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ASPECTOS DA DISFAGIA Prof. Fábia Benetti Disciplina: Suporte Nutricional Curso de Nutrição URI-FW DISFAGIA Distúrbio da deglutição que leva a problemas nutricionais; Pode ser: Congênita ou adquirida; Mecânica ou funcional DISFAGIA Pode ser classificada em relação a fase da deglutição comprometida: Oral: decorrente por ex. de problemas na mastigação, na mobilidade da língua, no vedamento labial, no controle oral do bolo alimentar; Faríngea: quando há déficit da propulsão do bolo alimentar, principalmente em relação a proteção das vias aéreas e à coordenação faringo-esfíncter- esôfago. Esofágica: relacionada ao peristaltismo esofágico ou obstrução mecânica do órgão. DISFAGIA OROFARÍNGEA Envolve as fases oral e faríngea, tendo em vista que, apesar de didaticamente separadas, são intimamente interligadas. Disfagia orofaríngea leve: caracterizada por pequena estase em recessos faríngeos, sem penetração laríngea e ausência de broncopneumonia de repetição e de perda nutricional. DISFAGIA OROFARÍNGEA Disfagia orofaríngea moderada - determina estase em recessos faríngeos, com sinais sugestivos de penetração laríngea e/ou pequena aspiração. Surgem pneumonia esporádicas e déficit nutricional Disfagia orofaríngea grave - implica grande estase em recessos faríngeos, aspirações volumosas, com pneumonias de repetição e desnutrição. DISFAGIA MECÂNICA As desordens de deglutição, de causa: Congênita, Neoplásica, Cirúrgica; Traumática; São decorrentes de alterações anatômicas, primárias ou secundárias, das estruturas envolvidas na deglutição. DISFAGIA FUNCIONAL Destaca-se a de origem neurogênica, não há fator anatômico obstrutivo ou transito alimentar, incide por ex.: No acidente AVC; no trauma cranioencefálico, nas paralisias cerebrais, doença de Parkinson e Alzheimer, nas afecções neuromotoras, nas síndromes pós-poliomielite, na esclerose múltipla, nas infecções meníngeas. ETIOPATOGENIA A deglutição tem como função o transporte de alimento da cavidade oral ao estômago é parte global da nutrição, além de proteger as vias aéreas. O ato da deglutição se compõe na sequência de eventos: Colocar o alimento na boca, movimentá-lo na cavidade oral, mastigá-lo, transportá-lo para a faringe; conduzi-lo ao estômago sem desvios indesejáveis. ETIOPATOGENIA Distúrbios no processo determinam disfagia, que pode causar um simples desconforto, diferentes perdas de prazer alimentar ou até impor risco a vida do paciente. Muitos medicamentos podem interferir direta ou indiretamente na deglutição, em que o controle neurológico central e os nervos periféricos estão intactos. ETIOPATOGENIA Causas mais comuns: Inflamatórias; Traumáticas; Divertículo faringoesofágico Doença da coluna cervical Sondas nasoenterais Traqueostomia Câncer de cabeça e pescoço Macroglossia ETIOPATOGENIA A macroglossia comum na síndrome de Down, pode ser secundária a obstrução linfática após cirurgia ou radioterapia, decorrer de hipotireoidismo; ETIOPATOGENIA O divertículo faringoesofágico- envolve primeiramente disfunção do esfíncter esofágico superior. As doenças osteofíticas da coluna cervical são mais comuns na população geriátrica. Aparecem projeções ósseas em uma das vértebras (geralmente a C4 a C7) pressionando a faringe e esôfago. ETIOPATOGENIA O uso de sondas como via alternativas para nutrição, hidratação e medicação não é isento de complicações quanto a deglutição. A intubação laringotraqueal por mais de 72 h implica disfagia moderada após a extubação em mais de 50% dos casos. A traqueostomia ocasiona disfagia ainda mais frequente e aspiração silente na quase totalidade dos pacientes. ETIOPATOGENIA O câncer de cabeça e pescoço e os efeitos do seu tratamento são as principais causas das disfagias orofaríngeas mecânicas. Ca de cabeça e pescoço abordam: Ca de lábio, Ca da cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua e assoalho) Orofarínge (amídalas, palato mole e base da língua nasofaringe Fossas nasais Seis paranasais Laringe e glândulas salivares ETIOPATOGENIA O tratamento do CA oral promove as sequelas devastadoras do ponto de vista estético e funcional. Estas variam em complexidade, gravidade e frequência e estão relacionadas ao local e tamanho da ressecção, à mobilidade e estrutura adjacentes, ao tipo de reconstrução, a desenervação motora e sensitiva, xerostomia e diversos outros fatores; Motivação, idade, acuidade auditiva, outros problemas físicos, sociais e psicológicos. ETIOPATOGENIA As ressecções de língua guardam relação com tamanho, extensão e infiltração da lesão. A radioterapia extensa acarreta efeitos agudos e tardios à deglutição. Novos rumos do tratamento do CA avançado de cabeça e pescoço têm sido debatidos na literatura médica, no que tange a intensidade e fracionamento do tratamento radioterápico e a radio-quimioterapia. ETIOPATOGENIA Disfagia no CA Atendimento multiprofissional é fundamental para controle e prevenção de sequelas. Os efeitos agudos da radioterapia são os que ocorrem até 10 dias depois do término do tratamento, os tardios são os que surgem meses ou anos depois. QUADRO CLÍNICO A disfagia se manifesta de forma abrupta ou gradativa. Pode ser passageira, tornar-se crônica ou ocorrer intermitentemente. Disfunções leves da deglutição-não se notam na alimentação do indivíduo; À observação mais atenta, verifica-se abandono de determinado alimento, mudança no ritmo de ingestão de ingestão e na quantidade de bolo colocado na cavidade oral (frequente idoso). DISFAGIA OROFARÍNGEA Alguns sintomas são evidentes: dificuldade de vedação labial, redução do peristaltismo faríngeo, nem sempre refletida como queixa precisa pelos pacientes. Excesso de salivação não pode ser interpretado como produção aumentada de saliva, mas dificuldades no controle salivar podem estar presentes em quadros disfágicos como consequência da diminuição da deglutição. DISFAGIA OROFARÍNGEA Xerostomia-observada no envelhecimento como resposta a drogas ou tratamento radioterápico. Diminuição da sensibilidade gustativa é de particular interesse pelo impacto na motivação para a alimentação (idosos); Em casos crônicos de disfagia por refluxo gastresofagiano, pode haver dificuldade de agregar a deglutição de sólidos, pela odinofagia. DISFAGIA OROFARÍNGEA A ELA denota limitação de controle lingual, sintomas de refluxo gastresofágico e dificuldade respiratória, mais intensificada com a progressiva fraqueza da musculatura abdominal, torácica e dos membros. Na doença de Parkinson a disfagia encontra-se presente devido: a acinesia, rigidez, tremor instabilidade postural, depressão, alterações cognitivas e demência Acinesia –dificuldade de iniciar e executar um movimento voluntário. ESTÁGIOS DISFÁGICOS A progressão de sintomas disfágicos é previsível, podendo ser classificada em cinco estágios, determinados por critérios funcionais: 1º estágio: paciente sem problemas na fala e deglutição; 2º estágio: prolongamento do tempo de refeição, fadiga para mastigar, dificuldades no transporte do bolo, tosses e engasgos, com dificuldades para ingerir sólidos, especialmente se houver espasticidade de língua e flacidez faríngea concomitante. ESTÁGIOS DISFÁGICOS 3º estágio: necessidade de mudança de consistênciao que pode ser obtido por adição de molhos e por trituração dos alimentos. 4º estágio: indicação de sonda de NE para garantir aporte nutricional, podendo ser complementada por alimentos via oral. 5º estágio: a oferta de alimentos pela boca, mesmo que em pequenas quantidades, implica elevado risco de aspiração. DIAGNÓSTICO Para a avaliação clínica da disfagia devem ser investigadas a história da doença e a condição clínica atual, incluindo o suporte nutricional e o uso de medicamentos. Registros sobre a presença e o tipo de sondas, digestivas ou respiratórias, são importantes. Sensibilidade e mobilidade de estruturas envolvidas no processo da deglutição devem ser investigadas, assim como reflexos orais e orofaríngeos exacerbados ou reduzidos. DIAGNÓSTICO Testes vocais auxiliam na investigação da integridade laríngea. Observa-se qualidade vocal, como presença de tosse voluntária ou reflexiva. Voz molhada – indicativa de secreção ou resíduo em região de pregas vocais e a soprosidade sugere adução glótica incompleta. DISFAGIA Uso de estetoscópio em região cervical auxilia na ausculta de ruídos durante a fonação, respiração e deglutição. Obj da avaliação clínica é identificar a causa da disfagia, verificar a capacidade de proteção das vias aéreas e os riscos de aspiração, determinar a possibilidade de alimentação via oral e a melhor consistência da dieta alimentar. Realizar a realização de procedimentos diagnósticos e orientar o tratamento. DIAGNÓSTICO 50% dos indivíduos com AVE do lado esquerdo tem dificuldade de iniciar o movimentos coordenados e primariamente, problemas com a fase oral da deglutição, sendo o grau de disfagia correlacionado com o de apraxia. EXAMES COMPLEMENTARES Videoendoscopia da deglutição; Videofluoroscopia Eletromanometria faringoesofágica TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Qualquer distúrbios nos processos de mastigação ou deglutição resultam em alteração do estado nutricional; Diminuição da ingestão alimentar- redução dos níveis séricos de Vit e minerais, alterações das funções biológicas e fisiológicas o que justifica intervenção nutricional precoce. TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS A disfagia compromete a ingestão proteica calórica resultando em perda de peso e desnutrição. Redução da imunidade celular, aumento do risco de infecções e complicações, maior temp. de internação, maior risco de morbidade e mortalidade. TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Objetivo da avaliação nutricional no paciente disfágico é identificar precocemente a desnutrição ou presença de risco nutricional, afim de planejar a intervenção adequada às necessidade e condições do paciente. O método a ser utilizado, deve ser curto, de fácil execução e deve fazer parte da rotina do hospital. Deve fornecer dados mínimos para identificação de pacientes desnutridos ou em risco nutricional. TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS O método direto: Anamnese dietética, Entrevista com o paciente para a obtenção de dados e informações referentes a condições de alimentação (deglutição, mastigação, digestão) Melhor via para a alimentação (oral, enteral, ou parenteral), Doenças associadas e hábito intestinal. TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Medidas antropométricas que são utilizadas: Peso; Estatura; IMC; Percentual de perda de peso Medidas de pregas cutâneas e circunferências regionais. Bioimpedância TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Exames bioquímicos que correlacionam-se com o estado nutricional: Hb; Hematócrito; Proteínas totais e frações; Contagem total de linfócitos; Transferrina sérica TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Métodos indiretos (ASG): Modificações da ingestão alimentar; Sintomas gastrointestinais; Avaliar estresse metabólico; Alterações visíveis do estado físico. TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Cálculo do GET por Harris e Benedict A terapia nutricional na disfagia: Modificações na consistência; Manobras da deglutição; Suplementação nutricional por via oral ou enteral TERAPIA NUTRICIONAL DOS PACIENTES DISFÁGICOS Objetivo da terapia nutricional no paciente disfágico: Recuperar o estado nutricional; Melhorar a hidratação; Permitir alimentação segura; Prevenir aspiração; Definir necessidades calóricas e proteicas ORIENTAÇÕES PREPARAÇÕES PARA DISFÁGICOS Adicionar espessantes aos líquidos; Oferecer gelatina, pudim, purê de frutas, purê de batatas; Elaborar pratos coloridos e atrativos evitando a monotonia dos alimentos e cores; Fracionar as refeições 6 x/dia; Adoçar com leite condensado, açúcar e mel para aumentar o valor kcal das preparações; Estimular os músculos da deglutição com comidas e bebidas frias ou quentes, evitar a Tº ambiente; ORIENTAÇÕES PREPARAÇÕES PARA DISFÁGICOS Administrar somente pequenos goles de água com uma colher, para evitar o risco de aspiração; Evitar líquidos lácteos, ou chocolate que aumentam a secreção salivar; Oferecer alimentos em pequenos pedaços, amassados ou liquidificados; Não forçar o transito do bolo com a ingestão de líquidos, só faz aumentar o risco de regurgitação e aspiração. PARA AUMENTAR O VALOR CALÓRICO DAS PREPARAÇÕES PODE-SE: Adicionar leite quente ou creme de leite em sopas, purês de vegetais e mingau de cereais; Adicionar outros líquidos quentes como molhos, caldo de carne, margarina derretida, em batatas cozidas, amassadas ou em forma de purê. Adicionar leite frio em cremes, iogurtes, sopas frias, purês de frutas, pudins. PARA ENGROSSAR ALIMENTOS LÍQUIDOS RECORRE-SE A: Adicionar espessastes comerciais em líquidos frios, quentes ou à base de leite; Adicionar fécula de batata ou batata amassada em sopas, caldos ou molhos. Adicionar flocos de cereais como milho, arroz, aveia, maisena a leite; Adicionar gelatina sem sabor a sucos; Bater as frutas até atingir a consistência de purê ou amassá-las. QUANDO O ALIMENTOS ESTÁ ESPESSO DE MAIS PARA O DISFÁGICO, ACRESCENTA-SE OBEDECENDO A CONVENIÊNCIA Iogurte líquido; Leite frio ou quente; Suco de frutas; Caldo de carne; Margarina derretida; Gelatina líquida sem sabor REFERÊNCIA WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica/ Dan L. Waitzberg; [colaboradores] Adavio de Oliveira e Silva...[et al.]. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 2 v.
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