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MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE GESTÃO AULA 3 Prof.ª Elaine Cristina Hobmeir 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a)! Esta é a Aula 3 da disciplina Modelos Contemporâneos de Gestão do curso de Administração de Empresas. Estudaremos os seguintes assuntos neste encontro: O perfil gerencial contemporâneo Equipes autogeridas Gestão por competência e era da empregabilidade Introdução Para iniciar os estudos, leia o seguinte estudo de caso sobre a gestão de pessoas de uma empresa mundialmente bem-sucedida – a Walt Disney! Walt Disney Company e seu público interno e externo A Walt Disney Co. tem três divisões principais: Filmes de entretenimento; Produtos de consumo; Parques temáticos e resorts. A maneira de operar os parques temáticos, situados na Califórnia, Flórida, Tóquio e Paris, nos mostra como é forte a sua cultura organizacional. A empresa reconhece a importância das pessoas no tratamento de seus clientes, uma vez que os seus funcionários estão em permanente contato com seus clientes e podem criar impressões boas ou más. Daí a sua preocupação em preparar seu pessoal interno (funcionários) para atender o pessoal externo (clientes ou consumidores). A Disneyworld e a Disneyland utilizam um programa de integração formal, coletivo e serial para assimilar novos funcionários, para que eles tenham uma nova identidade, desenvolvam atitudes positivas e atendam bem os clientes. O Programa tem oito horas de orientação seguidos de 40 horas de aprendizagem nos parques. 3 A linguagem assume fundamental importância. Não há funcionários, apenas “membros do espetáculo”. As pessoas não têm cargos, mas papéis. Os clientes são chamados de “convidados”, os passeios são chamados de “atrações”, o pessoal de reforço é “anfitrião de segurança”, uniformes são “fantasias”, acidentes são “incidentes” e assim por diante. O programa utiliza os seguintes meios: 1. Os novos funcionários recebem do departamento de RH um esquema especial de boas-vindas, recebem instruções por escrito, a quem se reportar, o que vestir e a duração de cada fase do treinamento; 2. Os novos funcionários são encaminhados à Universidade Disney para um curso de orientação em tempo integral, sentam-se quatro em cada mesa e de início cada funcionário fica conhecendo três colegas e se sente parte de um pequeno grupo; 3. Os funcionários aprendem como exercerão cada um dos papéis envolvidos na produção do espetáculo; 4. Os funcionários no dia seguinte recebem suas atribuições específicas e submetem-se a um treinamento adicional de vários dias antes de entrar em cena; 5. Os novos funcionários recebem um treinamento adicional sobre como responder as questões dos convidados e resolver seus problemas; 6. Recebem um jornal com as notícias de atividades, oportunidades de emprego, benefícios e ofertas educacionais; 7. Cada gerente passa uma semana na linha de frente, vende ingressos ou recebe ingressos, vende pipocas ou organiza grupos de passeio, é uma maneira do pessoal da administração conhecer o que acontece no parque, para satisfazer os visitantes e ajudar a manter a qualidade nos serviços. Todos os gerentes usam crachás com o primeiro nome e não tem identificação de seu cargo ou função, não importando o nível hierárquico. Não é de admirar que os funcionários da Disney tenham tanto sucesso em satisfazer seus “convidados”. A atenção que a administração dispensa aos funcionários faz com que eles se sintam pessoas importantes e responsáveis pelo “show”. A ideia de posse da organização faz com que eles derramem 4 satisfação sobre os milhões de visitantes com os quais entram em contato. Para obter satisfação do cliente a Disney investe nos funcionários (CHIAVENATO, 1999, p. 151-153). CONTEXTUALIZANDO O que achou do caso Disney? Poucas empresas conhecem o segredo da formação profissional como essa empresa. É fácil entender por que a Walt Disney World é tão preocupada e eficiente com a seleção e o treinamento de seu pessoal. São os funcionários, jovens na maioria e muitas vezes inexperientes, os encarregados pelo negócio da empresa, ou seja, fazer sorrir milhões de pessoas. O treinamento “Disney” a um candidato a condutor de barcos, por exemplo, supera em muito o preparo oferecido por inúmeras empresas aos operadores de suas máquinas mais sofisticadas. Leslie Bays, responsável por seminários de treinamento, que trabalha na empresa desde 1975, conclui: “Nossos produtos são muito bons, mas é o toque humano que produz uma experiência boa ou ruim. ” Esse tipo de tratamento aos funcionários nos leva à conclusão que: a) Os funcionários são treinados para perceber as emoções dos visitantes e tratar cada emoção de modo adequado. b) As companhias devem ter em mente que os funcionários das áreas de serviços não rendem mais se forem apoiados e valorizados, apenas se receberem incentivo financeiro. Confira o feedback das questões no material on-line! TEMA 1: O PERFIL GERENCIAL CONTEMPORÂNEO Tendências contemporâneas nas organizações O teórico Peter Drucker afirma que estamos assistindo a terceira revolução industrial, na qual o ponto- 5 -chave é a decadência do setor industrial quanto à geração de riqueza e de empregos. Alguns dados que corroboram essa hipótese são: O poder aquisitivo dos produtos manufaturados é atualmente 1/4 do que foi em 1960. Os empregos na década de 1960 representavam 35% da força de trabalho mundial, mas atualmente representam apenas 16%. Quando Drucker denomina a atual era como Era da Informação. Ele aponta as questões informacionais como o recurso corporativo capaz de substituir a crise das competências organizacionais da era industrial. No passado, as organizações se diferenciavam pela sua capacidade de produzir eficientemente, o que implicava investimento em: Controle de custos Aperfeiçoamento de linha de produção Otimização do processo produtivo (por exemplo, produção em escala e padronizada). Hoje, tendo em conta o fácil acesso às tecnologias de produção da Era Industrial, a diferenciação ocorre através de: Adequado processamento das informações e retenção de conhecimento pelas organizações. Conheça as principais mudanças nos diferenciais competitivos das organizações nas eras Industrial e da Informação: Era Industrial Tecnologias de Processo Controle de Custos Produção em Escala Era da informação Processamento de informações estratégicas Rápida adaptação às mudanças 6 Knowledge worker Outras mudanças fundamentais para este processo são: Crescimento demográfico Em alguns países desenvolvidos, a proporção da população jovem reduziu e só está se mantendo devido a imigração, mas até o ano de 2020 a tendência será uma diminuição significativa. Knowledge worker Força de trabalho baseada no conhecimento, ou seja, trabalhadores que são principalmente tecnólogos do conhecimento. Esse tipo de profissional é o que mais cresce nesta era e ganha independência em relação aos empregadores, pois tem a posse do conhecimento necessário para o trabalho. Importância das pessoas Ao falar da ideia do aprendizado pessoal, o pesquisador Lévy alerta que muitas vezes, pensamos que não precisamos fazer esforço pessoal para aprender e acrescentar à sociedade. Isso é um erro, pois não podemos esquecer que a inteligência coletiva emerge do conhecimento de todos. Logo, o trabalho mais significativo no contexto atual é aprender.Infelizmente, a maioria das empresas ainda acredita na realidade aplicada no século XIX, pensando que os funcionários dependem mais da empresa do que o inverso, mas o que ocorre é o oposto. Como podemos afirmar isso? O atual funcionário do conhecimento tem autonomia e não depende tanto das organizações. Logo, as empresas terão que se adaptar para que a mudança seja rápida, focando sempre as oportunidades. As organizações atuais ainda ficam muito presas aos problemas e deixam as oportunidades passarem. O preocupante é que os executivos não se dão conta de que quem realmente realiza o trabalho não é a tecnologia, o dinheiro ou processos, mas sim as pessoas. O maior desafio atual é tornar as pessoas produtivas. Podemos verificar que os funcionários e as empresas estão buscando a reorganização permanente e a valorização das especialidades para alcançar o sucesso. Essa capacidade de formar rapidamente coletivos inteligentes irá se tornar a principal arma de competição em um espaço econômico globalizado. 7 O perfil gerencial contemporâneo deve ser capaz de atender às tendências contemporâneas. Pensando nisso e no que foi estudado até aqui, reflita: Qual é o papel gerencial desta nova era? Quais são as diferenças entre o líder e o gestor? De que maneira as organizações aplicam a gestão por competência? Como se ajustar à era da empregabilidade? Sugestão: converse com seus colegas de trabalho e observe os procedimentos de sua própria empresa em relação a isso! Assim, você tem um ponto de partida prático e familiar. O papel gerencial: um perfil modernizador O papel gerencial é muito antigo, mas antigamente a Administração não era sistematizada de forma racional nem vista como ciência. Entenda o desenvolvimento da gestão na história da humanidade: Apenas a partir da Revolução Industrial no século XVIII é que vemos se estabelecer a emergência de uma gestão moderna, que se deu especialmente pela pressão do contexto, pois as organizações se viram forçadas a criar padrões de eficiência produtiva. Anteriormente, as funções de proprietário e gerente eram desenvolvidas pela mesma pessoa em um sistema centralizador; após a ampliação das organizações, os proprietários se viram obrigados a treinar mão-de-obra específica, e, assim surgiu a função do administrador profissional assalariado. Considerando que a direção geral das fábricas na Revolução Industrial ainda era feita pelo empreendedor-proprietário, o gerente assalariado de nível hierárquico médio só apareceu nas indústrias após 1840, como uma forma de otimizar o controle do processo produtivo, surgindo devido a inviabilidade da gestão de toda a fábrica por membros da família. Como as organizações foram crescendo, viu-se nessa ampliação um aumento da estrutura hierárquica e um a especialização de funções e da 8 profissionalização, e logo surgiu a necessidade do gerente profissional na gestão da empresa. Após um tempo, surgiram as áreas organizacionais e seus respectivos gerentes, tais como marketing, produção, vendas, finanças, logística, entre outros. E foi justamente estas áreas funcionais que determinaram os critérios exigidos para as habilidades, capacidades e competências dos executivos. Contudo, a era da informação apresenta novas exigências. Vários autores tentaram interpretar o melhor quadro gerencial para as organizações contemporâneas. Neste aspecto, Drucker (1993) lembra que a função gerencial independe da área da atividade profissional. Outros autores defendem que o conhecimento técnico é fundamental para o gerente, referindo- se a ele como administrador. Sobre esta polêmica, conheça diferentes pontos de vista: Após observar as estruturas das atividades da alta gerência, Mintzberg (citado por Bowditch & Buono, 1992), constatou que elas agrupavam as relações interpessoais, capacidade de facilitar e viabilizar a transferências de informações e o processo de tomada de decisão. Respaldado nesses resultados, Mintzberg estabeleceu três conjuntos básicos de papéis que os gerentes desempenham em sua função dentro da empresa: papéis interpessoais, informativos e decisórios. Já Kotler apontou outros problemas em relação à visão clássica das funções da gerência. Este autor verificou que, nas organizações contemporâneas, há uma grande dificuldade em identificar o comportamento gerencial nas categorias de planejamento, organização e controle. Ele ainda identificou dois desafios principais no trabalho gerencial, que são: liderar com a incerteza, ambiguidade e sobrecarga de informações, além disso como conseguir resultados satisfatórios no grupo que gerencia. Planejamento Antes: Controlado por relatórios, reuniões e opiniões aplicadas na administração 9 Agora: Foco em redes de relacionamento e motivação pessoal, direcionada a um grupo amplo de funcionários subordinados. Implementação Antes: Aplicada aos recursos orçamentários e à base de informações Depois: Ênfase nas habilidades interpessoais do gerente, sua capacidade de influenciar pessoas e capacidade de liderança As mudanças observadas por diferentes autores enriqueceram a função gerencial, que envolvem atualmente o conhecimento de vários recursos, tais como os tecnológicos, financeiros, humanos e materiais, onde cada uma destas áreas depende de valores culturais, do estágio da empresa, do local e da capacidade de articulação de cada grupo. A gerência era identificada como uma ciência quase que exata, mas hoje em dia é vista como uma prática de natureza mais subjetiva, onde necessita-se de uma avaliação ampla da situação, seleção de objetivos e propósitos, planejamento estratégico, alocação de recursos e motivação da equipe. Os pioneiros do gerenciamento de cem anos atrás estavam certos. A estrutura organizacional é necessária (...) mas os pioneiros estavam errados ao supor que existe – ou deve existir – uma organização certa. Como há um grande número de estruturas diferentes para as organizações biológicas, também há várias organizações para o organismo social, que é a instituição moderna. Em vez de buscar a organização certa, a gerência precisa aprender a procurar, desenvolver e testar a organização adequada a tarefa. (DRUCKER, 2000, p. 24). No cenário atual, a produtividade do trabalhador do conhecimento pode se tornar o centro do gerenciamento de pessoas da atualidade, como ocorreu há cem anos com Frederick Taylor e o trabalho da produtividade do trabalhador braçal. Com isso, pode-se afirmar que não se “gerencia” pessoas; a tarefa é liderar pessoas e a meta é tornar produtivos as forças e o conhecimento específicos de cada pessoa. Neste contexto, a liderança é apenas uma parte do papel gerencial, mas é de suma importância para todo o processo! 10 Mas qual é a diferença entre um gestor e um líder? É sobre isso que estudaremos a seguir! Organizações contemporâneas precisam de líderes ou gestores? A grande questão que permeia a Administração na atualidade, principalmente na gestão de pessoas, é a diferença entre liderança e gerência. Neste pensamento, nem todo líder é um bom gerente e nem todo gerente é um bom líder. Mas como unir essas duas funções de maneira a agregar valor à organização? Algumas vezes confundem-se os conceitos de líder e gestor, mas é importante salientar que os dois termos não são sinônimos na prática organizacional contemporânea. Gerência Tem foco nas atividades, logo, pode haver muitos atritos; a tensão é constante e o comprometimento dos funcionários é de curto prazo. É responsável pela direção da empresa e deveestar atenta aos cenários interno e externo da organização, aos recursos disponíveis na empresa e de que maneira os aplicar. Liderança O foco é nas pessoas, o desgaste nos relacionamentos é menor e o comprometimento é a longo prazo. Diz respeito aos aspectos humanos da organização, que deve ser entendida, antes de tudo, como uma entidade social. Interfere na cultura da empresa e é focado diretamente na relação interpessoal. Algumas correntes de pensamento consideram que a função do gerente extrapola a do líder. Sobre este aspecto, muitos autores são taxativos, como podemos ver nas afirmações de Knapik: “A liderança é necessária em todas as atividades de um grupo organizado, mas não deve ser confundida com gerência”. (KNAPIK, 2011, p.95) 11 “Liderança é a influência interpessoal exercida em um determinado contexto. Trata-se de um fenômeno social, uma capacidade de influenciar as pessoas por meio de ideias, exemplos e ações e fazer com que atinjam metas propostas ou passem a acreditar em crenças ou conceitos”. (KNAPIK, 2011, p. 83) O bom gestor deve ter perfil de liderança, mas nem todos os gestores conseguem influenciar e cativar as equipes e alguns deles nem mesmo exercem algum tipo de liderança. Agora você pode estar se perguntando: Se eu fosse gestor, será que eu seria um líder? Essa questão é difícil de ser respondida de imediato, pois depende de vários fatores, principalmente intrínsecos. Como já foi mencionado, gerenciar tem uma conotação mais administrativa, pois depende de técnicas gerenciais e conhecimentos, tanto técnicos, como teóricos e organizacionais. O desempenho efetivo dos gestores depende diretamente da mistura de dois fatores: diversos estilos de liderança e das técnicas gerenciais. No caso dos gerentes, eles dependem dos fatores organizacionais e também das relações funcionais que advêm das condições ambientais e das práticas administrativas. Essa liderança identificada é a formal, em que a organização impõe a influência sobre o grupo. Mas, muitas vezes, você pode identificar nas organizações líderes natos que não ocupam uma posição gerencial na empresa, não é verdade? Por que isso acontece? É devido à ausência das competências técnicas e organizacionais. Variáveis ambientais ou as condições das organizações também podem interferir neste fato. Complementando esse assunto, confira um exemplo prático no vídeo a seguir, que mostra os estilos de liderança de Steve Jobs: https://www.youtube.com/watch?v=rJO3LpgB0J0 Pode-se concluir que um gerente eficiente se dá devido a união de vários fatores relacionados à realização de tarefas e do lado emocional, incorporando a segurança, maturidade e capacidade de lidar com situações diversas, já a 12 liderança deve ser desenvolvida e aplicada à gestão. (BANDEIRA, MARQUES E SANTOS, 2012). Tipos de liderança Como vimos, a liderança enfoca pessoas, e a gerência, além das pessoas, engloba processos. O maior desafio dos líderes é fazer com que as pessoas façam o solicitado, realizem tarefas ou cumpram metas. São os líderes que influenciam os indivíduos, os educam e orientam em busca de um resultado comum. Não são em todos os casos que a liderança é positiva. Sendo um fenômeno de influência, pode ser para o bem e para o mal. Casos de lideranças negativas fizeram parte de nossa história, como Jim Jones, que levou 918 pessoas à morte em 1978 na América do Sul, ou o responsável pelo holocausto na Alemanha, Adolf Hitler. Nas organizações não é difícil encontrar funcionários que possuem forte liderança e que não buscam as metas organizacionais, mas objetivos pessoais. Liderança é uma forma especial de poder, intimamente relacionada à forma referencial, pois envolve a habilidade, baseada nas qualidades do líder, de incentivar a concordância voluntária dos seguidores em uma ampla variedade de assuntos. A liderança se distingue do conceito de poder por acarretar influência, isto é, mudança de preferências, ao passo que o poder isolado implica que as preferências dos subordinados são mantidas suspensas. No caso das teorias de liderança, pode-se citar três que representam as tendências mais utilizadas nos modelos gerenciais e fazem parte da Gestão de Pessoas das organizações: Teoria dos traços A teoria dos traços, amplamente utilizada entre as décadas de 1920 a 1950, descrevia que os líderes possuíam traços característicos que reforçavam seu papel, tais como: Opção A. Escolho A. A. Apoio A! 13 Físicos: idade, aparência, peso ou altura; Habilidades: conhecimento, formação, comunicação ou inteligência; Personalidade: autoconfiança, controle emocional e moderação. Nesse tipo de liderança, a pessoa já nasce líder. Teoria dos estilos de liderança Quando falamos sobre os estilos de liderança, podemos citar: Liderança autocrática, onde a chefia é diretiva e centralizada, o grupo deve obedecer ao líder que decide o que deve ser feito, de que maneira e por quem. Os subordinados podem sentir-se frustrados e descontentes com a situação; esse era o modelo gerencial de Taylor e Fayol. No estilo democrático, o gestor procura ouvir as ideias, as sugestões da equipe e encoraja a participação de todos os membros da equipe, os indivíduos trabalham satisfeitos e comprometidos com a organização, este estilo corresponde nas escolas de relações humanas e comportamentais. O terceiro estilo é o da liderança liberal ou laissez-faire, onde o grupo é responsável por suas ações iniciativas e criatividade e o gestor não influencia a decisão. Teoria dos enfoques situacionais e contingenciais Esta é a liderança aplicada de acordo com o conjunto de variáveis, tais como comportamento dos liderados, características do líder e da equipe, análise da situação. Neste tipo de liderança, a situação em que se encontra a organização é indispensável para reunir as características necessárias ao tipo de liderança exigida. Mas, qual é o segredo de uma boa liderança? São vários os fatores que fazem um bom líder, depende principalmente dele mesmo olhar a situação por vários ângulos e ter a percepção da melhor 14 maneira de agir: deve ser perceptivo sobre a situação, os fatores que podem interferir no processo, tendências de mercado, comportamento dos clientes internos e outros fatores. No exercício da liderança, Vergara (2000) cita 3 pilares fundamentais: O líder: traços de personalidade, autoridade formal e informal Os seguidores: expectativas, seus interesses e maturidade A situação: fator determinante, pois diz respeito ao clima psicológico, emergências, riscos, etc. O líder da atualidade consegue despertar engajamento voluntário, fazendo com que muitas vezes as pessoas trabalhem como se a empresa fossem delas. Esse líder não é nem amado nem temido, mas sim admirado e respeitado e é indispensável que os funcionários se identifiquem com sua figura e tornem- se seus seguidores. Neste caso, a base da liderança é o relacionamento entre líder e liderados. O verdadeiro líder deve desenvolver seus liderados, fazer com que a equipe desenvolva visões além do esperado, tendo uma percepção mais ampla e clara dos reais objetivos organizacionais e dos recursos necessários para sua realização. O líder contemporâneo influencia, inspira e motiva as pessoas a darem seu melhor desempenho às organizações. Moderna consciência gerencial As teorias administrativas foram construídas ao longo do tempo com várias abordagens diferentes, e com isso surgiram vários modelos de gestão, pois,seguindo Quinn, “à medida que mudam os valores da sociedade, alteram- se os pontos de vista existentes e surgem novos modelos de gerenciamento”. Essas abordagens foram construídas com os acontecimentos e avanços ocorridos no mundo. Se tomarmos como base a Teoria Clássica da Administração de Fayol e suas funções básicas do administrador que é prever, organizar, comandar, 15 coordenar e controlar, o autor acreditava que a organização acontecia no nível gerencial. Atualmente as organizações são entendidas na gestão e englobam quatro funções no caso o planejamento, organização, direção e controle. Todo gestor deve ter pleno controle destas quatro funções que se complementam e constituem o trabalho da gestão. Para um processo efetivo de gestão, a organização das demandas do ambiente perante os recursos disponíveis deve ser eficaz. Perante o aumento da produtividade, as transformações aceleradas e o aumento da competitividade, as empresas buscam monitorar os cenários micro e macro organizacional, com isso, cada vez mais necessitam de profissionais preparados e aptos a assumirem responsabilidades. Tack, citado por Bergamini (1994, p. 107), observa que: “Os gerentes, muitas vezes, gerenciam departamentos, gerenciam pessoas, mas não os lideram”. Essa nova gestão procura uma integração dos recursos humanos, incitando-os a participar mais, autogestão, a terem iniciativa e criatividade. Esse modelo proposto é descrito por Fischer, onde a autora cita que: “Implica em assumir o ônus de mudar a postura profissional, abdicar da posse de área organizacional poderosa e exclusiva, disseminar os processos e instrumentos da organização, independentemente de critérios hierárquicos e especialização” (1992, p. 63). Essa mudança organizacional é acompanhada diretamente pelo gerente que assume as responsabilidades dos seus sucessos ou até de seus fracassos. Kliksberg (1993, p. 200), refere-se às mudanças deste final de século como “... a capacidade gerencial transformou-se num ‘recurso precioso’, totalmente crítico para o avanço de qualquer sociedade...”. Esse novo perfil gerencial quebra paradigmas e busca a efetividade empresarial, é perceptivo e flexível e possui capacidade de análise e crítica. Com a capacidade de gerir um cenário tão incerto, a vulnerabilidade deste profissional é grande, pois exigem mudanças de comportamentos e 16 quebra de paradigmas organizacionais, por isso a permanência no mercado de trabalho torna-se restrito e exigente. Não deixem de ler o artigo sobre papéis gerenciais disponível a seguir! http://www.coachingourselves.com.br/blog/clipping/os-papeis- gerenciais-henry-mintzberg Assista também ao episódio "O apagão da liderança", do Programa Líderes em Ação! https://www.youtube.com/watch?v=lIJOxfVu_f8 TEMA 2: EQUIPES AUTOGERIDAS Você sabe a diferença entre grupos e equipes? Já pensou que existe uma diferença? Frequentemente, as pessoas confundem esses dois conceitos, então, antes de falarmos de equipes e autogerenciamento, precisamos conhecer a diferença entre eles! Características de grupos e equipes Compare as características dos grupos e equipes: Grupo O grupo interage basicamente para compartilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de responsabilidade. Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade de se engajar em um trabalho coletivo que requeira esforço conjunto. Seu desempenho é apenas a somatória das contribuições individuais de seus membros. Não existe uma sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das contribuições individuais. 17 Equipe Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições individuais”. Portanto as equipes geram sinergia positiva entre os membros e os esforços individuais resultam em um desempenho melhor das pessoas envolvidas. Tipos de equipes As equipes podem realizar diversas tarefas e são divididas em quatro tipos mais comuns. Navegue pela lista para conhecê-las. Solução de problemas Há mais ou menos vinte anos, as equipes começaram a se tornar populares e costumavam ser compostas por cinco a doze funcionários do mesmo departamento que se reuniram para discutir formas de melhorar o trabalho. Essas equipes eram formadas apenas para a resolução de problemas pontuais, sendo dissolvida após a resolução. Elas não tinham autonomia e dependiam de um gestor para dar andamento aos projetos. Autogerenciadas Reúnem em torno de dez a quinze funcionários que executam trabalhos anteriormente desenvolvidas pelos seus superiores. Todas as fases de planejamento, organização, execução e controle são gerenciadas pelos membros da equipe, que também avaliam o desempenho uns dos outros. Multifuncionais O auge desse tipo se deu no fim dos anos de 1980. Os membros são do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores, e se unem para a solução de problemas. Também é conhecida como “força tarefa” temporária. Esse tipo de equipe é interessante pela troca de conhecimentos e informações, já que pessoas de várias áreas ou empresas trabalham em conjunto para atingir um objetivo em comum. 18 Virtuais As pessoas podem colaborar online e utilizam-se da tecnologia para a comunicação. Esse tipo de equipe pode fazer tudo o que as demais equipes fazem e se diferenciam das equipes presenciais devido a três fatores: Não é possível identificar os gestos não verbais e paraverbais; Não há muito contexto social; Não há limitações de tempo ou espaço. O maior problema é a falta de interação e integração do grupo, pois os mesmos não se encontram presencialmente e não conseguem colaborar entre si. O maior diferencial nesse tipo de equipe é com a economia da empresa com relação a estadias, passagens e deslocamento dos funcionários. Criando equipes eficazes Aprendemos sobre o que é uma equipe e que tipos de equipes existem, mas um ponto fundamental sobre esse assunto é muito simples: as equipes precisam funcionar em conjunto para atingir seus objetivos. Logo, cabe aqui a pergunta: Como fazer para desenvolver equipes eficazes? Estudos identificam que não há uma fórmula perfeita para desenvolver equipes eficazes, mas há algumas características que podem ser identificadas nas equipes-modelo e que estão relacionadas à eficácia. O desejo de qualquer gestor é montar a equipe dos sonhos. Sabe-se que essa equipe não existe, mas pode-se chegar bem perto, se observarmos os componentes básicos da criação de equipes. Podemos elencar quatro fatores principais que podem ser utilizados como roteiro ou checklist, mas lembre-se de que não se aplicam rigidamente em qualquer equipe. Veja cada um desses fatores em detalhes. Recursos adequados 19 Esse deve ser o mais importante dos fatores, já que nenhuma equipe consegue trabalhar sem recursos. O grupo precisa do apoio da organização, sejam eles recursos humanos ou físicos, recursos com relação às informações, tecnologia, pessoal adequado, incentivo financeiro, etc. Com esse apoio, as equipes conseguem atingir as metas determinadas. Liderança e estrutura Divisão de tarefas e liderança são itens fundamentais para o funcionamento das equipes, aproveitar as habilidades dos membros da equipe, desenvolver e seguir cronogramas. A liderança nem sempre é necessária, como no caso das equipes autogerenciadas que funcionam perfeitamente sem um líder predefinido. Já as equipes tradicionais que utilizam um líder devem depender das expectativas e estado de espírito do líder para serem eficazes. Clima de confiança Os membros da equipe confiam uns nos outros, e também confiam em seus líderes. A confiança facilita a cooperação dos membros da equipe e fica mais fácil se comprometer com as metas e decisões de seu líder. Sistemas de avaliação de desempenho e recompensas Um dos maiores problemas de uma equipe é com relação ao comprometimento de seus membros. É interessante que a organização apresente aos membros da equipe avaliação e recompensas individuais e em grupo para que os membros se sintam obrigados a dar o seu melhor, senão se prejudicam e prejudicam a equipe. Montar uma equipe ideal é mais do que reunir um grupo de pessoas, mas sim, planejar, elaborar e desenvolver um time de pessoas com objetivos comuns, conhecimentos complementares, comprometidas e com metas definidas. Transformando indivíduos em membros de equipes Falamos até agora sobre as equipes e o seu valor para as organizações, mas é interessante que se saiba que se pode transformar indivíduos em membros de equipes. Pessoas que normalmente preferem trabalhar sozinhas ou 20 ser reconhecidas por meio de suas realizações individuais podem ser inseridas nas equipes e com isso deixam de criar um ambiente competitivo. As empresas identificaram que o trabalho em equipe pode se tornar um grande diferencial competitivo e com isso alimentar funcionários egoístas e egocêntricos não é o foco das organizações contemporâneas. As equipes se ajustam melhor a culturas coletivistas, mas desde pequenos crescemos em um ambiente individualista, então como quebrar esse paradigma? Um ponto que deve ser analisado para essa mudança de cultura é a comunicação aberta e honesta, onde os membros da equipe devem confrontar as diferenças e resolver os conflitos e também sublimar suas metas pessoais para o bem do grupo. A empresa pode ser a grande incentivadora desta mudança, basta valorizar as realizações em equipes e condenar as individuais, projetando essa mudança desde a criação da empresa, ou na implantação de um novo projeto. Leitura obrigatória ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Capítulo 9, pgs. 211 a 226. Assim sendo, existem algumas opções para a transformação dos indivíduos em membros de equipes. Veja a seguir as sugestões! Na seleção, a contratação de um indivíduo com esta habilidade interpessoal é um diferencial, devem buscar este perfil, além das habilidades técnicas requeridas pelo trabalho. Alguns candidatos não possuem habilidades para se trabalhar em equipe, quando se encontra um candidato com este diferencial deve-se ponderar. Outra opção que normalmente é aplicada é o treinamento, com ele os funcionários que ainda desenvolvem uma certa resistência podem ser treinados, essa pode ser considerada uma visão otimista, já que não há garantias que o funcionário possa mudar apenas mediante o treinamento. 21 Os especialistas conduzem exercícios que permitem que os funcionários experimentem a satisfação de se trabalhar em equipe e do aprimoramento das habilidades de resolução de problemas, conflitos, comunicação, negociação e principalmente gerenciamento. A terceira opção são as recompensas, onde os estímulos de esforços cooperativos são reformulados ao invés dos competitivos, normalmente as empresas desenvolvem metas de equipe para diminuir o individualismo. As promoções ou aumentos de salários devem ser dados aos indivíduos como forma de reconhecimento pelo seu trabalho em equipe, alternando com as contribuições individuais para o bem das equipes. Além disso, não se deve esquecer das recompensas intrínsecas que os funcionários podem receber de sua equipe, por meio da camaradagem, do sucesso coletivo, do desenvolvimento pessoal e da ajuda que se pode dar ao colega de equipe para que a mesma possa se transformar em uma equipe efetiva. Na reportagem da revista Exame do dia 02 de abril de 2013, descrevem- se as 10 atitudes proibidas no trabalho em equipe, trazendo os principais erros que os profissionais cometem e que podem comprometer todo o trabalho de uma equipe. Confira a seguir: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/10-atitudes-proibidas-no- trabalho-em-equipe Assista também à animação sobre trabalho em equipe a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=Pkc_xBD4Cyo TEMA 3: GESTÃO POR COMPETÊNCIA E ERA DA EMPREGABILIDADE Competências organizacionais e estratégias competitivas Uma das melhoras formas que a empresa tem para competir é o relacionamento com o mercado. Do ponto de vista teórico existem quatro abordagens explicativas: Análise estrutural da indústria Processos de mercado 22 Visão baseada em recursos Teoria das capacidades dinâmicas A vantagem competitiva era um atributo de posicionamento de mercado exterior à organização (cenário externo), que deriva da estrutura da organização, da dinâmica, da concorrência e do mercado. A performance da organização dependia de fatores internos e comandavam o desempenho da empresa. Entender a empresa como um conjunto de recursos é o que possibilita identificar e desenvolver os recursos que são valiosos para o desempenho. No sentido de estratégia competitiva, é interessante que se mencione as Janelas de Oportunidade que Drucker descreve no livro Desafios Gerenciais para o Século XXI, onde a empresa deve buscar uma política sistemática e a cada seis ou doze meses identificar mudanças que podem se transformar em oportunidades. Dentre essas mudanças é correto que se pergunte: Para que estamos inovando? Isso indica novos e diferentes mercados, clientes, tecnologias e canais de distribuição? Como serão os riscos? É necessário citar uma competência essencial ao negócio: a inovação que busca resultados diretos e funcionais dentro do contexto organizacional. É preciso saber que o conceito de competência essencial foi desenvolvido e ampliado por Hamel e Prahalad (1990): “Competências essenciais são o conjunto de habilidades e tecnologias que habilitam uma companhia a proporcionar em benefício particular aos clientes”. Para se conhecer as competências essenciais ou organizacionais é necessário que se saiba como a empresa adquire resultados e quais as capacidades internas que a diferenciam no mercado. Essas competências fornecem sustentação a vários produtos ou negócios dentro da organização. É preciso notar que a competência organizacional tem uma conexão direta com a estratégia competitiva da organização e que a mesma deve desenvolver competências coerentes de acordo com a escolha estratégica. 23 Competências organizacionais e comportamentais Antes de mais nada, é necessário que se saiba o que é competência individual. Parry (1996, p. 48) a descreve como: Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam a maior parte do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com o desempenho no trabalho, a competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões estabelecidos e desenvolvida por meio do treinamento. Percebe-se que a competência não se limita a qualificações, mas sim a capacidade da pessoa em assumir iniciativa, para ir além das atividades prescritas, compreender as situações no trabalho, ser responsável e reconhecido por essas ações. Nota-se que a competência não fica condicionada à capacidade do indivíduo em realizar determinadatarefa, mas sim em agregar valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Nesse caso a competência está atrelada aos resultados da empresa, o que significa que, por mais que o profissional desenvolva suas tarefas de acordo com suas funções, se estas atividades não representarem um valor econômico à empresa, não existirá competência nesse processo. Nesta situação, a competência organizacional apresenta uma conexão com as competências comportamentais e devem ser desenvolvidas tendo como base as competências essenciais ou organizacionais da empresa. Carreira em administração Certo (2003, p.11) descreve carreira como uma sequência de cargos de trabalho ocupados por uma pessoa ao longo da vida. Como já explicita o próprio conceito, uma carreira é cumulativa por natureza: à medida que as pessoas acumulam experiências bem-sucedidas em um cargo, elas geralmente desenvolvem habilidades e atitudes que as qualificam para cargos mais avançados. Em geral, cargos em um determinado nível administrativo tendem a ser degraus para cargos que estão em um nível imediatamente mais alto. 24 Normalmente, as carreiras são vistas como uma série de fases em que o indivíduo evolui, que enfatizam os níveis de desempenho associadas a cada estágio. Vamos explicar as fases da carreira, para uma melhor compreensão. Busca Onde se dá no início da carreira, quando o indivíduo procura por diversos tipos de emprego até decidir o que realmente deseja Estabilidade Onde normalmente as pessoas se encontram entre os 25 e 45 anos e começam a ficar mais produtivas e obtém um desempenho melhor. Manutenção Onde as pessoas costumam ocupar cargos diferentes dentro da mesma empresa. Declínio Onde as pessoas então na faixa dos 65 anos e podem estar próximas da aposentadoria parcial ou completa. Nesta fase, o indivíduo pode encontrar dificuldade para manter os níveis anteriores de desempenho. Outro fator fundamental para a carreira é a promoção. Os administradores experientes concordam que um planejamento e execução bem elaborados podem ser o diferencial para a alavancagem da carreira. Planejar sua carreira e a sequência de cargos que você ocupará ao longo da vida é o primeiro passo para a promoção. Para algumas pessoas o plano de carreira significa ascensão na hierarquia, para outros apenas uma função em especial. Contudo, não se deve esquecer que o planejamento é um processo contínuo e que se tem início na primeira fase (busca). Promover sua própria carreira não é algo tão fácil, por isso aqui vão algumas dicas: Seja uma pessoa proativa, vendo a si mesma como um negócio em desenvolvimento. Considere seus pontos fortes e obrigações são itens que devem ser avaliados para a conquista de uma carreira de sucesso. 25 Estipular metas e revisá-las constantemente são medidas necessárias para atingi-las. Ou seja, as competências estão diretamente ligadas a uma série de fatores e um deles é a empregabilidade: conjunto de competências e habilidades necessárias para uma pessoa conquistar e manter um trabalho. Empregabilidade e competências Com o surgimento de inúmeras tecnologias, a globalização da produção, a abertura da economia, a internacionalização do capital e as constantes mudanças que vêm afetando o ambiente das organizações, surge a necessidade de adaptação a tais fatores por parte de empresários e profissionais. Nunca se falou tanto em empregabilidade como nos últimos anos, pois a globalização e as transformações pelas quais o mundo passou exerceram forte impacto nas atuações profissionais. Pereira (1999, p.1) define mercado de trabalho como “... a relação entre a oferta de trabalho e a procura de trabalhadores, e o conjunto de pessoas e/ou empresas que, em época e lugar determinados, provocam o surgimento e as condições dessa relação”. Para o indivíduo, a empregabilidade depende dos conhecimentos, habilidades e atitudes, a maneira como os utiliza, bem como a forma como apresenta tais recursos aos empregadores. Do outro lado, a transformação das organizações na busca contínua de diferenciações estratégicas, vantagens competitivas e talento humano, faz com que cada vez mais sejam necessários profissionais competentes. Alguns autores descrevem a competência como a maneira como o indivíduo se qualifica para realizar determinado trabalho, ou o desempenho do trabalhador na empresa. A competência pode ser treinada e desenvolvida conforme as atividades ou o trabalho realizado. As competências humanas imprescindíveis para a organização podem ser construídas por meio de treinamento e desenvolvimento, aperfeiçoadas e corrigidas. Podem ser divididas em três níveis, de acordo com as capacidades cognitivas e as habilidades comportamentais e técnicas do profissional: 26 O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Certamente, devemos considerar que o mundo globalizado necessita cada vez mais de pessoas preparadas tanto tecnicamente quanto nas competências de natureza comportamental e acadêmica. Reforçando que nunca se deve esquecer que a aprendizagem contínua é um dever do indivíduo e um diferencial para a empregabilidade, e que o desenvolvimento de competências deve ser compartilhado entre os empregadores e os empregados. Gestão de competências: principais características e aplicações Vocês já foram apresentados ao conceito de competência, mas, além disso, é necessário que se saiba quais são suas principais características e aplicações. Nesse aspecto, podemos identificar a preocupação das organizações com relação aos indivíduos capacitados para o desempenho eficiente da função. Leitura obrigatória NERI, Aguinaldo. Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade. Campinas: Papirus, 2013. Capítulo 7. Conheça a seguir o contexto no qual a gestão por competências foi gerada. Conforme Taylor (1970) já alertava no início do século passado, crescia a necessidade de as empresas contarem com homens eficientes, ressaltando que a procura pelos competentes para fomentar a eficiência das organizações produtivas excedia a oferta. Na época, com base no princípio taylorista de seleção e treinamento do trabalhador, as empresas procuravam aperfeiçoar em seus empregados as habilidades necessárias para o exercício de atividades específicas, restringindo- se às questões técnicas relacionadas ao trabalho e às especificações de cargo. 27 Com o aumento da complexidade nas relações de trabalho e das pressões sociais, as organizações passaram a avaliar o desenvolvimento profissional de seus empregados, não apenas as questões técnicas, mas também as comportamentais. Durand (1998), por sua vez, seguindo as chaves do aprendizado individual de Pestalozzi, construiu um conceito de competência baseado em três dimensões: Conhecimentos Habilidades Atitudes Também conhecido como C.H.A. Estes três elementos devem ser vistos de forma conjunta e complementar, englobando não só questões técnicas, mas também a cognição e as atitudes relacionadas ao trabalho. TEMA 4: GESTÃO DE COMPETÊNCIAS VERSUS GESTÃO DE DESEMPENHO Antes de fazer a comparação entre as duas gestões, é necessário que se identifique o que é desempenho. Este conceito se refere aos resultados da organização e está relacionado a diversos fatores. Desempenho tem a ver com o fato de, na organização, vários mecanismos serem utilizados para controle dos trabalhadores, aproveitamento dos recursos, atingimento dos objetivos, etc. A preocupação com o desempenho é uma questão que ocorre desde a Antiguidade, todavia, depois dosurgimento do capitalismo as indústrias, perceberam que a avaliação do desempenho dos trabalhadores era fator decisivo para a obtenção da eficiência produtiva. Mas, o que é avaliar? Podemos dizer que avaliar significa, em síntese, comparar os resultados alcançados com os esperados (planejados), de forma que apenas o trabalho previamente planejado seja objeto de avaliação. A avaliação pressupõe não só a comparação entre o que se espera do indivíduo em termos de realização (resultado esperado) e a sua atuação efetiva 28 (trabalho realizado), mas também a existência de algum mecanismo de acompanhamento que permita corrigir desvios para assegurar que a execução corresponda ao que foi planejado. Veja a seguir um comparativo entre os métodos de avaliação ao longo do tempo. A avaliação tomou proporções mais claras com as pesquisas de Taylor com relação à racionalização do trabalho e deram origem às primeiras escalas de avaliação baseadas no mérito, utilizadas para disciplinar o trabalhador e interferir no modo que ele desenvolvia seu trabalho. O desempenho passou por outros tipos de avaliações, tais como o controle de tempos e movimentos para os processos. Essas técnicas foram evoluindo, mas ainda continuavam com mão única, onde apenas o chefe realizava o diagnóstico. Após alguns anos o processo tornou-se bilateral, onde chefes e subordinados discutiam o desempenho. Atualmente as organizações utilizam a avaliação 360°, onde a avaliação é desenvolvida por clientes, pares, chefe e subordinados, buscando desenvolver metodologias adequadas ao desenvolvimento do indivíduo e sua inserção no ambiente organizacional. As organizações contemporâneas necessitam cada vez mais de mecanismos de avaliação de desempenho para a mensuração dos resultados. O desempenho no trabalho deve ser resultante não apenas das competências, mas sim, das relações interpessoais, do ambiente de trabalho e das características e cultura da organização. Um sistema de avaliação de desempenho eficiente pode ser o diferencial competitivo que se espera de uma empresa, levando sempre em consideração sua missão, visão e valores para chegar ao resultado esperado. Mas, com base no que já foi estudado, é possível se perguntar: Até que ponto a gestão de desempenho é diferente da gestão de competências? É fato que ambas pregam a associação da performance das competências individuais e organizacionais: 29 No caso na gestão de desempenho, alguns autores sustentam que as organizações deveriam dispor de instrumentos de avaliação de desempenho em seus diversos níveis, do corporativo ao individual. Na gestão de competências, as proposições sugerem a existência de competências organizacionais e humanas. Entretanto, algumas práticas de recursos humanos conferem sofisticação aos estilos administrativos, mas isso não nega os princípios fundamentais do taylorismo e do fordismo que alteram as estruturas de poder nas empresas. Inverte-se o conceito quando se deixa de concentrar atenção no posto de trabalho e passa a associar a atenção sobre a pessoa que o ocupa. Para que a prática gerencial seja realmente inovadora, é possível inferir que: A gestão de competências e a de desempenho devam ter como objetivo maior não somente a melhoria das performances profissional e organizacional, mas, principalmente, o desenvolvimento das pessoas em um sentido mais amplo. Somente assim a competência e o desempenho representariam, ao mesmo tempo, um valor econômico para a organização e um valor social para o indivíduo. Pense nisso! NA PRÁTICA Um dos principais desafios do líder é conseguir a dedicação e o empenho de seus liderados na realização das atividades e tarefas que lhes competem, visando alcançar os objetivos organizacionais. A liderança efetiva pressupõe, portanto, o conhecimento das principais teorias motivacionais que podem orientar as ações do líder com o objetivo de canalizar os esforços dos liderados. Tendo em conta os conceitos básicos das teorias da motivação, é CORRETO afirmar: 30 a) A expectativa dos indivíduos sobre a sua habilidade em desempenhar uma tarefa com sucesso é uma importante fonte de motivação no trabalho. b) Objetivos genéricos e abrangentes, que dão margem para diferentes interpretações e ações, são uma importante fonte de motivação no trabalho. c) os indivíduos tendem a se esforçar e a melhorar seu desempenho, quando acreditam que esse desempenho diferenciado resultará em recompensas para o grupo. d) todas as modalidades de recompensas e punições são legítimas, quando seu intuito é estimular os esforços individuais em prol dos objetivos organizacionais. e) todos os indivíduos possuem elevadas necessidades de poder, e a busca por atender a essas necessidades direciona os seus esforços individuais. Confira o feedback da professora Elaine no material on-line! REFERÊNCIAS ALURI, R., REICHEL, M. Performance evaluation: a deadly disease? 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