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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 2 DEPRESSÃO .............................................................................................. 6 2.1 A neurobiologia da depressão .............................................................. 7 2.2 Aspectos neuropsicológicos na depressão ........................................ 11 2.3 O modelo cognitivo da depressão ...................................................... 18 2.4 Tipos de depressão ............................................................................ 19 2.5 Como identificar o início de uma depressão ....................................... 19 2.6 Sintomas psíquicos ............................................................................ 21 2.7 Evidências comportamentais .............................................................. 21 2.8 Sintomas fisiológicos .......................................................................... 22 2.9 Diagnóstico ......................................................................................... 23 3 CLASSIFICAÇÕES DO CID – 10 ............................................................. 24 3.1 F30 – episódio maníaco ..................................................................... 25 3.2 F31 transtorno afetivo bipolar ............................................................. 26 4 F34 TRANSTORNOS DE HUMOR [AFETIVOS] PERSISTENTES .......... 32 5 TRANSTORNOS NEURÓTICOS, RELACIONADOS AO ESTRESSE E SOMATOFORMES - F- 40 E F-48 (ESPECIFICAMOS OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE F.40 AO F.42) ...................................................................................... 34 5.1 Segue as características de acordo com DSM – 5: transtorno bipolar e transtornos relacionados, (123): ............................................................................ 37 5.2 As fases do transtorno........................................................................ 39 5.3 Episódio depressivo ........................................................................... 40 5.4 Episódio maníaco ............................................................................... 42 5.5 Episódio misto .................................................................................... 45 5.6 Diagnóstico ......................................................................................... 49 5.7 Episódio depressivo maior ................................................................. 54 3 5.8 Características diagnosticas ............................................................... 56 5.9 Características associadas que apoiam o diagnóstico ....................... 58 6 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O TRANSTORNO BIPOLAR 58 6.1 Psicoterapia & estabilizadores de humor ........................................... 68 7 F32 EPISÓDIOS DEPRESSIVOS ............................................................ 71 7.1 F33 transtorno depressivo recorrente................................................. 73 7.2 De acordo com DSM -5 transtornos depressivos (155) ...................... 75 8 TERAPIA COGNITVA COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO E PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ...................................... 77 8.1 Terapia cognitiva comportamental ..................................................... 77 8.2 Terapia cognitivo – comportamental para a depressão ...................... 81 8.3 Aplicação prática da terapia cognitiva comportamental ..................... 85 8.4 Objetivos das sessões........................................................................ 87 8.5 Estrutura de uma sessão típica .......................................................... 88 8.6 Terapia cognitiva comportamental versus severidade da depressão versus duração das sessões versus trabalhos para casa ..................................... 88 8.7 Tratamento farmacológico .................................................................. 89 8.8 Terapia eletroconvulsiva ..................................................................... 90 8.9 Aspectos do tratamento em grupo ..................................................... 90 8.10 Prevenção de recaídas ................................................................... 92 9 TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL NO TRANSTORNO DE ANSIEDADE .............................................................................................................. 94 9.1 O modelo cognitivo – comportamental no transtorno de pânico ......... 96 9.2 Elementos de terapia cognitivo-comportamental ................................ 97 9.3 Técnicas cognitivas ............................................................................ 98 9.4 Técnicas para lidar com a ansiedade ................................................. 99 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 103 4 11 BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 112 5 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 6 2 DEPRESSÃO Fonte: pensamentoliquido.com Depressão é um transtorno do humor, os termos depressão e transtornos afetivos são utilizados como equivalentes porem em seu sentido exato não o são. Os transtornos afetivos compõem uma categoria ampla de estados de ânimo (dificuldades no campo das emoções, na capacidade cognitiva, no comportamento e na regularidade das funções corporais). A depressão é a forma mais comum de transtornos afetivos. (ALMEIDA. JR, et al. 2005 apud MOREIRA A; SANTOS M; SANTOS J; OLIVEIRA M; 2011). É considerado um grave problema mental de saúde pública, dados epidemiológicos registraram no início deste século, 121 milhões de pessoas que sofreram algum episódio depressivo durante a sua vida. É um dos transtornos mentais mais comuns, caracterizado por tristeza, perda de interesse em atividades cotidianas e diminuição da energia; é também um dos fatores mais prevalentes e potencialmente implicados nos mecanismos que conduzem à incapacidade e à utilização dos serviços de saúde (FUREGATO, A. R. F, 2005 apud MOREIRA A; SANTOS M; SANTOS J; OLIVEIRA M; 2011). O termo depressão, pode designar um estado afetivo normal, um sintoma, uma síndrome ou várias doenças. 7 A depressão tem sido caracterizada como episódio patológico no qual existe perda de interesse ou prazer, distúrbios do sono e apetite, retardo motor, sentimentos de inutilidade ou culpa, distúrbios cognitivos, diminuição da energia e pensamentos de morte ou suicídio (APÓSTOLO, J. L. A, 2011 apud MOREIRA A; SANTOS M; SANTOS J; OLIVEIRA M; 2011). Todas as pessoas passam por momentos de tristezas, sentem-se sozinhas ou infelizes. Como por exemplo a morte de um ente querido ou perda do emprego pode levá-la sentir-se “deprimida”.Na maioria das vezes, estará experimentando um sentimento normal e absolutamente compreensível e não um estado patológico de depressão (ALMEIDA. JR, et al. 2005 apud MOREIRA A; SANTOS M; SANTOS J; OLIVEIRA M; 2011). Pacientes deprimidos que buscam atenção permanecem sem ser diagnosticados e sem receber tratamento adequado, o que repercute em sofrimento, elevada morbidade e mortalidade além de contínuo risco de suicídio. Além disso, por ser uma doença altamente incapacitante, interfere, na vida pessoal, profissional, social e econômica das pessoas acometidas (THOMPSON, C. 2010 apud MOREIRA A; SANTOS M; SANTOS J; OLIVEIRA M; 2011). 2.1 A neurobiologia da depressão Estudos neuropsicológicos e neurobiológicos da depressão têm como objetivo tecer correlações clínico-patológicas para um maior entendimento do transtorno. Considerando os aspectos da neurobiologia da depressão, as regiões cerebrais mais estudadas têm sido as áreas frontais e suas conexões, bem como, as áreas temporais. A importância de alterações frontais em quadros depressivos vem sendo ressaltada por vários autores, levando-se em conta as alterações clínicas relacionadas à atenção, psicomotricidade, capacidade executiva e de tomada de decisão encontradas em quadros típicos, características muito presentes em pessoas com esse transtorno (Drevets, 2003 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Drevets (2003 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) descreve que as áreas frontais e estriatais também têm como importante função a modulação das estruturas límbicas e do tronco encefálico, que estão fisiologicamente, envolvidas na mediação do comportamento emocional, sendo assim, as disfunções nesses circuitos devem participar na patogênese dos sintomas depressivos. 8 Pacientes deprimidos apresentam uma diminuição na atividade da área região subgenual pré-frontal cortical. Nesses pacientes, essa área tem seu volume anatômico reduzido, tornando-se hiperfuncionante nas fases maníacas ou depressivas e retornando a um funcionamento básico quando o humor volta ao normal. Essa região é normalmente relacionada com a geração de palavras por associação e é ativada em indivíduos normais quando solicitados a gerar pensamentos tristes – uma forma experimental de induzir humor depressivo em laboratório. O que pode ocorrer em pacientes deprimidos é uma hiperatividade associativa quando experimentam pensamentos negativos incessantes (Drevets et al., 2002, Botteron, 2002, Drevets, 2003 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Para Drevets (2003 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) as áreas associadas com a rede atentiva e de orientação vêm sendo muito estudadas na depressão, com base na ideia de que, na depressão maior, o sistema neural envolvido no processamento das informações externas e manutenção do estado de vigília seriam suprimidos em favor de sistemas envolvidos no processamento interno gerador de informação, como o pensamento e as emoções. Thase (1999), em revisão feita sobre aspectos anatômicos da depressão, relata alterações na substância branca subcortical, especialmente, na área periventricular, gânglios da base e tálamo. Mais comuns no transtorno bipolar I e entre idosos, essas alterações parecem refletir efeitos neurodegenerativos deletérios de episódios recorrentes de humor. Alargamento ventricular, atrofia cortical e acentuação dos sulcos também foram descritos em pacientes com transtorno do humor comparativamente com grupo- controle. Além disso, há ainda, a redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo em tratos dopaminérgicos do sistema mesocortical e mesolímbico, com evidências de que os antidepressivos normalizam parcialmente algumas dessas alterações. Estudos realizados por Rozenthal, Laks & Engelhardt (2004 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) mostram alterações funcionais do sistema fronto- estriatal, redução do fluxo sanguíneo e metabolismo em gânglios da base em deprimidos. 9 Em pacientes unipolares (deprimidos), esses autores observaram aumento da taxa de substância branca, em especial na área periventricular, e redução dos núcleos caudado e putâmen. O córtex pré-frontal tem íntimas conexões com as vias para límbicas, amplamente relacionadas com aspectos emocionais. Alterações fronto-estriatais e límbicas vêm sendo identificadas em subgrupos de pacientes deprimidos, sendo que a presença desta parece estar relacionada com uma pior evolução a curto e em longo prazo. Segundo a literatura de Kennedy et al. (1997 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) a amígdala vem sendo amplamente estudada nos transtornos afetivos por estar intimamente relacionada ao aprendizado emocional. O núcleo central da amígdala parece ser de crucial importância para a relação entre emoção e comportamento. Outros autores também descrevem anormalidades nesses circuitos na depressão. Na depressão, parece haver uma redução global do metabolismo cerebral anterior e um aumento do metabolismo de glicose em várias regiões límbicas, com ênfase na amígdala. Estudos com pacientes deprimidos relativamente graves e recorrentes de uma história familiar de transtorno do humor mostram que o aumento do metabolismo de glicose estaria relacionado com ruminações intrusivas. De acordo com formulações realizadas por Drevets (2003 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) esse hipermetabolismo amigdaliano serviria como um amplificador emocional que ajudaria a distorcer os sinais de estressores relativamente menores em pessoas vulneráveis. No caso particular do comportamento suicida, a região cerebral mais extensamente implicada, neste tipo de comportamento, é o córtex pré-frontal, o qual é, ao mesmo tempo, o principal constituinte do neocórtex (Arantes-Gonçalves et al, 2008 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Sthal (2011 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004) refere que a ideação suicida é regulada pelo processamento ineficiente de informações em regiões cerebrais associadas à emocionalidade, como a amígdala, o córtex pré-frontal ventromedial e o córtex orbital frontal. Essas regiões cerebrais recebem importante controle regulador das tendências suicidas pelas projeções serotoninérgicas. 10 A amígdala é fundamental para o reconhecimento e a resposta ao perigo, podendo ser considerada a estrutura central que interpreta estímulos sensoriais na busca de elementos que sinalizam perigo ao indivíduo. O papel da amígdala cerebral é desencadear uma reação de luta e fuga, como uma maneira instintiva animal de manter a vida. A amígdala recebe a informação de perigo antes do neocórtex, isto é, antes da consciência. Esse mecanismo garante uma percepção de perigo, onde a amígdala, por ser o centro identificador do perigo para a autopreservação, gera medo. Ao mesmo tempo, a amígdala parece estar relacionada com o desenvolvimento de depressão, assim sendo, pode estar arrolada ao reconhecimento e resposta à ansiedade e a suscetibilidade e desenvolvimento de depressão, sendo uma estrutura em ambos os eventos psíquicos. Segundo Murphy, Rubinsztein, & Michael (2001 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004), nos transtornos de humor, existe uma falha nos processos inibitórios de comportamentos. Pacientes deprimidos apresentam impulsividade fator esse ligado às tentativas de suicídio. Uma das áreas cerebrais que tem sido repetidamente implicada na conduta violenta é o córtex frontal (Filley, Price, Nell, Antoinette, & Morgan, 2001 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Especificamente, a área pré- frontal modula as atividades do hipotálamo e do sistema límbico e seu funcionamento tem um papel crítico na organização do comportamento, na linguagem, nas ações cognitivas e na tomada de decisão (Fuster, 2002 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Essas funções cognitivas implicamno desempenho do lobo pré-frontal em termos de controle antecipado da ação, da escolha dos objetivos a serem alcançados, do planejamento, da tomada de decisão, da seleção da resposta mais adequada e da inibição de outras, da atenção no acompanhamento enquanto a ação ocorre e da verificação do resultado (Gil, 2002 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). 11 Prejuízos neuropsicológicos e do comportamento podem predispor pacientes a praticarem atos auto prejudiciais (Raust et al., 2007 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Dessa forma, a prevenção desse comportamento auto lesivo necessita focar-se na maior regulação da influência das alterações emocionais e das estratégias de resolução de problemas (Ohmann et al., 2008 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). Estudos relacionados às alterações nas áreas temporais vêm sendo observadas nas depressões, em grande parte pela correlação entre a depressão e a alteração na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a efeitos adversos de hormônios do estresse sobre o hipocampo e a amígdala, regiões amplamente relacionadas com a área pré-frontal (Silberman, Weingarter, Tergun & Byrnes, 1985, Soares, & Mann, 1997, Sweeney, Kmiec, & Kupfer, 2000, Gold et al., 2002 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). O hipotálamo é tido como um centro de controle das manifestações fisiológicas que acompanham as emoções e o hipocampo não participa diretamente dos mecanismos neurais da emoção, mas age na consolidação das memórias, inclusive daquelas com conteúdo emocional (Lent, 2001 apud ROZENTHAL M; LAKS J; ENGELHARDT E; 2004). 2.2 Aspectos neuropsicológicos na depressão Várias são as queixas neurocognitivas presentes durante o estado depressivo, incluindo redução das habilidades atentiva e mnêmica e lentidão do pensamento (Purcell, Maruff, Kyrios & Pantelis, 1997 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), tanto na fase clínica como no período assintomático (Alexopoulos, 2005 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Tais dificuldades interferem nas habilidades e, consequentemente, resultam em limitação significativa em todos os aspectos da vida dessas pessoas: autocuidado, trabalho, lazer, relações sociais (Golisz, & Toglia, 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). 12 Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes deprimidos apresentam estes déficits, pois a disfunção neuropsicológica associada ao Transtorno Depressivo Maior parece depender de diferenças individuais (Porto, Hermolim & Ventura, 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Variáveis clínicas como gravidade da depressão, medicação, idade, história de hospitalizações, comorbidades, diminuição da fluência verbal e dificuldade para compreender os relatos ou as histórias, devem ser considerados na avaliação do comprometimento cognitivo (Teng, & Yano, 2009 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Porto, Hermolin e Ventura (2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) referem que investigações clínicas têm explorado a função neuropsicológica de pacientes deprimidos há pelo menos duas décadas. Levando-se em conta a complexidade dessas funções, a análise neuropsicológica de pacientes com depressão maior indica que um elemento-chave do declínio cognitivo é a disfunção executiva, uma vez que a habilidade de gerar, manter e alterar estratégias adequadas para a solução de problemas encontra-se alterada (Fossati et al., 1999; Merrian et al., 1999; Hill, 2004 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). As funções executivas, de acordo com Malloy-Diniz e cols (2008 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) referem-se a um conjunto de habilidades que, de maneira integrada, possibilitam à pessoa direcionar condutas a metas, ponderar a eficiência e adequação desses comportamentos, elaborar estratégias mais eficientes e assim, resolver problemas imediatos de médio e longo prazo. As funções executivas são demandadas à medida que se estabelecem planos de ação e quando uma sequenciação adequada de respostas deve ser eleita e planejada. Goldberg (2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) assinala que as funções executivas são decorrentes das atividades dos lobos frontais, nomeadamente a região pré-frontal. Tais funções operam como um diretor executivo do funcionamento da atividade mental humana (citado por Fuentes, Malloy-Diniz, & Camargo, Cosenza et al, 2008 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). 13 Déficit nas funções executivas tem sido nomeado de “síndrome disexecutiva”, proveniente do comprometimento do córtex pré-frontal e/ou as redes a ele incluído. Nesse caso, os indivíduos podem apresentar problemas no processo de tomada de decisão, delineando metas irrealistas e sem prever as consequências de suas atitudes a longo prazo. Alterações de humor podem traduzir quadros de apatia, sintomas depressivos, euforia e afetos descontextualizados (Malloy-Diniz et al., 2008 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Huizinga, Dolan & Molen (2006) enfatizam que as funções executivas são representadas por habilidades distintas, ainda que relacionadas e não apenas por uma única habilidade cognitiva, apesar da existência de controvérsias acerca da unidade versus diversidade de tais funções. Pesquisas realizadas por Rozenthal, Laks & Engelhardt (2004 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) identificaram que a flexibilidade mental se mostra comprometida em vários estudos em deprimidos unipolares, com persistência de estratégias inapropriadas, o que pode explicar, em parte, as ruminações depressivas, que, mesmo reconhecidas como estranhas e indesejáveis, não são repelidas. Pacientes unipolares apresentam alterações na capacidade de sequenciação visuoespacial, memória imediata e atenção quando comparados com indivíduos normais. Essas alterações estariam presentes também nas fases assintomáticas, sendo que, pacientes do sexo masculino com quadros crônicos teriam maior chance de permanecer com este perfil de déficits. Purcel, Maruff, Kyrios, & Pantelis (1997 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) também descrevem, que em pacientes deprimidos unipolares, apresentam comprometimento da capacidade de sustentar a atividade cognitiva e motora, de alternar o foco de atenção, além de lentificação motora e cognitiva. Esses déficits teriam relação com a gravidade do quadro, sendo mais intensos em pacientes que necessitam de internação hospitalar. Pesquisas realizadas com o fenômeno da depressão e memória apontam pacientes deprimidos queixando-se de alteração da memória. 14 Silberman et al. (1985 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015); Bemelmans et al. (1996 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), Drevets et al. (2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) descrevem que a alteração da memória encontra- se relacionada a uma desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a efeitos adversos de hormônios do estresse sobre o hipocampo. Estudos de Glass et al. (1981 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) & Ilsley et al. (1995 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) mostram que pacientes deprimidos queixam-se de baixa concentração e de dificuldade de memorizar, ou seja, apresentam alterações primárias do processo de fixação da memória. Sweeney et al. (2000 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) descrevem alterações de memória episódica nas depressões. Grande parte das pesquisas que tem estudado as relações entre depressão e memória tem utilizado medidas de memória episódica, como a recordação de itens (Burt, Zembar, Niederehe, 1995 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Apesar da grande divergência dos resultados de tais trabalhos, existem evidências de que os déficits de memória relacionados à depressão são mais pronunciáveis em tarefas de recordação livre, ao passo que a diferença de desempenho entre indivíduos depressivos e não depressivos é menor em tarefas de reconhecimento. Da mesma forma,depressivos tendem a ter piores desempenhos de memória quando existem altas demandas cognitivas na fase de codificação/aprendizado (Hayslip, Kennelly, & Maloy, 1990; Brand, Jolles, Gispen-de-Wied,1992 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Nesse sentido, isso pode ser explicado pelo fato de pacientes com depressão não fazerem uso espontâneo de estratégias de organização, beneficiar-se menos do uso de imagens mentais e terem dificuldades com listas de memória longas, que contenham muitos itens de teste. Hertel & Hardin (1990 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) identificaram que pacientes deprimidos apresentam déficits na recordação em tarefas que requerem o uso espontâneo de estratégias, ao contrário do observado naquelas que direcionam o uso de estratégias ou, prescindem das mesmas, indicando que, os déficits experimentados na depressão ocorrem na iniciativa cognitiva. 15 Deprimidos têm prejuízo da evocação de material cujo processamento é "desgastante", como resultado de reduzida capacidade em perfazer essas operações, mas não por uma diminuição na quantidade de material lembrado visto em tarefas dependentes de processamentos mais automáticos. Outro fator neurocognitivo citado em queixas associadas à depressão é a velocidade de processamento cognitivo comentados por Purcell et al. (1997 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) e Paradiso, Lamerty, Garvey & Robinson (1997 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) bem como as disfunções em habilidades psicomotoras (Hill, 2004 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), emoção e tomada de decisão. Ao se estudar o processamento de tomada de decisão deve-se levar em conta que, em pessoas não deprimidas, a emoção facilita o processo de tomada de decisão, guiando a cognição. Esse processo tem grande relevância clínica no estudo da depressão, considerando-se que pacientes deprimidos geralmente têm dificuldades em tomar decisões. Estudos conduzidos por Murphy et al (2001 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) demonstram que pacientes deprimidos são mais lentos no processo de deliberação e, quando solicitados a "confiar" em suas decisões (para avaliar o quanto estão seguros das mesmas), usam estratégias alteradas (mais conservadoras), com menos confiança. Os pacientes também apresentaram percepção distorcida do feedback ambiental, respondendo anormalmente quando este é negativo e sugerindo uma desregulação dos sistemas de reforço. Em deprimidos, essa resposta comportamental anormal ao feedback de desempenho está associada a uma resposta neural anormal na região implicada com mecanismos de recompensa o caudado medial e o córtex orbito frontal ventromedial. Essas áreas estão na base de processos cognitivos que requerem informações afetivas, relacionadas ao processamento de significados relacionados às emoções, sendo extensivamente conectadas com estruturas límbicas implicadas, do ponto de vista comportamental, no processo de motivação, incentivo e reforço. 16 Estudos dirigidos sobre a temática do suicídio referem que uma das razões para uma pessoa desenvolver ideação suicida e tentativas de suicídio, diz respeito à inflexibilidade cognitiva e à dificuldade na resolução de problemas que apelem ao funcionamento adaptado dos lobos frontais. Especificamente, a área pré-frontal que modula as atividades do hipotálamo e do sistema límbico e seu funcionamento tem um papel crítico na organização do comportamento, na linguagem, nas ações cognitivas e na tomada de decisão (Fuster, 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). De acordo com os estudos realizados por Gil (2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) as funções cognitivas estão relacionadas com o desempenho do lobo pré-frontal em termos de controlo de antecipação da ação, da escolha dos objetivos a serem alcançados, do planejamento, da tomada de decisão, da seleção da resposta mais adequada e da inibição de outras, da atenção no acompanhamento enquanto a ação ocorre e da verificação do resultado. Segundo formulações estudadas por Shneidman’s (1996 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), a ideação suicida ocorre ou pode ocorrer no processo da procura de solução para um determinado problema. Desta forma, a deficiência na resolução de problemas é compreendida como uma falta de capacidade na interpretação de problemas e na busca de estratégias diversas para solucioná-los de forma eficiente (Chi, & Glaser, 1992, Sternberg, 2000, Nezu, & Nezu, 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). A partir da década de 1990, foram desenvolvidas pesquisas relacionando aspectos cerebrais de resolução de problemas em pacientes que tentaram suicídio, alocando a sua função no córtex pré-frontal, num grupo de funções chamadas de funções executivas do lobo frontal (Ellis, Berg & Frazen, 1992; Audenaert et al. 2002; Keller & Werlang, 2005 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Corroboram com a mesma ideia Dimitrov, Grafman, & Hollnagel (1996 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), que investigaram a relação do lobo frontal com o déficit em resoluções de problemas e identificaram o lobo frontal como responsável pela planificação, associação e execução de determinada estratégia para solucionar problemas. 17 A avaliação das funções executivas requer, portanto, o exame de vários domínios cognitivos. Segundo Lezak (2004 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015), o funcionamento executivo pode ser compreendido por meio de quatro componentes básicos: volição, planejamento, ação propositiva e desempenho efetivo. As funções executivas referem-se a um conjunto de funções e atividades mentais superiores, regidas primeiramente pelos lobos frontais que incluem planejamento, autorregulação, comportamentos dirigidos a um fim específico. Segundo Gazzaniga, Ivry, & Mangun (2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) as bases neurológicas encontram-se no córtex pré-frontal, especialmente no córtex pré-frontal lateral e no giro cingulado anterior. De modo resumido “funções executivas” são atividades cognitivas superiores que auxiliam no alcance de objetivos futuros (Royall et al 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). Mais especificamente, essas capacidades (funções executivas) de alta ordem estão diretamente relacionadas ao córtex pré-frontal (Gazzaniga et al., 2006 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). As funções executivas estão arroladas com as aptidões que consentem a uma pessoa alcançar com êxito um comportamento independente, objetivo e com controle de outras funções mentais superiores, simulando, assim, um dos aspectos mais complexos da cognição humana. As disfunções executivas são caracterizadas pela incapacidade das funções executivas em processar e elaborar ações adaptadas. Na prática, o impacto, no cotidiano, dos déficits das funções executivas atinge o processamento de informação e elaboração de ações de cunho adaptativo como, por exemplo: dificuldade em iniciar tarefas, empobrecimento da estimativa de tempo, dificuldade em alternar de uma tarefa para outra ou lidar com mais de uma tarefa que varie em grau de prioridade, dificuldade no controle de impulsos, dificuldades de planejamento e sequenciação cronológica, impaciência e labilidade emocional (Burgess, & Alderman, 2004; apud RAMOS A; 2013). De acordo com formulações realizadas por Raust et al. (2007 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015) alterações neuropsicológicas e do comportamento podem predispor pacientes a praticarem atos autoprejudiciais. Os déficits pré-frontais (alterações nas funções executivas) em pacientes suicidas podem servir, como uma possível razão biológica, para a deficiência em solucionar problemas da vida diária. Essa incapacidade resulta de uma associação de fatores, entre eles a desesperança e a falsa convicção de que não se pode fazer nada para mudar o futuro, consequentemente, produzindo o sentimento de se ser indefeso. 18 Assim, por uma falha na avaliação dos problemase uma deficiência no modo de resolvê-los, o indivíduo acaba por limitar as soluções, restando como única saída a tentativa de suicídio (Audenaert et al., 2002 apud FELICIANO M; MORETTI L; 2015). 2.3 O modelo cognitivo da depressão Na década de 60 do século passado, Albert Ellis e Aaron Beck chegaram à importante conclusão de que a depressão resulta de hábitos de pensamentos extremamente arraigados e descreveram os conceitos fundamentais da TCC. Beck, observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resultados de pensamentos e crenças distorcidas e não de forças inconscientes como sugerido pela teoria freudiana. Em outras palavras, a depressão podia ser compreendida como sendo decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos disfuncionais. Os pacientes com depressão acreditam e agem como se as coisas estivessem piores do que realmente são. Esta nova abordagem enfatizando o pensamento foi denominada por Beck de “terapia cognitiva” (TC). Atualmente, conta com mais de 300 ensaios clínicos controlados que atestam sua eficácia, sendo a abordagem psicoterápica com maior amparo empírico. Assim, a TC, ou TCC tal como desenvolvida por Beck, é a mais bem pesquisada forma de tratamento envolvendo qualquer transtorno psicológico.18 Muitos estudos e metanálises indicam que ela é efetiva no tratamento da depressão, seja leve, moderada ou grave. Além disso, a efetividade da TCC na depressão é tão ou mais robusta do que a farmacoterapia ou outros tipos de intervenções psicológicas (por exemplo, terapia interpessoal ou tratamento de apoio). A TCC tem tido o benefício adicional notado em muitos estudos: provoca resposta mais duradoura em comparação com o tratamento farmacológico e pode proporcionar um efeito substancialmente protetor quanto às recorrências. A depressão acontece em meio a alguns fatores que envolvem o contexto social e psicológico. Citam-se alguns meios pelo qual ocorre o procedimento da depressão: biológicos são aqueles que envolvem transtornos do humor com desregulagens de neurotransmissores. Os fatores genéticos apresentam- se como uma herança genética, cita – se o transtorno bipolar. Os fatores psicossociais incluem acontecimentos vitais e estresse ambiental. Consideram –se esses pontos importantes para a compreensão da 19 depressão, para haver um tratamento adequado (KAPLAN; SADOCK; 2007 apud FEITOSA M; BOHRY S; MACHADO E; 2011). 2.4 Tipos de depressão A classificação internacional das doenças (CID-10) denomina quatro tipos de depressão: Episódio depressivo leve: há perda de interesse e fadiga, por duas semanas o paciente apresenta-se progressivo em suas atividades rotineiras, mas envolvem sintomas somáticos como dores vagas e imprecisas (CID-10 ,1997 apud FEITOSA M; BOHRY S; MACHADO E; 2011). Episódio depressivo moderado: diversos sintomas presentes (quatro ou mais) com permanência cerca de duas semanas. Apresenta – se com dificuldade em desenvolver atividades usuais tais como: social, domésticas e laborais. Além de outros sintomas somáticos como cólicas e falta de ar (CID-10 1997 apud FEITOSA M; BOHRY S; MACHADO E; 2011). Episódio depressivo grave: o paciente fica angustiado ou agitado. Tem perda da autoestima, sentimentos de inutilidade ou culpa, o suicídio é um risco marcante, tem também a síndrome somática onde os sintomas estão presentes em maior gravidade. O depressivo grave não consegue desenvolver suas atividades diárias laborais, sociais e domesticas, podendo apresentar sintomas psicóticos como, retardo psicomotor, alucinações e delírios (CID-10, 1997 apud FEITOSA M; BOHRY S; MACHADO E; 2011). Transtorno depressivo recorrente: há apresentação pelo paciente de episódios recorrentes de depressão sem presença da mania, podem durar em média de seis meses. Ocorre a recuperação, mas pode ocorrer depressão persistente na velhice (CID-10, 1997 apud FEITOSA M; BOHRY S; MACHADO E; 2011). 2.5 Como identificar o início de uma depressão Geralmente a pessoa pode apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas: Apatia Falta de motivação 20 Medos que antes não existiam Dificuldade de concentração Perda ou aumento de apetite Alto grau de pessimismo Indecisão Insegurança Insônia Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas Sensação de vazio Irritabilidade Raciocínio mais lento Esquecimento Ansiedade Angústia. Além disso, o indivíduo pode apresentar alguns sintomas físicos que os médicos não conseguem encontrar causas aparentes, como: Dores de barriga Má digestão Azia Constipação Flatulência Tensão na nuca e nos ombros Dores de cabeça Dores no corpo Pressão no peito. Estes são alguns dos indícios da depressão. A depressão é uma psicopatologia caracterizada por humor deprimido ou falta de motivação, perda de interesse ou prazer (anedonia) e cansaço ou fadiga. Além disso, alteração no peso corporal (ganho ou perda de peso significativo – 5%), prejuízo no sono (insônia ou hipersonia), agitação ou retardo psicomotor, sentimento de inutilidade ou culpa, baixa capacidade de concentração ou tomada de decisão e/ou ideação suicida são outros sintomas relevantes no diagnóstico da depressão (APA, 2004; CID-10, 1993 apud AMORIM T; 2015). 21 2.6 Sintomas psíquicos Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Os pacientes habituam-se fazer referência ao sentimento de que tudo lhes parece frívolo, ou sem real importância. Creem que perderam de modo irreversível, a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. A vida parece vazia e sem graça, o mundo é visto “sem cores”, sem colorido de alegria. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, ou “rabugento”, ao invés de triste. Outros ainda procuram a morte como maneira de expiar suas supostas culpas. Os pensamentos suicidas alteram desde o distante desejo de estar simplesmente morto, até planos articulados de se matar (estabelecendo o modo, o momento e o lugar para o ato). Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, anteriormente tidas como agradáveis. As pessoas deprimidas podem narrar que já não se interessam pelos seus passatempos preferidos. As programações sociais são constantemente negligenciadas, e tudo lhes parece agora ter o peso de insignificantes “obrigações”. Fadiga ou sensação de perda de energia. A pessoa pode narrar fadiga persistente, mesmo sem fazer esforço físico, e as atividades mais leves parecem demandar esforço substancial. Lentifica-se o tempo para o cumprimento das atividades. Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. Decisões anteriormente quase espontâneas parecem agora levar tempo e empenhos intransponíveis. Um paciente pode se levar um tempo considerável para finalizar um simples relatório, devido sua insuficiência em optar por palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente lentificado. 2.7 Evidências comportamentais Retraimento social; Crises de choro; e Comportamentos suicidas. 22 Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora. Constantemente os pacientes relatam à sensação de peso nos membros, ou ao “manto de chumbo” que parecem estar transportando. Em atual revisão da literatura sobre os estados depressivos, o item “retardo psicomotor” foi o consequente comum, em nove sistemas classificatórios, como traço definidor da melancolia. Na Austrália, Parker (et al.,1994 apud Del Porto,1999 apud BARRETO L; SILVA M; 2014) indicaram, para o diagnóstico da melancolia, um sistema baseado não em “sintomas” (subjetivos), mas em “sinais” (características objetivas, observáveis). Na França, Widlöcher (et al.,1983 apud Del Porto apud BARRETO L; SILVA M; 2014), na Salpêtrière, elaboraram uma escala especificamentedesignada a medir o retardo psicomotor (“échelle de ralentissement dépressif” da Salpêtrière). Precisa-se lembrar, que no diagnóstico das depressões, que determinadas vezes o quadro mais típico pode ser disfarçado por queixas proeminentes de dor crônica (cefaleia, dores vagas no tórax, abdome, ombros, região lombar, etc.). A terminação “melancolia” tem sido aplicada, nas recentes classificações como o DSM-IV, para indicar o subtipo anteriormente denominado de “endógeno”, “vital”, “biológico”, “somático” ou “endogenomorfo” de depressão. Analisado por vários como o “modelo” ou síndrome nuclear das depressões, a melancolia ao oposto de outras formas de depressão parece compor-se em um grupo mais homogêneo, que objeta melhor a tratamentos biológicos, dos quais os fatores genéticos são os principais determinantes. Parker (1994 et al., apud Del Porto,1999 apud Del Porto apud BARRETO L; SILVA M; 2014) sinaliza a gravidade das alterações psicomotoras na melancolia, para eles é a central característica desse quadro nosológico. O conceito de melancolia no DSM - IV foi reformulado, em relação ao do DSM- III-R, passando a ser mais conciso e definindo com mais exatidão (LAFER et al., 1996 apud DEL PORTO,1999 apud Del Porto apud BARRETO L; SILVA M; 2014). 2.8 Sintomas fisiológicos Alterações do sono (constante insônia, podendo ocasionar também hipersonolência). A insônia é mais caracteristicamente intermediária (acordar no meio da noite, com problemas para retornar a harmonizar o sono), ou terminal (acordar mais 23 precocemente pela manhã). Pode também acontecer insônia inicial. Com menor constância, porém não raramente, os pacientes podem se queixar de sonolência exagerada, mesmo durante as horas do dia. Alterações do apetite (mais frequentemente perda do apetite, podendo acontecer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa necessita esforçar-se para comer, ou ser auxiliada por terceiros a se alimentar. As crianças podem, pela inapetência, não ter o aguardado ganho de peso no tempo apropriado. Algumas formas particulares de depressão são seguidas de aumento do apetite, que se apresenta caracteristicamente aguçadas por carboidratos e doces e redução do interesse sexual. 2.9 Diagnóstico O diagnóstico da depressão é feito a partir da presença de determinados sintomas que se manifestam numa certa duração e intensidade também toma como base a história de vida do paciente. Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial (GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; apud RUFINO S; LEITE R; FRESCHI L; VENTURELLI V; OLIVEIRA B; FILHO D; 2018). Existem fatores genéticos e hereditários envolvidos nos casos de depressão, que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Tem como principal tratamento o farmacoterápico, podendo ser associada à psicoterapia, em alguns casos. Há evidências de que a atividade física é um recurso importante para reverter quadros de depressão, porém, nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas e ilícitas, certos tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas). (RODRIGUES, 2000; apud RUFINO S; LEITE R; FRESCHI L; VENTURELLI V; OLIVEIRA B; FILHO D; 2018). 24 A doença pode ser acompanhada por alterações de substâncias no Sistema Nervoso Central, principalmente a noradrenalina e a serotonina e, em muitos casos evolui de forma crônica, necessitando de tratamento prolongado. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise (GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; apud RUFINO S; LEITE R; FRESCHI L; VENTURELLI V; OLIVEIRA B; FILHO D; 2018). Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessário (GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; apud RUFINO S; LEITE R; FRESCHI L; VENTURELLI V; OLIVEIRA B; FILHO D; 2018). Essa patologia é considerada uma doença grave que se não diagnosticada e tratada de maneira correta, pode gerar sérias doenças clínicas e até mesmo a morte por suicídio (GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; apud RUFINO S; LEITE R; FRESCHI L; VENTURELLI V; OLIVEIRA B; FILHO D; 2018). 3 CLASSIFICAÇÕES DO CID – 10 A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID 10. 25 A depressão é relacionada aos transtornos do humor, e está enquadrada dentro do F30-F39 Transtornos do humor afetivos: Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma elação. A alteração do humor em geral acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são secundários a estas alterações do humor e da atividade, que são facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. A maioria destes transtornos tendem a ser recorrentes e a ocorrência dos episódios individuais podem frequentemente estar relacionada com situações ou fatos estressantes. 3.1 F30 – episódio maníaco Todas as subdivisões desta categoria se aplicam exclusivamente a um episódio isolado. Um episódio hipomaníaco ou maníaco em indivíduo que já tenha apresentado um ou mais episódios afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco ou misto) deve conduzir a um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar. (F - 31). F30.0 Hipomania Transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira, mas persistente do humor, da energia e da atividade, associada em geral a um sentimento intenso de bem-estar e de eficácia física e psíquica. Existe frequentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da familiaridade e da energia sexual, e uma redução da necessidade de sono; estes sintomas não são, entretanto, tão graves de modo a entravar o funcionamento profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são por vezes substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro. As perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de alucinações ou de ideias delirantes. F30.1 Mania sem sintomas psicóticos Presença de uma elevação do humor fora de proporção com a situação do sujeito, podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação praticamente 26 incontrolável. Esta elação acompanha de um aumento da energia, levando à hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção não pode ser mantida, e existe frequentemente uma grande distração. O sujeito apresenta frequentemente um aumento da autoestima com ideias de grandeza e superestimava de suas capacidades.A perda das inibições sociais pode levar a condutas imprudentes, inapropriadas ou deslocadas. F30.2 Mania com sintomas psicóticos Presença, além do quadro clínico descrito em F30.1, de ideias delirantes (em geral de grandeza) ou de alucinações (em geral do tipo de voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação, de atividade motora excessiva e de fuga de ideias de uma gravidade tal que o sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda comunicação normal. Estupor maníaco: Mania com sintomas psicóticos: Congruentes com o humor Incongruentes com o humor F30.8 Outros episódios maníacos F30.9 Episódio maníaco não especificado 3.2 F31 transtorno afetivo bipolar Transtorno caracterizado por dois ou mais episódios nos quais o humor e o nível de atividade do sujeito estão profundamente perturbados, sendo que este distúrbio consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão). Pacientes que sofrem somente de episódios repetidos de hipomania ou mania são classificados como bipolares. Inclui: Doença Psicose Reação São maníaco-depressivos http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30 27 Exclui: Ciclotimia (F34.0) Transtorno bipolar, episódio isolado (F30.0). F31.0 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual hipomaníaco Episódio atual correspondente à descrição de uma hipomania tendo ocorrido, no passado, ao menos um outro episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). O Transtorno Bipolar (TB), também conhecido como “transtorno afetivo bipolar” e originalmente chamado de “insanidade maníaco-depressiva”, é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão (polos opostos da experiência afetiva) intercalados por períodos de remissão, e estão associados a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos. O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo de sua gravidade e da presença de sintomas psicóticos. Classifica-se como mania o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado ou não a sintomas psicóticos, que provocam alterações no comportamento e na funcionalidade do indivíduo. A duração do estado de mania deve ser de no mínimo uma semana, estando o humor elevado ou irritabilidade presente na maior parte do dia, quase todos os dias. F31.1 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco sem sintomas psicóticos Episódio atual maníaco correspondente à descrição de um episódio maníaco sem sintomas psicóticos (F30.1), tendo ocorrido, no passado, ao menos um outro episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). F31.2 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco com sintomas psicóticos Episódio atual correspondente à descrição de um episódio maníaco com sintomas psicóticos (F30.2), tendo ocorrido, no passado, ao menos um outro episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). F31.3 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo leve ou moderado http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30 28 Episódio atual correspondente à descrição de um episódio depressivo leve ou moderado (F32.0 ou F32.1), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem comprovado. F31.4 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave sem sintomas psicóticos Episódio atual correspondentes à descrição de um episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos (F32.2), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem documentado. F31.5 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave com sintomas psicóticos Episódio atual correspondente à descrição de um episódio depressivo grave com sintomas psicóticos (F32.3), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem comprovado. F31.6 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual misto Ocorrência, no passado, de ao menos um episódio afetivo maníaco, hipomaníaco ou misto bem documentado, e episódio atual caracterizado pela presença simultânea de sintomas maníacos e depressivos ou por uma alternância rápida de sintomas maníacos e depressivos. Exclui: episódio afetivo misto isolado (F38.0) F31.7 Transtorno afetivo bipolar, atualmente em remissão Ocorrência, no passado, de ao menos um episódio afetivo maníaco, hipomaníaco ou misto muito bem comprovado, e de ao menos um outro episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto) mas sem nenhuma perturbação significativa do humor, nem atualmente nem no curso dos últimos meses. As remissões sob tratamento profilático devem ser classificadas aqui. F31.8 Outros transtornos afetivos bipolares Episódios maníacos redicivantes SOE Transtorno bipolar II F31.9 Transtorno afetivo bipolar não especificado F32 - Episódios depressivos Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F38 29 diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e frequentemente ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos “somáticos”, por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. Inclui: Episódios isolados de (um) (uma): Depressão: Psicogênica Reativa Reação depressiva Exclui: Quando associados com transtornos de conduta em F.91(F92.0) Transtornos (de): Adaptação (F43.2) Depressivo recorrente (F.33) F32.0 Episódio depressivo leve Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades. F32.1 Episódio depressivo moderado Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina. 30 F32.2 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa. As ideias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas “somáticos”. Depressão: Agitada Maior Vital São episódio único sem sintomas psicóticos F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos Episódio depressivo correspondente à descrição de um episódio depressivo grave (F32.2) mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, de umalentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo. Episódios isolados de: Depressão: major com sintomas psicóticos psicótica psicose depressiva: psicogênica reativa F32.8 Outros episódios depressivos Depressão atípica Episódios isolados de uma depressão “mascarada” SOE F32.9 Episódio depressivo não especificado Depressão SOE Transtorno depressivo SOE F33 Transtorno depressivo recorrente Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos correspondentes à descrição de um episódio depressivo (F32.-) na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 31 energia (mania). O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados por um tratamento antidepressivo. As formas mais graves do transtorno depressivo recorrente (F33.2 e F33.3) apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão maníaco-depressiva, melancolia, depressão vital e depressão endógena. O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas semanas a alguns meses. O risco de ocorrência de um episódio maníaco não pode jamais ser completamente descartado em um paciente com um transtorno depressivo recorrente, qualquer que seja o número de episódios depressivos apresentados. Em caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo de transtorno afetivo bipolar (F31.-). F33.0 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o episódio atual leve, tal como descrito em F32.0, na ausência de qualquer antecedente de mania. F33.1 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o episódio atual de moderada gravidade, tal como descrito em F32.1, na ausência de qualquer antecedente de mania. F33.2 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o episódio atual grave, sem sintomas psicóticos, tal como descrito em F32.2, na ausência de qualquer antecedente de mania. Depressão: Endógena Maior recorrente Vital recorrente Sem sintomas psicóticos http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F31 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 32 Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva sem sintomas psicóticos. F33.3 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o episódio atual grave, com sintomas psicóticos, tal como descrito em F32.3, na ausência de qualquer antecedente de mania. Depressão endógena com sintomas psicóticos Episódio recorrente grave (de): Depressão: Maior com sintomas psicóticos Psicótica Psicose depressiva: Psicogênica Reativa Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva, com sintomas psicóticos F33.4 Transtorno depressivo recorrente, atualmente em remissão O paciente teve no passado dois ou mais transtornos depressivos como descritos acima (F33.0-F33.3) mas não apresenta atualmente nenhum sintoma depressivo e isto há vários meses. F33.8 Outros transtornos depressivos recorrentes F33.9 Transtorno depressivo recorrente sem especificação Depressão unipolar SOE 4 F34 TRANSTORNOS DE HUMOR [AFETIVOS] PERSISTENTES Transtornos do humor persistentes e habitualmente flutuantes, nos quais os episódios individuais não são suficientemente graves para justificar um diagnóstico de episódio maníaco ou de episódio depressivo leve. Como persistem por anos e, por vezes, durante a maior parte da vida adulta do paciente, levam, contudo, a um sofrimento e à incapacidade consideráveis. Em certos casos, episódios maníacos ou depressivos recorrentes ou isolados podem se superpor a um transtorno afetivo persistente. http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33 33 F34.0 Ciclotimia Instabilidade persistente do humor que comporta numerosos períodos de depressão ou de leve elação nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para responder aos critérios de um transtorno afetivo bipolar (F31.-) ou de um transtorno depressivo recorrente (F33.-). O transtorno se encontra frequentemente em familiares de pacientes que apresentam um transtorno afetivo bipolar. Algumas pessoas ciclotímicas apresentarão elas próprias ulteriormente um transtorno afetivo bipolar. Personalidade: cicloide ciclotimia Transtorno afetivo da personalidade F34.1 Distimia Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou leve (F33.-). Depressão: ansiosa persistente neurótica Neurose depressiva Personalidade depressiva Exclui: depressão ansiosa (leve ou não-persistente) (F41.2) F34.8 Outros transtornos do humor [afetivos] persistentes F34.9 Transtorno do humor [afetivo] persistente não especificado F38. Outros transtornos do humor [afetivos] Quaisquer outros transtornos de humor que não justificam ser classificados em F30-F34 por não apresentarem gravidade ou duração suficientes. F38.0 Outros transtornos do humor [afetivos] isolados Episódio afetivo misto F38.1 Outros transtornos do humor [afetivos] recorrentes Episódio depressivo recorrente breve http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F31 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f40_f48.htm#F41 http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm 34 F38.8 Outros transtornos especificados do humor [afetivos] F39 Transtorno do humor [afetivo] não especificado Psicose afetiva SOE 5 TRANSTORNOS NEURÓTICOS, RELACIONADOS AO ESTRESSE E SOMATOFORMES - F- 40 E F-48 (ESPECIFICAMOS OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE F.40 AO F.42) F40.0 Agorafobia 00 sem transtorno de pânico 01 com transtorno de pânico A “agorafobia” é a evitação ou persistente apreensão a respeito de situações das quais pode ser difícil escapar ou em que não há ajuda disponível em caso de ataque de pânico ou no caso de se desenvolverem sintomas que poderiam incapacitar ou constranger, como perda de controle intestinal ou vômito. As situações da agorafobia são típicas e incluem shopping centers, esperar em filas, cinemas, viajar de carro ou ônibus, restaurantes cheios e estar só. A agorafobia “leve” pode ser exemplificada pela pessoa que hesita em dirigir sozinha por longas distâncias, mas consegue ir e voltar de carro para o trabalho, que prefere se sentar no corredor nos cinemas, mas segue indo aocinema, e que evita lugares lotados. A agorafobia “moderada” é exemplificada pela pessoa que só dirige em um raio de 15 km de casa e somente se estiver acompanhada, que compra em horário fora do pico e evita grandes supermercados, e que evita aviões ou trens. A agorafobia “grave” está relacionada à mobilidade muito limitada, às vezes até mesmo a ponto de não sair de casa. F40.1 Fobias sociais A fobia social (FS) representa um problema grave de saúde mental com características incapacitantes em suas diferentes formas de apresentação. A mais comum é o medo de ser humilhado ou ridicularizado em situações sociais por apresentar atitudes inadequadas ou sintomas de ansiedade como tremor, rubor, sudorese excessiva e desatenção. 35 A interação social torna-se mais ameaçadora se for associada a um descontrole motor observável em comportamentos como beber, comer ou escrever. F40.2 Fobias específicas (isoladas) As fobias específicas são atualmente agrupadas em subtipos que incluem fobias de animais, ambientes naturais (altura, tempestades e água), sangue e ferimentos e fobias situacionais (aviões, elevadores, locais fechados etc.). O objetivo desse tipo de classificação é facilitar o diagnóstico e evitar o uso desnecessário de extensas listas de situações ou objetos. No entanto, ao se adotar subtipos de fobias, supõe-se que os medos colocados dentro de um mesmo grupo devam ser semelhantes entre si, tanto em termos de mecanismos fisiopatológicos quanto em termos de resposta a tratamentos. Esse cuidado é fundamental, pois muitos estudos acerca do tratamento das fobias específicas são baseados em um ou outro tipo de sintoma (medo de altura, por exemplo) e seus resultados são generalizados para os demais tipos de fobia (Choy et al., 2007 apud RAMOS R; 2007). F40.8 Outros transtornos fóbico-ansiosos F40.9 Transtorno fóbico-ansioso, não especificado F41 Outros transtornos de ansiedade: F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica) O transtorno do pânico (TP) é caracterizado pela presença de ataques de pânico recorrentes que consistem em uma sensação de medo ou mal-estar intenso acompanhada de sintomas físicos e cognitivos e que se iniciam de forma brusca, alcançando intensidade máxima em até 10 minutos. Estes ataques acarretam preocupações persistentes ou modificações importantes de comportamento em relação à possibilidade de ocorrência de novos ataques de ansiedade. F41.1 Transtorno de ansiedade generalizada O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é definido como, pelo menos, 6 meses de preocupação excessiva sobre questões cotidianas, à qual é desproporcional a qualquer risco inerente, causando sofrimento ou incapacidade. A preocupação não se limita às características de outro transtorno mental ou como resultado do abuso de substâncias ou uma condição clínica geral. 36 Na maioria das vezes, pelo menos 3 dos seguintes sintomas somáticos, emocionais e cognitivos estão presentes: inquietação ou nervosismo, sentir facilmente fadiga, baixa concentração, irritabilidade, tensão muscular ou perturbações do sono. Outras queixas comuns são autonômicas por natureza, como sudorese, vertigem, palpitações, tontura e desconforto epigástrico. Ansiedade pode ser ¨flutuante¨ (isto é, não é fortemente predominante em determinadas circunstâncias ambientais nem se restringe a elas). Exemplos de preocupações incluem medo que o paciente ou um parente adoeça ou sofra um acidente em breve. F41.2 Transtorno misto de ansiedade e depressão Transtorno mental com sintomas significativos de ansiedade e depressão, que não satisfazem critérios para transtorno do humor ou transtornos de ansiedade específicos, caracterizado pela presença de humor disfórico persistente ou recorrente com duração mínima de 1 mês. Disforia: alteração do humor acompanhada de uma sensação subjetiva desagradável, com irritabilidade, amargura, desgosto, ansiedade e inquietação. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é grave o suficiente para justificar um diagnóstico, os sintomas são autonômicos (tremor, palpitações, boca seca, estômago embrulhado, entre outros) devem estar presentes, mesmo que intermitentes. F41.3 Outros transtornos mistos de ansiedade F41.8 Outros transtornos de ansiedade especificados F41.9 Transtorno de ansiedade, não especificado F42. Transtorno obsessivo-compulsivo: F42.0 Predominantemente pensamentos obsessivos ou ruminações F42.1 Predominantemente atos compulsivos (rituais obsessivos) TOC é definido pela erupção na mente de pensamentos recorrentes e descontrolados, impulsos ou imagens descritas sob o termo “obsessão”. Obsessões são classicamente consideradas “ego-alien” ou “ego-distônico” na natureza. Elas são acompanhadas por um sentimento de urgência ou catástrofe, levando a comportamentos repetitivos ou ritualísticos conhecidos como “compulsões”. TOC é caracterizado por um grande espectro de sintomas. Os mais frequentes tipos de obsessões são contaminação (45%), hipocondria (42%), necessidade de 37 simetria (31%), agressividade (28%), sexual (26%) e outros (13%). As formas clássicas de compulsões incluem verificação (63%), limpeza (50%), contagem (36%), necessidade de perguntar ou confessar (31%), simetria e precisão (28%) e ocultação (18%). Alguns sintomas são particularmente estáveis, a exemplo das obsessões sexuais/religiosas. Outros sintomas como obsessões agressivas e de contaminação, bem como verificação, limpeza, contagem e arrumação, podem mudar. Estas mudanças ocorrem normalmente entre sintomas de mesmo grupo. F42.2 Pensamentos e atos obsessivos mistos F42.8 Outros transtornos obsessivo-compulsivos F42.9 Transtorno obsessivo-compulsivo, não especificado 5.1 Segue as características de acordo com DSM – 5: transtorno bipolar e transtornos relacionados, (123): Os seguintes especificadores se aplicam ao Transtorno Bipolar e Transtornos Relacionados, conforme indicado: Especificar: Com sintomas ansiosos (especificar a gravidade atual: leve, moderada, moderada-grave, grave); com características mistas; com ciclagem rápida; com características melancólicas; com características atípicas; com características psicóticas congruentes com o humor; com características psicóticas incongruentes com o humor; com catatonia (usar o código adicional 293.89 [F06.1]); com início no periparto; com padrão sazonal. Transtorno Bipolar Tipo I Episódio atual ou mais recente maníaco: Leve Moderado Grave Com características psicóticas Em remissão parcial Em remissão completa Não especificado Episódio atual ou mais recente hipomaníaco Em remissão parcial 38 Em remissão completa Não especificado Episódio atual ou mais recente depressivo Leve Moderado Grave Com características psicóticas Em remissão parcial Em remissão completa Não especificado Episódio atual ou mais recente não especificado 296.89 (F31.81) Transtorno Bipolar Tipo II, (132): Especifica – se em episódio atual ou mais recente: Hipomaníaco, depressivo Especificar o curso se todos os critérios para um episódio de humor não estão atualmente satisfeitos: Em remissão parcial, em remissão completa. Especificar a gravidade se todos os critérios para um episódio de humor estão atualmente satisfeitos: Leve, Moderada, Grave. 301.13 (F34.0) - Transtorno Ciclotímico (139) Especificar se: Com sintomas ansiosos Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Induzido por Substância/ Medicamento (142). Nota: Ver o conjunto de critérios e os procedimentos de registro correspondentes para códigos específicos para cada substância e codificação da CID-9-MC e da CID-10-MC. Especifica - se: Com início durante a intoxicação, com início durante a abstinência. DSM- 5: 293.83 - Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Devido a Outra Condição Médica(145): Especifica - se: Com características maníacas Com episódio tipo maníaco ou hipomaníaco Com características mistas 39 DSM – 5: 296.89 (F31.89): Outro Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Especificado (148). DSM -5: 296.80 (F31.9) Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Não Especificado (149): No DSM-5, existem os tipos básicos de Transtorno Bipolar. O tipo I que inclui um episódio de mania, enquanto que o tipo II há a ausência da mania. O Transtorno Bipolar possui sintomas que são do que podemos chamar de psicose e sintomas do que podemos chamar de depressão. A diferença entre mania e hipomania não é tão grande como poderíamos esperar. Em tese, consiste na intensidade dos sintomas que, por sua vez, vão ou não afetar o funcionamento em diversas áreas da vida. Em geral, existe mais confusão no diagnóstico com relação à depressão. Isto porque se avaliarmos um paciente com Transtorno Bipolar quando estiver passando por episódios depressivos será muito fácil o diagnóstico como Transtorno Depressivo Maior. Assim, se o paciente tiver sido avaliado nesse período, o diagnóstico pode mudar caso, em momentos futuros, ele atravesse episódios maníacos ou hipomaníacos (estes episódios não estão presentes no Transtorno Depressivo Maior). 5.2 As fases do transtorno Um aspecto muito bem descrito e sistematizado a respeito do transtorno é a definição das crises, fases ou “episódios” de humor, quando muitos sintomas surgem, definindo um quadro específico. Recentemente, vêm sendo estudadas e descritas as características que aparecem entre as crises, como temperamentos do tipo irritável, hiperativo, depressivo, impulsivo e as consequências no cotidiano desse modo de ser instável, como dificuldades de relacionamento, de permanecer em um emprego ou manter amizades duradouras. Embora o TB comporte quatro tipos de episódios patológicos caracterizados como depressivos, hipomaníacos, maníaco e misto – pode ser considerado, basicamente uma doença depressiva, pois a maioria dos pacientes passa grande parte de sua vida nesse polo da doença. 40 Existem, porém, formas mais leve de manifestação desses episódios, nas quais se misturam características da própria pessoa, parecendo compor uma estrutura de base, um temperamento que se manifesta na infância ou na adolescência e se confunde com o “jeito de ser” do indivíduo. 5.3 Episódio depressivo Além da conotação patológica, a palavra “depressão”, em geral, traz à memória das pessoas as fases ruins da vida, em alguns contextos, o termo é usado de modo abrangente, em analogia com os períodos de crise econômica. Também se tornou comum usar a palavra como sinônimo de tristeza, desespero ou angústia. A depressão costuma ser deflagrada por uma perda significativa como a morte de um ente querido, a perda do emprego, uma desilusão amorosa, ou mesmo numa fase da vida altamente estressante por causa do trabalho ou de problemas familiares. O fato é que, do ponto de vista clínico, a depressão afeta a forma de o indivíduo pensar, agir, e ser e deve ser encarada como um problema de saúde que afeta não só o cérebro e o estado psicológico, mas também praticamente todo organismo. A tristeza, característica frequente da depressão, é uma experiência universal. É uma emoção experimentada de maneira negativa, desagradável que, no intuito de não revivê-la, o indivíduo evite situações desagradáveis no futuro. Em termos gerais, podemos pensar que, se um aluno tira uma nota baixa na escola, a tristeza de passar por essa situação, associada ao fracasso, o levaria a reavaliar sua forma de estudo, para que não recebesse avaliação ruim novamente. Segunda tal teoria, a tristeza deflagra o movimento introspectivo, as pessoas se isolam um pouco do mundo externo “reconhecendo-se” para refletir sobre como a situação desagradável aconteceu e como seria possível proceder para que não voltasse a ocorrer. Dessa maneira, a tristeza ajudaria no processo de amadurecimento, nos preparando para enfrentar melhor uma vida que é, por natureza, repleta de perdas e frustrações inevitáveis. Ela pode surgir no dia a dia, como resultado de algo ruim que ocorreu, ou quando lembranças de fatos passados a provocam. Em geral, nesses casos, tem pequena intensidade e curta duração. O estado mais insistente, chamado de humor depressivo, contamina a percepção do que se passa naquele período. 41 Uma situação habitual do cotidiano como ver uma criança pedindo esmola numa esquina, pode ser percebida de maneira mais angustiante se o indivíduo estiver com humor depressivo, ao passo que, em outro momento, essa mesma situação causaria mal-estar passageiro, indiferença, ou até raiva. O humor depressivo, geralmente associado a uma perda, costuma aparecer vinculado a um mal-estar físico, como um resfriado ou com a fase pré-menstrual. Muitas vezes pode vir com sensações físicas, como inquietação, ansiedade, vontade de chorar, sensação angustiante de pressão ou de peso no peito. Mas até que ponto esse sentimento pode ser considerado normal, e quando passa a ser patológico, ou seja, ser um sintoma da depressão? Embora não seja um critério muito preciso, é possível levar em conta seu tempo de duração. A tristeza torna-se preocupante, por exemplo, se ela predominar em grande parte do dia do paciente, ou se ocorrer na maioria dos dias. Sua intensidade é um critério bem pouco preciso, pois cada um tem a sua própria “medida” para avaliá- la, e o que é intenso para um seria quase imperceptível para outro. Além disso, ela pode variar de acordo com o momento do dia, podendo, assim, distorcer a percepção de intensidade. Uma pessoa que recebe uma notícia ruim pode sentir uma angústia profunda, que dura alguns minutos, e se lembrar de ter tido um dia muito triste. Já outra, que sente tristeza moderada todos os dias, quase o tempo todo, pode considerar esse dia normal, igual ao anterior ou ao da semana passada, em que também estava triste. Porém, quando acontece de a pessoa ficar chorando, frequentemente por motivos que aparentemente não se justificam, ou quando sente angústia, numa intensidade difícil de ser tolerada, algo que claramente afete seu cotidiano, essa tristeza pode ser considerada excessiva. Em geral, as pessoas têm mais dificuldade para diferenciar a tristeza chamada normal de sua manifestação patológica (típica da depressão) quando ela surge após um evento justificável, como a perda de um ente querido, o que poderia justificar plenamente uma tristeza mais intensa e duradoura. Klein 1934, postula que o sujeito deprimido não constituiu bons objetos internos e que não se sente protegido em seu mundo interno mediante o dano externo, (Klein 1934 apud Trevisan, 2004; apud BARRETO L; SILVA M; 2014). 42 Embora esse tipo de situação na maioria das pessoas, passadas algumas semanas ou meses (dependendo do caso), a tendência é que o indivíduo retome suas atividades, apesar da dor da perda e da saudade. Quando essa tristeza se prolonga e, principalmente, se a tristeza interfere na vida do indivíduo, provavelmente se trata de um sintoma patológico. Muitas vezes, a pessoa que sofre de tristeza patológica tem dificuldade de admitir que esteja doente e justifica sua condição com argumentos como desemprego, solidão, dificuldades financeiras ou incompreensão de pessoas importantes em sua vida. O que essa pessoa raramente percebe é que outros passam por circunstâncias similares e podem reagir de outras maneiras e que várias dessas situações podem ser consequência e não causa da melancolia. No quadro abaixo: mostra as fases do tratamento do episódio depressivo (Kupfer, 1991 apud Fleck, 2009 apud DEMINCO M; 2018). Fonte: psicologia.pt 5.4 Episódio maníaco O DSM define Mania como a presença por pelo menos uma semana de humor irritável, expansivo ou elevado, associado a três
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