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07 Aquisição da Posse

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CESED No.7
FACISA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Direito Civil V
PROFESSOR: Mário Vinícius Carneiro
Aquisição da posse 
	De modo genérico, podemos dizer que a posse estará constituída sempre que apresentar situação fática, composta de corpus e animus, a qual gera a relação entre possuidor e não-possuidor. 
Modos de aquisição de posse
	A posse se constitui de dos modos: originário ou derivado.
	
 	Por modo originário entende-se quando a posse não for transmitida de um possuidor a outro. Os modos originários de constituição são a apreensão da coisa e o exercício do direito.
	Configura-se a apreensão da coisa quando o possuidor passa a agir com aparência e vontade de dono. Por exemplo: José apanha uma concha na praia, tornando-se o seu possuidor e se proprietário. Outra situação: Febrônio furtou um objeto. Cessando a clandestinidade, será o seu possuidor, mas não o seu proprietário. Assim, concluímos que tanto a ocupação quanto o furto são formas de apreensão. 
	A apreensão também se verifica sem que ocorra um ato físico. Por exemplo, se um animal cai na armadilha de um caçador, este passa a ser o seu possuidor; ou, também o caso de uma vaca que dá à luz um bezerro: o seu proprietário será seu possuidor, ainda que o nascimento tivesse ocorrido no pasto, a quilômetros de distância. 
	A posse se constitui de forma originária também pelo exercício do direito, quando este for seu objeto. Como exemplo clássico, temos o direito de servidão, desde que aparente e contínuo. Por servidão entende-se o direito real que se constitui sobre imóvel alheio, como, por exemplo, a servidão de passagem de fios elétricos. A posse de um direito se constitui, portanto, por seu exercício. No momento em que conduzir os fios pelo terreno vizinho, usufruindo da eletricidade por eles levada, alguém será possuidor da servidão. 
	Por outro lado, a constituição da posse será derivada quando se operar pela transmissão da situação possessória de uma pessoa a outra. Assim, haverá sempre antigo e novo possuidor, onde o primeiro transmite a posse ao segundo. É o que acontece na tradição, constituto possessório e na sucessão hereditária.
 
	A tradição (entrega da coisa) pode ser: 
Real: a coisa passa da mão do antigo para a mão do novo possuidor. 
Simbólica: representada por um ato, como a entrega das chaves. 
Fictícia: se ocorrer apenas abstratamente, como no caso de o adquirente já ser locatário do bem. 
 	Já o constituto possessório é o ato pelo qual aquele que possuía em seu nome passa a possuir em nome de outrem. Como exemplo, podemos demonstrar o seguinte: José é possuidor de um imóvel e o vende para João. Contudo, continua na posse do mesmo, agora como locatário. Para evitar duas tradições desnecessárias, inclui-se no contrato de compra e venda a cláusula da posse constituída. A mesma cláusula pode estar presente em qualquer contrato de alienação, como troca ou doação de bens móveis ou imóveis. 
	O terceiro modo derivado de constituição de posse é a sucessão. Isto ocorre quando uma pessoa substituir a outra em relação ou situação jurídica. Ela apresenta várias espécies. Vejamos: 
Quanto à causa, a sucessão pode ser:
Sucessão inter vivos: é a que se opera durante a vida do sucessor e do sucedido.
Sucessão causa mortis: é aquela que se realiza entre o morto e seus herdeiros e legatários. 
Quanto ao objeto, a sucessão se apresenta como: 
A título singular: ocorre quando o sucessor substitui seu antecessor na titularidade de um ou mais bens ou direitos determinados. 
A título universal: acontece quando o sucessor substituir seu antecessor na titularidade de conjunto de bens e direitos indeterminados. 
Exemplificando, para ambos os casos: 
	 “José morreu e deixou o seguinte testamento: “Deixo o meu patrimônio para os meus filhos, exceto a casa sito à rua X, nº. 100, que lego ao meu sobrinho Igor”“. 	
	 Os filhos de José serão sucessores a título universal. Igor, por sua vez, será sucessor a título singular. 	
 	A sucessão inter vivos também pode ser tanto a título universal como singular. Se alguém doa todo seu patrimônio a uma pessoa, reservando para si o usufruto de alguns bens para o seu sustento, terá havido sucessão inter vivos a título universal. A compra de um carro, porém, ocorrerá sucessão inter vivos a título singular.
	Na sucessão causa mortis, tanto a título universal como a título singular, a posse se transmite com todos os seus defeitos e vantagens. Se a posse do morto era precária e de má-fé, precária e de má-fé será a posse dos sucessores. 
	
 Quando ocorre sucessão inter vivos, a posse se constitui para o sucessor ou pela apreensão, ou pela tradição, ou pelo constituto possessório. Vejamos três exemplos que ilustram tal princípio: 
José invadiu e ocupou um terreno, desocupando-o posteriormente, sendo ocupado por João. (aquisição da posse por apreensão)
José compra um livro a João (aquisição da posse por tradição)
José vende uma casa a João mas continua a possuí-la como locatário. (aquisição de posse mediante constituto possessório) 
 	
 	Se a sucessão inter vivos for a título universal, haverá verdadeira sucessão na posse. Ao contrário, se a sucessão inter vivos for a título singular, não haverá sucessio possessiones. Poderá haver, no mínimo, acessio possessiones, ou seja, acessão da posse. O sucessor tem a opção de começar posse nova, podendo ou não adicionar à sua posse a de seu antecessor. 
BIBLIOGRAFIA: 
FIÚZA, César. Direito civil: curso completo. 8ª
 edição. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil: direitos reais e direitos intelectuais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 
MONTEIRO. Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. 	
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. São Paulo; Atlas, 2003.

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