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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PESSOA COM MANIFESTAÇÕES DE TRANSTORNOS DO HUMOR Prof.Enf.Esp. Tailma S. Lino Os transtornos do humor (TH) caracterizados fundamentalmente pelas alterações patológicas que levam a pessoa a perder o controle sobre seu humor e seus afetos. Encontra no Velho Testamento, menção aos transtornos do humor, como associação entre transtornos maníacos e depressivos. Emil Kraepelin, em 1899, descreveu a psicose maníaco- depressiva, com associações de sintomas maníacos e depressivos que correspondem à maioria dos critérios atuais para a descrição do transtorno bipolar. INTRODUÇÃO Os transtornos afetivos, conhecidos hoje como transtornos do humor, englobam uma gama de transtornos, que segundo ao CID-10 são classificados: CLASSIFICAÇÃO DOS TH TRANSTORNOS DE HUMOR F30 – EPISÓDIO MANÍACO F31 – TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR F32 – EPISÓDIO DEPRESSIVO F33 – TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE F34 – TRANSTORNOS PERSISTENTES DO HUMOR (AFETIVO) F38 – OUTROS TRANSTORNOS DO HUMOR (AFETIVOS) F39 – TRANSTORNO DO HUMOR (AFETIVO) NÃO ESPECIFÍCADO Ao apresentar os transtornos do humor ou do afeto, é importante compreender o significados deles. HUMOR AFETO CARACTERISTICAS GERAIS DOS TH REFERE-SE A UM ESTADO EMOCIONAL INTERNO E DURADOURO QUE DÁ COLORIDO À VIDA PSÍQUICA DA PESSOA É A EXPRESSÃO EXTERNA DO TOM EMOCIONAL DA PESSOA Esse transtornos exibem características externas do humor que podem variar MANIFESTAÇÕES DE COMPORTAMENTO DEPRIMIDO Ocorre caracterizadamente em pessoa com episódio depressivo (F32) ou com depressão do TB (F31), em decorrência da tristeza profunda, incapacidade de sentir prazer e alegria, fadiga , entre outros. MANIFESTAÇÕES DE COMPORTAMENTO AGITADO, EUFÓRICO E AGRESSIVO Ocorre mais freqüentes em pessoas com episódios maníaco (F30), TB, episódio depressivo com ansiedade, transtorno alimentar, esquizofrenia, transtornos mentais decorrentes de transornos orgânicos (delirium, demência, depressão pós-parto) e os associados ao uso de substância psicoativas (intoxicação ou abstinência, entre outros). De acordo com a OMS as maiores causas de incapacidade no mundo, em âmbito mundial, cinco ocorrem em razão de transtornos psiquiátricos. Os episódio depressivo, ocupa o primeiro lugar com 10,7% O transtorno afetivo bipolar em sexto lugar, com 3,0 % Os TH estão se tornando mais comuns e se iniciando cada vez mais cedo entre crianças e adolescentes. A mulheres são mais vulneráveis, em uma proporção 2x maior do que os homens. A depressão ocorre mais em pessoas que não tem relações interpessoais íntimas ou que são divorciadas. Cerca de 15% das pessoas com transtornos bipolar e 11% das pessoas com depressão cometem suicídio. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Há pessoas que apresentam um padrão que apresentam um padrão sazonal de episódios depressivos no início do outono e inverno com remissão na primavera. Contrariamente, episódios maníacos ou hipomaníacos ocorrem no verão. A idade média para episódios depressivo não é constante entre os autores: -Em torno de 35 a 40 anos para alguns - E aproximadamente aos 24 anos para outros. ETIOLOGIA DOS TH Os TH são considerados doenças fásicas que se manifestam com episódios súbitos, únicos ou repetidos, tendo remissão espontânea ou caminhando para cronicidade. A interação entre a gama de fatores biológicos, genéticos, psicossociais e ambientais devem ser considerados. Os fatores genéticos são fundamentais, principalmente no transtorno bipolar. há indicações de primeira escolha ou associação entre os diversos tratamentos, de acordo com o episódio apresentado e o critério médico. Entre os psicofármacos, têm-se os estabilizadores do humor (lítio e anticonvulsivantes), antipsicóticos atípicos e típicos e antidepressivos. A Eletroconvulsoterapia também é utilizada. As terapias complementares, como a cognitivo-comportamental, interpessoais, psicossociais e programas psicoeducacionais. Geralmente, utiliza-se a associação entre estes tratamentos. TRATAMENTO GERAL DOS TH No tratamento da pessoa com TH, deve-se primordialmente assegurar a vida do cliente, pois pessoas com estes transtornos podem apresentar idéia ou tentativa de suicídio. Ter, ainda, como objetivos a recuperação do cliente, a melhora do seu bem-estar subjetivo e objetivo e a reintegração na comunidade. Os transtornos do humor afetam muito a vida pessoal, familiar, social, ocupacional ou profissional, ou seja, sua qualidade de vida TRANSTORNO DO HUMOR: EPISÓDIO DEPRESSIVO OU DEPRESSÃO A diversidade de sintomas, reações ao tratamento, alterações no curso da vida e prejuízos sofridos contribuem para uma interação complexas de causas, que acabam afetando a qualidade de vida da pessoa com depressão. Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo (Del Pino, 2003). Entretanto, elas caracterizam se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor) e fenômenos biológicos (neuronais ou neuro-endócrinos) associados. As síndromes depressivas são atualmente reconhecidas como um problema prioritário de saúde pública. Segundo levantamento da OMS, a depressão maior unipolar é considerada a primeira causa de incapacidade entre todos os problemas de saúde. Do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas têm uma relação fundamental com as experiências de perda. As síndromes e as reações depressivas surgem com muita freqüência após perdas significativas: de pessoa muito querida, emprego, moradia, status socioeconômico, ou de algo puramente simbólico. Os sinais e sintomas agrupados segundo a área psicopatológica SINTOMAS AFETIVOS – Tristeza, sentimento de melancolia – Choro fácil e/ou freqüente – Apatia (indiferença afetiva; “Tanto faz como tanto fez.”) – Sentimento de falta de sentimento (“É terrível: não consigo sentir mais nada!”) – Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico – Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes, etc.) – Angústia ou ansiedade – Desespero – Desesperança ALTERAÇÕES DA ESFERA INSTINTIVA E NEUROVEGETATIVA – Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida) – Fadiga, cansaço fácil e constante (sente o corpo pesado) – Desânimo, diminuição da vontade (hipobulia; “Não tenho pique para mais nada.”) – Insônia ou hipersomnia – Perda ou aumento do apetite – Constipação, palidez, pele fria com diminuição do turgor – Diminuição da libido (do desejo sexual) – Diminuição da resposta sexual ALTERAÇÕES IDEATIVAS – Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo – Idéias de arrependimento e de culpa – Ruminações com mágoas antigas – Visão de mundo marcada pelo tédio (“A vida é vazia, sem sentido; nada vale a pena.”) – Idéias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre – Ideação, planos ou atos suicidas ALTERAÇÕES COGNITIVAS – Déficit de atenção e concentração – Déficit secundário de memória – Dificuldade de tomar decisões – Pseudodemência depressiva ALTERAÇÕES DA AUTOVALORAÇÃO – Sentimento de auto-estima diminuída – Sentimento de insuficiência, de incapacidade – Sentimento de vergonha eautodepreciação ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO E DA PSICOMOTRICIDADE – Tendência a permanecer na cama por todo o dia (com o quarto escuro, recusando visitas, etc.) – Aumento na latência entre as perguntas e as respostas – Lentificação psicomotora até o estupor – Estupor hipertônico ou hipotônico – Diminuição da fala, redução da voz, fala muito lenta – Mutismo (negativismo verbal) – Negativismo (recusa à alimentação, à interação pessoal, etc.) SINTOMAS PSICÓTICOS – Idéias delirantes de conteúdo negativo: • Delírio de ruína ou miséria • Delírio de culpa • Delírio hipocondríaco e/ou de negação dos órgãos • Delírio de inexistência (de si e/ ou do mundo) – Alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos depressivos – Ilusões auditivas ou visuais – Ideação paranóide e outros sintomas psicóticos humor- incongruentes CARACTERIZAÇÃO DO EPISÓDIO DEPRESSIVO EPISÓDIOS DEPRESSIVO CID-10 (F32) A. CRITÉRIOS GERAIS • O EPISÓDIO DEVE TER DURAÇÃO DE PELO MENOS 2 SEMANAS • NÃO HAVER SINTOMAS MANÍACOS OU HIPOMANÍACOS EM QUALQUER ÉPOCA DA VIDA • O EPISÓDIO NÃO DEVE ESTAR RELACIONADO AO USO DE SUBS. PSICOATIVAS B. CRITÉRIOS PRINCIPAIS (2 OU MAIS DESTES SINTOMAS DEVEM ESTAR PRESENTES) • HUMOR DEPRESSIVO, TRISEZA PROFUNDA • INIBIÇÃO OU AUSÊNCIA DA CAPACIDADE DE SENTIR ALEGRIA OU PRAZER • REDUÇÃO DE ENERGIA E FATIGABILIDADE AUMENTADA (HIPOATIVIDADE, FADIGA). C. SINTOMAS ADICIONAIS PARA EPISÓDIOS DEPRESSIVOS • PERDA DE CONFIANÇA, DA AUTO-ESTIMA E DA ESPERANÇA (IDÉIAS PESSIMISTAS EM RELAÇÃO AO FUTURO. • SENTIMENTOS IRRACIONAIS DE AUTO-REPROVAÇÃO OU CULPA EXCESSIVA E INAPROPIADA, COM SENTIMENTO DE INUTILIDADE. • PENSAMENTOS RECORRENTES DE MORTE OU MANIFESTAÇÃO DE IDÉIA E COMPORTAMENTO SUICIDA. • QUEIXAS OU EVIDÊNCIAS DA DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE DE PENSAR (BRADISPSIQUIA) E DE CONCENTRAR-SE (HIPOPROXEXIA). • LENTIFICAÇÃO OU, ÀS VEZES, AGITAÇÃO PSICOMOTORA. • QUALQUER TIPO DE PERTUBAÇÃO DO SONO (INSÔNIA E HIPERSONIA) • ALTERAÇÃO DO APETITE (DIMINUIÇÃO OU AUMENTO), COM CORRESPONDENTE DO PESO D. PODE HAVER A PRESENÇA OU A AUSÊNCIA DA CHAMADA SÍNDROME SOMÁTICA (CARACTERÍSTICAS MELANCÓLICAS, NEUROVEGETATIVAS OU FÍSICAS) • MARCANTE PERDA DE INTERESSE E PRAZER EM ATIVIDADES QUE SÃO NORMALMENTE PRAZEROSAS • FALTA DE REAÇÕES EMOCIONAIS A EVENTOS OU ATIVIDADES QUE SÃO NORMALMENTE PRAZEROSAS. • LEVANTAR-SE DE MANHÃ 2 OU MAIS HORAS ANTES DO HABITUAL (INSÔNIA TERMINAL) • DEPRESSÃO PIOR PELA MANHÃ • EVIDÊNCIA OBJETIVA DE RETARDO OU AGITAÇÃO PSICOMOTORA, OBSERVADO OU RELATADO • MARCANTE PERDA DE APETITE (ANOREXIA) • MARCANTE PERDA DA LIBIDO O episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, com ou sem sintomas psicóticos. DEPRESSÃO LEVE – a pessoa pode apresentar dois ou três sintomas dos descritos anteriormente, sofrer com manifestação destes, mas conseguir manter sua vida diária. DEPRESSÃO MODERADA – o cliente apresenta 4 ou mais sintomas e experimenta dificuldades nas atividades cotidianas. DEPRESSÃO GRAVE SEM SINTOMAS PSICÓTICOS – vários dos sintomas são marcantes, como a perda de auto-estima e a presença de idéias de desvalia ou culpa, e produzem sofrimento intenso. O cliente não consegue desempenhar as atividade diárias. Idéias e atos suicidas são freqüentes, bem como a presença de sintomas somáticos. DEPRESSÃO GRAVE COM SINTOMAS PSICÓTICOS – devem estar presentes mais de 4 dos sintomas citados associados a delírios ou alucinações e estupor depressivo. A gravidade do episódio em geral impossibilita as atividades sociais e ocupacionais. A pessoa pode morrer por desidratação, desnutrição ou cometer suicídio Trata-se de uma depressão crônica, geralmente de intensidade leve, muito duradoura. Começa no início da vida adulta e persiste por vários anos. Os sintomas depressivos mais comuns são diminuição da auto-estima, fatigabilidade aumentada, dificuldade em tomar decisões ou se concentrar, mau humor crônico, irritabilidade e sentimento de desesperança. Os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por, pelo menos, dois anos. DISTIMIA Trata-se de um subtipo de depressão na qual predominam os sintomas classicamente endógenos. Sinais e sintomas como lentificação psicomotora, anedonia, alterações do sono e do apetite, piora dos sintomas no período da manhã (melhora no período da tarde e da noite) e idéias de culpa devem fazer o clínico pensar em depressão tipo endógena ou melancólica (Del Porto, 2000). DEPRESSÃO TIPO MELANCÓLICA OU ENDÓGENA É uma depressão grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações com conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de conteúdo negativo, depressivo, são classificados como sintomas psicóticos humor-congruentes (de culpa, doença, morte, punição, etc.). Caso os sintomas psicóticos não sejam de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos humor-incongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, auto-referentes, etc.). DEPRESSÃO PSICÓTICA É um estado depressivo grave, no qual o paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que se exprime pela ausência de respostas às solicitações ambientais, geralmente em estado de mutismo, recusando alimentação, muitas vezes urinando e defecando no leito. O paciente pode, nesse estado, desidratar e vir a falecer por complicações clínicas (pneumonia, insuficiência pré-renal, desequilíbrios hidroeletrolíticos). ESTUPOR DEPRESSIVO É uma síndrome depressiva causada ou fortemente associada a uma doença ou um quadro clínico somático, seja ele primariamente cerebral ou sistêmico. Síndromes e doenças como hipo ou hipertireoidismo, hipo ou hiperparatireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Parkinson e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) apresentam, com significativa freqüência, quadro depressivo que faz parte da própria condição patológica. No caso dos AVCs, ocorre depressão após o episódio agudo, sendo que, de modo geral, AVCs no hemisfério esquerdo e mais próximos do pólo frontal desencadeiam mais freqüentemente depressões secundárias . DEPRESSÃO SECUNDÁRIA OU ORGÂNICA TRATAMENTO O tratamento farmacológico da depressão é feito com antidepressivo, de forma isolada ou com a associação de vários medicamentos. Se caso não produzirem o resultado esperado, o cliente é reavaliado e o clínico pode decidir pela introdução de antipsicóticos, estabilizadores do humor ou eletroconvulsoterapia. Terapias complementares associadas à farmacoterapia têm sido utilizadas e contribuindo muito para a qualidade de vida das pessoas com esse transtorno, para a adesão ao tratamento com o psicofármaco e para o desenvolvimento de convivência mais saudável com novo ritmo de vida. TRANSTORNO DO HUMOR: EPISÓDIO MANIÁCO OU MANIA NO TRANSTORNO DO HUMOR O EPISÓDIO MANÍACO – HOPIMANIA E MANIA – É ESTUDADO ATUALMENTE INTEGRADO OS TRANSTORNOS BIPOLARES A euforia ou alegria patológica e a elação (ou expansão do Eu) constituem a base da síndrome maníaca (Belmaker, 2004). Além disso, é fundamental e está quase sempre presente a aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo), manifestando-se como agitação psicomotora, exaltação, loquacidade ou logorréia e pensamento acelerado. A atitude geral do paciente é alegre, brincalhona ou irritada, arrogante. Além das alterações propriamente do humor (euforia, elação) e do ritmo psíquico (aceleração), na esfera ideativa verifica-se um pensamento em geral superficiale impreciso; o paciente fala mais do que pensa. SINAIS E SINTOMAS NAS SÍNDROMES MANÍACAS 1. Aumento da auto-estima. O paciente sente-se superior, melhor, mais potente, etc 2. Insônia. Mais precisamente, a diminuição da necessidade de sono. 3. Elação. Sentimento de expansão e engrandecimento do Eu. 4. Loquacidade. Produção verbal rápida, fluente e persistente. 5. Logorréia. Produção verbal muito rápida, fluente, com perda das concatenações lógicas. 6. Pressão para falar. Tendência irresistível de falar sem parar. 7. Distraibilidade. Atenção voluntária diminuída, e espontânea, aumentada. 8. Agitação psicomotora. Pode ser muito intensa até quadro de furor maníaco. 9. Irritabilidade. Pode ocorrer em graus variados, desde leve irritabilidade, passando pela beligerância, até a franca agressividade. 10. Arrogância. Em alguns pacientes maníacos, é um sintoma destacável. 11. Heteroagressividade. Geralmente desorganizada e sem objetivos precisos. 12. Desinibição social e sexual. Leva o indivíduo a comportamentos inadequados em seu meio sociocultural; comportamentos que o paciente não realizaria fora da fase maníaca. 13. Tendência exagerada a comprar objetos ou a dar seus pertences indiscriminadamente. É a forma mais intensa da mania, com taquipsiquismo acentuadíssimo, agitação psicomotora importante, heteroagressividade, fuga de idéias e delírio de grandeza. Pacientes idosos ou com lesões cerebrais prévias, em fase de mania grave, podem se apresentar confusos, desorientados, com aparente redução do nível de consciência. Tal apresentação pode dificultar o diagnóstico diferencial entre síndrome maníaca e delirium. MANIA FRANCA OU GRAVE Hipomania (ou episódio hipomaníaco) É uma forma atenuada de episódio maníaco, que muitas vezes passa despercebida, não recebendo atenção médica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não se ressente com as dificuldade e os limites da vida. Pode ter diminuição do sono, não se sente cansado após muitas atividades e deseja sempre fazer mais. O característico da hipomania é que o indivíduo e seu meio não são seriamente prejudicados; A hipomania não produz disfunção social importante, e não há sintomas claramente psicóticos. Muitas vezes, a pessoa acometida não busca serviços médicos. MANIA COM SINTOMAS PSICÓTICOS É um episódio maníaco grave com sintomas psicóticos, tais como delírio de grandeza ou poder, delírios místicos, às vezes acompanhados de alucinação auditiva ou visual. Nesses casos, o paciente geralmente apresenta um comportamento bastante alterado, com agitação psicomotora e desinibição social e/ou sexual importante. MANIA SEM SINTOMAS PSICÓTICOS O humor está predominantemente elevado, expansivo ou irritável fora do padrão normal para a pessoa em foco e presente há pelo menos uma semana. Geralmente apresenta inquietação física, loquacidade aumentada, distração ou mudanças rápidas de atividade e planos, auto-estima inflada. O tratamento é feito com estabilizadores de humor, antipsicóticos atípicos e típicos. A eletroconvulsoterapia tem se mostrado efetiva na fase aguda da mania. A indicação dos tratamentos depende da fase em que se encontra a evolução da doença e de critérios médicos. As terapias complementares associadas à farmacoterapia e ao programa psicoeducacional têm sido utilizadas e contribuído muito para a qualidade de vida das pessoas com esse transtorno e para adesão ao novo ritmo de vida e ao tratamento. TRATAMENTO TRANSTORNO DE HUMOR: TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR OU TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma doença crônica, recorrente, que compromete o funcionamento e o bem-estar da pessoa afetada e de sua família no curso da vida. É subdiagnosticado e pode levar anos para ser reconhecido. Existe uma demanda reprimida crescente e, para assumi-la com responsabilidade, tem-se de priorizar as intervenções eficientes, considerando-se não só os recursos terapêuticos como os de pesquisa e de educação continuada, o treinamento de técnicos e orientação para saúde dos clientes e de seus familiares, dos amigos e da comunidade. CARACTERIZAÇÃO O TAB é marcado por alternância no estado de humor, de energia e de habilidade da pessoa para o desempenho diário. Os transtornos bipolares caracterizam-se por seu caráter fásico, episódico, semelhante ao de outros transtornos mentais e neurológicos. Os episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo e, com freqüência, há períodos de remissão, em que o humor do paciente encontra-se eutímico e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem. Ocorre o prejuízo no desempenho profissional, ocupacional, social e pessoal durante esta fase também é evidenciado. EPIDEMIOLOGIA Estudos epidemiológicos recentes, ampliam o limiar de TB e estimam que a prevalência para o TB esteja em torno de 5 a 8%. Em relação á idade, o transtorno bipolar iniciar-se mais precocemente, podendo seu início dar-se da infância aos 50 anos, com a média de 30 anos. O TB não há diferença na prevalência quando ao gênero e á etnia. O TB I acomete igualmente ambos os gêneros O TB II é mais freqüente entre as mulheres, que pode estar relacionada ao hipotireoidismo, ao efeito de hormônios esteróides ou vinculada ao uso de antidepressivo. TRANSTORNO BIPOLAR TIPO I São episódios depressivos leves a graves, intercalados com fases de normalidade e fases maníacas bem-caracterizadas. TRANSTORNO BIPOLAR TIPO II São episódios depressivos leves a graves, intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas (aqui o paciente não apresenta fases evidentemente maníacas, mas apenas hipomaníacas). CICLOTIMIA (TRANSTORNO PERSISTENTE DO HUMOR) Na Ciclotimia, ocorre oscilações de humor por um período de mais de dois anos, compreendendo vários períodos de depressão e hipomania com ou sem períodos intermediários de humor normal, os quais podem ser sinais prodrômicos de sintoma bipolar. A idade de início está entre 14 e 25 anos Conflitos conjugais, história de relacionamentos instáveis, extravagâncias financeiras, alterações seguidas de rotinas de vida, podem se tornar desorganizadas e apresentar dificuldades na escola e no trabalho. TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, TIPO “CICLADOR” RÁPIDO Nesses casos, ocorrem muitas fases depressivas, maníacas, hipomaníacas ou mistas em curto período, com apenas breves períodos de remissão. Para o diagnóstico do tipo “ciclador” rápido, é necessário que o paciente tenha apresentado, nos últimos 12 meses, pelo menos quatro episódios bem caracterizados e distintos de mania (ou hipomania) e/ou depressão. Para dois episódios da mesma polaridade, deve-se verificar intervalos de dois meses de humor normal ou, no caso de episódios de polaridade distinta, guinada para episódio de polaridade oposta (sem necessidade de períodos intermediários de normalidade do humor). Diagnóstico de episódio maníaco Subtipos de transtorno bipolar (TB) Três ou mais dos sintomas (quatro se o humor for apenas irritado) por pelo menos uma semana • Auto-estima elevada • Grandiosidade • Muito falante, loquaz ou logorréico • Fuga de idéias • Distraibilidade • ↓ Necessidade de sono • Aceleração psicomotora • Desinibição social e/ou sexual • ↑↑↑ Gasto de dinheiro • ↑↑↑ Envolvimento em atividades prazerosas TB EPISÓDIO MANÍACO ÚNICO TB TIPO I a pessoa já apresentou ou está apresentando um conjunto de sintomas de mania durante o curso do transtorno. O TB I cursa com a mania TB TIPO II com mais de um episódio (hipomaníaco oudepressivo maior, mas pelo menos um hipomaníaco): especificadores semelhantes aos recém-descritos (menos maníacos) TRANSTORNO CICLOTÍMICO: por pelo menos dois anos, numerosos períodos com sintomas hipomaníacos e sintomas depressivos (que não satisfazem os critérios para episódio depressivo maior ou grave) As pessoas separadas e divorciadas apresentam maior freqüência de TB, porém há a ponderação sobre a ocorrência dessas situações serem decorrentes de relacionamentos conflituosos que este transtorno, em geral, pode provocar. O TB é considerado o transtorno mental com mais alta ocorrência de suicídio e apresenta alto índice não só de morbidade como de mortalidade. O que demonstram a necessidade de mais atenção das políticas de saúde pública. O TB é apontado como tendo forte influência de fatores genéticos, neurobiológicos (ritmo biológico, neurotransmissores), neuroendócrinos, entre outros. Aproximadamente 50% das pessoas com TB I têm pelo menos um dos pais com transtorno afetivo, principalmente depressão. Um dos problemas mais sérios em relação a esses transtornos é o tempo compreendido entre o seu início e o diagnóstico correto. o TB I leva em média 10 anos e o TB II em torno de 3 anos para ser diagnosticado adequadamente. ETIOLOGIA TRATAMENTO São utilizados fármacos com estabilizadores do humor (lítio e anticonvulsivantes), antidepressivos, antipsicóticos atípicos e típicos, ansiolíticos, eletroconvulsoterapia e as terapias complementares como a cognitico-comportamental, interpessoais e psicossociais. estudos evidenciam a importância do programa psicoeducacional aberto dirigido à pessoa com TB, à sua família, aos amigos e interessados, na aceitação do transtorno, na adesão ao tratamento, na adaptação ao ritmo de vida do cliente e dos familiares e em adequações necessárias para prevenir recorrências e recaídas. PROCESSO DE ENFERMAGEM No desenvolvimento do processo de enfermagem ao cliente com Transtorno Bipolar, deve- se levar em consideração os diagnósticos de enfermagem, os resultados esperados e as intervenções utilizados para episódios maníacos e depressivos. Lembrando sempre que pode haver oscilações de humor, bruscas ou não. Mais intervenções de enfermagem esclarecer a família sobre a importância da identificação dos sinais prodrômicos. orientar o cliente para que ele não interrompa a medicação sem consultar o seu médico. estar atento às mudanças de comportamento do cliente. Além das oscilações de humor próprias do transtorno, foi observada, também, a associação de sintomas maníacos ao tratamento de antidepressivos, bem como ciclagem rápida. orientar cliente, familiares e cuidadores, alertando-os para os períodos de eutimia – devendo manter a continuidade do tratamento. permanecer alerta às mudanças de humor para identificar as manifestações de comportamento indicativos de risco de indução ou de exacerbação de episódio depressivo. orientar o cliente e família a procurar o serviço de saúde mental sempre que perceber mudanças no comportamento do familiar com transtorno. orientar cliente e familiares sobre a medicação prescrita. Os efeitos desejados e colaterais. Dar explicações claras e respeito das oscilações de comportamento que podem ocorrer. estabelecer plano de orientação à família ou ao cuidador sempre que possível. orientar cliente e familiares sobre os recursos da comunidade encaminhar cliente e familiares para programa psicoeducacional dirigido para transtornos do humor. se não houver estes programas, estimular sua criação junto a clientes. Familiares, amigos e comunidade. documentar todas as ações de enfermagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora tenha sido apontado já no Velho Testamento, o transtorno do humor continua a desafiar a ciência apesar dos avanços ocorridos. É sabido que diversos tratamentos tenham sua indicação, o que parece ser a forma ideal é a associação entre eles e as diversas formas de psicoterapia, além da psicoeducação do cliente e sua família, pois, em geral, esses transtornos exigem seguimento ao longo do curso da vida. O programa psicoeducacional aberto dirigido à pessoa com TH, aos seus familiares, aos amigos e aos profissionais tem promovido o encontro deste para compartilharem suas idéias de forma mais saudável entre si e com profissionais. É fundamental para apoiar a adesão ao tratamento, realizar mudanças no estilos de vida, oferecer informações sobre sianis prodrômicos de recaída, evitando assim o agravamento da situação. Essa estratégia deveria ser adotada em todos os serviços de saúde mental, pois esses transtornos constituem um problema sério da saúde mental e saúde pública.
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