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CASO CONCRETO 01 JURISPRUDENCIA

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JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO ADIADO POR INDICAÇÃO DO MINISTRO. CERTIDÃO DE JULGAMENTO INDICANDO ADIAMENTO, MAS SEM REFERÊNCIA DE QUE SERIA PARA A PRIMEIRA SESSÃO SEGUINTE. PROCESSO JULGADO NA SESSÃO SUBSEQUENTE ÀQUELA EM QUE HOUVE O ADIAMENTO SEM QUE HOUVESSE PUBLICAÇÃO DE PAUTA. REGULARIDADE. SINTONIA COM OS ARTS. 935 DO CPC/2015 E 90, § 2º, DO RISTJ. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA. ART. 461-A DO CPC/1973. IMPUGNAÇÃO. APLICAÇÃO DO REGRAMENTO NO ART. 741 DO CPC/1973. REQUISITOS. ART. 1.022 DO CPC/2015. ERRO MATERIAL, OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. AUSÊNCIA. 1. A certidão de julgamento da sessão do dia 27/6/2017 foi no sentido de que os autos teriam sido adiados "por indicação do (a) Sr (a). Ministro (a)-Relator (a)" (e-STJ, fl. 352), sem especificar, contudo, se tal adiamento seria para a primeira sessão seguinte, omissão que, no entender da embargante, exigiria nova inclusão em pauta para qualquer sessão de julgamento, inclusive a que veio a ocorrer na sequência, em 3/8/2017. 2. A alegação não merece prosperar, pois a conduta adotada pela Segunda Turma do STJ encontra-se em sintonia com os arts. 935 do novo CPC e 90, § 2º, do RISTJ, no sentido de que a inclusão será dispensada somente quando expressamente adiados os autos para a primeira sessão seguinte, visto que, embora inexistente a expressão "para a primeira sessão seguinte", de fato, o recurso foi incluído na primeira sessão subsequente, ocorrida em 3/8/2017, em verdadeira harmonia com o espírito daqueles dispositivos processuais consistente na impossibilidade de se julgar processo em sessão posterior à primeira subsequente sem que conste de pauta publicada com antecedência mínima de cinco dias. 3. Os embargos declaratórios, nos termos do art. 1.022, e seus incisos, do CPC/2015, são cabíveis quando houver: a) obscuridade; b) contradição; c) omissão no julgado, incluindo-se nesta última as condutas descritas no art. 489, § 1º, que configurariam a carência de fundamentação válida; ou d) erro material. No caso dos autos, tais hipóteses não estão presentes. 4. Ao contrário do que afirma a parte embargante, não se observa no julgado a alegada omissão ou contradição, uma vez que o cerne da controvérsia - meio de impugnação de cumprimento de sentença que veicula obrigação de dar coisa certa - foi solucionado, aplicando-se o direito à espécie, notadamente o art. 741 do CPC/1973, conforme orientação jurisprudencial do STJ. 5. Não há vício de fundamentação quando o aresto recorrido decide integralmente a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, tal qual se constata no caso concreto. 6. Em arremate, cabe consignar que o recurso especial não comporta o exame de preceitos constitucionais, ainda que para fim de prequestionamento, sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 7. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes.
(STJ - EDcl no REsp: 1240538 RJ 2011/0043818-7, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 26/09/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/09/2017)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE DA DECISÃO EM RAZÃO DA FALTA DE INTIMAÇÃO DO PARTIDO PARA A SESSÃO DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO EMBARGADO. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. NÃO ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS. 1. Observa-se que os requisitos do artigo 935 do CPC/15 encontra-se presente, uma vez que o processo foi apresentado para julgamento na sessão seguinte e o adiamento foi feito de forma expressa na sessão. Preliminar acolhida, porém rejeitada. 2. O embargante sequer apontou os pontos da decisão sob os quais pairam contradição, dúvida ou obscuridade. Na verdade, ele se restringiu tão somente a insistir na existência de erro de julgamento. 3. Não acolho os presentes embargos declaratórios.
(TRE-PE - PC: 22064 RECIFE - PE, Relator: JOSÉ RAIMUNDO DOS SANTOS COSTA, Data de Julgamento: 19/07/2017, Data de Publicação: DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 165, Data 26/07/2017, Página 6)
Guilherme Jales Sokal (A nova ordem dos processos no Tribunal: colegialidade e garantias no CPC/15 - Pgnas 11,12,13) Mestre em Direito Processual pela UERJ. Procurador do Estado do Rio de Janeiro e Advogado.
A intimação prévia da pauta
Destaque também deve ser conferido ao tema da intimação prévia da pauta nos Tribunais, que retrata com traços bem nítidos a dimensão do respeito que o Poder Judiciário dedica ao cidadão, abrindo ou fechando as portas para o efetivo comparecimento das partes e de seus advogados ao julgamento em sessão. Há, neste campo, enormes avanços, se comparada a disciplina do CPC/15, em especial nos arts. 934 e 935, com a que constava do Código de 1973, e tanto no que toca (i) ao rol de casos que devem ser incluídos em pauta quanto na própria (ii) antecedência exigida pela lei.
Em primeiro lugar, há mudança considerável quanto ao prazo de antecedência da intimação da pauta em relação ao dia de realização do julgamento. Sob o CPC/73, tal prazo, absolutamente exíguo, consistia em meras quarenta e oito horas, na forma do art. 552, § 1º, então em vigor. Por força do art. 935 do Código de 2015, ao contrário, a antecedência passa a ser de cinco dias, mais do que o dobro, e contados apenas em dias úteis, como resulta do art. 219 do novo diploma, em um notável ganho em previsibilidade, assegurando-se às partes o amplo acesso aos autos até a data da sessão (art. 935, § 1º).
Em segundo lugar, o Novo Código reduz em muito os casos dos chamados julgamentos “em mesa”, um atentando cometido pelo Poder Judiciário ao direito “a um dia na Corte” e, em última análise, ao contraditório como previsibilidade e vedação à surpresa. A tônica autoritária dessa prática é escancarada por um simples paralelo com a Audiência de Instrução e Julgamento em primeira instância: tal como seria impensável a realização desta última sem que antes fossem intimados autor e réu quanto ao dia e hora que o órgão judicial pretende promovê-la, também assim deveria ser tida a tentativa de levar, silenciosa e sorrateiramente, um processo a julgamento colegiado nos Tribunais sem prévia comunicação às partes. Não obstante, tais julgamentos “em mesa” ocorriam, sob o Código anterior, sobretudo nos Embargos de Declaração, no Agravo Interno e nos casos de adiamento, contribuindo para um cenário de absoluta insegurança para os jurisdicionados19. E isso se passava sem nenhum apoio em justificativa racional, nem mesmo sob a bandeira da celeridade, porque, se é verdade que o julgamento “em mesa” acelera a realização da sessão colegiada após a formação da convicção pelo relator, nenhum controle é dedicado ao tempo na etapa imediatamente anterior, isto é, entre os momentos em que o feito esteja apto a julgamento e o relator, após exame, dê-se por convencido. Era, em suma, um emblemático caso de celeridade no interesse exclusivo da administração da justiça e contra o jurisdicionado, em um grave resquício autoritário no procedimento nos Tribunais.
Isso muda radicalmente com o art. 934 do Novo Código. Conforme redigida, a regra é bem abrangente, para abarcar todas – ou quase todas – as espécies de recursos do Código, já que o Livro III, em que se insere o dispositivo, cuida “dos processos nos Tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais”. Por força disso, torna-se impositiva a inclusão em pauta, no CPC/15, para o agravo interno, o que é reforçado pela parte final do art. 1.021, § 2º. Os Embargos de Declaração, no entanto, passam a se submeter a regime especial, fora da regra geral: segundo o art. 1.024, § 1º, “[n]os tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente”, em um regramento que, em teoria, pressupõe um dever de diligência do advogado no acompanhamento da causa .
Linha similar foi acolhida na regência do adiamento. Sob o Código de 1973, estabeleceu o STJ,na ausência de regra legal expressa, a dispensa de intimação de nova pauta, no adiamento, se o julgamento fosse retomado em até três sessões posteriores à sessão original; passado tal prazo, delimitado com a ideia de conferir uma margem mínima de previsibilidade, nova publicação de pauta seria necessária. O Novo CPC altera também esse ponto e aproxima o regime do adiamento daquele dos Embargos de Declaração: incluído um processo em pauta para determinada sessão, se o julgamento for adiado para a sessão imediatamente subsequente, dispensa-se a nova publicação da pauta; se não for julgado na sessão imediata, porém, impõe-se nova publicação, como prevê o art. 935, caput, parte final. E, nesse terreno, impactam de forma virtuosa também os princípios da boa-fé (art. 5º) e da cooperação (art. 6º), agora expressamente proclamados na Parte Geral do CPC/15, ao convergirem para vedar a adoção de comportamento contraditório pela autoridade judicial. Por força desses vetores, é evidentemente nula a postura de um dos membros do colegiado de, no início da sessão colegiada em que a apresentação de voto-vista fora pautada, indicar o adiamento do julgamento, fazendo com que, diante dessa notícia, os advogados que patrocinam a causa se retirem da sala de sessão, para logo a seguir, ao final da mesmíssima assentada, voltar atrás e proferir o voto-vista. Há, neste cenário, quebra clara e inegável da confiança legítima do jurisdicionado, porque também a autoridade judicial deve tratar com seriedade seus próprios atos, como reconhecido pela 1ª Turma do STJ já sob a vigência do CPC/15, ao afirmar a nulidade do julgamento e impor, em tal hipótese, nova intimação prévia da pauta para a apresentação do voto-vista. (2 STJ, EDcl no AgRg no REsp nº 1.394.902/MA, Rel. Min. Regina Helena Costa, Rel. p/ acórdão Min. Gurgel de Faria, 1º Turma, DJe: 18/10/2016)
Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias, incluindo-se em nova pauta os processos que não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente adiado para a primeira sessão seguinte.
§ 1º Às partes será permitida vista dos autos em cartório após a publicação da pauta de julgamento.
§ 2º Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de julgamento.
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O art. 935 trata do prazo entre a publicação da pauta e a sessão do julgamento e, por óbvio, aplica-se a todos os tribunais, inclusive aos tribunais superiores. Não há mais espaço, nos termos desta nova regra, para a inclusão de recursos na pauta de julgamento sem que entre as duas datas (da pauta e do julgamento) decorra lapso de tempo minimamente razoável (maior do que as 48 horas previstas no CPC/73), para que as partes tenham conhecimento de que seu recurso será julgado em determinado dia.
De acordo com o caput, entre a data da publicação da pauta e a da sessão de julgamento deverá decorrer prazo de no mínimo cinco dias.
Já o § 1º dispõe que as partes terão direito à vista dos autos em cartório (na secretaria da turma ou da câmara, portanto), depois de publicada a pauta de julgamento. O § 2º dispõe sobre a necessidade de que a pauta de julgamento seja afixada na entrada da sala de sessões. A ideia que remanesce do CPC/73 é permitir, mediante essa consulta pública, a que advogados e partes tenham efetivo conhecimento do número de seu recurso na pauta, da ordem de julgamento estabelecida pelo órgão colegiado e, então, possam estabelecer certo monitoramento da atividade do órgão colegiado, de forma a administrar o próprio tempo. Pense-se na hipótese de advogado que represente duas partes distintas, em dois processos igualmente distintos, em diferentes Câmaras ou Turmas, ambos com julgamento pautado para o mesmo dia. Mediante consulta a essas listas, poderá o advogado administrar suas idas e vindas entre uma e outra das sessões de julgamento. Por outro lado, é necessário destacar que o prazo que deve ser respeitado, de cinco dias, diz respeito à publicação da pauta e a sessão de julgamento, não havendo qualquer menção na lei à antecedência com que deva ser afixada a pauta na sala das sessões de julgamento. É intuitivo, todavia, que deva ocorrer necessariamente antes do início da sessão.
Havendo o adiamento do julgamento pautado, e desde que expressamente seja para a próxima sessão, não haverá necessidade de nova inclusão em pauta. Se, todavia, houver adiamento para sessão outra, que não a seguinte, deverá ocorrer nova inclusão em pauta e, consequentemente, nova publicação no órgão oficial, ainda que eletrônico.

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