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Slides de Aula IV

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Unidade IV 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
Profa. Josefa Alexandrina 
Análise sociológica da educação contemporânea 
Nesta unidade o foco de estudo será: 
 Foucault e Habermas: poder, disciplina e ação comunicativa. 
 A educação na sociedade global. 
 Estudos culturais, pós-colonialismo e educação / 
O multiculturalismo. 
 A questão de gênero / A questão étnica. 
 
 
Objetivos desta unidade 
 Analisar as formas de exercício do poder do ambiente escolar. 
 Refletir sobre o papel da ação comunicativa 
na formulação de identidades reflexivas. 
 Compreender os procedimentos sociológicos que 
possibilitam a construção das conexões entre problemas 
educacionais e o funcionamento geral da sociedade. 
 Compreender o foco das críticas estabelecidas ao 
sistema educacional pelos estudos pós-coloniais. 
Questões centrais 
 Quais os mecanismos de exercício de 
poder existentes no ambiente escolar? 
 Por que a racionalidade e o desenvolvimento tecnológico 
podem conduzir à desagregação social? 
 Como podemos construir um discurso que elimine 
os efeitos do olhar do colonizador enquanto ainda 
estamos sob sua influência? 
Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
 Michel Foucault (1926-1984) foi o filósofo francês que 
publicou, entre outras obras, os livros Vigiar e punir (1975) 
e História da sexualidade (1984). 
 Para Foucault, a sociedade moderna expandiu 
de maneira ilimitada o exercício de uma dominação 
inelutável sobre os indivíduos. 
 O poder é concebido por Foucault como uma rede 
de relações de força que se difunde por todos os 
espaços da sociedade e se manifesta nas práticas 
cotidianas e na vida íntima dos indivíduos. 
Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
 Para Foucault, foi a partir do século XVIII que as disciplinas 
se transformaram em formas de dominação e passaram a 
exercer um controle minucioso das operações do corpo, 
visando a sujeição constante, a utilidade e a obediência. 
Deste modo, a disciplina cria “corpos dóceis” aptos a se 
submeterem à rotina de escritórios, hospitais, organizações 
militares e religiosas e escolas. 
 A distribuição espacial bem-definida é o primeiro 
passo para formar os corpos disciplinados, expostos 
constantemente a sistemas de vigilância. 
O poder disciplinar 
 A fábrica é um espaço organizado de acordo com os 
princípios do poder disciplinar: os vigilantes monitoram 
o ingresso dos trabalhadores; são utilizadas sirenes para 
indicar o início do trabalho. 
 O poder disciplinar dificulta as ações coletivas, colocando os 
indivíduos cada qual em seu espaço específico e impedindo a 
formação de grupos. Procura tornar o controle individualizado 
por meio da vigilância de cada um. 
 A produção de corpos disciplinados requer o exercício da 
vigilância hierárquica, que torna os subordinados visíveis 
para os superiores. 
O poder disciplinar 
 O próprio edifício da escola é concebido como um aparelho 
para vigiar, ao possibilitar a vigilância dos educandos. 
 A organização escolar permite o controle sobre a utilização 
do tempo pelos alunos (ausência, interrupção de tarefas), 
das suas atividades (desatenção, falta de zelo), da maneira 
de ser (grosseria, desobediência) etc. 
 Utiliza sistemas de punição, desde pequenos castigos 
físicos, privações ligeiras e pequenas humilhações. 
 
 
Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
 A obra de Michel Foucault influenciou estudos em diversas 
áreas sociais e no campo da educação se constitui como um 
referencial para se refletir sobre as formas como o poder se 
manifesta na instituição escolar para disciplinar seus agentes. 
 
 
 
Habermas: educação e ação comunicativa 
 Jürgen Habermas (1929-) é considerado um herdeiro da 
Escola de Frankfurt – nome dado ao grupo de pensadores 
alemães do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, 
fundado na década de 1920. Sua produção ficou conhecida 
como teoria crítica. Entre eles destacaram-se Theodor Adorno, 
Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Erich 
Fromm e Jürgen Habermas. 
 Habermas vem desenvolvendo uma densa produção filosófica 
que visa resgatar a importância da relação intersubjetiva entre 
os sujeitos na busca do entendimento pelo diálogo. 
Habermas: educação e ação comunicativa 
 A ação educativa pode prestar a contribuição de socializar as 
novas gerações para a construção de identidades de acordo 
com os padrões éticos de convivência e solidariedade. 
 Habermas recupera o conceito de esclarecimento elaborado 
por Horkheimer e Adorno para designar o processo de 
desencantamento do mundo, que indica o processo de 
secularização da cultura com a eliminação do pensamento 
e das práticas mágicas. O desencantamento do mundo 
significaria a emancipação em relação ao medo da natureza, 
ao desconhecido e ao pensamento mítico. 
Habermas: educação e ação comunicativa 
 Na obra Dialética do esclarecimento (1947), Horkheimer 
e Adorno procuram refletir sobre as razões pelas quais a 
humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente 
humano, caminha cada vez mais para a barbárie. 
 O processo de racionalização e o desenvolvimento 
tecnológico trazem a possibilidade de desagregação 
social, pois não trazem a prosperidade para toda a 
humanidade. A racionalização traz a anulação dos 
indivíduos, que são transformados em meros 
apêndices do sistema capitalista. 
Habermas: educação e ação comunicativa 
 Ao longo do processo de socialização, os seres humanos 
são estimulados ao conformismo com a ordem social, 
que se pretende inexorável, o que nega a possibilidade 
de emancipação. 
 A modernidade é caracterizada como a era do 
individualismo, marcada pela crescente autonomia 
e ausência de vida comunitária e social. 
 O consumismo é a base da vida social, em que a destruição 
e a depreciação planejada dos bens fundamentam o sistema 
econômico do desperdício, que propicia a nova produção. 
Habermas: o agir comunicativo 
 A formação da identidade dos indivíduos deve ser um 
processo social que requer a aprendizagem da competência 
linguística (necessária para a comunicação); competência 
cognitiva (necessária para a busca de conhecimentos 
necessários para a vida social); e da competência para a 
interação, que facilita a ação, a convivência e a participação 
na vida social. 
 O agir comunicativo deve ser orientado pelo acordo 
intersubjetivo e depende da emissão de um discurso 
com pretensão de validade que não vise “influenciar as 
decisões dos outros”; deve ser pautado na argumentação 
e na reflexão sobre valores e objetivos a serem alcançados. 
Interatividade 
A ação comunicativa proposta por Habermas tem como objetivo: 
a) influenciar as decisões dos outros. 
b) exercer o controle sobre os corpos. 
c) impor um saber disciplinador. 
d) aderir acriticamente aos poderes constituídos. 
e) a busca do consenso e soluções dialogadas para os conflitos. 
 
 
A educação no contexto global 
 As formulações teóricas dos pensadores que fundaram a 
Sociologia e os desenvolvimentos temáticos que a estas se 
juntaram ao longo do século XX oferecem hoje um arsenal 
analítico substantivo e positivo, à disposição dos estudiosos 
da educação. 
 Em que medida uma análise de um problema educacional 
qualquer pode ser considerada sociológica? São as conexões 
que a Sociologia é capaz de estabelecer entre os processos e 
instituições educacionais, de um lado, e os processos e 
instituições sociais mais gerais, de outro. 
A educação no contexto global 
 Uma questão central para a Sociologia é identificar 
qual o peso que têm sobre as relações sociais da 
vida cotidiana as estruturas sociais já estabelecidas, 
consolidadase institucionalizadas. 
 Em que medida um determinado fenômeno social, 
como uma reforma do sistema de ensino, é resultante 
do modo atual pelo qual as instituições sociais já 
estabelecidas (o Estado, as igrejas, o mercado etc.) 
estão organizadas ou, por outro lado, é resultante das 
ações inovadoras de sujeitos sociais interessados em 
modificar o funcionamento dessas instituições. 
A educação no contexto global 
 O sociólogo precisa sempre ter um olho voltado para as 
estruturas (aquilo que está estabelecido) e outro olho para 
os processos (aquilo que está em mudança). Permanência e 
mudança são resultantes da tensão que sempre existe entre 
o peso das instituições e a capacidade de ação dos sujeitos, 
pois as práticas destes estarão sempre orientadas para 
manter ou mudar os conteúdos das estruturas. 
 É possível esperar que as classes sociais que se encontram 
em desvantagem econômica empreendam ações visando a 
mudança dessa estrutura, enquanto que as classes em 
vantagem ajam objetivando sua manutenção. 
A educação no contexto global 
 A análise da educação de hoje, sob a perspectiva 
sociológica, demanda que conheçamos o caráter 
da fase atual do capitalismo. 
 Como compreender os debates e conflitos sociais que 
envolvem a educação contemporânea sem levar em conta 
a configuração atual dos conflitos em torno da economia 
e do Estado? 
 A contribuição que a Sociologia pode dar ao estudo dos 
fenômenos educacionais é confrontá-los com os aspectos 
econômico, político e cultural que ocorrem em seu cotidiano. 
A educação no contexto global 
 As análises sobre a educação no contexto global 
indicam que em muitos países os cidadãos têm 
dificuldade de obter acesso à educação. 
 O analfabetismo continua disseminado nos países pobres. 
 Dados da Unesco indicam que em 2004, 
4,4% do PNB global foi investido em educação. 
 Os níveis mais elevados de gastos com a educação 
foram na América do Norte e no Oeste Europeu, com 
5,6% de seu PNB regional. 
A educação no contexto global 
 Os Estados árabes gastaram 4,9% de seu PNB em educação. 
 A África subsaariana gastou 4,5%. 
 A América Latina e o Caribe gastaram 4,4%. 
 A Ásia Central gastou 2,8% 
 Leste da Ásia e do Pacífico gastou 2,8%. 
 A América do Norte e o Oeste Europeu, com apenas 
8% da população mundial, detêm 55% da despesa 
global com educação. 
A crise no sistema educacional 
 No contexto global, o sistema educacional encontra-se 
em crise: taxas de evasão elevadas, perda dos padrões 
de qualidade e disciplina, falta do desenvolvimento de 
habilidades economicamente úteis, resultados fracos 
em exames padronizados –elementos que têm conduzido 
ao declínio da produtividade econômica, ao desemprego, 
à pobreza, à perda da competitividade internacional. 
 A busca da eficiência dos sistemas de ensino tem 
se tornado um discurso relevante socialmente. 
A educação no contexto global 
 A busca por padrões de qualidade mais altos, testes mais 
rigorosos, educação para o emprego e uma relação mais 
próxima entre educação e economia em geral, expressa o 
sistema de competitividade internacional, em que países lutam 
para manter índices de empregabilidade e atrair investimentos. 
 A necessidade de reformar a educação é vista como primordial 
para os neoliberais. As escolas são concebidas como “buracos 
negros” dentro dos quais o dinheiro é jogado e não oferecem 
os resultados esperados. 
A economia do conhecimento 
 Com o avanço rumo a uma economia do conhecimento, a 
educação se tornará ainda mais importante. À medida que as 
oportunidades para trabalhadores braçais não especializados 
diminuírem, o mercado de trabalho exigirá trabalhadores que 
se sintam confortáveis com a nova tecnologia da informação, 
que possam adquirir novas habilidades e que sejam capazes 
de trabalhar de maneira criativa. 
Interatividade 
Qual o papel dos sistemas educacionais 
no contexto de globalização? 
a) Perdem relevância, pois valoriza-se 
cada vez mais o autodidatismo. 
b) Adquirem importância, pois formam a mão de obra 
qualificada para a competição internacional. 
c) São indiferentes, pois a globalização é 
um processo eminentemente produtivo. 
d) São indiferentes, pois o desenvolvimento tecnológico 
conduziu à automação dos sistemas produtivos. 
e) Perdem importância, pois são ineficientes 
para competir no mercado internacional. 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Os estudos culturais se constituíram como área 
transdisciplinar de pesquisa e intervenção política na 
Inglaterra na década de 1960, com a fundação do Centre 
for Contemporary Cultural Studies da Universidade de 
Birmingham. Seus principais pesquisadores foram: Richard 
Hoggart, Raymond Williams, Edward Thompson e Stuart Hall. 
 Nos Estados Unidos surgiram vertentes do pensamento 
pós-colonial sob a influência da obra Orientalismo: o oriente 
como invenção do ocidente, de Edward Said. 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Os estudos culturais e pós-colonialismo partem da hipótese 
de que entre as diferentes culturas existem relações de poder 
e dominação que devem ser questionadas. 
 Parte-se de um questionamento das pretensões de 
universalidade das manifestações culturais europeias, 
assim como a contestação das narrativas e demais 
produções intelectuais eurocêntricas. 
 No Brasil, a dominação cultural se manifestaria na seleção 
de autores utilizados no processo formativo de professores 
e mesmo nos programas de pós-graduação. 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Os estudos culturais desenvolvem uma crítica 
à maneira como o conhecimento é tratado no 
mundo acadêmico e da excessiva subordinação 
deste aos interesses das classes dominantes. 
Questões colocadas pelos estudos culturais no Brasil: 
 Em que medida a educação escolar e os currículos não estão 
comprometidos com a herança colonial, possibilitando assim 
a manutenção do preconceito e da discriminação étnica? 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Em que medida a noção de raça, forjada nos séculos XVIII e 
XIX pelo pensamento europeu, continua influindo na formação 
das identidades de alunos e educadores? 
 Como os materiais didáticos, as narrativas literárias e os 
textos científicos e filosóficos continuam celebrando a 
soberania do sujeito imperial europeu? 
 Como as subjetividades de alunos e educadores de 
diferentes grupos étnicos e raciais são influenciados 
pelos padrões culturais europeus? 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 O estabelecimento de oposições binárias deram 
legitimidade às relações de opressão, dominação 
e exclusão dos povos não europeus. 
 “O pensamento bipolar se define por uma hierarquia 
entre dois polos, ou seja, não concebe a diferença sem 
hierarquização, estabelecendo como polo normativo e 
dominante as religiões cristãs e suas concepções de divino 
e de bem, complementadas por valores que mitificam a luz, 
a brancura, o lado direito, o masculino, como definidores de 
uma ordem que deve ser imposta aos praticantes das demais 
religiões, que representam o caos, a escuridão, a negrura, 
o lado esquerdo, o feminino, enfim, as pessoas sem poder 
nem propriedade” (PILETTI, N.; PRAXEDES, W., 2010). 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Como superar a polarização no modo de raciocinar e admitir 
o diverso, o diferente, o múltiplo, o complexo e o heterogêneo? 
 Para Giroux, pensador educacional radicado nos Estados 
Unidos, o estabelecimento de uma escola democrática 
requer o desenvolvimento de consciências críticas quanto 
aos processos de imposição de culturas e visões de mundo; 
e convivência entre identidades culturais e sociais múltiplas.Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Sob a influência de Habermas, defende-se que a educação 
crítica e democrática requer que as relações entre os agentes 
do espaço escolar devem se pautar pela democracia na 
procura do consenso por meio do diálogo, capacitando 
todos para o exercício da democracia e da participação. 
 Sob a influência de Gramsci, defende-se que os professores 
assumam a postura de “intelectuais transformadores”. 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 Para Giroux, é preciso construir uma ética política de respeito 
às diferenças nas relações sociais dentro e fora da escola, 
sem preconceitos depreciativos, estereótipos negativos 
e discriminação de ninguém. 
 Giroux concebe a escola como local de luta contra a 
hegemonia cultural dos grupos sociais dominantes e como 
local de expressão cultural dos grupos subalternos. 
 
 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
 A educação pós-colonial deve se livrar do eurocentrismo, 
que concebe as culturas das populações de todas as regiões 
do mundo como primitivas, atrasadas, exóticas, ignorantes 
e inferiores. 
 A superação do eurocentrismo na educação requer a criação 
de formas locais de convivência baseadas na autonomia 
das comunidades e escolas e na solidariedade e respeito 
às diferenças. 
Multiculturalismo, identidade e educação 
 As sociedades contemporâneas são heterogêneas, 
formadas por diferentes grupos humanos, interesses 
contrapostos, classes e identidades culturais em conflito. 
Vivemos em sociedades nas quais os diferentes são 
obrigados ao encontro e à convivência. 
 As ideias multiculturalistas discutem como podemos entender 
e até resolver os problemas gerados pela heterogeneidade 
cultural, política, religiosa, étnica, racial, comportamental e 
econômica, já que temos de conviver. 
O multiculturalismo 
 A diversidade de formas culturais do mundo contemporâneo 
convive com a força da homogeneização cultural veiculadas 
pelos meios de comunicação de massa, que dá destaque às 
produções culturais estadunidenses. 
 O multiculturalismo é um fenômeno originário dos países do 
Norte, onde a presença de grupos raciais e étnicos coloca a 
necessidade de ampliar a participação destes grupos diante 
da cultura nacional dominante. 
O multiculturalismo 
 O multiculturalismo não pode ser separado das relações de 
poder que, sobretudo, obrigaram essas diferentes culturas 
raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço. 
 É preciso compreender que a atração que movimenta os 
fluxos migratórios em direção aos países ricos não pode ser 
separada das relações de exploração, que são responsáveis 
pelos profundos desníveis entre as nações do mundo. 
O multiculturalismo 
 O multiculturalismo transfere para o terreno político uma 
compreensão da diversidade cultural, que esteve restrita por 
muitos anos a campos especializados da Antropologia. 
 A Antropologia, como ciência, contribuiu para 
compreendermos que não se pode estabelecer uma 
hierarquia entre as culturas humanas. Portanto, não 
se pode estabelecer nenhum critério pelo qual uma 
determinada cultura seja julgada superior a outra. 
 Deste modo, o multiculturalismo apela para o respeito, 
a tolerância e a convivência pacífica entre as culturas. 
O multiculturalismo 
 Existem diversas concepções de multiculturalismo na 
atualidade, desde grupos que defendem a assimilação de 
minorias, os que defendem a integração como iguais na 
sociedade, entre outros. 
 Estes grupos nos ensinam a reconhecer que existem 
indivíduos e grupos diferentes entre si, mas que possuem 
direitos correlatos, e que a convivência em uma sociedade 
democrática depende da aceitação da ideia de compor uma 
totalidade social heterogênea. 
Multiculturalismo e educação democrática 
 A escola, como espaço público de convivência 
fora da vida privada, íntima e familiar, deve capacitar 
os estudantes a participar do restante da vida social. 
 A escola, como esfera pública, deve capacitar sua 
comunidade a buscar soluções para os problemas 
não só da escola, mas também do bairro, da cidade, 
do Estado e do país. 
Interatividade 
Os estudos culturais dirigem sua crítica para: 
a) a visão de mundo estabelecida no meio escolar 
da superioridade da cultura europeia. 
b) a visão de mundo de que todas as culturas 
humanas possuem seu valor intrínseco. 
c) a visão de mundo de que as culturas humanas 
devem viver segregadas para evitar conflitos. 
d) a visão de mundo de que as diferenças culturais devem ser 
administradas para não incomodar os interesses dominantes. 
e) a visão de mundo de que todos 
são iguais diante do consumo. 
A questão de gênero na educação 
 O emprego da palavra “gênero” inicialmente designava, 
na gramática, o “sexo” dos substantivos. Posteriormente, 
sua definição foi se sofisticando para tornar-se oposição 
ao termo sexo. 
 Enquanto “sexo” designa os aspectos estritamente biológicos 
da identidade sexual, o termo “gênero” refere-se aos aspectos 
socialmente construídos do processo de identificação sexual. 
 No âmbito da educação, a questão de gênero e raça 
passaram a ser vistas como relevantes no processo 
de produção e reprodução das desigualdades sociais. 
 O feminismo vem mostrando, com força cada vez maior, 
que as linhas de poder na sociedade estão estruturadas 
não apenas no capitalismo, mas também no patriarcado. 
A questão de gênero na educação 
 No passado, a educação e o currículo escolar 
se diferenciavam ao longo das linhas de gênero. 
De um modo geral, as meninas aprendiam habilidades 
necessárias para a vida doméstica e os meninos 
aprendiam habilidades necessárias para o trabalho. 
 Até a década de 1970, a questão de gênero não era 
central à sociologia da educação, e as pesquisas sobre 
a experiência das meninas tinha alcance limitado. 
 
A questão de gênero na educação 
 Os sociólogos que trabalhavam em uma perspectiva teórica 
feminista tenderam a considerar que as escolas colocavam 
as meninas sistematicamente em posição de desvantagem 
frente aos meninos. Em 1983, Michelle Stanworth estudou 
as experiências de sala de aula de um grupo de crianças na 
Inglaterra e constatou que as meninas tendiam a ter menos 
atenção dos professores do que os meninos. Ela concluiu 
que este tipo de ensino diferencial enfraquecia a confiança 
das meninas em sua própria capacidade. 
A questão de gênero na educação 
 Embora esta realidade esteja mudando, os livros 
didáticos escolares também ajudam a perpetuar a 
imagem dos gêneros. Até recentemente, era comum 
os livros de história em escolas primárias retratarem 
os meninos com iniciativa e independência, enquanto 
as meninas, quando apareciam, eram mais passivas. 
 Pesquisadores ingleses analisaram como os professores 
induzem as meninas a seguir carreiras menos prestigiosas 
do ponto de vista acadêmico. Todavia, o desempenho escolar 
das meninas em muitos sistemas educacionais ao redor do 
mundo supera o desempenho masculino. 
A questão de gênero na educação 
 Na Inglaterra, desde o começo da década de 1990, o 
desempenho escolar masculino têm sido inferior ao 
feminino. As meninas têm superado os garotos em todas 
as áreas disciplinares (inclusive em ciências e matemática) 
e em todos os níveis do sistema educacional. 
 No Brasil, dados do Censo da Educação do Inep indicam que, 
em 2011, 61,1% dos concluintes dos cursos de graduação no 
Brasil eram do sexo feminino e 38,9% do sexo masculino. 
A questão de gênero na educação 
 O que podemos concluir é que as mulheres tiveram um 
avanço significativo dentro dos sistemas de educação 
nos últimos 40 anos. Em números absolutos, elas superam 
os homens em qualificações obtidas e frequêncianas 
instituições de ensino superior. Porém, ainda ocorrem 
desigualdades significativas quando as mulheres com 
mais formação educacional entram para o mercado de 
trabalho, com os homens mantendo salários maiores e 
mais perspectivas de promoção. 
Etnia e educação 
 Vivemos em uma sociedade multicultural, em que 
convivem inúmeras etnias e já não é mais aceito que 
só os conhecimentos proporcionados pela visão de mundo 
eurocêntrica estejam representados nos currículos escolares. 
 A escola é um espaço público e um direito de todos os 
brasileiros. Embora seja um direito, não basta a presença 
física dos negros na escola para se dizer que são respeitados. 
Os negros formam um contingente de aproximadamente 50% 
da população brasileira que hoje tem acesso à escolarização, 
mas suas origens, história e cultura não são tratadas 
adequadamente nos currículos, nas concepções e 
práticas dos educadores. 
Etnia e educação 
 Nas últimas décadas, a comunidade científica concluiu 
que a classificação dos seres humanos por raças deve 
ser cientificamente desacreditada. 
Veja o que diz a Declaração sobre Raça da Associação 
Norte-Americana de Antropologia, de 1998: 
 “Dado o nosso conhecimento a respeito da capacidade 
de seres humanos normais serem bem-sucedidos e 
funcionarem dentro de qualquer cultura, concluímos que as 
desigualdades atuais entre os chamados grupos raciais não 
são consequências de sua herança biológica, mas produtos 
de circunstâncias sociais históricas e contemporâneas e de 
conjunturas econômicas, educacionais e políticas.” 
Etnia e educação 
 A conceito de “raça” foi abolido nas ciências biológicas. 
Nas ciências sociais, o termo é utilizado para designar 
indivíduos e grupos sociais com base na cor da pele e 
identificar os grupos sociais que foram historicamente 
excluídos pelas suas marcas físicas. 
 Entre os ativistas dos movimentos políticos negros, já se 
convencionou chamar de “racismo à brasileira” a maneira 
preconceituosa e discriminatória de tratamento dispensada 
aos indivíduos classificados como negros nos país. 
 O “racismo à brasileira” concebe como natural a hierarquia 
entre as raças, cada qual ocupando um lugar na pirâmide 
social, com os brancos no topo. 
Etnia e educação 
 Pesquisas educacionais já demonstraram que o 
racismo contra os alunos considerados negros interfere 
no desempenho escolar. Utilizando dados do Ministério 
da Educação, o Sistema de Avaliação da Educação Básica 
(Saeb), pesquisadores do Rio de Janeiro concluíram que 
os alunos negros apresentam desempenho escolar menos 
satisfatório do que os alunos brancos que vivem nas mesmas 
condições sociais. 
 Análises indicam que, por meio do material didático, das aulas 
e das práticas pedagógicas, a escola difunde representações 
erradas, distorcidas e mal-intencionadas sobre os negros. 
Etnia e educação 
 É possível considerar que o racismo e as desigualdades 
socioculturais se refletem no sistema escolar de inúmeras 
maneiras, uma vez que o simples acesso à escola não 
assegura igualdade de resultados, pois muitos alunos 
negros não competem com os demais em igualdade de 
condições: os filhos de pais mais escolarizados são 
favorecidos pela estruturação dos currículos; o nível de 
renda dos negros prejudica a competitividade dos seus 
filhos no sistema escolar; o preconceito e a discriminação 
sofridos pelos alunos negros no cotidiano escolar também 
influenciam no desempenho de maneira negativa. 
Considerações finais 
 A educação foi um dos temas fundadores da Sociologia, 
considerado importante processo de socialização para a 
transmissão dos valores e regras morais da sociedade. 
 Apresentamos as concepções teóricas de alguns sociólogos 
clássicos e contemporâneos a respeito da educação. 
 Examinamos o impacto da globalização 
sobre os sistemas educacionais. 
 Exploramos as relações entre as principais 
divisões sociais – classe, cultura, gênero e etnia. 
Considerações finais 
 As ideias e valores, o mundo da cultura, enfim, o conteúdo 
que ao fim é ensinado nas relações educacionais, são fruto da 
luta cotidiana por interesses econômicos e por poder político. 
 Os grupos e classes dominantes procuram sempre fazer 
com que as ideias e os valores aceitos por todos sejam os 
seus próprios valores e ideias. 
 Portanto, as práticas pedagógicas estão sujeitas ao 
conflito ideológico vigente numa dada sociedade. 
Interatividade 
Podemos concluir que a escola, como instituição social 
voltada para a transmissão da cultura humana: 
a) está imune aos problemas sociais. 
b) limita-se a preparar moralmente os indivíduos 
para enfrentar os conflitos sociais. 
c) reflete os conflitos existentes na sociedade. 
d) distancia-se dos problemas sociais e cria um 
sistema de proteção dos jovens e crianças. 
e) resolve os problemas sociais ao colocar o poder do 
saber a serviço da formação das novas gerações. 
 
 
 
 
 
ATÉ A PRÓXIMA! 
	Slide Number 1
	Análise sociológica da educação contemporânea 
	Objetivos desta unidade
	Questões centrais
	Michel Foucault: poder, disciplina e educação
	Michel Foucault: poder, disciplina e educação
	O poder disciplinar 
	O poder disciplinar
	Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
	Habermas: educação e ação comunicativa
	Habermas: educação e ação comunicativa
	Habermas: educação e ação comunicativa
	Habermas: educação e ação comunicativa
	Habermas: o agir comunicativo
	Interatividade 
	Resposta
	A educação no contexto global
	A educação no contexto global
	A educação no contexto global
	A educação no contexto global
	A educação no contexto global
	A educação no contexto global
	A crise no sistema educacional
	A educação no contexto global
	A economia do conhecimento
	Interatividade
	Resposta
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
	Multiculturalismo, identidade e educação
	O multiculturalismo
	O multiculturalismo
	O multiculturalismo
	O multiculturalismo
	Multiculturalismo e educação democrática
	Interatividade 
	Resposta
	A questão de gênero na educação 
	A questão de gênero na educação
	A questão de gênero na educação
	A questão de gênero na educação
	A questão de gênero na educação
	A questão de gênero na educação
	Etnia e educação
	Etnia e educação
	Etnia e educação 
	Etnia e educação
	Etnia e educação
	Considerações finais 
	Considerações finais 
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