Buscar

Pesquisa em Serviço Social III Aula 09 Online

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 09 – Pesquisa em Serviço Social III
Monografia x trabalho de campo
Muitos alunos tem preferido fazer trabalhos que não envolvem trabalho de campo. É preciso entender que esta opção não implica que sua monografia seja uma monografia puramente teórica. Não incluir o trabalho de campo em seu trabalho acadêmico não implica de forma alguma que você não possa trazer para sua pesquisa elementos de sua experiência profissional em serviço social ou áreas afins. Nesta aula vamos conversar sobre essas opções metodológicas, quais sejam, a de utilizar a sua prática / experiência em uma monografia que não envolva trabalho de campo e / ou a de fazer um estudo teórico.
Importância do trabalho de campo
Voltando ao que disse na primeira aula dessa disciplina, penso o trabalho do assistente social como uma práxis, isto é, uma prática teorizada. O ir e vir entre teoria e prática é característico dessa disciplina / práxis, tal como também o é, por exemplo, a prática do psicanalista ou do antropólogo.
Penso não estar errado se disser que o assistente social está sempre diante do desafio de transformar as práticas sociais - o que nem sempre é verdadeira para toda área da ciência, de vez que há práticas e pesquisas essencialmente voltadas ao conhecimento da natureza e / ou da cultura e não a sua transformação. Localizar territórios nos quais as políticas públicas estão ausentes, ou nos quais se revelam inadequadas, ou fazer valer as que parecem boas políticas quando já existentes, é parte essencial do trabalho do assistente social.
Neste sentido pode ser importantíssimo para a prática de pesquisa em serviço social o trabalho de campo. Acho até que é um recurso que tem sido subutilizado no momento das monografias de final de curso de graduação, o que tem sido registrado em livros que tratam do tema de pesquisa em ciências sociais. Se procurarem nas bibliotecas de sua Universidade, perceberão como um grande número de monografias não apresenta trabalho de campo.
Talvez isso se deva ao fato de que o trabalho de campo nesta área exige mais. A coleta, organização e análise dos dados colhidos é um processo trabalhoso e os alunos acabam preferindo articular a experiência que foram adquirindo em suas vidas com os textos e questões que trabalharam durante sua graduação. Há que se respeitar essa opção. Não vivemos em um mundo ideal e sei bem das dificuldades pelas que passam os alunos para fazer sua graduação, trabalhar, cuidar de seus interesses e etc. Ainda que torça para que o trabalho de campo se torne mais utilizado, não posso deixar de falar também nesta outra opção que tantas vezes tem sido a preferida.
Ferramentas e técnicas
Estivemos conversando sobre as ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas pelo pesquisador em ciências sociais em seu trabalho de campo.
Ferramentas
• Questionários.
• Entrevistas.
• Observação “naturalística”.
• Observação participante são ferramentas.
Técnicas
Pesquisa ação, pesquisa participante, estudo de caso, método biográfico, são métodos e técnicas de pesquisa nas quais estas ferramentas podem ser utilizadas. Dados qualitativos e quantitativos podem ser utilizados em todas elas e associados a todas essas ferramentas.
A prática na pesquisa sem o trabalho de campo
Se o seu trabalho de pesquisa não incluir trabalho de campo, certamente envolverá um trabalho mais intenso com dados colhidos da literatura, não importa o quanto de sua prática profissional (ou de estágio, ou voluntariado etc.) você traga para sua pesquisa. O seu “campo” de pesquisa, neste caso, será, de certa maneira, os livros e textos com os quais fez e fará contato e a sua própria experiência prática feita antes e / ou durante a pesquisa. Um ponto fundamental que você não pode perder de vista nesse caso é que a resenha do trabalho de autores mais ou menos consagrados na área de sua pesquisa será uma ferramenta fundamental que você terá de utilizar.
Em geral, a tendência do aluno iniciante em pesquisa é querer dizer o que pensa sobre as experiências que passou e sobre os tópicos que resolveu pesquisar. Como ponto de partida para elaboração do seu projeto de pesquisa é mesmo muito importante que o aluno esteja fervilhando de questões e com um desejo intenso de falar sobre aquilo que pensa e sente. Contudo, a partir daí vem o desafio de dizer o que pensa no formato exigido pela academia.
Um primeiro passo básico, conforme insistentemente advertido nas disciplinas anteriores de pesquisa em serviço social, é estabelecer um bom recorte do seu tema e de seus objetivos. Encontrar dentro da massa de questões que você traz de sua prática, experiência de vida e leituras, uma questão possível de ser trabalhada do modo sistemático exigido pela pesquisa científico / acadêmica, será uma exigência primeira.
Como é óbvio, o aluno não pode sair dizendo tudo que pensa como se estivesse conversando com um colega. Em geral, em nossos bate papos com nossos colegas universitários ou de trabalho e com nossos professores, muitas coisas inteligentes são ditas: tiradas brilhantes, intuições muito boas não são de forma alguma pouco frequentes.
É geralmente com certa frustração que o aluno percebe que sua pesquisa não poderá consistir numa exposição eloquente de suas ideias, por mais inteligentes que sejam. O desafio será fazer com que tais ideias se encaixem no modelo acadêmico de exposição e quando isso for feito, necessariamente algumas delas terão que ser sacrificadas em favor de outras. Ou seja, não vai dar para o aluno falar de tudo que ele gostaria.
Neste momento, muitos costumam dizer que isso se deve a uma espécie de tirania do universo acadêmico, o que considero falso. O que o estilo acadêmico zela é pela clareza. Quando começamos a pensar com maior sistematicidade partindo de nossas ideias excelentes, geralmente percebemos que as coisas são mais complicadas do que pareciam. O que o trabalho acadêmico deve exigir é que você exponha suas ideias e retire delas consequências de modo sistemático e claro.
Pesquisa teórica
No estágio em que se situa uma monografia de final de curso de graduação, será mais do que suficiente se você puder mostrar que leu e compreendeu o que disseram determinados autores sobre o tema. A originalidade de seu trabalho estará nas palavras escolhidas por você para descrever para seu leitor a posição dos autores escolhidos por você para discutir a função do assistente social (no nosso exemplo) e nos comentários que poderá tecer em meio à sua redação. Em princípio, você não deverá tentar dizer algo de inteiramente novo sobre o que seja a função do assistente social, mas apenas mostrar que após feita a sua pesquisa, tende a pensar essa função de modo mais afinado com as ideias de tal ou tais autores, por estes e aqueles motivos.
Na sua introdução você apresentará a sua proposta de estudo, deixando claro ao leitor o que quer fazer, por que quer fazer e como quer fazer. Em um primeiro capítulo poderá fazer uma apresentação da história da constituição do serviço social como disciplina e práxis. Em um segundo capítulo poderá apresentar a posição de autores que pensam essa disciplina de determinada maneira. Em um terceiro capítulo mostrará a posição de autores que pensam a questão de outra maneira.
Ao longo destes capítulos poderá fazer seus comentários, em meio aos trechos de resenha em que mostra as posições dos autores. Você poderá por exemplo dizer que tal autor pensa a função do assistente social de tal maneira. Isso terá sido a resenha de um ou mais capítulos de um ou mais livros do tal autor e mesmo de autores que pensem como ele. Pode fazer seus comentários, lançando perguntas e arriscando algumas respostas, desde que as coloque como indagações, não propriamente como afirmações fechadas sobre o que está certo ou errado na posição do(s) autor(es). Ao final tecerá sus considerações finais sobre o tema, não propriamente conclusões.
Trata-se, como é evidente, apenas de um exemplo. Muitos são os temas que podem receber uma abordagem teórica. Como disse acima, não é tão provável quesendo você um futuro assistente social, seu trabalho assuma um formato como este, tão puramente teórico. De todo modo, um trabalho misto, que reúna aspectos de discussão teórica com elementos de sua experiência prática parece mais provável.
Por outro lado, elementos de uma discussão teórica como a exemplificada aqui também podem se combinar com elementos de sua prática profissional e com elementos e trabalho de campo. Neste caso, sua pesquisa estaria trabalhando com dados extraídos destas três fontes: sua prática pregressa, os livros de autores escolhidos para desenvolver alguns aspectos de seu tema e os dados colhidos em seu trabalho de campo.
Com isso quero enfatizar o grau de liberdade que você também tem em sua pesquisa acadêmica. Se por um lado deve seguir padrões e normas, por outro estes são também bastante flexíveis a ponto de poder combinar métodos e técnicas tão diversas sem com isso comprometer a coerência de seu trabalho. 
Na próxima aula estaremos basicamente investigando a utilização desses métodos e técnicas discutidos à luz de exemplos que tenham proximidade com a prática do assistente social.

Continue navegando