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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICA DE SANTA CATARINA – CAMPUS JOINVILLE CURSO DE BIOMEDICINA – DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA VICTORIA CUNHA FARAH DEMONSTRAÇÃO DA APLICAÇÃO DE UM MAPA DE CONTROLE DE QUALIDADE JOINVILLE 2018 INTRODUÇÃO O controle da qualidade compreende as técnicas e atividades operacionais destinadas a monitorizar os processos e eliminar as causas de desempenho insatisfatório em todas as etapas do ciclo da qualidade, visando atingir a eficiência e a confiabilidade (BASQUES, 2009). O controle interno é uma amostra conhecida realizada em conjunto com a rotina de análise de amostras dos pacientes, para validar os resultados produzidos após identificar que o sistema analítico está operando dentro dos limites de tolerância pré-definidos, especialmente a precisão do processo. Detectam desvios do desempenho estável no laboratório individualmente, como a variação de lotes e estabilidade de reagentes e calibradores, a imprecisão do processo de análise e seu desempenho ao longo do tempo (RODRIGUES, 2014). A análise laboratorial está intrinsecamente sujeita a uma imprecisão e inexatidão. Os componentes do erro total são inerentes ao processo de medição, os quais se deseja manter o mais próximo de zero possível para ter um processo sobre controle e capaz de fornecer informações relevantes ao usuário (MACHARETH, 2014). Shewhart, em 1931, introduziu o conceito de três limites de desvio padrão (3S) para o controle de qualidade. Na década de 50, Levey, Jennings, Henry e Westgard adaptaram essa ideia ao laboratório clínico. Westgard formulou um sistema de regras para permitir que os cientistas de laboratórios clínicos decidissem se os testes que estavam fazendo estavam “no controle” e reportáveis, ou “fora de controle” (CAROLL, PINNICK, CAROLL, 2002). O gráfico de Levey-Jennings, uma forma gráfica simples de lançar os resultados obtidos nas dosagens diárias dos controles, é genericamente um gráfico de controle, em que os resultados de uma corrida analítica são plotados em função do tempo, ou a sequência das próprias corridas. A extensão da distribuição gaussiana com uma rotação de 90 graus representa a área sob a curva de Gauss compreendida entre 3s. Utiliza-se o termo regras de controle para indicar os critérios de julgamento dos resultados encontrados nos ensaios dos controles e estas regras são utilizadas para identificar o estado de controle da corrida analítica. Os pontos são unidos por linhas, que exibem para o analista as diferentes expressões que interessam ao controle interno, como desvios, tendências e aleatoriedades (BASQUES, 2009; RODRIGUES, 2014). DESENVOLVIMENTO Um controle foi utilizado para controlar o teste de glicose no laboratório durante um mês e os resultados obtidos com as respectivas dosagens foram: Considere que a média aceitável do controle é de 80 mg/dL, com DP de 4,40 mg/dL. Solicita-se: Defina os limites de ± 1PD, ± 2PD e ± 3DP e monte o mapa de Levey-Jennings. Assinale os pontos do controle conforme tabela acima e trace a curva. Identifique os dias em que ocorreram falhas no CQ, indicando a regra que foi quebrada no dia. Indique também se os erros observados em cada um dos dias em ocorreram problemas seriam considerados sistemáticos ou aleatórios. Cite um motivo que poderia ter provocado cada um dos erros observados no resultado do controle. Que decisões deveriam ter sido tomadas pelo analista responsável nos dias em que foram detectados os erros? (Poderia ele iniciar a rotina com maior atenção ou suspender tudo até identificação e correção do problema?). Dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Resultados (mg/dL) 83 79 99 97 101 87 85 75 83 80 81 84 77 79 81 105 80 76 78 81 85 86 95 98 82 80 77 75 74 72 GRÁFICO DE LEVEY-JENNINGS RESULTADOS DOS TESTES DE GLICOSE DURANTE UM MÊS NO LABORATÓRIO DOSAGEM DE GLICOSE Média: 80 mg/dL Desvio: 4,4 mg/dL LAE (Limite Aceitável de Erro): 71,2 – 88,8 mg/dL A. 33s – Erro Sistemático B. 13s – Erro Aleatório C. 23s – Erro Sistemático D. 31s – Erro Sistemático 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 R ES U LT A D O S (m g/ d L) DIAS D Xm +1 - 1 +2 +3 - 2 - 3 A B C RESULTADOS O objetivo do controle de qualidade é obter um resultado exato com o valor real do paciente e preciso com um resultado reprodutível. A partir do controle de qualidade avalia-se o desempenho e a estabilidade do sistema analítico, o qual evita a liberação de resultados com erro maior que o especificado. De acordo com a análise do gráfico de Levey-Jennings dos resultados de glicose laboratorial de 30 dias pode-se observar: 33s – Erro sistemático REJEIÇÃO. Os valores obtidos devem ser rejeitados quando a diferença entre os dados dos 3 controles é maior que 3s. Indica que o sistema perdeu a estabilidade e que os resultados obtidos em amostras de pacientes devem ser rejeitados. A causa provável do desvio pode ser por: variação na concentração do padrão, mudança na sensibilidade de um ou mais reagentes, contaminação do eletrodo, desidratação dos controles ou problema com o calibrador. Recomenda-se como medida corretiva a limpeza dos eletrodos e nova calibração. 13s – Erro aleatório REJEIÇÃO. Significa que os resultados devem ser rejeitados porque o valor de um dos controles excede o limite de Xm ± 3s. A violação dessa regra indica um aumento do erro aleatório, mas pode significar eventualmente um erro sistemático de grandes dimensões. A causa provável do súbito aumento pode ter sido após uma calibração, com novo lote de calibrador. Recomenda-se corrigir o valor do calibrador. 23s – Erro sistemático REJEIÇÃO. Os valores obtidos devem ser rejeitados quando a diferença entre os dados dos 2 controles é maior que 3s. Indica que o sistema perdeu a estabilidade e que os resultados obtidos em amostras de pacientes devem ser rejeitados. A causa provável da perda da exatidão pode ser por erro sistemático, concentração do controle diferente da anterior, sensibilidade de reagente diferente da anterior, temperatura diferente da recomendada, tempo diferente do indicado para repouso ou incubação, comprimento de onda diferente do recomendado. A perda da exatidão se deve à calibração incorreta (padrão, fator ou curva). Recomenda-se como medida corretiva a limpeza dos eletrodos, atenção no preparo e nova calibração. 31s – Erro sistemático REJEIÇÃO. Ocorre quando 3 medidas consecutivas excedem para o mesmo lado o valor da média em 1s. Indica que o sistema perdeu a estabilidade e que os resultados obtidos em amostras de pacientes devem ser rejeitados. A causa provável da tendência pode ser por: contaminação do eletrodo, desidratação dos controles, problema com o calibrador, padrão deteriorado, reagente deteriorado, aparelho com defeito. Recomenda-se como medida corretiva a limpeza do eletrodo e troca do lote de reagente e nova calibração. REFERÊNCIAS BASQUES, José Carlos. Usando controles no laboratório clínico. Labtest, 2009. Disponível em: <https://labtest.com.br/wp- content/uploads/2016/11/Usando_Controles_no_Laboratorio_Clinico.pdf >. Acesso em: 04 abr. 2018.CAROLL, Tómas A.; PINNICK, Heather A.; CAROLL, Wallace E. Brief Communication: Probability and the Westgard Rules. Annals of Clinical & Laboratory Science, v. 33, n. 1, 2003. Disponível em: <http://www.annclinlabsci.org/content/33/1/113.long>. Acesso em: 04 abr. 2018. MACHARETH, Silvana. A Investigação de Erros Laboratoriais na Prática Clínica: Fases pré- analiticas, analíticas e pós-analíticas [dissertação]. Mestrado Profissional de Ensino de Ciências - IFRJ, 2014. Disponível em: <https://issuu.com/silvanamachareth/docs/revista-ifrj-erros- laboratoriais/27>. Acesso em: 04 abr. 2018. RODRIGUES, Sirlei Pezzini. Garantir a qualidade efetiva dos processos analíticos: “Garantia da Qualidade”. LACEN - PR, 2014. Disponível em: http://www.lacen.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SESLAB/CONTROLE_QUALIDADE.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018. WESTGARD, James O. Controle de Qualidade: Interpretação das Regras Múltiplas. Control Lab, 2018. Disponível em: <https://controllab.com/pdf/westgard_interpretacao.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018. WESTGARD, James O. Melhores Práticas para as "Regras de Westgard". Control Lab, 2018. Disponível em: <https://controllab.com/pdf/westgard_melhores_praticas.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018. WESTGARD, James O. Regras Múltiplas e “Regras de Westgard”: O que são? Control Lab, 2018. Disponível em: <https://controllab.com/pdf/westgard_o_que_sao.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018.