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1 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA DISFAGIA DEFINIÇÃO Qualquer distúrbio que compromete o processo de deglu-tição, alterando ou dificultando a passagem do bolo ali- mentar ou da própria saliva da boca até o estômago OBS: DIFERENTE DE ODINOFAGIA – DOR AO ENGO- LIR ALIMENTOS Qualquer interferência na precisão e sincronia dos movi- mentos de músculos e estruturas associadas à deglutição, que resultam em inabilidade, seja por debilidade no con- trole ou pelo sistema nervoso ou disfunção mecânica Classificação: - Orofaríngea SÓLIDOS - Esofágica LIQUIDOS DISFAGIA OROFARÍNGEA Anormalidades que afetam o mecanismo neuromuscular de controle do movimento do palato, faringe e esfíncter esofágico superior SINTOMAS Dificuldade em iniciar o ato de deglutição, na transferência dos alimentos da boca para o esôfago CAUSAS Relacionadas ao sistema nervoso central (AVC, doença de Parkinson, esclerose múltipla, neoplasias) Distúrbios neuromusculares (miastenia grave, poliomielite bulbar, neuropatia periférica) DISFAGIA ESOFÁGICA Distúrbios que afetam o esôfago SINTOMAS Dificuldade na transferência do bolo alimentar pelo esô- fago CAUSAS Distúrbios de motilidade (acalasia, esclerodermia, espas- mos esofágicos) Obstruções mecânicas (neoplasias, estreitamento, lesões vasculares, lesões esofágicas induzidas por medicamen- tos) Durante a deglutição, o esôfago apresenta contrações cuja função é a propagação do bolo alimentar em direção ao estômago. O peristaltismo esofágico é um processo neuromuscular coordenado em parte pelo SNC e em parte por mecanismos locais e miogênicos. Esse processo pode ser alterado por diversas causas, como obstruções que invadam a luz do órgão (neoplasias, divertículos, etc.), al- terações manométricas, espasmos difusos, distúrbios não específicos de motilidade, ou, ainda, por aquelas secun- dárias a processos de degeneração crônica dos tecidos (esclerose e escleroderma). A acalasia, também chamada de dissinergia esofágica, é um distúrbio da motilidade do esôfago inferior. O número diminuído de células ganglionares no plexo de Auerbach causa diminuição na inervação colinérgica da musculatura esofágica. Isso leva a uma falência do esfíncter esofágico inferior (EEI) para relaxar e abrir durante a deglutição, re- sultando em disfagia ou dificuldade de deglutição. Nos distúrbios de motilidade, a tendência é que a disfagia piore, chegando a permitir apenas a ingestão de líquidos. Durante a alimentação, o esôfago passa a acumular os líquidos ingeridos e com a pressão da gravidade ocorre a abertura do EEI, com passagem de pequenas porções do volume para o estômago. Caso isso não ocorra, o volume acumulado no esôfago é devolvido na forma de regurgita- ção. DIFAGIA PODE SER CAUSADA DE FORMA GERAL POR Desordens neurológicas: sequelas de AVC, trau- matismo crânio-encefálico, paralisia cerebral, mal de Parkinson, mal de Alzheimer) Desordens mecânicas: câncer de cabeça e pes- coço, malformações congênitas, ferimentos Desordens de origem psicogênica: alterações emocionais Desordens por envelhecimento: flacidez muscu- lar, xerostomia, uso de medicações SINTOMAS que podem acompanhar a disfagia - Tosse ou engasgo com alimento ou saliva - Pneumonia de repetição - Refluxo gastresofágico - Febre sem causa aparente - Sensação de bolo na garganta - Recusa alimentar - Sonolência durante as refeições - Sinais clínicos característicos de aspiração, ou seja, ausência de tosse, voz com qualidade vo- cal molhada (gargarejo), dispneia ou aumento da secreção em vias aéreas superiores PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DISFAGIA - Desidratação - Desnutrição - Broncoaspiração e pneumonia aspirativa DIAGNÓSTICO - Realizado pelo Fonoaudiólogo através da avalia- ção funcional de deglutição - Anamnese fonoaudiológica, avaliação funcional da deglutição, avaliação instrumental através da ausculta cervical e definição de conduta e trata- mento através de programas de reabilitação - Videofluoroscopia e nasolaringofibroscopia 2 OBJETIVOS DO TRATAMENTO - Reabilitar a deglutição de forma segura para o in- divíduo - Tratar a enfermidade de base e buscar soluções para evitar problemas derivados da disfagia - Assegurar a adequada nutrição e hidratação e di- minuir o risco de aspiração TRATAMENTO - Mudança na consistência da alimentação / Espes- santes - Adaptação da posição ao se alimentar - Prática de exercícios especiais para o fortaleci- mento dos maxilares, língua e laringe - Uso de técnicas respiratórias para eliminar o risco de aspiração e facilitar o processo de deglutição TRATAMENTO FONOTERÁPICO - Reabilitar a alimentação plena pela via oral em condições que atendam às necessidades do pa- ciente, sem risco de complicações, principal- mente as pulmonares TRATAMENTO NUTRICIONAL - Adaptar a dieta ao grau de disfagia, quando for o caso indicar Terapia Nutricional Enteral - Promover recuperação nutricional DIETA HI- PERCALÓRICA E HIPERPROTÉICA (AVALIAR COMORBIDADES DO PACIENTE) - Manter a hidratação OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL - Estabelecer a via de administração nutricional mais segura - Adaptar a alimentação oral ao grau de disfagia - Manter o estado nutricional ou promover a recu- peração nutricional ESCOLHA DA VIA DE ADMINISTRAÇÃO NUTRICIONAL Avaliar o grau de disfagia Casos mais graves Nutrição Enteral Acompanhamento e aplicação de técnicas e manobras que visam à melhora da mobilidade e sensibilidade para deglutição progressão para via oral Fonoaudiólogo textura dos alimentos PREVENÇÃO DA DESIDRATAÇÃO A disfagia orofaríngea afeta principalmente a ingestão de líquidos Podem necessitar de reposição via enteral ou endove- nosa Necessidade hídrica para adultos: 16-30 anos 40mL/Kg 25-55 anos 35mL/Kg 56-65 anos 30mL/Kg 66-75 anos 25-30mL/Kg >75 anos 25mL/Kg TERAPIA NUTRICIONAL VIA ORAL: O grau de disfagia determina a consistência (textura dos alimentos e viscosidade dos líquidos) Classificação dos líquidos conforme viscosidade: - Ralo: líquidos regulares, sem alteração (ex: leite) - Néctar: líquidos levemente espessados, mas fi- nos o suficiente para poder ser ingerido aos goles, sem colher (ex: leite batido com fruta e mingau ralo) (gotas) - Mel: líquido espessado que deverá ser consu- mido com colher (mingau grosso) (fio) - Pudim: aparência sólida, devem ser consumidos com colher, mas rapidamente desfazem-se na boca (flan) - Líquidos espessados podem ser indicados, pois permitem melhor controle oral sobre o bolo ali- mentar - Líquidos ralos podem representar risco de aspira- ção - Espessantes: farinhas à base de amido (creme de arroz, amido de milho, fibras solúveis (goma guar), ágar-ágar, produtos industrializados ALIMENTAÇÃO DO PACIENTE DISFÁGICO São propostos três níveis, especificando a consistência dos alimentos sólidos e semissólidos: Nível I: consiste em purês homogêneos, alimen- tos coesivos e de baixa adesividade; Nível II: é composto por alimentos úmidos e de textura macia, como vegetais cozidos, frutas ma- cias e maduras e cereais mais umedecidos, ou seja, alimentos que requerem grau mínimo de mastigação; são excluídos pães, bolo seco, queijo em cubos, milho e ervilha; Nível III: consiste em alimentos próximos da tex- tura normal, com exceção de alimentos muito du- ros e crocantes; são permitidos pães, arroz, bolos macios, alface, carnes macias; devem-se evitar frutas e vegetais duros, castanhas e sementes. 3 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA DISFAGIA ANEXOS:
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