Buscar

tutorial 5 DRAMA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

AÇÃO DOS AGROTÓXICOS NO ORGANISMO HUMANO
(mecanismo de ação, quadro clínico, formas de contaminação, tratamento e diagnostico)
Praguicidas podem ser definidos como qualquer substancia ou mistura de substancias introduzidas deliberadamente no ambiente com a intenção de prevenir, destruir, repelir ou mitigar pragas. Podem ser especificados em inseticidas, herbicidas, fungicidas, rodenticidas, acaricidas, moluscicidas, larvicidas e pediculicidas (piolho). Existem tb, para fins regulatórios, outros, como reguladores do crescimento de plantas, repelentes e atractantes (feromonios), q são incluídos em uma classificação mais ampla dos praguicidas.
Nesse contexto, a avaliação dos possíveis efeitos adversos à saúde humana (os agudos e principalmente os crônicos) e ao ambiente deve ser de fundamental importância para a concessão ou não do registro. Isto porque, embora a eficácia agronômica possa ser facilmente comprovada pelo próprio usuário – resultando, naturalmente, em uma maior ou menor aceitação do produto –, os danos à saúde humana e ao ambiente, na maioria dos casos, não o são. Para obtenção do registro no Brasil, até 1989, os agrotóxicos eram submetidos apenas às avaliações toxicológica e de eficácia agronômica. Após a regulamentação da Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, passaram a ser exigidas também a avaliação e a classificação do potencial de periculosidade ambiental. A classificação dos agrotóxicos em função dos efeitos à saúde, decorrentes da exposição humana a esses agentes, pode resultar em diferentes classes toxicológicas. Essa classificação obedece ao resultado de testes ou estudos realizados em laboratórios, que tentam estabelecer a dosagem letal (DL) do agrotóxico em 50% dos animais utilizados naquela concentração.
A legislação brasileira prevê a proibição de registro de agrotóxicos e, conforme o estabelecido no Artigo 3o, § 6, essa proibição pode ocorrer nas seguintes situações: 1) para os quais o Brasil não disponha de métodos para a desativação de seus componentes; 2) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no país; 3) que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas; 4) que provoquem distúrbios para hormonais e danos ao aparelho reprodutor; 5) que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais, tenham podido demostrar; e 6) cujas características causem danos ao meio ambiente. 
Um aspecto importante do registro dos agrotóxicos é a avaliação do conteúdo e da forma de apresentação dos dizeres do rótulo e da bula, que servem para comunicar aos usuários sua aplicabilidade e também as advertências e recomendações sobre os problemas mais graves e importantes identificados durante as fases de desenvolvimento do produto. Devem estar presentes no rótulo e na bula todas as advertências pertinentes (algumas são padronizadas) quanto aos efeitos sobre a saúde humana ou ambiental. 
Os agrotóxicos, como visto, são constituídos por uma grande variedade de substâncias químicas ou produtos biológicos. São produtos desenvolvidos para matar, exterminar, combater, dificultar a vida (muitos atuam sobre processos específicos, como os reguladores do crescimento). Assim, por atuarem sobre processos vitais, em sua maioria, esses venenos têm ação sobre a constituição física e a saúde do ser humano. 
Os efeitos sobre a saúde podem ser de dois tipos: 
1) efeitos agudos, ou aqueles resultantes da exposição a concentrações de um ou mais agentes tóxicos capazes de causarem dano efetivo aparente em um período de 24 horas; Os efeitos agudos são aqueles mais visíveis, que aparecem durante ou após o contato da pessoa com o produto e apresentam características bem marcantes. No caso dos agrotóxicos, essas características podem ser espasmos musculares, convulsões, náuseas, desmaios, vômitos e dificuldades respiratórias. 
2) efeitos crônicos, ou aqueles resultantes de uma exposição continuada a doses relativamente baixas de um ou mais produtos. Os efeitos de uma exposição crônica podem aparecer semanas, meses, anos ou até mesmo gerações após o período de uso/contato com tais produtos, sendo, portanto, mais difíceis de identificação. Em muitos casos podem até ser confundidos com outros distúrbios, ou simplesmente não relacionados ao agente causador (nexo-causal).
- Os inseticidas da classe dos organofosforados, bem como os carbamatos atuam no organismo humano inibindo um grupo de enzimas denominadas colinesterases. Essas enzimas atuam na degradação da acetilcolina, um neurotransmissor responsável pela transmissão dos impulsos no sistema nervoso autônomo parassimpatico (central e periférico). Uma vez inibida, essa enzima não consegue degradar a acetilcolina, ocasionando um distúrbio chamado de crise colinérgica, principal responsável pelos sintomas observados nos eventos de intoxicação por estes produtos. 
Vários distúrbios do sistema nervoso foram associados à exposição aos agrotóxicos organofosforados, principalmente aqueles ligados à neurotoxicidade desses produtos, observados através de efeitos neurológicos retardados. Os inseticidas da classe dos organoclorados têm como uma de suas principais características a capacidade de acumular-se nas células gordurosas no organismo humano e no dos animais (o que pode vir a determinar uma série de efeitos indesejados à saúde). Além disso, os organoclorados são muito estáveis e podem persistir nos organismos e no ambiente por até trinta anos. Devido a essas características, os inseticidas organoclorados podem se acumular ao longo da cadeia alimentar (posicionando-se na gordura de peixes, bois, aves, e outros animais e no leite materno, assim como em plantas, frutos e água que tenham sido expostas a essas substâncias), criando um problema ecológico e de saúde pública. A acumulação dos agrotóxicos organoclorados ao longo da cadeia alimentar leva a um fenômeno ecológico chamado de biomagnificação/bioacumulação, que é o aumento das concentrações de uma determinada substância de acordo com o aumento do nível trófico. 
Por todos os motivos apresentados, vários inseticidas organoclorados têm tido o uso restringido, e até mesmo proibido, como no caso do DDT, talvez seu representante mais famoso (é derivado do seu nome o termo “dedetização” – o controle químico de insetos em residências – que inicialmente era realizado com o DDT). 
- Agrotóxicos de vários tipos têm sido correlacionados com efeitos reprodutivos em animais e outros têm atividade redutora da fecundidade em humanos. Outros ainda, como o Mancozeb e o Amitrol, possuem atividade inibidora da tireóide e os herbicidas triazínicos estão associados ao aparecimento de alguns tipos de cânceres hormônio-dependentes. O aumento na incidência de câncer entre trabalhadores rurais e pessoal envolvido nas campanhas sanitárias, no final da década de 80, levou ao estudo mais detalhado sobre a interação dos agrotóxicos com o organismo humano no surgimento desses tumores, entre outras disfunções de base celular. Inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros, foram submetidos a diversos experimentos em animais, do tipo dose-resposta, acompanhados da avaliação de uma série de grupos populacionais possivelmente expostos aos efeitos destes produtos Foram detectadas evidências de que os herbicidas fenoxiacéticos seriam promotores de carcinogênese em seres humanos, devido à presença de dioxinas como ‘impurezas’ na sua composição. 
Os ditiocarbamatos também são considerados potenciais agentes carcinogênicos, principalmente no que diz respeito ao surgimento de tumores no aparelho respiratório (como câncer de pulmões e adenocarcinoma de tireóide). 
As evidências de possível ação carcinogenética de alguns inseticidas organoclorados no organismo humano não são muito fortes. Porém, em animais, estudos têm demonstrado o contrário. Alguns agrotóxicos, como os nematicidas dibromocloropropano (DBCP), foram descritos como agentes causadores de infertilidade em homens expostos a esses produtos, assim como osherbicidas fenoxiacéticos.
	- EXPOSIÇÃO: pode ocorrer por via oral, dérmica ou inalatória. Altas doses por via oral, levando a intoxicação e morte, podem advir da ingestão intencional de praguicidas visando ao suicídio, ou da ingestão acidental, geralmente devido ao armazenamento desses compostos em embalagens inadequadas. Mas, doses pequenas, crônicas, são consumidas pela população, como resíduos de praguicidas em alimentos e como contaminantes presentes na agua. Existem legislações q asseguram q os resíduos de praguicidas devem ser mantidos em concentrações inferiores aquelas q podem causar qualquer efeito adverso. Os indivíduos q apresentam maior risco de exposição aos praguicidas são os trabalhadores envolvidos na produção, no transporte, na mistura, no carregamento, e na aplicação desses compostos, bem como os q trabalham na colheta de lavouras pulverizadas com os praguicidas. 
A exposição dérmica pode ocorrer durante o manuseio e a aplicação desses produtos, ou ainda, em casos de derramamento acidental, em áreas corpóreas n cobertas por roupas ou EPIs, como face, mãos, ou por inalação. Os praguicidas depositados em roupas podem ser absorvidos pela pele e/ou podem permitir a exposição de outros indivíduos, se essas roupas n forem substituídas e lavadas após a exposição. 
	- CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS: É grande a diversidade dos produtos, cerca de 300 princípios ativos em 2 mil formulações comerciais diferentes no Brasil. Quanto à ação e ao grupo químico, classificam-se em: 
a) INSETICIDAS: organofosforados, carbamatos, organoclorados, piretroides. 
b) FUNGICIDAS: etileno bis ditiocarbamatos, trifenil estanico, captan e hexaclorobenzeno. 
c) HERBICIDAS: paraquat, glifosato, pentaclorofenol, dinitrofenóis e derivados do acido fenoxiacetico. 
Outros grupos importantes compreendem: RATICIDAS, ACARICIDAS, NEMATICIDAS, MOLUSQUICIDAS, FUMIGANTES (Fosfetos metálicos e brometo de metila). 
Os agrotóxicos são também classificados de acordo com a DL50 e devem legalmente apresentar no rótulo, uma faixa colorida indicativa de sua classe toxicológica:
	- INSETICIDAS: 
	Extrema relevância no controle de insetos considerados pragas, principalmente nos países em desenvolvimento. Todos os inseticidas químicos usados atualmente são neurotoxicos e agem no SNC dos organismos-alvo. O SNC dos insetos é altamente desenvolvido e n muito diferente do de mamíferos. 
Compostos Organofosforados/OFs:
Em geral, apresentam a estrutura com um grupo X (q se separa do composto quando os OF fosforilam a enzima acetilcolinesterase/AChE, e é o local mais sensível de hidrolise), R1 e R2 (comumente grupos alcoxí) q se ligam a um fosfato/P central. Por dupla ligação ao fosforo se liga ainda a um átomo de oxigênio ou de enxofre.
	- Biotransformação: Todos os compostos q tem ligações P=S necessitam de ativação metabólica para q sua atividade biológica se manifeste, pois apenas os compostos com P=O são inibidores da AChE. As enzimas do citocromo P450 catalizam a dessulfetação oxidativa e a oxidação do tioeter (forma S=O e depois O=S=O). 
As A-esterases/fosfotriesterases catalisam hidrolise importante na detoxificação de alguns OFs. Podem ocorrer tb a hidrolise n catalítica dos OFs, quando esses compostos fosforilam as serinas esterases/ B-esterases.
	- Sinais e sintomas e mecanismos de ação: alta toxicidade aguda. A inibição da AChE pelos OFs leva ao acumulo de acetilcolina nas sinapses colinérgicas e á estimulação exarcebada dos receptores colinérgicos muscarinicos e nicotínicos. Como esses receptores estão na maioria dos órgãos do organismo, surge uma síndrome colinérgica, na qual são observa se sudorese e salivação, grave secreção bronquial, broncoconstrição, miose, motilidade gastrointestinal aumentada, diarreia, tremores, espasmos musculares, e diversos efeitos associados ao SNC. A insuficiência respiratória é marcante, mas as vezes, em intoxicações leves ou estagio inicial de intoxicação grave os sinais e sintomas n são evidentes. 
	Os OFs q apresentam ligação P=O fosforilam o grupo hidroxila no sitio esterasico ativo da serina na AChE, impedindo sua ação fisiológica. A AChE fosforilada é lentamente hidrolisada pela agua, e a taxa de reativação espontânea depende da natureza química do radical R1 e R2. A reativação da AChE n ocorre se o complexo enzima-inibidor envelhecer (perde por hidrolise n enzimática pela agua um dos dois grupos alquila R), e a enzima é considerada inibida de forma irreversível, sendo necessária a síntese de novas enzimas, o q requer vários dias para acontecer. 
	Sinais e sintomas da intoxicação aguda por compostos anticolinérgicos: glândulas exócrinas (M, aumenta a salivação, lacrimejamento, sudorese); olhos (M, miose, visão turva); sistema digestório (M, cólicas abdominais, vomito e diarreia); sistema respiratório (M, aumento da secreção bronquial e broncoconstrição); bexiga (M, frequência urinaria, incontinência); sistema cardiovascular (M, bradicardia, hipotensão); sistema cardiovascular (N, taquicardia, hipertensão passageira); musculatura esquelética (N, fasciculações musculares, espasmos, cólicas, fraqueza generalizada, paralisia flácida); SNC (M,N, tontura, letargia, fadiga, cefaleia, confusão mental, depressão dos centros respiratórios, convulsão e coma). 
- Tratamento da intoxicação: 	na exposição dérmica, as roupas contaminadas devem ser retiradas e a pele deve ser lavada com sabão alcalino. Nos casos de ingestão, n são muito eficazes os procedimentos usados na tentativa de minimizar a absorção pelo sistema digestório. O uso de atropina (antagonista muscarinico) pode evitar a síndrome colinérgica. O uso de prelidoxina pode prevenir o envelhecimento da AChE, mas a eficácia é controversa. Pode ser usado diazepam para diminuir a ansiedade e as fasciculações musculares e controlar as convulsões nos casos mais graves.
- Síndrome intermediária: 20 a 50% dos casos de intoxicação aguda, se desenvolve depois de 1 a vários dias da intoxicação, durante o processo de recuperação da crise colinérgica ou após a completa recuperação da crise colinérgica inicial. As características mais evidentes incluem fraqueza respiratória, da musculatura proximal dos membros e do pescoço. A mortalidade ocorre em 15 a 40% dos casos devido a paralisia respiratória e outras complicações orgânicas, e nos sobreviventes a recuperação ocorre em até 15 dias. Seu mecanismo é desconhecido, n se associa com a inibição da AChE. 
- Polineuropatia retardada induzida por OFs: caracteriza-se por formigamento de mãos e pés seguida de perda sensorial, fraqueza muscular progressiva e flacidez da musculatura esquelética distal das extremidades superiores e inferiores, e ataxia. Pode aparecer a polineuropatia em 2 a 3 semanas após uma exposição única, quando abrandam os sinais da crise aguda e da intermediaria. Pode se classificar como uma axonopatia distal sensório-motora. N se relaciona com a inibição da AChE. O alvo dessa doença é uma esterase presente nos tecidos nervosos e em outros tecidos, como o linfático, a esterase neurotoxica/neuropática alvo q é inibida pelos OFs (mas n segue o mecanismo de degeneração axonal). 
- Toxicidade crônica: controversa, alguns estudos sugerem q indivíduos expostos cronicamente a doses q são insuficientes para gerarem sintomas , podem desencadear um mecanismo de tolerância aos efeitos colinérgicos mediada pela baixa regulação dos receptores colinérgicos. Vem sendo associada tb a anomalias neurocomportamentais, principalmente nos aspectos cognitivos.
- Intoxicação Leve: Mal-estar, fraqueza muscular discreta, náuseas,alguns episódios de vômitos. AChe está pouco alterada, raramente inferior a 50% do basal. 1. descontaminar pele e mucosa 2. afastar o paciente da exposição até AChe = 75% do basal 
	
- Intoxicação Moderada: Síndrome muscarínica franca, e/ou sinais de estimulação nicotínica evidente (tremores, fasciculações e fraqueza muscular) além de alterações do SNC (ansiedade, confusão mental ou letargia e sonolência). A AChe geralmente está entre 25 e 50%do basal. 
- Intoxicação grave: Agravamento do quadro anterior. Síndrome muscarínica franca e/ou insuficiência respiratória, fraqueza muscular, fasciculações, convulsões e coma. A AChe está inferior a 25% do basal ou a enzima está completamente inativada (AChe = 0). 
Carbamatos:
São inseticidas derivados do ácido carbamico, e, em sua maioria, são N-metilcarbamato. A toxicidade oral aguda varia de moderada a baixa, como no caso do carbaril, a extremamente toxica como no caso do aldicarb. Sua absorção dérmica tende a aumentar com solventes orgânicos e emulsificantes presentes na maioria das formulações. Esses compostos são suceptiveis a uma variedade de reações de biotransformação catalisadas enzimaticamente, q envolvem principalmente a hidrolise e a oxidação. 
O mecanismo de ação é a inibição da AChE, rapidamente reversível. O carbamato pode inibir a NTE (esterase neurotoxica), mas como n causa envelhecimento da NTE carbamilada, de forma q n causa o aparecimento da polineuropatia retardada (inclusive se o carbamato for exposto antes dos OFs, o individuo fica protegido da polineuropatia). Os sinais e sintomas incluem miose, diurese, diarreia, salivação, fasciculação muscular, efeitos no SNC. Em geral, a intoxicação aguda desaparece em algumas horas. O tratamento requer o uso de atropina. N são carcinogênicos, mutagênicos. A embriotoxicidade/fetotoxicidade só é observada em doses em q seja manifestada toxicidade materna. Possivel efeito mais exacerbado em jovens (processo de desintoxicação menos eficaz).
Organoclorados:
Incluem os derivados etanoclorados, como o DDT, os ciclodiesnos, os hexaclorociclohexano e as estruturas fechadas. Apresentam toxicidade aguda grave a moderada, menor do a dos OFs, mas os efeitos crônicos estão associados a a efeitos adversos, principalmente, no fígado, e interferência endócrina no sistema reprodutor. 
Atua principalmente estimulando o SNC, causando hiperexitabilidade. Parece atuar nos canais de cálcio, alterando o fluxo de sódio (sensibilização do miocárdio). Em altas doses são indutores das enzimas microssômicas hepáticas (possíveis lesões hepáticas).
	- DDT e seus análogos: é extremamente eficaz na agricultura e contra insetos transmissores de moléstias infecciosas, como tifo, malária e febre amarela. Apresenta toxicidade oral aguda moderada e sua absorção dérmica é bastante limitada. Ao ser absorvido distribui-se por todos os tecidos, sendo q as maiores concentrações são encontradas no tecido adiposo. Interfere nos canais de Na+ na membrana axonal de forma semelhante aos piretroides sintéticos.
	A exposição aguda leva a agitação motora, aumento da frequência de movimentos espontâneos, suscetibilidade anormal a sensação de medo e hipersucetibilidade a estímulos externos (luz, toque e som). Esses sinais são seguidos de tremores leves, posteriormente mais bruscos e convulsões tonico clonicas. Os primeiros sintomas são hiperestesia da boca e parte inferior da face, seguida de parestesia dessas áreas. Seguem-se tontura, tremores das extremidades, confusão e vomito e convulsão em casos graves.
	Na exposição crônica ocorre hipertrofia e necrose das celulas hepáticas, pois tanto o DDT quanto seus produtos de biotransformação são potentes indutores das enzimas da CYP450. São carcinogênicos em roedores.
	- Hexacloroiclohexanos e ciclodienos: mesmo mecanismo de ação. Apresentam toxicidade oral aguda moderada, mas ao contrario do DDT, são facilmente absorvidos pela pele. Seu órgão alvo é o SNC, mas n se observam tremores e sim convulsões. Se ligam a sítios ligantes de picrotoxina nos canais de Na+, bloqueiam sua abertura e antagonizam a ação inibitória do GABA.
OBS: contra indicados alimentos lipídicos, catárticos oleosos (aumentam absorção) e simpaticomiméticos (risco de arritmias).
 
Piretroides:
Esse composto representa cerca de 25% do mercado global de inseticidas, pois é altamente eficiente, toxicidade relativamente baixa, nenhuma persistência no ambiente e baixa tendência a induzir resistência em insetos. São amplamente usados como inseticidas domésticos e agrícolas, como medicamentos no tratamento de escabiose e piolhos, e embebidos em mosquiteiros.
Altera a função normal do inseto pq modificam a sensibilidade dos canais de Na+, q medeiam de forma passageira, o aumento da permeabilidade do sódio na membrana nervosa subjacente a ação potencial nervosa. 
Uma vez absorvidos são biotransformados pela hidrolise da ligação ester (catalisada por carboxiesterases pasmaticas e hepáticas) e pela oxidação da ligação alcoolica pelas enzimas da CYP 450. A essas reações iniciais seguem outras hidrolises e oxidações e conjugação com sulfato ou acido glucuronico.
- Sinais e sintomas e mecanismo de ação: além de serem alergênicos (dermatite de contato, urticaria, secreção nasal aumentada, broncoespasmo...), os piretroides tipo I e II interrompem os canais de Na+ voltagem dependentes, ao se ligarem a subunidade alfa desse canal e diminuir sua ativação/abertura e a taxa de inativação/fechamento, levando a um estado de hiperexitação. Os insetos são mais suceptiveis devido a maior suceptibilidade dos seus canais de Na+, a menor temperatura corporal e menor biotransformação.
Os piretroides tipo II tb atuam se ligando e inibindo os receptores GABA dos canais de Cl- e bloqueando os canais de Cl- em concentrações maiores do q aquelas necessárias para afetar os canais de Na+, e esses efeitos contribuem para as convulsões nos casos de intoxicação grave por esse tipo.
As parestesias são os efeitos adversos mais relevantes na exposição ocupacional, resultante do contato dérmico com os piretroides, e resulta da atividade repetitiva da indução anormal causada pelos piretroides nas terminações nervosas da pele. Os sintomas incluem formigamento continuo ou ardor, em casos mais graves. Esses efeitos são revertidos em 24h após a exposição, sendo útil a aplicação tópica de vitamina E.
A toxicidade crônica implica em aumento e alteração histopatológica do fígado, aumento da taxa de incidência de linfomas.
Tipo I (síndrome T): comportamento agressivo, aumento da susceptibilidade a estímulos externos, tremores por todo o organismo e prostração.
Tipo II (síndrome CS): comportamento animal, salivação excessiva, tremores fortes, coreoatetose, convulsões clonicas.
Rotenoides:
Capacidade de inibir, em concentrações nanomolares, a cadeia respiratória mitocondrial, bloqueando o transporte de elétrons da enzima NADH-ubiquinona redutase (complexo I), complexo enzimático conservador de energia. Ocorre aumento da FC e FR, espasmos tonico-clonicos e depressão muscular, seguida de depressão respiratória. Pode causar parkinsonismo. 
Nicotina:
Alcaloide extraído das folhas da planta do tabaco é usado como inseticida pouco relevante, ativam receptores nicotínicos da acetilcolina. Causa náusea, vomito, fraqueza muscular, efeitos respiratórios, cefaleia, letargia e taquicardia.
Avermectinas:
Ativa receptores GABA, os sintomas iniciais são hiperexcitação, tremores e incoordenação, seguidos de ataxia e sedação do tipo comatosa.
- HERBICIDAS
(1) Compostos clorofenoxi:
	São agentes químicos análogos a auxina, um hormônio do crescimento de plantas, q produzem crescimento incontrolável e letal em plantas alvo q n possuem esse hormônio constitutivamente. 
A intoxicação aguda causa vômitos, sensação de queimação da boca, dores abdominais, hipotensão, miotomia e sintomas associados ao SNC, inclusive coma. A absorção dérmica é a via mais comum de contaminação. Varios estudos sugerem sua associação com efeitos neurológicos, como neuropatias periféricas, dismielinização e degeneração ganglionar do SNC, velocidade reduzida da condução nervosa, miotomia e alterações comportamentais. Associa-se com linfoma não Hodgkins ou sarcoma de tecidos moles.
	
(2) Compostos bipiridílicos:
Entre os herbicidas dipiridilos, o Paraquat (Gramoxone) é extremamente tóxico se ingerido (ação rápida); ingestão de volumes superiores a 50 ml é sistematicamente fatal. Independente da via de exposição,se acumula nos rins e pulmões. É pouco biotransformaddo, sendo excretado praticamente inalterado pela urina. N apresenta genotoxicidade e n é carcinogênico, mas é fetotoxico em doses em q se apresenta toxicidade materna. 
Uma vez absorvido, entra nas celulas e sofrem redução, seguida de reoxidação, ou seja, ciclo redox. Esse ciclo intracelular do paraquart causa oxidação do NADPH, levando a uma depleção celular, exarcebada pela dextoxificação da enzima hidrogênio peroxidade formada pelo sistema glutationa peroxidade/redutase para regenerar GSH. Quando ocorre o ciclo redox tb ocorre formação de radicias hidroxilas levando a peroxidação lipídica e a via glutationa redutase/peroxidase usa mais NADPH para destoxificação do H2O2.
O dano as celulas epiteliais alveolares aparece em 24h após a exposição aguda a doses letais do paquat; proguide nos 2 ou 4 dias subsequentes com perda do epitélio alveolar e aparecimento do edema pulmonar, extensa infiltração de celulas inflamatórias no interstício alveolar e, por fim, morte, causada por anoxia pela perda das funções pulmonares alguns dias após a exposição. Os sobreviventes dessa fase vão para a fase seguinte. A segunda fase é caracterizada pela tentativa do epitélio pulmonar de se regenerar, causando extensa proliferação de fibroblastos pulmonares e, consequentemente, fibrose bastante disseminada. 
 Já o herbicida diquat tem toxicidade aguda menor e na toxicidade crônica afeta o sistema digestório, rins e olhos (principal, formação de catarata). Os sintomas clínicos incluem náuseas, vomito, diarreia, ulceração bucal e esofágica, diminuição das funções renais e efeitos neurológicos. O mecanismo de ação é o mesmo do paquat, ou seja, é reduzido a forma de radical livre e é reoxidado na presença de oxigênio produzindo o anion superóxido q vai causar a peroxidação lipídica e consequentemente morte celular. 
	(3) Cloroacetanidilas:
	Incluem o alacor, acetoclor e o betaclor, q são cancerígenos dose-dependentes.
	(4) Triazinas:
	Baixa toxicidade aguda oral e dérmica e apresenta como efeito crônico mais importante a perda de peso. Possuem possíveis ações endócrinas.
	(5) Aminoacidos fosfonometil:
	Inclue o glifosato e o glifosinato, sendo q nenhum dos dois inibe a AChE apesar de possuírem P=O. Ex: Round-up. Absorção oral – 36%, eliminação – 99% em 7 dias. Adulto com ingesta a partir de 0,5 ml/Kg da formulação comercial necessita avaliação e monitorização hospitalar. Dose de 25 ml tem causado lesões gastro-esofágicas. Não tem ação inibitória de colinesterase. 
- Manifestações clinicas: Ingestão: irritação de mucosas e trato gastrointestinal, hipotensão, acidose metabólica, insuficiência pulmonar, oligúria. Contato com pele: eritema, ulcerações, formação de vesículas, necrose de pele; contaminação de base de unha: manchas brancas, rachaduras transversais ou perdas de unhas, seguida por regeneração normal. Inalação: irritação nasal, epistaxe, cefaléia, tosse. Contato com mucosa ocular: inflamação severa da conjuntiva e da córnea, opacidade. 
 (6) Pentaclorofenol: 
Herbicida com amplo uso como conservante de madeira e cupinicida. Possui na formulação dioxinas como impurezas extremamente tóxicas e cancerígenas. Bem absorvido pelas vias cutânea, digestiva e respiratória. Não se acumulam no organismo, mas exposições repetidas podem causar acumulação de efeitos. 
Os dinitrofenóis tem ação semelhante ao pentaclorofenol. Pode aparecer cloroacne e coloração amarelada de pele. 
- Manifestações clinicas: Dificuldade respiratória, hipertermia que pode se tornar irreversível, fraqueza, convulsões, perda de consciência. 
- FUNGICIDAS
(1) Etileno-bis-ditiocarbamatos: Alguns compostos (Maneb, Dithane) contêm manganês que pode determinar parkinsonismo pela sua ação no SNC. Presença de etileno-etiluréia (ETU) porduto de biotransformação, com efeitos carcinogênicos (causa hipertrofia e hiperplasia das celulals foliculares tireoidianas q evolue para adenocarcinoma e carcinomas de tireóide. Tb alteram os níveis de hormônios tireoidianos e causam hipertrofia da tireoide ), teratogênicos e mutagênicos em animais de laboratório. Intoxicações por estes produtos ocorrem por via oral, respiratória e cutânea, com baixa toxicidade aguda. Exposição intensa provoca dermatite, faringite, bronquite e conjuntivite. Tem ação semelhante a do dissulfiram, ou seja, inibe a aldeído desidrogenase e pode, após ingestão de etanol, produzir níveis elevados de acetaldeido.
(2) Trifenil estânico: Em provas experimentais com animais há redução dos anticorpos circulantes. 
(3) Captan: baixa absorção pela pele. São irritantes oculares potentes e podem causar leve irritação dérmica. Observado efeito teratogênico em animais de laboratório. 
(4) Hexaclorobenzeno: Pode causar lesões de pele tipo acne (cloroacne), além de uma patologia grave, a porfiria cutânea tardia. 
- FUMIGANTES
Bem absorvidos pela via respiratória e menos pela via dérmica. São excelentes irritantes de mucosas.
 
Brometo de Metila: 
Causa edema pulmonar, pneumonite química, insuficiência circulatória e perturbações neuropsicológicas, como psicoses e tremores (sintomas extrapiramidais). 
Fosfina (Fosfeto de Alumínio): 
Causa lesões herpéticas, por alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. Provoca fadiga, sonolência, tremores, dores gástricas, vômitos, diarréia, cefaléia, hipotensão arterial, edema pulmonar e arritmia cardíaca. 
. 
CONSEQUENCIA DOS AGROTÓXICOS NO MEIO AMBIENTE
A larga utilização de agrotóxicos no processo de produção agropecuária, entre outras aplicações, tem trazido uma série de transtornos e modificações para o ambiente, seja pela contaminação das comunidades de seres vivos que o compõem, seja pela sua acumulação nos segmentos bióticos e abióticos dos ecossistemas (biota, água, ar, solo, sedimentos etc.). Um dos efeitos ambientais indesejáveis dos agrotóxicos é a contaminação de espécies que não interferem no processo de produção que se tenta controlar (espécies não-alvos), dentre as quais se inclui, a espécie humana. 
Existem inúmeros relatos na literatura de criações e animais domésticos e de populações humanas afetados pela ingestão de plantas e alimentos contaminados por agrotóxicos, além do impacto em comunidades e ecossistemas próximos às áreas de plantações e pastos, onde estes produtos são utilizados. Dessa maneira, além do impacto sobre uma população específica de animais ou plantas, a dispersão de agrotóxicos no ambiente pode causar um desequilíbrio ecológico na interação natural de duas ou mais espécies. 
Outro importante impacto ambiental causado por agrotóxicos é a contaminação de coleções de águas superficiais e subterrâneas. De acordo com Zebarth, a deterioração das águas subterrâneas e superficiais representa o impacto ambiental adverso mais importante associado à produção industrial: Para um sistema agrícola ser sustentável, efeitos ambientais adversos da produção agrícola devem ser minimizados, enquanto a competitividade e o lucro devem ser mantidos ou evidenciados. 
A degradação da qualidade de águas subterrâneas e superficiais tem sido identificada como a principal preocupação no que diz respeito ao impacto da agricultura no ambiente. Esta degradação pode ocorrer como resultado do lançamento de produtos químicos agrícolas, ou organismos biológicos, nas águas superficiais e sua movimentação em direção às água subterrâneas. A contaminação desses recursos naturais é de grande importância, pois atuam como via para o transporte destes contaminantes para fora das áreas fonte. Se uma região agrícola, onde se utiliza extensivamente uma grande quantidade ou variedade de agrotóxicos, estiver localizada próxima a um manancial hídrico que abasteça uma cidade, a qualidade da água ali consumida estará seriamente sob o risco de uma contaminação, embora a mesma possa estar localizada bem distante da região agrícola. Assim, não só a população residente próxima à área agrícola estaria exposta aos agrotóxicos, mas também toda a população da cidadeabastecida pela água contaminada. 
Um outro impacto causado por alguns agrotóxicos em coleções d’água diz respeito à modificação da biota com a seleção das espécies mais resistentes e à contaminação de peixes, crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos (e marinhos). A acumulação desses produtos nos animais que habitam as águas contaminadas pode se constituir uma ameaça para a saúde humana através da biomagnificação. A contaminação de peixes (principalmente por organoclorados), crustáceos e moluscos (em especial os moluscos filtradores, como os mexilhões) representam uma importante fonte de contaminação humana, cujos riscos podem ser ampliados a todos os consumidores desses animais como fonte de alimento. 
Esses produtos também podem trazer uma série de problemas para as superfícies onde se depositam, sejam essas coberturas vegetais ou solos desnudos. Algumas superfícies podem ficar fragilizadas, marcadas, ou ainda terem a absorção de elementos minerais (principalmente metais) afetada pela ação desses produtos. 
Outro problema relacionado aos agrotóxicos é a questão da reutilização, o descarte ou destinação inadequada das embalagens vazias que favorecem a contaminação ambiental e provocam efeitos adversos à saúde humana, de animais silvestres e domésticos. Apesar da obrigatoriedade dos usuários devolverem essas embalagens aos estabelecimentos comerciais e da responsabilidade das empresas produtoras e comercializadoras pelo recolhimento e destinação adequada das suas embalagens vazias, prevista desde de 6 de junho de 2000, quando da publicação da Lei 9.974, alterando a Lei 7.802/89, a sua grande maioria ainda não está sendo devolvida e, portanto, nem recolhida. Anualmente, os agrotóxicos comercializados no país, estão sendo colocados no mercado por meio de cerca de 130 milhões de unidades de embalagens e são recolhidas e destinadas adequadamente, somente, 10 a 20%. O que será que está acontecendo com as demais embalagens vazias? 
Como poderemos observar ao longo da presente publicação, os agrotóxicos representam um importante risco à saúde das populações humanas e ao ambiente devendo, por isso, ser utilizados apenas sob estrita orientação científica e em casos onde sejam absolutamente imprescindíveis. O modo e a extensão com que esses produtos vêm sendo empregados em nosso país têm trazido efeitos deletérios muito maiores que qualquer benefício, tanto do ponto de vista ambiental quanto da saúde humana.
USO DE AGROTÓXICOS
A UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NO PAÍS: Desde a década de 50, quando se iniciou a chamada ‘revolução verde’, foram observadas profundas mudanças no processo tradicional de trabalho agrícola, bem como em seus impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas delas baseadas no uso extensivo de agentes quimicos, foram disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção contra insetos e outras pragas. Não se pode negar o crescimento, em termos de produtividade, proporcionado pela difusão de tais tecnologias no campo. Entretanto, essas novas facilidades não foram acompanhadas pela implementação de programas de qualificação da força de trabalho, sobretudo nos países em desenvolvimento, expondo as comunidades rurais a um conjunto de riscos ainda desconhecidos, originado pelo uso extensivo de um grande número de substâncias químicas perigosas e agravado por uma série de determinantes de ordem social. 
Além disso, as mudanças no processo produtivo e o implemento tecnológico de uma maneira geral podem estar, também, associados à exclusão e marginalização dos trabalhadores rurais que não têm acesso a tais mudanças, levando a uma inserção na economia de mercado desfavorável e injusta e, ainda, favorecendo o surgimento de novas injúrias à saúde e à segurança do homem do campo. Dentro desse contexto, os agrotóxicos aparecem como importante exemplo dessa (triste) realidade. A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada ano, entre três e cinco milhões de pessoas são contaminadas por agrotóxicos em todo o mundo. Alguns autores acreditam que tais números podem chegar a 25 milhões de trabalhadores/ano somente nos países em desenvolvimento. É inegável a seriedade do problema, sobretudo nos países em desenvolvimento, responsáveis por aproximadamente 20% do consumo mundial de agrotóxicos e onde estão localizados 70% dos casos de intoxicação. Entre 1883 e 1997, os gastos mundiais com agrotóxicos aumentaram de 20 para 34 bilhões de dólares/ano. 
A América Latina foi a região do planeta onde se observou um maior aumento no consumo desses produtos (aproximadamente 120%). Isto ocorreu, principalmente, por causa da influência do Brasil, que, no período, aumentou seus gastos na aquisição desses insumos de 1 para 2,2 bilhões de dólares/ano (entre 1964 e 1991, o consumo de agrotóxicos aumentou 276,2%, em relação a um aumento de 76% na área plantada – MMA, 2000). De acordo com o Sindag, em 2001, o Brasil consumiu 328.413 toneladas de agrotóxicos. Considerando o consumo dos dez principais países consumidores desses produtos (que representam 70% do mercado mundial), o Brasil aparece em 7o lugar no ranking, com os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais contribuindo com aproximadamente 50% do montante total utilizado no país. 
Tal situação tem antecedentes históricos importantes. A utilização de agrotóxicos no Brasil tem origem, basicamente, no período de 1960-70, quando no campo constatava-se um progressivo processo de automação das lavouras, com o implemento de maquinário e utilização de produtos agroquímicos no processo de produção. Isso foi estimulado, sobretudo, pela implementação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que vinculava a concessão de empréstimos aos produtores à fixação de um percentual a ser gasto com agrotóxicos, considerados, então, símbolo da modernidade no campo. Estimuladas pelos benefícios das políticas de importação, as grandes indústrias químicas multinacionais começam a visualizar a América Latina, e, sobretudo, o Brasil, como um novo e crescente mercado para os seus produtos. No final da década de 70, observou-se a comercialização dos primeiros produtos agrotóxicos em larga escala, com disponibilidade de estoque e consumo. Na segunda metade da década de 80, temos um massivo aporte de tais produtos, devido à implantação de alguns desses segmentos produtivos no parque industrial sul-sudeste brasileiro. 
Na primeira metade da década de 80, nos países do então chamado Primeiro Mundo (desenvolvidos), os efeitos nocivos dos agrotóxicos começam a ser descritos por vários autores. Logo, uma série de políticas restritivas começou a ser implementada nesses países, preconizando a redução da utilização/produção de certos produtos (como os agrotóxicos organofosforados e os herbicidas) e a proibição de outros (como os agrotóxicos organoclorados). A implantação dessas políticas resultou numa verdadeira ‘fuga’ das indústrias químicas multinacionais para os países do então chamado Terceiro Mundo. Atualmente, existem somente no Brasil 7 grandes indústrias (multinacionais) produtoras de agrotóxicos, com 397 ingredientes ativos divididos em 1.854 produtos comerciais. Dentro desse contexto, o Sistema Nacional de Informações Tóxico Famacológicas registrou, no ano de 2000, aproximadamente 8.000 casos de intoxicações por agrotóxicos. O Ministério da Saúde estima que, para cada caso notificado, existam hoje outros 50 não notificados, o que elevaria esse número para aproximadamente 400.000.1
IMPORTANCIA DA IMFORMAÇÃO ADEQUADA SOBRE O USO DE AGROTÓXICOS
Maior consumidor de agrotóxicos no mundo, segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil contabilizou, conforme dados do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2011, do Ministério da Previdência Social, 14.988 acidentes de trabalho no setor agrícola. Nesse quadro, em que os próprios especialistas encontram dificuldades em estimar quantos trabalhadores adoecem ou morrem pela contaminação proveniente de agrotóxicos, a prevenção é ainda a melhorsaída. Muitos são os casos que dão origem a ações trabalhistas, algumas das quais chegam até o Tribunal Superior do Trabalho, levando a indenizações por danos morais coletivos que já chegaram a R$ 200 milhões.
A realidade mostra a falta de conhecimento a respeito do perigo que esses produtos representam para a saúde e o meio ambiente. Tanto é que os agrotóxicos ainda são conhecidos pelo agricultor brasileiro como "remédio das plantas". E muitos ainda resistem ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, respirador/máscara, viseira, capuz, botas, jaleco e calças impermeáveis, obrigatório na atividade agrícola. Na falta desses equipamentos, o empregador pode ser processado civil e criminalmente, e receber multa do Ministério do Trabalho e Emprego. No caso do empregado, aquele que se recusar a usar o EPI pode ser demitido por justa causa. Um estudo do Ministério da Saúde revela que, além dos trabalhadores rurais, estão expostos ao risco os da área de saúde pública, de empresas desinsetizadoras, de transporte, comércio e indústria de síntese.
Conhecidos também como praguicidas, pesticidas, defensivos agrícolas, agroquímicos ou biocidas, os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para combater insetos e ervas indesejáveis, mas que também causam moléstias e até morte por intoxicação em seres humanos. O inseticida fosfina, por exemplo, usado para evitar problemas na armazenagem da produção agrícola, é um dos sérios fatores de risco para os trabalhadores: a inalação de 300ppm (partes por milhão) desse produto por uma hora é mortal, destaca um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Câncer, aborto e danos cardiorrespiratórios estão entre os males que esses produtos podem causar à saúde humana.
Informações da Anvisa revelam que o Brasil se destaca no cenário mundial como o maior consumidor de agrotóxicos, respondendo, na América Latina, por 86% dos produtos. Em 2008, esse mercado movimentou R$ 7 bilhões no país. Somente o Estado de Mato Grosso usa, em média, 113 milhões de litros de agrotóxicos por ano.
Em todo o Brasil, o volume pode chegar perto de um bilhão de litros, avalia o médico Wanderley Pignati, coordenador de um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso que constatou a presença de resíduos de agrotóxicos no leite materno. Artigo publicado na revista Vigilância Sanitária em Debate, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), propõe a revisão periódica do registro de agrotóxicos no país, em caráter urgente, para identificar e proibir o uso de agrotóxicos que sejam extremamente danosos à saúde, a exemplo do que ocorre com medicamentos.
Acidentes no setor agrícola, Entre os 14.988 acidentes de trabalho ocorridos em 2011 no setor agrícola, informados no Anuário Estatístico da Previdência Social, incluem-se os acidentes típicos - decorrentes da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado - e acidentes devidos à doença do trabalho - ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social. Desse total também fazem parte os 996 acidentes de trajeto, que ocorrem no percurso casa-trabalho. Os dados disponibilizados não apresentam registros específicos dos acidentes causados por agrotóxicos.
O registro de acidentes com trabalhadores na produção agrícola é realizado por tipos de cultivo. As lavouras temporárias, aí incluído o cultivo, entre outros, de cereais, cana-de-açúcar, fumo e soja, contabilizam 8.418 acidentes; as lavouras permanentes, incluído o cultivo de laranja, café e cacau, têm 5.031 registros; a produção de sementes e mudas alcançam 1.208 acidentes, e horticultura e floricultura registram 331 casos.
Casos judiciais, Dos casos judiciais que chegaram ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em decorrência da exposição de trabalhadores a agrotóxicos durante o exercício de suas atividades profissionais, há situações das mais diversas. Um deles, porém, teve projeção nacional e foi encerrado este ano com acordo, homologado pelo TST, entre representantes dos trabalhadores e das empresas Raizen Combustíveis S.A. (Shell) e Basf S.A. (RR-22200-28.2007.5.15.0126). Foi acertado o pagamento, pelas empresas, de indenizações por danos morais coletivos de R$ 200 milhões e danos morais individuais no total de R$ 83,5 milhões. O processo teve origem em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho para reparação dos danos causados a trabalhadores vítimas de contaminação química em Paulínia (SP).
Esse foi apenas um dos processos contra a Basf S.A. Ela está envolvida em mais duas ações, nas quais um dos trabalhadores passou a sofrer de hepatite e o outro, de leucopenia crônica. O primeiro foi diagnosticado também com nódulos cancerígenos na tireoide e será indenizado em R$ 120 mil. O segundo, um operador de empilhadeira que movimentava tambores contendo óxido de etileno e propileno e inalava os vapores desses produtos, receberá R$ 100 mil. (RR - 84200-89.2004.5.15.0087 e RR - 74100-48.2006.5.15.0138)
Também para um empregado da Eli Lilly do Brasil Ltda., empresa farmacêutica, a deficiência das máscaras utilizadas como equipamento de proteção individual e a consequente inalação de produtos químicos e herbicidas teve como consequência uma grande lista de doenças: depressão, distúrbios gastrointestinais, dores articulares migratórias, taquicardia, hipertensão, cefaleia, perda de resistência, infecção constante, rinite e sinusite alérgicas, lapsos de memória, redução da força muscular, dentes quebradiços, cansaço, mal-estar e tontura. A empresa foi condenada a pagar R$ 90 mil de indenização por danos morais ao operador de Cosmópolis (SP). (AIRR - 143500-54.2007.5.15.0126)
Em outro processo, um operador de máquinas que, por mais de dez anos, aplicou produtos tóxicos em grãos armazenados para uma empresa de Pontalina, no estado de Goiás, ficou totalmente incapacitado para o trabalho devido a crises convulsivas de epilepsia, decorrente da falta de uso de equipamentos de proteção. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi condenada logo na primeira instância a pagar 100 salários mínimos por danos morais e 50 salários, por danos materiais. (AIRR - 170400-36.2005.5.18.0005)
Prevenção, Com especial atenção à prevenção de acidentes de trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) instituíram o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, em parceria com diversas instituições públicas e privadas. Para discutir problemas e soluções, o TST e o CSJT realizarão, em setembro, o 2º Seminário Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
O Programa Trabalho Seguro, como também é chamado, visa à formulação e execução de projetos e ações nacionais voltados à prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Seu principal objetivo é contribuir para a diminuição do número de acidentes de trabalho registrados no Brasil nos últimos anos.

Outros materiais