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UUDDEESSCC –– UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE DDOO EESSTTAADDOO DDEE SSAANNTTAA CCAATTAARRIINNAA CCCCTT –– CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS TTEECCNNOOLLÓÓGGIICCAASS DDEECC –– DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA CCIIVVIILL AAPPOOSSTTIILLAA DDEE CCOONNCCRREETTOO AARRMMAADDOO II –– CCAARR II 22ºº sseemmeessttrree ddee 22001111 PPrrooffaa.. SSaannddrraa DDeenniissee KKrruuggeerr AAllvveess EEmmaaiill:: ssaannddrraa__kkrruuggeerr@@jjooiinnvviillllee..uuddeesscc..bbrr FFoonnee:: ((4477)) 44000099--77999922 2 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A CONCEPÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA SENSIBILIDADE ESTRUTURAL Na engenharia estrutural existem basicamente duas fases: a fase de concepção do projeto, e a fase do desenvolvimento propriamente dito. O objetivo principal é obter soluções adequadas, simples e econômicas para o problema proposto, exigindo do engenheiro experiência e sensibilidade para encontrar estas respostas. Deve-se lembrar que: “A engenharia é a arte de tratar de maneira simples e adequada o complexo. A qualidade de um projeto se mede pela adequação da sua solução, pelo seu método construtivo, pela qualidade do detalhamento com vistas à facilidade executiva, e pelo seu dimensionamento através de modelos que simulem corretamente a estrutura, propiciando um grau de segurança adequado” 1.1 ANÁLISE CONCEITUAL A análise conceitual é formada por várias etapas, como: - visualização do caminhamento das cargas nos diversos elementos estruturais; - desenho esquemático em escala adequada; - indicação das cargas atuantes; - análise dos diversos caminhos que as cargas atuantes devem percorrer até chegar à fundação. Isto depende da disposição e rigidez dos vários elementos que compõe a estrutura, lembrando-se que a estrutura que permite o menor caminhamento das cargas até a fundação é a mais econômica; - visualização da seqüência construtiva. 1.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO Nesta etapa é feita uma análise simplificada em seções críticas, para que se tenha idéia das ordens de grandeza envolvidas. Depois de definidas as dimensões dos elementos estruturais, é feito um cálculo detalhado da estrutura envolvendo muitas vezes programas computacionais. Aconselha-se não prosseguir o cálculo se houver muita discrepância entre o pré-dimensionamento e o definitivo, pois é nesta fase que muitos engenheiros se sentem confiantes demais por disporem de um programa teoricamente muito eficaz, podendo acontecer muitos erros. 1.3 REGRAS ÚTEIS Lembrando-se que projetar não é calcular, e sim prever e resolver problemas, deve-se: - entender o projeto como um todo (arquitetura, implantação, estrutura, elétrico, hidráulico, etc); - prever os problemas ao longo de todas as etapas construtivas, ou seja, procurar uma solução de fácil execução; 3 - separar o principal do secundário; - pensar! Pensar no problema, levantar todos os aspectos possíveis, gerar um modelo simplificado levando em conta os aspectos essenciais, etc. 1.4 MEMORIAL DE CÁLCULO, DESENHOS E ESPECIFICAÇÕES O produto final de um projeto estrutural é constituído por memorial de cálculo, desenhos e especificações. O memorial de cálculo é um documento de auxílio e esclarecimento de dúvidas sobre um determinado projeto, contendo descrição da concepção, do cálculo e do detalhamento do mesmo. Ele deve ser auto-explicativo, claro (bom entendimento) e conter todos os dados que irão para o desenho final, uma vez que é o documento fundamental para o controle da qualidade. A estrutura da memória de cálculo deve conter: a) índice: utilização de regras para os diversos itens (letras maiúsculas, minúsculas, números) e paginação; b) conteúdo: - hipóteses preliminares (carregamentos, características dos materiais empregados, características do solo de fundação, condicionantes construtivas, método executivo, etc); - memorial justificativo e descritivo (descrever a obra e justificar a solução adotada em comparação com outras alternativas); - sistema estrutural (desenho esquemático); - implantação e geometria; - cálculo principal (lajes, vigas, pilares, fundação, detalhes gerais); - desenhos gerados (anexos); Por outro lado, as informações dos desenhos e especificações devem também ser completas, claras, -em escalas apropriadas, consistentes entre si e corretas. 1.5 QUALIDADE NO PROJETO ESTRUTURAL A NBR 6118:2003 procura inserir novos conceitos de qualidade dentro do projeto estrutural, muito além do que simplesmente a garantia da estabilidade da obra. Assim, uma estrutura deve apresentar requisitos relativos à sua capacidade resistente, bom desempenho em serviço (não pode haver fissuração excessiva, deformações inconvenientes e vibrações indesejáveis) e durabilidade. A vida útil de projeto deve ser de 50 anos, e a qualidade passa pela sistematização segundo padrões internacionais de qualidade, proporcionalmente ao porte e ao risco da construção em análise. Isto exige constante atualização do nível de conhecimento do projetista e cuidados com os processos de automatização envolvidos no projeto. Todas as normas técnicas internacionais apresentam uma grande preocupação com a qualidade, englobando economia na execução da obra, melhor aproveitamento da tecnologia dos materiais, da metodologia da análise numérica, da garantia de durabilidade e vida útil das construções e da segurança, não apenas imediata das estruturas, mas também a longo prazo, evitando-se acidentes desnecessários. O projeto deve ser compatível desde o 4 atendimento ao projeto arquitetônico até o ajuste com as instalações, apresentando uma garantia de uma execução correta daquilo que foi projetado. Ainda dentro dos conceitos de qualidade de um projeto estrutural, evitando envelhecimento prematuro da estrutura e garantindo sua durabilidade, devem ser observados: a) drenagem eficiente; b) formas arquitetônicas e estruturais adequadas; c) garantia de concreto com qualidade apropriada; d) garantia de cobrimentos de concreto apropriados para proteção da armadura; e) detalhamento adequado das armaduras; f) controle de fissuração; g) uso de revestimentos protetores nas peças sob condições ambientais agressivas; h) definição de um plano de inspeção e manutenção preventiva; i) análise cuidadosa e atenta do projeto arquitetônico; j) contatos com os proprietários para saber dos objetivos da obra, durabilidade estimada, padrão de revestimentos e acabamentos; k) conhecimento do construtor e suas obras anteriores; l) lançamento de um sistema estrutural compatível com a arquitetura, com o projeto de instalações, com a tecnologia executiva disponível, etc; m) pré-dimensionamento da estrutura com verificação da compatibilidade dos esforços e deformações do sistema criado; n) desenvolvimento do projeto propriamente dito, incluindo detalhamento de cada elemento da estrutura, combinando os resultados obtidos das análises e dos programas utilizados com a experiência profissional; o) desenhos claros e detalhados; p) implementação nos desenhos de informações complementares (resistência dos materiais utilizados, módulos de elasticidade, hipóteses consideradas, etc); q) supervisão da execução da obra pelo projetista, com visitas eventuais à obra nas fases críticas da execução dos projetos, como por exemplo antes das concretagens. Deve-se lembrar ainda que as condições deequilíbrio e de compatibilidade devem ser sempre respeitadas, e podem ser estabelecidas com base na geometria indeformada da estrutura (teoria de primeira ordem), ou com base na geometria deformada (teoria de segunda ordem), nos casos em os deslocamentos alterem de maneira significativa os esforços internos. 5 2. INTRODUÇÃO AO CONCRETO ARMADO 2.1 COMPOSIÇÃO DO CONCRETO ARMADO O concreto armado é composto de concreto simples mais um material de boa resistência à tração, como por exemplo, aço ou bambu, que devem estar convenientemente colocados (armadura passiva). O concreto por sua vez, é formado por um material aglomerante (cimento Portland, cimento de pega rápida, etc), materiais inertes (agregados graúdos ou miúdos), água e eventualmente aditivos. 2.2 VANTAGENS DO USO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO As principais vantagens em se utilizar estruturas de concreto armado são: - facilidades e rapidez na construção, principalmente no caso de se utilizar peças pré- moldadas; - economia em função do baixo custo dos materiais e da mão-de-obra envolvida; - adaptabilidade a qualquer forma construtiva, em função da boa trabalhabilidade; - processos construtivos bastante conhecidos em qualquer lugar do país; - boa resistência a diversas solicitações, incluindo-se a resistência ao fogo e ao choque; - materiais de fácil obtenção; - conservação fácil e de baixo custo, desde que a estrutura tenha sido convenientemente projetada e construída; - boa transmissão de esforços, em função da obtenção de estruturas monolíticas (concretagem in loco) - boa aderência entre os materiais. 2.3 DESVANTAGENS DO USO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Da mesma forma, as principais desvantagens são: - encarecimento das fundações (peso próprio elevado); - reformas e demolições trabalhosas; - exigências construtivas (escoramento, concreto bem executado, cura, etc); - baixa resistência à tração do concreto, havendo a necessidade de colocação de armadura corretamente posicionada; - problemas de fissuração e de corrosão das armaduras. 2.4 NORMAS BRASILEIRAS REFERENTES AO CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO As principais normas brasileiras relacionadas ao projeto estrutural são: NBR 6118/2003 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento (revisão da NBR 6118/80, sendo conhecida como nova NB1); 6 NBR 6120/1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – procedimento; NBR 6123/1987 – Forças devido ao vento em edificações – procedimento; NBR 8681/2003 – Ações e segurança nas estruturas – procedimento; NBR 7187/1987 – Cálculo e execução de pontes de concreto armado; NBR 14931/2003 – Execução de estruturas de concreto – procedimento. Também relacionadas ao concreto armado tem-se as seguintes normas: NBR 7808 – Símbolos gráficos para projetos de estruturas; NBR 5732/1991 – Cimento Portland comum – especificação; NBR 5733/1991 – Cimento Portland de alta resistência inicial – especificação; NBR 5735/1991 – Cimento Portland de alto forno – especificação; NBR 5736/1991 – Cimento Portland pozolânico – especificação; NBR 5738/1994 – Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto – método de ensaio; NBR 5739/1994 – Concreto – ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos – método de ensaio; NBR 6004/1984 – Arames de aço – ensaio de dobramento alternado – método de ensaio; NBR 6122/1996 – Projeto e execução de fundações – procedimento; NBR 6152/1992 - Materiais metálicos – determinação das propriedades mecânicas à tração – método de ensaio; NBR 6153/1988 – Produto metálico – ensaio de dobramento semi-guiado – método de ensaio; NBR 6349/1991 – Fios, barras e cordoalhas de aço para armaduras de protensão – ensaio de tração – método de ensaio; NBR 7190/1977 – Projeto de estruturas de madeira – procedimento; NBR 7222/1994 – Argamassa e concreto – determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos – método de ensaio; NBR 7477/1982 – Determinação do coeficiente de conformação superficial de barras e fios de aço destinados a armaduras de concreto armado – método de ensaio; NBR 7480/1996 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado – especificação; NBR 7482/1991 – Fios de aço para concreto protendido – especificação; NBR 7483/1991 – Cordoalhas de aço para concreto protendido – especificação; NBR 7484/1992 – Fios, barras e cordoalhas de aço destinados a armaduras de protensão – ensaios de relaxação isotérmica – método de ensaio; NBR 8522/1984 – Concreto – Determinação do módulo de deformação estática e diagrama – tensão - deformação – método de ensaio; NBR 8548/1984 – Barras de aço destinadas a armaduras para concreto armado com emenda mecânica ou por solda – determinação da resistência à tração – método de ensaio; NBR 8953/1992 – Concreto para fins estruturais – classificação por grupos de resistência – classificação; NBR 8965/1985 – Barras de aço CA 42S com características de soldabilidade destinadas a armaduras para concreto armado – especificação; NBR 9062/1985 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado – procedimento; NBR 11578/1991 – Cimento Portland composto – especificação; 7 NBR 11919/1978 – Verificação de emendas metálicas de barras de concreto armado – método de ensaio; NBR 12142/1992 – Concreto – determinação da resistência à tração na flexão em corpos de prova prismáticos método de ensaio; NBR 12519/1991 – Símbolos gráficos de elementos de símbolos, símbolos qualitativos e outros símbolos de aplicação geral; NBR 12654/1992 – Controle tecnológico de materiais componentes do concreto – procedimento; NBR 12655/1996 – Concreto: preparo, controle e recebimento – procedimento; Obs.: - como toda norma está sujeita a revisões, deve-se verificar qual é norma vigente (vide www.abnt.gov.br ou entre em contato com algum órgão representante da ABNT); - desde que seja devidamente justificado, pode-se também utilizar alguns regulamentos internacionais, sendo os principais: • Builiding Code Requirements for Reinforced Concrete (ACI – American Concrete Institute); • CEB-FIP Model Code (Comitê Euro-Internacional du Beton); • EUROCODE. - como sugestão para consulta nesta disciplina, indica-se o site www.lmc.ep.usp.br/pesquisas/TecEdu. 2.5 UNIDADES Na disciplina de CAR-I serão utilizadas unidades do Sistema Internacional (SI), e em virtude do grande problema que alguns profissionais ainda tem ao lidar com diversos sistemas de unidades, mostra-se a seguir as equivalências mais comuns com o sistema MKS: 1 N = 0,1 kgf 1 kN = 100 kgf = 0,1tf 1 kN.m = 100 kgf.m = 0,1 tf.m 1 Mpa = 10 kgf/cm2 = 1000kN/m2 = 100 tf/m2 = 0,1 kN/cm2 8 3 PROPRIEDADES DO CONCRETO 3.1 CLASSES DE CONCRETO Os concretos utilizados para fins estruturais subdividem-se em grupos de acordo com a resistência característica à compressão ( ckf ). Assim, têm-se concretos C15, C20, C25, C30, C35, C40, C45 e C50, onde os números indicadores da classe representam por exemplo concretos com ckf = 15 Mpa, 20 Mpa, e assim por diante. O valor mínimo da resistência à compressão deve ser de 20 Mpa para concretos apenas com armadura passiva (concreto armado) e 25 Mpa para concretos com armadura ativa (concreto protendido). O valor de 15 Mpa pode ser usado apenas em fundações e eventualmente em obras provisórias (obras com até quatro pavimentos, vãos de no máximo 4 m, sem utilização de laje plana, e desde que o proprietário esteja de acordo). 3.2 CONCRETO ARMADO E CONCRETOPROTENDIDO O concreto armado é obtido por meio da associação entre concreto simples e uma armadura convenientemente posicionada, chamada de armadura passiva, de tal modo que os dois materiais resistam de forma solidária aos esforços solicitantes. Por sua vez, o concreto protendido é obtido por meio da associação entre o concreto simples e a armadura ativa, para a qual é aplicada uma força de protensão com a finalidade principal de neutralizar as tensões de tração. A armadura neste caso é composta de cabos (armadura ativa) e barras (armadura passiva). 3.2 MASSA ESPECÍFICA Para concretos simples pode-se adotar para massa específica o valor de 2400 kg/m3 e para o concreto armado o valor de 2500 kg/m3. Para concretos leves (que utilizam argila expandida, escórias, EPS, vermiculita, etc) pode-se adotar valores entre 1200 e 1600 kg/m3 e para concretos pesados (usados por exemplo para blindagens de material de radiação) o valor de 3300 a 4000 kg/m3. 3.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO As principais propriedades do concreto fresco dizem respeito à trabalhabilidade, consistência e homogeneidade. Na moldagem da estrutura torna-se particularmente importante a consideração do processo de cura, que deve começar logo após o adensamento e o início da pega. Estes itens foram devidamente estudados na disciplina de MCC, e não serão aqui abordados. 9 3.4 CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS As características reológicas a serem consideradas para o concreto são: 3.4.1 RETRAÇÃO - é a diminuição de volume que ocorre na peça de concreto, mesmo que não estejam atuando solicitações ou efeitos de temperatura, provocando fissuras e esforços adicionais. Basicamente, a retração pode ser de três tipos: - retração química – quando ocorre evaporação da água quimicamente não associada durante o processo de endurecimento do concreto; - retração capilar – ocorre por evaporação parcial da água capilar e perda da água adsorvida, fazendo com que apareçam tensões superficiais e fluxos de água nos capilares; - retração por carbonatação: é o tipo de retração que ocorre quando há diminuição de volume com o processo A retração será tanto maior quanto mais seco for o ambiente, menos espessa for a peça em questão, e maior for o fator água-cimento. Para proteger quanto aos danos devido à retração deve-se proceder uma boa “cura”, evitando peças de grande comprimento e usando juntas de dilatação ou de concretagem apropriadas. Para casos correntes das obras de concreto armado, com peças de dimensões usuais entre 10 cm e 100 cm e umidade ambiente não inferior a 75%, pode-se adotar o valor de deformação específica axial devido à retração como ε cs = 15 x 10-5 Para casos especiais deve-se consultar a norma. 3.4.2 EXPANSÃO - é o aumento de volume de peças de concreto submersas, quando o fluxo de água é de fora para dentro da peça. 3.4.3 DEFORMAÇÃO IMEDIATA E FLUÊNCIA DO CONCRETO (“creep”) – deformação lenta pode ser entendida como sendo a deformação que acontece logo após a aplicação do carregamento, devido à acomodação dos cristais que formam o material. A fluência corresponde a um acréscimo de deformação com o tempo ( ccε ), com a permanência da carga aplicada. Após a acomodação dos cristais com a aplicação das cargas, há uma diminuição do diâmetro dos capilares e conseqüentemente um acréscimo da tensão superficial nestes capilares, provocando a fluência. A consideração da deformação lenta e da fluência tem muita importância para projetos de estruturas de concreto protendido, sendo proporcional à deformação imediata 0cε : cocc εϕε .= onde ϕ é o coeficiente de fluência. 10 A deformação lenta é parcialmente reversível, sendo que parte desta deformação é eliminada quando do descarregamento. Os fatores que mais influenciam a deformação lenta são: - condições ambientais (maior umidade relativa do ar, então menor deformação lenta); - espessura da peça (maior espessura, então menor deformação lenta); - fator água cimento (maior a/c, maior deformação lenta); - idade do concreto quando do carregamento (idade menor, então deformação lenta maior). A partir destes fatores é possível calcular o coeficiente de fluência “ϕ ”, para casos em que não é necessária muita precisão: Umidade (%) 40% 55% 75% 90% Esp. Equivalente 20 60 20 60 20 60 20 60 0t = 5 dias 4,4 3,9 3,8 3,3 3,0 2,6 2,3 2,1 0t = 30 dias 3,0 2,9 2,6 2,5 2,0 2,0 1,6 1,6 0t = 60 dias 3,0 2,6 2,2 2,2 1,7 1,8 1,4 1,4 Espessura Equivalente = )(.2 cm u Ac Sendo: cA - área da seção transversal da peça em contato com a atmosfera; u - perímetro da seção transversal da peça em contato com a atmosfera; ot - tempo antes do primeiro carregamento. Na prática, para casos de estruturas “simples” em que o número de pavimentos é menor ou igual a 4 (quatro), o valor da sobrecarga de utilização é de no máximo 3 KN/m2, o pé direito não excede 4 m, os vão são no máximo de 6m e os balanços são de no máximo 2 m, pode-se usar para concreto armado ao ar livre o valor médio do coeficiente de fluência de 5,2=ϕ . 3.4.4 TEMPERATURA - aumentos ou diminuições de temperatura podem provocar variações nas dimensões das peças de concreto. Para minimizar estes problemas, deve-se usar juntas de dilatação ou de concretagem, minimizar a inércia dos pilares na direção da deformação imposta ou aumentar o comprimento livre dos pilares nos níveis inferiores. Tem-se que: tct ∆= αε , onde ctε é a deformação específica axial devido à temperatura; Co510−=α , onde α é o coeficiente de dilatação térmica do concreto. A variação da temperatura ∆t a ser considerada é (segundo NBR 6118/80): 11 - CtC oo 1510 ±≤∆≤± se a menor dimensão da peça for ≤ 50 cm; - ∆≤± Co5 t Co10±≤ se a menor dimensão da peça for ≥ 70 cm, considerando peças maciças ou ocas com os espaços vazios inteiramente fechados; - para dimensões entre 50 e 70 cm os valores acima devem ser interpolados; - ∆ t = 0 para peças permanentemente envolvidas por terra ou água, ou para peças com comprimento de até 30m. A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da diferença entre temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra. Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição significativamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre os valores de temperatura adotados, desde que a variação de temperatura considerada entre uma face e outra da estrutura não seja inferior a cinco graus centígrados. Obs.: estas recomendações não são válidas para muros, paredes estruturais ou pilares robustos rigidamente ligados às fundações. Cuidados especiais também devem ser tomados no caso de projetos de chaminés, fornos, etc, onde há um grande gradiente térmico. 3.5 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS As principais características mecânicas do concreto a serem consideradas são a resistência à compressão, resistência à tração e módulo de elasticidade, propriedades estas que são determinadas por ensaios normatizados pela ABNT. 3.5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO A resistência à compressão é a característica mais importante do concreto, e é obtida em ensaios de cilindros moldados segundo a NBR 5738/1994 e NBR 5739/1994. Esta resistência,quando não for indicada a idade, refere-se à idade de 28 dias. Admite-se que para o dimensionamento, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se o módulo de elasticidade secante, e podendo-se empregar no estado limite último o diagrama simplificado tensão-deformação específica, conforme figura a seguir: Segundo este diagrama, tem-se que: 3,5% o 2% o cσ 0,85f cd cε 12 Se 0 ≤ 0%2<cε => ( )[ ]2002,0/1185,0 ccdc f εσ −−= Se o %2 cε≤ 0%5,3≤ => cdc f85,0=σ Observações gerais: a) define-se como ckf a resistência característica do concreto à compressão, valor este obtido pela estatística do rompimento de corpos de prova; b) define-se como cdf a resistência de cálculo do concreto à compressão (resistência de projeto ou resistência última do concreto), para verificações em data t igual ou superior a 28 dias, como sendo c ck cd ff γ = onde cγ é o coeficiente de segurança do concreto, tomado normalmente como 1,4. Quando a verificação se faz em data t inferior a 28 dias, a expressão de cdf deve ser modificada (consultar norma). c) a resistência medida no concreto depende de modo geral da forma dos corpos de prova e duração da solicitação; d) o coeficiente 0,85, estudado pelo eng. Hubert Rüsch, que reduz a resistência de cálculo do concreto leva em conta a superposição de três fatores, cuja ordem de grandeza é dada a seguir: - perda de resistência sob carga mantida igual a 0,72; - ganho de resistência com o tempo entre 28 dias e o final de vida da estrutura (para cimento CPI) igual a 1,23; - coeficiente que corrige a influência da forma do corpo de prova padrão (15x30) e a resistência na estrutura, igual a 0,96. Assim, como 0,72 x 1,23 x 0,96 = 0,85, justifica-se o valor descrito. O exposto acima também implica que a resistência do concreto para fins de segurança deve ser tomada na idade de referência de 28 dias, não cabendo a consideração do ganho de resistência após esta data, esmo que existam teorias de que após um período de dois anos e meio, haja um ganho de 23%. 3.5.2 MÓDULO DE ELASTICIDADE DO CONCRETO Para melhor entendimento deste item, torna-se necessário a descrição dos dois métodos de cálculo do módulo de elasticidade, relativos aos diagramas tensão x deformação: 13 - módulo de elasticidade tangente ou inicial: é dado pela declividade de uma reta tangente à curva em sua origem, sendo que sua obtenção é fornecido pela NBR 8522/1984: - módulo secante: é conhecido através da declividade de uma reta traçada da origem, a um ponto da curva correspondente a 40% da tensão relativa a carga de ruptura. Quando não forem feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de 28 dias, o valor do módulo de elasticidade inicial do concreto, a ser especificado em projeto e controlado na obra, pode ser estimado usando-se a expressão: E ci = 5600 fck (Mpa) O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites de serviço, deve ser calculado pela expressão: E cs = 0,85 E ci (Mpa) 3.5.3 COEFICIENTE DE POISSON - o coeficiente de Poisson (ν) do concreto, que é a relação entre a deformação unitária transversal e longitudinal, é desprezado na maioria dos cálculos usuais mas é utilizado por exemplo na análise de túneis e barragens. Para os casos em que as tensões de compressão são menores que 0,5 cf e as tensões de tração são menores que ctf , o seu valor pode ser tomado como 0,2. 3.5.4 MÓDULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL - para as mesmas condições do item anterior, o módulo de elasticidade transversal do concreto é dado por G c = 0,4 E cs (Mpa) 3.5.5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO CONCRETO - apesar do concreto ser um material pouco resistente à tração, a consideração desta resistência pode estar relacionada com a capacidade resistente da peça, como no caso de esforço cortante, e ser importante na consideração da fissuração. A curva da tensão x deformação específica para a tração é 14 semelhante à curva de compressão, não existindo nenhuma relação direta entre elas. Para efeito de cálculo e considerando-se concreto não fissurado, pode-se utilizar o diagrama abaixo, onde ctkf é a resistência característica do concreto à tração. A partir de ensaios apropriados (NBR 7222/1994 e NBR 12142/1991), pode-se medir a resistência à tração indireta ( spctf , ) e a resistência à tração na flexão ( fctf , ). A resistência à tração direta ( ctf ) pode ser considerada igual a spctf ,9,0 ou fctf ,7,0 , e na falta de ensaios apropriados, pode-se utilizar o valor da resistência à tração direta média ( ctnf ), que pode ser calculada por meio da expressão: )(3,0 3/2 Mpaff ckctm = Dependendo da situação a ser utilizada, deve-se levar em conta os seguintes limites: - resistência característica superior do concreto à tração: ctmsup, 3,1 ff ctk = - resistência característica inferior do concreto à tração: ctmctk ff 7,0inf, = Obs.: de modo simplificado pode-se considerar que a resistência do concreto à tração é em torno de 10% da resistência à compressão. 3.6 OBSERVAÇÕES QUANTO À COMPOSICÃO DO CONCRETO De acordo com os ensinamentos vistos na disciplina de MCC-I e MCC-II e sugestões da norma NBR 6118/2003, deve-se dar preferência a certos tipos de cimento Portland, adições e aditivos mais adequados para resistir à agressividade ambiental, em função da natureza 15 dessa agressividade. Do ponto de vista da maior resistência à lixiviação são preferíveis os cimentos com adições tipo CP III e CP IV; para minimizar o risco de reações álcali-agregado são preferíveis os cimentos pozolânicos tipo CP IV; para reduzir a profundidade de carbonatação são preferíveis os cimentos tipo CP I e CP V; para reduzir a penetração de cloretos são preferíveis os cimentos com adições de tipo CP III e CP IV assim como adição extra de microssílica e cinza de casca de arroz. A tabela abaixo fornece a resistência do concreto em Mpa em função da relação a/c para vários tipos de cimento, considerando agregados de origem granítica com diâmetro máximo de 25 mm, batimento “slump” entre 50 e 70 mm e concreto com aditivo plastificante normal: RELAÇÃO A/C TIPO DE CIMENTO 0.65 0.60 0.55 0.50 0.45 CP I 32 28 32 37 41 47 CP II 32 24 28 31 35 39 CP II 40 28 32 36 41 46 CP III 32 23 27 31 36 41 CP III 40 27 32 37 42 49 CP IV 32 24 28 32 36 41 CP V – ARI/RS 30 33 38 42 46 CP V - ARI 33 38 42 47 53 16 4. PROPRIEDADES DO AÇO 4.1 DENOMINAÇÃO O aço é uma liga metálica composta principalmente de ferro e de pequenas quantidades de carbono, podendo ser acrescido de outros materiais como Pb, Si, Mg, S, P ou Cr, e apresentando boa resistência e ductilidade. A principal diferença entre aço e ferro diz respeito ao teor de carbono: o aço possui um teor inferior a 2,04% e o ferro, possui um teor entre 2,04% e 6,7%. O aço estrutural utilizado na construção civil possui teores de carbono da ordem de 0,08% a 0, 5%. A armadura que é colocada dentro do concreto livre de tensão (sem ser previamente alongada) é chamada de armadura passivas e o concreto neste caso é chamado de concreto armado. Esta armaduraé constituída de fios e barras (vide NBR 7480/1996), e na sua designação é usado o prefixo CA (concreto armado). Para estruturas de concreto protendido, o aço é denominado CP. Classificam-se como barras os produtos de diâmetro nominal igual ou superior a 5,0 mm obtidos por laminação a quente, sem posterior deformação a frio, e como fios os produtos com dimensão nominal igual ou inferior a 10,0 mm obtidos por trefilação ou outro processo equivalente, como por exemplo estiramento. As barras são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50, e os fios na categoria CA-60. É importante salientar que a revisão da normalização NBR 7480/1996, omite a classificação dos aços em classe “A” (barras obtidas por laminação à quente sem posterior deformação à frio) e “B” (barras e fios obtidos por deformação à frio), mas realça a existência de duas classes de aços. A nomenclatura dos aços usados em estruturas de concreto armado, é dada em função da sua tensão de escoamento ykf dada em kgf/mm2. Assim, para um aço CA-50, a tensão de escoamento é de 50 kgf/mm2. Deve-se lembrar que o aço mais utilizado nas obras correntes é o CA-50, cujas barras são obtidas por laminação a quente de tarugos de lingotamento contínuo. As barras de aço (CA50) são fornecidas normalmente com comprimentos de 12m, em feixes amarrados de 1000kg ou 2000kg, e devem ser fabricadas segundo especificações da NBR 7480, sendo considerados diâmetros nominais maiores ou iguais a 5,0 mm e obtidos exclusivamente por laminação a quente. O aço CA-60 é obtido por trefilação de máquina, e se caracteriza pela alta resistência, o que proporciona estruturas de concreto armado mais leves, e pelos entalhes, que aumentam ligeiramente a aderência do aço ao concreto. Estes aços são normalmente empregados para fabricação de lajes, tubos concreto, lajes treliçadas, estribos de vigas e pilares, estruturas pré-moldadas de pequena espessura, etc.. São fornecidos em bitolas finas e em rolos com peso aproximado de 170 kg, barras de 120 m de comprimento, em feixes amarrados de 1000 kg, em estocadores e bobinas de 1500kg para uso industrial fornecido em bitolas finas, e é mais usado em lajes e estribos de vigas e pilares. O aço CA-25, por ser bastante dúctil, é normalmente usado quando se requer grandes diâmetros ou quando o detalhamento exige dobramentos sucessivos. Sempre que houver perigo de confusão no canteiro de obras, é proibido o emprego simultâneo de diferentes categorias de aço. Entretanto, esse emprego é permitido desde que uma das categorias seja empregada na armadura longitudinal e a outra na armadura 17 transversal das vigas e pilares. A armadura deve ser identificada quanto ao produtor, a categoria do material e o seu respectivo diâmetro nominal, através de marcas em relevo ou etiquetas. 4.2 BITOLAS COMERCIAIS As barras de aço CA 50 são fornecidas normalmente com comprimento de 12 metros, em feixes amarrados de 1000 kg ou 2000 kg, e devem ser fabricadas segundo especificações da NBR 7480/1996, sendo considerados diâmetros nominais maiores ou iguais a 5,0 mm e obtidos exclusivamente por laminação a quente. Os fios são aço CA-60. 18 Obs.: apesar de normalizado, o diâmetro de 22 mm não é comercializado!!! Para efeito de detalhamento, serão consideradas as seguintes bitolas e respectivas áreas: BITOLA (MM) TIPO DE AÇO AREA ( 2cm ) 5,0 CA-60 0,2 6,3 CA-50 0,315 8,0 CA-50 0,5 10,0 CA-50 0,8 12,5 CA-50 1,25 16,0 CA-50 2,0 20,0 CA-50 3,15 25,0 CA-50 5,0 32,0 CA-50 8,0 4.3 PROPRIEDADES GERAIS 4.3.1 TIPOS DE SUPERFÍCIE – os fios e as barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas. As barras lisas não possuem saliências suficientes em sua superfície, portanto elas têm pouca aderência ao concreto quando comparadas com as nervuradas. As propriedades mecânicas exigidas para barras e fios de aço destinados para as armaduras de concreto armado são especificadas na tabela a seguir: Ensaio de tração (valores mínimos) Categoria Limite de Escoamento LE (Mpa) Limite de resistência LR (Mpa) Alongamento em 10 φ (%) CA-25 (barra lisa) 250 1,20 LE 18 CA-50 (barra de alta aderência) 500 1,10 LE 8 CA-60 (barra entalhada) 600 1,05 LE 5 Obs.: na tabela anterior, define-se limite de resistência (LR) como sendo a força máxima suportada pelo material na qual ele se rompe, ou seja, é o ponto máximo da resistência de uma barra, valor este que é obtido pela leitura direta na máquina de tração. Para ensaios de dobramento, os corpos de prova são submetidos a um dobramento de 180º em pino de diâmetro padronizado, sendo considerado aprovado quando não apresenta quebra ou fissura na região dobrada. Este ensaio tenta reproduzir as condições em que os 19 materiais serão utilizados nas obras. Os diâmetros dos pinos exigidos pelo ensaio são indicados na tabela abaixo, conforme Anexo B da NBR 7480 e são: Diâmetro Mínimo do Pino por Categoria Bitola a dobrar CA 25 CA 50 CA60 φ < 20 2φ 4φ 5φ φ ≥ 20 4φ 6φ - Quando da execução de armaduras nas obras, a utilização da Norma NBR 7480 e os pinos anteriormente citados não é correta, já que ela só é aplicada para liberação do produto nos laboratórios das usinas ou no controle tecnológico de obras. Então, neste caso deve-se adotar como referência as recomendações da NBR 6118 onde são determinadas as condições a obedecer no projeto, na execução e no controle de obras de concreto armado. De acordo com esta norma os diâmetros dos pinos a serem utilizados no dobramento de barras devem ser: Diâmetro Mínimo do Pino por Categoria Bitola a dobrar CA 25 CA 50 CA60 φ < 20 4φ 5φ 6φ φ ≥ 20 5φ 8φ - O dobramento em obra é realizado em uma mesa de dobra, normalmente uma bancada de madeira conforme esquematizado abaixo: 20 4.3.2 MASSA ESPECÍFICA - pode-se assumir para massa específica do aço para concreto armado o valor de 7850 kg/m 3 . 4.3.3 COEFICIENTE DE DILATAÇÃO TÉRMICA – pode-se utilizar o mesmo valor utilizado para o concreto, que é de α = 10 5− o C 1− para intervalos de temperatura entre –20 graus a 150 graus. 4.3.4 MÓDULO DE ELASTICIDADE – para qualquer tipo de aço admite-se que o módulo de elasticidade é E s = 210 Gpa = 210.000 Mpa. 4.3.5. DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA – as características dos aços são verificadas mediante ensaios de resistência à tração, dobramento e aderência. Para os cálculos no estado limite último e no estado limite de serviço, a normalização recomenda que se empregue o diagrama simplificado abaixo, considerando-se comportamentos iguais na compressão e na tração. O valor ukε representa o valor da deformação na ruptura, e para aços sem patamar de escoamento o valor de ykf é o valor da tensão correspondente à deformação permanente de 2%o. O valor máximo da deformação à tração é tomado como 10%o (alongamento de ruptura), e o valor máximo da deformação à compressão é de 3,5 %o (encurtamento de ruptura), para que haja coerência com o encurtamento máximo do concreto. Assim: Diagrama εσx característico: sσ sε f yck f yk yckε -3,5% o 10%o yk ε 21 Diagrama εσx de cálculo: São definidos: ykf = resistência característica de escoamento do aço à tração; ydf = resistência de cálculo de escoamento do aço à tração;sγ = coeficiente de segurança do aço, normalmente tomado como 1,15. Tem-se então: sykyd ff γ/= Sendo ykε a deformação que dá início ao escoamento, tem-se: sykyk Ef /=ε sendo que no dimensionamento, a favor da segurança, deve-se tomar os valores minorados de resistência: sydyd Ef /=ε e onde sE é o módulo de elasticidade longitudinal do aço. Na compressão, considera-se que o comportamento é igual à tração, ou seja: yckyk ff = ydf = ycdf Pelos diagramas apresentados, observa-se o comportamento elástico (reta inclinada) e o comportamento plástico (reta “paralela”) do aço. sσ sε f ycd f yd ycdε -3,5% o 10% o ydε 22 4.4 PROTEÇÃO DA ARMADURA Qualquer barra de armadura deve ter cobrimento nominal de concreto pelo menos igual ao seu diâmetro, e de acordo com a agressividade do meio ambiente ao qual a estrutura está exposta, referido à superfície da armadura externa, em geral a face externa do estribo, devendo-se prever uma espessura de sacrifício ou um revestimento protetor em regiões sob condições ambientais muito agressivas. Para garantir o cobrimento mínimo ( minc ) o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal ( nomc ), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução ( c∆ ). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais, estabelecidos na tabela abaixo para c∆ = 10mm , que é o valor mínimo de c∆ a ser considerado nas obras correntes. No caso de haver em obra um adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução, pode ser adotado um valor c∆ = 5mm, mas esta exigência deve estar bem explicitada nos desenhos de projeto. Classe de agressividade ambiental PEÇA ESTRUTURAL. Cobrimento nom. p/ c∆ =10 mm Classe I Classe II Classe III Classe IV LAJE 20 25 35 45 VIGA/PILAR 25 30 40 50 CONC. PROTENDIDO 35 35 45 55 Tem-se que o cobrimento nominal (a ser especificado em projeto) é cccnom ∆+= min barraφ≥ No caso de feixes de barras, além de se considerar os valores acima, deve-se verificar: c nom feixeφ≥ = nφ = nφ onde φ é o diâmetro da barra utilizado e n é o número de barras do feixe. Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos, e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser simplificadas para cobrimento maior ou igual ao diâmetro da barra, com cobrimento mínimo de 15 mm. Para faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos o cobrimento nominal deve ser de pelo menos 45 mm. Deve-se lembrar ainda que a dimensão máxima característica do agregado graúdo, utilizado no concreto, não pode superar 20% da espessura nominal do cobrimento, ou seja: 23 d max ≤ 1,2 c nom Quanto à agressividade ambiental, esta pode ser classificada conceitualmente de acordo com o apresentado a seguir: CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL (CAA) AGRESSIVIDADE RISCO DE DETERIORAÇÃO DA ESTRUTURA I Fraca Insignificante II Média Pequeno III Forte Grande IV Muito forte Elevado Esta classificação da agressividade do meio ambiente às estruturas pode ser avaliada simplificadamente segundo as seguintes condições: Micro clima Ambientes internos Ambientes externos e obras em geral Macro clima Seco(1) com UR ≤ 65% Úmido ou ciclos(2) de molhagem e secagem Seco(3) com UR≤ 65% Úmido ou ciclos(4) de molhagem e secagem Rural I I I II Urbana I II I II Marinha II III - III Industrial II III II III Especial (5) II III ou IV III III ou IV Respingos de Maré - - - IV Submersa ≥3m - - - I Solo - - Não agressivo Úmido e agressivo II, III ou IV Obs.: (1) Salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos, residências e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura. (2) Vestiários, banheiros, cozinhas, lavanderias industriais e garagens. (3) Obras em regiões secas, como o nordeste do país, partes protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos. (4) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas. (5) Macro clima especial significa ambiente com agressividades bem conhecida, que permitirá definir a classe de agressividade III ou IV nos ambientes úmidos. Se o ambiente for seco, a classe de agressividade será sempre II, nos ambientes internos e III nos externos. 24 Obs.: No caso de alta contaminação por cloretos, a estrutura deve ser enquadrada na classe IV. Para projetos no litoral, pode-se de maneira geral utilizar CAA = II para peças no interior, e CAA = III para peças expostas à intempérie. Para garantir a qualidade dos componentes e elementos estruturais de concreto armado segundo a classe de agressividade, deve-se utilizar o fator água/cimento e classe de concreto abaixo relacionado: Classe de agressividade Concreto tipo CA I II III IV Fator água/cimento em massa ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 Classe de concreto ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 Consumo de cimento por metro cúbico de concreto (kg/m3) ≥ 260 ≥ 280 ≥ 320 ≥ 360 Uma outra observação muito importante é que se pode especificar dois recobrimentos diferentes para uma peça estrutural, dependendo se esta peça é interna ou externa, ou seja, menos ou mais sujeita à agressividade. 25 5. COMPORTAMENTO CONJUNTO DO AÇO E DO CONCRETO 5.1 ADERÊNCIA O concreto e o aço atuam em conjunto, formando o concreto armado, devido à aderência (bond, em inglês) entre estes dois materiais, que impede o deslizamento entre eles, permitido assim a transferência de esforços. A verificação da aderência se faz usualmente através da tensão de aderência no estado limite último. O comportamento da aderência é influenciado pelo diâmetro da barra, tipo e disposição das nervuras, posição das barras durante a concretagem, fator água-cimento, adensamento e a idade do carregamento. A aderência pode ser de três tipos: - aderência por adesão: surge como sendo uma resistência à separação do material concreto e do material aço, devido às ligações físico-químicas, na interface das barras com a pasta, geradas durante as reações de pega do cimento. Para pequenos deslocamentos relativos entre a barra e a massa de concreto que a envolve, essa ligação é então destruída. Por exemplo, para separar o bloco de concreto de uma placa de aço conforme figura abaixo é necessário que se aplique uma força de intensidade 1bF . - aderência por atrito: quando se tenta arrancar uma barra de um bloco de concreto, a força de arrancamento 2bF é maior que a força mobilizada pela aderência à adesão ( 1bF ). Isto ocorre devido ao atrito entre a barra e o concreto, surgindo também tensões de aderência ( bτ ) distribuídas ao longo da barra, em oposição à esta força 2bF . - aderência mecânica: esta aderência surge devido à conformação superficial que existe nas barras. Nas barras de alta aderência, por exemplo,as saliências mobilizam forças localizadas, aumentando significativamente a aderência. 26 5.2 TENSÃO DE ADERÊNCIA A tensão de aderência depende de inúmeros fatores, como rugosidade da barra, posição da barra dentro da peça durante a concretagem, diâmetro da barra usado, resistência do concreto, porosidade do concreto, etc. Segundo a figura dada anteriormente, a expressão da tensão de aderência fica sendo: b s bd l Rf ..φpi= sendo: sR - força atuante na barra φ - diâmetro da barra bl - comprimento de ancoragem 5.3 POSIÇÃO DAS BARRAS DURANTE A CONCRETAGEM De acordo com a posição das barras durante a concretagem pode-se dizer que existem regiões favoráveis ou desfavoráveis quanto à aderência: a) para o caso de concretagens sobre formas fixas considerar-se-á em região de boa aderência os trechos onde o concreto é cuidadosamente vibrado e adensado. Segundo a norma, consideram-se as seguintes posições das barras: - com inclinação maior que 45 graus sobre a horizontal (figura a); - horizontais ou com inclinação menor que 45 graus sobre a horizontal, desde que: 27 - para peças com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face inferior da peça ou da junta de concretagem mais próxima (figuras b e c), e para peças com h ≥ 60 cm, localizadas no mínimo 30 cm abaixo da face superior da peça ou da junta de concretagem mais próxima (figura d); - em regiões de má aderência consideram-se os trechos das barras em posições diferentes das citadas. b) no caso de se usar formas deslizantes, considera-se zona de boa aderência apenas os trechos de barras com inclinação maior que 45 graus sobre a horizontal. Todos os demais são de má situação. 5.4 RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA A tensão de aderência de ruptura é o valor registrado por ocorrência da macro- ruptura, identificada no momento em que a armadura perde a capacidade de ancorar-se no concreto. A resistência de aderência de cálculo entre a armadura passiva e o concreto, deve ser obtida segundo a seguinte expressão: ctdbd ff ... 321 ηηη= onde:. - ctdf = valor de cálculo da resistência à tração do concreto (igual a inf,ctkf / cγ ) - 1η = 1,0 para barras lisas (CA 25); - 1η = 1,4 para barras dentadas ou barras entalhadas (CA-60); - 1η = 2,25 para barras nervuradas de alta aderência (CA-50); - 2η = 1,0 para situação de boa aderência e 2η = 0,7 para má aderência; - 3η = (132 -φ )/100 onde φ é dado em mm para φ > 32 mm e 3η = 1,0 para φ ≤ 32 mm. 28 5.5 ANCORAGEM DAS ARMADURAS A ancoragem das armaduras é necessária para que seja feita a transferência de esforços para o concreto, e assim seja possível a interrupção da armadura em um determinado ponto da peça estrutural. Esta ancoragem pode ser feita por aderência ou por dispositivos mecânicos, sendo que estes últimos devem ser usados somente com controle rigoroso. 5.5.1 COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BASICO PARA BARRAS TRACIONADAS – define-se bl como sendo o comprimento mínimo necessário para que a barra não seja “arrancada” da peça de concreto, ou seja, o comprimento reto necessário para ancorar a força limite ydss fAR .= . Admite-se que ao longo deste comprimento de ancoragem a resistência de aderência é uniforme e igual a bdf . O comprimento de ancoragem básico pode ser calculado igualando-se a força última de aderência: ydsbdb fAfl .... =φpi Como 4/. 2φpi=sA obtém-se então: l b = bd yd f f 4 φ 5.5.2 COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO PARA BARRAS TRACIONADAS - quando da escolha da armadura a ser utilizada em função das bitolas disponíveis no mercado, utiliza-se normalmente uma quantidade de armadura diferente (na maior parte dos casos, uma armadura ligeiramente superior) àquela efetivamente calculada. Desta forma há uma diminuição da tensão nas barras, e o comprimento de ancoragem básico pode ser modificado usando-se o comprimento de ancoragem necessário, dado pela expressão: l necb, = 1α . bl . efts calcs A A , , ≥ min,bl onde: 1α = 1,0 para barras sem gancho; 1α = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3φ ; A calcs , = área de armadura calculada para resistir ao esforço solicitante; 29 eftsA , = área de armadura existente (efetiva). O valor mínimo da ancoragem ( min,bl ) deve ser o maior valor entre 0,3 bl , 10φ e 10 cm. O valor de l necb , pode ser calculado simplificadamente para diversos tipos de concreto. Assim, considerando aço CA-50, barras nervuradas ( 1η =2,25), sem gancho ( )11 =α , diâmetros não superiores a 32 mm ( 3η =1) tem-se: min, , , , .. b efets cals necb lA A Kl ≥= φ onde o valor da constante K pode ser obtido pela tabela a seguir: VALORES DE K PARA DIVERSOS FCK (MPA)- Aço CA-50 15 20 25 30 35 40 45 50 Boa Ader. 53 44 38 34 30 28 25 24 Má Ader. 76 62 54 48 43 40 37 34 Obs.: em casos especiais de redução do comprimento de ancoragem, e no caso de utilização de feixes de barras, deverá ser consultada a NBR 6118/2003. 5.5.3 ANCORAGEM DE BARRAS COMPRIMIDAS – a ancoragem de barras comprimidas acontece basicamente no caso de existir armadura dupla em vigas ou no caso de pilares. As barras de armadura que estão exclusivamente compridas ou que tenham alternância de solicitações (tração e compressão) devem ser ancoradas em trecho reto, sem gancho, conforme figura abaixo: bd ycd b f f l 4 ´ φ = 30 No caso de utilizar armadura diferente da calculada, tem-se: cm l l A A K A A ll b b usados cals usados cals bnecb 20 15 6,0 ´ min,' , ' , ' , ' ,´´ , φφ ≥≥== Quando se compara o comportamento da ancoragem de barras tracionadas e comprimidas, deve-se lembrar que quando o concreto está comprimido numa região de ancoragem, o mesmo apresenta maior integridade (menos fissuração), fazendo com que os comprimentos de ancoragem de barras comprimidas possam teoricamente ser menores. Um segundo aspecto a ser considerado é o efeito de ponta (observado na figura anterior), fator este que se reduz significativamente com o tempo, por causa do efeito de fluência do concreto. Como na prática é possível desprezar estes dois fatores, calcula-se a ancoragem de barras comprimidas da mesma forma que para barras tracionadas, porém, não se utilizando ganchos para armaduras comprimidas. Para as barras comprimidas, considera-se sempre zona de boa aderência. 5.5.4 ANCORAGEM NOS APOIOS – este item será melhor estudado no capítulo referente ao detalhamento da armadura longitudinal de vigas. 5.5.5 UTILIZAÇÃO DE GANCHOS – a ancoragem por aderência acontece por meio de um comprimento reto ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho. O gancho é obrigatório no caso de barras lisas, mas no caso de existirem barras que estejam comprimidas ou que tenham alternância de esforços (tração e compressão) o uso de ganchos não deve existir. Não se recomenda o uso de ganchos para barras em feixes ou com diâmetro superior a 32 mm, e no caso de barras lisas os ganchos devem ser semi-circulares. Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração podem ser: - semi-circulares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2φ (caso a); - em ângulo de 45 graus (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a 4 φ (caso b); - em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8φ (caso c). O diâmetro dos pinos de dobramento deve ser pelo menos igual aos valores da tabela a seguir: 31 BITOLA (mm) CA-25 CA-50 CA-60 <20 4φ 5φ 6φ ≥ 20 5φ 8φ - No caso de estribos com diâmetro tφ , os ganchos podem ser: - semi-circulares ou em ângulo de 45 graus (interno) com ponta reta de comprimento igual a 5 tφ , porém não inferior a 5 cm; - em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 tφ , porém não inferior a 7 cm (não é permitido para barras ou fios lisos). O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser no mínimo, igual aos valores abaixo: BITOLA DO ESTRIBO tφ (mm) CA-25 CA-50 CA-60 ≤10 3 tφ 3 tφ 3 tφ 10<φ < 20 4 tφ 5 tφ - ≥20 5 tφ 8 tφ - Obs.: - com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência devem ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio concreto, considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3φ e a distância entre as barras ancoradas também for maior ou igual a 3φ ; - nas regiões situadas sobre apoios diretos, a armadura de confinamento não é necessária devido ao aumento da aderência por atrito com a pressão do concreto sobre a barra; - a NBR 6118/2003 permite também a ancoragem de estribos através de barras transversais soldadas (vide norma); - na disciplina de CAR-I será utilizado o detalhamento com gancho semi-circular, com 5 cm para cada lado. 5.6 EMENDAS DAS BARRAS Como as barras de armadura são fornecidas em comprimentos entre 10m e 12m, muitas vezes torna-se necessário emendá-las. Estas emendas podem ser de diversos tipos: - por traspasse (transferência indireta); - por luvas com preenchimento metálico ou rosqueadas (transferência direta, sem participação do concreto); - por solda (idem); - por outros dispositivos devidamente justificados. 32 Na disciplina de CAR-I será somente estudada a emenda por traspasse, devendo-se recorrer à norma para as outras situações. 5.6.1 EMENDAS POR TRASPASSE - este tipo de emenda não é permitido para barras isoladas de bitola maior que 32 mm e nem para tirantes e pendurais. No caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não poderá ser superior a 45 mm. As emendas são supostas na mesma seção transversal de acordo com a figura abaixo: A proporção máxima de barras tracionadas emendadas numa mesma seção está indicada na tabela a seguir: TIPO DE CARREGAMENTO TIPO DE BARRA SITUAÇÃO ESTÁTICO DINÂMICO Em uma camada 100% 100% ALTA ADERÊNCIA Em mais de uma camada 50% 50% φ < 16 mm 50% 25% BARRA LISA φ ≥ 16 mm 25% 25% 5.6.2 COMPRIMENTO DE TRASPASSE PARA BARRAS TRACIONADAS, ISOLADAS – quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre 0 e 4φ , o comprimento do trecho de traspasse para barras tracionadas deve ser otl = otα . ≥necbl , cm lbot 20 15 ..3,0 φ α onde otα é o coeficiente função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção, segundo a tabela abaixo: Porcentagem de barras emendadas na mesma seção – valor de otα ≤20 % 25% 33% 50% >50% 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 33 Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4φ , ao comprimento calculado anteriormente deve ser acrescida a distância livre entre barras emendadas. A armadura transversal na emenda deve ser justificada, considerando o comportamento conjunto concreto-aço. 5.6.3 COMPRIMENTO POR TRASPASSE DE BARRAS COMPRIMIDAS, ISOLADAS – neste caso, todas as barras podem ser emendadas numa mesma seção, e em se tratando de barras comprimidas, não faz diferença se as mesmas estão posicionadas em zona de boa ou de má aderência, podendo-se então adotar: cm l ll b necbo 20 15 6,0 ' ' , ' φ≥= ou seja, o comprimento de emenda tem o mesmo valor da ancoragem de compressão, não havendo necessidade de majoração. 5.6.4 EMENDAS DE BARRAS CONSTRUTIVAS (CRITÉRIO PRÁTICO) - no caso de se precisar emendar barras que tenham somente funções construtivas, ou seja, que estejam fora de regiões de tração ou de compressão (armadura dupla), pode-se adotar o maior valor entre 15 vezes o diâmetro da barra utilizada ou 20 cm. l consto, ≥ 15φ ou 20 cm. Obs.: - barras exclusivamente comprimidas ou de distribuição (construtivas), podem ser todas emendadas na mesma seção; - como exemplo de barras construtivas, tem-se barras de armadura de pele, barras superiores de vigas bi-apoiadas sem armadura de compressão (função somente de porta- estribos) etc; - pilares que estão eventualmente sujeitos a esforços de tração (por exemplo, devido ao vento), não podem ter armadura emendada por traspasse. 5.6.5 EMENDAS DE FEIXES DE BARRAS - no caso de se ter que emendar feixes de barras, deve-se utilizar as prescrições da norma, tomando-se cuidado com a utilização de armadura transversal nas emendas por traspasse. 34 6. ESTADOS LIMITES Diz-se que uma estrutura ou parte dela atinge um estado limite quando, de modo efetivo ou convencional, se torna inutilizável ou quando deixa de satisfazer às condições previstas para sua utilização. Os critérios de segurança a serem verificados no projeto estrutural são os indicados na NBR 8681:2003 (Ações e Segurança em Estruturas). O método dos estados limites é fundamentado em análises estatísticas com relação às ações e às resistências. 6.1 ESTADO LIMITE ÚLTIMO (ELU) O estado limite último (ELU) está relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura. Trata-se de uma situação na qual espera-se que uma estrutura nunca atinja, tanto é que se faz o uso de diversos coeficientes de segurança, sendo as resistências dos materiais minoradas e os esforços solicitantes majorados. A segurança das estruturas de concreto deve ser verificada em relação aos seguintes estados limites últimos: - estado limite último de perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido; - estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais; - estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem (flambagem); - estado limite último provocado por solicitações dinâmicas. 6.2 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO (ELS) É aquele relacionado à durabilidade da estrutura, aparência, conforto do usuário e a boa utilização funcional da mesma, seja em relação aos usuários, às máquinas e aos equipamentos utilizados. Este assunto será melhor discutido no capítulo final desta apostila. De forma geral, no caso de estruturas de concreto armado, devem ser considerados: - estado limite de formação de fissuras (ELS-F) – é atingido quando a tensão de tração máxima na seção transversal for igual a fctf , ; - estado limite de abertura de fissuras, quando as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos máximos especificados para a utilização normal da estrutura (ELS-W); - estado limite de deformações excessivas, quando as deformações atingem limites estabelecidos para a utilização normal da construção (ELS-DEF); - estado limite de vibrações excessivas, quando as vibrações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal da construção (ELS-VE); Para estruturas de concreto protendido verifica-se também o estado de descompressão (ELS-D), o estado de descompressão parcial (ELS-DP) e o estado de compressão excessiva (ELS-CE). 35 7 AÇÕES Na análise estrutural devem ser consideradas as influências de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura, levando-se em conta os possíveis estados limites últimos e de serviço. Deve-se lembrar que ações são definidas comocausas que provocam esforços ou deformações nas estruturas, sendo que, de modo geral, as forças são chamadas de ações diretas e as deformações impostas são chamadas de ações indiretas. 7.1 AÇÕES PERMANENTES São as que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda a vida da construção, podendo crescer no tempo tendendo a um valor limite constante. Estas ações devem ser consideradas com seus valores representativos mais desfavoráveis para a segurança da estrutura, e podem ser: - ações permanentes diretas – constituídas pelo peso próprio da estrutura, dos elementos construtivos fixos (paredes, esquadrias, etc )e das instalações permanentes. Os empuxos de terra e outros materiais granulosos quando considerados não removíveis, também devem ser considerados como uma ação permanente. - ações permanentes indiretas – são constituídas pelas deformações impostas por retração do concreto, fluência do concreto, deslocamentos de apoio (para estruturas hiperestáticas e muito rígidas), imperfeições geométricas (globais ou locais) ou protensão. 7.2 AÇÕES VARIÁVEIS São aquelas que não são constantes durante a vida da construção, e podem ser: - ações variáveis diretas - são as ações acidentais previstas para o uso da construção (peso de equipamentos, depósitos provisórios, de pessoal, etc), pela ação do vento (obrigatório segundo a NBR 6123) e da água (chuva). As ações acidentais correspondem a ações verticais de uso da construção, ações móveis considerando inclusive o impacto vertical, impacto lateral, força longitudinal de frenagem ou aceleração e força centrífuga. Estas forças devem estar dispostas nas posições mais desfavoráveis, sem que se esqueça de levar em conta o processo construtivo. - ações variáveis indiretas – são aquelas relativas à variação da temperatura (uniforme ou não uniforme), ações dinâmicas. Obs.: as ações dinâmicas devem ser verificadas quando a estrutura está sujeita a choques ou vibrações, verificando-se a possibilidade de ressonância e/ou fadiga. 36 7.3 AÇÕES EXCEPCIONAIS São as ações que tem duração extremamente curta e uma probabilidade muito baixa de ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas em algumas situações, como por exemplo a ocorrência de um terremoto junto à construção de uma represa. 7.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES As combinações de carregamento devem ser feitas de diferentes maneiras, de forma que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. A verificação quanto à segurança da estrutura deve ser feita em função de combinações últimas e combinações de serviço. Em todas as combinações, as ações permanentes devem ser tomadas em sua totalidade, e para as ações variáveis devem ser tomadas apenas as parcelas que surtam efeitos desfavoráveis para a segurança. As ações incluídas em cada uma das combinações devem ser consideradas com seus valores representativos, multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação. 7.4.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS – as combinações últimas podem ser classificadas como: - combinações últimas normais – aparecem as ações permanentes e as ações variáveis principais, admitindo-se que elas atuem com seu valor característico ( kF ) e as demais ações variáveis, consideradas como secundárias, atuem com seus valores reduzidos de combinação ( ). ko Fψ : eqkoeeqqikojkqqegkeggkgd FFFFFF ..)..(.. 1 ψγψγγγ ++++= ∑ Onde: dF – valor de cálculo das ações para combinação última; gkF – ações permanentes diretas; ekF - ações indiretas permanentes (pode ser a retração egkF , ou uma carga permanente como a temperatura eqkF ); qkF – ações variáveis diretas, das quais kqF 1 é escolhida como principal (pode ser por exemplo uma carga acidental ou a carga devido ao vento); ψγ , - definidos no item a seguir. Para a disciplina de CAR-I será utilizada simplificadamente a expressão: qkqgkgd FFF .. γγ += 37 Obs.: - quando for o caso, deverão ser consideradas combinações onde o efeito favorável das cargas permanentes seja reduzido pela consideração de um fator apropriado, conforme será visto no próximo item. - combinações últimas especiais ou de construção – aparecem as ações permanentes e as ações variáveis especiais, quando existirem, atuando com valor característico, e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação. A diferença é que oψ pode ser substituído por 2ψ , quando a atuação da ação principal kqF 1 tiver duração muito curta. eqkoeeqqjkojkqqegkeggkgd FFFFFF ..)..(.. 1 ψγψγγγ ++++= ∑ - combinações últimas excepcionais – neste caso, também oψ pode ser substituído por 2ψ , quando a atuação da ação principal excqF 1 tiver duração muito curta. Da mesma maneira, sempre devem figurar as ações permanentes e a ação variável excepcional, quando existir, comseus valores representativos, e as demais ações variáveis, com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação. Nesse caso, se enquadram, entre outros, sismo, incêndio e colapso progressivo. A combinação é dada por: eqkoeeqqikojqexcqegkeggkgd FFFFFF ...... 1 ψγψγγγ ++++= ∑ 7.4.2 COMBINAÇÕES DE SERVIÇO (UTILIZAÇÃO) – as combinações últimas de serviço (ou utilização) são classificadas de acordo com seu tempo de permanência na estrutura: - combinações quase-permanentes – podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, e são mais utilizadas na verificação do estado limite de deformações excessivas. Nestas combinações todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase- permanentes qkF.2ψ : ∑∑ += kqjjkgiserd FFF ,2,, .ψ em que serdF , é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço. - combinações freqüentes – se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura, e são mais utilizadas na verificação dos estados limites de compressão excessiva, abertura de fissuras e vibrações excessivas. Nestas combinações, a ação variável principal 1qF é tomada com seu valor freqüente kqF 12 .ψ e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes qkF.2ψ : 38 ∑∑ ++= kqjjkqkgiserd FFFF ,2,11,, .. ψψ onde kqiF , é o valor característico das ações variáveis principais diretas. - combinações raras – neste caso, as ações podem atuar no máximo algumas vezes durante o período de vida da estrutura, e são mais utilizadas na verificação dos estados limites de formação de fissuras e descompressão. Nestas combinações, a ação variável principal 1qF é tomada com seu valor característico kqF ,1 e todas as demais ações são tomadas com seus valores frequentes qkF.1ψ : ∑∑ ++= kqjjkqkgiserd FFFF ,1,1,, .ψ 7.5 SOLICITAÇÕES Define-se solicitação como sendo qualquer esforço (momento fletor, força normal, força cortante, torção) ou um conjunto de esforços decorrente das ações e aplicado a uma ou mais seções de um elemento de estrutura. As solicitações de cálculo são obtidas para a combinação de ações considerada, de acordo com a análise estrutural e para cada estado-limite a ser considerado, ou seja, as ações é que são majoradas, para então serem determinadas as solicitações. 7.6 COEFICIENTES DE MAJORAÇÃO E DE MINORAÇÃO Numa análise estrutural de dimensionamento, visando a segurança final, costuma-se majorar os esforços e minorar as resistências, ou seja, “existe mais carga do que realmente existe”, e os materiais “agüentam menos do que realmente agüentam”. Assim: 7.6.1 MAJORAÇÃO DAS AÇÕES - no dimensionamento de uma peça de concreto armado, considerando o estado limite último, deve-se trabalhar com cargas majoradas. Assim: kFd SS .γ= onde:dS = esforço de cálculo (momento fletor, esforço cortante, esforço normal, etc); Fγ = coeficiente de ponderação (segurança) das solicitações ; kS = esforço característico (real) atuante na peça (momento fletor, esforço cortante, esforço normal, torção, etc) O coeficiente de ponderação Fγ de majoração das cargas deve ser tomado como Fγ = 1Fγ . 2Fγ . 3Fγ 39 onde: 1Fγ - considera a variabilidade das ações; 2Fγ - considera a simultaneidade de atuação das ações; 3Fγ - considera os desvios gerados nas construções e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das solicitações. Os valores de Fγ = 1Fγ . 3Fγ , podem ser obtidos pela tabela: Valores do coeficiente Fγ = 1Fγ . 3Fγ Permanentes diretas Variáveis diretas Protensão Recalque de apoio e retração – permanente indireta Ações D F G T D F D F Normais 1,4 1,0 1,4 1,2 1,2 0,9 1,2 0 Especiais ou de construção 1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0,9 1,2 0 Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 1,2 0,9 0 0 Da tabela anterior, tem-se: D – ação desfavorável; F – ação favorável; T – ação temporária; G – ação geral. Por outro lado, o valor de 2Fγ é tomado como: 2Fγ = 0ψ , 1ψ ou 2ψ com a seguinte definição: 0ψ - fator de redução de combinação para estado limite último; 1ψ - fator de redução de combinação freqüente para estado limite de serviço; 2ψ - fator de redução de combinação quase permanente para estado limite de serviço. Os valores do coeficiente 2Fγ , isto é, dos fatores de combinação ( 0ψ ) e de redução ( 1ψ e 2ψ ) para as ações variáveis diretas, estão tabelados abaixo: 40 Ações 0ψ 1ψ 2ψ Cargas acidentais de edifícios: -Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas (edifícios residenciais); - Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, ou de elevada concentração de pessoas (edifícios comerciais e de escritórios); - Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens; 0,5 0,7 0,8 0,4 0,6 0,7 0,3 0,4 0,6 Vento: - Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0 Temperatura: - Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3 Para verificações no estado limite de serviço, o coeficiente de ponderação das ações é dado pela expressão: Fγ = 1 x 2Fγ Devendo-se adotar: 2Fγ = 1 para combinações raras; 2Fγ = 1ψ para combinações freqüentes; 2Fγ = 2ψ para combinações quase permanentes. Os valores de 1ψ e 2ψ referentes às combinações de serviço são dados na tabela anterior. 7.6.2 MINORAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS - de um modo geral, diz-se que a resistência de cálculo df de um material é dada pela expressão: f d = m kf γ onde f k é a resistência característica inferior e mγ é o coeficiente de ponderação (minoração) da resistência do material, definido como mγ = m321 .. γγγ mm Onde: 1mγ – considera a variabilidade da resistência efetiva dos materiais envolvidos; 41 2mγ – considera a diferença entre a resistência do material no corpo de prova e na estrutura; 3mγ – considera os desvios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das resistências. No caso da resistência de cálculo do concreto, quando a verificação se faz em data t igual ou superior a 28 dias, adota-se: cdf = ckf / cγ Obs.: quando o concreto é verificado antes dos 28 dias, cuidados especiais devem ser tomados (vide norma). No caso da resistência de cálculo do aço (tensão de escoamento), deve-se utilizar: ydf = ykf / sγ Os valores de cγ e sγ são indicados na tabela abaixo: COMBINAÇÕES CONCRETO ( cγ ) AÇO ( sγ ) Normais 1,4 1,15 Especiais ou de construção 1,2 1,15 Excepcionais 1,2 1,0 No caso de execução de peças em condições desfavoráveis (transporte, adensamento manual, concretagem deficiente por concentração de armadura), o coeficiente cγ deve ser multiplicado por 1,1, e nos casos em que se deseja fazer uma verificação em data inferior a 28 dias, deve-se analisar a norma para outros valores dos coeficientes de segurança. Para elementos estruturais pré-moldados e pré-fabricados, deve ser consultada a NBR 9062. 7.7 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA Diz-se que uma estrutura é segura quando ela atende as condições construtivas e analíticas de segurança, ou seja, quando existem condições para que a estrutura suporte todas as ações possíveis de ocorrer na sua vida útil, e sem que se atinja algum estado limite anteriormente descrito. Desta forma, a estrutura deve obedecer aos critérios de detalhamento, controle de materiais e execução da obra conforme normas específicas. Também se deve estabelecer que as resistências não podem ser menores que as solicitações (para todos os estados limites). Assim: dR ≥ dS ou 42 kR ≥ kS Para a verificação da segurança, usam-se métodos probabilísticos (probabilidade de ruína) e métodos semi-probabilísticos (utilização de números empíricos e introdução de dados estatísticos e probabilísticos), que não serão estudados neste curso. 43 8 INTRODUÇÃO AO DIMENSIONAMENTO DE VIGAS (FLEXÃO SIMPLES) 8.1 DENOMINAÇÃO Diz-se que viga é um elemento estrutural linear (elemento de barra), com comprimento longitudinal de pelo menos três vezes a maior dimensão da seção transversal, e onde o esforço solicitante de flexão é preponderante (momento fletor e força cortante), podendo eventualmente ocorrer esforços devido à torção. As vigas têm como finalidade servir de apoio para as lajes, suportar paredes ou servir de apoio para outras vigas ou pilares que porventura nela “nasçam”, absorvendo as ações a elas transmitidas e distribuindo-as para os seus apoios. A importância das vigas se dá também pelo fato de formarem pórticos rígidos juntamente com os pilares, sendo estes pórticos importantes para garantir a segurança estrutural do edifício, pois eles, além de absorverem a ação do vento, contribuem para garantir a estabilidade global do edifício. Obs.: denomina-se viga parede um elemento de superfície plana sujeito principalmente a ações contidas em seu plano, em que o vão é menor que três vezes a maior dimensão da seção transversal. 8.2 DIMENSÕES DE VIGAS ( hxbw ) A seção transversal de uma viga não deve apresentar largura ( wb ) menor que 12 cm (15 cm para vigas parede), podendo-se utilizar 10 cm no caso em se verificar adequadamente as condições de alojamento das armaduras, interferência com as armaduras de outros elementos estruturais e um correto lançamento e vibração do concreto. De preferência, a base da viga deve ser definida de modo que fique embutida na parede, considerando-se também o revestimento (0,5cm a 1,5cm). Cuidados também devem ser tomados com relação às aberturas (janelas, portas) e com a posição das vigas invertidas (para cima da laje). Para vigas em contato com o solo (vigas baldrame), sugere-se que a largura das mesmas não seja menor que 15 cm. As paredes podem ser de tijolos cerâmicos ou de blocos de concreto, sendo que estes possuem normalmente espessuras de 9 cm, 14 cm ou 19 cm, devendo-se sempre consultar o construtor para saber qual o tipo de vedação que vai ser realmente utilizado. Com relação à fixação da altura da viga, pode-se adotar um critério para anteprojeto supondo que no caso de vãos internos a altura seja da ordem de L/13 a L/11 do vão livre, e no caso de vãos externos L/11 a L/9 do vão livre. Nas vigas contínuas de
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