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ESTUDO DE CASO SALIM

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Desenvolvimento
Salim é uma criança que está prestes a passar por grandes mudanças em sua vida, seus pais Salomão e Romana sentem-se preocupados com a sua possível reação a separação do casal. Por este fato foram levantadas algumas características sobre o comportamento de Salim a partir da segunda infância.
Grande parte das crianças tem problemas para dormir ou durante o sono, Tais situações de sono agitado e terrores noturnos ocorrem normalmente na segunda infância (três a sete anos de idade), fase a qual Salim já passou, pois já tem oito anos de idade. Um dos possíveis motivos causadores é quando a criança está exausta fisicamente ou submetida a um alto nível de estresse, pois já não é considerado normal Salim ainda ter este tipo de alteração no sono.
 “Os terrores noturnos geralmente ocorrem no início do sono da criança. A criança parece se acordar abruptamente e se sentar na cama e gritar. Apesar desses sinais, acriança cujo sono foi perturbado por um terror noturno não desperta totalmente e geralmente não é capaz de falar sensatamente sobre o que sonhou”. (DENISE Body e HELEN Bee,2011, p.213)
Alguns fatores podem ter contribuído para a má qualidade de sono de Salin durante a sua segunda infância, pois a criança só conseguia ter uma noite de sono tranquila caso dormisse com seus pais, o que era conquistado por meio de choro, suplicas e soluços. Tal comportamento ressalta a dificuldade que Salomão e Romana tinham em estabelecer limites à criança, o que tornava mais difícil o estabelecimento da regulação emocional da criança. Salim apresenta um temperamento difícil desde a segunda infância o que contribuiu para os seus problemas de autocontrole na terceira infância.
Aos cinco anos Salim começa a frequentar a escola, onde ele mesmo escolhia qual de seus progenitores iria buscá-lo, e caso fosse contrariado ele respondia a sua frustração com birra e gritaria, só aceitando ir para casa quando a pessoa desejada chegasse. Tal comportamento mostra a dificuldade que Salomão e Romana tinham em estabelecer suas necessidades paternas.
Salim apresenta um comportamento difícil, tendo grande dificuldade de estabelecer sua própria regulação emocional, e assim dificultando o desenvolvimento da empatia (Capacidade de se identificar com o estado emocional de outra pessoa) com a situação de seus pais, compreendendo que quando a pessoa que ele desejava que fosse o buscar na escola não comparecia, era porque algum imprevisto surgiu que o impossibilitou de buscá-lo.
“Crianças pequenas que não tem relações afetuosas e de confiança com seus pais estão em risco de não conseguir desenvolver emoções morais ou desenvolver sentimentos de culpa, vergonha e orgulho demasiadamente fracos para influenciar seu comportamento” (Koening, Cicchetti e rogosch, 2004).
Atualmente Salim cursa o 3º ano do ensino fundamental, e apresenta diversas dificuldades no âmbito escolar, tais como gagueira, dificuldade no aprendizado, e principalmente na socialização com os colegas de classe.
Aos oito anos é esperado que uma criança sem nenhum problema neurológico já domine a gramática e a pronúncia básica de seu idioma e ainda utilizar corretamente os tempos verbais em sua própria fala. “Sendo plenamente capaz de conversar fluentemente com falantes de qualquer idade, e suas velocidades de linguagem aproximam-se das de um adulto” (Sturm e Seery, 2007), e continuam aumentando o seu vocabulário em uma taxa bastante impressionante de cinco mil a dez mil palavras por ano. Ressaltando assim uma dificuldade de Salin, pois ele tem grande dificuldade de leitura.
Uma dos possíveis motivos que mostram a dificuldade que seus pais tem em estabelecer limites, foi o fato de Romana ter tido uma depressão pós-parto, trazendo para ela um sentimento de culpa sobre seus momentos de ausência.
Um dos prováveis motivos para os problemas de aprendizagem de Salim é uma possível dislexia (considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração) o que dificulta bastante seu processo de aprendizagem, o que o leva não conseguir acompanhar completamente os outros alunos de sua classe.
“A vida diária da criança em idade escolar não é moldadas apenas pelas horas que ela passa com sua família e amigos. As circunstâncias em que a criança vive também afetam.” (Denise Body e Helen Bee, 2011, p.383)
Salim é uma criança que possui poucos amigos, uma característica relevante para sua idade, pois a mais expressiva mudança nos relacionamentos durante a terceira infância é o aumento de importância dos amigos, e o estabelecimento do vinculo de “melhores amigos”.
Um dos comportamentos que reforçam essa situação é o fato de Salim não aceitar a opinião das outras crianças, com as quais ele não consegue estabelecer momentos de harmonia durante suas brincadeiras, pois para ele somente suas regras e visões sobre determinadas brincadeiras valiam.
 Tendo dificuldade de estabelecer o estágio de relativismo moral (estágio a qual a criança compreende que muitas regras podem ser mudadas por meio de acordo social), e grande facilidade em estabelecer o estágio realismo moral (no qual as crianças acreditam que as regras são inflexíveis). Pois para Salim as regras são somente as deles e não podem ser mudadas, pois elas são sempre as melhores. Salim tem grande dificuldade em estabelecer a autorregulação (capacidade de se conformar aos padrões de comportamento dos pais sem supervisão direta).
A última característica que podemos destacar sobre o desenvolvimento de Salim é o fato de aos oito anos de idade ele ainda depender da presença dos pais ao acordar de um sonho difícil. Tal situação já deveria ter sido superada por ele no final da segunda infância, fase onde se é normal a perturbação no sono e a dependência dos pais ao acordar. 
Recomenda-se que Salin procure a ajuda de alguns especialistas para que possam auxiliar a minimizar alguns dos problemas levantados. A gagueira por ele desenvolvida pode ter uma considerável diminuição com a ajuda de um especialista em fonoaudiologia, que o ajudaria com tais problemas.
Para os seus problemas de autocontrole, socialização com as demais crianças recomenda-se que ele faça um acompanhamento com um psicólogo, que o ajudaria e desenvolver e entender melhor suas emoções. E para que assim a possível dislexia de Salin seja comprovada ou descartada. E caso ocorra o comprovação recomenda-se que ele tenha uma atenção especial por meio do grupo gestor de sua escola.

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