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Educação Especial Aula 10

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Educação Especial – Aula 10
Projetos Educacionais na Perspectiva da Educação Inclusiva
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Definir a prática educacional de projetos de trabalho na perspectiva inclusiva. 
2. Reconhecer a importância das experiências relacionadas ao campo da arte, cultura e lazer nos processos de inclusão educacional e social.
3. Listar projetos bem sucedidos desenvolvidos na perspectiva da arte, educação e inclusão.
Introdução
O tema da aula de hoje aborda a investigação sobre as contribuições das diferentes linguagens artísticas, da cultura e do lazer na construção de uma proposta inclusiva de educação.
Nosso objetivo é pensar sobre como projetos educacionais que integram essas diferentes áreas podem favorecer práticas pedagógicas inclusivas e a inclusão social dos educandos.
Destacamos a reflexão sobre como o trabalho com a linguagem da Dança, Música, Teatro e Artes Visuais contribuem para a inclusão sociocultural e possibilitam a todos os alunos o desenvolvimento da expressão artística, da comunicação, do conhecimento e das interações sociais.
Arte/Educação e projetos educacionais na perspectiva da educação inclusiva.
Dentro de uma perspectiva inclusiva, o reconhecimento do potencial criador como característica de todo ser humano, abre uma nova parceria de trabalho com a Arte na Educação Especial. Durante muito tempo as atividades de artes destinadas aos alunos com algum tipo de deficiência tinham como fim apenas o exercício de adestramento motor, a cópia de modelos ou de uma técnica artesanal, sem lugar para a livre expressão e o desenvolvimento do processo de criação nas diferentes linguagens artísticas.
Atualmente, as novas orientações e a democratização de acesso às informações sobre o campo da Educação Especial e sobre as necessidades, potencialidades e limitações da pessoas com deficiência contribuíram para a revisão de propostas e o investimentos em projetos educacionais inclusivos que têm a Arte/Educação como fio condutor. Isso se deu, principalmente, pelo reconhecimento do potencial da Arte para promover o encontro, a valorização das diferenças e o reconheci mento da diversidade humana como fator positivo e facilitador da criação artística.
No campo da educação, autores como John Dewey (a partir de 1900), Viktor Lowenfeld (a partir de 1939) e Herbert Read (a partir de 1943), influenciados pelo movimento da Escola Nova, publicaram importantes obras que destacam a contribuição da Arte na Educação, numa perspectiva de valorização da livre expressão. Foi a partir daí que observamos o surgimento de algumas experiências de artistas e educadores que marcaram a trajetória da arte/educação no Brasil e sua relação com o campo da educação especial. Segundo Azevedo (2002), o projeto da Escola Nova, surgido nos anos 20/30, no Brasil foi inovador, uma vez que “propunha uma nova concepção de educação enfocando, na relação ensino-aprendizagem, o aluno, a liberdade de expressão, a experimentação, e, de certa maneira, o “aprender fazendo”. Também foi importante o Movimento de Escolinhas de Arte do Brasil para a revisão dos pressupostos teóricos e metodológicos que norteavam o campo da Educação Especial. Esses foram os primeiros espaços de trabalho com arte que incluíram alunos com e sem necessidades especiais trabalhando juntos.
Inicialmente, as ideias que fundamentaram a articulação da Arte com a Educação Especial no Brasil tomam como base o pensamento de Herbert Read e de Viktor Lowenfeld, que, em suas obras, oferecem uma sólida base teórica para a reflexão sobre o acesso à arte para as pessoas com necessidades especiais de aprendizagem.
O filósofo inglês, Herbert Read (1982) resgata o pensamento de Platão e defende a tese de que a arte deve constituir a base da educação para a formação integral do ser humano. Criticando a divisão entre Arte e Ciência, Read aponta como equívoco do sistema educacional a separação do conhecimento em áreas separadas e isoladas. Já Viktor Lowenfeld, arte-educador austríaco, que iniciou sua carreira trabalhando com crianças e jovens cegos no Instituto de Cegos de Viena, em 1922, contrariando o pensamento vigente na época, de que a pessoa com deficiência visual seria incapaz de construir e pensar esteticamente, desenvolveu projetos e pesquisas que se tornaram referência na área.
Ao discutir a importância e o significado da Arte para a Educação, Viktor afirma que a Arte é vital na educação, uma vez que, a criação artística é “um processo complexo em que a criança reúne diversos elementos de sua experiência, para formar um novo e significativo todo”. No processo de criação, a criança revela sua forma de pensar, sentir e perceber (Lowenfeld, 1977, p.13). Segundo o autor, a atividade artística mobiliza a capacidade de procurar e descobrir respostas, levando à descoberta de novas perspectivas e formas de compreensão de si mesmo, do outro e do meio.
Lowenfeld destaca, ainda, a importância do desenvolvimento da sensibilidade perceptual no processo educativo. Defende a ideia de que o “homem aprende através dos sentidos” e a escola deve priorizar a experiência sensorial, ao invés de limitar o processo de aprendizagem ao domínio lógico de certas respostas definidas e preestabelecidas, descontextualizadas da experiência do aluno. Segundo o autor, no campo da experiência artística, este aspecto é amplamente trabalhado e, desta forma, a arte contribui significativamente para a aprendizagem e o desenvolvimento do educando, já que, “quanto maior for a oportunidade para desenvolver uma crescente sensibilidade e maior a conscientização de todos os sentidos, maior será também a oportunidade de aprendizagem” (Lowenfeld, 1977, p.17).
Viktor Lowenfeld critica o sistema educacional que normalmente está preocupado apenas com a evolução intelectual do educando, priorizando a avaliação do resultado final em detrimento do processo de ensino e aprendizagem. Para ele, a aprendizagem não envolve apenas a acumulação de conhecimentos, mas deve implicar a compreensão de como esses conhecimentos podem ser utilizados e as relações estabelecidas neste processo, que envolve a interação entre educadores e educandos. O investimento no desenvolvimento do processo de criação deve ser um dos principais objetivos da educação, pois, segundo Lowenfeld (1977, p.28): “o processo criador abrange a incorporação do Eu na atividade: o próprio ato de criar fornece a compreensão do processo pelo qual outros estão passando, quando enfrentam suas próprias experiências. Viver cooperativamente, como seres bem-ajustados, e contribuir, de forma criadora, da educação para a sociedade torna-se um dos mais importantes objetivos da educação”.
No Brasil, durante as décadas de 50 e 60, a partir das ideias de Herbert Read e Viktor Lowenfeld, o artista e arte-educador Augusto Rodrigues iniciou o diálogo com educadores, artistas e psicólogos que reconheciam a importância da Arte na Educação e suas contribuições no campo da educação especial. Nessa articulação, cabe destacar a participação no Movimento das Escolinhas de Arte, da médica e educadora russa Helena Antipoff e dos psiquiatras Dra. Nise da Silveira e Dr. Ulisses Pernambucano que destacavam a importância da educação através da arte e o caráter terapêutico da expressão artística. Em diferentes contextos, levam adiante suas propostas e constroem um acervo de referências teóricas e de práticas que influenciam, até os dias de hoje, o trabalho no campo da Arte/Educação e da Educação Especial. Essas propostas se baseiam na crença de que a Arte como expressão criadora é um meio de educação por excelência e, consequentemente, reconhecem o papel fundamental do artista no processo educativo e de formação do sujeito (Lopes, 2005).
O trabalho de Arte/Educação na perspectiva de uma educação inclusiva envolve a pesquisa de uma proposta de ensino da Arte que abarque o campo multissensorial, explorando o potencial expressivo e de criação de cada um dos educandos, independentemente de suas limitações ou necessidades especiais. Nocontato com as linguagens artísticas e com os materiais e técnicas criadoras, e a partir da mediação do educador e da interação entre os alunos, é possível buscar novas organizações do cotidiano e a investigação sobre o potencial inclusivo da arte como experiência de interação, socialização e aprendizagem compartilhada.
Cabe lembrar o pensamento de Vygotsky (1982, p.46), ao afirmar que todo ser humano tem potencial criador e capacidade de desenvolver a imaginação criadora. E, para que possa desenvolver este potencial, necessita de estímulos do meio e da mediação do adulto: “a criação consiste, no seu verdadeiro sentido psicológico, em fazer algo novo; é fácil chegar à conclusão de que todos nós podemos criar um grau maior ou menor e que a criação é o acompanhante normal e permanente do desenvolvimento infantil”.
A partir das considerações de Vygotsky, destacamos o potencial inclusivo da Arte, uma vez que todo ser humano, independente de suas características ou limitações, tem potencial criador e de imaginação, que poderá ser desenvolvido de variadas formas e através das diferentes linguagens. Resgatar este potencial e acreditar nele como caminho para o desenvolvimento do processo educativo pode ser uma forma de abrir uma nova perspectiva de trabalho e de construção de um projeto pedagógico inclusivo, que se propõe a explorar e trabalhar com todas as potencialidades humanas e com os diferentes campos do saber. As linguagens artísticas destacam-se como facilitadoras deste processo de construção de conhecimento e encontram na mobilização da imaginação e da fantasia a base de desenvolvimento do ato de criação e de expressão artística.
Concluímos que, a possibilidade de desenvolvimento de práticas educativas não segregadoras, que tenham a Arte como fio condutor, fundamentadas no paradigma da inclusão e na concepção de que a relação estabelecida entre a pessoa com e sem deficiência física, mental ou sensorial, assim como a relação dialética entre o social e o individual, entre o particular e o universal, devem ser considerados como referenciais básicos para a construção de uma sociedade menos discriminadora e excludente e de um sistema educacional inclusivo.
Destacamos as contribuições da arte no processo educativo e sua dimensão inclusiva enquanto forma de expressão e comunicação potencialmente aberta a todos os alunos, independentemente de suas características ou necessidades especiais.
Atividade proposta
Após a aula, visite um espaço artístico-cultural de sua cidade e realize uma pesquisa sobre as condições de adaptação e acessibilidade que ele oferece para receber pessoas com algum tipo de deficiência. Verifique atentamente os recursos e serviços que favoreçam a locomoção, comunicação, conforto, segurança, fruição estética, interação com o espaço e outros fatores que contribuam para que todos os visitantes possam usufruir do espaço cultural e ter acesso ao trabalho exposto ou apresentado. Reflita sobre as questões: 
• O espaço visitado é acessível?
• Disponibiliza formas de comunicação alternativa ou aumentativa para atender pessoas com dificuldades de fala, leitura e escrita?
• Oferece recursos de apoio às necessidades de pessoas com deficiência física ou sensorial?
• Oferece acessibilidade arquitetônica?
• Possibilita acessibilidade às obras apresentadas?
• Proporciona recursos de informática adaptada para utilização do visitante?
• Oferece serviço de tradutor-intérprete de LIBRAS?
• Disponibiliza o serviço de áudio-descrição para visitantes cegos?
• Proporciona mobiliário adequado?
Fórum de Discussão
Quais as possíveis contribuições das linguagens da arte no processo de inclusão educacional e social? Acesse o Fórum de Discussão e participe do tópico Fórum temático 1 Aula 10. Aproveite para debater e comentar as respostas dos seus colegas.
Síntese da Aula
Discutimos as possibilidades de desenvolvimento de práticas educativas não segregadoras que tenham a arte como fio condutor. Destacamos a dimensão inclusiva da arte no processo educativo como campo potencialmente aberto a todos os alunos, independentemente de suas características ou necessidades especiais.
Destacamos que a pesquisa de alternativas e adaptações às necessidades especiais que os alunos possam apresentar é o caminho traçado para a remoção de barreiras no processo educativo e de inclusão social. O campo das linguagens artísticas é de grande importância nessa perspectiva inclusiva de educação, pois abre outras possibilidades de comunicação e expressão humana que se dá a partir das imagens visuais, da linguagem corporal e musical. A prática pedagógica articulada ao paradigma estético e artístico amplia e enriquece a relação dos educandos com o conhecimento em seus diferentes campos. No campo da Arte/Educação é preciso buscar adequações metodológicas que favoreçam o fazer artístico, a apreciação e a reflexão sobre a Arte a todos os alunos, independentemente se suas características ou necessidades especiais.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, vamos refletir sobre as contribuições das diferentes linguagens artísticas na construção de uma proposta inclusiva de educação. Nosso objetivo é pensar sobre como projetos educacionais que integram diferentes áreas podem favorecer práticas pedagógicas inclusivas e a inclusão social dos educandos.

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