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Contrato de Empréstimo

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Contrato de Empréstimo: Mútuo e Comodato
1. INTRODUÇÃO
O vocábulo empréstimo, usado comumente na linguagem coloquial, não guarda relação com o sentido jurídico, uma vez que naquele não se distingue o objeto ou a forma de restituição, sendo, portanto, comum utilizar do mesmo vocábulo para diversas situações como emprestar um carro, emprestar dinheiro entre outras.
Nesse sentido, expõe Manuel Ignácio Carvalho de Mendonça que:
O vocábulo vulgar empréstimo não tem em direito a mesma significação técnica. No primeiro sentido, ele exprime a entrega de um objeto a alguém, que assume a obrigação implícita de o restituir, em um prazo mais ou menos determinado. Não se trata, porém, de distinguir a natureza do objeto, nem a forma da restituição. Assim, tanto se diz: emprestar um cavalo, ou emprestar dinheiro, como emprestar um prédio. O direito, ao contrário, partindo da forma por que deve ser feita a restituição, considera o empréstimo sob dois pontos de vista e o ramifica em dois institutos que são, na verdade, inconfundíveis: o mútuo e o comodato.
Conforme visto, diferentemente do sentido coloquial ou vulgar do vocábulo empréstimo, o direito, em contrapartida, faz uma análise sob dois pontos de vista, subdividindo-o em dois institutos que não se confundem, o mútuo e o comodato.
Dessa forma, serão analisadas primeiramente as diferenças entre esses dois institutos jurídicos, com base no doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, expondo aquilo que os diferencia entre si, e posteriormente será exposto cada instituto individualmente, abordando seu conceito, características, prazo, partes, objeto, sua extinção entre outros.
2. DIFERENÇAS ENTRE COMODATO E MÚTUO
Em se tratando das diferenças entre comodato e mútuo, o ilustre doutrinador Carlos Roberto Gonçalves aponta três distinções de fundamental importância para compreensão do tema.
Primeiramente, o comodato é empréstimo apenas para uso, enquanto que o mútuo é para consumo. Exemplificando, há operadoras telefônicas que oferecem em comodato ao consumidor, quando este adquire um plano de internet banda larga, o modem de acesso à internet, devendo este objeto, em tese, ser devolvido à operadora telefônica contratada, na mextinção do contrato. Em relação ao mútuo, trata-se de empréstimo de coisa fungível (coisa possível de dano/estrago), devendo ser restituído ao mutuante (quem emprestou) coisa de mesmo gênero, grau e quantidade, a exemplo, o empré nstimo de uma saca de café.
A segunda distinção é que, no comodato, a restituição será a da própria coisa emprestada, ao passo que no mútuo será de uma coisa equivalente, consoante se demonstrou nos exemplos retro transcritos.
Por fim, o comodato é essencialmente gratuito, enquanto o mútuo tem, na compreensão moderna, em regra, caráter oneroso (dinheiro). Embora possa ser gratuito, raramente se vê, na prática, as pessoas emprestarem coisas fungíveis, máxime dinheiro, sem o correspondente pagamento de juros.
3. COMODATO
Em se tratando do comodato propriamente dito, o Código Civil em seu artigo 579 estabelece que: “O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição/entrega do objeto ”.
Numa perspectiva doutrinária, Pablo Stolze Gagliano conceitua o comodato como: “um negócio jurídico unilateral e gratuito, por meio do qual uma das partes (comodante) transfere à outra (comodatário) a posse de um determinado bem, móvel ou imóvel, com a obrigação de o restituir”.
O contrato de comodato tem como característica a gratuidade, porque decorre de sua própria natureza, pois se assim não fosse, confundiria com a locação. Exemplificando, um sujeito que possui um imóvel na praia o empresta gratuitamente a seu amigo para que este possa gozar suas férias. Trata-se, portanto, de um contrato de comodato, pois se este empréstimo fosse oneroso, estaria referindo-se a um contrato de locação e não de comodato.
Outra característica é a infungibilidade do objeto, pois implica a restituição da mesma coisa recebida como empréstimo, a exemplo do modem para acesso a internet banda larga, mencionado anteriormente. Sendo assim, se o objeto fosse fungível ou consumível haveria mútuo e não comodato.
Ainda, existe a necessidade da tradição para seu aperfeiçoamento, o que torna um contrato real. É também unilateral, gerando obrigações somente para o comodatário. Este, de acordo com o artigo 582 do Código Civil, tem o dever de conservar a coisa, usar de forma adequada e restitui-la no prazo convencionado, ou, não sendo este prazo determinado, findo o necessário ao uso concedido.
Extingue-se assim o comodato pelo advento do termo convencionado, ou pela utilização da coisa de acordo com a finalidade para que foi emprestada, como no exemplo do sujeito que empresta a casa de praia, findando-se o prazo no termino das férias do amigo.
Extingue-se também pela resolução, em caso de descumprimento, pelo comodatário, de suas obrigações. Por sentença, a pedido do comodante, provada a necessidade prevista e urgente. E por fim, pela morte do comodatário, se o contrato foi celebrado intuitu personae.
Extingue-se por:
1. Resolução, caso de descumprimento da obrigação
2. Sentença, a pedido do comodante
3. Pela morte do comodatário
4. MÚTUO
Conforme reza o artigo 586 do Código Civil, “mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade ”.
Conceitua o tema Pablo Stolze Gagliano afirmando que,	
Conceitualmente, o mútuo consiste em um “empréstimo de consumo”, ou seja, trata-se de um negócio jurídico unilateral, por meio do qual o mutuante transfere a propriedade de um objeto móvel fungível ao mutuário, que se obriga à devolução, em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Destarte, o contrato de mútuo constitui empréstimo para consumo, pois o mutuário não é obrigado a devolver o mesmo bem, como ocorre no comodato, mas sim coisa da mesma espécie.
Abordando suas características, o mútuo é empréstimo de consumo enquanto que o comodato é de uso. Desta forma, desobrigando-se o mutuário ao restituir coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade
Importante destacar que o contrato de mútuo acarreta a transferência do domínio, o que não ocorre no comodato, permitindo a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir a coisa a terceiro.
O contrato de mútuo é real, aperfeiçoando-se com a entrega da coisa emprestada. É unilateral, pois quando entregue a coisa as obrigações recaem somente sobre o mutuário.
Em que pese ser tratado no Código Civil como contrato gratuito, existe a figura do mútuo feneratício, onde ocorre o empréstimo de dinheiro com estipulação de juros, sendo, portanto, um contrato oneroso.
Por fim, trata-se de um contrato temporário, pois se perpétuo fosse, estaria a se falar de doação e não de mútuo.
Daniel Oliveira Silva*
REFERÊNCIAS
* Bacharel em Teologia - Faculdade Teológica Batista do Paraná; Licenciado em Pedagogia - Universidade Castelo branco; Bacharel em Direito - Unicuritiba (graduando); Pós-Graduado em Filosofia - Estácio de Sá.
MENDONÇA, Manuel Ignácio Carvalho de. Contratos no Direito Civil Brasileiro, 4. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1957. P. 99-100
GONÇALVES, Carlos Roberto; LENZA, Pedro - Coordenador. Direito Civil Esquematizado, v. 2, – 2. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 141.
Disponível em: acesso em: 29/05/15 as 19:25.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 4: tomo II: contratos em espécie - 7. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014. P. 248.
GONÇALVES, Carlos Roberto; LENZA, Pedro - Coordenador. Direito Civil Esquematizado, v. 2, – 2. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 148.
Disponível em: acesso em: 30/05/15 as 20:31.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 4: tomo II: contratos em espécie - 7. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014. P. 261. GONÇALVES, Carlos Roberto;
LENZA, Pedro - Coordenador. DireitoCivil Esquematizado, v. 2, – 2. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 155.

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