Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO À IMUNO- HEMATOLOGIA ERITROCITÁRIA Profª. Karla Melo CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU Antígenos eritrocitários • São apresentados na superfície das hemácias humanas • A membrana eritrocitária é composta de proteínas, carboidratos e lipídeos que interagem. • Muitos dos componentes de membrana funcionam como antígeno • A maioria dos Ag é componente intrínseco da membrana, formado durante o desenvolvimento da hemácia – Exceções: Lews • Mais de 300 antígenos eritrocitários • Distribuídos em 34 sistemas de grupos sanguíneos Karla Melo 3 • 28/29 genes identificados • Polimorfismos de GS definidos ao nível genético • Antígenos carreados em proteínas são codificados diretamente pelos genes • Antígenos carbohidratos estão sob o controle de genes que codificam glicosiltransferases • Análise molecular dos genes de GS pode ser útil na clínica • Entendimento das bases moleculares de GS permite explorar a função da proteína Antígenos de grupos sanguíneos: produtos de genes Constituição química dos antígenos de grupos sanguíneos Carboidratos ABO Lewis P Proteínas Rh Kell Kidd Duffy MNSs Diego Clinicamente mais importantes • Os Ag são polimórficos e induzem a formação de anticorpos • Anticorpos naturais: anticorpos formados sem necessidade de contato prévio. • Ex: ac sistema ABO • Anticorpos irregulares: anticorpos formados a partir da exposição a um antígeno . Ocorrência não esperada. • Ex: aloimunizacao pelo sistema Rh • DOADOR antígeno Kell + • RECEPTOR antígeno Kell – = • Aloimunização: produção de anticorpos anti- eritrocitários pelo receptor Karla Melo 8 Características dos anticorpos • QUANTO À CAPACIDADE DE CAUSAR HEMÓLISE IN VIVO • Anticorpos frios: reagem bem em temperaturas baixas 4 a 18°C. – Ig M • Anticorpos quentes: reagem bem a temperatura corporal. – Ig G – Clinicamente significante Tipos de hemólise • Hemólise intravascular – Ativação de complemento e hemólise intravascular das hemácias transfundidas – Pode haver febre, dor torácica, náuseas, eritema, dispnéia e oligúria. Pode culminar em morte, com choque, coagulação intravascular disseminada e insuficiência renal. • Hemólise extravascular ou reações hemolíticas tardias – Ocorre em 0,05 a 0,07% das transfusões realizadas. – A reação hemolítica tardia é extravascular e ocorre devido à produção de anticorpos antieritrocitários. – Pode ocorrer horas ou até três semanas após a transfusão de hemácias incompatíveis e é mediada por anticorpos incompletos (classe IgG), ocorrendo um significativo aumento de bilirrubina e, por consequência, hepatoesplenomegalia • REAÇÃO TRANSFUSIONAL • AÇÃO CONTRA O QUE É ESTRANHO • Anticorpos • Sistema complemento • Linfócitos Karla Melo 11 • IgM : Uma única molécula de IgM é suficiente para ativar o complemento, graças a sua formação pentamérica. • IgG : São necessárias múltiplas moléculas de IgG para ativar o complemento. Dos subtipos de IgG, a IgG4 não ativa o complemento; as demais ativam, sendo que a IgG3 é a que é mais eficaz e a IgG2 é a mais fraca na ativação Karla Melo 13 Se o indivíduo recebe sangue incompatível (presença de Ag estranho) Anticorpos preexistentes se ligam às células transfundidas Ativam o sistema complemento LISE DAS HEMÁCIAS ESTRANHAS REAÇÃO TRANSFUSIONAL REAÇÃO NAS TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS Reação hemolítica imediata Lise intravascular das hemácias ◦ Sistema complemento e fagocitose Liberação de hemoglobina Tóxica para as células renais Insuficiência renal Liberação maciça de Citocinas: febre alta, choque e coagulação intravascular disseminada REAÇÃO NAS TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS • Reações hemolíticas tardias • Incompatibilidade com grupos sanguíneos menores • Perda progressiva das células transfundidas • Anemia e icterícia REAÇÃO NAS TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS LINFÓCITOS ATIVADOS POR MOLÉCULAS MHC ESTRANHAS • Destroem as células que apresentam antígenos estranhos – Reação transfusional não hemolítica IMUNIDADE CELULAR 17 KARLA MELO TESTES IMUNO- HEMATOLÓGICOS: HEMAGLUTINAÇÃO • O potencial zeta: força de repulsão das hemácias pela carga da membrana. • A presença de Ac IgM é capaz de quebrar o potencial zeta. • Os Ac IgG, por serem pequenos, podem precisar de um soro anti-igG (soro de Coombs), que funciona como revelador. Características dos anticorpos • QUANTO À CAPACIDADE EM AGLUTINAR NOS TESTES LABORATORIAIS • Anticorpos completos: promovem aglutinação de hemácias em meio salino. – IgM • Anticorpos incompletos: reagem com antígeno mas não promovem aglutinação de hemácias. – Ig G TECNICAS PARA TESTES IMUNO-HEMATOLÓGICOS TÉCNICA EM TUBO • Na técnica em tubo são utilizados tubos de vidro ou plástico medindo 10 mm ou 12 mm x 75 mm, onde são dispensados reagentes e amostras. • Após centrifugação, procede-se a análise da aglutinação. • Atentar para: – Certeza que dispensou os reagentes – Correta interpretação da aglutinação Tubo A B Tubo AB O Técnica em Gel • Em 1985 foi desenvolvido pelo Dr. Yves La Pierre, Lyon França, na tentativa de encontrar metodologias com reações mais estáveis que os tradicionais em tubo • São utilizados cartões contendo Gel Sephadex 6100 ou Poliacrilamida, a combinação antígeno-anticorpo é retida pelas micro esferas do gel, o que facilita a identificação da reação após centrifugação. • Controle de duas variáveis especificas: – Ressuspensão física dos botões eritrocitários – Interpretação das reações de hemaglutinações Técnica em Gel • Cada microtubo é composta por uma câmara de reação superior que é mais larga que o próprio tubo, e uma parte longa e estreita chamada coluna, mede de 5a7 cm, contendo 6 microtubos. • Ocorrendo reação antígeno-anticorpo, os aglutinados formados são retidos na superfície da coluna do gel, determinando o padrão de positividade do teste, já as hemácias livres irão se depositar no fundo do gel. • Essa técnica é a mais utilizada para fenotipagem ABO, pesquisa de anticorpo e prova de compatibilidade. Técnica em Microplaca • Consiste na utilização de microplacas de acrílico com fundo em U, utilizada para automação. • Esta é uma técnica mais utilizada por hemocentros, pois possuem uma maior demanda e necessidade de resultados rápidos. • O aparelho é maior, requer umas manutenções mais especializadas e reagentes adequados à técnica. • A interpretação da aglutinação também é diferente: o botão de hemácias no fundo do tubo indica negativo e o tapete de hemácias em todo o poço indica positivo. POS NEG NEG NEG NEG POS Técnica em Microplaca P direta P reversa POS NEG NEG NEG NEG POS EXAMES DE ROTINA ANTES DE UMA TRANSFUSÃO PROFª KARLA MELO • ROTINA ANTES DE UMA TRANSFUSÃO: • 1. Fenotipagens ABO e RhD • 2. Triagem de anticorpos – Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) • 3. Teste de compatibilidade – Entre o paciente e o doador • Médico hematologista solicitou 03 CH para a paciente Maria Silva que está com anemia grave. • A equipe de enfermagem coleta amostra(10mL) sem anticogulante da senhora Maria e envia à agência transfusional (AT). • E AGORA???? • Profissional da agência realiza o ABO/RhD/PAI da paciente: O+/PAI neg • Retira os segmentos de três bolsas de CH O+ : confirma O+, realiza prova cruzada entre o sangue dos segmentos e soro do receptor, resultado: compatíveis. • Libera as bolsas para transfusão • Mas... Por que mesmo estes testes foram realizados??? Fenotipagem ABO e RhD • Sistema ABO – As RT mais graves envolvem incompatibilidade ABO, onde a existência prévia de anticorpos circulantes pode levar a ativação de complemento e hemólise intravascular das hemácias transfundidas • Sistema RhD – 2º sistema eritrocitário em importância clínica A maioria dos Ac é IgG, Reage ótimo a 37ºC Produzidos após sensibilização (exposição ao antígeno) São altamente imunogênicos, o D é o mais potente Não ligam complemento (Destruição extravascular) PAI PESQUISA DE Ac IRREGULARES • PESQUISAR A PRESENÇA DE ANTICORPOS ANTIERITROCITÁRIOS IRREGULARES = INESPERADOS • Pesquisa se o receptor já foi sensibilizado. – Como? Gestação ou transfusão prévia • Testa soro/plasma do paciente contra 2 ou 3 amostras de hemácias (células de triagem). • D, C, E, c, e, K, k, Fy(a), Fy(b), Jk(a), Jk(b), M, N, S, s, P1, Le(a), Le(b) • Se o paciente possuir anticorpos antieritrocitários irregulares, irão aglutinar as hemácias = teste positivo. TRIAGEM DE ANTICORPOS: PAI • Quando a pesquisa de anticorpos antieritrocitários irregulares (PAI) mostrar resultados positivos, recomenda-se a identificação da especificidade do(s) anticorpo(s) detectado(s) para seleção segura de concentrados de hemácias fenotipados a serem transfundidos. • ANTICORPO IDENTIFICADO • FORNECIMENTO DE HEMÁCIAS APROPRIADAS PARA A TRANSFUSÃO - FENOTIPADAS • Se clinicamente significante, o sangue doado não pode conter os Ag relacionados • PROVA DE COMPATIBILIDADE (PROVA CRUZADA) IDENTIFICAÇÃO DE Ac IRREGULARES PROVA CRUZADA MAIOR • Mistura: • Hm do doador e soro do receptor • Positivo: não pode ocorrer transfusão - INCOMPATÍVEL • Negativo: bolsa liberada para transfusão - COMPATÍVEL Karla Melo 38 • § 5º Quando os resultados dos testes pré-transfusionais demonstrarem que não há concentrado de hemácias compatível para o receptor, o serviço de hemoterapia comunicará este fato ao médico solicitante e, em conjunto com este, realizará a avaliação clínica do paciente. • Saber, (antes da transfusão) se o receptor já foi sensibilizado: – Pesquisa de anticorpo irregulares (PAI), também chamado Coombs indireto (TAI). • Saber qual é a especificidade do anticorpo irregular: – Identificação de anticorpos irregulares
Compartilhar