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Material processo civil IV

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PROFESSOR: AGAPITO MACHADO JÚNIOR
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV.
1. O PROCESSO DE EXECUÇÃO E SUA EVOLUÇÃO.
Aquele que tem um direito subjetivo lesionado ou ameaçado tem a pretensão de exigir do agente violador que cesse ou reverta esta situação. 
Ocorre que quando o tal agente não se convence da pretensão e a resiste, surge uma situação conflituosa (lide) a qual pede uma ação (ação de direito material - uso da força) para superar esta crise. 
No Estado Democrático de Direito esta ação não advém do particular (vedação da autotutela privada, como regra), mas do próprio Estado que será provocado a veicular esta ação segundo uma sequência de atos previamente definida em lei (devido processo legal), o que envolve, pois, a necessidade de deflagrar através do exercício do direito de ação a função jurisdicional, requerendo uma tutela ao direito violado ou ameaçado.
O acesso à justiça (art.5º, XXXV, da CF-88) assegura que aquele que procura a tutela jurisdicional tem direito a uma prestação tempestiva e eficaz.
Nesse sentido, aquele que tem um direito lesionado ou ameaçado, passa a ter o direito a uma prestação jurisdicional capaz de reconhecer o seu direito e de torná-lo efetivo de forma tempestiva.
Como decorrência do direito de acesso à justiça há direito à tutela processual de conhecimento (em que o autor busca superar uma crise de incerteza de seu direito), à tutela de execução (em que o autor busca superar uma crise de inadimplência) e à tutela cautelar (em que se busca assegurar o resultado útil da tutela objeto de processo principal).
O CPC de 1973, inicialmente, criou para cada tipo de tutela processual pretendida, um caminho específico, ou seja, um tipo de processo, previsto em livros distintos do código. 
Daí que para a ação de conhecimento seria o caso de observar o processo de conhecimento, o qual envolve uma petição inicial, citação, instrução, sentença, até o desfecho (Livro I). Ao final o direito tinha sido certificado pelo Estado, superando a eventual incerteza do mesmo.
Agora se o objetivo do jurisdicionado for superar uma crise de inadimplência, por já deter consigo um direito reconhecido pelo Estado em um certo documento (título executivo) mas que não foi satisfeito pelo devedor, deveria ser deflagrada via ação executiva o processo de execução, por petição inicial, citação, instrução e sentença até o desfecho (Livro II).
Se o objetivo era medida de caráter cautelar, seria o caso de ajuizar ação cautelar seguindo processo cautelar (Livro III).
Assim, com o advento do CPC de 1973, se o autor pretendia o reconhecimento de um direito e logo após a sua efetivação, seria o caso de ajuizar (02) duas ações, gerando dois processos autônomos: o de conhecimento e o de execução, gerando gastos demasiados e demora para satisfação de único direito.
Logo, não se poderia efetivar um direito reconhecido judicialmente antes que o processo de conhecimento chegasse ao final e fosse ajuizada a ação executiva em processo próprio (não havia técnica de efetivação do direito antes de formado o título executivo).
Após reflexão sobre a duração razoável do processo e a necessidade de uma maior eficiência na prestação jurisdicional, o legislador começou a alterar a rigidez do CPC de 1973.
Em verdade, já havia no próprio CPC de 1973 procedimentos especiais em que um único processo veiculava ao mesmo tempo a tutela cognitiva e executiva, por exemplo, as medidas possessórias e o mandado de segurança. Chama-se tal situação de sentença de execução lato sensu ou mandamental.
Depois, em 1994, adveio a técnica de antecipação de tutela (art.273 do CPC), momento em que ainda no processo de conhecimento e antes do seu final, poder-se-ia antecipar uma solução sobre o direito do autor e de logo permitir sua efetivação, ainda que de forma precária.
Assim, antes de findar o processo de conhecimento e antes de iniciar o processo executivo a parte já se beneficiava da efetivação do direito reconhecido a título precário.
O mesmo se diga dos artigos 461 (alteração ocorrida ainda em 1994) e 461-A do CPC (alteração legislativa do CPC ocorrida em 2002) que previram a antecipação de tutela de obrigação de: fazer, não fazer e dar coisa.
Oportuno aqui registrar que a obrigação específica (fazer, não fazer e dar coisa certa) antes era quase sempre convertida em obrigação de dar quantia certa (perdas e danos), de forma que a pretensão da parte não seria satisfeita plenamente, mas geralmente se transformava em indenização (tutela genérica).
Com o §5º do art.461 do CPC, o Estado passou a poder adotar técnicas de efetivação da tutela de obrigação específica, dando ao interessado ela própria ou algo equivalente, e só vindo a converter em perdas e danos quando o próprio interessado a pedisse ou quando não fosse possível a tutela específica ou pelo equivalente (§1º do art.461 do CPC de 1973).
Outras providências completaram a técnica que tornar um único processo veículo de cognição e de execução, por exemplo, a ação monitória.
Contudo, somente com as alterações advindas da Lei 11.232/2005 é que se consolidou como regra a técnica do processo sincrético (misto, híbrido) o qual contempla no seu bojo tutela cognitiva e executiva, como fases distintas.
Agora, inclusive conforme o Novo CPC de 2015, em regra, com único processo a parte interessada pode vir a obter a tutela cognitiva, a tutela cautelar e a tutela executiva, bastando para tanto uma simples petição, não gerando nova ação ou processo autônomo.
2. A ETAPA EXECUTIVA.
Como se vê, atualmente, tanto o CPC/73, como o NCPC, preveem como regra o processo sincrético o qual contém duas fases distintas (cognitiva e executiva), sendo que só há uma petição inicial e uma citação, havendo, contudo, uma sentença para encerrar cada fase.
A etapa executiva do processo sincrético chama-se cumprimento de sentença e é aplicável obviamente quando há sentença a ser cumprida (título executivo judicial), conforme art.513 e seguintes do NCPC, sendo, contudo, ressalvadas a execução de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira, as quais gerarão processo executivo autônomo, consoante se verá.
Obs: A sentença condenatória em obrigação de dar quantia certa contra a Fazenda pública também exigia processo executivo autônomo segundo o CPC de 1973, agora, contudo, segue a regra geral do cumprimento de sentença no NCPC.
Já quando a execução se respalda em título executivo extrajudicial deve-se seguir o processo de execução autônomo, conforme NCPC (Livro II da Parte Especial), não se cogitando processo cognitivo prévio.
3. CONCEITO E FINALIDADE DA EXECUÇÃO.
Uma vez superada a crise de incerteza de um direito, o que se dá por uma sentença judicial decorrente de um processo de conhecimento, faz-se mister examinar se o simples reconhecimento do direito (tutela cognitiva) satisfaz por completo a pretensão autoral.
Quando superada a fase cognitiva e o réu não observa voluntariamente o teor da obrigação definida na sentença, deve-se deflagrar a tutela executiva ou de cumprimento de sentença, a qual busca superar a crise de inadimplência do réu impondo ao mesmo o dever decorrente do título (obrigação já reconhecida). 
Quando o direito já é reconhecido em documento independentemente de processo cognitivo prévio (título executivo extrajudicial) o credor já pode exigir a prestação do devedor, o qual se a recusar (inadimplência), também ensejará a pretensão executiva em favor do credor. 
A pretensão executiva, ou seja, o direito de exigir a tutela executiva, surge, portanto, a partir da apresentação ao devedor de título executivo (judicial ou extrajudicial) cuja obrigação nele constante seja certa, líquida e exigível, e o devedor mesmo tendo sido provocado a adimplir não o faça.
4. INSTRUMENTOS OU TÉCNICAS DE EXECUÇÃO.
Através da tutela executiva o Estado buscará superar a crise de inadimplência do devedor, dando ao credor o direito previsto no título executivo, para tanto, usará basicamente 02 (duas)técnicas: a sub-rogação e a coerção.
Na sub-rogação o Estado adota atos de força ignorando a vontade do devedor porque esta é irrelevante para satisfação do credor. É também chamada de EXECUÇÃO DIRETA ou FORÇADA.
Ex: penhora e alienação de bens; prestação de serviço de terceiro às custas do devedor.
Na coerção o Estado usará de meios para forçar o devedor a voluntariamente satisfazer a pretensão do credor. Aqui a vontade do devedor é relevante, notadamente nas obrigações chamadas personalíssimas. É chamada de EXECUÇÃO INDIRETA.
Ex: Usar multa diária para obrigar cantor famoso a fazer show.
5. CLASSIFICAÇÃO DA TUTELA EXECUTIVA.
A tutela executiva pode ser classificada tomando em conta vários aspectos a seguir.
5.1. Quanto à técnica de execução: DIRETA OU INDIRETA.
A execução DIRETA se utiliza da técnica de sub-rogação, agindo o Estado diretamente para entregar ao exequente a prestação a que faz jus.
A execução INDIRETA se utiliza de técnicas de coerção, agindo o Estado de forma indireta a convencer o executado a dar a prestação ao credor.
5.2. EXECUÇÃO IMEDIATA E MEDIATA.
Essa classificação só tem sentido quando houver título executivo judicial.
Quando a tutela executiva é ofertada no mesmo processo em que se formou o título executivo se diz imediata, é o que se dá com o modelo atual de cumprimento de sentença.
Quando a execução ocorre em outro processo (autônomo) após a formação do título judicial em processo judicial prévio ela é mediata, por exemplo, no cumprimento de sentenças penal, arbitral e estrangeira.
5.3. EXECUÇÃO GENÉRICA E ESPECÍFICA.
Como já se disse, o CPC de 1973 adotou inicialmente uma postura no sentido de a execução culminar normalmente em pagamento de quantia certa (dinheiro), mesmo quando o credor tivesse direito a outra prestação mais específica.
Ocorre que muitas vezes o credor deseja prestação específica (dar coisa, fazer ou não fazer), devendo o Estado buscar entregá-la tal qual requerida ou pelo menos algo equivalente, daí as reformas do CPC de 1973 buscando atender tal pretensão, a execução específica – art.461, §1º, do CPC.
Apenas quando não for possível atender à prestação específica pretendida pelo credor ou algo equivalente é que o Estado converterá a obrigação do devedor em perdas e danos (dar quantia), o que aqui se entende como execução genérica – artigos 497-500 do CPC. 
5.4. EXECUÇÃO COM BASE EM TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL.
Toda execução para ser deflagrada tem como um de seus pressupostos a existência de título executivo, o que consiste em documento previsto em lei, que contém reconhecida a obrigação, o credor e o devedor (certeza); a dimensão e espécie da prestação (liquidez) e a aptidão de ser exigida imediatamente, independentemente de qualquer termo ou condição (exigibilidade).
Assim, só será título executivo aquele documento que a lei disser, o qual terá os atributos de deflagrar a execução (liquidez, certeza e exigibilidade). 
O título executivo poderá ser judicial ou extrajudicial, consoante previsto no CPC.
Será título executivo judicial aquele descrito no atual art.515 do NCPC, o que é formado a partir de decisão judicial proferida em processo judicial prévio. 
A execução apoiada em título executivo judicial deflagrará normalmente a execução imediata, salvo quando aquele for sentença judicial estrangeira homologada, sentença criminal transitada em julgado, sentença arbitral, o que exigirá execução em processo autônomo.
O título executivo pode ainda ser extrajudicial, ou seja, não decorrente de prévio processo cognitivo, sendo documento em que o estado reconhece a obrigação líquida, certa e exigível – art.784 do NCPC. Aqui haverá ação de execução autônoma, pois não há sentença a ser executada.
5.5. EXECUÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA.
Essa classificação hoje só tem sentido para título executivo judicial, pois o título executivo extrajudicial, como tal, já nasce definitivo.
Já se sabe que a execução deve se apoiar em título executivo, importando a partir daí em atos de constrição ao devedor, seja pela técnica da sub-rogação, seja pela da coerção.
O fato é que esses títulos executivos podem estar definitivamente formados ou não, sendo que o legislador, considerando o acesso à justiça e a duração razoável do processo, terminou autorizando em favor do possível credor que a execução seja deflagrada mesmo com base em título executivo provisório (não definitivo), o que serviria como um aditamento da fase que ainda irá começar.
Na execução provisória de título judicial a fase cognitiva ainda não findou (há recurso pendente), mas já é permitido antecipar a fase de cumprimento de sentença (execução).
Neste caso, o título é precário e pode ser desfeito (ex: sentença judicial pode ser reformada no tribunal), de forma que se a execução já iniciou com base no mesmo, poderá vir a ser prejudicada, devendo o legislador tomar as precauções para minorar eventual prejuízo ao até então devedor, fazendo o possível para voltar ao estado anterior ou a ressarci-lo de prejuízos.
Diante disso, pode-se falar em execução definitiva, a qual tem suporte um título executivo definitivo, e em execução provisória a qual tem suporte título executivo precário.
Mais adiante veremos o procedimento de cumprimento provisório de sentença. 
5.6. EXECUÇÃO QUANTO À NATUREZA DA PRESTAÇÃO.
A examinar a legislação civil brasileira, considera-se como prestação o objeto da obrigação, a qual pode ser: pagar quantia, dar ou entregar coisa, um fazer e um não fazer.
Por conseguinte, a tutela executiva tem cabimento quando restar reconhecido pelo Estado (em título executivo) o direito de o credor receber do devedor uma prestação que poderá consistir em: um dar (quantia ou coisa), um fazer e um não fazer.
Oportuno aqui de logo registrar que este direito à prestação pode advir de título executivo extrajudicial ou judicial.
Deve, pois, haver uma certeza de que há uma obrigação e que o credor tem direito a receber do devedor uma prestação consistente em dar (coisa ou quantia), fazer e não-fazer.
No caso de o título executivo ser judicial, deve-se ter em mente que dentre as tutelas de conhecimento possíveis há: 
a) a declaratória (se quer superar a incerteza sobre a existência ou inexistência de relação jurídica ou veracidade ou falsidade de documento) – art.19 e 20 do NCPC.
Quando é superada a fase cognitiva, o autor ao final obtém tudo o que pretendida com a simples declaração (autossuficiente), não havendo aqui o reconhecimento da obrigação de ofertar prestação ao credor - não se cogitando, como regra, fase executiva.
b) constitutiva positiva ou negativa (extinguir, modificar ou iniciar relação jurídica).
Quando superada a fase cognitiva ou juiz declara se existe ou não relação processual para de logo, extingui-la, alterá-la ou iniciá-la, não havendo aqui o reconhecimento da obrigação de ofertar prestação ao credor, de forma que não se cogita fase executiva.
c) condenatória (superada a incerteza do direito, o juiz declara o direito, identificando a obrigação e fixando a prestação de fazer, não fazer ou dar coisa ou quantia).
Aqui haverá possibilidade de tutela executiva caso o devedor não venha a adimplir a obrigação já reconhecida em título judicial.
6. PRINCÍPIOS INERENTES À EXECUÇÃO.
A execução é regida pelos princípios processuais gerais, mas possui alguns princípios específicos.
6.1. AUTONOMIA.
Mesmo com as alterações legislativas no CPC que instituíram a regra do processo sincrético (não haveria mais processo executivo autônomo para cumprimento de sentença), a ação executiva (direito à tutela executiva) continua independente da ação cognitiva (direito à tutela cognitiva), tendo pressupostos e condições distintos.
Agora, a ação executiva, sem perder sua identidade e autonomia, poderá ser manejada dentro do próprio processo em que se moveu inicialmente a ação cognitiva (fase de cumprimento de sentença), ou poderá gerar novo processo autônomo só paramanejar a ação executiva (tal como se dá nos títulos executivos extrajudiciais).
Veja que a ação executiva gerará, portanto, ou nova fase dentro do mesmo processo, ou novo processo, o que denota sua autonomia.
6.2. PATRIMONIALIDADE.
No Direito Processual Moderno que se sujeita à dignidade da pessoa humana como princípio constitucional, o patrimônio do devedor é que responderá por suas dívidas, satisfazendo a pretensão executiva do credor.
Nessa lógica, a execução não deve ser utilizada como meio de vingança privada do credor em face do devedor, de forma a satisfazer sua pretensão, evitando-se assim que os atos materiais do Estado adotem atos diretamente na pessoa do devedor ou de sua família, não sendo aceitáveis, pois, atos executivos que afetem a integridade física e mental do devedor – art.591 do CPC (Novo CPC é o art.789).
Oportuno, todavia é verificar que poderá o Estado adotar técnicas indiretas de execução para forçar certos comportamentos do devedor, mas que não traduzirão a satisfação em si da pretensão executiva.
 Nesse sentido, a própria CF/88, em seu art.5º, LXVII, autorizou a prisão civil em duas situações: depositário infiel e devedor de alimentos (por parentesco), o que restou regulado pela legislação infraconstitucional.
Ocorre que, após longo debate sobre o tema na natureza jurídica dos tratados internacionais sobre direitos humanos e o status deles em nosso ordenamento jurídico o STF (RE 466343-SP) entendeu que eles são normas supralegais (acima das leis e logo abaixo da CF), daí que o Pacto São José da Costa Risca contempla apenas a prisão civil do devedor de alimentos, sendo, pois, frustrada a prisão do depositário infiel, apesar de ainda restar prevista na CF/88. 
Obs: Mesmo o patrimônio do devedor tem limites na execução, pois, há bens impenhoráveis – art.833 do NCPC.
6.3. EXATO ADIMPLEMENTO.
O Estado deverá no processo executivo assegurar aquilo a que o credor obteria se houvesse justiça privada, ou seja, o exato adimplemento.
EX: art.831 do NCPC.
Nem sempre, contudo, o credor vai conseguir o exato adimplemento, cabendo ao juiz ofertar pelo menos o equivalente ou converter em perdas e danos (art.497-500 e b536 e §3º do art.538 do NCPC).
6.4. MENOR ONEROSIDADE.
A despeito de o credor ter direito ao exato adimplemento, é certo que há que se distinguir o mau pagador do pobre coitado que não soube gerir suas finanças.
Assim, o legislador, considerando a dignidade da pessoa humana, dá limites ao direito do credor em constranger o patrimônio do devedor, devendo fazê-lo através do meio menos invasivo (Princípio da Vedação do Excesso) – art.805 do NCPC.
Ex: A própria ordem de bens da penhora denota a menor onerosidade – art.835 do NCPC.
6.5. DISPONIBILIDADE.
A ação executiva de regra é faculdade do credor, podendo o mesmo desistir total em parte da mesma, mesmo que tenha sido intimado ou citado o devedor - art.775 do NCPC.
Contudo, se o devedor apresentar embargos do devedor tratando de questões processuais ou materiais, a disponibilidade poderá ser afetada, já que cuida de ação incidental do devedor contra o credor.
Quando os embargos cuidam de questões meramente processuais e o credor desiste da ação executiva, tanto ela como os embargos serão extintos, sem necessidade de ouvir o devedor. 
Agora, em tratando os embargos de questões de direito material só haverá a extinção de houver concordância do devedor – p. único do art.775 do NCPC.
6.6. UTILIDADE.
Também inspirado na dignidade da pessoa humana, reza que a execução só irá adiante se houver algum proveito para credor, pois não adianta mover ação executiva contra o devedor e constrangê-lo se este não tem patrimônio suficiente, mal dando para arcar com a sucumbência – art.836 do NCPC. 
6.7. RESULTADO ÚNICO – tradicionalmente se entende que no processo ou na fase executiva não há julgamento de mérito, já que o direito do exequente já foi reconhecido antes (certeza), de forma que não se cogita procedência ou improcedência do pedido, sendo a execução a soma de atos materiais que podem ou não satisfazer a pretensão executiva.
Ocorre que não se poderia desconsiderar que o executado poderá através de meios de defesa impugnar a execução trazendo à baila questões que traduzirão verdadeira decisão de mérito. Neste caso, haverá decisão de mérito que influenciará o desfecho da execução.
 
7. DA EXECUÇAO EM GERAL.
O Livro II da Parte Especial do NCPC cuida da execução com base em título extrajudicial, sendo a execução com base em título judicial (cumprimento de sentença) tratada no Livro I da Parte Especial.
A despeito disso, o Livro II da Parte Especial também cuida de normas gerais aplicáveis à execução como um todo.
Por isso, o art.771 esclarece que as disposições do Livro II se aplicam, no que couber, aos procedimentos especiais de execução (Ex: Lei de Execução Fiscal); ao cumprimento de sentença (execução com base em título judicial), bem como, aos efeitos de atos ou fato processuais a que a lei atribuir força executiva (Ex: tutela provisória).
Ademais, de forma subsidiária, se aplica ao processo executivo e ao cumprimento de sentença, o rito comum previsto no Livro I da Parte Especial (parágrafo único do art.771 do NCPC).
7.1. DOS PODERES DO JUIZ NA FASE EXECUTIVA.
É sabido que o magistrado detém alguns poderes na condução do processo, o que vem expresso em diversos dispositivos ao longo do NCPC.
O art.772 agrega alguns poderes que o magistrado possui na fase executiva, tais como:
a) ordenar o comparecimento das partes. 
Vê-se que o juiz pode determinar que a parte compareça em juízo (em audiência), por exemplo, para determinar se é o caso de prestar ou não caução na execução, ou ainda, para indicar dado ou prestar algum esclarecimento. 
Se a parte não obedecer, poderá responder no âmbito processual civil e ainda criminal.
b) advertir o executado que o seu comportamento constitui ato atentatório à dignidade da justiça.
Importante aqui notar que primeiro o julgador adverte a parte sobre o seu comportamento indevido (o que pode ser feito de ofício ou a pedido da parte contrária), dando-lhe a oportunidade de falar e de se defender (contraditório e ampla defesa).
O ato atentatório à dignidade da justiça é o comportamento que de uma forma geral impede o exercício da jurisdição, podendo ser identificado nos parágrafos do art.77 do NCPC (Livro I da Parte Especial), o qual se refere à fase de conhecimento, bem como, na fase de execução, consoante se vê das hipóteses do art.774 do NCPC.
Na hipótese do art.77 pode-se aplicar multa de até 20% do valor da causa, e ao final, essa multa irá para os cofres públicos. Já a multa do art.774 incidirá em até 20% do valor executado, e irá ao final para o bolso do credor.
c) determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral relacionadas ao objeto da execução (dados e documentos em seu poder).
Tal poder deixa agora expresso em lei que caberá não ao credor, mas sim ao juiz (de ofício ou a requerimento da parte) requisitar de pessoas e órgãos dados e documentos úteis à execução, o que, por exemplo, ajudará a identificar o patrimônio do devedor.
Ex: Ofício ao DETRAN, à Receita Federal, aos cartórios de imóveis, em busca dos bens do devedor.
Para tanto, conforme o art.773 do NCPC, o juiz poderá (de ofício ou a requerimento) adotar as medidas de efetivação cabíveis em relação aos fornecedores de dados e documentos, tais como, multas.
Oportuno dizer que caso o dado ou o documento fornecido seja sigiloso deverá o magistrado adotar medidas para assegurar a confidencialidade do mesmo.
O art.782 também agrega mais poderes ao juiz na fase executiva, esclarecendo que o mesmo determina os atos executivos e o oficial de justiça os cumpre, podendo fazê-lo com apoio de força policial deferida pelo juiz.
Poderá o juiz, a pedido do credor, incluir o nome do devedor em cadastros de inadimplência (técnica coercitiva), devendo retirá-lo imediatamente no caso depagamento ou de garantia ou de extinção da execução, não se aplicando tal medida se a execução for provisória.
 
7.2. DA RESPONSABILIDADE DAS PARTES NA EXECUÇÃO.
Quando a execução provisória (do título judicial) ou execução definitiva vier a ser infirmada (inviabilidade da execução ou do título executivo por inexistência da obrigação), poderá o devedor prejudicado obter o ressarcimento dos eventuais prejuízos que venha a sofrer, por exemplo, com atos de penhora de seus bens (atos irreversíveis), o que será apurado (liquidação) e executado nos mesmos autos – art.776 do NCPC.
Ademais, eventuais multas aplicadas ou indenizações em caso de litigância de má-fé ou mesmo ato atentatório à dignidade da justiça poderão se liquidadas e exigidas nos mesmos autos processuais em que corria a execução.
7.3 - DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR A AÇÃO DE EXECUÇÃO E PARA O PROCESSAMENTO DA FASE EXECUTIVA.
Para se verificar a competência para ação executiva deve-se primeiro analisar a natureza do título executivo, se judicial ou extrajudicial.
Como se disse, o Livro II da Parte Especial do NCPC regula a competência para execução do título executivo extrajudicial, sendo o cumprimento de sentença (execução de título judicial) regulada no Livro I da mesma Parte Especial.
Quando a execução tem por base título executivo judicial dar-se-á o cumprimento de sentença, o que é feito deflagrando por simples petição (não é petição inicial), nos mesmos autos em que houve a fase cognitiva. 
Resta, pois saber onde se deve peticionar o cumprimento da sentença/acórdão.
7.3.1. Segundo o art.516 do NCPC o CUMPRIMENTO DE SENTENÇA far-se-á perante:
I- os tribunais, nas causas de sua competência originária.
Vê-se que há casos em que a competência para processar e julgar a causa se dá junto ao Tribunal, sendo, pois, o mesmo competente para deflagrar o cumprimento de seus acórdãos, o que caracteriza competência funcional absoluta.
Aqui o título inicia sua formação já no tribunal (competência originária), não havendo decisão de órgão de primeiro grau. Ex: Ação Rescisória.
II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição.
Aqui, a exemplo do inciso anterior, o mesmo órgão que deu a sentença que gerou o título executivo, será competente para proceder à sua execução, o que também caracteriza uma competência funcional absoluta.
Importante registrar que a discussão começou em primeiro grau, mesmo que tenha havido recurso e acórdão por parte do Tribunal.
Além da competência funcional de pedir o cumprimento da sentença/acórdão no mesmo órgão que iniciou a fase de conhecimento, o legislador criou mais 03 (três) foros concorrentes os quais também caracterizam competência funcional para deflagrar a fase de cumprimento de sentença, conforme parágrafo único do mesmo artigo.
Portanto, o cumprimento de sentença cível se dará em 04 (quatro) possíveis foros, e fora deles haverá incompetência absoluta:
a) mesmo foro em que se deu a sentença a ser executada;
b) o local onde se encontram os bens a serem expropriados;
c) atual domicílio do devedor;
d) local onde deva ser satisfeita a obrigação de fazer ou não fazer.
Obs: Nesses casos de foros concorrentes, tem-se que os autos do processo se encontram no mesmo foro em que o título executivo se formou (“a”), portanto, caberá ao credor peticionar o cumprimento do título no foro pretendido (“b”, “c” ou “d”) e requerer que o juiz solicite a remessa dos autos. Caso o juiz em que os autos se encontram não atenda à solicitação do juízo em que o credor optou pela execução, deverá ser suscitado conflito positivo de competência (art.66 do CPC).
Obs. Na execução de prestação de alimentos, o foro do domicílio ou residência do alimentando também será competente.
III – no juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Aqui se deve considerar que, a despeito de haver um título executivo judicial (o que pressupõe processo prévio) haverá ação de execução autônoma, devendo o credor apresentar na vara cível competente a petição inicial de execução. A execução é mediata.
Considerando que não houve processo anterior em juízo cível, é de verificar as regras ordinárias de competência como se a ação fosse ser ajuizada pela primeira vez em vara cível, cabendo de regra quanto ao foro (competência territorial - domicílio do réu).
Aplica-se, contudo, o parágrafo único do art.516 também neste caso, de forma que o credor poderá optar pela regra do foro geral, ou mesmo dos foros concorrentes já citados (atual domicílio do devedor; lugar dos bens; lugar do cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer).
Obs: A doutrina tem adotado como foro competente para cumprimento de sentença arbitral, o mesmo em que o processo arbitral correu, afastando-se assim a regra geral do domicílio do réu.
Obs2: Apesar de o dispositivo legal falar em cumprimento de sentença e mencionar o acórdão do Tribunal Marítimo (como se fosse título executivo judicial), em verdade, por força de veto presidencial, tal decisão proferida por órgão administrativo não será considerado título executivo judicial (vide art.515, X, do NCPC), tornando-se ociosa a sua referência neste dispositivo.
7.3.2. Competência para execução de título executivo extrajudicial.
Aqui também não houve processo judicial prévio de forma que a ação de execução será ajuizada considerando as regras ordinárias de competência, devendo, contudo, no que diz respeito ao foro (competência territorial) se adotar o seguinte (art.781 do NCPC):
a) ver se há foro eleito pelas partes no título executivo, o qual prevalecerá sobre o art.46 do NCPC (cláusula de eleição de foro – art.63 do NCPC);
b) em não havendo foro eleito, é de se considerar o lugar em que a obrigação será efetivada, o qual é foro especial (art.53, III, “d”, do NCPC), afastando o art.46 do CPC.
c) em não havendo as hipóteses anteriores (foro eleito e foro especial), será adotada a regra do foro geral, ou seja, do domicílio do devedor (art.46 do NCPC), podendo aqui o credor ainda optar (foros concorrentes) pelo lugar da situação dos bens ou pelo lugar em que se praticou o ato ou fato que originou o título (mesmo que nele não mais resida o devedor).
Tais critérios de competência são relativos.
7.4. PARTES NO PROCESSO DE EXECUÇÃO.
Importante alertar que os pressupostos processuais e as condições da ação se aplicam na fase executiva ou no processo executivo, ainda que observadas algumas peculiaridades.
Nesse sentir, oportuno verificar quem teria legitimidade de figurar como parte na relação processual executiva ou fase executiva.
De início, convém ressaltar que se aplicam subsidiariamente à fase de cumprimento de sentença as regras previstas no processo de execução (Livro II da Parte Especial), o que no caso, vem a calhar no que diz respeito à legitimidade das partes, já que tal assunto não é tratado no Livro I, do CPC – Fase de Cumprimento de Sentença.
Assim, devem-se ser aplicados os dispositivos do Livro II para verificar a legitimidade das partes na fase executiva do cumprimento de sentença e/ou no processo executivo.
7.4.1. DA LEGITIMIDADE ATIVA – Art.778 do NCPC.
O CPC de 1973 tratava do assunto em dois artigos o art.566 e 567, sendo agora otimizado pelo NCPC em um artigo apenas.
Art.778 - Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere o título executivo.
Deve-se examinar quem consta do título como credor, sendo parte legítima para executá-lo (legitimação ordinária). 
De regra, quem será o exequente será o credor, mas haverá casos em que o exequente não será o titular do crédito constante do título, dando-se legitimação extraordinária.
O credor mantém relação de direito material com o devedor, o que resulta de negócio jurídico ou da lei, sendo aquele que tem direito de receber uma dada prestação do devedor.
Por exemplo, de regra, só quem figurar como parte vencedora na sentençapoderá vir a executá-la.
§1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exeqüente originário:
O referido parágrafo agrega ao conceito de legitimado ativo, outras figuras que terão legitimidade ordinária ou extraordinária para figurarem como exeqüentes seja desde o início da fase executiva ou em sucessão ao credor (havendo sucessão de partes).
Importante registrar que o §2º do artigo esclarece que não é preciso consultar o devedor para que haja a sucessão processual no pólo ativo.
 I - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Muitos entendem que aqui há uma legitimação extraordinária, pois, o representante do Ministério Público deflagra a execução de crédito que não lhe pertence.
Ex: Cumprimento de sentença penal condenatória, quando busca a indenização civil à vítima necessitada na forma da lei, a forma do art.68 do CPP (se não houver defensoria pública instalada na Comarca). 
Assim também nas execuções em tutela coletivas: razão de violação ao Meio Ambiente – art.14, §1º, da Lei 6.938/81; violação ao consumidor –art.82 do CDC; execução de Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, etc.
II – o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo.
Importante aqui lembrar que com a morte considera-se aberta a sucessão, sendo que até que haja o trânsito em julgado da sentença de partilha (processo de inventário) será parte o espólio representado pelo inventariante, depois, os sucessores, podendo ou não formar um litisconsórcio ativo.
Se o título executivo se formou já em nome do espólio ou dos sucessores (já houve sucessão civil), eles já serão os credores ajuizando a tutela executiva, de forma que se enquadrariam no caput do art.778 do NCP, pois este inciso pressupõe que o título tenha de formado em nome do falecido e depois seja o direito transferido ao espólio ou sucessores.
Importante lembrar que aqui a sucessão é inevitável, não sendo por ato de vontade das partes e não ocorre entre vivos, daí não se cogitar a consulta à parte contrária para efetivação da sucessão processual.
III – o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos.
Note-se que aqui o credor originário transferiu, por negócio jurídico voluntário, enquanto vivo (inter vivos), ao cessionário o direito ao crédito já reconhecido em título executivo (cessão de crédito), não precisando neste caso de consentimento do devedor, não se aplicando aqui a regra aplicável à fase de conhecimento de consulta a parte contrária, mas sim o art.286 do CC.
IV – o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
A sub-rogação pode ser convencional, legal e judicial, conforme artigos 346 e 347 do CC.
O sub-rogado é aquele que solveu a obrigação de outrem ou que emprestou dinheiro para tanto.
Ex: O fiador quando paga a obrigação ele fica sub-rogado no direito do credor passando à condição de legitimado ativo na execução (art.831 do CC).
Outros – há outras situações decorrentes da lei, e não prevista aqui no NCPC, em que a pessoa poderá figurar como legitimado ativo, apesar de não consta do título executivo.
Por exemplo:
 - A vítima da sentença penal condenatória não consta do título executivo, mas poderá promover a execução civil dos danos.
- Os beneficiários de tutelas coletivas relativo a direito individuais homogêneos que podem promover a liquidação e execução dos danos sofridos.
- O advogado quando busca os honorários de sucumbência – art.23 da Lei 8.906/94.
7.4.2. DA LEGITIMIDADE PASSIVA – art.779 do CPC.
É a aptidão de figurar como parte passiva na relação processual de execução ou fase executiva do cumprimento de sentença.
Importante aqui de logo registrar que o conceito de devedor e de responsável são distintos.
Devedor é aquele que restou obrigado, segundo o título executivo, a dar prestação ao credor, o que decorre de prévia relação de direito material (negócio jurídico ou lei).
Responsável é aquele que, diante da inadimplência do devedor, responderá com seus bens na execução, podendo ele ser o próprio devedor (legitimidade ordinária – responsabilidade primária) ou outra pessoa (legitimidade extraordinária – responsabilidade secundária).
Quem figurará na execução no pólo passivo é o responsável, que poderá ser ou não o devedor.
O art.779 do NCPC explicita quem será executado, o que corresponde ao art.586 do CPC de 1973.
Art.779 do NCPC A execução pode ser promovida contra:
I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo.
Como se disse, quem tem legitimidade ordinária para responder pela obrigação não adimplida é o devedor.
Outrossim, não pode responder, em princípio, pela obrigação, quem não figura no título executivo como devedor, salvo se a lei criar responsabilidade secundária de outrem.
Ex: Quem não figurou como condenado na sentença penal condenatória não pode ser executado. Da mesma forma, o responsável subsidiário não pode ser executado sem que tenha sido primeiro condenado em processo de conhecimento. 
II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor.
Lembre-se que o patrimônio do devedor poderá responder por suas dívidas mesmo após a sua morte, daí que o espólio ou os herdeiros ou sucessores poderão vir a figurar como executados, estes últimos até o limite da herança – art.796 do NCPC.
Aqui a dívida é repassada ao espólio e sucessores, passando os mesmos a legitimados ordinários, mesmo que não constem do título executivo já formado.
Obs: Quando a empresa é extinta a responsabilidade pelas dívidas pode ser suportada pela empresa sucessora ou pelos sócios da empresa extinta.
III – o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo.
Aqui cuida de cessão de débito ou assunção de dívida (negócio jurídico inter vivos) aonde quem assume o débito passa a ocupar a posição de devedor na fase ou processo de execução, desde que haja consentimento da parte contrária, o credor.
É razoável exigir a concordância do credor, pois o novo devedor pode ter patrimônio inferior ou não idôneo a assumir a dívida.
A legitimidade aqui é ordinária.
IV – o fiador do débito constante em título extrajudicial.
Aqui o fiador passa a ser responsável em negócio jurídico firmado entre o devedor e o credor, de forma que sua legitimidade é extraordinária.
A depender da existência ou não de cláusula de benefício de ordem, poderá o credor ajuizar a demanda somente contra o fiador ou contra ele e o devedor (litisconsórcio).
Se há o benefício de ordem constando do título executivo extrajudicial, deverá a execução ser movida em face dele e do devedor principal, em litisconsórcio, para que, se for o caso, exerça o benefício de ordem (art.794 do NCPC e art.827 do CC).
Agora se o fiador houver renunciado o benefício de ordem, poderá a execução ser movida somente em face dele (§3º do art.794 do NCPC), ou se não houver o tal benefício previsto.
V – o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento.
Aqui se tem hipótese semelhante à do fiador (legitimação extraordinária), com a diferença que o fiador responderá com todo o seu patrimônio, enquanto o garantidor aqui só responderá com o bem dado em garantia.
VI - o responsável tributário, assim definido na legislação própria.
A legislação tributária, por exemplo, pode atribuir a responsabilidade pelo tributo a quem não é o contribuinte do mesmo, de forma que o responsável poderá ser executado – legitimação extraordinária.
7.4.3. DO LITISCONSÓRCIO E DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.
Na fase executiva ou no processo de execução pode-se formar o litisconsórcio podendo a depender do caso ser facultativo ou necessário.
Tem prevalecido que não há litisconsórcio ativo necessário, pois ninguém é obrigado a exercer o direito de ação ou mesmo o direito pela demanda veiculada.
Mas no pólo passivo haverá litisconsórcio facultativoquando o objeto da obrigação for divisível (Ex: dar quantia certa), devendo, contudo, ser necessário se o objeto da obrigação for indivisível (Ex: obrigação de fazer ou não fazer relacionada à dupla sertaneja ou dar coisa indivisível).
Prevalecia que não cabia qualquer das espécies de intervenção de terceiros constantes do Livro I do CPC de 1973, na fase executiva. 
Ainda assim, havia precedentes do STJ aceitando a assistência simples na execução e na doutrina entendia-se cabível assistência litisconsorcial.
Com o NCPC, agora caberá expressamente o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, de forma que os sócios (terceiros) poderão vir a integrar a relação processual seja na fase cognitiva, seja na executiva.
Obs: Aqui temos uma exceção em que, mesmo quem não consta do título executivo, poderá vir a responder pela execução com seu patrimônio, no caso, os sócios, depois de desconsiderada a personalidade da pessoa jurídica.
7.5. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL.
É a sujeição dos bens de alguém ao cumprimento de uma obrigação, ela se manifesta quando há a inadimplência ou descumprimento de obrigação pelo devedor já reconhecido em título executivo.
As normas referentes à responsabilidade patrimonial do Livro II se aplicam também à fase de cumprimento de sentença.
De regra, como se viu, quem responde pela inadimplência é o próprio devedor (responsável primário).
Tal visto anteriormente no Princípio da Patrimonialidade, o devedor responde pelas obrigações com o seu patrimônio (art.789 do NCPC), salvo as exceções legais em que o seu patrimônio ficará livre de tais medidas constritivas (impenhorabilidade).
Por vezes, contudo, a execução recai sobre os bens de quem não é devedor, havendo uma responsabilidade sem débito, que chamamos responsabilidade secundária. 
A responsabilidade secundária, como é excepcional, depende de lei.
7.5.1. OS BENS QUE FICAM SUJEITOS À EXECUÇÃO – Art.790 do NCPC:
I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução forçada em direito real ou obrigação reipersecutória.
No curso do processo em que discute direito real ou obrigação reipersecutória (obrigação de entregar a coisa), quando o devedor aliena a coisa a terceiro (adquirente), mesmo este não vindo a ocupar a relação processual, será afetado pela sentença (art.109, §3º do NCPC).
Sabendo que tanto os direitos reais como as obrigações reipersecutórias caracterizam-se pelo direito de sequela, poderá o sujeito ativo daqueles perseguir o bem onde quer que se encontre e inseri-lo em seu patrimônio.
Ver art.808 do NCPC.
II – do sócio, nos termos da lei.
De regra o patrimônio da empresa não se confunde com o de seus sócios. Sendo a empresa solvente o patrimônio dos sócios não entra na execução.
Mas há certos tipos de sociedade que o patrimônio do sócio é afetado ou misturado com o da empresa, não havendo separação.
Em princípio, apenas na sociedade de quotas de responsabilidade limitada e sociedade anônima, os sócios não respondem pessoalmente por débito da empresa.
Obs- Aqui não se utilizaria a técnica de desconsideração da pessoa jurídica para alcançar os sócios, pois estes já são responsáveis desde o início, dada a natureza da constituição da entidade.
III – do devedor, quando em poder de terceiro.
Se o bem é do devedor se sujeitará à execução ainda que esteja em poder de terceiro. Não houve aqui transferência jurídica do bem o qual ainda pertence ao devedor. O terceiro apenas detém a posse ou a detenção da coisa, mas não é o proprietário.
IV – do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida.
É possível o cônjuge vir a responder (como legitimado na execução) pelas dívidas contraídas pelo outro (devedor).
Segundo a lei civil ambos os cônjuges respondem solidariamente pelas dívidas contraídas a bem da economia doméstica (art.1.643 e 1.644 do CC).
Assim, de regra, o cônjuge só tem responsabilidade pelas dívidas contraídas pelo outro se a dívida tiver revertido em proveito do casal ou da família, salvo quando decorrente de ato ilícito, observada a Súmula 251 do STJ.
Obs: “A meação só responde por ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal – Súmula 251 do STJ.
Obs2. É obrigatória a intimação do cônjuge quando a penhora recair sobre bens imóveis – art.655, §2º do CPC. 
A intimação será para que o cônjuge possa defender o seu patrimônio que se dará de duas formas:
a) reconhecendo que o bem penhorado ou sua meação em tese pode ser penhorado deverá apresentar defesa como devedor (impugnação ou embargos do devedor).
b) entendendo que o bem penhorado ou sua meação não podem ser objeto de penhora deverá valer-se de embargos de terceiros – (Súmula 134 do STJ – “Embora intimado da penhora do imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação”).
Há quem entenda que o cônjuge poderia apresentar uma defesa por outra sem prejuízo (fungibilidade) e há ainda o entendimento pela possibilidade de apresentar as duas defesas.
V- alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução.
A alienação dos bens nestas condições será ineficaz perante o credor na execução – de forma que será objeto de execução.
Importante aqui lembrar que o terceiro que adquirir o bem não irá responder pela dívida (não há uma assunção da dívida), mas o bem a ele transferido ficará sujeito à execução.
VI – cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores.
Aqui, o negócio jurídico que resultou na alienação do bem é anulado, e desfeito, portanto, os bens voltam ao patrimônio do executado.
VII – do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Como se viu, de regra o patrimônio da empresa não se confunde com o de seus sócios. Sendo a empresa solvente o patrimônio dos sócios não entra na execução.
Mas há certos tipos de sociedade que o patrimônio do sócio é afetado ou misturado com o da empresa, não havendo separação.
Em princípio, apenas na sociedade de quotas de responsabilidade limitada e sociedade anônima, os sócios não respondem pessoalmente por débito da empresa.
Ocorre que muitas vezes a empresa é usada como escudo para ilegalidades praticadas pelos sócios.
No intuito de impedir tais práticas, o art.50 do CC e 28 do CDC previram a possibilidade de desconsideração da pessoa jurídica, momento em que o patrimônio dos sócios poderá ser objeto de execução.
Em sendo desconsiderada a personalidade jurídica da empresa os sócios serão citados e incluídos no pólo passivo, conforme art.795 do NCPC.
Outrossim, os bens particulares dos sócios podem excepcionalmente responder por dívidas da empresa nas hipóteses legais.
Com o NCPC, agora caberá expressamente o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, de forma que os sócios (terceiros) poderão vir a integrar a relação processual, passando a assumir a condição de parte legítima no polo passivo da execução.
7.5.2. OS BENS NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO – art.832-834.
De regra os bens atuais e futuros do devedor respondem pela execução, salvo os limites legais (que serão observados mais adiante).
Portanto, só o legislador poderá criar as hipóteses de inalienabilidade e impenhorabilidade dos bens, devendo ser ponderado o direito de acesso à justiça (direito do credor) e a dignidade da pessoa do devedor.
Não estão, portanto, sujeitos à execução os bens impenhoráveis e os inalienáveis.
7.6. FRAUDE CONTRA CREDORES E FRAUDE À EXECUÇÃO.
Algumas vezes o devedor, agindo de má-fé (consilium fraudis) juntamente com terceiro adquirente, pretendendo se livrar de futura execução, termina alienando bens de forma a não ter patrimônio suficiente para quitar suas dívidas, prejudicando o credor (eventus damni).
A depender de quando (em que momento) tal comportamento acontece e dos requisitos caracterizadorespodemos estar diante de fraude à execução ou da fraude contra credores.
De uma forma geral, ambas são formas de fraudes que a lei busca impedir assegurando a tutela executiva.
Em ambos os casos, mesmo reconhecida a fraude, o terceiro adquirente não passará a integrar a relação processual, mas o bem por ele adquirido será objeto da mesma.
É diferente da fraude inerente ao pedido de desconsideração da personalidade jurídica, que acaso acolhido, fará o terceiro integrar a relação processual como parte respondendo com seu patrimônio pela execução. 
7.6.1. Fraude à execução.
Estabelece o art.792 do NCPC (equivalente ao art.593 do CPC de 1973) os requisitos para caracterização da fraude à execução.
Assim, tem-se a respeito da FRAUDE À EXECUÇÃO o seguinte:
- É ato atentatório à dignidade da Justiça (art.774, I), podendo ser aplicada multa processual ao devedor, cumulada ou não com outras multas processuais.
- É ilícito criminal – Crime contra a Administração da Justiça – art.179 do CP.
- Consiste em o devedor subtrair seu patrimônio, já pendente uma demanda judicial qualquer, a fim de frustrar eventual execução.
- Depende de demanda ajuizada (litispendência), seja de conhecimento, cautelar ou executiva, a qual importará em responsabilidade patrimonial do devedor (que poderá reduzi-lo à insolvência), devendo o mesmo ter sido validamente citado nesta ou ter tomado ciência desta, isso para caracterizar a má-fé.
- A despeito da posição inicial da doutrina e da jurisprudência em não exigir a prova do consilium fraudis entre o devedor e o terceiro adquirente do bem, o fato é que atualmente, deve-se comprovar a má-fé, que poderá ser presumida em alguns casos.
- Em tendo sido citado validamente o devedor na demanda, por exemplo, restará presumida sua má-fé, assim como o prejuízo ao credor (art.792, IV). 
- O NCPC cuida da ciência do devedor, e de sua má-fé, por outros modos além da citação: registro no cartório competente da pendência do processo de conhecimento (ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória) ou da ação executiva (processo autônomo ou cumprimento de sentença art.828 do NCPC) e, ainda, registro do ato de constrição do bem no respectivo cartório.
- A má-fé do terceiro não é presumida, salvo em alguns casos, quando houver publicidade da pendência da demanda.
- Restará presumida a má-fé do terceiro adquirente se houver o registro no cartório competente do ato de penhora do bem alienado (Súmula 375 do STJ) ou outro ato de constrição judicial ou registro no cartório competente da pendência do processo de conhecimento (ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória) ou da ação executiva (processo autônomo ou cumprimento de sentença art.828 do NCPC).
- A fraude à execução pode ser alegada a qualquer tempo no processo pendente ou fora dele, sendo matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida de ofício.
- A decisão que reconhecer a fraude à execução declara ineficaz a alienação do bem em relação ao credor, permanecendo, contudo, intacto o negócio jurídico entre devedor e o terceiro, o que viabilizará eventual direito que da evicção resultaria.
7.6.2. Fraude contra credores. 
Na FRAUDE CONTRA CREDORES tem-se o seguinte:
- É meio de invalidação de negócio jurídico, desfazendo não só o ato em relação ao credor, mas a relação firmada entre devedor e o terceiro adquirente – art.158-159 do CC.
- O devedor tenta subtrair bem de seu patrimônio em prejuízo dos credores, antes de haver qualquer demanda judicial no sentido a cobrar a dívida.
-Deve-se comprovar o consilium fraudis entre devedor e terceiro adquirente, não sendo presumido, salvo se o negócio jurídico for a título gratuito.
- Deve-se comprovar o prejuízo ao credor (eventos damni), não sendo presumido.
- Não há demanda pendente em face do devedor capaz de reduzi-lo à insolvência.
- Só pode ser veiculada por ação própria, no caso a Ação Pauliana ou Revocatória quando do processo de Falência, sendo o caso de verificar o teor da Súmula 195 do STJ, que impede seja declarada a fraude contra credores no bojo de embargos de terceiros.
7.7. REQUISITOS PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO EXECUTIVA.
Toda ação-demanda para alcançar a prestação jurisdicional deverá atentar para os pressupostos processuais e condições da ação, sem o que o processo ou fase executiva encerrará prematuramente.
Acabamos de ver o pressuposto processual da competência para execução e a legitimidade das partes que seria condição da ação.
Agora, para ajuizamento com êxito da ação executiva (seja pela via autônoma ou como fase incidental) deve-se atentar para duas coisas em especial: inadimplência e existência de titulo executivo com obrigação certa, líquida e exigível, que são verdadeiras condições da ação ou pressupostos processuais da execução – art.786 do NCPC.
7.7.1. Condições da ação.
Importante registrar que a possibilidade jurídica do pedido já no novo CPC foi absorvida pelo interesse de agir, sendo que ainda no atual CPC de 1973 já havia vozes na doutrina entendendo que na fase executiva isso já ocorria.
Assim, para ajuizar ação executiva bastava atentar para legitimidade (o que já foi estudado antes, quando vimos a legitimidade ativa e passiva na execução) e para o interesse, o que aqui seria a inadimplência do devedor (o devedor não ofertou na forma e no tempo ajustado voluntariamente a prestação que resulta da obrigação – art.514, 786, 787 e 789 do NCPC).
A inadimplência é pressuposto da responsabilidade patrimonial e não da dívida. 
Os civilistas costumam fazer distinção entre mora e inadimplemento absoluto, sendo aquela o não cumprimento da obrigação pelo devedor total ou parcialmente no tempo e no modo ajustado, mas ainda sendo útil ao credor o adimplemento, e no segundo caso, a inadimplência é total e não resta ao credor interesse em adimplemento posterior.
Para o CPC, para fins de tutela executiva, é irrelevante a diferença, sendo que em ambos os casos, haverá, em tese, interesse na execução.
Apenas para registrar, a mora ou inadimplência decorre de não cumprimento da obrigação no tempo e modo avençados.
Quanto ao lugar, de regra, a obrigação é quesível (devendo ser exigida no domicílio do devedor), mas poderá ser portável (devendo ser exigida no domicílio do credor).
Quanto ao tempo (termo), a mora será ex re (o dia do vencimento já foi avençado – o dia interpela o homem) ou ex persona (o credor não avençou o vencimento, devendo notificar o devedor de sua mora). 
Com o vencimento da obrigação ela passa a ser exigível e em não pagando o devedor, estará em inadimplência, havendo interesse do credor na execução.
Nas obrigações sujeitas a termo ou condição, só será exigível a obrigação quando ocorrido o termo (vencimento, tal como visto) ou condição, sendo requisito da petição inicial (art.514, 798, I, “c”, do NCPC).
Nas obrigações bilaterais ou sinalagmáticas o credor deverá demonstrar que cumpriu sua parte no acordo para poder exigir a obrigação do devedor, sendo também requisito da petição inicial ou de cumprimento de sentença (art.787, 788 e 798, I, “d”, do NCPC).
7.7.2. Pressupostos processuais.
Além dos pressupostos gerais das ações, como: capacidade de ser parte, de estar em juízo e postulatória, além de pressupostos objetivos, tem-se um pressuposto específico da execução: o título executivo.
O título executivo é o documento cuja lei reconhece a capacidade de deflagrar a execução, isso porque tem dentro de si reconhecida a certeza de uma obrigação (indicando o credor, o devedor e a prestação), a liquidez da prestação (seu objeto e seu valor) e a exigibilidade (aptidão de cobrar do devedor a prestação) – art.786 do NCPC.
Quando se diz que o título é certo, líquido e exigível, na verdade, é a obrigação nele reconhecida. Com estas características é possível promover a ação executiva.
Só a lei pode criar ou definir o título executivo – tipicidade.
Obs: É possível mover execução com base em mais de um título executivoou mais de uma execução com base em títulos diferentes – art.780 d NCPC – Súmula 27 do STJ. 
7.7.3. Títulos executivos judiciais – art.515 do NCPC.
Será título executivo judicial aquele descrito no atual art.515 do NCPC, sendo taxativo este rol, o que é formado a partir de decisão judicial proferida em processo judicial prévio, havendo, contudo, a exceção da sentença arbitral que é título executivo judicial mesmo sendo produzida fora do Poder Judiciário.
A execução apoiada em título executivo judicial deflagrará normalmente a execução imediata, salvo quando aquele for sentença judicial estrangeira homologada, sentença criminal transitada em julgado, sentença arbitral, o que exigirá execução em processo autônomo (mediata).
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
O inciso usa a expressão “decisão”, isso porque além de sentença e acórdão, há decisões interlocutórias que terão qualidade de verdadeira sentença, por exemplo, no julgamento parcial do mérito.
Importante notar, contudo, que a decisão interlocutória aqui referida será definitiva, não se confundindo com a decisão provisória, que não será título executivo, apesar de usar as mesmas regras do processo executivo para sua efetivação – art.297.
Há discussão doutrinária se a redação do inciso I teria permitido a execução de sentença não condenatória. 
De fato, a sentença meramente declaratória (art.19) ou constitutiva por essência são satisfativas, não demandando qualquer execução.
Contudo, há quem entenda que seria possível ajuizar ação declaratória e na sentença restar reconhecida a relação jurídica e a eventual obrigação de uma parte para com a outra, sem haver condenação, isso com base no art.19 do CPC. Neste caso, mesmo sem sentença condenatória seria possível ajuizar ação executiva para exigir do devedor a prestação decorrente da obrigação já reconhecida.
A sentença civil para ser executada não precisa ter transitado em julgado, daí ser cabível a execução provisória.
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial.
Aqui o legislador usou corretamente o termo autocomposição (solução consensual pelas partes). 
Assim, mesmo deflagrada a jurisdição, as partes podem entrar em acordo, com ou sem intermediação de terceiro, e o juiz homologando este acordo por sentença dá por encerrado o processo com resolução de mérito (487, III, do CPC). Tal decisão além de fazer coisa julgada material, é título executivo.
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza.
Semelhante a hipótese anterior, com a diferença de que o acordo ocorreu fora da jurisdição, mas poderá ser levado ao conhecimento do juiz para ter eficácia de título executivo. 
Para alguns, só seria viável na chamada jurisdição voluntária (reserva de jurisdição), para outros, poder-se-ia levar mesmo um título executivo extrajudicial para ser homologado na jurisdição, por força do art.785 do CPC.
IV – formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
O formal ou a certidão de partilha, após o trânsito em julgado da decisão que os gerou, serão título executivo em relação a quem participou do inventário ou arrolamento.
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
O CPC de 1973 estranhamente incluía tal situação como sendo título extrajudicial, apesar de ter sido gerado em processo judicial, sendo agora corrigido o problema.
Na prática dificilmente ensejará a execução, pois é cobrado como pressuposto do ato processual a ser praticado, de forma que o devedor termina sempre adimplindo a dívida.
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado.
A sentença penal condenatória que demanda execução civil é aquela que transitou em julgado (presunção de inocência), devendo haver a liquidação dos prejuízos e depois ser ajuizada a ação de execução autônoma apenas contra quem foi condenado na ação crimina – art.63, p.único e 387 do CPP.
VII – a sentença arbitral.
A sentença arbitral é produzida no âmbito do processo arbitral (não jurisdicional), contudo, por lei, tem a mesma eficácia de sentença judicial, daí ser título desta natureza.
O juízo arbitral não tem competência para executar suas decisões, sendo competência do Poder Judiciário.
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
A sentença estrangeira, que é decisão definitiva, poderá ser homologada no STJ, virando título executivo, e depois executada na Justiça Federal de primeiro grau. Portanto, só depois de homologada no STJ é que se torna título executivo judicial.
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça.
É novidade não prevista no CPC de 1973. Diante da cooperação internacional, é possível que, através de carta rogatória, o país estrangeiro apresente decisão judicial não definitiva (tutela provisória) que carregue em si o cumprimento de ato processual no Brasil, o qual demanda natureza executiva, tal como: busca e apreensão, arresto, sequestro, etc.
O processo aqui não é de homologação de sentença estrangeira, mas de cumprimento ou execução de carta rogatória, também no âmbito do STJ.
X – vetado.
Foi vetado o inciso que atribuía ao Acórdão do Tribunal Marítimo natureza de título executivo judicial. 
Agora o tal acórdão continua sem qualidade de título executivo, nem judicial, nem extrajudicial, devendo a multa aplicada ser inscrita em dívida ativa, para extrair-se a certidão de dívida ativa, como título executivo extrajudicial.
7.7.4. Título executivo extrajudicial – art.784 do NCPC.
O título executivo pode ainda ser extrajudicial, ou seja, não decorrente de prévio processo cognitivo, sendo documento em que o estado reconhece a obrigação líquida, certa e exigível – art.784 do NCPC. Aqui haverá ação de execução autônoma, pois não há sentença a ser executada.
A execução com base em título executivo extrajudicial importará em processo executivo autônomo (execução mediata).
São títulos executivos extrajudiciais os indicados no art.784 do NCPC, sendo, contudo, o rol exemplificativo, podendo a lei criar outros casos (inciso XII):
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
Basicamente os títulos de crédito, devendo observar quando à formação dos mesmos os requisitos das respectivas leis de Direito Comercial. 
Os títulos podem ou não ser causais, mas para fins de execução a regra é juntar o próprio título no original, salvo situação devidamente justificada.
II – escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor (reconhecendo a dívida), aqui a fé pública do agente dispensa a assinatura por duas testemunhas.
III – documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas.
Se o documento é particular e não foi lavrada escritura pública, deverá ser assinado por duas testemunhas as quais não podem ter interesse direto no objeto da obrigação.
Há entendimento de que as testemunhas podem assinar depois do momento em que o ato foi firmado.
IV – instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores (negociação – art.3º) ou por conciliador ou mediador (165 e 167) credenciado por tribunal. 
Se há instrumento que materialize transação entre Ministério público, Defensoria pública e advogados, também não há necessidade de testemunhas. Aqui há concessões mútuas e não precisa ser homologado pelo Judiciário. Ex: conciliação no PROCON. 
V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução.
Apesar de odocumento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, dada a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte.
Apesar de o documento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, dada a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
O credor deverá comprovar o evento morte (condição).
Antes da Lei 11.382/2006 o CPC previa como título executivo o contrato de seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade. Com a nova redação, surge, pois, a dúvida se agora em não havendo morte, mas só incapacitação, poderia ser manejada a execução.
VII - o crédito resultante de foro e laudêmio.
Apesar de a enfiteuse (antigo direito real) ter sido extinta pelo art.2038 do Código Civil 2002, ele preservou as então existentes, de forma que o valor pago ao senhorio anualmente (foro) ou no caso de alienação a terceiro (laudêmio), constitui crédito que poderá ser executado apenas comprovando o negócio jurídico que gerou a enfiteuse e a inadimplência.
Obs- A terras públicas e os terrenos de marinha ainda podem ser objeto de enfiteuse – Decreto 9.760 46
Apesar de o documento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, da a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como os encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
Apesar de o documento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, dada a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
Ex: IPTU, taxa de condomínio, conta de luz, etc.
IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondentes aos créditos inscritos na forma da lei.
A certidão de dívida ativa decorre de processo administrativo unilateral de inscrição, sendo a execução regida pela Lei de Execução Fiscal – LEF 6.830/80.
X – o crédito referente às contribuições ordinárias e extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembléia geral, desde que documentalmente comprovadas;
Apesar de o documento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, dada a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
Até então, de regra, o condomínio tinha que entrar com ação cognitiva para cobrar seus créditos, situação esta que finda agora com o NCPC.
XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei.
Apesar de o documento ser particular, o legislador dispensou as duas testemunhas, dada a seriedade e formalidade já inerente ao tipo de negócio firmado.
Até então, de regra, o cartório extrajudicial tinha que entrar com ação cognitiva para cobrar seus créditos, situação esta que finda agora com o NCPC.
XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
A lei poderá criar outros títulos, tal como se dá com o acórdão do Tribunal de contas pelo art.71, §3º da CF e outros.
8.0. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – art.491 e 509.
8.1. CONCEITO.
Considerando que o título executivo deve portar obrigação certa, líquida e exigível, quando o título contiver obrigação não determinada quanto ao objeto ou valor (quantum debeatur), deverá, antes de promover a execução (cumprimento de sentença), passar por fase incidental no processo sincrético, de natureza cognitiva, chamada liquidação de sentença.
Quando a tutela cognitiva é requerida o normal é que numa mesma e única fase seja reconhecida a obrigação (an debeatur), identificando o credor e o devedor, bem como o objeto ou valor devido a título de prestação (quantum debeatur).
Contudo, conforme se verá, há hipóteses em que não será possível identificar de logo o quantum debeatur, situação que terminará rompendo a fase cognitiva em duas, a primeira para identificar a obrigação, e a segunda, para liquidá-la.
Deve-se ponderar primeiro que, dada a própria natureza, o título executivo extrajudicial já é definido pelo legislador como tal em razão de portar consigo obrigação certa, líquida e exigível, não tendo sentido se cogitar liquidação do mesmo.
Só tem sentido, pois, promover a liquidação de título executivo judicial. Apesar do nome liquidação de sentença, deve-se entender aqui que a liquidação é da obrigação constante de decisão definitiva de mérito, que pode ser acórdão, sentença ou até decisão interlocutória.
Segundo o CPC de 1973, quando o pedido feito na petição inicial fosse certo e determinado, o que devia ser a regra (art.286), teria o autor direito à sentença também líquida e certa (parágrafo único do art.459). 
Ocorre que o próprio art.286 do CPC de 1973 permitia formulação de pedido genérico em alguns casos especiais, e a jurisprudência ampliava isso nos casos de pedido de indenização, autorizando o juiz a sentenciar e deixar para liquidar o valor da indenização posteriormente – art.475-A.
Obs: No Rito Sumário do CPC de 1973 a sentença deveria ser líquida – §3º, art.475-A. Nos juizados especiais também – p. único do art.38 da Lei 9.099-95.
No NCPC flexibilizou-se a correlação antes existente de forma que agora a regra é que a sentença seja líquida, desde que o juiz tenha elementos para tanto (art.491), independentemente de o pedido ter sido formulado de maneira genérica ou determinada. O mesmo artigo prevê, contudo, a situação em que se dará decisão ilíquida, o que ensejará a fase de liquidação.
Assim, no processo sincrético, é possível que entre a fase cognitiva e a fase executiva seja necessária uma fase de liquidação (também cognitiva), a qual se debruçará sobre a delimitação do quantum devido, havendo inclusive instrução probatória.
Oportuno, pois, esclarecer que fase de liquidação não se rediscutirá o que já foi objeto da fase cognitiva anterior (coisa julgada - atacável através de ação rescisória), restringindo-se, como se disse, a identificar o valor devido ou o objeto da obrigação - §4º do art.509 do NCPC. 
Obs: Na fase de liquidação é possível, sem ferir a coisa julgada, se incluírem juros mesmo que não constem do título judicial – Súmula 254 do STF. A correção monetária também.
Há uma discussão doutrinária acerca do que seria objeto da liquidação, havendo quem defenda (corrente ampliativa) que esta fase poderia ser aplicável a qualquer tipo de obrigação (dar quantia, dar coisa, fazer e não fazer) e outra (corrente restritiva) entendendo que liquidação se restringe à obrigação de dar quantia, o que parece ter sido adotado pelo legislador do NCPC (art.509), afastando-se assim de outras situações, tais como: o incidente de concentração de obrigação ou a escolha da coisa na obrigação de dar coisa incerta.
8.2. A LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA.
Importante atentar que é possível promover a liquidação provisória do título de forma a abreviar a duração do processo, o que será feito em autos suplementares – art.512 do NCPC. 
A exemplo do cumprimento provisório de sentença, a liquidação também será provisória tendo em vista que a decisão a ser liquidada é passível de alteração em instância superior, ou seja, não transitou em julgado e está pendente de recurso. 
Diferentemente da execução provisória (cumprimento provisório), mesmo pendendo recurso com efeito suspensivo é possível promover a liquidação, isto porque no cumprimento de sentença se faz necessário fazer valer os efeitos da decisão, mas para liquidar isto não se mostra necessário, dar-se-á a liquidação mesmo a sentença com eficácia suspensa, sendo atuação meramente instrutória para encontrar o valor devido, não havendo atos de sub-rogação ou de coerção.
A liquidação provisória se dará concomitantemente à fase cognitiva inicial (que está na fase recursal), e se dará a pedido do interessado, porsua própria conta e risco.
8.3. A LIQUIDAÇÃO PARCIAL.
Em havendo decisão em parte líquida e em parte ilíquida, o legislador autoriza a imediata execução daquela parte e a liquidação desta, o que consagra o entendimento de capítulos de sentença que podem gerar atuações independentes - §1º do art.509 do NCPC.
8.4. DA DECISÃO FINAL DA LIQUIDAÇAO.
Antes do processo sincrético instituído ainda no CPC de 1973, a liquidação de sentença seguia como processo autônomo entre dois processos também autônomos: o de conhecimento e o de execução.
Nesta época, para cada processo autônomo a decisão final era considerada sentença.
Com o advento do processo sincrético, passou a ter um único processo, dentro do qual poderiam transcorrer três fases: cognitiva inicial, cognitiva complementar (liquidação) e cumprimento de sentença, situação que suscitou a necessidade de revisão do conceito de sentença.
Sentença passou a ser vista como a decisão judicial que, com base nos artigos 267 e 269 do CPC de 1973, encerrava a fase cognitiva ou extinguia o processo.
A despeito do novo conceito de sentença no CPC de 1973, o certo é que em relação à decisão final da fase de liquidação preferiu-se considerar como sendo impugnável via agravo de instrumento, a sugerir para doutrina trata-se de decisão interlocutória.
Nesse sentido, a decisão que declarava o valor devido (liquida a prestação) era, segundo doutrina dominante, interlocutória, cabendo, pois, agravo – art.475-H.
Agora, no NCPC não há mais dispositivo a indicar que caberia agravo da decisão que finda a fase de liquidação, o que suscitou novamente a dúvida sobre a natureza jurídica da decisão final.
Com o advento do NCPC e, com base no novo conceito de sentença (§1º do art.203), há quem entenda que a decisão que finda a fase de liquidação é uma sentença, pois, encerra fase cognitiva. 
Mas a jurisprudência e doutrina tradicionais tendem a manter o entendimento de que seria decisão interlocutória.
Outra questão instigante é saber quais os possíveis resultados para decisão final da fase de liquidação.
O objetivo da fase de liquidação é encontrar o valor devido (o peticionante não pede que se encontre um valor por ele dimensionado, senão já seria cumprimento de sentença, mas que se encontre um valor), sendo este o mérito da causa, devendo ser julgado procedente o pedido sempre que se chegar a um valor.
 Excepcionalmente, a fase de liquidação poderá não chegar ao objetivo de encontrar o valor devido: decisão terminativa (art.485), prescrição (art.487, II), liquidação extinta por ausência de provas e liquidação de valor zero (aqui haveria procedência do pedido, pois, o valor foi encontrado, mas não trará efeito prático para execução).
8.5. DAS MODALIDES DE LIQUIDAÇÃO.
Antes da Lei 8.898/94, que alterou o CPC de 1973, havia 03 (três) modalidades de liquidação de sentença: por cálculo do contador, por artigos e por arbitramento.
O legislador percebeu, contudo, que a chamada liquidação por cálculo do contador não importava em liquidação propriamente dita, mas mero ajuste de cálculos a partir de dados já constantes da sentença, não demandava assim nova fase cognitiva, o que motivou sua exclusão como modalidade. 
Como se disse, antes de 1994 a execução podia ser feita por cálculo do contador, quando o Poder Judiciário, antes de deflagrar a execução, submetia o título a exame de contador que indicava o montante devido e, caso as partes concordassem, era homologado pelo juiz, dando-se a execução em cima de tal valor.
A despeito de não haver mais a liquidação por cálculo do contador (fase anterior ao cumprimento de sentença), ainda persiste a execução apoiada em demonstrativo de débito (memória de cálculo,) sendo agora ônus do requerente apresentar o valor apurado já iniciando a fase de cumprimento de sentença - §§2º e 3º do art.509 do NCPC.
 
Os cálculos são feitos extrajudicialmente, devendo ser apresentada a memória de cálculos (com a evolução do crédito, correção e juros), portanto, como ônus do credor e já iniciam a fase executiva – art.524 do NCPC.
Obs: art.52, II, da Lei 9.099 – cálculo feito por contador, mas ainda assim já no bojo da execução.
Destarte, atualmente (e mesmo no CPC de 1973 após a reforma de 1994), só existem 02 (duas) modalidades de liquidação: pelo procedimento comum e por arbitragem.
Em ambos os casos, terá legitimidade de provocar a fase de liquidação tanto o credor como o próprio devedor (art.509 do NCPC), este último teria interesse de saber o exato valor devido a fim de pagar (obter quitação), ou ainda alegar compensação ou mesmo transacionar, por exemplo.
O órgão competente para processar e julgar a fase de cumprimento de sentença também o será para fase pretérita de liquidação.
8.5.1. Liquidação pelo procedimento comum.
Será utilizada quando for necessária a comprovação de fatos novos, sem prova técnica, para definir o valor da prestação devida, devendo ser usado na medida do possível o rito comum – art.509, II c/c art.511 do NCPC.
Se para identificar o valor devido da obrigação for necessário provar fato que antes não foi examinado pelo julgador (mas não dependa de prova técnica), deverá seguir a liquidação pelo procedimento comum, a qual adotará a sistemática semelhante ao que foi feito na fase cognitiva inicial.
A fase de liquidação deverá ser inicia a pedido do credor ou do devedor, por meio de simples petição no mesmo processo, devendo o juiz determinar (caso recebida a petição) a intimação do réu, através da pessoa de seu advogado, para apresentar contestação em até 15 dias.
Aqui será adotado, como se disse, no que couber, o procedimento comum, podendo o juiz adotar providências preliminares, julgar conforme o estado do processo, determinar realização de audiência de instrução e ao final sentenciar.
8.5.2. Liquidação por arbitramento.
É a liquidação que se realiza quando a identificação do valor da obrigação depender de prova técnica – art.509, I c/c art.510 do NCPC.
Segundo a lei, dar-se-á a liquidação por arbitramento quando for determinado na sentença ou for convencionado pelas partes, ou ainda, assim exigir a natureza da prestação.
Obs: Quando a sentença fixar a modalidade de liquidação isso não obrigará ao juízo da fase de cumprimento de sentença que poderá adotar outra modalidade ao caso. Segundo o STJ em sua Súmula 344 “a liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada”.
Apesar de a lei não dizer, deve-se adotar aqui, na medida do possível, o mesmo rito adotado para liquidação pelo procedimento comum, com a diferença que a instrução aqui será reduzida à prova técnica.
Na realização da perícia serão adotadas as regras da prova pericial.
Começa com petição do credor, momento em que apresentará assistente técnico e quesitos, sob pena de preclusão, devendo a parte contrária ser intimada para agir da mesma forma. 
A lei não fala em prazo para contestação, de forma que caberá ao juiz fixar prazo para resposta do réu e se não o fizer será adotado o prazo geral de 05 dias.
Ambas as partes também poderão apresentar laudo técnico, o que poderá dispensar a perícia judicial.
Outrossim, se não forem suficientes os laudos técnicos eventualmente juntados pelas partes, será deferida a prova pericial, sendo nomeado perito e designado prazo para entrega de laudo.
Deverão as partes ser intimadas para participarem da perícia, momento em que poderão apresentar quesitos complementares.
Após entrega do laudo pericial (ou depois da entrega dos laudos dos assistentes técnicos, se houver) as partes serão intimadas para falar sobre o mesmo podendo o juiz decidir logo ou marcar audiência para obter esclarecimentos do perito.
Ao final, sentenciará.
9.0. DAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO.
A depender da natureza da prestação (dar quantia, dar coisa, fazer e não fazer) objeto do título podem ser adotados procedimento distintos para se proceder à execução, devendo ainda considerar se o título executivo é judicial (cumprimento

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