Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE META – FAMETA Bioquímica Prof. Me. Adem Nagibe dos Santos Geber Filho • Quatro tecidos principais exercem função dominante no metabolismo energético: fígado, tecido adiposo, musculo e encéfalo; • Esses contem conjuntos exclusivos de enzimas, de forma que cada órgão é especializado no estoque, no uso e na produção de combustíveis específicos; • Esses tecidos não funcionam isoladamente, ao contrario, eles formam uma rede integrada, na qual um tecido pode fornecer substrato a outro, ou processar compostos produzidos por outros órgãos; • A comunicação entre os tecidos é mediada pelo sistema nervoso, pela disponibilidade de substratos circulantes e pela variação nos níveis de hormônios plasmáticos. A integração do metabolismo energético é controlada principalmente pelas ações de dois hormônios peptídicos: a insulina e o glucagon, com as catecolaminas adrenalina e noradrenalina exercendo uma função de apoio. As alterações nos níveis circulantes desses hormônios permitem ao organismo armazenar energia quando o alimento está disponível em abundancia ou tornar disponível a energia armazenada, por exemplo, durante “crises de sobrevivência”, como fome, trauma grave e situações de “luta ou fuga”. A insulina é um dos mais importantes hormônios que coordenam a utilização de combustíveis pelos tecidos. Seus efeitos metabólicos são anabólicos, favorecendo, por exemplo, a síntese de glicogênio, de triacilglicerois e de proteínas. Estimulação da secreção de insulina - em vista do seu papel de coordenadora, não surpreende que a célula responda a uma variedade de estímulos. Em especial, a secreção de insulina é aumentada por: o Glicose. As células β são o os mais importantes sensores corporais de glicose. Assim como o fígado, as células β possuem transportadores de glicose do tipo GLUT-2 e apresentam atividade glicocinase, e, portanto, podem fosforilar a glicose em quantidades proporcionais à sua concentração sanguínea real. Aminoácidos - a ingestão de proteínas causa um aumento transitório nos níveis plasmáticos de aminoácidos, os quais, por sua vez, induzem imediata secreção de insulina. A arginina plasmática elevada, por exemplo, estimula a secreção de insulina. Hormônios gastrintestinais - a maioria dos hormônios gastrintestinais estimula a liberação de insulina. Os peptídeos intestinais colecistocinina e o polipeptídio inibitório gástrico (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose) aumentam a secreção de insulina em resposta a glicose oral e por causa disso, são chamados de “incretinas”. A síntese e a liberação de insulina estão diminuídas quando existe escassez de combustíveis da dieta e também durante períodos de estresse (p. ex., febre ou infecção); Esses efeitos são mediados principalmente pela adrenalina, que é secretada pela medula adrenal em resposta ao estresse, ao trauma ou ao exercício intenso; Nessas condições, a liberação de adrenalina é controlada especialmente pelo sistema nervoso. A adrenalina possui um efeito direto sobre o metabolismo energético, causando uma mobilização rápida de combustíveis produtores de energia, incluindo a glicose hepática (produzida pela glicogenólise ou pela gliconeogênese, e os a ́cidos graxos provenientes do tecido adiposo. Efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos - promove armazenamento de glicose em três tecidos: fígado, musculo e tecido adiposo; No fígado e no músculo, a insulina aumenta a síntese de glicogênio. No musculo e no tecido adiposo, a insulina aumenta a captação de glicose por aumentar o numero de transportadores de glicose (GLUT-4) na membrana da célula; Insulina causa uma diminuição imediata na concentração de glicose no sangue. No fígado, a insulina diminui a produção de glicose por inibir a glicogenólise e a gliconeogênese. Efeitos sobre o metabolismo de lipídeos - O tecido adiposo responde dentro de minutos à administração de insulina, a qual causa uma importante redução na liberação de ácidos graxos: 1. Diminuição na degradação de triacilglicerois - diminui os níveis de ácidos graxos livres circulantes por inibir a atividade da lipase sensível a hormônio, a qual degrada triacilgliceróis no tecido adiposo. A inativaça ̃o da enzima 2. Aumento na síntese de triacilglicerois - A insulina aumenta o transporte e o metabolismo da glicose nos adipócitos, fornecendo o substrato glicerol-3-fosfato para a síntese de triacilgliceróis. A insulina também aumenta a atividade da lipase lipoproteica no tecido adiposo, por aumentar a síntese da enzima, fornecendo, assim, ácidos graxos para esterificação. 1. (Nota: No fígado, a insulina promove a conversão de glicose em triacilgliceróis) Hormônio polipeptídicos secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans pancreáticas; O glucagon, juntamente com a adrenalina, o cortisol e o hormônio do crescimento (os “hormônios contrarreguladores”), se opõe a muitas das ações da insulina; Em especial, o glucagon age na manutenção dos níveis de glicose sanguínea, pela ativação da glicogenólise e da gliconeogênese hepáticas; O glucagon é composto por 29 aminoácidos arranjados em uma única cadeia polipeptídica. Glicemia baixa - diminuição na concentração plasmática de glicose e ́ o principal estimulo para a liberação de glucagon.. Aminoácidos - provenientes de uma refeição que contem proteínas estimulam a liberação de glucagon e de insulina. O glucagon impede efetivamente a hipoglicemia, que de outra forma ocorreria como resultado da secreção aumentada de insulina após uma refeição rica em proteínas. Adrenalina - níveis elevados produzida pela medula adrenal, ou de noradrenalina, produzida pela inervação simpática do pâncreas, ou de ambas, estimulam a liberação de glucagon. Assim, durante períodos de estresse, trauma ou exercício intenso, os níveis elevados de adrenalina podem sobrepor-se aos efeitos dos substratos circulantes sobre as células alfa. Nessas situações – independentemente da concentração de glicose no sangue – os níveis de glucagon se elevam em antecipação ao aumento na utilização de glicose. Em contraste, os níveis de insulina são reduzidos. A administração intravenosa de glucagon leva a um aumento imediato na glicemia. Isso resulta de um aumento na degradação do glicogênio hepático (não do muscular) e de um aumento na gliconeogênese. O glucagon ativa a lipólise no tecido adiposo. Os ácidos graxos liberados são captados pelo fígado e oxidados a acetil-coenzima A, a qual e ́ usada para a síntese de corpos cetoôicos. O glucagon aumenta a captação de aminoácidos pelo fígado, resultando em aumento na disponibilidade de esqueletos carbonados para a gliconeogênese. Como consequência, os níveis plasmáticos de aminoácidos estão diminuídos. O ser humano possui dois sistemas sobrepostos de regulação da glicose que são ativados por hipoglicemia: o 1) as ilhotas de Langerhans, que liberam glucagon; o 2) os receptores no hipotálamo, que respondem a concentrações anormalmente baixas de glicose no sangue. Os glicorreceptores hipotalâmicos podem disparar tanto a secreção de adrenalina (mediada pelo sistema neurovegetativo) quanto a liberação do hormônio adrenocorticotro ́pico (ACTH) e do hormônio do crescimento pela hipófise anterior. Os hormônios glucagon, adrenalina, cortisol e hormônio do crescimento são algumas vezes denominados hormônios “contrarreguladores”, pois cada um deles se opõe à ação da insulina sobre a utilização da glicose. Hipoglicemia induzida por insulina - ocorre em pacientes diabéticos que recebem tratamento com insulina, em especial naqueles em que há serio empenho na obtenção de um controlerigoroso dos níveis de glicose sanguínea; Uma hipoglicemia leve em pacientes totalmente conscientes é tratada com a administração oral de carboidratos; Os pacientes com hipoglicemia, porem, frequentemente estão inconscientes ou apresentam perda da capacidade para coordenar a deglutição. Nesses casos, o tratamento de escolha é a administração subcutânea ou intramuscular de glucagon Hipoglicemia pós-prandial - causada por uma liberação exagerada de insulina após uma refeição, produzindo uma hipoglicemia transitória com leves sintomas adrenérgicos; O nível de glicose plasmática retorna ao normal mesmo se o paciente não for alimentado; Em geral, o único tratamento necessário e ́ que o paciente faça refeições pequenas e frequentes, em vez das três principais refeições diárias. Hipoglicemia de jejum - ocorrência de glicemia diminuída durante o jejum é rara, mas é mais provável que se apresente como um serio problema clinico; A hipoglicemia de jejum, que tende a produzir sintomas de neuroglicopenia, pode resultar de uma redução na velocidade de produção de glicose pela glicogenólise e gliconeoge ̂nese hepáticas. Hipoglicemia e intoxicação alcoólica - o álcool é metabolizado no fígado por duas reações de oxidação. Primeiramente convertido em acetaldeído pela a ́lcool- desidrogenase. O acetaldeído é oxidado posteriormente a acetato pela aldeído-desidrogenase. Em cada reação, elétrons são transferidos para o NAD+, resultando em um aumento maciço na concentração de NADH citozoico; A abundancia de NADH favorece a redução de pirata em lactato e de oxalacético (OAA) em maleato. O piruvato e o oxaloacetato são ambos intermediários na síntese de glicose via gliconeoge ̂nesse; Assim, o aumento de NADH mediado por etanol faz com que os intermediários da gliconeogênese sejam desviados para vias alternativas de reação, resultando na síntese diminuída de glicose. Isso pode acelerar a hipoglicemia, especialmente em indivíduos que tiveram depleção em seus estoques de glicogênio hepático.
Compartilhar