório do companheiro, que segundo o entendimento majoritário, ainda é vigente 
(art. 7.º, parágrafo único, da Lei 9.278/1996). O último direito também será tratado no próximo capítulo desta obra. 
 
8.1. Conceito de união estável e seus requisitos fundamentais. 
 Partindo para o conceito de união estável, repetindo o art. 1.º da Lei 9.278/1996, enuncia o art. 1.723, caput, do 
CC/2002, que é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública (no sentido de notória), contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família (animus familae). Repise-se que o conceito foi construído a partir da doutrina de Álvaro Villaça Azevedo. 
 
 Sobre a sua configuração, devem ser observados os seguintes aspectos: 
 
� A lei não exige prazo mínimo para a sua constituição, devendo ser analisadas as circunstâncias do caso concreto. 
� Não há exigência de prole comum 
� Não se exige que os companheiros ou conviventes vivam sob o mesmo teto, o que consta da remota Súmula 382 
do STF, que trata do concubinato e que era aplicada à união estável. A jurisprudência atual continua aplicando 
essa súmula. 
� Os impedimentos matrimoniais previstos no art. 1.521 do CC também impedem a caracterização da união estável, 
havendo, na hipótese, concubinato (art. 1.727 do CC). Porém, o CC/2002 passou a admitir que a pessoa casada, 
desde que separada de fato ou judicialmente constitua união estável. Enuncia o art. 1.723, § 1.º, do CC, que “A 
união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do 
inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente”. A norma deveria ser atualizada 
para incluir o separado extrajudicialmente, nos termos da Lei 11.441/2007. Todavia, diante da entrada em vigor 
da EC 66/2010, que retirou do sistema a separação jurídica, o panorama mudou. Para os novos relacionamentos 
apenas tem relevância a premissa de que o separado de fato pode constituir uma união estável. A menção ao 
separado judicialmente e a situação do separado extrajudicialmente têm pertinência apenas para os 
relacionamentos anteriores, existentes da vigência do Código Civil de 2002 até a Emenda do Divórcio (até 
13.07.2010). Ilustrando, se alguém, separado judicialmente ou extrajudicialmente, constituiu uma convivência 
com outrem desde o ano de 2008, tal relacionamento pode ser tido como união estável. 
� Podem ser encontradas decisões aplicando a novidade do art. 1.723, § 1º, do CC, especialmente quanto ao 
separado de fato 
� Ainda no que concerne à caracterização da união estável, determina o art. 1.723, § 2.º, do CC, que as causas 
suspensivas do casamento do art. 1.523 do CC não impedem a caracterização da união estável. Como decorrência 
lógica dessa premissa legal, as causas suspensivas do casamento não impõem o regime da separação obrigatória 
de bens à união estável. Na verdade, como o art. 1.641 do CC é norma restritiva da liberdade e da autonomia 
privada, não admite analogia para a união estável, aplicando-se apenas ao casamento. Essa parece ser a melhor 
conclusão, na esteira da mais abalizada doutrina. Todavia, a jurisprudência do STJ tem entendido pela aplicação 
do art. 1.641 do CC à união estável diante da suposta equiparação da união estável ao casamento. 
 
8.2. Características 
 Em tom didático, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho apresentam elementos caracterizadores 
essenciais e elementos caracterizadores acidentais para a união estável. Entre os primeiros estão a publicidade, a 
continuidade, a estabilidade e o objetivo de constituição de família. 
Como elementos acidentais, destacam o tempo, a prole e a coabitação. 
 Como se pode notar, as expressões pública, contínua, duradoura e objetivo de constituição de família são abertas 
e genéricas, de acordo com o sistema adotado pela atual codificação privada, demandando análise caso a caso. Por 
isso, pode-se afirmar que há uma verdadeira cláusula geral na constituição da união estável. 
� Ausência de formalismo 
� “Ânimo” de constituir família 
� Diversidade de sexos 
� Notoriedade/Publicidade 
� Duração prologando/contínua 
 
 
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8.3. Diferenças entre união estável e concubinato 
 Como ficou claro pelos tópicos acima, não se pode confundir a união estável com o concubinato. Em relação ao 
último, dispõe o art. 1.727 do CC/2002 que as relações não eventuais constituídas entre o homem e a mulher 
impedidos de casar constituem concubinato. 
 As diferenças entre os institutos constam na tabela a seguir: 
 
 O exemplo típico de concubinato envolve a amante de homem casado ou o amante de mulher casada, nas hipóteses 
em que os cônjuges não são separados, pelo menos de fato. Em casos tais, pela literalidade da norma, não há que se 
reconhecer a existência de uma entidade familiar. Todavia, parte da doutrina contemporânea quer elevar à condição 
de companheira a concubina. É o caso de Maria Berenice Dias. Em sentido próximo, Pablo Stolze e Rodolfo 
Pamplona Filho igualmente expõem tal tendência de se reconhecer direitos ao amante, equiparando-se o concubinato 
à união estável, em algumas hipóteses. 
 Na jurisprudência podem ser encontradas decisões que determinam a divisão igualitária de bens entre a esposa e a 
concubina, tratada como companheira. 
 De fato, pela literalidade da norma, não há que se reconhecer o paralelismo entre casamento e união estável. 
Porém, a questão não é tão simples assim, merecendo duas pontuações. 
 
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 A primeira pontuação que deve ser feita é que se a união paralela durar muitos anos, sendo de conhecimento do 
outro cônjuge, parece forçoso concluir que o último aceita o relacionamento paralelo. Sendo assim, pode o fato 
merecer um outro tratamento, principalmente quanto à divisão de bens, já que há aceitação da união, até por certo 
comodismo. 
 A segunda pontuação é que o cônjuge casado pode estar separado de fato da esposa, mesmo com ela residindo 
sob o mesmo teto. A separação de fato pode estar configurada pela quebra do afeto e da comunhão plena de vida 
descrita pelo art. 1.511 do CC. Ilustrando, tal quebra pode ser provada pela cessação das relações sexuais e pelo 
desaparecimento do tratamento das partes como se casados fossem em casos tais. Pode-se afirmar que, em casos tais, 
o casamento somente existe na aparência e não na essência. Tal conclusão abre a possibilidade de o concubino ser 
elevado à condição de companheiro, eis que o cônjuge casado de fato pode constituir união estável. 
 Outro problema envolve as uniões estáveis plúrimas ou paralelas, presente quando alguém vive vários 
relacionamentos que podem ser tidos como uniões estáveis ao mesmo tempo. Ilustrando, imagine-se a hipótese de 
um homem solteiro que tem quatro companheiras, em quatro cidades distintas no interior do Brasil, sem que uma 
saiba da existência da outra. Como resolver a questão? 
Três correntes doutrinárias podem ser encontradas a respeito da situação descrita: 
1.ª Corrente – Afirma que nenhum relacionamento constitui união estável, eis que a união deve ser exclusiva, 
aplicando-se o princípio da monogamia. Essa corrente é encabeçada por Maria Helena Diniz. Para essa corrente, 
todos os relacionamentos descritos devem ser tratados como concubinatos. 
2.ª Corrente – O primeiro relacionamento existente deve ser tratado como união estável, enquanto que os demais 
devem ser reconhecidos como uniões estáveis putativas, havendo boa-fé do cônjuge. Em suma, aplica-se, por 
analogia, o art. 1.561 do CC, que trata do casamento putativo. Essa corrente é liderada por Euclides de Oliveira135 
e Rolf Madaleno.136 A essa corrente se filia, inclusive em obra escrita com José Fernando Simão.137 Anote-se que 
essa solução já foi dada pela jurisprudência estadual, em dois julgados que merece destaque. 
3.ª Corrente – Todos os relacionamentos constituem uniões estáveis, pela valorização do afeto que deve guiar o 
Direito de Família, corrente encabeçada por Maria Berenice Dias. 
 Das três correntes, no âmbito da jurisprudência superior, o STJ tem aplicado a primeira, repudiando a ideia de 
uniões plúrimas ou paralelas. Os julgados aplicam o princípio da monogamia à união estável tese com a qual não se 
filia, pois as entidades familiares não são totalmente semelhantes. Ademais, o convivente de má-fé, que estabelece o 
paralelismo, acaba sendo beneficiado, já que não terá obrigações alimentares, pela ausência de vínculo familiar. 
 
8.3. Efeitos pessoais e patrimoniais da União Estável. 
 Como primeiro efeito pessoal da união estável, o art. 1.724 do CC/2002 enuncia os seus deveres, a saber: 
� Dever de lealdade. 
� Dever de respeito ao outro companheiro, em sentido genérico. 
� Dever de mútua assistência, moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. 
� Dever de guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
 Duas diferenças podem ser observadas, confrontando-se o dispositivo com o art. 1.566 do CC que trata dos 
deveres do casamento: 
1.ª Diferença – O casamento exige expressamente a fidelidade; a união estável exige lealdade. Pelo senso comum, a 
lealdade engloba a fidelidade, mas não necessariamente. Isso demonstra que na união estável há uma liberdade maior 
aos companheiros do que no casamento, o que diferencia substancialmente os institutos, mormente se a conclusão 
for pela persistência do dever de fidelidade no último. 
2.ª Diferença – O casamento exige expressamente vida em comum no domicílio conjugal; a união estável não, por 
não exigir convivência sob o mesmo teto, conforme a remota Súmula 382 do STF. 
 
 Sobre os direitos patrimoniais decorrentes da união estável, expressa o art. 1.725 do CC que “na união estável, 
salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da 
comunhão parcial de bens”. Três observações devem ser feitas sobre o comando legal transcrito: 
 
1.ª Observação – O contrato mencionado pelo dispositivo é denominado pela doutrina como contrato de convivência. 
Tal contrato pode reconhecer a união estável e pactuar quanto ao regime de bens, optando-se por outro regime que 
não seja o da comunhão parcial de bens. Todavia, o negócio celebrado não pode afastar a existência de uma união 
estável quando ela estiver configurada – o que muitas vezes é denominado como contrato de namoro. Em casos de 
dúvidas, prevalecem a situação fática e a vontade dos envolvidos, guiadas pela máxima in dubio pro familia. É 
 
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possível elaborá-lo por escritura pública, a ser lavrada no Tabelionato de Notas; ou por instrumento particular, 
registrado ou não no Cartório de Títulos e Documentos. 
2.ª Observação – Existem variações na interpretação da expressão no que couber. Para Álvaro Villaça Azevedo, 
criador da expressão, ela significa que a união estável institui verdadeiro condomínio entre os companheiros, 
conforme já previa o art. 5.º da Lei 9.278/1996.140 Filia-se à corrente que afirma que tal expressão somente afasta a 
aplicação das regras incompatíveis da comunhão parcial de bens à união estável. Ilustrando tal conclusão, não se 
aplica à união estável a exigência da outorga conjugal do art. 1.647 do CC. Some-se a isso o fato da norma ser 
restritiva da autonomia privada, não admitindoanalogia. Todavia, consigne-se que o STJ já exigiu a vênia 
convivencial, pela suposta equiparação da união estável ao casamento. Porém, mais recentemente, concluiu a mesma 
Corte Superior, na linha do defendido por este autor que, “ainda que a união estável esteja formalizada por meio de 
escritura pública, é válida a fiança prestada por um dos conviventes sem a autorização do outro. Isso porque o 
entendimento de que a ‘fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia’ 
(Súmula 332 do STJ), conquanto seja aplicável ao casamento, não tem aplicabilidade em relação à união estável. De 
fato, o casamento representa, por um lado, uma entidade familiar protegida pela CF e, por outro lado, um ato jurídico 
formal e solene do qual decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico. A união 
estável, por sua vez, embora também represente uma entidade familiar amparada pela CF – uma vez que não há, sob 
o atual regime constitucional, famílias estigmatizadas como de ‘segunda classe’ –, difere-se do casamento no tocante 
à concepção deste como um ato jurídico formal e solene. Aliás, nunca se afirmou a completa e inexorável 
coincidência entre os institutos da união estável e do casamento, mas apenas a inexistência de predileção 
constitucional ou de superioridade familiar do casamento em relação a outra espécie de entidade familiar. Sendo 
assim, apenas o casamento (e não a união estável) representa ato jurídico cartorário e solene que gera presunção de 
publicidade do estado civil dos contratantes, atributo que parece ser a forma de assegurar a terceiros interessados 
ciência quanto a regime de bens, estatuto pessoal, patrimônio sucessório etc.” 
3.ª Observação – O CC/2002 encerra polêmica anterior prevendo expressamente que o regime legal da união estável 
é o da comunhão parcial de bens. Assim, não se cogita mais a prova de eventual esforço comum para a comunicação 
de bens. Nesse sentido, o Enunciado n. 115 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil, pelo qual há presunção de 
comunhão de aquestos na constância da união mantida entre os companheiros, sendo desnecessária a prova do esforço 
comum para se comunicarem os bens adquiridos a título oneroso durante esse período. 
 
8.3. Conversão da União Estável em casamento 
 O art. 1.726 do CC trata da conversão da união estável, exigindo uma ação judicial a ser proposta por ambos os 
cônjuges, in verbis: “A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz 
e assento no Registro Civil”. A norma é criticável, por desobedecer ao mandamento constitucional de facilitar a citada 
conversão ao exigir a ação judicial. 
 Sintonizadas com o Texto Maior, há normas das corregedorias dos Tribunais de Justiça que dispensam a demanda, 
podendo o pedido de conversão ser requerido perante o Oficial do Registro Civil. Cite-se, por exemplo, Provimento 
25/2005 do Tribunal de Justiça de São Paulo, atualizado pelo provimento 41/2012. Pode-se dizer que as últimas 
normas desobedecem ao Código Civil, mas obedecem à Constituição Federal de 1988, devendo prevalecer. Urge a 
alteração do dispositivo civil para o sentido de retirar a exigência de ação própria, o que consta do PL 699/2011 e do 
PL 470/2013(Estatuto das Famílias). 
No que concerne ao uso do nome do companheiro, a questão está regulamentada pelo art. 57 da 
Lei de Registros Públicos: 
“Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério 
Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e 
publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. 
(...). 
§ 2.º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, 
excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de 
nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, 
desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de 
ambas. 
§ 3.º O juiz competente somente processará o pedido, se tiver expressa concordância do companheiro, e se 
da vida em comum houverem decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem filhos da união. 
§ 4.º O pedido de averbação só terá curso, quando desquitado o companheiro, se a ex-esposa houver sido 
condenada ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do marido, ainda que dele receba pensão alimentícia. 
§ 5.º O aditamento regulado nesta Lei será cancelado a requerimento de uma das partes, ouvida a outra. 
 
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§ 6.º Tanto o aditamento quanto o cancelamento da averbação previstos neste artigo serão processados em 
segredo de justiça”. 
 Exige dúvida sobre a aplicação atual desse comando, que apenas trata do direito da companheira utilizar o 
sobrenome do companheiro, em flagrante desrespeito à igualdade constitucional entre homens e mulheres (art. 5.º, I, 
da CF/1988). Para Flávio Augusto Monteiro de Barros, a norma ainda se aplica, por ter caráter especial, 
regulamentando questão de registro público. Porém, filia-se à corrente da inconstitucionalidade da norma, que ainda 
traz o inconveniente de exigir um prazo mínimo para a união estável, mostrando total desatualização no atual sistema. 
Seguindo o último caminho, devem ser aplicadas à união estável as mesmas regras de uso do nome pelo cônjuge 
(arts. 1.565, § 1.º, e 1.578 do CC). 
 Aplicando a última premissa, julgado publicado no Informativo n. 506 do STJ: “É possível a alteração de assento 
registral de nascimento para a inclusão do patronímico do companheiro na constância de uma união estável, em 
aplicação analógica do art. 1.565, § 1.º, do CC, desde que seja feita prova documental da relação por instrumento 
público e nela haja anuência do companheiro cujo nome será adotado. O art. 57, § 2.º, da Lei 6.015/1973 outorgava, 
nas situações de concubinato, tão somente à mulher a possibilidade de averbação do patronímico do companheiro 
sem prejuízo dos apelidos próprios – entenda-se, sem a supressão de seu próprio sobrenome –, desde que houvesse 
impedimento legal para o casamento, não havendo específica regulação quanto à adoção de sobrenome pelo 
companheiro (união estável). A imprestabilidade desse dispositivo legal para balizar os pedidos de adoção de 
sobrenome dentro de uma união estável, situação completamente distinta daquela para a qual foi destinada a referida 
norma, reclama a aplicação analógica das disposições específicas do Código Civil relativas à adoção de sobrenome 
dentro do casamento, porquanto se mostra claro o elemento de identidade entre os institutos e a parelha ratio legis 
relativa à união estável com aquela que orientou o legislador na fixação dentro do casamento da possibilidade de 
acréscimo do sobrenome de um dos cônjuges ao do outro”. 
 Superado esse ponto, repise-se que o art. 1.694 do CC assegura os alimentos entre os companheiros, como já 
previam as leis anteriores da união estável. Conforme será estudado, são aplicadas à união estável as mesmas regras 
previstas do casamento no que toca à verba alimentar. 
 
8.4. A união homoafetiva e o seu enquadramento como união estável 
 Tema que despertou um grande debate jurídico nos últimos anos é a união homoafetiva ou união entre pessoas do 
mesmo sexo. Destaque-se, de imediato, que o termo união homoafetiva é atribuído à Maria Berenice Dias, maior 
especialista brasileira no tema. 
 Pois bem, sobre o seu enquadramento jurídico sempre existiram duas correntes doutrinárias ejurisprudenciais bem 
definidas: 
1.ª Corrente – Sustenta que a união entre pessoas do mesmo sexo não constitui uma entidade familiar, mas mera 
sociedade de fato. Isso porque, para a união estável a Constituição Federal exige diversidade de sexos. Sendo assim, 
não há direito a alimentos, direitos sucessórios ou direito à meação patrimonial com base nas regras de regime de 
bens. A questão patrimonial é resolvida com base na Súmula 380 do STF, havendo direito a uma participação quanto 
aos bens adquiridos pelo esforço comum. Essa corrente prevaleceu por tempos na doutrina e na jurisprudência, sendo 
certo que a maioria dos julgados encontrados, por óbvio, ainda segue essa forma de enquadramento, pelo fato de 
serem ampla maioria no passado. Na doutrina, a ela continua filiada a Professora Maria Helena Diniz. De toda sorte, 
alguns juristas que assim pensavam tendem a mudar de opinião. Cite-se o Sílvio de Salvo Venosa, que em artigo 
recentemente publicado sustenta que “a Constituição de 1988 protege expressamente a entidade familiar constituída 
pelo homem e a mulher. Tal não é mais, a nosso ver, um impedimento para o alargamento do conceito, quando o 
sistema social estiver pronto para significativa mudança. Destarte, enquanto não houver aceitação social majoritária 
dessas uniões, que se traduza em possibilidade legislativa, as repercussões serão majoritariamente patrimoniais, por 
analogia às sociedades de fato”.145 Cumpre anotar que o Professor Álvaro Villaça Azevedo era filiado ao presente 
entendimento. Todavia, conforme apontado em palestras e exposições, o jurista das Arcadas mudou de posição, 
filiando-se agora a segunda corrente. 
2.ª Corrente – Afirma expressamente que a união homoafetiva é entidade familiar que deve ser equiparada à união 
estável. Desse modo, há direito a alimentos, direitos sucessórios e direito à meação, aplicando-se, por analogia as 
mesmas regras da união estável. Essa corrente é encabeçada pela jurista Maria Berenice Dias, que utiliza os seguintes 
argumentos fundamentais para a sua tese: a) o rol constitucional de família constante do art. 226 da CF/1988 não é 
exaustivo ou taxativo, mas meramente exemplificativo, b) A CF/1988, pelo seu caráter pluralista, consagra uma 
cláusula geral de inclusão e não de exclusão; c) o princípio norteador da Constituição é a dignidade humana, primado 
na igualdade e na liberdade, o que leva ao reconhecimento de direitos ao cidadão sem qualquer discriminação ou 
preconceito; d) desrespeitar o ser humano em função de sua orientação sexual significa dar um tratamento indigno à 
pessoa; e) o direito à sexualidade constitui um direito fundamental do ser humano. Essa corrente é claramente a 
 
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tendência consolidada entre os estudiosos do Direito de Família, prevalecendo de forma esmagadora entre os juristas 
que compõem o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). 
 
 No julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4.277/DF, em 5 de maio de 2011, o STF entendeu pela aplicação, por 
analogia, de todas as regras da união estável heteroafetiva para a união estável homoafetiva. 
 Como a decisão tem efeito vinculante e erga omnes, não se pode admitir outra forma de interpretação que não 
seja o enquadramento da união homoafetiva como família, com a incidência dos mesmos dispositivos legais relativos 
à união estável, aqui estudados. Nesse contexto, podem ser destacadas as seguintes aplicações legais para a união 
homoafetiva, sem qualquer ressalva: 
� Art. 1.723 do CC – A união homoafetiva deverá ser reconhecida quando se tratar de uma união pública, contínua 
e duradoura, estabelecida com objetivo de constituição de família. A menção à distinção de sexos do comando 
deve ser afastada, como consta da decisão do Supremo Tribunal Federal. Valem os mesmos parâmetros e 
exemplos apontados na presente obra, quando do estudo da união estável heterossexual. 
� Art. 1.724 do CC – Os deveres da união estável entre pessoas de sexos distintos servem para a união homoafetiva: 
lealdade, respeito, assistência, guarda, sustento e educação dos filhos. Como há deveres em relação aos filhos, 
não há qualquer vedação para a adoção homoafetiva. 
� Art. 1.725 do CC – A união homoafetiva, em regra, está submetida ao regime da comunhão parcial de bens, não 
havendo necessidade de prova do esforço comum para a aquisição dos bens havidos durante a união. Os 
companheiros homoafetivos podem estabelecer, por força de contrato de convivência, um outro regime para a 
comunicação dos bens. É plenamente viável juridicamente que os companheiros homoafetivos reconheçam a 
união por meio de uma escritura pública de união estável. 
� Art. 1.726 do CC – É possível converter em casamento uma união homoafetiva, nos mesmos moldes da união 
estável entre pessoas de sexos distintos. Se isso é possível, pensamos que não há vedação para que o casamento 
homoafetivo seja celebrado diretamente. Nesse sentido, vejamos o enunciado aprovado na V Jornada de Direito 
Civil, em 2011: “É possível a conversão de união estável entre pessoas do mesmo sexo em casamento, observados 
os requisitos exigidos para a respectiva habilitação” (Enunciado n. 526). 
� Art. 1.727 do CC – Aplicam-se os mesmos parâmetros para a diferenciação da união estável e o concubinato, 
com a ressalva do § 1.º do art. 1.723, já estudados. 
� Art. 1.694 a 1.710 do CC – Os companheiros homoafetivos podem pleitear alimentos uns dos outros, incidindo 
os mesmos preceitos previstos para a união estável heterossexual. 
� Art. 1.790 do CC – O dispositivo básico relativo à sucessão do companheiro tem plena incidência para a união 
homoafetiva, sem prejuízo de outros comandos e interpretações relativas à sucessão legítima (ex: reconhecimento 
do direito real de habitação). 
 
8.5. Ação de reconhecimento e dissolução de união estável. 
Competência: Vara de família 
Onde: 1. Domicilio do guardião do filho incapaz 
 2. Do último domicílio do casal 
 3. Ou do domicílio do reú. 
 
-Falecido o companheiro os legitimados para figurar na demanda são os herdeiros e não o espólio representado pelo 
inventariante. 
-Ação tramita em segredo de justiça. 
-A dissolução também poderá ser feita de forma consensual, neste caso os companheiros devem assinar a petição 
inicial e deliberar sobre as questões relativas a dissolução. 
 
9. A FILIAÇÃO SOB A ÓTICA CIVIL-CONSTITUCIONAL 
 A filiação é a relação jurídica existente entre ascendentes e descendentes de primeiro grau, ou seja, entre pais e 
filhos. Tal relação é regida pelo princípio da igualdade entre os filhos (art. 227, § 6.º, da CF/1988, e art. 1.596 do 
CC). 
 
9.1. A Presunção de paternidade (Pater Is Est) 
 O art. 1.597 do CC consagra as antigas presunções de paternidade decorrentes do casamento (pater is est quem 
nuptiae demonstrant), ao lado de novas presunções relacionadas a técnicas de reprodução assistida. Pela exatidão da 
norma, presumem-se concebidos na constância do casamento: 
 
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I – Os filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal. A presunção leva em 
conta o início do casamento, constituindo uma presunção relativa ou iuris tantum, que admite prova em contrário, 
principalmente pelo exame de DNA. Tal meio de prova, que traz certeza quase absoluta do vínculo parental, fez com 
que as antigas presunçõesde paternidade se desatualizassem, prevalecendo nos casos de dúvidas concretas e práticas 
quanto à filiação. 
II – Os filhos nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação 
judicial, nulidade e anulação do casamento. Anote-se que não há mais a separação judicial, podendo o termo ser 
substituído por divórcio, eis que não há mais prazos para este. A presunção relativa ou iuris tantum leva em conta o 
fim do vínculo entre os pais. Mais uma vez, a presunção perdeu força pela prova via DNA. Complementando a 
norma, prevê o confuso art. 1.598 do CC que, salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no 
inc. II do art. 1.523 (dez meses depois da dissolução da conjugalidade anterior), a mulher contrair novas núpcias e 
lhe nascer algum filho, duas regras são aplicadas: 1.º) Haverá presunção de que o filho é do primeiro marido, se 
nascer dentro dos 300 dias a contar do falecimento deste primeiro marido; 2.º) Haverá presunção de que o filho é do 
segundo marido se o nascimento ocorrer após esses 300 dias da dissolução da primeira união e já decorrido o prazo 
de 180 dias do início do segundo casamento. Tais confusas premissas geram presunções relativas que admitem prova 
em contrário, via DNA. Por isso, duvida-se de sua real aplicação prática. 
III – Os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido. A técnica de reprodução 
assistida homóloga é aquela que envolve material genético dos próprios cônjuges. Há quem entenda que a parte final 
do dispositivo ao utilizar a locução “mesmo que falecido o marido” é inconstitucional, por violar o princípio da 
paternidade responsável retirado do art. 226, § 7.º, do Texto Maior. Nessa linha de pensamento, pelo Enunciado n. 
127 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil, há proposta de alterar o inc. III do art. 1.597 para constar “havidos 
por fecundação artificial homóloga”, retirando-se menção ao falecimento do marido. A questão é muito polêmica, 
pois do outro lado coloca-se o direito da mãe de ter e cuidar do filho sozinha, de seu marido já falecido. Em 
complemento, o Enunciado n. 106 do CJF/STJ determina que, “para que seja presumida a paternidade do marido 
falecido, será obrigatório que a mulher, ao se submeter a uma das técnicas de reprodução assistida com o material 
genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatório, ainda, que haja autorização escrita do marido 
para que utilize seu material genético após sua morte”. Anote-se que a Resolução 1.957, de 15 de dezembro de 2010, 
do Conselho Federal de Medicina, já admitia a técnica em caso de falecimento, desde que houvesse prévia autorização 
do falecido. Em maio de 2013, a citada norma foi revogada pela Resolução n. 2.013, que estabelece a mesma 
premissa. 
IV – Os filhos havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção 
artificial homóloga. Esses embriões são os decorrentes da manipulação genética, mas que não foram introduzidos 
no ventre materno, estando crioconservados em clínicas de reprodução assistida. A fecundação, em casos tais, ocorre 
in vitro, na proveta, por meio da técnica ZIFT, ou seja, a fecundação ocorre fora do corpo da mulher. Há ainda a 
técnica GIFT, que não é o caso, em que o gameta masculino é introduzido artificialmente no corpo da mulher, onde 
ocorre a fecundação. 
V – Os filhos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Trata-
se da técnica de reprodução assistida efetivada com material genético de terceiro, geralmente sêmen doado por outro 
homem. 
 
 Superados esses pontos polêmicos, ato contínuo de análise, enuncia o art. 1.599 do CC que prova de impotência 
do marido para gerar, à época da concepção, afasta a presunção de paternidade. O dispositivo traz exceção à 
presunção de paternidade e deve ser aplicado apenas impotência generandi, conforme expressamente previsto. 
Todavia, a conclusão não é pacífica, pois há quem entenda que a regra do mesmo modo subsume-se à impotência 
instrumental (coeundi), aquela para o ato sexual.155 Filia-se à primeira corrente, até porque pelos avanços médicos 
e farmacêuticos a impotência sexual instrumental vem se transformando em um mito. 
 Causa perplexidade a norma do art. 1.600 do CC, in verbis “Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, 
para ilidir a presunção legal da paternidade”. O dispositivo está superado, uma vez que o adultério desapareceu do 
sistema diante da Lei 11.106/2005. Complementando o comando, enuncia o art. 1.602 do CC que não basta a 
confissão materna para excluir a presunção de paternidade. Em suma, não basta a declaração da mãe de que o seu 
marido não é o pai da criança, pois outras provas e outros fatos devem ser considerados, como o exame de DNA. 
 Ilustrando, se um marido reconhece o filho havido de sua mulher como seu, por meio da chamada “adoção à 
brasileira”, criando-o por dez anos, não poderá desfazer o vínculo. No máximo, eventual demanda negatória ou de 
nulidade do registro pode ser julgada parcialmente procedente, apenas para declarar que o autor não é o pai biológico 
da criança. Porém, o vínculo de filiação deve ser mantido. 
 
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 De toda a sorte, a última norma pode criar problemas práticos. Imagine-se a hipótese de uma mulher que está 
separada de fato do marido e que vive com outro homem. Nascido um filho do último, a sua declaração quando do 
registro do nascimento não teria o condão de afastar a presunção legal da paternidade do marido. Ora, melhor seria 
que a atual legislação trouxesse uma previsão sobre o afastamento da presunção em casos tais. 
 O art. 1.601 é um dos dispositivos mais criticados do CC/2002 ao prever que “Cabe ao marido o direito de contestar 
a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. 
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação”. A norma é 
duramente criticada porque, ao consagrar a imprescritibilidade da ação negatória de paternidade pelo marido, 
despreza a parentalidade socioafetiva, fundada na posse de estado de filhos. Conforme o Enunciado n. 339 do 
CJF/STJ, aprovado na IV Jornada de Direito Civil, deve ser vedado o rompimento da paternidade socioafetiva em 
detrimento do melhor interesse do filho. No mesmo sentido, o seguinte enunciado, da V Jornada de Direito Civil: 
“O conhecimento da ausência de vínculo biológico e a posse de estado de filho obstam a contestação da paternidade 
presumida” (Enunciado n. 520). 
 
9.2. Reconhecimento dos filhos 
9.2.1. Reconhecimento voluntário ou perfilhação 
O art. 1.609 do CC, repetindo o que constava do art. 1.º da Lei 8.560/1992, consagra as seguintes hipóteses de 
reconhecimento voluntário de filhos: 
I – No registro do nascimento. 
II – Por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado no cartório de registro das pessoas naturais. 
III – Por testamento, legado ou codicilo, ainda que a manifestação seja incidental. 
IV – Por manifestação direta e expressa perante o juiz – investido no cargo –, ainda que o reconhecimento de filho 
não seja o objeto único e principal do ato que o contém. Ilustrando, cite-se a declaração de paternidade feita como 
testemunha em uma ação de despejo. 
 O reconhecimento de filhos pode preceder ao nascimento (reconhecimento de nascituro) ou ser posterior ao 
falecimento (reconhecimento post mortem), se o filho a ser reconhecido deixar descendentes (art. 1.609, parágrafo 
único, do CC). Ao admitir a possibilidade de reconhecimento de nascituro como filho, o dispositivo adota a teoriaconcepcionista, pela qual o nascituro é pessoa humana, corrente que parece ser a majoritária na doutrina 
contemporânea. 
 Regra fundamental sobre o tema, enuncia o art. 1.610 do CC que o reconhecimento de filho é sempre irrevogável, 
ainda que a manifestação conste em testamento. O testamento continua sendo revogável, mas isso não atinge a 
perfeição do ato de reconhecimento 
 O reconhecimento de filhos constitui um ato jurídico stricto sensu, ou em sentido estrito, justamente porque os 
seus efeitos são apenas aqueles decorrentes de lei (art. 185 do CC). Não há uma composição de vontades, a fazer 
com que o ato seja tido como um negócio jurídico. 
 Trata-se ainda de um ato unilateral e formal. Entretanto, dúvidas surgem em relação à primeira parte do art. 1.614 
do CC pelo qual: “O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o 
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação”. Como se nota, o reconhecimento 
de filho maior exige a sua concordância. Surge então a dúvida: o ato de reconhecimento passa a ser bilateral em casos 
tais? 
Segue-se a corrente doutrinária que responde negativamente, mantendo-se o caráter unilateral do ato. Isso porque o 
consentimento do maior é mero ato de proteção, predominando a iniciativa daquele que reconhece o filho. 
 
9.2.2. Reconhecimento judicial. Aspectos principais da ação investigatória 
 Como é notório, o reconhecimento forçado ou coativo de filho se dá por meio da ação investigatória de paternidade 
ou de maternidade, sendo a primeira mais comum na prática. Vejamos os aspectos principais dessa demanda: 
� Prazo. Por sua natureza declaratória e por envolver estado de pessoas e dignidade humana, a ação não está sujeita 
a qualquer prazo, sendo imprescritível. 
� Foro competente para apreciar a ação investigatória. Como a ação investigatória é uma ação pessoal, em 
regra, será competente o foro de domicílio do réu. Se a ação estiver cumulada com a de alimentos, “O foro de 
domicílio ou residência do alimentando é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando 
cumulada com a de alimentos” (Súmula 1 do STJ). Se a ação estiver cumulada com petição de herança, será 
competente o mesmo juízo do inventário, antes da partilha; ou o foro de domicílio de qualquer herdeiro, após a 
partilha. Porém, em havendo pendência do julgamento da investigação de paternidade, a ação de petição de 
herança deve correr na mesma Vara da Família em que segue tal demanda declaratória. Se a ação estiver 
cumulada com alimentos e petição de herança, será competente o foro de domicílio ou residência do alimentando. 
 
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� Legitimidade ativa para a ação investigatória. A ação investigatória é personalíssima do filho, em regra. Sendo 
menor, este deverá ser representado (menor de 16 anos) ou assistido (menor entre 16 e 18 anos), geralmente pela 
mãe. A ação também cabe ao filho maior de 18 anos, sem a necessidade de representação ou assistência. O MP 
também pode agir como substituto processual, tendo legitimação extraordinária, conforme a Lei 8.560/1992. 
Seguindo a corrente concepcionista, deve-se entender que a ação também cabe ao nascituro, que por si só pode 
promover a ação, devidamente representado. Segundo o STJ, a investigatória também cabe do neto contra o avô, 
visando constituir o vínculo do último em relação ao pai do primeiro (ação avoenga). 
� Legitimidade passiva para a ação investigatória. Em regra, a ação será proposta contra o suposto pai ou 
suposta mãe. Falecido este ou esta, a ação será proposta contra os herdeiros da pessoa investigada e não contra o 
espólio, diante de seu caráter pessoal e por não ter o espólio personalidade jurídica. Não havendo herdeiros e 
falecendo o suposto pai ou mãe, a ação será proposta contra o Estado (Município ou União), que receberá os bens 
vagos. Por fim, a ação também pode ser proposta contra o avô (ação avoenga). 
� Prova. Diante das avançadas técnicas de engenharia genética, a prova mais efetiva é a realização de exame de 
DNA dos envolvidos, o que traz certeza quase absoluta quanto ao vínculo biológico. Destaque-se que a 
jurisprudência do STJ tem entendido que o direito à verdade biológica é um direito fundamental, amparado na 
proteção da pessoa humana. 
� Contestação da ação. Qualquer pessoa que tenha justo interesse pode contestar a ação investigatória. Como 
pessoas interessadas podem ser citadas o cônjuge ou companheiro do suposto genitor e os seus herdeiros. 
� Alimentos na ação investigatória. Estatui a Súmula 277 do STJ que “Julgada procedente a investigação de 
paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. Isso vale se os alimentos não forem fixados 
provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em cautelar de alimentos provisionais. O entendimento 
sumulado é aplicação do princípio da igualdade entre filhos (art. 227, § 6.º, da CF/1988 e art. 1.596 do CC), uma 
vez que se o filho reconhecido voluntariamente tem direito a alimentos provisórios desde a citação do réu na 
ação de alimentos, o filho reconhecido posteriormente por sentença também deve o ter. Trata-se, ainda, de 
incidência do art. 1.616 do CC pelo qual a sentença da ação investigatória deve ter os mesmos efeitos do 
reconhecimento voluntário. 
 
9.3. A recusa ao exame de DNA e a lei 12.004/09. 
 É notório que o exame de DNA constitui meio de prova dos mais eficazes, pois traz certeza quase absoluta quanto 
à existência ou não do vínculo biológico. O exame de DNA veio a substituir a fragilidade da prova testemunhal que 
antes era produzida, baseada principalmente no relacionamento sexual plúrimo da mãe do investigante com vários 
homens (exceptio plurium concubentium). Essa prova revelava-se como vexatória, por ser violadora da intimidade e 
da dignidade humana da mãe. A respeito da obrigatoriedade da realização do exame de DNA, com a condução 
coercitiva do investigado, o STF, em julgado histórico, acabou por entender por sua impossibilidade. A A natureza 
jurídica do ato e a sua irrevogabilidade. 
 
Súmula 301 do STJ. 
“Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de 
paternidade.” 
 
 Mais recentemente, entrou em vigor no Brasil a Lei 12.004/2009, que introduziu na Lei 8.560/1992 norma expressa 
a respeito da presunção pela negativa ao exame: “Art. 2.º-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios 
legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Parágrafo único. A recusa 
do réu em se submeter ao exame de código genético – DNA – gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em 
conjunto com o contexto probatório”. Em verdade, a última norma é até desnecessária, pela existência dos 
dispositivos do CC/2002 e pela jurisprudência consolidada. 
 
10. PODER FAMILIAR 
 O poder familiar é uma decorrência do vínculo jurídico de filiação, constituindo o poder exercido pelos pais em 
relação aos filhos, dentro da ideia de família democrática, do regime de colaboração familiar e de relações baseadas, 
sobretudo, no afeto. Anote-se que parte da doutrina prefere o termo autoridade parental, constando proposta de 
alteração das expressões no Estatuto das Famílias (PL 470/2013). Nessa linha, nas justificativas da proposição é 
expresso que o termo autoridade se coaduna com o princípio de melhor interesse dos filhos, além de contemplar a 
solidariedade familiar. O art. 87 do projeto determina que “A autoridade parental deve ser exercida no melhor 
interesse dos filhos”. 
 
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 O poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe, não sendo mais o caso de se utilizar, em hipótese alguma, a 
expressão pátrio poder, totalmente superada pela despatriarcalização do Direito de Família, ou seja, pela perda do 
domínio exercido pela figura paterna no passado. Eventualmente, em casos de família homoafetiva, o poder familiar 
pode ser exercido por dois homens ou por duas mulheres, sem qualquer ressalva no tratamento da matéria. 
 Segundo o art. 1.630 do CC, “os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores”. 
 Quanto a esse comando legal prevê o Enunciado n. 112 do CJF/STJ que: “Em acordos celebrados antes do advento 
do novo Código, ainda que expressamente convencionado que os alimentos cessarão com a maioridade, o juiz deve 
ouvir os interessados, apreciar as circunstâncias do caso concreto e obedecer ao princípio rebus sic stantibus”. O 
enunciado doutrinário pretende sanar eventual conflito de direito intertemporal. Com a redução da maioridade civil 
e com o fim do poder familiar aos 18 anos do filho, os alimentos também podem cessar antes do período fixado entre 
as partes. Para tanto, devem ser analisadas as circunstâncias fáticas que envolvem a lide. 
 Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais e na falta ou impedimento de um deles, 
o outro o exercerá com exclusividade (art. 1.631). Divergindo os pais no tocante ao exercício do poder familiar, é 
assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para a solução do desacordo (art. 1.631, parágrafo único, do CC). Mais 
uma vez, o Código Civil atribui a solução ao Poder Judiciário, criando mais uma ação: a de solução de divergência 
quanto ao poder familiar. 
 Determina o art. 1.632 do CC que “a separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as 
relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos”. 
O dispositivo acaba trazendo um direito à convivência familiar e, ao seu lado, um dever dos pais de terem os filhos 
sob sua companhia. Nessa norma reside fundamento jurídico substancial para a responsabilidade civil por abandono 
afetivo, eis que a companhia inclui o afeto, a interação entre pais e filhos. Anote-se, mais uma vez, que a menção à 
separação judicial deve ser vista com ressalvas, eis que a categoria foi extinta pela Emenda do Divórcio (Emenda 
Constitucional 66/2010). 
 Encerrando as regras gerais quanto ao poder familiar, enuncia o art. 1.633 do CC que o filho, não reconhecido 
pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe. Mas, se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, o poder 
familiar será exercido por um tutor. 
 
10.1. Atribuições dos pais 
 O exercício do poder familiar está tratado no art. 1.634 da codificação privada, recentemente alterado pela Lei 
13.058/2014, trazendo as atribuições desse exercício que compete aos pais, verdadeiros deveres legais, a saber: 
a) Dirigir a criação e a educação dos filhos. 
b) Exercer a guarda unilateral ou compartilhada, conforme alterado pela recente Lei da Guarda Compartilhada (ou 
alternada) obrigatória. Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem. 
c) Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior, o que também foi incluído pela Lei 
13.058/2014. 
d) Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município, 
outra inclusão legislativa recente, pela mesma norma citada. 
e) Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo 
não puder exercer o poder familiar. 
f) Representá-los, judicial ou extrajudicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil e assisti-los, após essa idade, 
nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento. Aqui houve outra alteração pela Lei 13.058/2014, 
com a menção aos atos extrajudiciais. 
g) Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha. 
h) Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 
 Em relação à última atribuição, o preceito deve ser lido à luz da dignidade humana e da proteção integral da 
criança e do adolescente. 
 
 De início, porque a exigência de obediência não pode ser desmedida, sendo vedados maus-tratos e relação 
ditatorial. Havendo excessos nesse exercício, estará configurado o abuso de direito, o que pode repercutir, em casos 
de danos, na esfera da responsabilidade civil (arts. 187 e 927 do CC). Como consequência, além da suspensão ou 
destituição do poder familiar, o pai ou a mãe poderá ser condenado a pagar indenização por danos morais aos filhos 
se os maus-tratos estiverem presentes. 
 Sobre tal delicada situação, entrou em vigor no Brasil a Lei 13.010/2014, conhecida como Lei da Palmada ou Lei 
Menino Bernardo, em homenagem à criança vítima de violências praticadas pelo pai e pela madrasta. A nova norma 
alterou dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente, passando a prever o seu art. 18-A que a criança e o 
adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, 
 
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como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família 
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa 
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
 Seguindo no estudo do inciso VII do art. 1.634 da codificação, os pais não podem explorar economicamente os 
filhos, exigindo-lhes trabalhos que não são próprios de sua idade ou formação. 
 Como se sabe, a exploração do trabalho infantil é um mal que assola todo o País. Em casos de abuso, mais uma 
vez, o poder familiar pode ser suspenso ou extinto, cabendo também a aplicação das regras da responsabilidade civil 
(art. 187 c/c o art. 927 do CC). 
 Ainda no que concerne aos efeitos do poder familiar, o pai e a mãe, enquanto no seu exercício, devem ser tratados 
como usufrutuários dos bens dos filhos (usufruto legal); e têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua 
autoridade (art. 1.689 do CC). 
 Em continuidade, “compete aos pais e, na falta de um deles, ao outro, com exclusividade, representar os filhos 
menores de 16 anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados” (art. 1.690 do CC). 
Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus bens. Havendo divergência quanto a essa 
administração, a lei consagra a possibilidade de qualquer um deles recorrer ao juiz para a solução necessária (art. 
1.690, parágrafo único, do CC). 
 No plano dessa administração, os pais não podem alienar ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem 
contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração (art. 1.691 do CC). Isso, 
salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz. Se tais atos de alienação 
ou disposição forem realizados sem autorização, deverão ser tidos como nulos, havendo previsão de nulidade textual 
(art. 1.691, parágrafo único, do CC). A norma é de ordem pública, tutelando os vulneráveis. 
 O próprio art. 1.691 do Código Civil consagra a legitimidade dos filhos, herdeiros e representante legal do menor 
para propor a ação declaratóriade nulidade absoluta do ato. Como a norma é especial quanto à legitimidade, 
compreende-se que o Ministério Público não a tem, não sendo o caso de se aplicar o art. 168 do CC. Por outra via, 
“sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do 
Ministério Público, o juiz lhe dará curador especial.” Aqui a legitimidade do MP é clara e especificada em lei (art. 
1.692 do CC). 
 Devem ser excluídos do usufruto legal e da administração dos pais os bens adquiridos pelo filho havido fora do 
casamento, antes do reconhecimento pelo pai; os valores auferidos pelo filho maior de 16 anos, no exercício de 
atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição 
de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais; os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais 
forem excluídos da sucessão (art. 1.693 do CC). 
 
 
 
10.2. Guarda unilateral (exclusiva ou monoparental) 
 É atribuída o genitor que aparente melhores condições de exercê-la observando o melhor interesse do filho. 
 
10.3. Guarda Compartilhada ou Conjunta 
 Instituída pela lei 11.698/08. Trata-se de modalidade que estabelece o exercício conjunto e igualitário do poder 
parental. Exige, portanto, relacionamento harmonioso entre os genitores. 
 
10.4. Suspensão e Extinção do Poder familiar 
10.4.1. Hipótese de extinção do poder familiar 
O art. 1.635 do CC/2002 lista as hipóteses em que é extinto o poder familiar: 
a) Pela morte dos pais ou do filho, eis que o poder familiar tem caráter personalíssimo. 
b) Pela emancipação, nos termos do art. 5.º, parágrafo único, do CC; já que esta antecipa os efeitos da 
maioridade para fins civis. 
c) Pela maioridade, aos 18 anos, não havendo mais razão para o poder familiar, diante da independência obtida 
com a maioridade. 
d) Pela adoção, diante do rompimento de vínculo em relação à família anterior. 
e) Diante de decisão judicial, nos casos do art. 1.638 do CC. 
 
10.4.2. Perda e Suspensão do Poder Familiar 
 Em relação ao art. 1.638 do CC, o comando legal em questão trata dos fundamentos da destituição do poder 
familiar por sentença judicial. Esses motivos para a destituição são: o castigo imoderado do filho, o abandono do 
 
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filho, a prática de atos contrários à moral e aos bons costumes e a incidência reiterada nas faltas previstas no 
art. 1.637 do CC. 
 Enuncia o último dispositivo que “se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles 
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar 
a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando 
convenha. ” Ato contínuo, suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por 
sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (art. 1.637, parágrafo único, do 
CC). 
 A previsão a respeito das faltas reiteradas previstas no art. 1.637 é a grande novidade do dispositivo (art. 1.638, 
IV). Segundo Jones Figueirêdo Alves e Mário Luiz Delgado, o novo dispositivo veio alterar substancialmente o 
tratamento do tema, não havendo mais um rol taxativo (numerus clausus) a fundamentar a destituição do poder 
familiar.178 Como se sabe, é nova tendência do Direito Privado atual entender que as relações constantes em lei não 
são taxativas, mas exemplificativas (numerus apertus). 
 
10.5. Alienação parental 
 Instituto correlato ao poder familiar muito explorado nos últimos anos pela doutrina e pela jurisprudência é 
alienação parental ou implantação das falsas memórias. 
 No âmbito jurisprudencial, já se entendia que a alienação parental poderia levar à perda da guarda pelo genitor; 
bem como provocar discussão a respeito da destituição do poder familiar. 
 Acompanhando toda essa evolução da doutrina e da jurisprudência, foi promulgada a Lei 12.318, de 26 de agosto 
de 2010, conhecida como Lei da Alienação Parental. Nos termos do art. 2.º da nova norma, “considera-se alienação 
parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para 
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. O comando 
exemplifica algumas situações concretas de alienação parental: 
a) Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade. 
b) Dificultar o exercício da autoridade parental. 
c) Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor. 
d) Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar. 
e) Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive 
escolares, médicas e alterações de endereço. 
f) Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a 
convivência deles com a criança ou adolescente. 
g) Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar a convivência da criança ou 
adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. 
 
 Enuncia-se que “a prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de 
convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, 
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade 
parental ou decorrentes de tutela ou guarda” (art. 3.º). Desse modo, não há dúvida que, além das consequências para 
o poder familiar, a alienação parental pode gerar a responsabilidade civil do alienador, por abuso de direito (art. 187 
do CC). 
 Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em 
ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido 
o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou 
do adolescente (art. 4.º da Lei 12.318/2010). Isso, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar 
a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
 
11. ALIMENTOS 
11.1. Conceito 
 Com base nos ensinamentos de Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, os alimentos podem ser conceituados 
como as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho 
próprio. Aquele que pleiteia os alimentos é o alimentando ou credor; o que os deve pagar é o alimentante ou devedor. 
 
11.2. Pressupostos 
 
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 Pois bem, nos termos dos arts. 1.694 e 1.695 do CC, os pressupostos para o dever de prestar alimentos são os 
seguintes: 
� Vínculo de parentesco, casamento ou união estável, inclusive homoafetiva. Em relação ao parentesco, deve 
ser incluída a parentalidade socioafetiva, conforme o Enunciado n. 341 do CJF/STJ (“Para os fins do art. 
1.696, a relação socioafetiva pode ser elemento gerador de obrigação alimentar). 
� Necessidade do alimentandoou credor. 
� Possibilidade do alimentante ou devedor. Para a verificação dessa possibilidade, poderão ser analisados os 
sinais exteriores de riqueza do devedor, conforme reconhece o Enunciado n. 573 do CJF/STJ, da VI Jornada 
de Direito Civil (2013). 
 Como é notório, os dois últimos elementos constituem o famoso binômio alimentar (necessidade/possibilidade). 
Cumpre destacar que para alguns doutrinadores já há que se falar em trinômio: 
 
Para Maria Berenice Dias, o trinômio é assim constituído: 
proporcionalidade/necessidade/possibilidade. 
Para Paulo Lôbo, o trinômio é necessidade/possibilidade/razoabilidade 
 
 De fato, a razoabilidade ou proporcionalidade deve ser elevada à condição de requisito fundamental para se 
pleitear os alimentos. Sendo assim, é possível rever aquela antiga ideia de que os alimentos visam à manutenção do 
status quo da pessoa que os pleiteia. Concretamente, é 
irrazoável pensar que uma mulher jovem, que tem plena condição e formação para o trabalho, pode pleitear alimentos 
do ex-marido, mantendo-se exclusivamente pela condição de ex-cônjuge. 
 
11.3. Características da Obrigação de Alimentos 
 A obrigação alimentar e o correspondente direito aos alimentos têm características únicas, que os distinguem de 
todos os outros direitos e obrigações (obrigação sui generis). Tanto isso é verdade que o inadimplemento da obrigação 
de prestar alimentos fundados em vínculo de Direito de Família (alimentos familiares) possibilita a prisão do devedor 
(art. 5.º, LXVII, da CF/1988). 
 
a) Obrigação que gera um direito personalíssimo 
 No que tange ao credor ou alimentando, o direito aos alimentos é personalíssimo, uma vez que somente aquele 
que mantém relação de parentesco, casamento ou união estável com o devedor ou alimentante pode pleiteá-los 
(caráter intuitu personae). Por isso, o direito a alimentos não se transmite aos herdeiros do credor. 
 
b) Reciprocidade 
 A obrigação de alimentos é recíproca entre cônjuges e companheiros (art. 1.694 do CC). A reciprocidade do 
mesmo modo existe entre pais e filhos, sendo extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais 
próximos em grau, uns na falta de outros (art. 1.696 do CC). Em complemento, preconiza o art. 1.697 do CC que, na 
falta de ascendentes, cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem sucessória. Na falta de descendentes e 
ascendentes, os alimentos poderão ser pleiteados aos irmãos, germanos ou bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) e 
unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). 
Pode-se afirmar que ambos os dispositivos trazem ordem a ser seguida quando se pleiteia os alimentos decorrentes 
do parentesco: 
1º Ascendente: o grau mais próximo exclui o mais remoto. 
2º Descendentes: o grau mais próximo exclui o mais remoto. 
3º Irmão: primeiro os bilaterais, depois os unilaterais 
 
 Insta saber se os tios, tios-avôs, sobrinhos, sobrinhos-netos e primos são obrigados a prestar alimentos, eis que 
são parentes colaterais. Pelo que consta literalmente da norma, não há que se falar em obrigação de prestar alimentos. 
 Porém, a questão não é pacífica, pois há quem entenda de forma contrária, caso de Maria 
Berenice Dias. São suas palavras: 
“O silêncio não exclui os demais parentes do encargo alimentar. O silêncio não significa que tenham os demais sido 
excluídos do dever de pensionar. Os encargos alimentares seguem os preceitos gerais: na falta dos parentes mais 
próximos são chamados os mais remotos, começando pelos ascendentes, seguidos dos descendentes. Portanto, na 
falta de pais, avós e irmãos, a obrigação passa aos tios, tios-avôs, depois aos sobrinhos, sobrinhos-netos e, finalmente, 
aos primos” 
 
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Conforme já sustentado em obra escrita em coautoria com José Fernando Simão, parece-nos que tem razão a 
doutrinadora gaúcha, pois se esses colaterais são herdeiros, tendo direitos, também têm obrigações, caso de prestar 
alimentos. Em outras palavras, se têm bônus, também têm ônus. 
 
c) Irrenunciabilidade 
 O CC/2002 é expresso ao vedar a renúncia aos alimentos. Prevê o seu art. 1.707 que “Pode o credor não exercer, 
porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação 
ou penhora”. Segue-se, em parte, o entendimento que constava da Súmula 379 do STF (“No acordo de desquite, não 
se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais”). 
Mais uma vez repise-se que a separação judicial não mais existe no sistema jurídico nacional, diante da Emenda do 
Divórcio (EC 66/2010). 
 Porém, apesar da literalidade da norma, destaque-se que a maioria da doutrina e da jurisprudência entende pela 
possibilidade de renúncia a alimentos quando da separação de direito, do divórcio e da dissolução da união estável. 
Sintetizando essa corrente, o Enunciado n. 263 do CJF/STJ, da III Jornada de Direito Civil: “O art. 1.707 do Código 
Civil não impede seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada por ocasião do divórcio (direto ou indireto) 
ou da dissolução da ‘união estável’. A irrenunciabilidade do direito a alimentos somente é admitida enquanto subsista 
vínculo de Direito de Família”. Cumpre mais uma vez ressaltar que as discussões relativas à separação judicial 
perdem relevo, diante de sua extinção pela Emenda do Divórcio. De toda sorte, o debate é mantido em relação ao 
divórcio e à dissolução da união estável, bem como quanto às pessoas que já se encontravam separadas antes da EC 
66/2010. 
 Pois bem, apesar do entendimento de admissibilidade da renúncia aos alimentos, conforme manifestação já 
constante de obra escrita com José Fernando Simão, este autor entende que os alimentos são sempre 
irrenunciáveis.186 Isso porque o art. 1.707 está em total sintonia com o art. 11 do CC pelo qual os direitos da 
personalidade são, em regra, irrenunciáveis. Como outrora exposto, os alimentos são inerentes à dignidade da pessoa 
humana, sendo o direito aos mesmos um verdadeiro direito da personalidade. Assim, a melhor conclusão parece ser 
que é possível abrir mão de forma temporária aos alimentos, mas nunca é possível renunciá-lo, conforme está 
expresso no art. 1.707 do CC. 
 
d) Obrigação divisível (regra) ou solidária (exceção) 
 Pelo que consta do art. 1.698 do CC, nota-se que a obrigação de prestar alimentos, em regra, é divisível. Enuncia 
esse comando que “sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos 
respectivos recursos”. Ilustrando, se um pai não idoso necessita de alimentos e tem quatro filhos em condições de 
prestá-los e quer receber a integralidade do valor alimentar, a ação deverá ser proposta em face de todos 
(litisconsórcio passivo necessário). 
 Na última situação descrita, caso a ação seja proposta em face de apenas um dos filhos, caberá a aplicação da 
primeira parte do mesmo art. 1.698 do CC. 
 
e) Obrigação imprescritível 
 A pretensão aos alimentos é imprescritível, por envolver estado de pessoas e a dignidade humana. Porém, deve-
se atentar ao fato de que a pretensão para a cobrança de alimentos fixados em sentença ou ato voluntário prescreve 
em dois anos, contados a partir da data em que se vencerem (art. 206, § 2.º, do CC). 
Além disso, se o alimentando for absolutamente incapaz (menor de 16 anos, por exemplo), contra ele não corre a 
prescrição (art. 198, I, do CC). Desse modo, todos os alimentos fixados em sentença e vencidos só terão a prescrição 
iniciada quando o menor completar 16 anos. 
 Mais uma regra referente à prescrição da pretensão deveser lembrada. Se o pai ou a mãe forem os devedores 
dos alimentos, a prescrição não começa a correr quando o filho se torna relativamente capaz (aos 16 anos), porque, 
por expressa disposição de lei, a prescrição não corre entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 
197, II, do CC). Em suma, em casos tais, a prescrição de dois anos só se inicia, em regra, quando o menor se tornar 
capaz aos 18 anos, salvo as hipóteses de emancipação. 
 
f) Obrigação incessível e inalienável 
 O art. 1.707 do CC expressa que a obrigação de alimentos não pode ser objeto de cessão gratuita ou onerosa. 
Ilustrando, os alimentos não podem ser objeto de cessão de crédito. Os alimentos, do mesmo modo, são inalienáveis, 
não podendo ser vendidos, doados, locados ou trocados. 
 
g) Obrigação incompensável 
 
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 O mesmo art. 1.707 do Código Civil veda que a obrigação alimentar seja objeto de compensação. A mesma 
proibição consta do art. 373, II, do CC. Mais uma vez, apesar da literalidade da lei, parte da doutrina e da 
jurisprudência entende pela possibilidade de compensação dos alimentos. 
Para este autor, mais uma vez, deve prevalecer o texto legal, pelo fato de estarem os alimentos fundados na dignidade 
humana e em direitos da personalidade, justificando-se plenamente a forte intervenção legislativa. 
 
h) Obrigação impenhorável 
 Por ser personalíssima, incessível, inalienável, a obrigação de prestar alimentos é absolutamente impenhorável 
(arts. 1.707 do CC e 649, IV, do CPC). 
 
i) Obrigação irrepetível 
 A irrepetibilidade dos alimentos é construção antiga, relacionada ao fato de existir uma obrigação moral. Em 
reforço, vale o argumento da existência de uma obrigação essencialmente satisfativa. Assim, não cabe ação de 
repetição de indébito para reaver o que foi pago (actio in rem verso). Ilustrando, imagine-se que um homem foi 
enganado quanto à prole por uma mulher, que lhe disse que o filho era seu. Constatada a inexistência de vínculo 
biológico, via DNA, esse homem não poderá reaver os alimentos pagos, pois esses são irrepetíveis. 
 
j) Obrigação intransacionável e não sujeita à arbitragem 
 Por todas as características demonstradas incansavelmente, a obrigação alimentar não pode ser objeto de 
transação, ou seja, de um contrato pelo qual a dívida é extinta por concessões mútuas ou recíprocas (arts. 840 a 850 
do CC). Como é notório, apenas quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação (art. 841 do 
CC). Como outrora exposto, a natureza da obrigação de alimentos é especial, fundada na dignidade humana em 
direitos da personalidade. 
Além de ser intransacionável, a obrigação alimentar não pode ser objeto de compromisso ou arbitragem. Enuncia o 
art. 852 do CC que está vedado o compromisso para solução de questões de estado e de direito pessoal de família, 
caso dos alimentos. 
 
k) Obrigação transmissível 
 É a expressão do art. 1.700 do CC/2002: “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, 
na forma do art. 1.694”. Como se nota, há transmissibilidade da obrigação de alimentos em relação aos herdeiros do 
devedor. 
A grande polêmica está em saber quais são os limites dessa transmissão. Prevalece o entendimento de que essa ocorre 
nos limites da herança, conforme se extrai do Enunciado n. 343 do CJF/STJ, da IV Jornada de Direito Civil: “A 
transmissibilidade da obrigação alimentar é limitada às forças da herança”. Essa também é a opinião de Maria 
Berenice Dias. 
 
11.4. Principais Classificações dos Alimentos 
a) Quanto às fontes 
� Legais 
 São aqueles decorrentes da norma jurídica, estando fundamentados no Direito de Família e decorrentes de 
casamento, união estável ou relações de parentesco (art. 1.694 do CC). Os citados alimentos igualmente podem ser 
definidos como familiares. Por força da Lei 11.804/2008 também são devidos os alimentos gravídicos, ao nascituro 
e à mulher gestante. Na falta de pagamento desses alimentos, cabe a prisão civil do devedor (art. 5.º, LXVII, da 
CF/1988). 
 
� Convencionais 
 São aqueles fixados por força de contrato, testamento ou legado, ou seja, que decorrem da autonomia privada do 
instituidor. Não cabe prisão civil pela falta do seu pagamento, a não ser que sejam legais. 
 
� Indenizatórias, ressarcitórios ou indenitários 
 São aqueles devidos em virtude da prática de um ato ilícito como, por exemplo, o homicídio, hipótese em que as 
pessoas que do morto dependiam podem pleiteá-los (art. 948, II, do CC). Também não cabe prisão civil pela falta de 
pagamento desses alimentos. Tal categoria é estudada no âmbito da responsabilidade civil. 
 
b) Quanto à extensão 
� Alimentos civis ou côngruos 
 
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 Visam à manutenção do status quo ante, ou seja, a condição anterior da pessoa, tendo um conteúdo mais amplo 
(art. 1.694 do CC). Em regra, os alimentos são devidos dessa forma, incidindo sempre a razoabilidade. 
 
� Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários 
 Visam somente ao indispensável à sobrevivência da pessoa, também com dignidade. Englobam alimentação, 
saúde, moradia e vestuário, sem exageros, dentro do princípio da razoabilidade. Eventualmente, também se pode 
incluir a educação de menores. Esse conceito ganhou importância com o Código Civil de 2002, pois o culpado pelo 
fim da união somente poderá pleitear esses alimentos do inocente (art. 1.694, § 2.º, do CC). Isso, desde que não tenha 
condições para trabalho ou parentes em condições de prestar os alimentos (art. 1.704, parágrafo único, do CC). 
Todavia, repise-se que há quem entenda, como Paulo Lôbo, que tal dispositivo está revogado pela alteração do art. 
226, § 6.º, da CF/1988 pela EC do Divórcio, perdendo importância a presente categorização para parte da 
doutrina.193 Essa é a principal polêmica envolvendo a EC 66/2010 e os alimentos. 
 
c) Quanto ao tempo 
� Alimentos Pretéritos 
 São os que ficaram no passado e que não podem mais ser pleiteados por regra, eis que o princípio que rege os 
alimentos é o da atualidade. Lembre-se que podem ser cobrados os alimentos já fixados por sentença ou acordo entre 
as partes, no prazo prescricional de dois anos, contados do seu vencimento (art. 206, §2.º, do CC). 
 
� Alimentos Presentes 
 São aqueles do momento e que podem ser pleiteados. 
 
� Alimentos Futuros 
 São alimentos pendentes que vão se vencendo no curso do processo. 
 
d) Quanto à forma de pagamento 
� Alimentos próprios ou in natura 
 São aqueles pagos em espécie, por meio do fornecimento de alimentação, sustento e hospedagem, sem prejuízo do 
dever de prestar o necessário para a educação dos menores (art. 1.701, caput, do CC). 
 
� Alimentos impróprios 
 São aqueles pagos mediante pensão, o que é mais comum na prática. Cabe ao juiz da causa, de acordo com as 
circunstâncias do caso concreto, fixar qual a melhor forma de cumprimento da prestação (art. 1.701, parágrafo único, 
do CC). Geralmente são fixados em salários-mínimos, sendo esses utilizados como índice de correção monetária 
(dívida de valor). Esse critério, contudo, não é obrigatório. Nos termos do art. 1.710 do CC/2002 os alimentos fixados 
devem ser atualizados de acordo com índices oficiais. 
 
e) Quanto à finalidade 
� Alimentos definitivos ou regulares 
 Sãoaqueles fixados definitivamente, por meio de acordo de vontades ou de sentença judicial já transitada em 
julgado. A Lei 11.441/2007 possibilitou que esses alimentos sejam fixados por escritura pública, quando da separação 
ou do divórcio extrajudiciais. Apesar da denominação “definitivos”, podem ser revistos se ocorrer alteração 
substancial no binômio ou trinômio alimentar, cabendo majoração, diminuição ou exoneração do encargo (art. 1.699 
do CC). 
 
� Alimentos provisórios 
 São aqueles fixados antes da sentença na ação de alimentos que segue o rito especial previsto na Lei 5.478/1968 
(Lei de Alimentos). Exigem prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do casamento (certidão 
de casamento). Têm natureza de antecipação dos efeitos da sentença (tutela de urgência satisfativa). 
 
� Alimentos Provisionais 
 São aqueles estipulados em outras ações que não seguem o rito especial mencionado, visando manter a parte que 
os pleiteia no curso da lide (ad litem). São fixados por meio de antecipação de tutela ou em liminar concedida em 
medida cautelar de separação de corpos em ações em que não há a mencionada prova préconstituída, caso da ação 
de investigação de paternidade ou da ação de reconhecimento e dissolução da união estável. Dispõe o art. 1.706 do 
 
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atual CC que “os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”. Também têm natureza 
satisfativa, antecipando os efeitos da sentença definitiva. 
 
� Alimentos Transitórios 
 São aqueles fixados por determinado período de tempo, a favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, fixando-se 
previamente o seu termo final. Conforme se extrai de ementa daquele Tribunal Superior, “A obrigação de prestar 
alimentos transitórios – a tempo certo – é cabível, em regra, quando o alimentando é pessoa com idade, condições e 
formação profissional compatíveis com uma provável inserção no mercado de trabalho, necessitando dos alimentos 
apenas até que atinja sua autonomia financeira, momento em que se emancipará da tutela do alimentante – outrora 
provedor do lar –, que será então liberado da obrigação, a qual se extinguirá automaticamente” 
 
11.4. Ação de alimentos 
� Rito especial 
 A Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, conhecida como “Lei de Alimentos”, estabelece procedimento especial, 
concentrado e mais célere, para a ação de alimentos. Só pode valer-se, todavia, desse rito quem puder apresentar 
prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do dever alimentar (certidão de casamento ou 
comprovante do companheirismo). Quem não puder fazê-lo, terá de ajuizar ação ordinária. 
 Se o pretendente à pensão não preencher os requisitos exigidos para dedução de sua reivindicação pelo rito 
especial, ou optar pela ação ordinária de alimentos, cumulada ou não com pedido de investigação de paternidade, 
poderá formular pedido cautelar, incidente ou antecedente, de alimentos provisionais, facultando-se-lhe, ainda, 
alternativamente, o requerimento de tutela antecipada. Dispõe o art. 1.706 do Código Civil que “os alimentos 
provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”. 
 
� Legitimidade 
 A legitimidade ativa para propor ação de alimentos é dos filhos, devendo os pais representá-los (menor de 16) ou 
assisti-los (entre 16 e 18), conforme a idade. Contudo, decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “a formulação do 
pedido em nome da mãe não anula o processo, apesar da má-técnica processual, pois está claro que o valor se destina 
à manutenção da família. O pedido está claramente formulado em favor dos filhos”. 
 
� Investigação de paternidade dos filhos 
 A Lei n. 8.560/92, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, dispõe em seu 
art. 7º que, “sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos 
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite”. Proclama a Súmula 277 do Superior Tribunal de 
Justiça, por sua vez: “Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. 
Decidiu o Superior Tribunal de Justiça que, se ainda não está confirmada a paternidade, o suposto pai não pode ser 
preso por falta de pagamento de alimentos provisórios. Tanto o art. 7 º da Lei n. 8.560/92 como o art. 5º da Lei n. 
883/49 nada dispõem sobre a fixação de alimentos provisórios quando ainda não há reconhecimento judicial da 
paternidade. Essa possibilidade só existe quando já foi proferida a sentença que reconhece a paternidade. 
 
� Alimentos provisórios 
 Ao despachar a inicial da ação de rito especial (art. 4º), o juiz fixará desde logo alimentos provisórios, em geral, 
na base de um terço dos rendimentos do devedor, como dito anteriormente, sendo de salientar-se que a lei não 
estabelece nenhum critério. Malgrado a ambiguidade do texto, o juiz não deve fixar de ofício os alimentos provisórios, 
mas somente se o interessado o requerer. 
 Os alimentos provisórios são devidos desde a sua fixação, no despacho inicial, até a sentença final, quando serão 
substituídos pelos definitivos, que retroagem à data da citação, conforme o art. 13, § 2º, da Lei de Alimentos. Dispõe 
a Súmula 6 do Tribunal de Justiça de São Paulo: “Os alimentos são sempre devidos a partir da citação, mesmo que 
fixados em ação revisional, quer majorados ou reduzidos, respeitado o princípio da irrepetibilidade”. Somente no 
caso de a ação ser, a final, julgada improcedente (e revogados os alimentos provisórios) é que serão devidos até o 
julgamento do recurso especial ou extraordinário, a teor do estatuído no aludido art. 13, § 3º. 
 Todavia, tem-se entendido que a decisão final referida nesse parágrafo diz respeito somente aos alimentos 
provisórios. Assim, a sentença ou acórdão que julga a ação onde foram concedidos os alimentos provisórios substitui 
a decisão que os concedeu, de modo que, se julga improcedente a ação ou fixa os alimentos em verba inferior, tem 
eficácia imediata. Assim, “proferida decisão de improcedência da ação de alimentos, cessa o pagamento dos 
alimentos provisórios” 
 
 
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� Audiência conciliação e instrução 
 Dispõe o art. 6º da citada Lei de Alimentos: “Na audiência de conciliação e julgamento deverão estar presentes 
autor e réu, independentemente de intimação e de comparecimento de seus representantes”. Acrescenta o art. 7º que 
“o não comparecimento do autor determina o arquivamento do pedido, e a ausência do réu importa em revelia, além 
de confissão quanto à matéria de fato”. 
 A ausência do representante legal do menor autor à audiência, exigida por lei para viabilizar eventual acordo, 
implica tão só o arquivamento do processo, e não a sua extinção. Todavia, tal ausência não conduz ao arquivamento 
do feito, se ao ato compareceu seu procurador, munido de poderes especiais para transigir. Nos termos do mencionado 
art. 7º da Lei de Alimentos, ausente o réu à audiência, aplica-se-lhe a pena de confesso, inclusive com dispensa de 
sua intimação da sentença. 
 Preceitua o art. 9º da Lei n. 5.478/68: “Aberta a audiência, lida a petição, ou o termo, e a resposta, se houver, ou 
dispensada a leitura, o juiz ouvirá as partes litigantes e o representante do Ministério Público, propondo 
conciliação”. 
 Alguns julgados consideramnulo o processo se não realizada qualquer das duas tentativas de conciliação, em 
razão da relevância destas, no início e após os debates. Mais razoável se mostra, contudo, a corrente que, com base 
no art. 249, § 1º, do Código de Processo Civil, descarta a nulidade se da ausência de renovação da proposta de 
conciliação não tiver havido prejuízo. Assim decidiu o 
 Tribunal de Justiça de São Paulo: “Embora obrigatória a renovação da proposta de conciliação, sua falta não 
acarreta a nulidade da sentença”. 
 Na ação de alimentos regulada pela Lei n. 5.478/68, a realização da audiência de instrução e julgamento é 
imprescindível, pouco importando a revelia do demandado. Desse modo, a ausência do advogado de qualquer das 
partes não impede a produção das provas requeridas, se assim entender necessário o juiz, ou a requerimento do 
Ministério Público. 
 
� Valor da causa: 12 vezes o valor pleiteado em um ano 
 
11.5. Ação revisional de alimentos 
 Sendo variáveis, em razão de diversas circunstâncias, os pressupostos objetivos de obrigação de prestar alimentos 
— necessidade do reclamante e possibilidade da pessoa obrigada —, permite a lei que, neste caso, se proceda à 
alteração da pensão, mediante ação revisional ou de exoneração, pois toda decisão ou convenção a respeito de 
alimentos traz ínsita a cláusula rebus sic stantibus. 
 Por isso, se diz que a sentença proferida em ação de alimentos não faz coisa julgada material, mas apenas formal, 
no sentido de que se sujeita a reexame ou revisão, independentemente de esgotamento de todos os recursos. 
 Nessas condições, “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na 
de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou 
majoração do encargo” (CC, art. 1.699). 
 Desse modo, se o alimentante, depois de fixado o quantum alimentar com base nos seus ganhos líquidos, é 
promovido ou obtém sucesso em sua atividade profissional, comercial, industrial ou artística, por exemplo, com 
melhoria de sua situação econômico-financeira, pode o alimentando, em face desses fatos supervenientes, pleitear 
majoração da pensão, na proporção de suas necessidades. 
 Se, todavia, ocorre o contrário, ou seja, se o alimentante, em razão de diversas causas, como falência, doença 
impeditiva do exercício de atividade laborativa, perda do emprego e outras, sofre acentuada diminuição em seus 
ganhos mensais a ponto de não mais ter condições de arcar com o pagamento das prestações, assiste-lhe o direito de 
reivindicar a redução do aludido quantum ou mesmo, conforme as circunstâncias, completa exoneração do encargo 
alimentar. 
 As necessidades do alimentando podem servir também de motivo para a majoração da pensão. À medida que os 
filhos crescem, as necessidades e as despesas aumentam, principalmente quando atingem a puberdade, sendo maiores 
nessa etapa da vida as exigências femininas. Outras vezes a necessidade de receber maior auxílio tem por causa 
doença grave de tratamento prolongado e de alto custo ou o ingresso em dispendiosa instituição particular de ensino. 
 Em linhas gerais, na revisional de alimentos devem ficar provadas não só a necessidade de ser a pensão 
aumentada, como também que o alimentante tem condições de suportar seu aumento. Para que o pedido seja acolhido, 
deve ser provada, portanto, a modificação da situação econômica dos interessados. Pedida pelo devedor a redução da 
pensão, compete-lhe provar a debilitação de suas condições econômico-financeiras, ou a redução das necessidades 
do credor. 
 
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 Como a lei não discrimina os elementos a serem objetivamente considerados para a constatação da mudança da 
situação econômica das partes, capazes de justificar a revisão ou a exoneração, compete ao juiz a análise da situação 
de fato e a valoração das provas. 
 Na ação exoneratória ou de redução dos alimentos, a alegação de impossibilidade de pagar a pensão fixada reclama 
prova irrefutável e convincente. Não basta que o alimentante sofra alteração na sua fortuna para justificar a redução 
da prestação alimentícia; é necessário que a alteração seja de tal ordem que torne impossível o cumprimento da 
obrigação. Do contrário, tal alteração será irrelevante. É do alimentante o ônus da prova relativamente à 
desnecessidade do alimentando em continuar percebendo a prestação alimentícia, qualquer que seja o motivo da 
desnecessidade. 
 
11.6. Alimentos gravídicos 
 Uma considerável parcela da jurisprudência tem reconhecido a legitimidade processual do nascituro, representado 
pela mãe, para propor ação de alimentos ou ação de investigação de paternidade com pedido de alimentos. Mesmo a 
corrente que franqueia ao nascituro o acesso ao Judiciário impõe-lhe, porém, como requisito, a demonstração prévia 
do vínculo de paternidade, como o exige o art. 2º da Lei de Alimentos (Lei n. 5.478, de 25-7-1968). 
 A Lei n. 11.804, de 5 de novembro de 2008, que regulou os alimentos gravídicos, veio resolver esse problema, 
conferindo legitimidade ativa à própria gestante para a propositura da ação de alimentos. O objetivo da referida lei, 
em última análise, é proporcionar um nascimento com dignidade ao ser concebido. 
 Alimentos gravídicos, segundo o art. 2º da citada Lei, são os destinados a cobrir as despesas adicionais do período 
de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto. Compreendem inclusive (o rol não é taxativo) as 
referentes a “alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, 
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que 
o juiz considerar pertinentes”. 
 Preceitua o art. 1º da lei em epígrafe: “Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma 
como será exercido”. A legitimidade para a propositura da ação de alimentos é, portanto, da mulher gestante, 
independentemente de qualquer vínculo desta com o suposto pai. Basta a existência de indícios de paternidade, para 
que o juiz fixe os alimentos gravídicos, que perdurarão até o nascimento da criança (art. 6º). Ao fazê-lo, o juiz 
sopesará as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
 A legitimidade passiva foi atribuída exclusivamente ao suposto pai, não se estendendo a outros parentes do 
nascituro. Compete à gestante o ônus de provar a necessidade de alimentos. O suposto pai não é obrigado a arcar 
com todas as despesas decorrentes da gravidez, pois o parágrafo único do art. 2º da lei em apreço proclama que “os 
alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, 
considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de 
ambos”. 
 Dispõe o parágrafo único do art. 6º da referida Lei que, “após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos 
ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão”. Quando 
do nascimento, os alimentos gravídicos mudam de natureza, convertem-se em favor do filho, apesar de o encargo do 
poder familiar ter parâmetro diverso, pois deve garantir ao credor o direito de desfrutar da mesma condição social do 
devedor. 
 
11.7. Extinção da obrigação de alimentos 
São hipóteses de extinção da obrigação de prestar alimentos: 
� Morte do credor. Isso porque a obrigação é personalíssima em relação ao credor (intuitu personae). 
� Alteração substancial no binômio ou trinômio alimentar, ou desaparecimentode um dos seus requisitos (art. 
1.699 do CC). Com tom didático e exemplar, transcreve-se, do Tribunal Mineiro: “Exoneração de Pensão 
Alimentícia. Desconfiguração de requisito legal previsto no art. 1695 do Código Civil. Recurso a que se nega 
provimento. Demonstrado o desaparecimento de um dos pressupostos do art. 1695 do Código Civil, isto é, ou a 
alimentanda, não necessita mais dos alimentos, visto possuir condição econômica para manter a própria 
subsistência, ou o alimentante, não possui mais possibilidade econômica de prestar alimentos, já que tal obrigação 
causa-lhe desfalque do necessário ao seu próprio sustento e de sua família, por força do art. 1699 do Código 
Civil, possui o alimentante o direito de pleitear a exoneração do dever legal de prestar alimentos”. 
� No caso de menores, a obrigação alimentar é extinta quando atingem a maioridade. Entretanto, por questão 
de justiça, essa extinção não ocorre de forma automática, sendo necessária uma ação de exoneração para tanto. 
Prevê a Súmula 358 do STJ que “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está 
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”. Ato contínuo, o STJ tem 
entendimento consolidado de que a obrigação do genitor pode continuar tratando-se de filho universitário, até 
 
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que este encerre os seus estudos. Doutrinariamente, veja-se o Enunciado n. 344 do CJF/STJ: “A obrigação 
alimentar originada do poder familiar, especialmente para atender às necessidades educacionais, pode não cessar 
com a maioridade”. Todavia, ressalve-se que o STJ entende que o pai não é obrigado a custear o ensino pós-
universitário do filho, como no caso de curso de especialização, mestrado ou doutorado. Conforme se extrai de 
decisão publicada no Informativo n. 484 daquela Corte: “o estímulo à qualificação profissional dos filhos não 
pode ser imposto aos pais de forma perene, sob pena de subverter o instituto da obrigação alimentar oriunda das 
relações de parentesco, que objetiva preservar as condições mínimas de sobrevida do alimentado. Em rigor, a 
formação profissional completa-se com a graduação, que, de regra, permite ao bacharel o exercício da profissão 
para a qual se graduou, independentemente de posterior especialização, podendo assim, em tese, prover o próprio 
sustento, circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de necessidade do filho estudante. Assim, 
considerando o princípio da razoabilidade e o momento socieconômico do país, depreende-se que a missão de 
criar os filhos se prorroga mesmo após o término do poder familiar, porém finda com a conclusão, pelo 
alimentado, de curso de graduação. A partir daí persistem as relações de parentesco que ainda possibilitam a 
busca de alimentos, desde que presente a prova da efetiva necessidade. Com essas e outras considerações, a 
Turma deu provimento ao recurso para desonerar o recorrente da obrigação de prestar alimentos à sua filha” 
(STJ, REsp. 1.218.510/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 27.09.2011). 
� Dissolução do casamento ou da união estável. Todavia, o art. 1.709 do CC admite que a sentença de divórcio 
fixe alimentos (alimentos pós-divórcio). Em casos tais, em regra, o novo casamento do cônjuge devedor não 
extingue a obrigação constante da sentença de divórcio. Porém, ressalte-se que esse novo casamento – uma nova 
união estável do devedor –, pode gerar uma alteração substancial no binômio, extinguindo-se a obrigação por 
força do art. 1.699 do CC. Por outra via, nos termos do caput, do art. 1.708, do CC, o casamento, a união estável 
ou o concubinato do credor faz cessar o dever de prestar alimentos. Quanto ao concubinato, prevê o preciso 
Enunciado n. 265 do CJF/STJ que “Na hipótese de concubinato, haverá necessidade de demonstração de 
assistência material pelo concubino a quem o credor de alimentos se uniu”. 
� Comportamento indigno do credor em relação ao devedor. Dispõe o parágrafo único, do art. 1.708, do CC, 
interessante inovação, que “Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver 
procedimento indigno em relação ao devedor” (destacado). A expressão em destaque constitui uma cláusula 
geral, a ser preenchida pelo aplicador do direito caso a caso. Doutrinariamente, na III Jornada de Direito 
Civil aprovou-se o Enunciado n. 264 do CJF/STJ, in verbis: “Na interpretação do que seja procedimento 
indigno do credor, apto a fazer cessar o direito a alimentos, aplicam-se, por analogia, as hipóteses dos incisos 
I e II do art. 1.814 do Código Civil”. Nesse contexto, em casos de crimes contra a vida ou contra a honra 
praticados pelo devedor contra o credor justifica-se a extinção dos alimentos por indignidade. Com 
interessante enfoque prático, leciona Maria Berenice Dias o “conceito de indignidade deve ser buscado nas 
causas que dão ensejo à revogação da doação (557) ou à declaração de indignidade do herdeiro para afastar 
o direito à herança (1.814). O exercício da liberdade afetiva do credor não pode ser considerado postura 
indigna, a dar ensejo à exoneração da obrigação alimentar em favor do ex-cônjuge, mormente quando 
considerado que, com o término da relação, não mais persiste o dever de fidelidade”.196 Por fim, anote-se 
que na IV Jornada de Direito Civil, foi aprovado o Enunciado n. 345 do CJF/STJ, com a seguinte redação: 
“O ‘procedimento indigno’ do credor em relação ao devedor, previsto no parágrafo único do art. 1.708 do 
Código Civil, pode ensejar a exoneração ou apenas a redução do valor da pensão alimentícia para quantia 
indispensável à sobrevivência do credor”. Dessa forma, é possível que a indignidade gere a redução dos 
alimentos, principalmente nos casos de patente necessidade do devedor. 
 
- Possibilidade de requerer alimentos dos avós. 
 
Exoneração de alimentos 
-Súmula 358, STJ 
- Indigno – Redução /Exoneração – Art. 1708, CC 
 
- Súmula 309 do STJ 
O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao 
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. 
 
12. BEM DE FAMÍLIA 
12.1. Conceito 
 
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 O bem de família pode ser conceituado como o imóvel utilizado como residência da entidade familiar, decorrente 
de casamento, união estável, entidade monoparental, ou entidade de outra origem, protegido por previsão legal 
específica. Na realidade jurídica nacional, conforme se expôs, faz-se interpretação extensiva de proteção da moradia 
para atingir o imóvel onde reside pessoa solteira, separada ou viúva (Súmula 364 do STJ). 
 
12.2. Espécies 
 Duas são as formas de bem de família previstas no ordenamento jurídico brasileiro: 
 
12.2.1. Bem de família voluntário ou convencional - arts. 1.711 a 1.722. 
 O bem de família convencional ou voluntário pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar ou por 
terceiro, mediante escritura pública ou testamento, não podendo ultrapassar essa reserva um terço do patrimônio 
líquido das pessoas que fazem a instituição (art. 1.711 do CC). 
 O limite estabelecido pela legislação visa a proteger eventuais credores. 
 Ainda pelo que consta da parte final desse dispositivo, o bem de família convencional não revogou o bem de 
família legal, coexistindo ambos em nosso ordenamento jurídico. No caso de instituição por terceiro, devemos 
cônjuges aceitar expressamente o benefício. 
 Para que haja a proteção prevista em lei, é necessário que o bem seja imóvel residencial, rural ou urbano, 
incluindo a proteção a todos os bens acessórios que o compõem, caso inclusive das pertenças (art. 1.712 do CC). A 
proteção poderá abranger valores mobiliários, cuja renda seja aplicada na conservação do imóvel e n o sustento d a 
família. 
 Constituindo novidade, pelo art. 1.713 do CC os valores mobiliários não poderão exceder o valor do prédio 
instituído, diante da sua flagrante natureza acessória. Tais valores, ademais, devem ser individualizados no 
instrumento de instituição do bem de família convencional (art. 1.713, §1º, do CC). Se se tratar de títulos nominativos, 
a sua instituição como bem de família também deverá constar dos respectivos livros de registro (art. 1.713, § 2º, do 
CC). Eventualmente, o instituidor da proteção pode determinar que a administração desses valores seja confiada a 
uma instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento das rendas a todos os beneficiários (art. 
1.713, §3º, do CC). Nessas hipóteses, a responsabilidade dos administradores obedecerá às regras previstas para o 
contrato de depósito voluntário (arts. 627 a 646 do CC). 
 A instituição do bem de família convencional deve ser efetuada por escrito e registrada no Cartório de Registro 
de Imóveis do local em que o mesmo está situado (art. 1.714 do CC). Em todos os casos, pela regra especial e expressa 
do art. 1 .711 do CC, há necessidade de escritura pública ou testamento, não importando o valor do imóvel. Assim, 
não merecerá aplicação o art. 1 08 do CC, que dispensa a elaboração de escritura pública nos negócios envolvendo 
imóveis com valor igual ou inferior a trinta salários mínimos. 
 A inalienabilidade, como regra geral, está prevista no art. 1.717 do CC, sendo somente possível a alienação do 
referido bem mediante consentimento dos interessados (membros da entidade familiar), e de seus representantes, 
ouvido o Ministério Público. Como fica claro pelo dispositivo, a possibilidade de alienação depende de autorização 
judicial, sendo relevantes os motivos para tanto. 
 Eventualmente, comprovada a impossibilidade de manutenção do bem de família convencional, poderá o juiz, a 
requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação real de bens que o constituem em outros, 
ouvido o instituidor e o Ministério Público. Trata-se de uma hipótese de dissolução judicial do bem protegido (art. 
1.719 do CC). 
 No que concerne à sua administração, salvo previsão em contrário, cabe a ambos os cônjuges ou companheiros, 
sendo possível a intervenção judicial, em caso de divergência (art. 1.720 do CC). Esse comando legal, que constitui 
novidade, está em total sintonia com a igualdade consagrada no art. 226 da CF/ 1 988 e no art. 1.511 do CC. Traz 
também uma tendência de judicialização dos conflitos conjugais, pois o juiz irá decidir sobre a questão que interessa 
aos membros da entidade familiar. É importante a constatação de que essa tendência não é a atual, de fuga do 
Judiciário, o que pode ser captado pela leitura do Novo Código de Processo Civil, pela valorização da 
desjudicialização em vários de seus comandos. 
 No caso de falecimento de ambos os cônjuges, a administração caberá ao filho mais velho, se ele for maior. Caso 
contrário, a administração caberá a seu tutor (art. 1.720, parágrafo único, do CC). 
A instituição dura até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, se restarem filhos menores de 1 8 anos, mesmo 
falecendo os pais, a instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade (art. 1.716 do CC). Mais uma 
vez se percebe a intenção do legislador de proteger a célula familiar. Todavia, a extinção do bem de família 
convencional não afasta a impenhorabilidade prevista na Lei 8.009/1990. 
 A dissolução da sociedade conjugal, por divórcio, morte, inexistência, nulidade ou anulabilidade do casamento, 
não extingue o bem de família convencional. Dissolvida a sociedade conjugal por morte de um dos cônjuges, o 
 
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sobrevivente poderá pedir a extinção da proteção, se for o único bem do casal (art. 1.721, parágrafo único, do CC). 
Porém, mais uma vez, a extinção do bem de família voluntário ou convencional não afasta a proteção da lei específica. 
 Por fim, enuncia o art. 1.722 do CC que se extingue o bem de família convencional com a morte de ambos os 
cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos à curatela. Pela terceira vez e lucidando, essa extinção não 
impede a aplicação da proteção constante da Lei 8.009/1990, sobre a qual se começa a tratar. 
 
� Exceções à proteção legal - art.1.715 do CC 
 Com a instituição do bem de família convencional ou voluntário, o prédio se toma inalienável e impenhorável, 
permanecendo isento de execuções por dívidas posteriores à instituição. Entretanto, tal proteção não prevalecerá nos 
casos de dívidas com as seguintes origens: 
a) dívidas anteriores à sua constituição, de qualquer natureza; 
b) dívidas posteriores, relacionadas com tributos relativos ao prédio, caso do IPTU (obrigações propter rem ou 
ambulatórias); 
c) despesas de condomínio (outra típica obrigação propter rem ou ambulatória), mesmo posteriores à instituição. 
 
 Destaque-se que essas são as exceções relativas ao bem de família convencional, não se confundido com aquelas 
previstas para o bem de família legal (art. 3º da Lei 8.009/ 1990). 
O parágrafo único, do art. 1.715, do CC, está em sintonia com a proteção da pessoa, prevendo que, no caso de 
execução dessas dívidas, o saldo existente deva ser aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da 
dívida pública, para sustento familiar, a não ser que motivos relevantes aconselhem outra solução, a critério do juiz. 
 
12.2.2. Bem de família legal - regulado pela Lei 8.009/1 990, baseada no trabalho acadêmico do Professor 
Álvaro Villaça Azevedo. 
 A Lei 8.009/1990 traça as regras específicas quanto à proteção do bem de família legal, prevendo o seu art. 1.º 
que "O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer 
tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou 
filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei". Trata-se de importante 
norma de ordem pública que protege tanto a família quanto a pessoa humana. 
 Isso justifica a Súmula 205 do STJ, segundo a qual a Lei 8.009/1990 tem eficácia retroativa, atingindo as penhoras 
constituídas antes da sua entrada em vigor. Trata-se do que denominamos retroatividade motivada ou justificada, em 
prol das normas de ordem pública. Sendo norma de ordem pública no campo processual, a impenhorabilidade do 
bem de família legal pode ser conhecida de ofício pelo juiz. 
 Em regra, a impenhorabilidade somente pode ser reconhecida se o imóvel for utilizado para residência ou moradia 
permanente da entidade familiar, não sendo admitida a tese do simples domicílio (art. 5º, caput, da Lei 8.009/1 990). 
O Superior Tribunal de Justiça, contudo, entende que, no caso de locação do bem, utilizada a renda do imóvel para a 
mantença da entidade familiar ou para locação de outro imóvel, a proteção permanece, o que pode ser concebido 
como um bem de família indireto. A questão consolidou-se de tal forma que, em 2012, foi editada a Súmula 486 do 
STJ, in verbis: "É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a 
renda obtida coma locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família". 
 Entendeu-se, ainda, que a premissa igualmente vale para o caso de único imóvel do devedor que esteja em 
usufruto, para destino de moradia de sua mãe, pessoa idosa. Na última decisum, além da proteção da moradia, julgou-
se com base no sistema de tutela constante do Estatuto do Idoso. 
 A residência da entidade familiar pode ser comprovada pela juntada de comprovantes de pagamento de contas de 
água, luz, gás e telefone, sendo certo que outros meios probatórios podem conduzir o magistrado ao reconhecimento 
da penhorabilidade ou não recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam da 
propriedade do locatário (art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.009/1990). Os veículos de transporte, obras de arte e 
adornos suntuosos estão excluídos da impenhorabilidade (art. 2º). A penhorabilidade dos veículos de transporte, em 
visão ampliada, atinge as vagas de garagem com matrícula própria, segundo a Súmula 449 do STJ ("A vaga de 
garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora"). 
A súmula merece críticas, pois diante do princípio da gravitação jurídica (o acessório segue o principal), se a 
impenhorabilidade atinge o imóvel do mesmo modo deve atingir a vaga de garagem. 
Nas situações concretas de imóvel locado, a impenhorabilidade atinge também os bens móveis do locatário, quitados, 
que guarneçam a sua residência (art. 2º, parágrafo único, da Lei 8.009/1990). 
 
� Exceções à impenhorabilidade - o art. 3º da Lei 8.009/1990 
 
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a) O inciso I do preceito tratava dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições 
previdenciárias. Aqui, incluíam-se os empregados domésticos e empregados da construção civil, no caso de 
aumento da área construída do imóvel, desde que houvesse vínculo de emprego. Não havendo tal vínculo, o STJ 
já entendeu que a exceção não se aplicaria, como na hipótese de contratação de empreiteiro que contratou os 
empregados para a obra no imóvel. Esse dispositivo foi revogado expressamente pelo art. 46 da Lei 
Complementar 150/2015, que regulamentou os direitos trabalhistas dos trabalhadores domésticos. Na opinião 
deste autor, a inovação veio em boa hora, pois a tutela da moradia deve, de fato, prevalecer sobre os créditos 
trabalhistas de qualquer natureza. 
 
b) Pelo titular do crédito decorrente de financiamento destinado à construção ou aquisição do imóvel, no limite dos 
créditos e acréscimos decorrentes do contrato. 
 
c) Pelo credor de pensão alimentícia, seja ela decorrente de alimentos convencionais, legais (de Direito de Família) 
ou indenizatórios (nos termos do art. 948, II, do CC). A respeito dos alimentos indenizatórios, a questão não é 
pacífica. Todavia, ficamos com os julgados que entendem pela exceção à impenhorabilidade em casos tais. 
Cumpre anotar que o STJ não inclui entre tais débitos alimentares os honorários advocatícios, conforme se extrai 
de julgado publicado no seu Informativo n. 469, de abril de 2011. Esse inciso foi alterado pela Lei 13.144, de 6 
de julho de 2015, passando a mencionar a proteção dos direitos, sobre o bem de família, do seu coproprietário 
que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela 
dívida. Em suma, em casos tais as dívidas alimentares não têm o condão de quebrar a impenhorabilidade do bem 
de família. Fica em xeque a necessidade da nova lei, pois essa proteção da meação do cônjuge e do companheiro 
já era retirada das regras relativas ao regime de bens. 
 
d) Para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em relação ao imóvel familiar. 
Quando há menção às contribuições relativas ao imóvel, segundo a jurisprudência, estão incluídas as dívidas 
decorrentes do condomínio, eis que esse inciso trata das obrigações propter rem ou ambulatórias. Nota-se que o 
Supremo Tribunal Federal considerou que o caso é de interpretação declarativa, e não extensiva. Realmente, se 
o caso fosse de interpretação extensiva, a exceção não se aplicaria, pois não se pode sacrificar a moradia, valor 
constitucional com tal técnica de interpretação. Nessa trilha, entendeu o Superior Tribunal de Justiça que a 
exceção não se aplica no caso de dívidas de associações de moradores em condomínios fechados de casas, 
hipótese não abarcada na previsão em comento, não cabendo a ampliação do texto legal em casos tais, até porque 
a norma é de exceção. 
 
e) Para a execução d e hipoteca sobre o imóvel, oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. 
O STJ tem afastado a penhora do bem de família nos casos de hipoteca oferecida por membro da entidade 
familiar, visando garantir dívida de sua empresa individual. A interpretação é que a exceção somente se aplica 
se a hipoteca for instituída no interesse de ambos os cônjuges ou de toda a entidade familiar. Na mesma linha, a 
Corte Superior, dando interpretação restritiva à exceção, concluiu que a norma não alcança os casos em que a 
pequena propriedade rural é dada como garantia de dívida. Sustentou-se que tal propriedade encontra proteção 
contra a penhora no art. 5 .0, XXVI, da CF/ 1 988, dispositivo que deve prevalecer na espécie, não sendo o caso 
de incidir a norma excepcional ora em estudo. 
 
f) No caso de o imóvel ter sido adquirido como produto de crime ou para a execução de sentença penal condenatória 
de ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. 
 
g) Por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação de imóvel urbano, exceção que foi 
introduzida pelo art. 82 da Lei 8.245/1991. 
 
 Em relação a essa última exceção (art. 3º, VII, da Lei 8.009/1990), sempre divergiram doutrina e jurisprudência 
no que tange à sua suposta inconstitucionalidade. A problemática foi debatida pelo Supremo Tribunal Federal entre 
os anos de 2005 e 2006. 
 Em decisão monocrática do ano de 2005, o então Ministro Carlos Velloso entendeu pela inconstitucionalidade 
da norma, tese a qual se filia. O primeiro argumento é a festejada proteção da moradia e da dignidade humana, 
retiradas do art. 6.º do Texto Maior. O segundo argumento é a lesão à isonomia e à razoabilidade, uma vez que o 
locatário, devedor principal, não perde o bem de família, ao contrário do fiador. Ora, sabe-se que a fiança é contrato 
acessório e, como tal, não pode trazer mais obrigações que o contrato principal. 
 
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Atualizado em: 26/09/2017 15:20 
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 Todavia, o plenário do Supremo Tribunal Federal julgou a questão em 8 de fevereiro de 2006 e, por maioria de 
votos (7 a 3), entendeu pela constitucionalidade da norma. Primeiro, porque a lei do bem de família é clara ao prever 
a possibilidade de penhora do imóvel de residência de fiador de locação de imóvel urbano, sendo esta regra 
inafastável. E m suma, quando o fiador assina o contrato sabe que pode perder o bem de família. Ademais, entendeu-
se que a norma protege o mercado imobiliário, devendo ainda ter aplicação, nos termos do art. 170 da CF/1988. 
 Apesar do julgamento pelo STF, destaque-se que muitos Tribunais Estaduais vêm se filiando ao entendimento 
da inconstitucionalidade. 
 Ao final de 2014, o Superior Tribunal de Justiça julgou a questão em sede de incidente de recursos repetitivos,diante dessa tendência nos Tribunais Estaduais. Conforme publicação constante do Informativo n. 552 daquela Corte, 
"é legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, ante o que dispõe o 
art. 3º, VII, da Lei 8.009/1990. A Lei 8.009/1990 instituiu a proteção legal do bem de família como instrumento de 
tutela do direito fundamental à moradia da entidade familiar e, portanto, indispensável à composição de um mm1mo 
existencial para uma vida digna. Nos termos do art. lº da Lei 8.009/1990, o bem imóvel destinado à moradia da 
entidade familiar é impenhorável e não responderá pela dívida contraída pelos cônjuges, pais ou filhos que sejam 
seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas no art. 3 .0 da aludida norma. Nessa linha, o art. 3º 
excetua, em seu inciso VII, a obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação, isto é, autoriza a 
constrição de imóvel - considerado bem de família - de propriedade do fiador de contrato locatício. Convém ressaltar 
que o STF assentou a constitucionalidade do art. 3º, VII, da Lei 8 .009/ 1 990 em face do art. 6.º da CF, que, a partir 
da edição da Emenda Constitucional 26/2000, incluiu o direito à moradia no rol dos direitos sociais. Em outubro de 
2015, também infelizmente, tal posição foi resumida na Súmula n. 549 da Corte, segundo a qual: "É válida a penhora 
de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação". 
 Entende-se que a norma é inconstitucional e desequilibrada, não podendo prevalecer no sistema jurídico nacional. 
 Encerrando o estudo do instituto, cumpre relevar que o Superior Tribunal de Justiça entendeu recentemente que 
o rol das exceções à proteção do bem de família é meramente exemplificativo (numerus apertus). 
 
 
Bibliografia: 
Tartuce, Flávio, Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
 
Dias, Maria Berenice, Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. -- 10. ecl. rev., atual. E ampl. -- Sào 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. 
 
Gonçalves, Carlos Roberto Direito civil brasileiro, volume 6: direito de família/ Carlos Roberto Gonçalves. — 9. ed. 
— São Paulo: Saraiva, 2012.

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