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Universidade Federal de Lavras - UFLA
Curso graduação em Zootecnia
Fundamentos de extenção
Weslley Bougleux Guimarães de Lima
Resenha Educação do campo e Agroecologia
RIBEIRO, Simone; FERREIRA, A.P; NORONHA, Suely. Educação do campo e Agroecologia. Junho de 2007
	Essa resenha tem a finalidade de analisar o artigo “Educação do campo e Agroecologia”, que foi escrito por Simone Ribeiro, Ana Paula Ferreira e Suely Noronha. que se encontra no livro “Construção do Conhecimento Agroecológico: Novos Papéis, Novas Identidades” que se encontram nas páginas 257 à 267. Este artigo, as autoras apresentam uma reflexão aprofundada, sobre a Agroecologia, o campo e a relação de ambos, criado através das experiências que possuem sobre o tema junto a movimentos socais. Para o desenvolvimento do artigo em pauta, as autoras além de suas experiências no meio, utilizaram também as principais questões levantadas na oficina A perspectiva agroecológica na educação do campo: um desafio para os movimentos sociais, realizada durante o II Encontro Nacional de Agroecologia (2006), que tinha como objetivo de fornecer a troca de experiências entre projetos promovidos pelos movimentos sociais, onde tinham como trabalho central a conjugação entre a educação do campo e a Agroecologia.
	Este artigo é apresentado em vários tópicos que dizem respeito ao tema proposto. Primeiro, apresenta o que é agroecologia. Em seguida, discorre sobre a educação no campo. Logo após faz um contraponto relacionando agroecologia e educação, temas que foram citados anteriormente. Seguidamente as autoras evidenciam outro tópico o movimentos sociais e educação do campo. Apresentam-se também sobre a relação das políticas públicas com o tema em questão. Em seguida apresenta uma breve relação entre campo e a cidade, e, por fim as considerações finais.
	As autoras afirmam que hoje existem várias definições que buscam esclarecer o que é Agroecologia:
“Muitas passam uma noção ampla, outras uma visão pontual e até mesmo restrita. Alguns autores se referem à Agroecologia como uma ciência ou campo do conhecimento, outros como um enfoque. Há também quem a coloque como uma ferramenta metodológica ou como modelo de prática agrícola. (RIBEIRO, Simone; FERREIRA, A.P; NORONHA, Suely. Pag.260“).
As autoras apontam que todos esses pontos de vista contêm princípios importantes, mas que precisam ser implicados de forma relacionada. A partir disso elas pretendem que a Agroecologia não seja entendida meramente por um jeito de cultivar a terra ou como a utilização de técnicas que não atacam o meio ambiente, para nós, deve ser entendida como uma norma científica que liga várias áreas do conhecimento. Tendo como objetivo de conduzir e propor uma suspensão do modelo dominante de desenvolvimento rural fundado na monocultura, no latifúndio, no agronegócio e na exclusão social. Desse modo, implica em entender e vivenciar a sua influência direta nos processos de mudanças de postura, de visão de futuro para o mundo e de atitude para com a natureza, assim como em relação ao ser humano. 
	“Ribeiro, Ferreira e Noronha, consideram que a expressão “do campo” é um conceito político no que se refere à luta popular pela ampliação, acesso, permanência e direito à escola pública, bem como pela construção de uma escola que, mais do que estar no campo, seja do campo, tendo em vista as demandas, sonhos e desejos de sua população. Pag. 259”. No artigo as autoras abordam do campo enquanto espaço de vida, onde se realizam todas as dimensões da existência humana, apresentando para os leitores assim à concepção de campo apenas como setor da economia, local de produção de mercadorias. O padrão que vem sendo notado pelo governo nas ultimas décadas é o agronegócio, dessa maneira, não só no campo, mas toda a sociedade, vive uma situação de grande exclusão econômica, social e cultural, necessitando buscar saídas.
Neste ponto de vista, as autoras ressaltam que a educação do campo, como resultado de luta dos povos, precisa ser compreendida para além dos processos formais de escolarização, abarcando os processos educativos que tenham um significado de libertação e de transformação da realidade. Em seus princípios político-pedagógicos, os movimentos sociais que lutam pela educação do campo defendem:
Um projeto de sociedade que seja justo, democrático e igualitário, que contemple um modelo de desenvolvimento sustentável do campo e que se contraponha ao latifúndio e ao agronegócio. Uma educação que ajude a fortalecer um projeto popular que valorize e transforme a agricultura camponesa e que se integre na construção social de um outro modelo de desenvolvimento sustentável, do campo e do país; Uma educação que busque superar a oposição entre campo e cidade, que confronte a visão predominante de que o moderno e mais avançado é sempre o urbano e que desfaça a ideia de que o progresso de um país se mede pela diminuição da sua população rural; O campo como um lugar de vida, cultura, produção, moradia, educação, lazer, cuidado com o conjunto da natureza e como cenário de novas relações solidárias que respeitem a especificidade social, étnica, cultural e ambiental dos seus sujeitos; A elaboração de políticas públicas de educação articuladas ao conjunto de políticas que visem a garantia dos direitos sociais e humanos do povo brasileiro que vive no e do campo; e a criação de políticas que efetivem o direito à educação para todos e todas, sendo esse direito seja assumido como dever do Estado. (RIBEIRO, Simone; FERREIRA, A.P; NORONHA, Suely. Pág. 259).
	Com isso as autoras esclarecem com essa discussão que o campo de interação entre a Agroecologia e a educação do campo possui grande importância, uma vez que ambas, enquanto práticas pedagógicas, estão baseadas em um modelo alternativo de produzir e socializar conhecimentos. Ainda afirmam que a educação do campo quanto a Agroecologia pressupõe transformação da realidade, considerando um novo projeto de desenvolvimento do campo, mas que para isso, torna-se necessária a quebra das estruturas econômicas, sociais e políticas de dominação que existem há séculos em nosso país. As autoras permitem notar que através dessa discussão, a conjugação entre a educação do campo e a Agroecologia se apresenta como principal para que seja criada uma educação libertadora, possibilitando aos camponeses e camponesas uma melhor qualidade de vida. 
	Ao falar dos movimentos sociais e educação do campo, as autoras relatam que quando a educação é pensada de modo amplo, podendo concluir assim o quanto os movimentos sociais estão envolvidos. Da maneira que não se pode imaginar a humanização sem autonomia, assim então, temos que reconhecer a necessidade de se discutir o problema da educação do campo a partir da visão da população a que se destina, ou seja, dos trabalhadores rurais, de maneira que deixem de ser receptores para serem produtores do conhecimento. Esse reconhecimento favorece a compreensão de que a educação não se fecha apenas nas ao espaço escolar, mas está também presente nas várias expressões da luta social. É a participação nesses vários espaços que é criado as condições de produção e apropriação de um saber que proporciona uma compreensão transformadora da realidade. À vista disso, são os agricultores que através de sua organização política, tornam-se suficientemente visíveis para chamarem para si a atenção de todos os poderes públicos, apresentando assim, a necessidade de trazer para o centro da discussão as propostas alternativas de educação que incorporam os interesses dos trabalhadores rurais, sendo que a condição de pesquisar cada vez mais sobre o conhecimento e novas práticas educativas surge através do contato com aquelas que já vêm sendo analisadas, desse modo, o caminho citado favorece os agricultores, como sujeito desse processo de reconstrução da educação e da escola. Por isso, acontece um processo que pretende fazer a recriação da cultura mediante a apropriação do saber e a reelaboração deste em função dos seus interesses. Para que essa ideia seja realmente
construída, é necessário que seja mudado de maneira radical, os sujeitos e os propósitos da educação escolar de hoje, trazendo para o centro os usuários e seus interesses. Assim, as autoras concluem que a luta pela escola do trabalhador rural está diretamente vinculada à luta pela superação das desigualdades sociais. Essa iniciativa demonstra o próprio movimento social vem historicamente atuando na sua construção, tendo em vista que essa nova escola se torna cada vez mais necessária.
	Com foco na discussão sobre a desigualdade entre a educação do campo oferecida hoje pelo Estado e a desejada pelos movimentos sociais. As autoras dizem que: “nesse campo, as políticas sociais são precárias porque os recursos públicos dirigidos a esse projeto e sua reprodução são evidentemente limitados, em função de vivermos numa sociedade que se caracteriza pela exploração do trabalho.” Elas mostram que apesar dos limites colocados no contexto das políticas neoliberais, onde o Estado atua com uma responsabilidade menor ou quase inexistente em relação aos direitos básicos da população, os movimentos sociais têm conseguido alguns avanços importantes em relação à educação do campo, e cita um marco legal que apresenta grande importância que foi atingido com a criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (9394/96). Logo após expõem outra conquista com a aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, em que garante a formação das crianças, jovens e adultos com extensa abertura para a construção dos projetos político-pedagógicos das escolas. As autoras, salientam o desafio latente de fazer com que os movimentos sociais conheçam melhor e se adaptem a esses instrumentos legais para realizar o projeto da escola desejada, impondo os poderes públicos a executar suas propostas. Por fim elas demonstram que é fundamental que o poder público assuma e se responsabilize pela manutenção dos projetos de educação do campo, mostrando também que como a falta de terra é um impedimento para a construção da Agroecologia, o analfabetismo compromete o desenvolvimento da educação agroecológica. 
	Um dos desafios presentes, que as autoras evidenciam, é fazer educação do campo com os educadores que vêm da cidade, que se formam na cidade e que têm que construir uma nova identidade. Isso significa valorizar o que tem na terra, reconhecendo o valor do campo em si e não o valor do campo para a cidade. As autoras mostram que seguindo a trilha proposta por Paulo Freire (1975), temos que trazer à tona o problema da comunicação entre duas lógicas que se negam. Mostram ainda que a educação camponesa não precisa ter características específicas.
	No fim desde artigo as autoras conseguiram concluir que é fundamental considerar no conjunto dos saberes historicamente produzidos, aqueles gerados pelos atores sociais em suas vivências produtivas e políticas, considerando esta as especificidades que surgem em virtude das diversas condições de vida e de trabalho. Nesse mesmo ponto de vista, as reflexões sobre as práticas educativas têm destacado a importância de se analisar os condicionantes estruturais e conjunturais que produzem e reproduzem as ações educativas. Complementam a conclusão quando apresentam que as escolas do campo precisam ser um espaço de destaque na continuidade da formação de trabalhadores e trabalhadoras rurais e não mais um local à parte, que não mantém relação com a vida, com o trabalho e com a luta dessas populações.
	Considero que as autoras apresentaram argumentos e conceitos que ajudaram na compreensão dos tópicos referidos ao longo do artigo, ressaltando a importância e a relação da educação do campo e a agroecologia, tema que talvez não é conhecido por muitos. Relatando a necessidade da educação no campo, e a problemática de quem ensina, em que elas ainda demonstram a ligação da educação com os movimentos sociais. Assim, o artigo mostra a importância do quanto é necessário que a população conhece os termos apresentados de forma mais aprofundada, e que seja dada uma importância maior a aos trabalhadores rurais.
	Ribeiro, Ferreira e Noronha permitem perceber que o objetivo do artigo é apresentar através de experiências que tiveram, sobre a temática, educação do campo e agroecologia. Apresentando de forma sucinta as considerações que tiveram, e, a evolução histórica desta. Escrito de modo claro e objetivo, dando oportunidade aos leitores de entender as intenções dos autores. O artigo traz a oportunidade de conhecimento de uma área pouco pesquisada e de pouco interesse, oferendo os leitores depois da leitura o artigo pode despertar ao leitor curiosidade sobre o tema, a partir daí ter mais interesse e quem sabe assim surgir mais pesquisas sobre a área, deixando de ser uma área de pouco interesse, fazendo assim eles terem mais forças para lutar a favor das suas questões políticas.

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