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Hepatites Virais: Sintomas e Cuidados

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HEPATITES VIRAIS 
Paciente de 25 anos, masculino, refere quadro de febre, cansaço muscular, inapetência há 10 duas, urina 
escurecida e fezes claras há 3 dias, os olhos ficaram amarelos e desde ontem apresenta pele também 
amarelada. Refere ser casado, tem 1 filho de 2 anos. 
DX: Síndrome viral causando colestase: Hepatite viral 
Todos os vírus hepatotrópicos podem causar quadro agudo 
Hepatite B e Hepatite C (maioria dos casos assintomáticos). 
Transmissão Hepatite A: fecal-oral (recomendações: higiene adequada, lavar as mãos após ida ao banheiro, 
verificar condições sanitárias). Mais comum em crianças – intimamente relacionado ao mau hábito 
higiênico. Adquire imunidade! 
Causas frequentes de hepatite aguda em adultos: 
1. Transmissão via sexual Hepatite B (perfil HbsAg + AntiHbc IgM +) ou pode ser uma agudização de um 
quadro contraído na infância. 
2. Vírus hepatotrópicos que com uma certa frequência causam infecções deste tipo: EBV e CMV. 
3. Possibilidade remota Hepatite C 
4. Hepatite A ou E 
Cuidados básicos no geral do quadro agudo: higiene, não compartilhar talheres, copos, toalhas, uso de 
preservativos. 
Divide-se em aguda e crônica 
HEPATITE AGUDA 
- Febre, icterícia de pele e escleras (maioria não tem), náuseas, vômitos, fezes esbranquiçadas 
(acolia), urina escura (colúria). 
- NO CASO DAS HEPATITES QUE PODEM CRONIFICAR, AS FORMAS SINTOMÁTICAS TÊM MAIOR CHANCE DE 
CURA!! 
- Só quadro agudo: A, E, Mononucleose (EBV) e CMV – não cronificam 
- Quadro agudo/crônico: B, C, e D, sendo que as B/C são as que causam mais sintomas agudos 
- Em pacientes jovens, as mais prevalentes são os quadros de Hepatite A e Mononucleose. 
HEPATITE CRÔNICA 
- Varia desde assintomática até sintomas inespecíficos (fraqueza, dor abdominal, reumatismos), com 
manifestações mais graves a cirrose e câncer de fígado. 
Fatores de transmissão 
Hepatite B,C e D: sangue (principalmente Hepatite C), relações sexuais desprotegidas, perinatal (Hepatite 
C risco 6%). 
Hepatite A e E: alimentos contaminados com fezes de pessoas doentes, água contaminada com fezes de 
pessoas doentes, fômites contaminados. 
Hepatite aguda – Condutas 
Identificação agente etiologio 
Investigação contactantes 
Medidas preventivas quando a transmissão 
Avaliação da gravidade 
*Lançar mão das medicações para tratamento Hepatite B reduz chances de cura espontânea – maior 
chance de cronificar. Usar nos casos graves para evitar perda do fígado. 
Sinais de gravidade: insuficiência hepática, encefalopatia hepática (sinais neurológicos), coagulopatia: 
chamada de Hepatite fulminante. Óbito por encefalopatia ou infecções secundárias. 
Avaliação da função hepática 
Principais parâmetros: TAP e Bilirrubina 
Atividade pró-trombina < 50% do que o normal indica curso desfavorável 
Aumento persistente e acima de 20 indica uma evolução desfavorável. 
Albumina: demora um pouco mais para se elevar em quadros agudos. 
HEPATITE C 
- Principal causa de transplante hepático no mundo. 
- Transmissão via sexual e perinatal baixas, via sanguínea alta (carga viral muito alta nos portadores). 
- Não existe vacina. 
Evolução Hepatite C aguda 
15% cura espontânea 
60% evolui com doença progressiva: risco cirrose ou hepatocarcinoma. 
Hepatite C aguda sintomática (ictérica): maior parte evolui para a cura (quanto maior o processo 
inflamatório, maior a chance). Acompanha PCR até o 6º mês e depois considera que houve cura. 
Paciente de 30 anos, feminina foi realizar doação de sangue realizando sorologia para HCV que foi 
positiva. PCR igualmente positivo. 
Dx.: probabilidade de ser Hepatite C crônica é muito maior. 
Confirmação foi feita por PCR pelos 15% de cura espontânea. PCR usa transcriptase reversa e transforma 
vírus RNA em DNA para então avaliar. Quando positiva indica que existe material genético do vírus, 
siginificando que o vírus está presente no organismo do paciente. 
Sintomas 
A maioria dos casos oligo ou assintomáticos até fases mais avançadas 
Sintomas são mistura de sinais inespecíficos (manifestações reumatológicas, manifestações digestivas, 
manifestações cutâneas, sintomas gerais), insuficiência hepática, colestase e hipertensão portal. 
**Sintomas reumatológicos: nas pequenas articulações de pés e mãos, simétrico, semelhante a AR. 
Patogenia Hepatite C 
Patogêneses imunomediada, ocorrendo destruição dos hepatócitos e fibrose, levando a cirrose hepática 
Após a ocorrência da cirrose, pode haver hepatocarcinma 
Não se integra ao genoma do hepatócito (torna uma doença mais tratável – taxa de cura > 95%). 
- Hepatite C: risco aumentado de evolução da cirrose hepática para o câncer de fígado. 
- Hepatite B: mesmo sem cirrose, pode evoluir para câncer de fígado. 
- Cirrose: risco de até 6% por ano de evolução para câncer (importância da monitorização). 
Paciente com 50 anos, masculino, alcoolista, apresenta lesões de pele em mãos, pés e orelhas com 
característica vesicular. Trabalha como pedreiro. Realizou teste de HCV que foi positivo. Porfiria Cutânea 
Tarda (acúmulo de porfirinas por exposição ao sol e irritação da pele, bolhas e cicatrizes hipocrômicas, no 
dorso das mãos e pés, face, orelha, nariz; a fibrose parece um grão de arroz sob a pele); 
Ocorre por uma deficiência no metabolismo do M em decorrência doença hepática. 
Aparece principalmente quando existe coinfecção Hepatite C + HIV. 
Manifestações extra-hepáticas Hep C 
- Sintomas relacionados a crioglobulinemia: fenômeno de Raynaud (vasoconstrição e redução do fluxo 
sanguíneo excessivos à exposição a temperaturas frias, com cianose de extremidades). 
- Vasculite cutânea de pequenos vasos: neuropatia periférica assimétrica – mononeuropatia (outras 
doenças que cursam com mononeuropatia: doença de Lyme, hanseníase). 
- Glomerulonefrite 
- Tiroidites 
- Psoríase 
- Líquen Plano (se for em mucosas, pode evoluir para câncer). Indicações para tratamento da Hepatite C. 
Tratamento Hepatite C 
Nos quadros agudos: devido ao risco de cronificação, PCR após as primeiras semanas para afastar cura 
espontânea. 
Nos quadros crônicos: devido ao dano hepático (redução do risco de cirrose e hepatocarcinoma, necessário 
conhecer o risco) e devido as manifestações extra-hepáticas. 
Atualmente trata-se grau de lesão hepática avançado: pacientes clinicamente cirróticos, scores clínicos 
(APRI e FIB4), biópsia e elastografia OU manifestações extra-hepáticas. 
*APRI: valor da TGO/ TGO normal dividido pela contagem de plaquetas x 100. > 1,5 : grau avançado 
Quanto maior o grau de fibrose maior vai ser TGO e menor plaquetas 
**FIB4: idade (anos) x TGO dividido pela contagem de plaquetas x TGP. > 3,5: grau avançado 
Valores 
Biópsia – Fibrose (Metavir > = F3) 
Elastografia > ou = 9,5 KPa 
Indicações de tratamento da Hepatite C 
 Coinfecção com HIV, independentemente do grau de fibrose hepática 
Manifestações extra-hepáticas com acometimento neurológico motor incapacitante, porfiria cutânea, 
liquen plano com envolvimento de mucosa 
Crioglobulinemia com manifestação em órgão-alvo (olhos, pulmão, sistema nervoso periférico e central), 
glomerulonefrite, vasculites e poliarterite nodosa; 
Sinais clinicos ou evidencias ecográficas sugestivas de cirrose hepática (varizes de esôfago, ascite, 
alterações da morfologia hepática compatíveis com cirrose) 
Insuficiência hepática e ausência de carcinoma hepatocelular indepentemente da necessidade de 
transplante hepático 
IRC 
PTI 
Tratamentos recomendados 
Genótipo I: 
Sofosbuvir1 + declatasvir2 por 12 semanas 
Sofosbuvir + simeprevir3 por 12 semanas 
Taxa de cura > 90% 
Genótipo II 
Sofosbuvir + ribavirina4 por 12 semanas: custo baixo com > 90% cura. 
Melhor genótipo para tratar Hepatite C 
Genótipo III 
Não é susceptível aos inibidores de protease, por isso, menos drogas disponíveis. 
PEG interferon5 + ribavarina + sofosbuvir por 12 semanas: esquema mais eficiente para o tratamentodo 
GIII. 
Sofosbuvir1 + declatasvir2 por 12 semanas. Quando CI ao uso de interferon: cirrose descompensada, 
manifestações reumatologicas graves, insuficiência renal. Resposta inferior ao esquema com Interferon. 
1 – Inibe a polimerase 
2 – Controle da replicação 
3 – Inibidor de protease (montaem final dos vírus) 
4 – Causa transtornos no momento da formação dos vírus 
5 – Imunomoduladores (diminuem replicação viral e estímulo resposta imunológica) 
Orientações gerais 
Contactantes: sorologia, evitar exposição. 
Investigação outras doenças: 
Hepatite B – vacinar se sorologia negativa (Anti-Hbs) 
Hepatite A – vacinar se sorologia negativa (Anti-HVA IgG) 
HIV – se positivo, ainda assim terá que investigar Hepatite C para tratamento 
VDRL

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