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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Meu nome é Roberta de Fátima Carreira Moreira Padovez. Sou graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) (2006). Mestre e Doutora em Fisioterapia pela UFSCar com pesquisas relacionadas à efetividade do exercício físico em ambiente ocupacional para prevenção da dor musculoesquelética relacionada ao trabalho e temas relacionados à saúde do trabalhador. Atuei como Professora na UFSCar sendo responsável pela disciplina Fisioterapia Preventiva e Ergonomia e Supervisão de estágio na empresa A.W. Faber Castell. Publiquei artigos nacionais e internacionais na área de Ergonomia e Saúde do Trabalhador. Realizei atividades de ensino e pesquisa na área de Saúde do Trabalhador e Ergonomia na Universidade Sagrado Coração (Bauru). Atualmente, continuo a desenvolver atividades de ensino e pesquisa na área. Sou professora colaboradora do curso de especialização em Ergonomia do Senac – Ribeirão Preto e atuo como professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar, auxiliando o desenvolvimento de projetos de pesquisa na área de Fisioterapia Preventiva e Ergonomia E-mail: roberta.carreira@gmail.com Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Roberta de Fátima Carreira Moreira Padovez Batatais Claretiano 2015 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria • Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami de Souza • Wagner Segato dos Santos Videoaula: José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Ergonomia e Ginástica Laboral Versão: fev./2015 Formato: 15x21 cm Páginas: 156 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ................................................................................. 11 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ..................................................................... 14 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 15 5. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 16 UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 19 2.1. DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA ........................................................................ 19 2.2. OS DOMÍNIOS DA ERGONOMIA ................................................................... 22 2.3. HISTÓRIA DA ERGONOMIA........................................................................... 23 2.4. HISTÓRIA DO TRABALHO: TAYLORISMO ....................................................... 28 2.5. CENÁRIO MUNDIAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS ............................................... 29 2.6. ERGONOMIA NO BRASIL .............................................................................. 34 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................... 36 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .............................................................................. 37 5. CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 40 6. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 40 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 41 UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 45 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................... 45 2.1. PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS DA ERGONOMIA .............................................. 46 2.2. ATIVIDADE FÍSICA GERAL .............................................................................. 59 2.3. RISCO DE ACIDENTE ..................................................................................... 64 2.4. CONTEÚDO DO TRABALHO .......................................................................... 67 2.5. RESTRIÇÕES NO TRABALHO ......................................................................... 68 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 77 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................. 78 5. CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 82 6. E-REFERÊNCIA ...................................................................................................... 83 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 83 UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 87 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 87 2.1. DOENÇAS OCUPACIONAIS ............................................................................ 87 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 109 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .............................................................................. 110 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................. 115 6. E-REFERÊNCIAS ....................................................................................................116 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 116 UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 121 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 121 2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E HISTÓRIA DA GINÁSTICA LABORAL ......................... 121 2.2. GINÁSTICA LABORAL: DEFINIÇÕES ............................................................... 124 2.3. OBJETIVOS DOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL .............................. 127 2.4. BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO ...................................................................................................... 129 2.5. ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS DE EXERCÍCIOS ......................................... 135 2.6. PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ....................................................................................................... 137 2.7. APLICAÇÃO PRÁTICA DA GL .......................................................................... 140 2.8. ENTENDENDO UM POUCO MAIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TIPO DE TREINO A SER UTILIZADO NOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL ... 142 2.9. DURAÇÃO, INTENSIDADE E SUPERVISÃO DOS PROGRAMAS DE EXERCÍCIO ..................................................................................................... 144 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 146 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................. 147 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................. 151 6. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 152 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 153 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Introdução à Ergonomia (física e cognitiva). Abordagem e análise ergonômica do trabalho. Introdução a ginástica laboral. Condutas de aplicação da ginásti- ca laboral. Fatores que influenciam no sucesso do programa. L.E.R e D.O.R.T. Principais doenças profissionais. A construção de uma ação ergonômica. Gi- nástica Laboral. Qualidade de vida. Bibliografia Básica ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blucher, 2009, 240 p. LIMA, V. de. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2007, 349 p. MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas. 2. ed. Barueri: Manole, 2008, 216 p. Bibliografia Complementar CAÑETE, I. Humanização: desafio da empresa moderna: a ginástica laboral como um caminho. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001, 239 p. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. [Traduzido do original: Ergonomics for beginners]. Tradução de Itiro lida. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004, 137 p. FIGUEIREDO, F.; MONT ALVÃO, C. Ginástica Laboral e ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005, 191 p. GONÇALVES, A. (Org.). Qualidade de vida e atividade física: explorando teorias e práticas. Roberto Vilarta (Org.). Barueri: Manole, 2004, 287 p. GUERIN, F. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. [Traduzido do original: Comprendre le travail pour transformer-la pratique de 8 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO l’erfonomie]. Tradução de GUERIN, F. (et al); Giliane M. J. Ingratta. São Paulo: Edgard Blucher, 2001, 200 p. LIMA, V. de. Ginástica Laboral: atividade física no ambiente de trabalho. São Paulo: Phorte, 2003, 240 p. LIMA, D. G. Ginástica laboral: custos e orçamento na implantação e implementação de programas com abordagem ergonômica. Jundiaí: Fontoura, 2004, 71 p. MARTINS, C. de O. Ginástica laboral: no Escritório. Jundiaí: Fontoura, 2001, 111 p. OLIVEIRA, J. R. G. de. A prática da ginástica laboral. Rio de Janeiro: Sprint, 2002, 135 p. PRESSI, A. M. S.; CANDOTTI, C. T. Ginástica laboral. Cleonice Silveira Rocha (Colab.). São Leopoldo: Unisinos, 2005, 130 p. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele- cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdos Digitais Integradores" por- que são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referên- cia. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementa- res) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. 9© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Ergonomia e Ginástica Laboral, em que você obterá as informações necessárias para o embasa- mento teórico da sua futura atuação profissional e para as ativi- dades que realizaremos. Na primeira unidade, vamos conhecer as definições de Ergonomia, bem como seus domínios e um pouco da História da Ergonomia, contemplando a história do trabalho a partir do Taylorismo, que surge durante a Revolução Industrial. Além dis- so, essa unidade também abordará o cenário mundial nas últi- mas décadas do ponto de vista da Ergonomia, com as suas duas vertentes, e também a história da Ergonomia no Brasil. Na Unidade 2, você estudará os três principais pressupos- tos da Ergonomia, bem como a importância da análise ergonô- mica do trabalho. Você também conhecerá o protocolo Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que permite realizar uma avalia- ção bem completa do ambiente ocupacional. Esse protocolo é reconhecido nacional e internacionalmente como uma impor- tante ferramenta nessa área. Você estudará e compreenderá to- dos os itens que são considerados no AET. Já na Unidade 3, estudaremos, inicialmente, as doenças musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho. Abordaremos os conceitos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Os- teomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), apresentando as principais doenças que acometem os trabalhadores, bem como os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas de- sordens. Como principais fatores de risco, temos os fatores de 10 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO risco individuais ou pessoais, psicossociais ou organizacionais e físicos ou biomecânicos. Por último, na Unidade 4, estudaremos sobre a Ginástica Laboral, uma das formas de intervenção mais frequentemente utilizadas no ambiente de trabalho a fim de promover melho- ras nas condições de saúde dos trabalhadores e seus benefícios para a saúde e capacidade para o trabalho. Isso porque a ativida- de física contribui potencialmente para promover uma melhora tanto de aspectos de ordem física (força, flexibilidade, condicio- namento cardiovascular) como de ordem psicológica (aumento dos níveis de atenção, redução do estresse), que resultam em melhora das condições gerais de saúde e da qualidade de vida do trabalhador em todos os aspectos. Além disso,a realização de exercício físico no ambiente ocupacional pode ainda contri- buir para a diminuição do número de acidentes de trabalho, bem como para melhora da qualidade do trabalho realizado. Considerando que a maior parte do tempo ativo da popu- lação adulta é gasta no trabalho e o fato de geralmente sobrar muito pouco tempo para a maioria das pessoas se exercitarem, o ambiente ocupacional representa um excelente cenário para a realização de programas de exercício físico e promoção da saúde. Isso porque a prática regular de exercícios, desde que obedecen- do a determinados princípios, produz uma série de adaptações morfofuncionais benéficas ao organismo (em nível cardiovascu- lar, osteomuscular, pulmonar, endócrino e imunológico) que de- termina a melhora da capacidade funcional e laborativa. É importante lembrar que, para a obtenção de bons resul- tados com os programas de prevenção das disfunções muscu- loesqueléticas relacionadas ao trabalho, é necessário envolvi- mento e comprometimento por parte de diferentes profissionais 11© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO dentro da empresa: trabalhadores, supervisores, membros da CIPA, técnicos do serviço de segurança do trabalho, gerentes e diretores. Isso porque, para o tratamento e a prevenção dessas afecções, devem ser considerados tanto os aspectos de ordem médica e terapêutica, como também aqueles que dizem respeito à organização do trabalho na empresa e fatores que envolvem a própria atitude do trabalhador. Contudo, é essencial que se promova a adequação das condições de trabalho. Isso porque, após participar de progra- mas preventivos, o trabalhador precisa retornar à sua atividade laborativa, e, se não forem concebidas as devidas adequações no ambiente físico de trabalho (de modo a minimizar os fatores de risco físicos e biomecânicos), de nada adiantarão os programas voltados para o indivíduo com o objetivo de promover a melhora de sua saúde. Um ambiente de trabalho com condições adversas fará com que a recidiva de dores e outros sintomas relacionados à exposição física sejam uma constante. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Saúde: segundo a Organização Mundial da Saúde, saú- de é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade (WHO, 2014). 2) Biomecânica Ocupacional: a biomecânica utiliza leis da Física e conceitos de Engenharia para descrever mo- 12 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO vimentos realizados por vários segmentos corpóreos e forças que agem sobre essas partes do corpo durante atividades normais de vida diária (CHAFFIN; ANDERS- SON; MARTIN, 2001). 3) Antropometria: é a ciência empírica que tenta definir medidas físicas confiáveis da forma e dimensões de uma pessoa, para comparação antropológica (CHA- FFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2001). 4) Prevenção primária: inclui o conjunto de atividades que visam evitar ou remover a exposição de um indi- víduo ou de uma população a um fator de risco antes que se desenvolva uma patologia (JAMOULLE et al., 2014). 5) Prevenção secundária: tem como finalidade a detec- ção de um problema de saúde em um indivíduo ou população numa fase precoce e, com isso, intervir no seu desenvolvimento e agravamento (JAMOULLE et al., 2014). 6) Prevenção terciária: tem como finalidade reduzir os custos sociais e econômicos dos estados da doença na população por meio da reabilitação e reintegração precoce e da potencialização da capacidade funcional remanescente dos indivíduos (ALMEIDA, 2005). 7) Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): são dispo- sitivos de uso coletivo, destinados a proteger a inte- gridade física dos trabalhadores. Esses equipamentos devem ser usados apenas para a finalidade a que se destina. Os trabalhadores devem responsabilizar-se por sua guarda e conservação, comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para o uso, adquirir 13© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO o tipo adequado à atividade do empregado, treinar o trabalhador sobre seu uso adequado, tornar obrigató- rio seu uso e substituí-lo quando danificado ou extra- viado. Alguns exemplos de EPC são os extintores, lava- -olhos e capelas. (COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS, 2014). 8) Equipamento de Proteção Individual (EPI): são todos os dispositivos de uso individual destinados a proteger a integridade física dos trabalhadores. Deve-se usá-lo apenas para a finalidade a que se destina. Os trabalha- dores devem responsabilizar-se por sua guarda e con- servação, comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para o uso, adquirir o tipo adequado à ati- vidade do empregado, treinar o trabalhador sobre seu uso adequado, tornar obrigatório seu uso e substituí- -lo quando danificado ou extraviado. Alguns exemplos de EPIs são avental ou roupas de proteção, luvas, ócu- los de proteção e máscaras de proteção respiratória (COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS, 2014). 9) Postura: é o arranjo que os segmentos corporais man- têm entre si e no espaço, em determinada posição, de forma a proporcionar conforto, harmonia, economia e sustentação do corpo. A postura prepara o indiví- duo para a realização de um movimento, bem como promove a sustentação durante o movimento em si. (TANAKA, 1997). Outra definição mais simples é que a postura pode ser considerada a configuração do corpo, cabeça, tronco e membros no espaço (KUMAR, 2001). 10) Alterações posturais: são alterações (diminuições ou aumentos) das curvaturas normais da coluna verte- bral (COLNÉ et al., 2008). Elas podem ocorrer devido 14 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO à adoção de más posturas, desequilíbrio muscular, crescimento, entre outros fatores. Alguns exemplos de alterações posturais são: hiperlordose, hipercifose e escoliose. 11) Movimento repetitivo: ainda não temos uma defini- ção definitiva do que seriam os movimentos repetiti- vos, mas alguns estudos consideram que um trabalho altamente repetitivo é aquele que tem um ciclo (tem- po necessário para realizar parte do trabalho sem co- meçar a repetir a atividade) menor que 30 segundos ou que envolvem a repetição de uma única atividade ou movimento por mais de 50% do ciclo de trabalho (COURY, 1995). Um bom exemplo de trabalho repetiti- vo é o de digitação. 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. Eles interagem para possibi- litar o aprendizado do que é Ergonomia, e, a partir disso, pode-se entender a importância da Análise Ergonômica no Trabalho, na identificação das atividades e demandas do trabalho, dos prin- cipais riscos ergonômicos, bem como da prevalência e dos tipos das desordens musculoesqueléticas. A partir disso, e de posse de todas essas informações, o profissional poderá planejar e propor intervenções no ambiente de trabalho, sendo uma delas o programa Ginástica Laboral, que deverá ser pensado levando-se em consideração as demandas e os riscos do ambiente ocupacional. Devemos sempre lembrar em pensar em um conjunto de intervenções e não somente na pro- 15© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO posição de um programa de exercícios físicos, pois os riscos pre- sentes em um ambiente de trabalho são sempre multifatoriais. . Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Ergonomia e Ginástica Laboral. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. M. Da prevenção primordial à prevenção quaternária. Revista portuguesa em saúde pública, Coimbra, v. 23, n. 1, p. 1-6, jan./jun. 2005. COLNÉ, P. et al. Posturalcontrol in obese adolescents assessed by limits of stability and gait initiation. Gait Posture, v. 28, n. 1, p. 164-9, 10 jan. 2008. COURY, H. G. Trabalhando sentado: manual para posturas confortáveis. 2. ed. São Carlos: UFSCar, 1995. 16 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO FRANKEL, V. H.; NORDIN, M. Basic biomechanics of skeletal system. Phyladelphia: Lea and Febiger, 1980. In: CHAFFIN, D. N.; ANDERSSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica Ocupacional. 3. ed. Belo Horizonte: Editora Ergo, 2001. KUMAR, S. Biomechanics in Ergonomics. Londres: Taylor & Francis, 2001. TANAKA, C.; FARAH, E. Anatomia funcional das cadeias musculares. São Paulo: Ícone, 1997. 5. E-REFERÊNCIAS COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS. Universidade Federal de Alfenas. Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e suas utilidades nos laboratórios. Disponível em: <http:// www.unifal-mg.edu.br/riscosquimicos/epis>. Acesso em: 9 jan. 2015. JAMOULLE, M. et al. Working fields and prevention domainsin general practice/family medicine. Disponível em: <http://docpatient.net/mj/prev.html>. Acesso em: 9 jan. 2015. WHO. WHO definition of Health. Disponível em: <http://www.who.int/about/ definition/en/print.html>. Acesso em: 9 jan. 2015. 17 UNIDADE 1 HISTÓRIA DA ERGONOMIA Objetivos • Entender o que é Ergonomia e refletir sobre as suas definições. • Conhecer um pouco da história da Ergonomia e como ela surgiu a partir das demandas do trabalho. • Entender o que é Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional. • Identificar e reconhecer as principais vertentes da Ergonomia, a anglo-sa- xônica e a francofônica. • Entender um pouco da história da Ergonomia no Brasil. Conteúdos • Conceitos e definições em Ergonomia. • Breve histórico da Ergonomia internacional e nacional. • Taylorismo na história do trabalho. • Ergonomia Física (anglo-saxônica) e Ergonomia Cognitiva (francofônica). Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos apresentados no Glossá- rio e sempre retorne a ele quando achar necessário em todas as unidades deste Caderno de Referência de Conteúdo. Isso poderá facilitar sua apren- dizagem e seu desempenho. 18 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2) Pesquise em livros ou na internet o assunto abordado nesta unidade e selecione as informações que considerar interessantes e importantes, disponibilizando-as para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo educativo. 19© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 1. INTRODUÇÃO O estudo da história da Ergonomia é muito importante, pois permite entender a evolução desse tema a partir do cresci- mento de demanda de conhecimento nessa área, bem como de situações reais que surgiam e precisavam de soluções. A história da Ergonomia também nos possibilita compreender pensamen- tos até hoje vigentes, antes divergentes, mas que agora se com- plementam, como a vertente anglo-saxônica e a francofônica. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Caderno de Referência de Conteúdo Ergonomia e Ginás- tica Laboral apresentará a Ergonomia, bem como sua aplicação no ambiente de trabalho, e, por fim, as possíveis intervenções, como a Ginástica Laboral. Assim, daremos início aos nossos es- tudos a partir da definição de ergonomia. Então, vamos às suas definições! 2.1. DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA A palavra “ergonomia” deriva do grego, sendo composta pelos termos “ergon”, que significa “trabalho”, e “nomos”, que significa “regras”. A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar, cujo objetivo prático é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, do tempo de trabalho e do meio ambiente às necessidades do homem. A realização de tais obje- tivos, em nível industrial, propicia a facilitação do trabalho e um melhor rendimento do esforço humano. 20 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA De acordo com a Ergonomics Society da Inglaterra, a Ergo- nomia pode ser definida como o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamentos e ambiente, integrando conhecimentos de Anatomia, Fisiologia e Psicologia para solução de problemas que surgem desse relacionamento. O ergonomista é responsável por aplicar os conhecimentos científicos anterior- mente descritos, visando à otimização da capacidade produtiva e, principalmente, à manutenção da saúde e do bem-estar do trabalhador. Em agosto de 2000, a Associação Internacional de Ergono- mia (Internacional Ergonomics Association – IEA) estabeleceu a seguinte definição para o termo: Ergonomia é a disciplina científica relacionada à compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos a projetos com o objetivo de otimizar o bem-estar do ser humano, bem como o desempenho do sistema como um todo. Em termos nacionais, a Associação Brasileira de Ergonomia adota a seguinte definição: Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando in- tervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. Apesar da variação de definições apresentadas pelas di- ferentes sociedades científicas, tanto em nível nacional como internacional, podemos depreender como ideia central que a Ergonomia é uma ciência cujo objetivo principal é adaptar o trabalho ao homem, considerando suas características (físicas, fisiológicas, psicológicas, sociais, bem como a influência do sexo, 21© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA idade, treinamento e motivação) e respeitando os limites do ser humano. Dessa forma, atua na promoção do bem-estar, saúde e segurança do trabalhador, isto é, fatores diretamente relaciona- dos à qualidade do seu serviço e sua produtividade. Figura 1 Exemplo de adequação de um posto de trabalho típico de setor administrativo. A Ergonomia é uma ciência que visa essencialmente à pre- venção primária de acidentes. Assim, é necessário saber avaliar as condições que produzem riscos para prevenir os danos antes que esses aconteçam. Dessa forma, torna-se essencial a compre- ensão dos mecanismos fisiológicos da lesão em ambiente ocu- pacional e o reconhecimento das eventuais fontes de risco para intervir de forma eficiente sobre eles. 22 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2.2. OS DOMÍNIOS DA ERGONOMIA Tendo em vista a ampla abordagem e o caráter multidisci- plinar da Ergonomia, é função do ergonomista analisar o traba- lho de forma global, contemplando os aspectos físicos, cogniti- vos, sociais e organizacionais relacionados à realização da tarefa. Conforme proposto pela International Ergonomics Asso- ciation (IEA), definem-se os três domínios da Ergonomia: 1) Ergonomia Física: domínio que contempla as caracte- rísticas da anatomia humana, Antropometria, Fisiolo- gia e Biomecânica e sua relação com os aspectos físicos da atividade. Enquadram-se nessa categoria o estudo das posturas no trabalho, o manuseio de materiais, os movimentos repetitivos, os distúrbios musculoesque- léticos relacionados ao trabalho, o projeto de postos de trabalho e os aspectos relacionados à segurança e à saúde do trabalhador. 2) Ergonomia Cognitiva: domínio que inclui a abordagem dos processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio, resposta motora e seus efeitos nas intera- ções entre as pessoas e outros elementos de um siste- ma. O foco dessa abordagem está no estudo da carga mental de trabalho, na tomada de decisões, na inte-ração homem-computador, no estresse ocupacional e nos efeitos do treinamento. 3) Ergonomia Organizacional: domínio que aborda a oti- mização dos sistemas sócio-técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, regras e processos. Entre os focos de atenção dessa abordagem estão incluídos o projeto de trabalho, a programação do trabalho em 23© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA grupo, a organização temporal do trabalho, o proje- to participativo, o trabalho cooperativo, a cultura or- ganizacional, as organizações em rede e a gestão da qualidade. A atuação em Ergonomia pode ser orientada com base em um ou mais dos domínios anteriormente apresentados, de acor- do com o contexto da situação de trabalho em que ele esteja inserido. Em síntese, a prática ergonômica deve resultar na pon- deração entre as condições de trabalho e as necessidades do trabalhador. De acordo com Falzon (2004), a especificidade da Ergonomia baseia-se no equilíbrio entre dois objetivos: um vol- tado para a organização e o ambiente físico que pode ser expres- so em termos de eficiência, produtividade, qualidade e o outro voltado para os indivíduos, ocupando-se de sua segurança, con- forto, facilidade de utilização, saúde e satisfação. O profissional pode tender mais para um desses objetivos do que para outro, mas ninguém pode pretender atuar na prática ignorando esses objetivos. 2.3. HISTÓRIA DA ERGONOMIA A história da Ergonomia começou muito antes do imagina- do. Homens da caverna já adaptavam suas ferramentas para sua sobrevivência, mas só após a Revolução Industrial, no século 18, é que a sociedade e as autoridades começaram a se interessar mais pela saúde do trabalhador. Isso porque o número de aci- dentes de trabalho e as doenças relacionadas ao trabalho cres- ciam assustadoramente. As tarefas a serem executadas pelo tra- balhador eram repetitivas, os ambientes de trabalho insalubres, 24 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA além das jornadas de trabalho extenuantes, com duração de 18 horas por dia para homens e de 14 horas por dia para mulheres e crianças. Os inventos tecnológicos e a produção eram prioriza- dos em detrimento da saúde dos trabalhadores. Os conceitos apresentados se desenvolveram e são resul- tantes das transformações que aconteceram ao longo da história da Ergonomia. Embora esta seja uma ciência formalizada recentemente (1949), com a criação da Ergonomics Research Society na Ingla- terra, seu surgimento remonta à Pré-História. A utilização da matéria-prima disponível para a construção de objetos e o apri- moramento desses de modo a tornar mais fácil e prática a exe- cução de tarefas como a caça, que é um exemplo de aplicação da Ergonomia em tempos remotos. Figura 2 Evolução do homem e da Ergonomia. A palavra “ergonomia” foi criada em 1857, pelo polonês W. Jastrzebowski, que publicou Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho. A adoção oficial do termo ocorreu em 1949, com a fundação da Ergonomic Research Society, na Inglaterra. A partir do século 20, no período Pós-guerra, há uma or- ganização mais sistemática dos profissionais, sendo criadas, em 1959, a Human Factors Society (HFS) e a International Ergono- 25© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA mics Society (IES), nos Estados Unidos, e, em 1963, na França, a Societé d'Ergonomie de Langue Française (SELF). A Ergonomia desenvolveu-se e estabeleceu-se a partir da conjunção de conhecimentos relativos às ciências antigas, como a Engenharia, a Fisiologia e a Psicologia. Figura 3 Ergonomia e suas diversas áreas. A origem desta ciência está associada à Segunda Guerra Mundial, período em que foram desenvolvidos sistemas novos e avançados que potencialmente seriam melhores, mas que não consideravam as características das pessoas que iriam utilizá-los. (ERGONOMICS SOCIETY, 2014). Nesse período, a Força Aérea Real Britânica (Royal Air Force) buscava explicações para o fato de equipamentos extremamente modernos não estarem sendo operados com a eficiência e a eficácia esperadas. Formou-se, as- sim, uma equipe multidisciplinar composta por um engenheiro, 26 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA um psicólogo e um fisiologista. A análise da situação a partir de diferentes pontos de vista foi determinante para a identificação dos problemas e a elaboração de propostas para solucioná-los. (WISNER, 1994). Figura 4 Produção industrial no período pós-guerra. O desenvolvimento da Ergonomia estava, portanto, inseri- do dentro do perfil socioeconômico da época. As indústrias ame- ricanas e europeias do Pós-guerra necessitavam aumentar sua produção dentro de um contexto de escassez de mão de obra qualificada e de matéria-prima. Para atender a essa demanda, os ergonomistas direcionaram seus olhares às questões referentes a: 1) insalubridade; 2) condições de trabalho; 3) dimensionamento dos homens e equipamentos; 27© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 4) adaptação de instrumentos e ferramentas de trabalho; 5) organização do trabalho (considerando variabilidade entre os sujeitos, equipamentos e matéria-prima). Com a evolução dos movimentos sociais reivindicando melhores condições de trabalho e o surgimento dos sindicatos de trabalhadores, cresceram em número as demandas em Er- gonomia que buscavam respostas para problemas relacionados às más condições de trabalho, à organização dos tempos de tra- balho (ritmos e turnos) e à rejeição da fragmentação de tarefas, produto da divisão exacerbada do trabalho que teve origem no final do século 19, com o movimento chamado Taylorismo. O auge desses movimentos ocorre entre os anos de 1960 e 1970. Figura 5 Linha de produção taylorista. 28 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 6 Frederick Winslow Taylor. 2.4. HISTÓRIA DO TRABALHO: TAYLORISMO Revolução Industrial As primeiras fábricas surgidas não tinham nenhuma seme- lhança com a fábrica moderna. Eram sujas, barulhentas, perigo- sas e escuras, e as jornadas de trabalho chegavam a 16 horas diárias, sem férias, em regime de semiescravidão, imposto por empresários autoritários. Estudos mais sistemáticos do trabalho começaram a ser realizados a partir do final do século passado. Nessa época, sur- ge, nos Estados Unidos, o movimento da administração científica que ficou conhecido como taylorismo, elaborado pelo engenhei- ro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1879). Princípios do Taylorismo 1) Encontrar uma melhor maneira: para Taylor, o tra- balho é governado por leis científicas. Descobrir es- sas leis, para realizar o trabalho da melhor maneira, 29© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA é o primeiro passo para a obtenção de uma produção eficiente. 2) Pessoas certas para as tarefas: para Taylor, as pesso- as são diferentes. Assim, elas devem ser selecionadas "cientificamente" para executar determinadas tarefas. 3) Supervisão, recompensa e punição: para Taylor, a su- pervisão era essencial para assegurar que a melhor maneira de executar a tarefa fosse de fato empregada. 4) Sistema de incentivos salariais: Taylor acreditava que, se os trabalhadores entendessem a lógica que funda- mentava o método de trabalho por ele proposto, com um sistema de incentivos salariais por peça, eles o uti- lizariam em benefício próprio. Esse incentivo recom- pensaria os operários que produzissem acima do nível esperado de produção, determinado "cientificamen- te" pela gerência, e penalizaria os operários que não conseguissem atingir esse nível. 2.5. CENÁRIO MUNDIAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS A partir da década de 1980, ocorre uma mudança no foco da atenção dos ergonomistas.Com o objetivo de reduzir a sobre- carga física provocada pelo manuseio de cargas, ocorreu a au- tomação dos sistemas produtivos a partir da qual se acreditava que os principais fatores de risco relacionados ao manuseio de cargas seriam resolvidos. Contudo, tal processo passou a ser fon- te de uma série de problemas relacionados à natureza cognitiva da ação. Assim, ganhou importância a análise dos sistemas au- tomáticos e informatizados com ênfase na natureza cognitiva do trabalho. Isso porque o trabalhador deixou de ser um executor 30 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA direto da atividade, passando a exercer o papel de controlador do processo produtivo. As inovações tecnológicas resultaram na intensificação do trabalho, vinculada, muitas vezes, à execução de tarefas altamente repetitivas, e novos meios de controle so- bre o trabalhador. No final da década de 1990, com o advento do setor de serviços representado pelos call centers, pelas redes de distri- buição e sistemas delivery (MARRAS, 2000), cresce ainda mais a necessidade de atenção conjunta voltada tanto para os aspectos físicos como para os cognitivos, relacionados às atividades de- senvolvidas pelos setores de serviços. Atualmente, a Ergonomia congrega a atuação de dife- rentes profissionais vinculados às questões do trabalho, como médicos, engenheiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, educadores físicos, administradores, sociólogos, entre outros. Além disso, tornou-se um instrumento que embasa ações de sindicatos de trabalhadores, que dá su- porte a organizações patronais e que serve de subsídio durante ações judiciais, contribuindo sempre no sentido de transformar e adequar o trabalho às necessidades e limitações do trabalhador, bem como às demandas para otimização do sistema produtivo. Ergonomia Física e Cognitiva Duas correntes acabaram se desenvolvendo dentro da Er- gonomia: a anglo-saxônica, dos países de língua inglesa, conheci- da como Ergonomia Física, e a Ergonomia francofônica, de países de língua francesa, conhecida como Ergonomia Cognitiva. Essas vertentes não são contraditórias, mas complementares entre si. 31© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Como o próprio nome sugere, a Ergonomia Física apre- senta uma abordagem voltada para o ambiente, para o posto de trabalho, abordando fatores de risco de natureza física, biomecâ- nica. A Ergonomia Cognitiva tem a situação real como pressupos- to-base para verificar os aspectos do trabalho que constituem fatores de risco para o trabalhador (MONTMOLLIN, 1990). Ou seja, enquanto a Ergonomia Física adota o conceito de adapta- ção da máquina ao homem, a Ergonomia Cognitiva desenvolve sua análise visando à adaptação do trabalho ao homem, numa abordagem que enfoca os aspectos psicossociais da organização do trabalho de forma mais ampla. Ambas são contra o conceito vigente de adaptar o homem ao trabalho, como foi objetivo do enfoque da Administração Científica proposta por Taylor (1987) e suas variantes. A Ergonomia Física, a mais antiga, centra-se nos "fatores humanos", sendo também denominada "Human Factors”. Essa corrente orienta a ação ergonômica no sentido da concepção e/ ou transformação de dispositivos técnicos do trabalho como má- quinas, ferramentas, postos de trabalho, programas etc., priori- zando uma Ergonomia baseada nas características antropomé- tricas, fisiológicas, cognitivas do trabalhador, de modo a tornar sua tarefa o menos dispendiosa possível. De acordo com a visão anglo-saxônica, aspectos relacionados às condições de trabalho como absenteísmo, lesão, baixa qualidade e elevados níveis de erro humano são vistos como problemas vinculados ao siste- ma em vez de problemas relativos às pessoas. A solução para tal problema estaria no planejamento de um sistema de traba- lho melhor, e não simplesmente numa melhor administração ou concessão de incentivos aos trabalhadores para torná-los mais motivados. (BRIDGER, 2003). 32 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA De acordo com Bridger (2003), o ser humano é visto como parte do sistema, juntamente com o ambiente e as máquinas utilizadas no processo produtivo, e precisa estar plenamente in- tegrado a este desde o início do processo de desenho e concep- ção do posto. As necessidades do trabalhador como ser humano são vistas como necessidades do sistema e devem ser conside- radas de forma primordial, e não secundária. Essas necessidades podem ser, de forma geral, descritas em função dos seguintes aspectos: 1) Facilidade de uso, garantia segurança do trabalhador e do equipamento. 2) Tarefas compatíveis com o nível de treinamento e limi- tações do trabalhador. 3) Ambiente confortável e apropriado para a execução da tarefa, garantindo o bem-estar dos trabalhadores nas situações de trabalho. 4) Sistema de organização do trabalho que reconheça as necessidades sociais e econômicas dos indivíduos. 33© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 7 Interação entre os membros da equipe de trabalho. A Ergonomia Cognitiva, por sua vez, pode ser denominada Ergonomia da Atividade por ocupar-se da compreensão do tra- balho em situação real. O foco central dessa corrente não está restrito à reformulação do posto e ao desenvolvimento de ferra- mentas de trabalho, mas sim na busca de compreender e atuar sobre a organização do trabalho e no conjunto de fatores que atuam na causa do problema (FERREIRA, 2002). Essa é a Ergo- nomia que atenta a todos os ângulos que definem a situação de trabalho, desde os aspectos físicos como iluminação, tempera- tura etc.; aspectos cognitivos, como a memória, linguagem etc.; e, finalmente, os aspectos psíquicos relacionados aos níveis de conflito no interior da representação consciente ou inconsciente das relações entre o indivíduo e a situação, ou seja, a organiza- ção do trabalho. (WISNER, 1994). 34 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2.6. ERGONOMIA NO BRASIL No Brasil, a Ergonomia surgiu vinculada às áreas de Enge- nharia de Produção e Desenho Industrial. Nesse primeiro mo- mento, sua atuação foi voltada para a aplicação dos conhecimen- tos relacionados às medidas antropométricas, bem como para a produção de normas e padrões para a população brasileira. O segundo momento da Ergonomia no país teve início com a difusão de estudos na área de Psicologia na USP, com Paul Ste- phaneek. Os pesquisadores brasileiros passaram então a fazer contato com pesquisadores europeus, especialmente os france- 35© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA ses. Entre eles, um dos patronos da Ergonomia brasileira: Alain Wisner. Verifica-se a influência da corrente anglo-saxônica (Ergono- mia Física) na fase inicial da Ergonomia brasileira, a qual passou, num segundo momento, a ser também permeada pela aborda- gem cognitiva. Importante lembrar que, conforme afirmado por Iida (2005), essas duas correntes da Ergonomia não são opostas, mas sim complementares. Um marco importante para a história da Ergonomia no Brasil foi a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (ABER- GO), em 1983. Essa associação também é filiada à International Ergonomics Association (IEA) e congrega diversos núcleos da Er- gonomia no País, por meio da divulgação de conhecimentos pro- duzidos na área (a exemplo disso, temos o Congresso Brasileiro de Ergonomia) e da normalização da Ergonomia como categoria profissional. Entre as normas regulamentadoras brasileiras, desenvolvi- das a partir do conhecimento acumulado relacionado à saúde e segurança do trabalhador, dispomos da Norma Regulamenta- dora 17 (NR 17 – Ergonomia, Portaria n.º 3.214, de 8.6.1978 do Ministério doTrabalho, modificada pela Portaria nº 3.751, de 23.11.1990 do Ministério do Trabalho), que é especificamente dedicada à Ergonomia. Essa norma resulta da articulação entre sindicatos e ergonomistas e foi patrocinada pelo Ministério do Trabalho. Isso porque o processo produtivo, tanto em nível na- cional como internacional, desenvolveu-se de modo a contem- plar a produtividade, negligenciando a saúde do trabalhador. Em síntese, pudemos perceber que há tempos temas e questões relacionados à Ergonomia vêm permeando o ambiente de trabalho e que, com o passar dos anos, muito se evoluiu nessa 36 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA área. No entanto, ainda há muito para ser feito a fim de minimi- zar o impacto do trabalho na vida do trabalhador. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. O conteúdo que será abordado é importante para garantir o seu aprendizado nesse tema e aprofundá-lo. No primeiro tex- to indicado, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre as duas vertentes da Ergonomia, a anglo-saxônica e a francofô- nica. Esse material aborda as complementaridades dessas duas vertentes, que objetivam atuar de maneira a adaptar o trabalho ao homem, e também apresenta as divergências dessas duas vertentes. • ALMEIDA, R. G. A ergonomia sob a ótica anglo-saxônica e a ótica francesa. Revista Vértices, Campos dos Goyta- cazes/RJ, v. 13, n. 1, p. 115-126, jan./abr. 2011. Dispo- nível em: <http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/ vertices/article/ viewFile/ 1809-2667.20110007/646>. Acesso em: 09 jan. 2015. Esse segundo conteúdo permitirá que você aprofunde o seu conhecimento sobre o Taylorismo e o seu criador, Frederick Winslow Taylor. O Taylorismo foi um marco na história mundial e também na Ergonomia. • Da organização científica à Ergonomia: a contribuição de Frederick Wisnslow Taylor. In: SILVA, J. C. P.; PASCHO- ARELLI, L. C. [Orgs.]. A evolução histórica da Ergonomia no mundo e seus pioneiros [on-line]. São Paulo: Editora 37© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 103 p. Dis- ponível em: <http://books.scielo.org>. Acesso em: 09 jan. 2015. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu conhecimento sobre o tema estudado. Se você encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para eliminar essas dúvidas. 1) De acordo com as definições de Ergonomia, qual das afirmações a seguir está incorreta? a) Ergonomia é a ciência que estuda as adaptações do homem ao trabalho. b) A Ergonomia visa à prevenção primária de acidentes. c) A Ergonomia tem como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano. d) Ergonomia é a disciplina científica relacionada à compreensão das in- terações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. 2) Qual a origem da palavra Ergonomia? a) Francesa. b) Norte-americana. c) Grega. d) Latina. 3) Qual o significado da palavra Ergonomia? a) Saúde no trabalho. b) Regras de trabalho. c) Organização no trabalho. d) Análise do trabalho. 38 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 4) A Ergonomia visa essencialmente a qual nível de atenção? a) Atenção primária. b) Atenção secundária. c) Prevenção terciária. d) Prevenção primária. 5) Quais são os domínios da Ergonomia? a) Psicossocial, Físico e Cognitivo. b) Físico, Cognitivo e Organizacional. c) Ambiental, Cognitivo e Organizacional. d) Mental, Cognitivo e Físico. 6) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Física? a) Manuseio de materiais. b) Demanda psicossocial. c) Posturas do trabalho. d) Movimentos repetitivos. 7) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Cognitiva? a) Carga mental de trabalho. b) Tomada de decisões. c) Ruído do ambiente de trabalho. d) Estresse ocupacional. 8) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Organizacional? a) Iluminação do ambiente de trabalho. b) Programação do trabalho em grupo. c) Projeto participativo. d) Trabalho cooperativo. 9) Quais são as duas vertentes da Ergonomia? a) Física (anglo-saxônica) e Cognitiva (francofônica). 39© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA b) Física (francofônica) e Cognitiva (anglo-saxônica). c) Organizacional (francofônica) e Cognitiva (anglo-saxônica). d) Organizacional (anglo-saxônica) e Cognitiva (francofônica). 10) Quais dos itens a seguir não são princípios do Taylorismo? a) Encontrar uma melhor maneira. b) Pessoas certas para as tarefas. c) Sistemas de pagamentos salariais sem incentivos. d) Supervisão, recompensa e punição. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) a. 2) c. 3) b. 4) d. 5) b. 6) b. 7) c. 8) a. 9) a. 10) c. 40 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da unidade que abordou brevemente a história da Ergonomia. Nela, você conheceu a definição de Ergo- nomia, os seus três tipos e também as duas principais vertentes dessa área. Além disso, estudou sobre o Taylorismo, que foi um importante marco na história da humanidade, principalmente da Ergonomia, e conheceu um pouco sobre a história da Ergonomia no Brasil, assim como as principais instituições nacionais e inter- nacionais que apoiam o desenvolvimento dessa área. Porém, é necessário continuar o seu aprendizado, para a contínua aquisi- ção de conhecimento. Dessa forma, vamos seguir para a próxima unidade. 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Exemplo de adequação de um posto de trabalho típico de setor administrativo. Disponível em: <mmcsaude.com.br>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 2 Evolução do homem e da Ergonomia. Disponível em: <http://neurocirurgia. com/sites/neurocirurgia.com/files/field/image/evolucao-dor-cervical-lombar-costas- por-que.png>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 3 Ergonomia e suas diversas áreas. Disponível em: <slideplayer.com.br>. Acesso em: 09 jan. 2015 Figura 4 Produção industrial no período pós-guerra. Disponível em: <http://3. bp.blogspot.com/-PNPHK5AFlDE/U36OOVPx67I/AAAAAAACNYc/TSOqCefD0Mw/ s1600/fabrica_na_revolu%C3%A7%C3%A3o+industrial.jpg>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 5 Linha de produção taylorista. Disponível em: <http://www.mundoeducacao. com/upload/conteudo/cmontaggiogm.jpg>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 6 Frederick Winslow Taylor. Disponível em: <http://education-portal.com/ cimages/multimages/16/frederick-taylor.jpg>. Acesso em: 27 out. 2014. 41© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 7 Interação entre os membros da equipe de trabalho. Disponível em: <prevenciontumejoropcionii.blogspot.com>. Acesso em: 09 jan. 2015. Sites consultados ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Home page. Disponível em: <www.abergo. org.br>. Acesso em: 09 jan. 2015. ERGONOMICS & HUMAN FACTORS. Home page. Disponível em: <www.ergonomics. org.uk>. Acesso em: 09 jan. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, L. G. Fisioterapia preventiva nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs – A Fisioterapia do Trabalho aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BERTUSSI, L. A. S.; TEJADA, C. A. O. Conceito, estrutura e evolução da Previdência Social no Brasil. Revista Teoria e Evidência Econômica, Passo Fundo, v. 11, n. 20, p. 27-55, 2003. BRASIL. 2000. Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamentoe prevenção de Lesão por Esforço Repetitivo: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. 11 p. BRIDGER, R. S. Introduction to Ergonomics. 2. ed. London: Taylor e Francis, 2003. CODO, W.; ALMEIDA, M. C. G. LER – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção: uma abordagem interdisciplinar. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. DANNIELLOU, F.; LAVILLE, A.; TEIGER, C. Ficção e realidade do trabalho operário. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 17, n. 68, p. 7-13, out./dez. 1989. FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. GRANDJEAN, E. Fitting the task to the man, an ergonomic approach. London: Taylor e Francis, 1982. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia – adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977. 42 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA MONTMOLLIN, M. A. Ergonomia. Lisboa: Instituto Piaget, 1990. PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. São Paulo: Annablume, 1998. WISNER, A. A inteligência no trabalho. Textos selecionados em Ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994. 43 UNIDADE 2 ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Objetivos • Entender os principais pressupostos da Ergonomia. • Compreender o que é e para que serve uma Análise Ergonômica do Traba- lho (AET). • Familiarizar-se com o protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. • Identificar e compreender os itens que compõem o protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. Conteúdos • Principais pressupostos da Ergonomia. • Importância da Análise Ergonômica do Trabalho. • Protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orien- tações a seguir: 1) Leia atentamente todo o material da Unidade 2 e faça anotações de todas as suas dúvidas. Procure solucioná-las por meio do nosso sistema de inte- ratividade ou diretamente com o seu tutor. 2) Leia os materiais complementares disponibilizados no tópico Conteúdo Digital Integrador para que você aprofunde seus conhecimentos teóricos. Procure resolver todas as questões autoavaliativas e, sempre que neces- sário, releia o conteúdo da Unidade. © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 45© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 1, você estudou um pouco sobre a história da Ergonomia, bem como as principais vertentes dessa área. Na Unidade 2, você estudará os três principais pressupostos da Er- gonomia e também entenderá a importância da Análise Ergonô- mica do Trabalho. Você será introduzido ao protocolo da Análi- se Ergonômica do Trabalho, que permite realizar uma avaliação bem completa do ambiente ocupacional. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. O Caderno de Referência de Conteúdo Ergonomia e Ginás- tica Laboral apresentará e discutirá os principais pressupostos da Ergonomia e também a Análise Ergonômica do Trabalho. Para uma atuação eficiente em Ergonomia, é fundamental conhecer os pressupostos que norteiam o agir ergonômico. Após compreender os conceitos que guiam a atuação, estudaremos uma das principais ferramentas utilizadas para avaliação ergo- nômica do posto de trabalho: o protocolo AET (Análise Ergonô- mica do Trabalho). Contudo, é importante destacar que existem outros protocolos destinados a avaliações mais específicas dos variados postos e condições de trabalho. 46 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2.1. PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS DA ERGONOMIA A Ergonomia desenvolveu-se como ciência ao longo dos anos e sua prática é guiada por três princípios básicos: a interdis- ciplinaridade, a análise da situação real de trabalho e a partici- pação dos sujeitos. A seguir, segue análise detalhada de cada um dos fundamentos norteadores da Ergonomia. Interdisciplinaridade A interdisciplinaridade é o princípio que destaca a impor- tância da análise das condições de trabalho sob diferentes pers- pectivas. Pelo estudo das capacidades, limitações e demais ca- racterísticas do ser humano, é possível projetar boas interfaces homem-posto de trabalho, adequando a atividade de trabalho de modo a garantir a qualidade operacional deste projeto. Para que o objetivo final seja alcançado, é necessário que várias dis- ciplinas como Fisiologia, Psicologia, Sociologia, Anatomia e práti- cas profissionais como a Medicina do Trabalho, o Design, a Socio- técnica e as Tecnologias de Estratégia e Organização interajam. Seus conteúdos se orientam para o design, Arquitetura e Enge- nharia, cuja inserção nesses quadrantes é basicamente a mesma. 47© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 1 Interdisciplinaridade da Ergonomia. Fonte: adaptado de Hubault (1992). Em termos mais práticos, a Ergonomia reveste-se de um caráter eminentemente interdisciplinar à medida que sua prática se constitui em parte da arte do engenheiro, expressa por meio de dispositivos técnicos (concepção de ferramentas, máquinas, espaços e dispositivos) que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficácia. Além disso, ela se baseia, essen- cialmente, em conhecimentos científicos relativos ao campo das ciências do homem (Antropometria, Fisiologia, Psicologia, Medi- cina, Linguística, Sociologia), sendo avaliada, principalmente, por critérios pertencentes às Ciências Biológicas e Sociais (Saúde, So- ciologia, Economia, entre outras). Verifica-se, assim, a dificuldade de uma única área do co- nhecimento ser capaz de contemplar todos os âmbitos vincu- lados à demanda do ambiente ocupacional. Assim, é bastante difícil encontrar um profissional com todas as competências ne- cessárias à ação ergonômica. Dessa forma, a atuação na prática 48 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO é realizada em equipe e esta é composta por diferentes profissio- nais, tendo sempre como foco o tipo de atividade em questão. Análise de situações reais Entender o trabalho real, considerando o que acontece na intimidade da produção, e identificar os fatores que mereçam tratamento particular é fundamental para otimizar o processo de produção como um todo, ou seja, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista humano. A situação real de trabalho significa o que é feito e como é feito pelo trabalhador, ou seja, é a combinação entre os objeti- vos e metas determinados pela tarefa e as características pesso- ais do trabalhador, a experiência e o treinamento de que dispõe o indivíduo. Através da análise da atividade, podemos identificar e valorizar a variabilidade das situações de trabalho e a variabili- dade biológica e psicológica dos trabalhadores. Para se compreender da melhor maneira possível a ativi- dade realizada pelo trabalhador, é de fundamental importância analisar a situação de referência, a qual pode mostrar ao ergo- nomista os principais problemas enfrentados pelo trabalhador no seu dia a dia e quais são as estratégias adotadas por ele para solucionar tais problemas e atingir os objetivos finais. A análise da atividade real e dos riscos ergonômicos asso- ciados a ela consiste em coletar dados e informações que per- mitam ao ergonomista planejar e propor as mudanças necessá- rias no ambientede trabalho. A etapa de concepção de soluções ergonômicas varia de acordo com a natureza do problema e da forma como a demanda foi instruída. 49© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO É importante lembrarmos que a implementação das mu- danças ergonômicas representa a fase final de uma intervenção e requer uma análise anterior muito cuidadosa e bem embasada em termos de conhecimentos teóricos. Envolvimento dos sujeitos Um dos critérios mais importantes relacionados ao suces- so da intervenção ergonômica está vinculado à participação dos próprios trabalhadores no processo de identificação de proble- mas, proposição de sugestões e avaliação final das mudanças im- plementadas. A visão dos trabalhadores é uma fonte importante de informações para orientar as hipóteses iniciais e definir o pla- no de trabalho desde a etapa de avaliação e coleta dos dados até a implementação das mudanças e avaliação final da intervenção. A participação dos trabalhadores no processo da Análise Ergonômica do Trabalho pode se dar em reuniões com os re- presentantes da organização pesquisada. A análise participativa permite a transformação das condições de trabalho por meio do auxílio à detecção de problemas, compreensão destes, sugestão de soluções, bem como validação da análise e das sugestões. A partir dessa esfera de análise, é possível identificar com- petências dos trabalhadores até então desconhecidas e identifi- car situações típicas e características que devem ser consideradas para a elaboração e definição do trabalho futuro. Tais situações características serão confrontadas e comparadas e servirão de base para traçar melhorias do trabalho realizado e facilitar a si- mulação do trabalho futuro. 50 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2. 2. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO A Análise Ergonômica do Trabalho permite identificar e buscar o ajuste das condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador. A identificação dos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas e lesões nos trabalhadores expostos é realizada por meio de protocolos específicos para cada tipo de atividade ocupacional. Ainda estamos longe de compreender completamente os mecanismos envolvidos no desenvolvimento das lesões muscu- loesqueléticas relacionadas ao trabalho e o papel de cada fator de risco nesse desenvolvimento. Além disso, ainda não estão estabelecidos os limites de postura, força e repetitividade capa- zes de desencadear as lesões. Tendo em vista que as doenças ocupacionais são de origem multifatorial, é muito difícil isolar o papel de cada fator no desenvolvimento das lesões. Assim, quan- do pensamos em prevenção de doenças ocupacionais, temos de avaliar o maior número possível de fatores de risco presen- tes no ambiente de trabalho e, a partir dessa avaliação, tentar minimizá-los. O protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho propõe uma avaliação geral do posto de trabalho, tendo por base a des- crição cuidadosa e sistemática das tarefas e levando em conside- ração a opinião dos trabalhadores. A versão em português do protocolo AET foi elaborada pelo grupo Ergo & Ação e SimuCad, da Universidade Federal de São Carlos, e será nossa referência neste capítulo. As imagens utilizadas fazem parte do protocolo original Ergonomic Work Analysis, desenvolvido em Helsinque por pesquisadores do Insti- tuto Finlandês de Saúde Ocupacional. De acordo com o Manual 51© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Análise Ergonômica do Posto de Trabalho, a análise de um posto de trabalho se processa de acordo com os três passos seguintes: 1) O analista define e delimita a tarefa a ser analisada. A análise deve ser baseada na tarefa ou no local do tra- balho. Geralmente, a tarefa é dividida em subtarefas, que são analisadas separadamente. São necessárias análises em separado para cada uma das subtarefas, caso estas sejam muito diferentes. 2) A tarefa deve ser descrita. Para isso, o analista faz uma lista de operações e desenha um esboço do posto de trabalho. 3) O analista apresenta ao operador a descrição das ta- refas e, em conjunto, eles redefinem a lista de tarefas, aproximando-a do trabalho real. O analista classifica os vários fatores em uma escala, ge- ralmente de 1 a 5. O valor 1 é dado quando a situação apresen- ta o menor desvio em relação à condição ótima, ou geralmente aceitável, para as condições e o arranjo espacial do trabalho. Os valores 4 e 5 indicam que a condição de trabalho ou o ambiente pode eventualmente causar danos à saúde dos trabalhadores. Atenção especial deve ser dada ao ambiente e às condições de trabalho. Forma de avaliação As classificações são reunidas em um formulário de avalia- ção e juntas constituem a avaliação global ou o perfil da tarefa em questão. No perfil, o analista pode listar sugestões para me- lhorias baseado nos resultados das análises. As escalas dos itens não são comparativas. Por exemplo, o valor 5 para o item "con- tatos pessoais" não deve ter o mesmo peso em relação ao valor 52 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 5 para o item "ruído", mas, no perfil final, o valor 5 deve chamar atenção especial para o ambiente de trabalho. Relevância da análise Tarefas que requerem habilidades manuais e movimen- tação manual de materiais têm sido o alvo principal da análise, mas esta também pode ser usada em outros tipos de tarefas. Em alguns casos, a relevância de cada item deve ser avaliada cuida- dosamente. Um item pode ser irrelevante para uma dada tare- fa; por exemplo, o item "repetitividade" pode não ser relevante quando se analisa o trabalho de um motorista. A tarefa pode ser diversificada e o conteúdo do trabalho abrangente, de forma que o uso da escala pode não ter sentido. Em alguns casos, a descri- ção verbal é mais adequada. Se o analista decide que a maioria dos itens não é relevante para a análise, ele pode preferir usar análises mais específicas. Julgamento do trabalhador O analista entrevista e anota a avaliação subjetiva do tra- balhador como bom (++), regular (+), ruim (-) e muito ruim (--). Se o julgamento do trabalhador for muito diferente da classifica- ção do analista, a situação de trabalho deve ser analisada mais detalhadamente. Itens abordados pelo protocolo Local de Trabalho • Área de trabalho horizontal 53© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1) Todos os materiais, ferramentas e equipamentos de- vem estar situados na superfície de trabalho, como re- comendado a seguir: 2) Área 1: área usual de trabalho. 3) Área 2: atividades leves, pegar materiais. 4) Área 3: atividades não frequentes, utilizada somente quando a área 2 estiver totalmente preenchida. Figura 2 Área de trabalho horizontal. Os controles devem ser colocados de acordo com o al- cance natural do trabalhador, que é de aproximadamente 65cm para homens e 58 cm para mulheres, medidos a partir de seus ombros. 54 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Altura de trabalho Figura 3 Alturas de trabalho em diferentes tipos de atividades. Nível do cotovelo = altura do cotovelo com o braço em po- sição relaxada. Se o trabalho inclui diferentes necessidades (por exemplo, a manutenção de uma posição com a combinação de diferentes tarefas), a altura de trabalho é determinada pela tarefa de maior demanda. Visão A distância visual deve ser proporcional ao tamanho do ob- jeto de trabalho: um objeto pequeno requer uma distância me- nor e uma superfície de trabalho mais alta. Os objetos que são comparados continuamenteem uma distância visual fixa (menor 55© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO que um metro) devem estar situados a uma mesma distância visual. Figura 4 Altura de trabalho de acordo com a demanda visual. Figura 5 Ângulo de visão. O objeto de maior frequência de observação deve ser cen- tralizado em frente ao trabalhador. O ângulo de visão recomen- dado (medido a partir da linha horizontal da visão) varia entre 15° e 45°, dependendo da postura de trabalho. Espaço para as pernas Durante o trabalho sentado, deve haver espaço suficiente entre a parte de baixo da bancada de trabalho e o assento, para 56 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO permitir o movimento das pernas. O espaço recomendado para as pernas é de 60cm. A profundidade no nível do joelho deve ter no mínimo 45cm e, no nível do piso, 65cm. Durante o trabalho em pé, o espaço para os dedos do pé deve ter no mínimo 15cm de profundidade e de altura. Recomenda-se que o espaço livre atrás do trabalhador seja de, no mínimo, 90cm, desde que os objetos grandes não sejam manuseados. Figura 6 Distâncias recomendados de espaço para as pernas. Assento Um assento usado continuamente deve conter: • altura ajustável; • estofamento permeável; • apoio ajustável para as costas. 57© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 7 Cadeiras para adoção de várias posturas. Assentos usados por diversas pessoas devem ser facilmen- te ajustáveis. A necessidade de cadeiras com rodinhas e apoio para co- luna cervical ou para os braços depende do tipo de trabalho a ser realizado. Para o trabalho em pé, um banco alto ou um apoio lombar deve estar disponível para o uso temporário. Ferramentas manuais O tamanho, o formato, o peso e a textura do material das ferramentas manuais devem permitir uma boa preensão e se- rem fáceis de manusear. O uso de ferramentas manuais não deve requerer força excessiva. Vibrações e ruídos devem ser os meno- res possíveis. 58 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 8 Exemplo de sistema de elevação. Outros equipamentos Outros equipamentos incluem, por exemplo, instalações, componentes, equipamentos de proteção individual, controles e dispositivos de elevação e movimentação, que devem ser avalia- dos de acordo com seu uso. 59© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2.2. ATIVIDADE FÍSICA GERAL A "atividade física geral" é determinada pela duração do trabalho pelos métodos e equipamentos que requerem esforço físico. Esses parâmetros podem estar num patamar ideal, acima ou abaixo dessa referência. A qualidade das atividades físicas ge- rais é determinada pela relação entre a possibilidade de o tra- balhador regular a carga física e a possibilidade dessa carga ser regulada pelo método de produção ou, ainda, pela situação em que o trabalho é feito. Determine, por observação do trabalho, a entrevista com o trabalhador e com a chefia imediata do setor, se a quantidade de atividade física necessária é grande, ótima ou pequena. Grande atividade física é necessária, por exemplo, na agricultura e no trabalho de estivadores. A carga recai sobre os sistemas respira- tório e circulatório. A atividade física pequena pode ser encon- trada no trabalho fragmentado ou de inspeção. 60 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Levantamento de cargas O esforço requerido pelo levantamento é dado pelo peso da carga, pela distância horizontal entre a carga e o corpo e pela altura de elevação. Os valores apresentados na tabela foram estabelecidos para condições adequadas de levantamento. Em outras palavras, a pessoa que realiza a elevação utiliza as duas mãos para conseguir uma boa pega, diretamente em frente ao corpo, em uma superfície não escorregadia. A tarefa será avaliada como mais difícil em relação aos va- lores indicados na tabela. São consideradas condições inadequa- das de elevação aquelas que ocorrem com elevação de peso aci- ma dos ombros e as que ocorrem várias vezes por minuto. Nesse caso, a tarefa será avaliada como mais difícil do que os valores indicados na tabela. 61© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Confira a altura na qual a elevação ocorre. Em uma altura de "elevação normal", a elevação ascendente ou descendente está compreendida em uma região entre a altura do ombro e a altura dos dedos das mãos na postura ereta. Em uma "altura de elevação baixa", a elevação ascenden- te ou descendente encontra-se na região abaixo da altura das mãos. Neste caso, haverá agachamento. 1) Em se tratando do peso da carga, faça a estimativa do estresse de acordo com a carga elevada, que é mais pesada. 2) Meça a distância horizontal entre as mãos e a linha média do corpo. 3) Escolha, na tabela a seguir, a altura da elevação cor- respondente. Anote a distância das mãos e vá para baixo na coluna, para anotar o peso da carga. Anote o resultado. 62 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Posturas de trabalho e movimentos As posturas de trabalho referem-se às posições do pesco- ço, braços, costas, quadris e pernas durante o trabalho. Os mo- vimentos de trabalho são os movimentos do corpo exigidos pelo trabalho. Deve-se determinar as posturas de trabalho e os movimen- tos separadamente para pescoço-ombro, cotovelo-punho, cos- tas e quadril-pernas. A análise é feita a partir da postura e dos movimentos de maior dificuldade. O resultado final é o pior valor desses quatro resultados parciais. O tempo utilizado para manter a postura afeta a carga de estresse de uma situação. O valor resultante é incrementado um nível se a mesma postura for sustentada por mais da metade da jornada, e decresce um nível se a mesma postura for mantida não mais que uma hora. 63© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Classificação da postura do pescoço-ombro 64 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Classificação das posturas de cotovelo-punho 2.3. RISCO DE ACIDENTE Risco de acidente refere-se a qualquer possibilidade de lesão aguda ou intoxicação causada pela exposição ao trabalho durante uma jornada. É determinado por meio da possibilidade de o acidente ocorrer e sua severidade. Deve-se analisar os seguintes itens: • Familiarize-se com as estatísticas de acidente no posto de trabalho e entreviste a equipe da segurança do tra- balho. Pode-se também consultar a lista de riscos que 65© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO será estudada a seguir, para determinar se há risco de acidente. • Avalie a possibilidade de ocorrência de um acidente e sua severidade e escolha a classificação correspondente. Riscos mecânicos • Pode uma superfície, estrutura ou parte móvel da má- quina, uma parte da mobília ou um equipamento cau- sar explosão, ferida ou queda? • Podem os movimentos de deslocamento horizontal ou vertical e de rotação de máquinas, material ou outros equipamentos causar acidente? • Podem objetos em movimento ou aerodispersoides causar acidente? • Pode a ausência de corrimão, parapeitos, pisos escorre- gadios ou desarrumação causar quedas? Riscos causados por falha do desenho • Podem os controles ou visores causar acidentes por te- rem sido mal projetados e não atenderem às caracterís- ticas humanas? • Pode um dispositivo de acionamento, a falta de um dispositivo de segurança ou
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