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BIOCLIMATOLOGIA Bioclimatologia Animal Profº Fernando Periard Gurgel do Amaral BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Bioclimatologia Animal Influência do meio nos animais As características climáticas de uma determinada região influenciam direta e indiretamente a sobrevivência e o bem-estar da sua fauna. Na área de produção animal é comum a relocação de animais provenientes de áreas geográficas distintas daquela de destino. Quanto maior esta diferença, maior será o impacto sobre o bem-estar da espécie animal em questão, afetando consequentemente a sua produção. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA O conhecimento do efeito das características climáticas da região de interesse sobre a espécie animal permite a descrição do manejo mais adequado a ser utilizado. A própria seleção da espécie, raça e/ou linhagem para a produção animal só será bem realizada a partir do momento que se tem informações sobre o clima local e a capacidade de adaptação deste grupo de animais. Alterações no clima de uma região como por exemplo aquelas decorrentes da atividade humana, assim como a relocação de animais, têm impacto na vida silvestre. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA O estudo das características dos animais silvestres em função do clima da região de origem e de sua adaptabilidade, seja às alterações climáticas locais ou seja à exposição à uma nova condição climática por reintrodução em outra região, viabiliza um manejo no sentido de se atenuar os potenciais efeitos negativos destas alterações com base na fisiologia das espécies silvestres em questão. A pesquisa visa fornecer informações para a melhoria do manejo de animais domésticos e silvestres em função do clima da região de interesse e das características de adaptabilidade animal. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA A repercussão esperada para esse tipo de pesquisa é definida pelos seguintes aspectos: (1) eficiência e bem-estar animal aumentados no caso de animais de produção; e (2) aumento na capacidade de preservação e manutenção de qualidade de vida dos animais silvestres. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Inovações tecnológicas na bioclimatologia animal visando aumento da produção animal: relação bem estar animal x clima A produção animal e de derivados animais é de grande importância para o agronegócio brasileiro, sendo fonte relevante de divisas para o país. O Brasil possui grande potencial de crescimento das fronteiras mercadológicas, principalmente devido aos progressos tecnológicos nas áreas de genética, nutrição, manejo e sanidade, que transformam a produção animal e de derivados animais em grande empreendimento econômico provedor de proteína animal, na forma de carne e ovos para a população. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Neste contexto insere-se a bioclimatologia, ciência que estuda as relações entre os animais e o clima, sendo necessário, portanto, informações precisas sobre o clima e animais, abrangendo o conhecimento dos elementos meteorológicos, das respostas fisiológicas e comportamentais dos animais, visando sempre a garantia do bem-estar animal e aumento de sua produtividade, tanto para o agronegócio quanto para conservação de espécies ameaçadas.. Dentre as informações climáticas mais importantes para a caracterização do ambiente de produção animal, pode-se destacar o conhecimento da temperatura de bulbo seco (tbs), umidade relativa (UR), velocidade (v) do ar, radiação solar e precipitação. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Condições climáticas inadequadas à produção causam redução no desempenho produtivo e reprodutivo dos animais. Especialmente em regiões tropicais e subtropicais, um dos desafios a ser considerado para o sucesso da produção animal é a redução dos efeitos climáticos, sendo que para isto, torna-se necessário caracterizar o ambiente térmico. Diante das adversidades climáticas aos quais os animais estão sujeitos, o constante aprimoramento do conhecimento entre as relações animal e clima, tem levado a avanços significativos na bioclimatologia animal. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Efeitos do ambiente térmico sobre os animais (1) Conforto e desconforto térmico: O sucesso da produção animal depende, entre outros fatores, da redução dos efeitos climáticos sobre os animais, sendo necessário portanto, a caracterização do ambiente térmico. O ambiente térmico, normalmente, engloba os efeitos da radiação solar, temperatura de bulbo seco do ar (tbs), velocidade do ar (v), umidade relativa (UR) e temperatura efetiva (tef), e seus efeitos sobre os animais podem ser avaliados por meio do comportamento e das respostas fisiológicas. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA As características térmicas de uma região são geralmente avaliadas pela tbs, a qual varia com a altitude local, a proximidade do mar e com o paisagismo, além da movimentação de massas de ar que fazem com que haja oscilação, possibilitando desta forma, a determinação de índices indicativos que caracterizam as regiões. Assim, a tbs é uma das principais variáveis para caracterização térmica de uma região, destacando-se pela facilidade de medição e pela disponibilidade para diversas localidades brasileiras. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Sabendo-se que a produção animal é o resultado do potencial genético das espécies e conhecendo-se sua interação com a nutrição, sanidade, manejo e fatores ambientais, verifica- se que muitos animais não conseguem expressar todo o seu potencial produtivo sob as condições adversas do meio em que vivem. Assim, o ambiente constitui-se em um dos responsáveis pelo sucesso ou fracasso dos empreendimentos, uma vez que pode ser definido como a soma dos impactos dos meios biológicos e físicos circundantes sobre os animais. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA No Brasil, o principal fator de adaptação dos animais para a produção tem sido os altos valores de tbs associados a altos valores de UR, que ocorrem em algumas regiões, o que reduz a produtividade de algumas espécies estabelecidas, quando comparados aos níveis de produção em climas subtropicais e temperados. Portanto, de todas os fatores que afetam o ambiente, o clima é, sem dúvida, o mais importante, sendo que a eficiência produtiva e reprodutiva de qualquer animal se relaciona com estímulos aos ambientes onde vivem. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Contudo existe, para cada espécie, uma faixa de condições ambientais, denominada zona de conforto térmico, na qual o animal apresenta os melhores resultados com o menor gasto energético e mínimo esforço dos mecanismos termo regulatórios, possibilitando melhor conversão alimentar, rápido crescimento corporal e menor mortalidade. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA (2) Ambiente térmico vs produtividade: O setor agropecuário brasileiro tem obtido grande destaque na economia nacional, tendo grande importância como instrumento de geração de superávit na balança comercial brasileira. Fatores como a globalização, o aumento da concorrência e a exigência crescente dos consumidores com relação à qualidade têm levado os produtores a investir cada vez mais no sentido de otimizar a produção. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Neste contexto, grandes investimentos têm sido feitos para aumentar a produtividade e o bem-estar dos animais, principalmente nas áreas de melhoramento genético, nutrição, manejo e sanidade. Entretanto, para que possam expressar todoo seu potencial genético, torna-se indispensável, também, o desenvolvimento de outras áreas envolvidas na produção, como o ambiente de criação. Desta forma, para se garantir o máximo de produtividade é imprescindível um elevado potencial genético, aliado a uma alimentação com nível nutricional adequado, em ambiente adequado e termicamente ajustado às necessidades dos animais. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA (3) Temperatura do ar: A tbs é o principal elemento climático condicionante para o conforto térmico e funcionamento geral dos processos fisiológicos, por envolver a superfície corporal dos animais, afetando diretamente a velocidade das reações que ocorrem no organismo e influenciando a produção animal. Assim, o conhecimento das temperaturas médias, máximas e mínimas de determinada região é fundamental para o projeto e manejo de instalações para produção animal. A escolha dos materiais construtivos mais adequados, a definição do tipo de ventilação a ser adotada, bem como a verificação da necessidade de se usar algum tipo de sistema de resfriamento evaporativo são exemplos a serem citados. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA A faixa de temperatura de conforto térmico ou zona termoneutra, varia de acordo com a espécie e sua constituição genética, idade, peso e tamanho corporal, estado fisiológico, dieta alimentar, exposição prévia ao calor (aclimatação), variação da tbs e UR, v e radiação incidente no ambiente de criação. A zona de conforto térmico para aves a partir da segunda e terceira semanas de vida oscila entre tbs de 15ºC e 26ºC, para valores de UR de 50% a 70%, estando de acordo com os limites sugeridos para frangos de corte adultos que variam de 15ºC a 25ºC, podendo variar em função da sua constituição genética, idade, sexo, tamanho corporal, peso, dieta e exposição prévia ao calor (aclimatação), conforme citado anteriormente. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Por exemplo, frangos de corte são muito sensíveis a temperaturas elevadas por serem animais que não se ajustam perfeitamente aos extremos de temperatura, por possuírem alto metabolismo e por terem grande capacidade de retenção de calor através da sua cobertura corporal. Portanto, em situações de grande amplitude térmica, as aves têm sua sobrevivência ameaçada, particularmente acima de 38ºC e sob condições de alta UR. Nessas situações, as aves diminuem o ganho de peso e a eficiência de conversão alimentar. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Influência da temperatura do ar (tbs) sobre a produtividade de aves tbs (ºC) Consequências < 10 Redução no ganho de peso e na eficiência alimentar. 10 a 21 Eficiência alimentar permanece afetada. ≤ 20 Elevação da UR não interfere na perda de calor por evaporação. 15 a 26 Melhor eficiência alimentar e ganho de peso. 20 Ideal para ganho de peso de aves de corte. Cada 1ºC a mais entre 21 e 30oC e 32 a 38oC implica em decréscimo na ingestão alimentar de 1,5 e 4,6%, respectivamente. 29 a 32 Consumo alimentar diminui; ganho de peso é baixo. 32 a 35 Consumo alimentar diminui; ganho de peso é baixo. Consumo alimentar continua decrescente. O consumo de água passa a ser superior ao dobro do normal; nesta faixa de temperatura ambiente a temperatura interna da ave começa a aumentar. 35 a 38 Prostração por calor: medidas emergenciais são necessárias para o resfriamento das aves. A luta pela sobrevivência é o interesse maior nessa faixa de temperatura. Fonte: MEDEIROS (2001). BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Temperaturas ambientais ideais para frangos de corte, de acordo com a fase de criação Manual Cobb de frangos de corte Sadia-Concórdia S/A Idade (dias) Temperatura (ºC) Idade (dias) Temperatura (ºC) 1 – 7 35 1 – 3 31 8 – 14 32 4 – 7 28 15 – 21 29 8 – 14 26 22 – 28 27 15 – 21 24 29 – 35 24 22 – 30 23 35 – abate 21 31 – abate 21 Fonte: FABRÍCIO (1994). BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Temperaturas ambientais ideais para suínos, de acordo com a fase de criação. Categoria Temperatura ideal (ºC) Mínima Máxima Porcas 12 18 Leitões Nascimento 30 32 1 semana 27 28 2 semanas 25 26 3 semanas 22 24 4 semanas 21 22 5 a 8 semanas 20 22 20 – 30 kg 18 20 30 – 60 kg 16 18 60 – 100 kg 12 18 Fonte: Adaptado de ESMAY (1982), NÄÄS et al. (1995 e 1998) citados por SILVA (1999). BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Para os bovinos adultos de raças europeias, a zona de conforto térmico está compreendida pelo intervalo de –1 a 16ºC, e a faixa de 13 a 18ºC para a maioria dos ruminantes, sendo de 4 a 24ºC para vacas em lactação ou, em função da UR e da radiação solar, se restringir ao intervalo de 7º a 21ºC. Em relação ao crescimento pós-natal, a estação em que ocorre o nascimento afeta as crias em lactação, que dependem tanto do meio circundante, quanto dos fatores ambientais impostos à mãe, refletidos na quantidade de leite. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA (4) Umidade relativa: A UR em conjunto com a tbs possuem papel importante na dissipação de calor pelos animais. Altos valores de tbs e UR são extremamente danosos para a produção zootecnia, sendo que, no interior de instalações zootécnicas, a UR é função da temperatura do ambiente de criação, do fluxo de vapor d’água oriundo dos animais, das fezes e/ou da cama e do sistema de ventilação. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Em ambientes no qual a tbs atinge valores próximos ou acima da temperatura corporal do animal (tc), a perda de calor passa a ocorrer principalmente pela evaporação, que é influenciada pela UR. Nestas condições climáticas, a evaporação cutânea sofre os efeitos da elevação da UR, que reduz o gradiente de vapor d’água presente no local, diminuindo, o potencial de evaporação do vapor d’água entre a pele do animal e o meio que o cerca. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Para as aves, a faixa de UR considerada satisfatória para a melhor produção de frangos de corte está situada entre 35% e 75%. De acordo com a maioria dos autores, as trocas térmicas entre o animal e o meio, não são afetadas nesse intervalo de UR. Para suínos, o intervalo de UR ideal é de 50% a 70%. Com relação aos bovinos, cerca de 75% da troca de calor corporal com o ambiente, se faz por meio da condução, da convecção e da evaporação, sendo importante, portanto, que a UR não ultrapasse 70%. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA (5) Velocidade do ar: A velocidade do ar influencia positivamente na condição de conforto dos animais, auxiliando-os na manutenção de sua produtividade. Assim, a partir do conhecimento das necessidades ambientais das espécies, do tipo de manejo, clima local e das características da tipologia construtiva, pode-se projetar o sistema de ventilação natural ou artificial para atendam às necessidades de ventilação para os animais. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA A renovação do ar no interior da instalação permite a redução da transferência de calor da cobertura, facilitando as trocas de calor corporal por convecção e evaporação, diminui o excesso de umidade ambiente e de outros gases como NH3, CO2 e H2S, advindos da cama, da respiração e dos excrementos, evitando as doenças pulmonares. Para as aves adultas, a velocidade do ar máxima recomendada é de aproximadamente 0,2 m s-1 no inverno e 0,5 m s-1 no verão. Contudo, esse limite pode ser menor para as aves mais jovens, paraevitar a ocorrência de doenças pulmonares. Dessa maneira, quando a ventilação natural for insuficiente, a utilização de sistema de ventilação artificial torna-se importante para garantir níveis adequados de qualidade do ar, atuando positivamente na promoção do conforto térmico. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA BIOCLIMATOLOGIA (1) Dados meteorológicos: Os dados meteorológicos servem como base para estudos realizados na área de bioclimatologia. Desta forma, a sua disponibilidade, qualidade e distribuição espacial na região a ser analisada são importantes para o desenvolvimento destes estudos. Além dos dados oriundos de estações meteorológicas, outra fonte passível de ser utilizada em estudos bioclimatológicos são aqueles originados de sensores orbitais (satélites), que têm a vantagem de cobrirem maior área, porém com período de coleta curto. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Alguns bancos de dados meteorológicos estão disponíveis, como os dados do Projeto Re-análise do National Centers for Environmental Prediction (NCEP) e do National Center for Atmospheric Research (NCAR), que envolvem dados de estações superficiais, balões, aeronaves, navios, satélites, dentre outros. Esse projeto trabalha com revisões, ou reanálises, dos dados coletados em décadas anteriores possibilitando, por meio de programas computacionais e sistemas de assimilação e coletas em tempo real, a correção de possíveis erros e o controle da qualidade dos dados utilizados em pesquisas e monitoramento climático. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Normalmente, os dados meteorológicos estão disponíveis para algumas horas do dia, necessitando assim, de interpolações para obtenção de valores médios horários para estudo das condições de conforto dos animais ao longo do dia. Um dos usos dos dados meteorológicos na área de bioclimatologia é a geração de mapas temáticos usados no zoneamento bioclimático de diversas regiões e para diversas espécies animais. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA CABRAL (2001) utilizou um banco de dados de elementos climáticos (de 1960 a 1978), as Normais Climatológicas do INMET (1992) para o período de 1961 a 1990 e programa Arcview para gerar mapas de iso-ITU, calculados pela equação de THOM (1959), para a Região Sudeste do Brasil e classificar o nível de estresse térmico para a região, além de contabilizar a média diária de horas de exposição ao estresse para a pecuária leiteira. OLIVEIRA (2004) estudou o efeito do clima, por meio do índice de temperatura e umidade (ITU), no conforto térmico animal e humano para a Região Sudeste do Brasil utilizando dados de Re-análise do NCEP/NCAR. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA (2) Medições: Com o desenvolvimento dos equipamentos utilizados para medição dos elementos meteorológicos e para quantificação das respostas fisiológicas dos animais, foi possível obter dados mais frequentes e com precisão superior, sendo facilitada ainda, a forma de aquisição. Enquanto um termômetro de mercúrio, usado na medição da temperatura do ar ou temperatura retal de um animal, possui precisão de ±1ºC, sensores RTD podem atingir valores de precisão da ordem de ±0,03ºC, respectivamente. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Este aumento na precisão permite a obtenção de resultados mais confiáveis e que possibilitam correlacionar melhor ambiente térmico e resposta de um determinado animal, possibilitando classificações mais realísticas da sua condição em relação ao clima. Para a umidade relativa do ar, enquanto um hidrógrafo micro processado possui precisão de ±5% (entre 30 a 90% de UR), respectivamente, um sensor de UR portátil acoplado a um registrador possui precisão da ordem 2% (10 a 95%). BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Recentemente, com os avanços obtidos na tecnologia wireless, sensores têm sido acoplados a transmissores de dados via telemetria, possibilitando a recepção próxima ao animal, porém sem contato físico entre sensor e registrador, ou distante, com a adoção de transferência de dados por meio de radiofrequência, telefonia, etc. Apesar de ainda ser uma tecnologia com pouca aplicação em monitoramentos de campo, a tecnologia de biosensores é uma alternativa promissora em relação às técnicas convencionais de medição. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Os biosensores são aparelhos analíticos compactos (alguns têm dimensão £0,6 mm), que incorporam elementos sensores biológicos ou biomiméticos, ou seja, que imitam organismos vivos. Estes são conectados a um sistema transdutor, que mede uma variação de pH, por exemplo, amplifica o sinal e faz o processamento para determinação da variável desejada. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA AMOSTRA BIORECEPTOR TRANSDUTOR ELETRÔNICA PROCESSAMENTO DE DADOS ENZIMAS ANTICORPOS ÁCIDOS NUCLEICOS MICROORGA- NISMOS TECIDOS CÉLULAS RECEPTORES ARTIFICIAIS ELETRODOS TRANSISTO- RES FIBRAS ÓTICAS CRISTAIS AMPLIFICADOR MICROELE- TRÔNICA BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA O processamento pode envolver técnicas matemáticas avançadas, como a lógica fuzzy ou redes neurais, dentre outras. O princípio de detecção se baseia na ligação específica do elemento de interesse ao elemento complementar de bio-reconhecimento imobilizado em um meio de suporte satisfatório. A interação específica resulta na mudança de uma ou mais propriedades de físico-químico (mudança de pH, transferência de elétron, mudança de massa, transferência de calor, ganho ou liberação de gases ou íons específicos, etc.) que, são detectadas e podem ser medidas por meio de um transdutor. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Os biosensores apresentam grande vantagem em relação as técnicas convencionais devido a sua alta especificidade e a possibilidade de ser fazer análises em tempo real, além de ter alta sensibilidade, apresentar rapidez nas medições e simplicidade de operação. Um exemplo é a aplicação de biosensor para detectar a variação de progesterona no leite de vacas com a finalidade de se detectar o cio, permitindo assim, a inseminação no momento correto, reduzindo custos e aumentando a eficiência reprodutiva dos animais. Estudos similares podem ser feitos para detecção de estresse térmico em animais por meio de biosensores com base em medições de transferência de calor entre o animal e o ambiente. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Os avanços obtidos até os dias atuais influenciam diretamente a produção, uma vez que o aumento da precisão além de garantir a medição mais realística das variáveis, permite o desenvolvimento de índices de conforto ou desconforto térmico mais preciso, com classificações mais realísticas, principalmente nas faixas de transição entre estados ou níveis de conforto ou desconforto térmico. Estas informações podem ser posteriormente utilizadas em controladores mais simples (com base na temperatura ou umidade do ar) ou naqueles mais sofisticados, que trabalham com algoritmos mais complexos. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Comportamento animal Tradicionalmente, a avaliação e controle do ambiente térmico e, consequentemente do conforto animais criados em condições de confinamento, é baseada em valores pré- estabelecidos de tbs e, em alguns casos, conjuga- se à UR. Entretanto, esta forma tradicional de se quantificar o estado de conforto ou desconforto ao qual um animal está submetido não é suficiente para se obter as reais necessidades dos animais. BIOCLIMATOLOGIAANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Assim, outros fatores necessitam ser considerados, tais como, ventilação (natural ou forçada), radiação solar, tipos de piso e suas condições, estado nutricional e de saúde do animal, dentre outros fatores que auxiliam na caracterização do bem-estar dos animais. Neste contexto, a análise do comportamento do animal é mais adequada, pois envolve fatores inerentes ao próprio animal, bem como, aqueles referentes ao ambiente ao seu redor. Neste caso, os próprios animais são usados como biosensores, reagindo ao ambiente devido a variações do ambiente. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Até pouco tempo atrás, a forma mais utilizada para o estudo do comportamento animal era observação visual e caracterizava pela subjetividade, elevado gasto de tempo e alta susceptibilidade aos erros humanos, pois a experiência e treinamento do observador eram de extrema importância, bem como o seu estado físico e psicológico durante a fase observacional e de classificação. Entretanto, com os avanços na área de desenvolvimento de hardware e software, outras tecnologias foram surgindo e se tornando mais acessíveis, tal como a análise de imagens em tempo real por meio do uso de câmera, placa de aquisição de imagens conectada a um computador e software para análise de imagens, ou seja, envolvendo as fases de aquisição, processamento e classificação. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA XIN & SHAO (2005) desenvolveram um sistema para análise do comportamento de suínos em repouso com base em imagens de vídeo obtidas em tempo real. O procedimento desenvolvido pode ser utilizado para o controle de ambientes com base no comportamento animal, conforme fluxograma mostrado a seguir. O processamento utilizado pelo sistema consiste na aquisição de imagens e sua segmentação, detecção de movimento, extração das características da imagem e sua classificação e, controle do sistema de aquecimento e ventilação. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Apesar do sistema desenvolvido por XIN & SHAO (2005) necessitar ser testado em campo, para diversas condições do ambiente térmico e diferentes animais, verifica-se o potencial desta tecnologia no controle mais eficaz de sistemas para propiciar melhores condições de conforto aos animais. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Para aves, BARBOSA FILHO (2004) estudou o comportamento individual de aves alojadas em grupo em uma câmara climática sob diversas condições climáticas. Para identificar cada ave, utilizou-se a marcação por meio da pintura do dorso com uma tinta não tóxica. Posterior a captura e armamento, as imagens foram analisadas visualmente. Estudos utilizando este nível de tecnologia são úteis para a melhor compreensão do efeito do ambiente térmico sobre o comportamento dos animais, que reflete no desempenho dos mesmos, porém tem aplicação limitada para uso em condições comerciais de produção, pela dependência da classificação visual. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL BIOCLIMATOLOGIA Outras técnicas que podem ser aplicadas para o estudo do comportamento animais são a identificação eletrônica e a vocalização.
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