Buscar

Educação Especial Aula 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Educação Especial – Aula 6
A Escolarização do Aluno com Deficiência Intelectual
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Definir a deficiência intelectual.
2. Reconhecer as diferentes características do aluno com deficiência intelectual. 
3. Identificar os recursos, serviços e tipos de suportes que podem facilitar o processo de ensino-aprendizado do aluno com deficiência intelectual.
4. Identificar as características do aluno com Síndrome de Down.
5. Reconhecer as mediações e os suportes necessários para o processo de escolarização do aluno com Síndrome de Down.
Introdução
Nesta aula, vamos conhecer o conceito atual sobre a deficiência intelectual destacando as transformações ocorridas nesta abordagem que deixa de considerar a deficiência intelectual como uma categoria absoluta expressa somente no indivíduo e a considera como expressão da interação entre a pessoa e o meio. 
Nesta perspectiva, o trabalho pedagógico deve ser organizado a partir da construção de um sistema de apoio e suporte adequado para atender às necessidades e características próprias de cada educando. A partir deste estudo, pretendemos identificar os meios e as mediações que constituem essas medidas de apoio que os alunos com deficiência intelectual necessitam para sua efetiva inclusão no contexto escolar.
A inclusão do aluno com deficiência intelectual no contexto da escola regular é um movimento que exige a superação de diferentes barreiras que permeiam o espaço escolar e social.
O preconceito e o estigma sobre a pessoa com deficiência intelectual criam obstáculos que dificultam ou impedem a concretização do processo de inclusão do aluno com deficiência intelectual. Precisam ser superados para a concretização da proposta inclusiva de educação, que prevê a inserção do aluno com deficiência intelectual na escola regular e a oferta do atendimento educacional especializado no contraturno como suporte ao processo de escolarização.
O aluno com deficiência intelectual apresenta alterações e defasagens nas estruturas mentais para o conhecimento, o que acarreta dificuldades na construção de conhecimentos e na demonstração de sua capacidade cognitiva. Necessita de um espaço de ensino-aprendizado que seja facilitador e estimulador de suas potencialidades, e que respeite sua forma particular de se apropriar dos conteúdos e de participar das atividades escolares.
A proposta inclusiva se baseia no reconhecimento do direito e da capacidade de todo ser humano de construir conhecimento, no respeito às diferenças e na valorização da diversidade. Requer a reformulação da prática pedagógica, a recusa da padronização do processo de ensino-aprendizado e a diversificação de atividades no cotidiano escolar.
O direito de todos os alunos terem acesso a um determinado conhecimento desafia o educador a criar formas diversificadas de mediar o acesso ao conhecimento, ou seja, a criar diferentes atividades para toda a turma que abordem um determinado conteúdo curricular. Segundo Batista & Mantoan (2007, p.17), “ao invés de adaptar e individualizar/diferenciar o ensino para alguns, a escola comum precisa recriar práticas, mudar suas concepções, sempre reconhecendo e valorizando as diferenças”.
Ao pensarmos nas questões que envolvem a proposta da educação inclusiva, é preciso levar em consideração o processo de constituição da subjetividade da pessoa com deficiência, que se dá a partir do olhar do outro, daquele que é visto como normal por não ter uma deficiência física, mental ou sensorial.
O contexto social define os parâmetros de controle de comportamento e de aceitação das diferenças e desvios que são ou não são tolerados e, com isso, constrói padrões de classificação e de categorização dos diferentes sujeitos. Ao se desviar deste padrão estipulado pela sociedade, o sujeito passa a ser visto como deficiente, como alguém que não é normal. É sob esse olhar, e a partir dele, que a pessoa vai constituindo sua subjetividade.
A deficiência intelectual é compreendida como uma “incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas” (Paulon & Freitas & Pinho, 2005).
A concepção atual abandona a ideia de que a deficiência intelectual é uma característica absoluta expressa somente no indivíduo, que pode ser categorizada através de graus de comprometimento intelectual, medidos com a aplicação de testes de inteligência. Essa nova perspectiva procura compreender a pessoa com deficiência intelectual levando em consideração suas interações com o contexto sociocultural e os sistemas de apoio que necessita.
A ênfase está na análise sobre os processos interativos e as possibilidades adaptativas disponíveis no contexto social no qual a pessoa com deficiência intelectual está inserida. Dessa forma, deve-se levar em consideração o ajuste entre a capacidade do indivíduo e as estruturas e expectativas do meio em que vive (Paulon & Freitas & Pinho, 2005).
O trabalho junto a alunos com deficiência intelectual deve ser organizado a partir de propostas educacionais que contemplem aspectos relacionados ao desenvolvimento da linguagem, constituição da identidade, relações sociais, independência na locomoção e preparação para o trabalho. O perfil do apoio que deve ser oferecido ao educando com deficiência intelectual varia de tipo e intensidade e depende da avaliação das habilidades adaptativas de cada indivíduo (Mantoan, 1998).  Esse apoio é caracterizado como apoio limitado, extenso ou generalizado. Apoio limitado é intensivo e com tempo de duração limitado, mas não indeterminado; apoio extenso é caracterizado por sua regularidade, em algumas áreas como familiar ou profissional; apoio generalizado é caracterizado pela sua constância e elevada intensidade.
No contexto escolar, será preciso avaliar as características pessoais do aluno com deficiência intelectual e suas diferentes formas de interação social e com o meio. Nesse cenário, destacamos as contribuições dos estudos desenvolvidos por Vygotsky (1896-1934), ao longo de sua vasta obra. Seu pensamento no campo da Psicologia e Educação nos ajuda a refletir sobre diferentes questões que envolvem a educação inclusiva e o processo de ensino-aprendizado do aluno com deficiência intelectual. Em suas pesquisas, Vygotsky teceu duras críticas contra o sistema educacional vigente na época que, na maioria das vezes, reduzia o trabalho da educação especial a ações que visavam apenas o ajuste de comportamento do aluno com deficiência aos padrões sociais ou tinha como objetivo treinar este aluno para o domínio das rotinas da vida diária.
Neste contexto, a proposta da escola distanciava-se dos objetivos pedagógicos em si, da perspectiva de oferecer condições para a construção de conhecimento nos diferentes campos do saber. O aluno com necessidades especiais de aprendizagem era segregado do convívio social e desacreditado em relação a seu potencial de desenvolvimento cognitivo, por ser uma pessoa com deficiência. As dificuldades ou a deficiência em si eram compreendidas como características que limitavam ou inviabilizavam a aprendizagem e justificavam a falta de empenho e investimento em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.
O pensamento de Vygotsky refuta essa visão preconceituosa, quando ele arrisca um novo e diferenciado olhar sobre a pessoa com deficiência, e nos leva a focar, prioritariamente, suas possibilidades e não a deficiência em si ou as impossibilidades dela decorrentes. Segundo Vygotsky (1987, p.28), “a educação para estas crianças deveria se basear na organização especial de suas funções e em suas características mais positivas, ao invés de se basear em seus aspectos mais deficitários”.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal apresentado por Vygotsky traz uma visão prospectiva de desenvolvimento e ressalta a importância do papel mediador do educador e do próprio grupo naquilo que o aluno pode vir a aprender e no que pode vir a ser. Segundoseu pensamento, o processo de aprendizagem se constitui no social e é mediado pelo encontro entre diferentes sujeitos, na pluralidade característica das relações humanas. Vygotsky compreende a aprendizagem humana como um processo onde o homem constrói conhecimento no compartilhar da vida intelectual daqueles que o rodeiam, interagindo socialmente e aprendendo com os outros.
Ao refletir sobre o desenvolvimento da criança, Vygotsky (2000, p.75) afirma que “todas as funções do desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e depois no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e depois no interior da criança (intrapsicológica)”.
O processo de desenvolvimento das funções superiores depende da incorporação e internalização de padrões e formas de relação experienciadas com os outros. Para Vygotsky, a aprendizagem ocorre quando a criança, de acordo com seu grau de desenvolvimento prévio, interage com o outro incorporando os signos, símbolos e novos padrões apresentados por este outro com quem interage.
A partir do conceito de zona de desenvolvimento proximal, podemos compreender a importância do outro no processo de aprendizagem. Segundo Vygotsky, é preciso avaliar tanto aquilo que a criança consegue realizar sozinha quanto o que faz com a ajuda do outro para estabelecermos o nível evolutivo e de desenvolvimento da criança. Este outro que interage no processo de aprendizagem tem o papel de mediador e atua como agente de seu desenvolvimento.
Síntese da Aula
Vimos que, a mediação pedagógica para o aluno com deficiência intelectual deve priorizar a investigação, o planejamento e a implementação das medidas de apoio que o educando necessita. Para isto, a escola deve avaliar suas reais limitações no funcionamento intelectual, no comportamento adaptativo expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas. As propostas educacionais devem contemplar aspectos relacionados ao desenvolvimento da linguagem, constituição da identidade, relações sociais, independência na locomoção e preparação para o trabalho. O perfil do apoio que deve ser oferecido ao educando com deficiência intelectual varia de tipo e intensidade e depende da avaliação das habilidades adaptativas de cada indivíduo.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, vamos caracterizar a deficiência auditiva procurando conhecer o aluno com surdez e suas necessidades educacionais especiais. A partir deste estudo, pretendemos identificar as adaptações curriculares e de acesso ao currículo, passíveis de serem adotadas para atender aos alunos com surdez incluídos na classe comum das escolas regulares.

Outros materiais