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PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA 
Geralmente a sintomatologia ocorre em crianças e raramente em adultos, 
provavelmente porque o parasito estimula certo grau de resistência. Multiplicando-
se intensamente, e é capaz de se multiplicar em cerca de 30 dias. Após essa 
multiplicação intensa, o parasito coloniza (como um tapete) a mucosa duodenal e 
jejunal (presos à mesma com auxílio de sua ventosa). Desta forma irá provocar 
irritação da mucosa, levando em consequência a enterite. Devido a esta ação 
mecânica e irritativa, as gorduras, as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e o ácido 
fólico não são bem absorvidos. A presença destes nutrientes em grande quantidade 
na luz intestinal, juntamente com a enterite, provoca o aumento do peristaltismo e 
diarreia gordurosa. Em consequência, o paciente entra em emagrecimento e 
avitaminose. 
Ao determinar a duodenite, caracteriza-se a sintomatologia pelo aparecimento de 
fenômenos dolorosos e epigástricos, simultaneamente a perturbações do tipo 
dispéptico. Os pacientes queixam-se de azia, náuseas e digestão difícil. As fezes 
diarreicas apresentam-se líquidas ou então moles, com consistência de mingau, 
muito fétidas, às vezes de coloração esverdeada. 
Outros fatores devem também influenciar na patogenia e sintomatologia da 
giardíase, entre eles, o processo inflamatório e as mudanças na arquitetura da 
mucosa. 
TRICOMONÍASE 
A Tricomoníase, tricomoniose ou tricomonose é uma doença sexualmente 
transmissível, causada pelo parasita protozoário unicelular Trichomonas vaginalis. 
Doença infecto-contagiosa do sistema gênito-urinário do homem e da mulher. No 
homem causa uma uretrite de manifestações em geral discretas (ardor e/ou prurido 
uretral e secreção brancacenta, amarelada ou amarelo esverdeada), podendo, 
eventualmente, ser ausentes em alguns e muito intensas em outros. É uma das 
principais causas de vaginite, vulvovaginite e cervicite (infecção do colo do útero) 
da mulher adulta, podendo, porém, cursar com pouca ou nenhuma manifestação 
clínica. Quando presente, manifesta-se na mulher como um corrimento vaginal 
amarelo esverdeado ou acinzentado, espumoso e com forte odor característico. 
  
 
MORFOLOGIA 
 
Morfologia do T. vaginalis 
Trofozoita 
AF=Flagelos anteriores 
RF= Membrana ondulante 
CO= Costa 
AX= Axonema 
HY= Hidrogenossomas 
PB= Filamento parabasal 
PG= Corpo parabasal 
N = Núcleo 
 
O T. vaginalis é uma célula polimófica (mais de uma forma), tanto no hospedeiro 
natural quanto em meios de cultura. Os espécimes vivos são elipsódes ou ovais e 
algumas vezes esféricos. Com ralação a forma, os tricomonanídeos só apresentam 
a forma de trofozoíto, não existindo, portanto, a forma cística. 
Na forma de trofozoíto, observa-se: 
Flagelos: 3 a 6 flagelos, que, além de servirem para locomoção, são importantes 
para captura de alimento, sendo que um dos flagelos se dirige para trás, formando 
uma típica membrana ondulante, quando se locomove. 
Periplasto: Membrana delicada que recobre o parasito. 
Complexo cinético do flagelo: Grânulo basal ou blefaroplasto (situado no 
citoplasma, do qual se origina o flagelo). 
Citoplasma: Rico em glicogênio, pode ter pequenos vacúolos, sendo capaz, em 
algumas espécies, de fagocitar bactérias e eritrócitos. 
  
 
Axóstilo: Em forma de fita, constituído pela justaposição de macrotúbulos e que se 
origina no blefaroplasto (grânulo basal). 
Costa: Estrutura em forma de bastonete, provavelmente de natureza esquelética. 
Citóstoma: Abertura situada na origem do flagelo. 
Núcleo: Relativamente grande. 
A movimentação dos flagelos atrai alimentação e a membrana ondulante produz 
movimento. Observe com atenção a figura: 
 
NUTRIÇÃO 
T. vaginalis adquire nutrientes através do transporte da membrana celular e 
fagocitose. A membrana ondulante auxilia neste processo. Bactérias, arqueas, e 
até mesmo partes da parede vaginal são consumidas. Enzimas quebram essas 
fontes de alimentos e convertem-nas em energia utilizável através da glicólise. 
HABITAT 
T. vaginalis não são organismos de vida livre. Eles precisam de um hospedeiro 
humano ou animal. T. vaginalis tem uma distribuição mundial. Nos homens, o 
  
 
organismo vive no trato urinário, mais comumente na uretra ou próstata, onde, 
como em mulheres, é encontrada no trato reprodutivo, normalmente na vagina, e 
pode sobreviver cerca de 24 horas na urina, sêmen ou água. 
REPRODUÇÃO E CICLO DE VIDA 
O protozoário ao atingir o novo hospedeiro, encontrando condições favoráveis, 
passa a multiplicar-se por divisões binárias sucessivas, colonizando-se. Reproduz-
se com mais intensidade na vagina com pH menos ácido (4,5 a 5), mas reproduz-
se também na uretra masculina. 
Os mecanismos de transmissão ainda não estão inteiramente conhecidos. Em 
primeiro lugar está a possibilidade da infecção por via sexual, pois o homem 
alberga frequentemente o parasito. A promiscuidade deve exercer papel importante 
na transmissão do flagelado de uma para outra mulher. O protozoário é resistente 
no meio externo em condições de umidade, conservando por algum tempo após 
sua expulsão do organismo, sua vitalidade e infecciosidade. Assim, roupas 
pessoais, roupas de cama, de clister ou artigos de toalete, assentos de privada, 
instrumentos ginecológicos, podem veicular o parasito. 
Admite-se ainda que as meninas se contaminem no momento do nascimento, de 
mães infectadas. O flagelado pode viver muitos anos no canal genital das meninas, 
em estado de vida latente, determinando o aparecimento de sintomas quando 
variam as condições fisiológicas da vagina infantil, como, por exemplo, modificação 
da flora, alterando o pH vaginal; observe a figura do ciclo biológico. 
  
 
Ciclo biológico do T. vaginalis 
 
PATOGENIA E PREVENÇÃO 
A tricomoníase costuma atingir mulheres entre 16 e 35 anos de idade e se 
manifesta, no sexo feminino, por: corrimento esbranquiçado espumoso, edema, 
prurido, queimação, escoriações, ulcerações e sangramento após relações 
sexuais. Já nos homens, a parasitíase geralmente é assintomática ou subclínica, 
o que justifica o fato da parasitíase ser mais diagnosticada em mulheres. A 
infecção por Trichomonas pode acarretar diversas doenças graves nas vias 
geniturinárias. As características clínicas do doente podem ser sugestivas da 
tricomoníase, sendo que na mulher esta parasitíase deve ser diferenciada das 
vaginoses bacteriana e fúngica. 
O uso de preservativos, o cuidado com os fômites (instrumentos ginecológicos, 
toalhas, roupas íntimas) e o tratamento do doente e de todos os seus parceiros 
são as formas de prevenção da tricomoníase. Só o tratamento medicamentoso 
adequado não garante a eliminação da doença, visto que mesmo após ter obtido 
a cura o paciente deve tomar os mesmos cuidados de quem nunca foi infectado, 
porque os medicamentos não impedem a reinfecção.

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