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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Meu nome é Roberta de Fátima Carreira Moreira Padovez. Sou graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) (2006). Mestre e Doutora em Fisioterapia pela UFSCar com pesquisas relacionadas à efetividade do exercício físico em ambiente ocupacional para prevenção da dor musculoesquelética relacionada ao trabalho e temas relacionados à saúde do trabalhador. Atuei como Professora na UFSCar sendo responsável pela disciplina Fisioterapia Preventiva e Ergonomia e Supervisão de estágio na empresa A.W. Faber Castell. Publiquei artigos nacionais e internacionais na área de Ergonomia e Saúde do Trabalhador. Realizei atividades de ensino e pesquisa na área de Saúde do Trabalhador e Ergonomia na Universidade Sagrado Coração (Bauru). Atualmente, continuo a desenvolver atividades de ensino e pesquisa na área. Sou professora colaboradora do curso de especialização em Ergonomia do Senac – Ribeirão Preto e atuo como professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar, auxiliando o desenvolvimento de projetos de pesquisa na área de Fisioterapia Preventiva e Ergonomia E-mail: roberta.carreira@gmail.com Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Roberta de Fátima Carreira Moreira Padovez Batatais Claretiano 2015 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria • Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami de Souza • Wagner Segato dos Santos Videoaula: José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Ergonomia e Ginástica Laboral Versão: fev./2015 Formato: 15x21 cm Páginas: 156 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ................................................................................. 11 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ..................................................................... 14 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 15 5. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 16 UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 19 2.1. DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA ........................................................................ 19 2.2. OS DOMÍNIOS DA ERGONOMIA ................................................................... 22 2.3. HISTÓRIA DA ERGONOMIA........................................................................... 23 2.4. HISTÓRIA DO TRABALHO: TAYLORISMO ....................................................... 28 2.5. CENÁRIO MUNDIAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS ............................................... 29 2.6. ERGONOMIA NO BRASIL .............................................................................. 34 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................... 36 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .............................................................................. 37 5. CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 40 6. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 40 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 41 UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 45 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................... 45 2.1. PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS DA ERGONOMIA .............................................. 46 2.2. ATIVIDADE FÍSICA GERAL .............................................................................. 59 2.3. RISCO DE ACIDENTE ..................................................................................... 64 2.4. CONTEÚDO DO TRABALHO .......................................................................... 67 2.5. RESTRIÇÕES NO TRABALHO ......................................................................... 68 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 77 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................. 78 5. CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 82 6. E-REFERÊNCIA ...................................................................................................... 83 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 83 UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 87 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 87 2.1. DOENÇAS OCUPACIONAIS ............................................................................ 87 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 109 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .............................................................................. 110 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................. 115 6. E-REFERÊNCIAS ....................................................................................................116 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 116 UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 121 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................... 121 2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E HISTÓRIA DA GINÁSTICA LABORAL ......................... 121 2.2. GINÁSTICA LABORAL: DEFINIÇÕES ............................................................... 124 2.3. OBJETIVOS DOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL .............................. 127 2.4. BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO ...................................................................................................... 129 2.5. ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS DE EXERCÍCIOS ......................................... 135 2.6. PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ....................................................................................................... 137 2.7. APLICAÇÃO PRÁTICA DA GL .......................................................................... 140 2.8. ENTENDENDO UM POUCO MAIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TIPO DE TREINO A SER UTILIZADO NOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL ... 142 2.9. DURAÇÃO, INTENSIDADE E SUPERVISÃO DOS PROGRAMAS DE EXERCÍCIO ..................................................................................................... 144 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...................................................................... 146 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................. 147 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................. 151 6. E-REFERÊNCIAS .................................................................................................... 152 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 153 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Introdução à Ergonomia (física e cognitiva). Abordagem e análise ergonômica do trabalho. Introdução a ginástica laboral. Condutas de aplicação da ginásti- ca laboral. Fatores que influenciam no sucesso do programa. L.E.R e D.O.R.T. Principais doenças profissionais. A construção de uma ação ergonômica. Gi- nástica Laboral. Qualidade de vida. Bibliografia Básica ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blucher, 2009, 240 p. LIMA, V. de. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2007, 349 p. MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas. 2. ed. Barueri: Manole, 2008, 216 p. Bibliografia Complementar CAÑETE, I. Humanização: desafio da empresa moderna: a ginástica laboral como um caminho. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001, 239 p. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. [Traduzido do original: Ergonomics for beginners]. Tradução de Itiro lida. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004, 137 p. FIGUEIREDO, F.; MONT ALVÃO, C. Ginástica Laboral e ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005, 191 p. GONÇALVES, A. (Org.). Qualidade de vida e atividade física: explorando teorias e práticas. Roberto Vilarta (Org.). Barueri: Manole, 2004, 287 p. GUERIN, F. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. [Traduzido do original: Comprendre le travail pour transformer-la pratique de 8 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO l’erfonomie]. Tradução de GUERIN, F. (et al); Giliane M. J. Ingratta. São Paulo: Edgard Blucher, 2001, 200 p. LIMA, V. de. Ginástica Laboral: atividade física no ambiente de trabalho. São Paulo: Phorte, 2003, 240 p. LIMA, D. G. Ginástica laboral: custos e orçamento na implantação e implementação de programas com abordagem ergonômica. Jundiaí: Fontoura, 2004, 71 p. MARTINS, C. de O. Ginástica laboral: no Escritório. Jundiaí: Fontoura, 2001, 111 p. OLIVEIRA, J. R. G. de. A prática da ginástica laboral. Rio de Janeiro: Sprint, 2002, 135 p. PRESSI, A. M. S.; CANDOTTI, C. T. Ginástica laboral. Cleonice Silveira Rocha (Colab.). São Leopoldo: Unisinos, 2005, 130 p. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele- cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdos Digitais Integradores" por- que são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referên- cia. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementa- res) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. 9© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Ergonomia e Ginástica Laboral, em que você obterá as informações necessárias para o embasa- mento teórico da sua futura atuação profissional e para as ativi- dades que realizaremos. Na primeira unidade, vamos conhecer as definições de Ergonomia, bem como seus domínios e um pouco da História da Ergonomia, contemplando a história do trabalho a partir do Taylorismo, que surge durante a Revolução Industrial. Além dis- so, essa unidade também abordará o cenário mundial nas últi- mas décadas do ponto de vista da Ergonomia, com as suas duas vertentes, e também a história da Ergonomia no Brasil. Na Unidade 2, você estudará os três principais pressupos- tos da Ergonomia, bem como a importância da análise ergonô- mica do trabalho. Você também conhecerá o protocolo Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que permite realizar uma avalia- ção bem completa do ambiente ocupacional. Esse protocolo é reconhecido nacional e internacionalmente como uma impor- tante ferramenta nessa área. Você estudará e compreenderá to- dos os itens que são considerados no AET. Já na Unidade 3, estudaremos, inicialmente, as doenças musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho. Abordaremos os conceitos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Os- teomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), apresentando as principais doenças que acometem os trabalhadores, bem como os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas de- sordens. Como principais fatores de risco, temos os fatores de 10 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO risco individuais ou pessoais, psicossociais ou organizacionais e físicos ou biomecânicos. Por último, na Unidade 4, estudaremos sobre a Ginástica Laboral, uma das formas de intervenção mais frequentemente utilizadas no ambiente de trabalho a fim de promover melho- ras nas condições de saúde dos trabalhadores e seus benefícios para a saúde e capacidade para o trabalho. Isso porque a ativida- de física contribui potencialmente para promover uma melhora tanto de aspectos de ordem física (força, flexibilidade, condicio- namento cardiovascular) como de ordem psicológica (aumento dos níveis de atenção, redução do estresse), que resultam em melhora das condições gerais de saúde e da qualidade de vida do trabalhador em todos os aspectos. Além disso,a realização de exercício físico no ambiente ocupacional pode ainda contri- buir para a diminuição do número de acidentes de trabalho, bem como para melhora da qualidade do trabalho realizado. Considerando que a maior parte do tempo ativo da popu- lação adulta é gasta no trabalho e o fato de geralmente sobrar muito pouco tempo para a maioria das pessoas se exercitarem, o ambiente ocupacional representa um excelente cenário para a realização de programas de exercício físico e promoção da saúde. Isso porque a prática regular de exercícios, desde que obedecen- do a determinados princípios, produz uma série de adaptações morfofuncionais benéficas ao organismo (em nível cardiovascu- lar, osteomuscular, pulmonar, endócrino e imunológico) que de- termina a melhora da capacidade funcional e laborativa. É importante lembrar que, para a obtenção de bons resul- tados com os programas de prevenção das disfunções muscu- loesqueléticas relacionadas ao trabalho, é necessário envolvi- mento e comprometimento por parte de diferentes profissionais 11© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO dentro da empresa: trabalhadores, supervisores, membros da CIPA, técnicos do serviço de segurança do trabalho, gerentes e diretores. Isso porque, para o tratamento e a prevenção dessas afecções, devem ser considerados tanto os aspectos de ordem médica e terapêutica, como também aqueles que dizem respeito à organização do trabalho na empresa e fatores que envolvem a própria atitude do trabalhador. Contudo, é essencial que se promova a adequação das condições de trabalho. Isso porque, após participar de progra- mas preventivos, o trabalhador precisa retornar à sua atividade laborativa, e, se não forem concebidas as devidas adequações no ambiente físico de trabalho (de modo a minimizar os fatores de risco físicos e biomecânicos), de nada adiantarão os programas voltados para o indivíduo com o objetivo de promover a melhora de sua saúde. Um ambiente de trabalho com condições adversas fará com que a recidiva de dores e outros sintomas relacionados à exposição física sejam uma constante. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Saúde: segundo a Organização Mundial da Saúde, saú- de é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade (WHO, 2014). 2) Biomecânica Ocupacional: a biomecânica utiliza leis da Física e conceitos de Engenharia para descrever mo- 12 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO vimentos realizados por vários segmentos corpóreos e forças que agem sobre essas partes do corpo durante atividades normais de vida diária (CHAFFIN; ANDERS- SON; MARTIN, 2001). 3) Antropometria: é a ciência empírica que tenta definir medidas físicas confiáveis da forma e dimensões de uma pessoa, para comparação antropológica (CHA- FFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2001). 4) Prevenção primária: inclui o conjunto de atividades que visam evitar ou remover a exposição de um indi- víduo ou de uma população a um fator de risco antes que se desenvolva uma patologia (JAMOULLE et al., 2014). 5) Prevenção secundária: tem como finalidade a detec- ção de um problema de saúde em um indivíduo ou população numa fase precoce e, com isso, intervir no seu desenvolvimento e agravamento (JAMOULLE et al., 2014). 6) Prevenção terciária: tem como finalidade reduzir os custos sociais e econômicos dos estados da doença na população por meio da reabilitação e reintegração precoce e da potencialização da capacidade funcional remanescente dos indivíduos (ALMEIDA, 2005). 7) Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): são dispo- sitivos de uso coletivo, destinados a proteger a inte- gridade física dos trabalhadores. Esses equipamentos devem ser usados apenas para a finalidade a que se destina. Os trabalhadores devem responsabilizar-se por sua guarda e conservação, comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para o uso, adquirir 13© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO o tipo adequado à atividade do empregado, treinar o trabalhador sobre seu uso adequado, tornar obrigató- rio seu uso e substituí-lo quando danificado ou extra- viado. Alguns exemplos de EPC são os extintores, lava- -olhos e capelas. (COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS, 2014). 8) Equipamento de Proteção Individual (EPI): são todos os dispositivos de uso individual destinados a proteger a integridade física dos trabalhadores. Deve-se usá-lo apenas para a finalidade a que se destina. Os trabalha- dores devem responsabilizar-se por sua guarda e con- servação, comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para o uso, adquirir o tipo adequado à ati- vidade do empregado, treinar o trabalhador sobre seu uso adequado, tornar obrigatório seu uso e substituí- -lo quando danificado ou extraviado. Alguns exemplos de EPIs são avental ou roupas de proteção, luvas, ócu- los de proteção e máscaras de proteção respiratória (COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS, 2014). 9) Postura: é o arranjo que os segmentos corporais man- têm entre si e no espaço, em determinada posição, de forma a proporcionar conforto, harmonia, economia e sustentação do corpo. A postura prepara o indiví- duo para a realização de um movimento, bem como promove a sustentação durante o movimento em si. (TANAKA, 1997). Outra definição mais simples é que a postura pode ser considerada a configuração do corpo, cabeça, tronco e membros no espaço (KUMAR, 2001). 10) Alterações posturais: são alterações (diminuições ou aumentos) das curvaturas normais da coluna verte- bral (COLNÉ et al., 2008). Elas podem ocorrer devido 14 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO à adoção de más posturas, desequilíbrio muscular, crescimento, entre outros fatores. Alguns exemplos de alterações posturais são: hiperlordose, hipercifose e escoliose. 11) Movimento repetitivo: ainda não temos uma defini- ção definitiva do que seriam os movimentos repetiti- vos, mas alguns estudos consideram que um trabalho altamente repetitivo é aquele que tem um ciclo (tem- po necessário para realizar parte do trabalho sem co- meçar a repetir a atividade) menor que 30 segundos ou que envolvem a repetição de uma única atividade ou movimento por mais de 50% do ciclo de trabalho (COURY, 1995). Um bom exemplo de trabalho repetiti- vo é o de digitação. 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. Eles interagem para possibi- litar o aprendizado do que é Ergonomia, e, a partir disso, pode-se entender a importância da Análise Ergonômica no Trabalho, na identificação das atividades e demandas do trabalho, dos prin- cipais riscos ergonômicos, bem como da prevalência e dos tipos das desordens musculoesqueléticas. A partir disso, e de posse de todas essas informações, o profissional poderá planejar e propor intervenções no ambiente de trabalho, sendo uma delas o programa Ginástica Laboral, que deverá ser pensado levando-se em consideração as demandas e os riscos do ambiente ocupacional. Devemos sempre lembrar em pensar em um conjunto de intervenções e não somente na pro- 15© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO posição de um programa de exercícios físicos, pois os riscos pre- sentes em um ambiente de trabalho são sempre multifatoriais. . Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Ergonomia e Ginástica Laboral. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. M. Da prevenção primordial à prevenção quaternária. Revista portuguesa em saúde pública, Coimbra, v. 23, n. 1, p. 1-6, jan./jun. 2005. COLNÉ, P. et al. Posturalcontrol in obese adolescents assessed by limits of stability and gait initiation. Gait Posture, v. 28, n. 1, p. 164-9, 10 jan. 2008. COURY, H. G. Trabalhando sentado: manual para posturas confortáveis. 2. ed. São Carlos: UFSCar, 1995. 16 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO FRANKEL, V. H.; NORDIN, M. Basic biomechanics of skeletal system. Phyladelphia: Lea and Febiger, 1980. In: CHAFFIN, D. N.; ANDERSSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica Ocupacional. 3. ed. Belo Horizonte: Editora Ergo, 2001. KUMAR, S. Biomechanics in Ergonomics. Londres: Taylor & Francis, 2001. TANAKA, C.; FARAH, E. Anatomia funcional das cadeias musculares. São Paulo: Ícone, 1997. 5. E-REFERÊNCIAS COMISSÃO DE RISCOS QUÍMICOS. Universidade Federal de Alfenas. Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e suas utilidades nos laboratórios. Disponível em: <http:// www.unifal-mg.edu.br/riscosquimicos/epis>. Acesso em: 9 jan. 2015. JAMOULLE, M. et al. Working fields and prevention domainsin general practice/family medicine. Disponível em: <http://docpatient.net/mj/prev.html>. Acesso em: 9 jan. 2015. WHO. WHO definition of Health. Disponível em: <http://www.who.int/about/ definition/en/print.html>. Acesso em: 9 jan. 2015. 17 UNIDADE 1 HISTÓRIA DA ERGONOMIA Objetivos • Entender o que é Ergonomia e refletir sobre as suas definições. • Conhecer um pouco da história da Ergonomia e como ela surgiu a partir das demandas do trabalho. • Entender o que é Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional. • Identificar e reconhecer as principais vertentes da Ergonomia, a anglo-sa- xônica e a francofônica. • Entender um pouco da história da Ergonomia no Brasil. Conteúdos • Conceitos e definições em Ergonomia. • Breve histórico da Ergonomia internacional e nacional. • Taylorismo na história do trabalho. • Ergonomia Física (anglo-saxônica) e Ergonomia Cognitiva (francofônica). Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos apresentados no Glossá- rio e sempre retorne a ele quando achar necessário em todas as unidades deste Caderno de Referência de Conteúdo. Isso poderá facilitar sua apren- dizagem e seu desempenho. 18 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2) Pesquise em livros ou na internet o assunto abordado nesta unidade e selecione as informações que considerar interessantes e importantes, disponibilizando-as para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo educativo. 19© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 1. INTRODUÇÃO O estudo da história da Ergonomia é muito importante, pois permite entender a evolução desse tema a partir do cresci- mento de demanda de conhecimento nessa área, bem como de situações reais que surgiam e precisavam de soluções. A história da Ergonomia também nos possibilita compreender pensamen- tos até hoje vigentes, antes divergentes, mas que agora se com- plementam, como a vertente anglo-saxônica e a francofônica. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Caderno de Referência de Conteúdo Ergonomia e Ginás- tica Laboral apresentará a Ergonomia, bem como sua aplicação no ambiente de trabalho, e, por fim, as possíveis intervenções, como a Ginástica Laboral. Assim, daremos início aos nossos es- tudos a partir da definição de ergonomia. Então, vamos às suas definições! 2.1. DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA A palavra “ergonomia” deriva do grego, sendo composta pelos termos “ergon”, que significa “trabalho”, e “nomos”, que significa “regras”. A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar, cujo objetivo prático é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, do tempo de trabalho e do meio ambiente às necessidades do homem. A realização de tais obje- tivos, em nível industrial, propicia a facilitação do trabalho e um melhor rendimento do esforço humano. 20 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA De acordo com a Ergonomics Society da Inglaterra, a Ergo- nomia pode ser definida como o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamentos e ambiente, integrando conhecimentos de Anatomia, Fisiologia e Psicologia para solução de problemas que surgem desse relacionamento. O ergonomista é responsável por aplicar os conhecimentos científicos anterior- mente descritos, visando à otimização da capacidade produtiva e, principalmente, à manutenção da saúde e do bem-estar do trabalhador. Em agosto de 2000, a Associação Internacional de Ergono- mia (Internacional Ergonomics Association – IEA) estabeleceu a seguinte definição para o termo: Ergonomia é a disciplina científica relacionada à compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos a projetos com o objetivo de otimizar o bem-estar do ser humano, bem como o desempenho do sistema como um todo. Em termos nacionais, a Associação Brasileira de Ergonomia adota a seguinte definição: Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando in- tervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. Apesar da variação de definições apresentadas pelas di- ferentes sociedades científicas, tanto em nível nacional como internacional, podemos depreender como ideia central que a Ergonomia é uma ciência cujo objetivo principal é adaptar o trabalho ao homem, considerando suas características (físicas, fisiológicas, psicológicas, sociais, bem como a influência do sexo, 21© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA idade, treinamento e motivação) e respeitando os limites do ser humano. Dessa forma, atua na promoção do bem-estar, saúde e segurança do trabalhador, isto é, fatores diretamente relaciona- dos à qualidade do seu serviço e sua produtividade. Figura 1 Exemplo de adequação de um posto de trabalho típico de setor administrativo. A Ergonomia é uma ciência que visa essencialmente à pre- venção primária de acidentes. Assim, é necessário saber avaliar as condições que produzem riscos para prevenir os danos antes que esses aconteçam. Dessa forma, torna-se essencial a compre- ensão dos mecanismos fisiológicos da lesão em ambiente ocu- pacional e o reconhecimento das eventuais fontes de risco para intervir de forma eficiente sobre eles. 22 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2.2. OS DOMÍNIOS DA ERGONOMIA Tendo em vista a ampla abordagem e o caráter multidisci- plinar da Ergonomia, é função do ergonomista analisar o traba- lho de forma global, contemplando os aspectos físicos, cogniti- vos, sociais e organizacionais relacionados à realização da tarefa. Conforme proposto pela International Ergonomics Asso- ciation (IEA), definem-se os três domínios da Ergonomia: 1) Ergonomia Física: domínio que contempla as caracte- rísticas da anatomia humana, Antropometria, Fisiolo- gia e Biomecânica e sua relação com os aspectos físicos da atividade. Enquadram-se nessa categoria o estudo das posturas no trabalho, o manuseio de materiais, os movimentos repetitivos, os distúrbios musculoesque- léticos relacionados ao trabalho, o projeto de postos de trabalho e os aspectos relacionados à segurança e à saúde do trabalhador. 2) Ergonomia Cognitiva: domínio que inclui a abordagem dos processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio, resposta motora e seus efeitos nas intera- ções entre as pessoas e outros elementos de um siste- ma. O foco dessa abordagem está no estudo da carga mental de trabalho, na tomada de decisões, na inte-ração homem-computador, no estresse ocupacional e nos efeitos do treinamento. 3) Ergonomia Organizacional: domínio que aborda a oti- mização dos sistemas sócio-técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, regras e processos. Entre os focos de atenção dessa abordagem estão incluídos o projeto de trabalho, a programação do trabalho em 23© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA grupo, a organização temporal do trabalho, o proje- to participativo, o trabalho cooperativo, a cultura or- ganizacional, as organizações em rede e a gestão da qualidade. A atuação em Ergonomia pode ser orientada com base em um ou mais dos domínios anteriormente apresentados, de acor- do com o contexto da situação de trabalho em que ele esteja inserido. Em síntese, a prática ergonômica deve resultar na pon- deração entre as condições de trabalho e as necessidades do trabalhador. De acordo com Falzon (2004), a especificidade da Ergonomia baseia-se no equilíbrio entre dois objetivos: um vol- tado para a organização e o ambiente físico que pode ser expres- so em termos de eficiência, produtividade, qualidade e o outro voltado para os indivíduos, ocupando-se de sua segurança, con- forto, facilidade de utilização, saúde e satisfação. O profissional pode tender mais para um desses objetivos do que para outro, mas ninguém pode pretender atuar na prática ignorando esses objetivos. 2.3. HISTÓRIA DA ERGONOMIA A história da Ergonomia começou muito antes do imagina- do. Homens da caverna já adaptavam suas ferramentas para sua sobrevivência, mas só após a Revolução Industrial, no século 18, é que a sociedade e as autoridades começaram a se interessar mais pela saúde do trabalhador. Isso porque o número de aci- dentes de trabalho e as doenças relacionadas ao trabalho cres- ciam assustadoramente. As tarefas a serem executadas pelo tra- balhador eram repetitivas, os ambientes de trabalho insalubres, 24 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA além das jornadas de trabalho extenuantes, com duração de 18 horas por dia para homens e de 14 horas por dia para mulheres e crianças. Os inventos tecnológicos e a produção eram prioriza- dos em detrimento da saúde dos trabalhadores. Os conceitos apresentados se desenvolveram e são resul- tantes das transformações que aconteceram ao longo da história da Ergonomia. Embora esta seja uma ciência formalizada recentemente (1949), com a criação da Ergonomics Research Society na Ingla- terra, seu surgimento remonta à Pré-História. A utilização da matéria-prima disponível para a construção de objetos e o apri- moramento desses de modo a tornar mais fácil e prática a exe- cução de tarefas como a caça, que é um exemplo de aplicação da Ergonomia em tempos remotos. Figura 2 Evolução do homem e da Ergonomia. A palavra “ergonomia” foi criada em 1857, pelo polonês W. Jastrzebowski, que publicou Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho. A adoção oficial do termo ocorreu em 1949, com a fundação da Ergonomic Research Society, na Inglaterra. A partir do século 20, no período Pós-guerra, há uma or- ganização mais sistemática dos profissionais, sendo criadas, em 1959, a Human Factors Society (HFS) e a International Ergono- 25© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA mics Society (IES), nos Estados Unidos, e, em 1963, na França, a Societé d'Ergonomie de Langue Française (SELF). A Ergonomia desenvolveu-se e estabeleceu-se a partir da conjunção de conhecimentos relativos às ciências antigas, como a Engenharia, a Fisiologia e a Psicologia. Figura 3 Ergonomia e suas diversas áreas. A origem desta ciência está associada à Segunda Guerra Mundial, período em que foram desenvolvidos sistemas novos e avançados que potencialmente seriam melhores, mas que não consideravam as características das pessoas que iriam utilizá-los. (ERGONOMICS SOCIETY, 2014). Nesse período, a Força Aérea Real Britânica (Royal Air Force) buscava explicações para o fato de equipamentos extremamente modernos não estarem sendo operados com a eficiência e a eficácia esperadas. Formou-se, as- sim, uma equipe multidisciplinar composta por um engenheiro, 26 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA um psicólogo e um fisiologista. A análise da situação a partir de diferentes pontos de vista foi determinante para a identificação dos problemas e a elaboração de propostas para solucioná-los. (WISNER, 1994). Figura 4 Produção industrial no período pós-guerra. O desenvolvimento da Ergonomia estava, portanto, inseri- do dentro do perfil socioeconômico da época. As indústrias ame- ricanas e europeias do Pós-guerra necessitavam aumentar sua produção dentro de um contexto de escassez de mão de obra qualificada e de matéria-prima. Para atender a essa demanda, os ergonomistas direcionaram seus olhares às questões referentes a: 1) insalubridade; 2) condições de trabalho; 3) dimensionamento dos homens e equipamentos; 27© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 4) adaptação de instrumentos e ferramentas de trabalho; 5) organização do trabalho (considerando variabilidade entre os sujeitos, equipamentos e matéria-prima). Com a evolução dos movimentos sociais reivindicando melhores condições de trabalho e o surgimento dos sindicatos de trabalhadores, cresceram em número as demandas em Er- gonomia que buscavam respostas para problemas relacionados às más condições de trabalho, à organização dos tempos de tra- balho (ritmos e turnos) e à rejeição da fragmentação de tarefas, produto da divisão exacerbada do trabalho que teve origem no final do século 19, com o movimento chamado Taylorismo. O auge desses movimentos ocorre entre os anos de 1960 e 1970. Figura 5 Linha de produção taylorista. 28 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 6 Frederick Winslow Taylor. 2.4. HISTÓRIA DO TRABALHO: TAYLORISMO Revolução Industrial As primeiras fábricas surgidas não tinham nenhuma seme- lhança com a fábrica moderna. Eram sujas, barulhentas, perigo- sas e escuras, e as jornadas de trabalho chegavam a 16 horas diárias, sem férias, em regime de semiescravidão, imposto por empresários autoritários. Estudos mais sistemáticos do trabalho começaram a ser realizados a partir do final do século passado. Nessa época, sur- ge, nos Estados Unidos, o movimento da administração científica que ficou conhecido como taylorismo, elaborado pelo engenhei- ro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1879). Princípios do Taylorismo 1) Encontrar uma melhor maneira: para Taylor, o tra- balho é governado por leis científicas. Descobrir es- sas leis, para realizar o trabalho da melhor maneira, 29© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA é o primeiro passo para a obtenção de uma produção eficiente. 2) Pessoas certas para as tarefas: para Taylor, as pesso- as são diferentes. Assim, elas devem ser selecionadas "cientificamente" para executar determinadas tarefas. 3) Supervisão, recompensa e punição: para Taylor, a su- pervisão era essencial para assegurar que a melhor maneira de executar a tarefa fosse de fato empregada. 4) Sistema de incentivos salariais: Taylor acreditava que, se os trabalhadores entendessem a lógica que funda- mentava o método de trabalho por ele proposto, com um sistema de incentivos salariais por peça, eles o uti- lizariam em benefício próprio. Esse incentivo recom- pensaria os operários que produzissem acima do nível esperado de produção, determinado "cientificamen- te" pela gerência, e penalizaria os operários que não conseguissem atingir esse nível. 2.5. CENÁRIO MUNDIAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS A partir da década de 1980, ocorre uma mudança no foco da atenção dos ergonomistas.Com o objetivo de reduzir a sobre- carga física provocada pelo manuseio de cargas, ocorreu a au- tomação dos sistemas produtivos a partir da qual se acreditava que os principais fatores de risco relacionados ao manuseio de cargas seriam resolvidos. Contudo, tal processo passou a ser fon- te de uma série de problemas relacionados à natureza cognitiva da ação. Assim, ganhou importância a análise dos sistemas au- tomáticos e informatizados com ênfase na natureza cognitiva do trabalho. Isso porque o trabalhador deixou de ser um executor 30 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA direto da atividade, passando a exercer o papel de controlador do processo produtivo. As inovações tecnológicas resultaram na intensificação do trabalho, vinculada, muitas vezes, à execução de tarefas altamente repetitivas, e novos meios de controle so- bre o trabalhador. No final da década de 1990, com o advento do setor de serviços representado pelos call centers, pelas redes de distri- buição e sistemas delivery (MARRAS, 2000), cresce ainda mais a necessidade de atenção conjunta voltada tanto para os aspectos físicos como para os cognitivos, relacionados às atividades de- senvolvidas pelos setores de serviços. Atualmente, a Ergonomia congrega a atuação de dife- rentes profissionais vinculados às questões do trabalho, como médicos, engenheiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, educadores físicos, administradores, sociólogos, entre outros. Além disso, tornou-se um instrumento que embasa ações de sindicatos de trabalhadores, que dá su- porte a organizações patronais e que serve de subsídio durante ações judiciais, contribuindo sempre no sentido de transformar e adequar o trabalho às necessidades e limitações do trabalhador, bem como às demandas para otimização do sistema produtivo. Ergonomia Física e Cognitiva Duas correntes acabaram se desenvolvendo dentro da Er- gonomia: a anglo-saxônica, dos países de língua inglesa, conheci- da como Ergonomia Física, e a Ergonomia francofônica, de países de língua francesa, conhecida como Ergonomia Cognitiva. Essas vertentes não são contraditórias, mas complementares entre si. 31© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Como o próprio nome sugere, a Ergonomia Física apre- senta uma abordagem voltada para o ambiente, para o posto de trabalho, abordando fatores de risco de natureza física, biomecâ- nica. A Ergonomia Cognitiva tem a situação real como pressupos- to-base para verificar os aspectos do trabalho que constituem fatores de risco para o trabalhador (MONTMOLLIN, 1990). Ou seja, enquanto a Ergonomia Física adota o conceito de adapta- ção da máquina ao homem, a Ergonomia Cognitiva desenvolve sua análise visando à adaptação do trabalho ao homem, numa abordagem que enfoca os aspectos psicossociais da organização do trabalho de forma mais ampla. Ambas são contra o conceito vigente de adaptar o homem ao trabalho, como foi objetivo do enfoque da Administração Científica proposta por Taylor (1987) e suas variantes. A Ergonomia Física, a mais antiga, centra-se nos "fatores humanos", sendo também denominada "Human Factors”. Essa corrente orienta a ação ergonômica no sentido da concepção e/ ou transformação de dispositivos técnicos do trabalho como má- quinas, ferramentas, postos de trabalho, programas etc., priori- zando uma Ergonomia baseada nas características antropomé- tricas, fisiológicas, cognitivas do trabalhador, de modo a tornar sua tarefa o menos dispendiosa possível. De acordo com a visão anglo-saxônica, aspectos relacionados às condições de trabalho como absenteísmo, lesão, baixa qualidade e elevados níveis de erro humano são vistos como problemas vinculados ao siste- ma em vez de problemas relativos às pessoas. A solução para tal problema estaria no planejamento de um sistema de traba- lho melhor, e não simplesmente numa melhor administração ou concessão de incentivos aos trabalhadores para torná-los mais motivados. (BRIDGER, 2003). 32 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA De acordo com Bridger (2003), o ser humano é visto como parte do sistema, juntamente com o ambiente e as máquinas utilizadas no processo produtivo, e precisa estar plenamente in- tegrado a este desde o início do processo de desenho e concep- ção do posto. As necessidades do trabalhador como ser humano são vistas como necessidades do sistema e devem ser conside- radas de forma primordial, e não secundária. Essas necessidades podem ser, de forma geral, descritas em função dos seguintes aspectos: 1) Facilidade de uso, garantia segurança do trabalhador e do equipamento. 2) Tarefas compatíveis com o nível de treinamento e limi- tações do trabalhador. 3) Ambiente confortável e apropriado para a execução da tarefa, garantindo o bem-estar dos trabalhadores nas situações de trabalho. 4) Sistema de organização do trabalho que reconheça as necessidades sociais e econômicas dos indivíduos. 33© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 7 Interação entre os membros da equipe de trabalho. A Ergonomia Cognitiva, por sua vez, pode ser denominada Ergonomia da Atividade por ocupar-se da compreensão do tra- balho em situação real. O foco central dessa corrente não está restrito à reformulação do posto e ao desenvolvimento de ferra- mentas de trabalho, mas sim na busca de compreender e atuar sobre a organização do trabalho e no conjunto de fatores que atuam na causa do problema (FERREIRA, 2002). Essa é a Ergo- nomia que atenta a todos os ângulos que definem a situação de trabalho, desde os aspectos físicos como iluminação, tempera- tura etc.; aspectos cognitivos, como a memória, linguagem etc.; e, finalmente, os aspectos psíquicos relacionados aos níveis de conflito no interior da representação consciente ou inconsciente das relações entre o indivíduo e a situação, ou seja, a organiza- ção do trabalho. (WISNER, 1994). 34 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 2.6. ERGONOMIA NO BRASIL No Brasil, a Ergonomia surgiu vinculada às áreas de Enge- nharia de Produção e Desenho Industrial. Nesse primeiro mo- mento, sua atuação foi voltada para a aplicação dos conhecimen- tos relacionados às medidas antropométricas, bem como para a produção de normas e padrões para a população brasileira. O segundo momento da Ergonomia no país teve início com a difusão de estudos na área de Psicologia na USP, com Paul Ste- phaneek. Os pesquisadores brasileiros passaram então a fazer contato com pesquisadores europeus, especialmente os france- 35© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA ses. Entre eles, um dos patronos da Ergonomia brasileira: Alain Wisner. Verifica-se a influência da corrente anglo-saxônica (Ergono- mia Física) na fase inicial da Ergonomia brasileira, a qual passou, num segundo momento, a ser também permeada pela aborda- gem cognitiva. Importante lembrar que, conforme afirmado por Iida (2005), essas duas correntes da Ergonomia não são opostas, mas sim complementares. Um marco importante para a história da Ergonomia no Brasil foi a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (ABER- GO), em 1983. Essa associação também é filiada à International Ergonomics Association (IEA) e congrega diversos núcleos da Er- gonomia no País, por meio da divulgação de conhecimentos pro- duzidos na área (a exemplo disso, temos o Congresso Brasileiro de Ergonomia) e da normalização da Ergonomia como categoria profissional. Entre as normas regulamentadoras brasileiras, desenvolvi- das a partir do conhecimento acumulado relacionado à saúde e segurança do trabalhador, dispomos da Norma Regulamenta- dora 17 (NR 17 – Ergonomia, Portaria n.º 3.214, de 8.6.1978 do Ministério doTrabalho, modificada pela Portaria nº 3.751, de 23.11.1990 do Ministério do Trabalho), que é especificamente dedicada à Ergonomia. Essa norma resulta da articulação entre sindicatos e ergonomistas e foi patrocinada pelo Ministério do Trabalho. Isso porque o processo produtivo, tanto em nível na- cional como internacional, desenvolveu-se de modo a contem- plar a produtividade, negligenciando a saúde do trabalhador. Em síntese, pudemos perceber que há tempos temas e questões relacionados à Ergonomia vêm permeando o ambiente de trabalho e que, com o passar dos anos, muito se evoluiu nessa 36 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA área. No entanto, ainda há muito para ser feito a fim de minimi- zar o impacto do trabalho na vida do trabalhador. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. O conteúdo que será abordado é importante para garantir o seu aprendizado nesse tema e aprofundá-lo. No primeiro tex- to indicado, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre as duas vertentes da Ergonomia, a anglo-saxônica e a francofô- nica. Esse material aborda as complementaridades dessas duas vertentes, que objetivam atuar de maneira a adaptar o trabalho ao homem, e também apresenta as divergências dessas duas vertentes. • ALMEIDA, R. G. A ergonomia sob a ótica anglo-saxônica e a ótica francesa. Revista Vértices, Campos dos Goyta- cazes/RJ, v. 13, n. 1, p. 115-126, jan./abr. 2011. Dispo- nível em: <http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/ vertices/article/ viewFile/ 1809-2667.20110007/646>. Acesso em: 09 jan. 2015. Esse segundo conteúdo permitirá que você aprofunde o seu conhecimento sobre o Taylorismo e o seu criador, Frederick Winslow Taylor. O Taylorismo foi um marco na história mundial e também na Ergonomia. • Da organização científica à Ergonomia: a contribuição de Frederick Wisnslow Taylor. In: SILVA, J. C. P.; PASCHO- ARELLI, L. C. [Orgs.]. A evolução histórica da Ergonomia no mundo e seus pioneiros [on-line]. São Paulo: Editora 37© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 103 p. Dis- ponível em: <http://books.scielo.org>. Acesso em: 09 jan. 2015. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu conhecimento sobre o tema estudado. Se você encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para eliminar essas dúvidas. 1) De acordo com as definições de Ergonomia, qual das afirmações a seguir está incorreta? a) Ergonomia é a ciência que estuda as adaptações do homem ao trabalho. b) A Ergonomia visa à prevenção primária de acidentes. c) A Ergonomia tem como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano. d) Ergonomia é a disciplina científica relacionada à compreensão das in- terações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. 2) Qual a origem da palavra Ergonomia? a) Francesa. b) Norte-americana. c) Grega. d) Latina. 3) Qual o significado da palavra Ergonomia? a) Saúde no trabalho. b) Regras de trabalho. c) Organização no trabalho. d) Análise do trabalho. 38 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 4) A Ergonomia visa essencialmente a qual nível de atenção? a) Atenção primária. b) Atenção secundária. c) Prevenção terciária. d) Prevenção primária. 5) Quais são os domínios da Ergonomia? a) Psicossocial, Físico e Cognitivo. b) Físico, Cognitivo e Organizacional. c) Ambiental, Cognitivo e Organizacional. d) Mental, Cognitivo e Físico. 6) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Física? a) Manuseio de materiais. b) Demanda psicossocial. c) Posturas do trabalho. d) Movimentos repetitivos. 7) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Cognitiva? a) Carga mental de trabalho. b) Tomada de decisões. c) Ruído do ambiente de trabalho. d) Estresse ocupacional. 8) Qual item a seguir não é um aspecto do trabalho que podemos considerar como exemplo de Ergonomia Organizacional? a) Iluminação do ambiente de trabalho. b) Programação do trabalho em grupo. c) Projeto participativo. d) Trabalho cooperativo. 9) Quais são as duas vertentes da Ergonomia? a) Física (anglo-saxônica) e Cognitiva (francofônica). 39© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA b) Física (francofônica) e Cognitiva (anglo-saxônica). c) Organizacional (francofônica) e Cognitiva (anglo-saxônica). d) Organizacional (anglo-saxônica) e Cognitiva (francofônica). 10) Quais dos itens a seguir não são princípios do Taylorismo? a) Encontrar uma melhor maneira. b) Pessoas certas para as tarefas. c) Sistemas de pagamentos salariais sem incentivos. d) Supervisão, recompensa e punição. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) a. 2) c. 3) b. 4) d. 5) b. 6) b. 7) c. 8) a. 9) a. 10) c. 40 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da unidade que abordou brevemente a história da Ergonomia. Nela, você conheceu a definição de Ergo- nomia, os seus três tipos e também as duas principais vertentes dessa área. Além disso, estudou sobre o Taylorismo, que foi um importante marco na história da humanidade, principalmente da Ergonomia, e conheceu um pouco sobre a história da Ergonomia no Brasil, assim como as principais instituições nacionais e inter- nacionais que apoiam o desenvolvimento dessa área. Porém, é necessário continuar o seu aprendizado, para a contínua aquisi- ção de conhecimento. Dessa forma, vamos seguir para a próxima unidade. 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Exemplo de adequação de um posto de trabalho típico de setor administrativo. Disponível em: <mmcsaude.com.br>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 2 Evolução do homem e da Ergonomia. Disponível em: <http://neurocirurgia. com/sites/neurocirurgia.com/files/field/image/evolucao-dor-cervical-lombar-costas- por-que.png>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 3 Ergonomia e suas diversas áreas. Disponível em: <slideplayer.com.br>. Acesso em: 09 jan. 2015 Figura 4 Produção industrial no período pós-guerra. Disponível em: <http://3. bp.blogspot.com/-PNPHK5AFlDE/U36OOVPx67I/AAAAAAACNYc/TSOqCefD0Mw/ s1600/fabrica_na_revolu%C3%A7%C3%A3o+industrial.jpg>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 5 Linha de produção taylorista. Disponível em: <http://www.mundoeducacao. com/upload/conteudo/cmontaggiogm.jpg>. Acesso em: 09 jan. 2015. Figura 6 Frederick Winslow Taylor. Disponível em: <http://education-portal.com/ cimages/multimages/16/frederick-taylor.jpg>. Acesso em: 27 out. 2014. 41© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA Figura 7 Interação entre os membros da equipe de trabalho. Disponível em: <prevenciontumejoropcionii.blogspot.com>. Acesso em: 09 jan. 2015. Sites consultados ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Home page. Disponível em: <www.abergo. org.br>. Acesso em: 09 jan. 2015. ERGONOMICS & HUMAN FACTORS. Home page. Disponível em: <www.ergonomics. org.uk>. Acesso em: 09 jan. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, L. G. Fisioterapia preventiva nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs – A Fisioterapia do Trabalho aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BERTUSSI, L. A. S.; TEJADA, C. A. O. Conceito, estrutura e evolução da Previdência Social no Brasil. Revista Teoria e Evidência Econômica, Passo Fundo, v. 11, n. 20, p. 27-55, 2003. BRASIL. 2000. Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamentoe prevenção de Lesão por Esforço Repetitivo: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. 11 p. BRIDGER, R. S. Introduction to Ergonomics. 2. ed. London: Taylor e Francis, 2003. CODO, W.; ALMEIDA, M. C. G. LER – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção: uma abordagem interdisciplinar. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. DANNIELLOU, F.; LAVILLE, A.; TEIGER, C. Ficção e realidade do trabalho operário. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 17, n. 68, p. 7-13, out./dez. 1989. FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. GRANDJEAN, E. Fitting the task to the man, an ergonomic approach. London: Taylor e Francis, 1982. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia – adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977. 42 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA ERGONOMIA MONTMOLLIN, M. A. Ergonomia. Lisboa: Instituto Piaget, 1990. PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. São Paulo: Annablume, 1998. WISNER, A. A inteligência no trabalho. Textos selecionados em Ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994. 43 UNIDADE 2 ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Objetivos • Entender os principais pressupostos da Ergonomia. • Compreender o que é e para que serve uma Análise Ergonômica do Traba- lho (AET). • Familiarizar-se com o protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. • Identificar e compreender os itens que compõem o protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. Conteúdos • Principais pressupostos da Ergonomia. • Importância da Análise Ergonômica do Trabalho. • Protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orien- tações a seguir: 1) Leia atentamente todo o material da Unidade 2 e faça anotações de todas as suas dúvidas. Procure solucioná-las por meio do nosso sistema de inte- ratividade ou diretamente com o seu tutor. 2) Leia os materiais complementares disponibilizados no tópico Conteúdo Digital Integrador para que você aprofunde seus conhecimentos teóricos. Procure resolver todas as questões autoavaliativas e, sempre que neces- sário, releia o conteúdo da Unidade. © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 45© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 1, você estudou um pouco sobre a história da Ergonomia, bem como as principais vertentes dessa área. Na Unidade 2, você estudará os três principais pressupostos da Er- gonomia e também entenderá a importância da Análise Ergonô- mica do Trabalho. Você será introduzido ao protocolo da Análi- se Ergonômica do Trabalho, que permite realizar uma avaliação bem completa do ambiente ocupacional. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. O Caderno de Referência de Conteúdo Ergonomia e Ginás- tica Laboral apresentará e discutirá os principais pressupostos da Ergonomia e também a Análise Ergonômica do Trabalho. Para uma atuação eficiente em Ergonomia, é fundamental conhecer os pressupostos que norteiam o agir ergonômico. Após compreender os conceitos que guiam a atuação, estudaremos uma das principais ferramentas utilizadas para avaliação ergo- nômica do posto de trabalho: o protocolo AET (Análise Ergonô- mica do Trabalho). Contudo, é importante destacar que existem outros protocolos destinados a avaliações mais específicas dos variados postos e condições de trabalho. 46 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2.1. PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS DA ERGONOMIA A Ergonomia desenvolveu-se como ciência ao longo dos anos e sua prática é guiada por três princípios básicos: a interdis- ciplinaridade, a análise da situação real de trabalho e a partici- pação dos sujeitos. A seguir, segue análise detalhada de cada um dos fundamentos norteadores da Ergonomia. Interdisciplinaridade A interdisciplinaridade é o princípio que destaca a impor- tância da análise das condições de trabalho sob diferentes pers- pectivas. Pelo estudo das capacidades, limitações e demais ca- racterísticas do ser humano, é possível projetar boas interfaces homem-posto de trabalho, adequando a atividade de trabalho de modo a garantir a qualidade operacional deste projeto. Para que o objetivo final seja alcançado, é necessário que várias dis- ciplinas como Fisiologia, Psicologia, Sociologia, Anatomia e práti- cas profissionais como a Medicina do Trabalho, o Design, a Socio- técnica e as Tecnologias de Estratégia e Organização interajam. Seus conteúdos se orientam para o design, Arquitetura e Enge- nharia, cuja inserção nesses quadrantes é basicamente a mesma. 47© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 1 Interdisciplinaridade da Ergonomia. Fonte: adaptado de Hubault (1992). Em termos mais práticos, a Ergonomia reveste-se de um caráter eminentemente interdisciplinar à medida que sua prática se constitui em parte da arte do engenheiro, expressa por meio de dispositivos técnicos (concepção de ferramentas, máquinas, espaços e dispositivos) que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficácia. Além disso, ela se baseia, essen- cialmente, em conhecimentos científicos relativos ao campo das ciências do homem (Antropometria, Fisiologia, Psicologia, Medi- cina, Linguística, Sociologia), sendo avaliada, principalmente, por critérios pertencentes às Ciências Biológicas e Sociais (Saúde, So- ciologia, Economia, entre outras). Verifica-se, assim, a dificuldade de uma única área do co- nhecimento ser capaz de contemplar todos os âmbitos vincu- lados à demanda do ambiente ocupacional. Assim, é bastante difícil encontrar um profissional com todas as competências ne- cessárias à ação ergonômica. Dessa forma, a atuação na prática 48 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO é realizada em equipe e esta é composta por diferentes profissio- nais, tendo sempre como foco o tipo de atividade em questão. Análise de situações reais Entender o trabalho real, considerando o que acontece na intimidade da produção, e identificar os fatores que mereçam tratamento particular é fundamental para otimizar o processo de produção como um todo, ou seja, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista humano. A situação real de trabalho significa o que é feito e como é feito pelo trabalhador, ou seja, é a combinação entre os objeti- vos e metas determinados pela tarefa e as características pesso- ais do trabalhador, a experiência e o treinamento de que dispõe o indivíduo. Através da análise da atividade, podemos identificar e valorizar a variabilidade das situações de trabalho e a variabili- dade biológica e psicológica dos trabalhadores. Para se compreender da melhor maneira possível a ativi- dade realizada pelo trabalhador, é de fundamental importância analisar a situação de referência, a qual pode mostrar ao ergo- nomista os principais problemas enfrentados pelo trabalhador no seu dia a dia e quais são as estratégias adotadas por ele para solucionar tais problemas e atingir os objetivos finais. A análise da atividade real e dos riscos ergonômicos asso- ciados a ela consiste em coletar dados e informações que per- mitam ao ergonomista planejar e propor as mudanças necessá- rias no ambientede trabalho. A etapa de concepção de soluções ergonômicas varia de acordo com a natureza do problema e da forma como a demanda foi instruída. 49© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO É importante lembrarmos que a implementação das mu- danças ergonômicas representa a fase final de uma intervenção e requer uma análise anterior muito cuidadosa e bem embasada em termos de conhecimentos teóricos. Envolvimento dos sujeitos Um dos critérios mais importantes relacionados ao suces- so da intervenção ergonômica está vinculado à participação dos próprios trabalhadores no processo de identificação de proble- mas, proposição de sugestões e avaliação final das mudanças im- plementadas. A visão dos trabalhadores é uma fonte importante de informações para orientar as hipóteses iniciais e definir o pla- no de trabalho desde a etapa de avaliação e coleta dos dados até a implementação das mudanças e avaliação final da intervenção. A participação dos trabalhadores no processo da Análise Ergonômica do Trabalho pode se dar em reuniões com os re- presentantes da organização pesquisada. A análise participativa permite a transformação das condições de trabalho por meio do auxílio à detecção de problemas, compreensão destes, sugestão de soluções, bem como validação da análise e das sugestões. A partir dessa esfera de análise, é possível identificar com- petências dos trabalhadores até então desconhecidas e identifi- car situações típicas e características que devem ser consideradas para a elaboração e definição do trabalho futuro. Tais situações características serão confrontadas e comparadas e servirão de base para traçar melhorias do trabalho realizado e facilitar a si- mulação do trabalho futuro. 50 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2. 2. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO A Análise Ergonômica do Trabalho permite identificar e buscar o ajuste das condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador. A identificação dos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas e lesões nos trabalhadores expostos é realizada por meio de protocolos específicos para cada tipo de atividade ocupacional. Ainda estamos longe de compreender completamente os mecanismos envolvidos no desenvolvimento das lesões muscu- loesqueléticas relacionadas ao trabalho e o papel de cada fator de risco nesse desenvolvimento. Além disso, ainda não estão estabelecidos os limites de postura, força e repetitividade capa- zes de desencadear as lesões. Tendo em vista que as doenças ocupacionais são de origem multifatorial, é muito difícil isolar o papel de cada fator no desenvolvimento das lesões. Assim, quan- do pensamos em prevenção de doenças ocupacionais, temos de avaliar o maior número possível de fatores de risco presen- tes no ambiente de trabalho e, a partir dessa avaliação, tentar minimizá-los. O protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho propõe uma avaliação geral do posto de trabalho, tendo por base a des- crição cuidadosa e sistemática das tarefas e levando em conside- ração a opinião dos trabalhadores. A versão em português do protocolo AET foi elaborada pelo grupo Ergo & Ação e SimuCad, da Universidade Federal de São Carlos, e será nossa referência neste capítulo. As imagens utilizadas fazem parte do protocolo original Ergonomic Work Analysis, desenvolvido em Helsinque por pesquisadores do Insti- tuto Finlandês de Saúde Ocupacional. De acordo com o Manual 51© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Análise Ergonômica do Posto de Trabalho, a análise de um posto de trabalho se processa de acordo com os três passos seguintes: 1) O analista define e delimita a tarefa a ser analisada. A análise deve ser baseada na tarefa ou no local do tra- balho. Geralmente, a tarefa é dividida em subtarefas, que são analisadas separadamente. São necessárias análises em separado para cada uma das subtarefas, caso estas sejam muito diferentes. 2) A tarefa deve ser descrita. Para isso, o analista faz uma lista de operações e desenha um esboço do posto de trabalho. 3) O analista apresenta ao operador a descrição das ta- refas e, em conjunto, eles redefinem a lista de tarefas, aproximando-a do trabalho real. O analista classifica os vários fatores em uma escala, ge- ralmente de 1 a 5. O valor 1 é dado quando a situação apresen- ta o menor desvio em relação à condição ótima, ou geralmente aceitável, para as condições e o arranjo espacial do trabalho. Os valores 4 e 5 indicam que a condição de trabalho ou o ambiente pode eventualmente causar danos à saúde dos trabalhadores. Atenção especial deve ser dada ao ambiente e às condições de trabalho. Forma de avaliação As classificações são reunidas em um formulário de avalia- ção e juntas constituem a avaliação global ou o perfil da tarefa em questão. No perfil, o analista pode listar sugestões para me- lhorias baseado nos resultados das análises. As escalas dos itens não são comparativas. Por exemplo, o valor 5 para o item "con- tatos pessoais" não deve ter o mesmo peso em relação ao valor 52 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 5 para o item "ruído", mas, no perfil final, o valor 5 deve chamar atenção especial para o ambiente de trabalho. Relevância da análise Tarefas que requerem habilidades manuais e movimen- tação manual de materiais têm sido o alvo principal da análise, mas esta também pode ser usada em outros tipos de tarefas. Em alguns casos, a relevância de cada item deve ser avaliada cuida- dosamente. Um item pode ser irrelevante para uma dada tare- fa; por exemplo, o item "repetitividade" pode não ser relevante quando se analisa o trabalho de um motorista. A tarefa pode ser diversificada e o conteúdo do trabalho abrangente, de forma que o uso da escala pode não ter sentido. Em alguns casos, a descri- ção verbal é mais adequada. Se o analista decide que a maioria dos itens não é relevante para a análise, ele pode preferir usar análises mais específicas. Julgamento do trabalhador O analista entrevista e anota a avaliação subjetiva do tra- balhador como bom (++), regular (+), ruim (-) e muito ruim (--). Se o julgamento do trabalhador for muito diferente da classifica- ção do analista, a situação de trabalho deve ser analisada mais detalhadamente. Itens abordados pelo protocolo Local de Trabalho • Área de trabalho horizontal 53© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 1) Todos os materiais, ferramentas e equipamentos de- vem estar situados na superfície de trabalho, como re- comendado a seguir: 2) Área 1: área usual de trabalho. 3) Área 2: atividades leves, pegar materiais. 4) Área 3: atividades não frequentes, utilizada somente quando a área 2 estiver totalmente preenchida. Figura 2 Área de trabalho horizontal. Os controles devem ser colocados de acordo com o al- cance natural do trabalhador, que é de aproximadamente 65cm para homens e 58 cm para mulheres, medidos a partir de seus ombros. 54 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Altura de trabalho Figura 3 Alturas de trabalho em diferentes tipos de atividades. Nível do cotovelo = altura do cotovelo com o braço em po- sição relaxada. Se o trabalho inclui diferentes necessidades (por exemplo, a manutenção de uma posição com a combinação de diferentes tarefas), a altura de trabalho é determinada pela tarefa de maior demanda. Visão A distância visual deve ser proporcional ao tamanho do ob- jeto de trabalho: um objeto pequeno requer uma distância me- nor e uma superfície de trabalho mais alta. Os objetos que são comparados continuamenteem uma distância visual fixa (menor 55© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO que um metro) devem estar situados a uma mesma distância visual. Figura 4 Altura de trabalho de acordo com a demanda visual. Figura 5 Ângulo de visão. O objeto de maior frequência de observação deve ser cen- tralizado em frente ao trabalhador. O ângulo de visão recomen- dado (medido a partir da linha horizontal da visão) varia entre 15° e 45°, dependendo da postura de trabalho. Espaço para as pernas Durante o trabalho sentado, deve haver espaço suficiente entre a parte de baixo da bancada de trabalho e o assento, para 56 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO permitir o movimento das pernas. O espaço recomendado para as pernas é de 60cm. A profundidade no nível do joelho deve ter no mínimo 45cm e, no nível do piso, 65cm. Durante o trabalho em pé, o espaço para os dedos do pé deve ter no mínimo 15cm de profundidade e de altura. Recomenda-se que o espaço livre atrás do trabalhador seja de, no mínimo, 90cm, desde que os objetos grandes não sejam manuseados. Figura 6 Distâncias recomendados de espaço para as pernas. Assento Um assento usado continuamente deve conter: • altura ajustável; • estofamento permeável; • apoio ajustável para as costas. 57© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 7 Cadeiras para adoção de várias posturas. Assentos usados por diversas pessoas devem ser facilmen- te ajustáveis. A necessidade de cadeiras com rodinhas e apoio para co- luna cervical ou para os braços depende do tipo de trabalho a ser realizado. Para o trabalho em pé, um banco alto ou um apoio lombar deve estar disponível para o uso temporário. Ferramentas manuais O tamanho, o formato, o peso e a textura do material das ferramentas manuais devem permitir uma boa preensão e se- rem fáceis de manusear. O uso de ferramentas manuais não deve requerer força excessiva. Vibrações e ruídos devem ser os meno- res possíveis. 58 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Figura 8 Exemplo de sistema de elevação. Outros equipamentos Outros equipamentos incluem, por exemplo, instalações, componentes, equipamentos de proteção individual, controles e dispositivos de elevação e movimentação, que devem ser avalia- dos de acordo com seu uso. 59© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 2.2. ATIVIDADE FÍSICA GERAL A "atividade física geral" é determinada pela duração do trabalho pelos métodos e equipamentos que requerem esforço físico. Esses parâmetros podem estar num patamar ideal, acima ou abaixo dessa referência. A qualidade das atividades físicas ge- rais é determinada pela relação entre a possibilidade de o tra- balhador regular a carga física e a possibilidade dessa carga ser regulada pelo método de produção ou, ainda, pela situação em que o trabalho é feito. Determine, por observação do trabalho, a entrevista com o trabalhador e com a chefia imediata do setor, se a quantidade de atividade física necessária é grande, ótima ou pequena. Grande atividade física é necessária, por exemplo, na agricultura e no trabalho de estivadores. A carga recai sobre os sistemas respira- tório e circulatório. A atividade física pequena pode ser encon- trada no trabalho fragmentado ou de inspeção. 60 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Levantamento de cargas O esforço requerido pelo levantamento é dado pelo peso da carga, pela distância horizontal entre a carga e o corpo e pela altura de elevação. Os valores apresentados na tabela foram estabelecidos para condições adequadas de levantamento. Em outras palavras, a pessoa que realiza a elevação utiliza as duas mãos para conseguir uma boa pega, diretamente em frente ao corpo, em uma superfície não escorregadia. A tarefa será avaliada como mais difícil em relação aos va- lores indicados na tabela. São consideradas condições inadequa- das de elevação aquelas que ocorrem com elevação de peso aci- ma dos ombros e as que ocorrem várias vezes por minuto. Nesse caso, a tarefa será avaliada como mais difícil do que os valores indicados na tabela. 61© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Confira a altura na qual a elevação ocorre. Em uma altura de "elevação normal", a elevação ascendente ou descendente está compreendida em uma região entre a altura do ombro e a altura dos dedos das mãos na postura ereta. Em uma "altura de elevação baixa", a elevação ascenden- te ou descendente encontra-se na região abaixo da altura das mãos. Neste caso, haverá agachamento. 1) Em se tratando do peso da carga, faça a estimativa do estresse de acordo com a carga elevada, que é mais pesada. 2) Meça a distância horizontal entre as mãos e a linha média do corpo. 3) Escolha, na tabela a seguir, a altura da elevação cor- respondente. Anote a distância das mãos e vá para baixo na coluna, para anotar o peso da carga. Anote o resultado. 62 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Posturas de trabalho e movimentos As posturas de trabalho referem-se às posições do pesco- ço, braços, costas, quadris e pernas durante o trabalho. Os mo- vimentos de trabalho são os movimentos do corpo exigidos pelo trabalho. Deve-se determinar as posturas de trabalho e os movimen- tos separadamente para pescoço-ombro, cotovelo-punho, cos- tas e quadril-pernas. A análise é feita a partir da postura e dos movimentos de maior dificuldade. O resultado final é o pior valor desses quatro resultados parciais. O tempo utilizado para manter a postura afeta a carga de estresse de uma situação. O valor resultante é incrementado um nível se a mesma postura for sustentada por mais da metade da jornada, e decresce um nível se a mesma postura for mantida não mais que uma hora. 63© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Classificação da postura do pescoço-ombro 64 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Classificação das posturas de cotovelo-punho 2.3. RISCO DE ACIDENTE Risco de acidente refere-se a qualquer possibilidade de lesão aguda ou intoxicação causada pela exposição ao trabalho durante uma jornada. É determinado por meio da possibilidade de o acidente ocorrer e sua severidade. Deve-se analisar os seguintes itens: • Familiarize-se com as estatísticas de acidente no posto de trabalho e entreviste a equipe da segurança do tra- balho. Pode-se também consultar a lista de riscos que 65© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO será estudada a seguir, para determinar se há risco de acidente. • Avalie a possibilidade de ocorrência de um acidente e sua severidade e escolha a classificação correspondente. Riscos mecânicos • Pode uma superfície, estrutura ou parte móvel da má- quina, uma parte da mobília ou um equipamento cau- sar explosão, ferida ou queda? • Podem os movimentos de deslocamento horizontal ou vertical e de rotação de máquinas, material ou outros equipamentos causar acidente? • Podem objetos em movimento ou aerodispersoides causar acidente? • Pode a ausência de corrimão, parapeitos, pisos escorre- gadios ou desarrumação causar quedas? Riscos causados por falha do desenho • Podem os controles ou visores causar acidentes por te- rem sido mal projetados e não atenderem às caracterís- ticas humanas? • Pode um dispositivo de acionamento, a falta de um dispositivo de segurança ouum travamento causar acidente? Riscos relacionados à atividade do trabalhador • Pode uma situação de trabalho que ocorre com uma realização de grande esforço ou postura e movimentos inadequados causar acidente? 66 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO • Pode a sobrecarga nas habilidades de percepção e aten- ção causar acidente (prestar especial atenção em fato- res como o uso de equipamento de proteção pessoal, ruído, iluminação, temperatura, entre outros, que po- dem afetar a percepção do trabalhador)? Riscos relacionados à energia e utilidades • A carga ou o fluxo de eletricidade, ar comprimido ou gás pode causar acidente? • A temperatura pode causar incêndio ou explosão? • Os agentes químicos podem causar acidente? Níveis de risco O risco de acidente pode ser: 1) Pequeno: se o trabalhador pode evitar acidentes em- pregando procedimentos normais de segurança. Não ocorre mais de um acidente a cada cinco anos. 2) Médio: se o trabalhador evita o acidente seguindo ins- truções especiais e sendo mais cuidadoso e vigilante que o usual. Pode ocorrer um acidente por ano. 3) Grande: se o trabalhador evita o acidente sendo extre- mamente cuidadoso e seguindo exatamente os regula- mentos de segurança. O risco é aparente, e um aciden- te pode ocorrer a cada três meses. 4) Muito grande: se o trabalhador somente pode evitar o acidente seguindo estrita e precisamente os regula- mentos de segurança. Pode ocorrer um acidente por mês. 67© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO A severidade do acidente é: 1) Leve: se causa não mais de um dia de afastamento. 2) Pequena: se causa menos de uma semana de afastamento. 3) Grave: se causa um mês de afastamento. 4) Gravíssima: se causa pelo menos seis meses de afasta- mento ou incapacidade permanente. 2.4. CONTEÚDO DO TRABALHO O conteúdo do trabalho é determinado pelo número e pela qualidade das tarefas individuais inclusas nas atividades do trabalho. Deve-se seguir o seguinte roteiro para a análise: 1) Avaliar se o trabalho inclui planejamento e prepara- ção, inspeção do produto e correção, manutenção e gerenciamento de materiais, além da tarefa original. 2) Usar a descrição do trabalho, se possível, com o tempo requerido para as tarefas individuais como uma ajuda para a análise. O tempo necessário para o planejamen- to afeta a classificação. 68 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 3) Considerar o fato de que o planejamento, a execução e a inspeção podem ocorrer simultaneamente nas tare- fas, demandando alto nível de habilidades. 4) Considerar que, quanto melhor a descrição do conteú- do do trabalho, melhor a classificação. 2.5. RESTRIÇÕES NO TRABALHO No trabalho restrito, as condições de execução limitam os movimentos do trabalhador e a liberdade de escolher quando e como fazer o trabalho. Deve-se analisar os seguintes fatores: 1) Avalie a limitação da tarefa, determinando se a organização do trabalho ou suas condições limitam a atividade do trabalhador ou sua liberdade de escolher o tempo de executar a tarefa. 2) Considere que o trabalhador pode ser limitado pela maneira que uma máquina ou mecanismo é usado ou pela necessidade de continuidade do processo. Ele também pode ser limitado pelo fato de que, em uma etapa particular do trabalho, outros trabalhadores 69© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO determinam o tempo de execução ou a forma de trabalho. 3) Se o trabalho é feito em grupo, leve em consideração as possibilidades de o grupo regular as limitações de cada trabalhador. Comunicação entre trabalhadores e contatos pessoais Refere-se às oportunidades que os trabalhadores têm de comunicar-se sobre o trabalho com seus superiores ou colegas. Deve-se determinar o grau de isolamento, avaliando as oportunidades diretas e indiretas de comunicação com outros trabalhadores ou superiores. A comunicação visual não é sufi- ciente para eliminar o isolamento quando, por exemplo, há mui- to ruído no local de trabalho. 70 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Tomada de decisão A dificuldade de tomada de decisões é influenciada pelo grau de disponibilidade de informação e do risco envolvido na decisão. Deve-se analisar os seguintes fatores: 1) Determine a complexidade de conexão entre a dispo- nibilidade de informação e a ação do trabalhador. 2) A conexão deve ser simples e clara. A informação rece- bida deve ser composta apenas de um indicador. Por exemplo, uma luz piscando é a informação para desli- gar uma máquina. 3) A conexão pode também ser complicada, requerer a formação de uma atividade-modelo e a comparação entre ações alternativas. Repetitividade do trabalho A repetitividade do trabalho é determinada pela duração média de um ciclo de trabalho repetitivo, sendo medida do co- 71© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO meço ao fim desse ciclo. A repetitividade pode ser avaliada so- mente naqueles trabalhos em que a tarefa é continuamente re- petida, relativamente, do mesmo modo. Esse tipo de trabalho é encontrado na produção seriada ou, por exemplo, em tarefas de empacotamento e embalamento. Deve-se avaliar a repetitividade, determinando a duração do ciclo repetitivo. Determine a duração medindo as tarefas que são inteira ou quase inteiramente iguais, do começo de um ciclo para o começo do próximo. Atenção Atenção compreende todo o cuidado e observação que um trabalhador deve atribuir para seu trabalho, instrumentos, máquinas, visores, processos etc. A demanda de atenção é avaliada pela relação entre a duração da observação e o grau de atenção necessário. 72 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Deve-se analisar os seguintes itens: 1) Determine a atenção demandada pelo trabalho, a par- tir do tempo que o trabalhador leva para realizar a ob- servação e o grau de atenção requerido. 2) Defina a duração de um período de tempo em obser- vação alerta, em relação ao tempo completo do ciclo. 3) Determine o grau de atenção, pela estimativa da aten- ção envolvida na tarefa, comparando-a com exemplos dados. 4) O nível de atenção demandada pelo trabalho é a mé- dia das classificações. Período de observação 73© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Demanda por atenção Iluminação As condições de iluminação de um local de trabalho são avaliadas de acordo com o tipo de trabalho. Para tarefas que requerem acuidade visual normal, o iluminamento é medido e o grau de ofuscamento é avaliado por observação. Para tarefas que requerem alta acuidade visual, se possível, medem-se as di- ferenças de iluminamento. Analise: 1) Se o trabalho demanda acuidade visual normal: a) meça o iluminamento do local de trabalho com um luxímetro; b) calcule a porcentagem de iluminamento, compa- rando com o que é recomendado para o local de trabalho: 100 × valor medido = valor recomendado; c) determine a quantidade de ofuscamento observan- do se há ou não luz clara/radiante, superfícies re- fletoras ou escuras e também áreas brilhantes, que 74 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO forneçam grande quantidade de iluminamento por todos os lados na área de visão; d) compare as taxas determinadas para iluminamen- to e ofuscamento. A taxa insatisfatória reflete as condições de iluminamento para todo o local de trabalho. 2) Se o trabalho demanda alta acuidade visual, meça: a)iluminamento do objeto visado; b) iluminamento imediatamente adjacente; c) iluminamento médio das partes mais escuras das superfícies no campo visual; d) iluminamento das partes mais claras das superfícies no campo visual. 3) Se o trabalho requer acuidade visual normal, conside- re a tabela a seguir. Ambiente térmico Os efeitos térmicos no ambiente de trabalho são distribuí- dos por todos os postos de trabalho. Nos trabalhos ou locais com radiação térmica, ou períodos prolongados com temperaturas que continuamente ultrapassam 28°C, a classificação da carga térmica é baseada no índice de IBUTG (Índice de Bulbo Úmido Natural, Termômetro de Globo) normatizado pela ISO 7243. 75© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO A carga de calor e os riscos causados pelas condições tér- micas dependem do efeito combinado de fatores ambientais, tais como: temperatura do ar, umidade do ar, velocidade do ar, radiação térmica; do tipo de atividade ou carga de trabalho; e do tipo de vestimenta usado. Analise os seguintes itens: 1) Meça a temperatura do ar no posto de trabalho, na altura da cabeça e do tornozelo do trabalhador. Para trabalhadores que se movimentam por vários locais durante a jornada, meça a temperatura do ar a 1 metro de distância das paredes opostas do local de trabalho e também no centro da edificação. Essas me- didas de temperatura devem ser feitas a alturas de 10 a 170cm do piso. 2) Compare a média dos valores obtidos com os valores da tabela anexa, de acordo com o tipo de trabalho. 3) Estime o efeito da vestimenta utilizada pelo trabalhador. Os valores na tabela são para pessoas que trabalham em ambientes internos utilizando roupas leves. A clas- sificação dos valores pode aumentar ou diminuir em relação aos valores de referência, dependendo do tipo de roupa utilizada. 4) Medir ou estimar a velocidade do ar e a umidade rela- tiva. Em situações de temperaturas elevadas com alta umidade ou situações de baixas temperaturas com alta velocidade do ar, a classificação a partir dos valores da tabela deve ser acrescida um nível. 76 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Ruído A classificação do ruído é obtida em função do tipo de tra- balho executado. Existe um potencial de risco de dano à audição quando o ruído for maior que 80 dB(A). O uso de protetor auri- cular é então recomendado. Nas situações de trabalho em que há necessidade de co- municação verbal, as pessoas precisam estar aptas para conver- sar entre si, gerenciar ou executar o trabalho. Nas situações que requerem concentração, o trabalhador deve raciocinar, tomar decisões, usar continuamente sua memó- ria e estar concentrado. Para analisar o nível de ruído, deve-se medir ou estimar o nível de ruído nas condições normais de ruído do ambiente. 77© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO Esses são todos os itens que compõem o protocolo de Aná- lise Ergonômica do Trabalho. Essa ferramenta é muito útil para a avaliação do ambiente ocupacional, além de ser uma ferramenta utilizada mundialmente para esse propósito. No entanto, como ressaltado no início desta unidade, é importante destacar que existem diversos outros protocolos destinados a avaliações mais específicas dos variados postos e condições de trabalho. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. Nesta unidade, o Conteúdo Digital Integrador traz artigos de aplicação prática do protocolo de Análise Ergonômica do Tra- balho. Assim, você poderá entender a aplicação desse protocolo, bem como ver exemplos práticos dele. Todos os estudos a seguir estão disponíveis gratuitamente na internet. 78 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO O primeiro estudo apresenta a aplicação do AET ou EWA em um consultório odontológico. • FALCÃO, B. M. et al. Consultório Odontológico: uma AET utilizando-se da EWA. Revista Científica de Design. Lon- drina, v. 2, n. 1, p. 53-68, 2011. O segundo estudo apresenta uma aplicação do AET em uma microempresa. • OLIVEIRA, J. D. A; FONTES, A. R. M. Aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho no posto de embalamento em uma microempresa do setor de brinquedos. In: XXXI EN- CONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Belo Horizonte, MG, Brasil, 4-7 out. 2011. O terceiro estudo discute a importância da Análise Ergo- nômica do Trabalho e também nos apresenta as origens dessa ferramenta. • FILHO, J. M. J. Introdução: Inteligência no Trabalho e Análise Ergonômica do Trabalho – as contribuições de Alain Wisner para o desenvolvimento da Ergonomia no Brasil. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. São Pau- lo, v. 29, n. 109, p. 7-10, 2004. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Quais são os três principais pressupostos da Ergonomia? a) Interdisciplinaridade, análise da situação real de trabalho e participa- ção dos sujeitos. 79© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO b) Multidisciplinaridade, análise da situação em laboratório e participa- ção dos sujeitos. c) Interdisciplinaridade, análise da situação real e organização do trabalho. d) Multidisciplinaridade, análise da situação real e análise dos postos de trabalho. 2) Classifique as afirmações abaixo como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - A interdisciplinaridade da Ergonomia é o princípio que destaca a importância da análise das condições de trabalho sob diferentes perspectivas. II - Uma única área do conhecimento é capaz de contemplar todos os âm- bitos vinculados à demanda do ambiente ocupacional. III - Para se compreender da melhor maneira possível a atividade realiza- da pelo trabalhador, é de fundamental importância analisar a situação de referência. a) V, F, V. b) V, V, F. c) V, V, V. d) F, F, F. 3) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - O sucesso de uma intervenção ergonômica está diretamente vincula- do à participação dos próprios trabalhadores em todas as fases dessa intervenção. II - A visão do trabalhador deve ser desconsiderada em um processo de intervenção, uma vez que esse não detém o conhecimento específico para colaborar com a intervenção. III - A análise participativa permite a transformação das condições de trabalho. a) V, F, F. b) V, F, V. c) V, V, V. d) F, F, F. 80 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO 4) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - A Análise Ergonômica do Trabalho permite identificar e buscar o ajuste das condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador. II - Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento das lesões musculo- esqueléticas relacionadas ao trabalho e o papel de cada fator de risco nesse desenvolvimento já estão muito bem compreendidos e relata- dos na literatura. III - O protocolo de Análise Ergonômica do Trabalho propõe uma avaliação geral do posto de trabalho, tendo por base a descrição cuidadosa e sistemática das tarefas e não levando em consideração a opinião dos trabalhadores. IV - Todos os itens avaliados pelo AET devem sempre ser utilizados, sendoque esse protocolo não permite que nenhum item seja retirado. a) V, V, F, F. b) V, F, V, F. c) V, V, V, V. d) V, F, F, F. 5) Quanto ao envolvimento dos sujeitos, podemos afirmar: I - É um dos processos mais importantes relacionados ao sucesso da in- tervenção ergonômica. II - Está relacionado à participação dos próprios trabalhadores no proces- so de identificação dos problemas. III - É uma fonte importante de informações. IV - É importante, no entanto, deve ser minimizado no processo de intervenção. a) I, II e III. b) I, III e IV. c) II, III e IV. d) I, II e IV. 6) Segundo o manual do AET, quais dos itens a seguir não representa um dos três passos nos quais a análise de um posto de trabalho se processa? a) O analista define e delimita a tarefa a ser analisada. 81© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO b) A tarefa deve ser descrita. c) O analista apresenta ao operador a descrição das tarefas. d) O trabalhador ajuda a avaliar o ambiente de trabalho. 7) Qual a melhor definição para o conceito de interdisciplinaridade? a) É o princípio que destaca a importância da análise das condições de trabalho sob diferentes perspectivas. b) É o princípio que destaca a importância da análise das condições de trabalho numa única perspectiva. c) É o princípio que destaca a importância da análise das condições de trabalho sob a perspectiva do educador físico. d) É o princípio que destaca a importância da análise das condições de trabalho sob a perspectiva do engenheiro de Segurança no Trabalho. 8) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - A distância visual deve ser proporcional ao tamanho do objeto de trabalho. II - Com relação ao ângulo de visão, o objeto de maior frequência de ob- servação deve ser centralizado em frente ao trabalhador. III - Um assento usado continuamente deve conter: altura ajustável; esto- famento permeável; apoio ajustável para as costas. a) V, V, V. b) F, F, F. c) V, V, F. d) F, V, V 9) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - A carga de calor e os riscos causados pelas condições térmicas depen- dem do efeito combinado de fatores ambientais. II - As condições de iluminação de um local de trabalho não são avaliadas de acordo com o tipo de trabalho. III - A classificação do ruído é fixa para todo tipo de trabalho executado. a) V, V, V. b) V, F, F. 82 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO c) V, V, F. d) F, V, V. 10) Qual dos itens a seguir não faz parte do AET? a) Postura. b) Ruído. c) Tomada de decisão. d) Estresse. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas. 1) a. 2) a. 3) b. 4) d. 5) a. 6) d. 7) a. 8) a. 9) b. 10) d. 5. CONSIDERAÇÕES Com o término desta unidade, na qual abordamos os três principais princípios da Ergonomia, bem como a importância da Análise Ergonômica do Trabalho, e conhecemos um importan- te protocolo para análise do ambiente ocupacional, é relevante apontarmos que esse protocolo é reconhecido nacional e inter- 83© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 2 – ABORDAGEM ERGONÔMICA E ANÁLISE DO TRABALHO nacionalmente como uma boa ferramenta para análise do am- biente ocupacional. No entanto, devemos sempre aprimorar o conhecimento sobre esse tema; por isso, sempre recorra a arti- gos para continuar aprendendo sobre os conteúdos abordados. Com isso, você solidificará os seus conhecimentos na área. 6. E-REFERÊNCIA ERGO & AÇÃO; SIMUCAD. Análise Ergonômica do Posto de Trabalho. Disponível em: <http://www.simucad.dep.ufscar.br/simucad/dn_caderno_005.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COURY, H. J. C. G.; SATO, T. O. Protocolos e racional para avaliação de riscos relacionados à ocorrência de lesões musculoesqueléticas no trabalho. São Carlos: EDUFSCar, 2010. (Série Apontamentos). FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. GRANDJEAN, E. Fitting the task to the man, an ergonomic approach. London: Taylor e Francis, 1982. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia – adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU Editora, 1977. WISNER, A. A inteligência no trabalho. Textos selecionados em Ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994. © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 85 LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Objetivos • Entender o que são as doenças ocupacionais. • Compreender as Lesões por Esforço Repetitivo e também os Distúrbios Os- teomusculares Relacionados ao Trabalho (LER e DORT). • Identificar e compreender os principais fatores de risco presentes no am- biente de trabalho. • Entender e identificar os principais sinais e sintomas relacionados aos DORTs, bem como os estágios para avaliação e controle dos riscos ocupacionais. Conteúdos • Definição de doenças ocupacionais e também de Lesões por Esforço Re- petitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER e DORTs). • Fatores de risco individuais/pessoais; fatores de risco psicossociais/organi- zacionais; fatores de risco físicos/biomecânicos. • Principais sinais e sintomas dos DORTs. • Estágios do processo de avaliação e controle dos riscos ergonômicos Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orien- tações a seguir: UNIDADE 3 86 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 1) Leia atentamente todo o material da Unidade 3 e faça anotações de todas as suas dúvidas. Procure solucionar todas as dúvidas tanto por meio do nosso sistema de interatividade ou diretamente com o seu tutor. 2) Tenha em mãos o Glossário de Conceitos, para que você possa consultá-lo e, assim, sanar qualquer confusão de termos importantes. 3) Leia os materiais complementares disponibilizados no tópico Conteúdo Di- gital Integrador, para que você aprofunde seus conhecimentos teóricos. Procure resolver todas as questões autoavaliativas e, sempre que necessá- rio, releia o conteúdo da Unidade, bem como faça buscas na internet com uma bibliografia confiável. 87© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 2, conhecemos a importância da Análise Ergo- nômica do Trabalho para a avaliação do ambiente ocupacional. No entanto, devemos ressaltar que, para uma boa avaliação do ambiente de trabalho, também devemos conhecer e reconhe- cer os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos. Assim, seguimos para esse capítulo para aprender sobre esses riscos e também sobre as doenças ocupacionais. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 2.1. DOENÇAS OCUPACIONAIS Definição O termo doença ocupacional é utilizado para designar um conjunto de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador. Essas doenças são provocadas por fatores direta- mente relacionados com o ambiente de trabalho e se dividem em doenças profissionais e doenças relacionadas ao trabalho. As doenças profissionais são causadas por fatores direta- mente relacionados à atividade laboral. As mais comuns são do- enças do sistema respiratório e da pele. Os cuidadossão essen- 88 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA cialmente preventivos, pois a maioria das doenças ocupacionais é de difícil tratamento. Exemplos: asma ocupacional, silicose, asbestose, dermatite de contato, câncer de pele ocupacional. O diagnóstico dessas doenças é facilmente realizado por meio de exames médicos específicos e o nexo causal é presumido. As doenças relacionadas ao trabalho têm seu desenvolvi- mento relacionado à associação de fatores de risco individuais, biomecânicos e psicossociais. O diagnóstico é feito por meio de testes clínicos, pois, na maioria das vezes, o que se observam são sinais e sintomas que interferem na realização normal da atividade, sem, no entanto, haver confirmação da doença por meio de exames médicos específicos. Exemplo: um trabalhador com epicondilite lateral apresentará sintomas como dor e redu- ção da força durante a realização de movimentos de extensão do punho. Contudo, um exame radiológico ou ultrassonográfico, por exemplo, pode não identificar qualquer alteração tecidual na região acometida. Nesse caso, na ausência de um exame clínico bem realizado, o trabalhador acometido poderá ser diagnosti- cado como “sem alterações”. Devido aos múltiplos fatores que podem contribuir para as doenças relacionadas ao trabalho, o nexo causal não ocorre de forma automática. Uma doença ocupacional normalmente é adquirida quan- do um trabalhador é exposto acima do limite permitido por lei a agentes químicos, físicos, biológicos ou ergonômicos sem proteção compatível com o risco envolvido. Essa proteção pode ser na for- ma de Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) ou Equipamento de Prote- ção Individual (EPI). Existem também medidas administrativas e/ou organizacionais capazes de reduzir os riscos. As principais vias de absorção de agentes nocivos são a pele e os pulmões. 89© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA No Brasil, a doença ocupacional é equiparada ao acidente de trabalho, gerando os mesmos direitos e benefícios ao trabalhador. Entre as doenças relacionadas ao trabalho, daremos enfoque nesta unidade aos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs). LER e DORT Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Traba- lho (DORTs) e Lesões por Esforço Repetitivo (LER) são definidos como doenças multifatoriais que acometem a população traba- lhadora e, em parte, são causadas pelo trabalho, e/ou agravadas, aceleradas ou exacerbadas por exposições ocupacionais, sendo a principal causa de prejuízo na capacidade para o trabalho. Na legislação brasileira, as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) são atualmente definidos como "um conjunto de sín- dromes clínicas caracterizadas por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas, que se manifestam principalmen- te no pescoço, cinturão escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho". Essas condições compreendem um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas que resultam em dor, comprometimento funcional e, por seu caráter crônico, trazem prejuízo à vida familiar, social e produtiva do indivíduo. LER e DORT são termos genéricos que procuram carac- terizar um conjunto de manifestações patológicas do sistema musculoesquelético, as quais possuem fatores comuns em suas origens a exposição a fatores de risco presentes no ambiente de trabalho. 90 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Reconhecidas pela Previdência Social desde 1987, as LER/ DORT têm sido, nos últimos anos, entre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes, segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada. Em 1998, com a Revisão das Normas Técnicas, o termo LER foi substituído pelo termo DORT, mais abrangente que o anterior. Isso porque, com a identificação de diversas outras doenças re- lacionadas ao trabalho com causas variadas, destacou-se a limi- tação do termo LER, cuja ênfase é dada exclusivamente ao fator de risco repetitividade. Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho afetam músculos, tendões, ligamentos e são responsáveis por queixas comuns tanto à população em geral, como para a classe trabalhadora. Além disso, representam a principal causa de pre- juízo da capacidade para o trabalho. O desenvolvimento dessas alterações está relacionado a uma associação dinâmica entre fatores de risco individuais, bio- mecânicos e psicossociais. Dessa forma, a interação entre fatores genéticos, condições físicas de trabalho, percepção individual e questões relacionadas à organização do trabalho apresenta suas contribuições no desenvolvimento do problema. Tendo em vista o caráter multifatorial dos DORTs, seu con- trole depende da intervenção e controle de seus fatores causais, por meio de intervenções ergonômicas. A realização de interven- ções ergonômicas requer uma abordagem múltipla, envolvendo identificação e avaliação do problema, desenho ou redesenho da atividade/tarefa, modificação e treinamento para redução efeti- va dos riscos. Lembre-se de que por risco ergonômico se enten- de as condições ou práticas de trabalho que possam ameaçar a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, representando 91© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA assim prejuízos ao bom rendimento profissional, à qualidade do serviço e à produtividade. Podemos citar três categorias de riscos aos quais os traba- lhadores estão expostos: • Fatores de Risco Individuais ou Pessoais. • Fatores de Risco Psicossociais ou Organizacionais. • Fatores de Risco Físicos ou Biomecânicos. De acordo com Bernard (1997), destacam-se os seguintes fatores entre as categorias de risco mencionadas anteriormente: Fatores de Risco Individuais ou Pessoais 1) Idade: quanto maior a idade do trabalhador, maior o risco de apresentar doenças devido aos efeitos cumu- lativos do tempo de exposição a fatores de risco, bem como em decorrência das alterações típicas do proces- so de envelhecimento, como exemplo as alterações do tecido cartilaginoso. O processo de envelhecimen- to está associado à desidratação tecidual que torna o tecido cartilaginoso menos resistente. Esse processo torna os discos intervertebrais e tendões mais suscetí- veis à lesão, além de resultar em prejuízos à cartilagem articular, levando às calcificações. Outro aspecto mar- cante é a sarcopenia (perda de sarcômeros dos múscu- los), que provoca perda de massa muscular e resulta em perda da força em indivíduos idosos. Contudo, é importante lembrar que os hábitos de vida e fatores genéticos exercem influência direta sobre o processo de envelhecimento, amenizando ou agudizando seus efeitos sobre o organismo. 92 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 2) Sexo: mulheres apresentam menor força muscular; sofrem influência da regulação hormonal; apresentam menor limiar de percepção da dor, com possível influ- ência do estrógeno na maior percepção e experiência subjetiva da dor em mulheres. Além disso, os postos de trabalho são planejados com base em medidas antro- pométricas masculinas, que resultam na inadequação dos postos de trabalho às dimensões antropométricas femininas. As mulheres apresentam maior atividade muscular ao longo do dia e menor período de recupe- ração em relação aos homens devido à dupla jornada de trabalho. Outro fator que explica a maior preva- lência de sintomas entre mulheres é a segregação de tarefas dentro e fora do ambiente ocupacional. Essa segregação implica diferentes demandas físicas e men- tais. A segregaçãode tarefas no mercado de trabalho seria responsável por expor as mulheres a tarefas mais repetitivas e monótonas quando comparadas com as tarefas tipicamente realizadas por homens. 3) Antropometria: postos de trabalho planejados em desacordo com as medidas antropométricas de seus usuários levam à adoção de posturas inadequadas que sobrecarregam as estruturas musculoesqueléticas, le- vando ao aumento da pressão intramuscular, redução do fluxo sanguíneo (reduzindo a oferta de O2 e nutrien- tes e levando ao acúmulo de substâncias algogênicas, como os produtos do metabolismo celular: CO2, ácido lático e demais metabólitos). 4) Repertório genético: as características genéticas como histórico de doenças na família, biótipo e comorbida- des herdadas apresentadas pelo trabalhador podem 93© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA contribuir para aumentar o risco de esse trabalhador desenvolver alterações musculoesqueléticas e lesões. 5) Doenças crônicas prévias/Condição de saúde: o his- tórico de doenças prévias, acidentes e lesões apresen- tados pelo trabalhador podem repercutir em risco au- mentado de desenvolver ou agravar um quadro clínico com a exposição ao trabalho. 6) Tabagismo: a nicotina provoca vasoconstrição, o que reduz a oferta de oxigênio e nutrientes para os múscu- los, ligamentos e discos intervertebrais, aumentando a propensão ao desenvolvimento de processos degene- rativos nos discos intervertebrais e à lesão. Além disso, o uso contínuo do cigarro prejudica o clearance pulmo- nar, promovendo acúmulo de secreção e aumentando o reflexo de tosse, o que gera sobrecarga nos músculos intercostais e aumento da pressão intra-abdominal. Os principais mecanismos biológicos desencadeados pelo tabagismo que possivelmente explicam os sintomas na coluna se relacionam: a) ao reflexo da tosse; b) ao aumento da deposição de fibrina, levando à in- flamação crônica; c) à redução do fluxo sanguíneo e oxigenação dos teci- dos, prejudicando o balanço metabólico dos discos e acelerando processos degenerativos que tornam a coluna mais suscetível a deformações mecânicas e lesões. 7) Nível de escolaridade: estudos demonstram que, quanto menor o nível de escolaridade do trabalhador, maior a exposição prévia desse a atividades laborais 94 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA pesadas. Tal exposição aumenta a sobrecarga sobre o sistema musculoesquelético, tornando o trabalhador mais propenso a apresentar distúrbios, principalmen- te nas regiões da coluna lombar e membros inferiores. 8) Hobbies, prática de esporte: dependendo da frequ- ência e intensidade, a prática de hobbies e esportes gera sobrecarga adicional ao sistema musculoesquelé- tico. Certas práticas, como tricotar e/ou tocar violão, podem implicar exposição a fatores de risco como re- petitividade e posturas inadequadas. A prática de de- terminados esportes pode sobrecarregar estruturas específicas, como a articulação do ombro no caso do voleibol, que fica exposta à realização contínua de mo- vimentos extremos da articulação associados ao uso de força. 9) Trabalho doméstico/dupla jornada: a dedicação do tempo livre às atividades domésticas, principalmente pelas mulheres; bem como o duplo emprego são fato- res que reduzem o período de recuperação dos grupos musculares solicitados durante o trabalho. Esse perío- do de recuperação reduzido aumenta o risco de lesão, especialmente quando o indivíduo realiza atividade la- boral fisicamente pesada, como é o caso de trabalha- dores da área de Enfermagem e de setores agrícolas, por exemplo. 10) Treinamento: a prática de uma determinada atividade laboral pode auxiliar os trabalhadores mais experien- tes a adotarem posturas que gerem vantagens biome- cânicas durante o manuseio, reduzindo a sobrecarga imposta ao sistema musculoesquelético. Isso repre- senta um efeito positivo do treinamento espontâneo 95© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA apresentado por trabalhadores experientes que pode não acontecer para os indivíduos inexperientes. Uma possibilidade é oferecer treinamento para os indivídu- os novatos, de modo que assimilem a realização auto- mática da atividade de forma mais protetora possível, prevenindo possíveis vícios posturais. O enfoque em trabalhadores novatos é de grande importância, ten- do em vista a dificuldade de modificar hábitos já ins- talados nos trabalhadores que realizam a atividade há mais tempo. 11) Satisfação no trabalho: exerce influência direta sobre o trabalhador, afetando sua saúde física e mental, suas atitudes diárias, comportamento profissional, social, tanto com repercussões para a vida pessoal e familiar do indivíduo como para as organizações. A insatisfação no trabalho contribui para estados de estresse e ten- são aumentados que levam ao desenvolvimento de ta- quicardia, sudorese, dores de cabeça e tensão muscu- lar. A realização do trabalho nessas condições torna-se penosa, reduzindo a qualidade do serviço prestado e trazendo prejuízos à qualidade de vida do trabalhador. 12) Perfil psicológico (competitivo, perfeccionista): o per- fil psicológico pode resultar em sobrecarga adicional ao trabalhador quando o estimula a superestimar a carga de trabalho. O perfeccionismo faz com que o tra- balhador demore mais tempo para cumprir suas ativi- dades e pode levá-lo a um excesso de horas trabalha- das (remuneradas ou não). O perfil competitivo resulta em estresse emocional adicional que também sobre- carrega o trabalhador. Essa sobrecarga ocorre tanto em termos psicológicos como físicos, em decorrência 96 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA da carga de trabalho que este possa vir a assumir, com o objetivo de se destacar em relação aos demais cole- gas de trabalho. Fatores de Risco Psicossociais ou Organizacionais 1) Tipo da organização do trabalho (linha). 2) Longas jornadas/hora extra. 3) Trabalho em turnos. 4) Trabalho monótono. 5) Trabalho repetitivo. 6) Trabalho estereotipado. 7) Ausência de pausas. 8) Ritmo. 9) Automatização parcial. 10) Rotação de atividades (requisitos físicos dos trabalhos incompatíveis). 11) Grande demanda de trabalho. 12) Trabalho sazonal. 13) Grandes alterações organizacionais. 14) Perspectiva de demissão. 15) Grande responsabilidade em decisões. 16) Falta de autonomia. 17) Flexibilidade de ação. 18) Clareza sobre o processo do trabalho. 19) Demanda cognitiva. 20) Relacionamento com chefia. 21) Relacionamento com colegas. 97© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Fatores de Risco Físicos ou Biomecânicos 1) Postura: as posturas exigidas para a realização da tare- fa podem causar problemas quando são extremas ou estáticas. As posturas extremas aumentam a demanda física da tarefa à medida que geram um esforço (gasto energético) adicional para serem mantidas. Isso ocorre em decorrência do grande desvio que apresentam em relação à postura neutra (anatômica), fato que gera alavancas físicas (torque) na articulação, que são equi- libradas pela ação muscular. Dessa forma, as posturas inadequadas e/ou extremas geram uma sobrecarga biomecânica. O aumento da sobrecarga muscular prejudica o fluxo san- guíneo e aumenta a taxa de fadiga. Temos exemplos de posturas extremas quando os indivíduos realizam alcances longe do cor- po, movimentos de rotação, inclinação do tronco, trabalho acima do nível da cabeça, durante a manutenção da posição ajoelhada e agachada. Os efeitos das posturas extremas são piores se as tarefas de trabalho incluemmovimentos repetitivos ou exigem a realização de força associada a tais posturas. Figura 1 Exemplos de atividades ocupacionais exigindo adoção de posturas extremas. 98 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Figura 2 Tarefas que exigem inclinação, alcance e rotação de tronco. As posturas estáticas são aquelas posturas de trabalho em que uma parte do corpo é mantida na mesma posição por um longo período, o que exige que os músculos estejam em cons- tante estado de contração. Essa condição diminui a circulação sanguínea, resultando em falta de nutrientes aos músculos e acúmulo de metabólitos. Dessa forma, os músculos tornam-se cansados, desconfortáveis e muitas vezes dolorosos. Os traba- lhadores que realizam atividades como costura e digitação fre- quentemente apresentam relato de dor/desconforto nas regiões do pescoço e ombro devido às posturas estáticas mantidas du- rante todo o trabalho. Figura 3 Manutenção de posturas estáticas. O fluxograma a seguir ilustra de forma esquemática os efeitos da exposição a trabalhos que exigem a adoção de postu- ras estáticas. 99© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Figura 4 Fluxograma dos efeitos da exposição a trabalhos que exigem a adoção a posturas estáticas. 2) Força: força é a quantidade de esforço muscular reali- zado para concluir um trabalho. São exemplos de atividades que exigem o uso de força: a) levantar ou carregar um objeto pesado; b) empurrar ou puxar um objeto difícil de mover; 100 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA c) operar ferramentas que exijam muita força de compressão; d) remover um objeto de uma prateleira alta. Ainda devemos avaliar a quantidade de tempo de manu- seio dessa carga. É importante identificar se a carga é manuse- ada sem pausa para recuperação muscular, bem como outros fatores associados que dificultam a realização de força, como o número de vezes em que a carga é manuseada por hora ou turno de trabalho, a quantidade de vibração associada, a postura ado- tada, a resistência a ser superada para a movimentação do obje- to, a temperatura ambiente e a quantidade de força de rotação exigida para a realização da tarefa. 3) Repetição: o trabalho é considerado repetitivo quan- do exige a repetição de um padrão estereotipado de movimentos. Isto é, envolve a utilização contínua de músculos, tendões e articulações para a realização da tarefa. Durante o trabalho repetitivo, o aporte sanguí- neo diminui, implicando a escassez de nutrientes e o acúmulo de metabólitos. Como resultado, os músculos entram em fadiga. Os riscos do trabalho repetitivo de- pendem dos seguintes fatores: a) frequência – qual a periodicidade em que o movi- mento repetitivo é realizado; b) duração – por quanto tempo o trabalho repetitivo é mantido. O trabalho repetitivo oferece ainda maior risco ao traba- lhador quando associado com posturas extremas e/ou esforços excessivos. 101© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Assim, destacamos importância de identificar e controlar os fatores de risco biomecânicos, pois eles contribuem de forma direta para o desenvolvimento de DORT. Em síntese, destacamos os fatores a serem observados: necessidade de forças excessivas; realização de movimentos repetidos; exposição a trabalho pesa- do; manuseio/levantamento de peso; movimentos assimétricos; vibração; uso de ferramentas inadequadas e/ou malconservadas; mobília e equipamentos inadequados; contrações mantidas/ trabalho muscular estático; uso de pinça ou preensão de força; campo visual restritivo; espaço para movimentação restrito; uso de alguns EPIs (por exemplo, capacetes e protetores auriculares pesados que sobrecarregam a região do pescoço durante os mo- vimentos de flexão da cabeça). Fatores ambientais como ruído, iluminação, temperatu- ras extremas (frio, calor) também contribuem para produzir so- brecarga física adicional ao organismo. É de suma importância lembrar que as categorias de fatores de risco não são excluden- tes entre si, ou seja, fatores variados das diferentes categorias atuam de forma conjunta para o desenvolvimento de alterações musculoesqueléticas. DORT – Sinais e sintomas Os DORTs caracterizam-se por sua ocorrência gradual e agravo ao longo do tempo de exposição. Podem afetar múscu- los, tendões, ligamentos, articulações e nervos. Tais síndromes podem se desenvolver quando os mesmos músculos são usados por longos períodos sem descanso adequado. Alguns exemplos comuns de lesões musculoesqueléticas incluem a Síndrome do Túnel do Carpo, tendinite, bursite e epicondilite (tênis e cotovelo do golfista), dedo em gatilho. 102 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Lembre-se de que a identificação de problemas na fase ini- cial reduz significativamente o risco de desenvolver um distúrbio osteomuscular grave. Os principais sinais e sintomas dos DORTs incluem: 1) inflamação; 2) rubor (vermelhidão); 3) diminuição da amplitude de movimento; 4) perda da função; 5) formigamento; 6) dormência; 7) rigidez; 8) dor/sensibilidade; 9) fraqueza muscular; 10) fadiga; 11) diminuição da força de preensão. O estudo de revisão realizado por Costa e Vieira (2010) com o objetivo de atualizar as evidências sintetizadas pelo Instituto Nacional de Saúde Ocupacional dos EUA (NIOSH) identificou os principais fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas e lesões em cada uma das regiões do corpo que apresentam eleva- da prevalência de DORT. A tabela a seguir sintetiza os principais resultados obtidos pelos autores. 103© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Quadro 1. Fatores biomecânicos com forte evidência de risco para as regiões corporais. REGIÃO CORPORAL TRABALHO FISICAMENTE PESADO REPETITIVIDADE POSTU-RAS INADE- QUADAS LEVANTA- MENTO DE CARGAS VIBRAÇÃO Pescoço X Ombro X X Cotovelo/ Antebraço X X Punho/ Mão X X X Lombar X X X X Joelhos X X X Membros inferiores* *Não foram encontrados estudos que viabilizassem a análise dos fatores de risco para os membros inferiores. Além das demandas biomecânicas geradas pelos fatores de risco destacados na tabela anterior, existem outros fatores de risco com evidência razoável de uma relação causal com DORT. Esses incluem fatores de risco psicossociais, tabagismo, alto índi- ce de massa corporal (IMC) e presença de comorbidades. Entre os fatores de risco psicossociais, destacam-se baixo controle sobre o trabalho e altos níveis de estresse. As regiões do corpo mais suscetíveis a esses fatores são: pescoço, ombro e coluna lombar. As principais doenças identificadas em situações ocupacio- nais são: 1) Síndrome do Túnel do Carpo; 2) tendinites; 3) tensão de músculos e tendões; 104 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 4) entorse ligamentar; 5) Síndrome de Tensão no Pescoço; 6) Síndrome do DesfiladeiroTorácico; 7) Tendinite do Manguito Rotador; 8) Epicondilite; 9) Síndrome do Túnel Radial; 10) dedo em gatilho; 11) Síndrome de DeQuervain; 12) Síndrome Lombar por Sobrecarga Mecânica; 13) degeneração discal; 14) ruptura/hérnia de disco. Quadro 2. Exposição ocupacional e efeitos na saúde do trabalhador. ESTRUTURA ANATÔMICA MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA NEXO CAUSAL Músculos e fáscias Síndrome de Tensão no Pescoço Sobrecarga (física e psíquica → maior contração muscular e estresse) ↑ da pressão intramuscular, ↓fluxo sanguíneoNervos Síndrome do Túnel do Carpo (n. mediano) ↑ da pressão intramuscular, compressão mecânica, distensão do nervo Tendões Tendinites (ex.: tendinite do supraespinhoso e epicondilite lateral) Trauma cumulativo → ADM* extrema ou inadequada + Força e/ ou Repetição Bursas Bursites (olécrano ou subacromiais) Apoiar cotovelo em superfícies duras; atrito entre estruturas ósseas e tendões espessados Discos intervertebrais Hérnias Sobrecarga na coluna (Manuseio de peso e/ou postura): ↑ compressão discal → prolapso *ADM: Amplitude de movimento. 105© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Agora que você conhece as principais categorias de risco e os fatores que fazem parte de cada uma delas, analisaremos de que forma se dá a atuação do ergonomista, desde a etapa de identificação dos riscos até a proposição de soluções para con- trole destes. Podemos considerar três estágios durante o processo de avaliação e controle dos riscos ergonômicos: 1) Identificação dos fatores de risco do ambiente de tra- balho que estão relacionados à ocorrência de lesão. 2) Avaliação dos riscos por meio de métodos e técnicas específicas. 3) Controle do risco. Em síntese, podemos considerar o seguinte modelo que originalmente foi proposto para tarefas envolvendo manuseio de materiais, mas que pode ser adaptado como roteiro para in- tervenções ergonômicas de um modo geral. 106 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Quadro 3. Modelo de tarefas de manuseio de materiais. PRIMEIRO ESTÁGIO IDENTIFICAÇÃO Análise das estatísticas de lesão dentro do ambiente em questão. Entrevista com os trabalhadores. Checagem geral: • posturas e layout da estação de trabalho • análise da tarefa • condições do local de trabalho. SEGUNDO ESTÁGIO MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO RISCO Ações, movimentos e posturas. Layout da estação de trabalho, fluxo do trabalho e ferramentas utilizadas. Forças aplicadas, pesos manuseados e natureza da carga. Condições gerais do ambiente e organização do trabalho. Aspectos pessoais idade, habilidade e experiência. Avaliação detalhada dos seguintes fatores: • localização das mãos (vertical e horizontalmente; • frequência de execução das tarefas. Para tarefas envolvendo manuseio de cargas, considerar também: • massa do objeto; • movimento vertical; • força aplicada. TERCEIRO ESTÁGIO CONTROLE DO RISCO Mudança de ações e movimentos. Modificação da estação de trabalho e ambiente em geral. Modificações de ferramentas e controles. Rearranjo do fluxo de materiais. Para tarefas envolvendo manuseio de materiais: Modificações da carga. Mudança da tarefa: • pela implementação de auxílios ao transporte manual; • por meio da implementação de dispositivos mecânicos; • por meio da combinação de esforços; • por meio de treinamentos específicos e ambientados. Fonte: Adaptado do Modelo da Comissão Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional Australiana_ Worksafe_1988. 107© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA Tarefas envolvendo manuseio de materiais Primeiro estágio – Identificação 4) Análise das estatísticas de lesão a) Levantamento da área do ambiente de trabalho re- lacionada à ocorrência de queixas e lesões. b) Ocupação do indivíduo sintomático e/ou lesado. c) Atividade executada no momento da lesão (para ta- refas envolvendo manuseio de cargas). d) Região do corpo afetada. Entrevista com os trabalhadores A opinião dos trabalhadores auxilia para uma melhor compreensão da situação real, à medida que traz informações a respeito da percepção de risco e sobrecarga por parte dos in- divíduos diretamente envolvidos na situação e contribui para obtenção de cooperação na implementação e controle das me- didas aplicadas. Checagem geral Aplicação de checklists para identificar aspectos de risco. Segundo estágio – Métodos de avaliação do risco Serão apresentados em módulos posteriores os métodos/ ferramentas disponíveis para avaliação de fatores de risco pre- sentes no ambiente ocupacional e quais deles são mais ade- quados para avaliar atividades leves ou sedentárias e os mais indicados para aquelas consideradas pesadas ou de manuseio. 108 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA É importante lembrar que os setores com maior prevalência de lesões e disfunções requerem prioridade de atuação. A tabela anterior apresenta de forma resumida os aspectos que podem ser abordados por esses protocolos e que devem ser considerados durante a avaliação de riscos ergonômicos. Terceiro estágio – Controle do risco É direcionado a partir dos resultados apresentados pelos protocolos de avaliação utilizados. Da mesma forma, a tabela an- terior, que apresenta de maneira resumida propostas de mudan- ças para controle do risco ergonômico e os métodos de avaliação dos riscos ensinados em módulo posterior a esse, irão orientá- -lo de forma mais objetiva e bem embasada sobre como intervir para controlar os aspectos mais críticos do ambiente ocupacio- nal para o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas rela- cionadas ao trabalho. Ao avaliar uma empresa grande, pode ser mais fácil come- çar por situações em que o problema já aconteceu: 1) Há trabalhadores lesados? Em quais setores eles tra- balham? (Abordagem Epidemiológica, Avaliações Clínicas). 2) Na sequência, investigar: o que fazem esses trabalha- dores (Abordagem Ergonômica)? Como fazem (Abor- dagem Biomecânica de Avaliação)? 3) O que eles acham de sua situação de trabalho e o que sugerem para melhorá-la? (Abordagem da Ergonomia Participativa, Avaliação de Percepção). 4) Ao implementar mudanças, avaliar os efeitos ime- diatos da exposição à nova situação: avaliar quais as 109© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA medidas mais eficazes para a prevenção de queixas e sintomas. 5) Após tempo decorrido da intervenção, reavaliar todos os aspectos novamente. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. Os conteúdos dessa unidade estão relacionados à epide- miologia das desordens osteomusculares relacionadas ao traba- lho, bem como conhecer mais alguns fatores de risco relaciona- dos como DORT. Esse primeiro texto aborda alguns riscos ocupacionais que são bastante comuns em trabalhadores da área da saúde, mas que também podem ser encontrados em outras profissões como o trabalho noturno. • MAURO, M. Y, C.; MUZI, C. D.; GUIMARÃES, R. M.; MAU- RO, C. C. C. Riscos Ocupacionais em Saúde. Revista de Enfermagem da UERJ. Rio de Janeiro, v. 12, p. 338-45, 2004. Já o segundo estudo tem por objetivo estimar a contribui- ção das doenças relacionadas ao trabalho nos afastamentos por problemas de saúde em geral e ocupacionais. Assim, esse estudo vai apontar uma alta prevalência de tenossinovites, Síndrome do Túnel do Carpo e transtornos do disco lombar. • SOUZA, N. S. S.; SANTANA, V. S.; OLIVEIRA, P. R. A.; BAR- BOSA-BRANCO, A. Doenças do trabalho e benefícios 110 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA previdenciários relacionados à saúde, Bahia, 2000. Re- vista de Saúde Pública. São Paulo, v. 42, n. 4, p. 630-8, 2008. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responderas questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - O termo “doença ocupacional” é utilizado para designar um conjunto de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador. II - As doenças ocupacionais dividem-se em doenças profissionais e do- enças relacionadas ao trabalho. III - As doenças profissionais são causadas por fatores diretamente rela- cionados à atividade laboral. IV - As doenças relacionadas ao trabalho tem seu desenvolvimento rela- cionado à associação de fatores de risco individuais, biomecânicos e psicossociais. a) V, V, V, V. b) F, F, F, F. c) F, V, F, F. d) V, V, V, F. 2) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - DORT e LER são definidos como doenças unifatoriais. II - O termo LER foi substituído pelo termo DORT, por ser mais abrangente. III - O desenvolvimento das DORTs está relacionado a uma associação di- nâmica entre fatores de risco individuais, biomecânicos e psicossociais. a) V, V, F. b) F, V, F. 111© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA c) F, V, V. d) V, F, F. 3) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - A idade é um fator de risco; assim, quanto menor a idade do trabalha- dor, maior o risco de apresentar doenças. II - Homens e mulheres estão expostos aos mesmos fatores de risco. III - Postos de trabalho planejados em desacordo com as medidas antro- pométricas de seus usuários levam à adoção de posturas inadequadas que sobrecarregam as estruturas musculoesqueléticas. IV - As características genéticas do trabalhador podem contribuir para au- mentar o risco de este desenvolver alterações musculoesqueléticas e lesões. a) V, V, F, F. b) F, V, F, V. c) F, V, V, V. d) F, F, V, V. 4) Qual item a seguir não deve ser considerado como um fator de risco organizacional? a) Trabalho estereotipado. b) Ritmo. c) Ruído. d) Trabalho sazonal. 5) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - As posturas exigidas para realização da tarefa podem causar proble- mas quando são extremas ou estáticas. II - O aumento da sobrecarga muscular prejudica o fluxo sanguíneo e di- minui a taxa de fadiga. III - Os efeitos das posturas extremas são piores se as tarefas de trabalho incluem movimentos repetitivos ou exigem a realização de força asso- ciados a tais posturas. 112 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA IV - As posturas estáticas são aquelas posturas de trabalho em que uma parte do corpo é mantida na mesma posição por um longo período, o que exige que os músculos estejam em constante estado de contração. a) V, V, F, F. b) V, F, V, V. c) V, V, V, V. d) F, F, V, V. 6) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - Com relação ao fator de risco força, devemos considerar não só a car- ga a ser manuseada, mas também a quantidade e o tempo de ma- nuseio, bem como postura adotada, vibração, entre outros aspectos. II - O trabalho é considerado repetitivo quando exige a repetição de dife- rentes movimentos. III - Os riscos do trabalho repetitivo dependem dos seguintes fatores: fre- quência e duração. IV - A associação de posturas extremas e/ou esforços excessivos não au- mentam o risco do trabalho repetitivo. a) V, V, F, F. b) V, V, F, V. c) F, V, V, V. d) V, F, V, F. 7) Segundo a NIOSH, qual o principal fator de risco para a região de pescoço? a) Trabalho fisicamente pesado. b) Repetitividade. c) Posturas inadequadas. d) Levantamento de cargas. 8) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para a região de ombro? a) Trabalho fisicamente pesado e repetitividade. b) Repetitividade e vibração. c) Posturas inadequadas e trabalho fisicamente. d) Levantamento de cargas e posturas inadequadas. 113© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 9) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para a região de cotovelo e antebraço? a) Vibração e repetitividade. b) Repetitividade e vibração. c) Repetitividade e posturas inadequadas. d) Levantamento de cargas e posturas inadequadas. 10) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para a região de punho e mão? a) Trabalho fisicamente pesado, repetitividade e posturas inadequadas. b) Levantamento de cargas, repetitividade e vibração. c) Vibração, posturas inadequadas e trabalho fisicamente pesado. d) Levantamento de cargas e posturas inadequadas. 11) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para a região lombar? a) Trabalho fisicamente pesado, repetitividade e posturas inadequadas. b) Levantamento de cargas, repetitividade e vibração. c) Vibração, posturas inadequadas, trabalho fisicamente pesado e repetitividade. d) Trabalho fisicamente pesado, posturas inadequadas, levantamento de carga e vibração. 12) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para a região dos joelhos? a) Trabalho fisicamente pesado, repetitividade e posturas inadequadas. b) Repetitividade, posturas inadequadas e levantamento de cargas. c) Vibração, posturas inadequadas, trabalho fisicamente pesado e repetitividade. d) Trabalho fisicamente pesado, posturas inadequadas, levantamento de carga e vibração. 13) Segundo a NIOSH, quais os principais fatores de risco para os membros inferiores? a) Trabalho fisicamente pesado e posturas inadequadas. b) Levantamento de cargas e vibração. 114 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA c) Não foram encontrados estudos que viabilizassem a análise dos fato- res de risco para os membros inferiores. d) Trabalho fisicamente pesado, posturas inadequadas e vibração. 14) Qual item a seguir não corresponde a um dos três estágios do processo de avaliação e controle dos riscos ergonômicos? a) Identificação dos fatores de risco do ambiente de trabalho que estão relacionados à ocorrência de lesão. b) Avaliação dos riscos por meio de métodos e técnicas específicas. c) Controle do risco. d) Avaliação especificamente da organização do trabalho. 15) Com relação ao estágio de identificação dos fatores de risco do ambiente de trabalho, não podemos afirmar que: a) é importante uma análise de estatísticas da lesão. b) entrevista com os operários. c) aplicação de checklists. d) controle do risco. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) a. 2) c. 3) d. 4) c. 5) b. 6) d. 7) c. 115© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 8) a. 9) c. 10) a. 11) d. 12) b. 13) c. 14) d. 15) d. 5. CONSIDERAÇÕES Nesta Unidade, você aprendeu sobre as doenças osteo- musculares relacionadas ao trabalho e também sobre os seus principais fatores de risco. No entanto, esse tema é muito amplo e, portanto, é necessário que você continue pesquisando e es- tudando sobre esses temas. Além disso, esses conteúdos são de extrema importância para dar prosseguimento ao estudo do con- teúdo seguinte que está relacionado às intervenções possíveis no ambiente de trabalho para minimizar o efeito dos fatores de risco e prevenir o aparecimento das desordens musculoesque- léticas. Assim, sugerimos que você não se esqueça de ler todos os artigos indicados nos Conteúdo DigitalIntegrador e responda também os exercícios propostos nas questões autoavaliativas. 116 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Exemplos de atividades ocupacionais exigindo adoção de posturas extremas. Disponível em: <http://www.ontask.ca/akwardposure>; <http://www.elcosh. org>. Acesso em: 29 set 2014. Figura 2 Tarefas que exigem inclinação, alcance e rotação de tronco. Disponível em: <http://www.ontask.ca/akwardposure>; <http://www.elcosh.org>. Acesso em: 30 set 2014. Figura 3 Manutenção de posturas estáticas. Disponível em: <http://www.ontask.ca/ akwardposure>; <http://www.elcosh.org>. Acesso em: 29 set 2014. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKMAL, M.; KESANI, A.; ANAND, B. et al. Effect of nicotine on spinal disc cells: a cellular mechanism for disc degeneration. Spine (Phila Pa 1976), v. 29, p. 568-575, 2004. BERNARD, B. P. Introduction. In: BERNARD B. P. (Eds.). Musculoskeletal disorders and workplace factors: A critical review of epidemiologic evidence for work-related musculoskeletal disorders of the neck, upper extremity, and low back. United States: Cincinnati – National Institute for Occupational Safety and Health, 1997, p. 1-14. BLANGSTED, A. K.; HANSEN, K.; JENSEN, C. Muscle activity during computer-based office work in relation to self-reported job demands and gender. European Journal of Applied Physiology, v. 89, p. 352-358, 2003. COSTA, B. R.; VIEIRA E. R. Risk factors for work-related musculoskeletal disorders: A systematic review of recent longitudinal studies. Am J Ind Med. v. 53, n. 3, p. 285-323, 2010. COURY, H. J. C. G.; SATO, T. O. Protocolos e racional para avaliação de riscos relacionados à ocorrência de lesões musculoesqueléticas no trabalho. São Carlos: EdUFSCar, 2010. (Série Apontamentos). DURWARD, B. R. et al. Movimento funcional humano: mensuração e análise. São Paulo: Manole, 2001. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. São Paulo: Artmed, 2005 . GROSS, J; FETTO, J; ROSEN, E. Exame musculoesquelético. Porto Alegre: Artmed, 2000. 117© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 3 – LER/DORT E A CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM ERGONÔMICA HOOGENDOORN, W. E.; VAN POPPEL, M. N.; BONGERS, P. M. et al. Physical load during work and leisure time as risk factors for back pain. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, v. 25, n. 5, p. 387-403, 1999. HOPPENFELD & STANLEY. Propedêutica Ortopédica: Coluna e Extremidades. Rio de Janeiro: ATHENEU–RIO, 2005. KROEMER; GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Belo Horizonte: Ergo, 2000. KUORINKA, I. et al. Work related musculoskeletal disorders (WMSDS) – a reference book for prevention. Taylor & Francis, 1994. NORDANDER, C.; OHLSSON, K.; BALOGH, I. et al. 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Conteúdos • Definições e tipos de Ginástica Laboral. • Objetivos dos programas de Ginástica Laboral. • Benefícios do exercício físico. • Planejamento de um programa de Ginástica Laboral. • Importância dos programas de intervenção no ambiente de trabalho. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Leia atentamente todo o material da Unidade 4 e faça anotações de todas as suas dúvidas. Procure solucionar todas elas, tanto por meio do nosso sistema de interatividade ou diretamente com o seu tutor. UNIDADE 4 120 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 2) Leia os materiais complementares disponibilizados no tópico Conteúdo Digital Integrador para que você aprofunde seus conhecimentos teóricos. Procure resolver todas as questões autoavaliativas e, sempre que neces- sário, releia o conteúdo da Unidade. 3) Caso não entenda alguma palavra, recorra sempre a um dicionário ou mesmo aos conteúdos disponíveis na internet. 121© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 1. INTRODUÇÃO Nessa Unidade 4, aprenderemos sobre a Ginástica Laboral, uma das formas de intervenção no ambiente de trabalho que tem como objetivo minimizar os fatores de risco, bem como pre- venir o surgimento das desordens musculoesqueléticas. Assim, estudaremos neste capítulo as formas de aplicação da Ginástica Laboral (GL) no Brasil, abordaremos a ação do exercício sobre os diferentes sistemas do organismo para contextualizar a im- portância de um bom planejamento das séries de exercício em função dos objetivos que se pretendem atingir e, finalmente, será abordada a hipótese racional para a elaboração e condução de programas de exercícios adequados aos diferentes tipos de atividades ocupacionais. Lembre-se: uma boa base teórica é fun- damental para a elaboração e aplicação prática bem-sucedida de programas de exercício em ambiente ocupacional. Então, vamos aos estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma su- cinta os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador e também por mais buscas na internet por outros estudos que abordam esse tema. 2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E HISTÓRIA DA GINÁSTICA LABO� RAL Com o advento de novos processos de produção bem como a implantação de uma nova política social e econômica – o ca- 122 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL pitalismo – o estilo de vida dos trabalhadores sofre mudanças radicais. Os trabalhadores passaram a viver em um ambiente “pesado”, sofrendo pressão constante por produtividade, ten- do que ser competentes, velozes e ainda competirem como animais selvagens para manterem-se empregados e conserva- rem um mísero indício da dilacerada qualidade de vida de seus familiares. Em função de todos estes fatores, o acarretamen- to de distúrbios na saúde dos trabalhadoresdeu-se de forma inevitável, causando transtornos gravíssimos para as empresas, tanto nas questões administrativas, como financeiras sofrendo redução da produtividade consequentemente dos lucros. Par- tindo desse pressuposto, surgiu a necessidade de investir em programas voltados à recuperação da qualidade de vida dos seus trabalhadores. Neste contexto surge a GL, que, para Polle- to (2002), pode ser considerada como um programa de melho- ria da qualidade de vida no trabalho, amenizando os efeitos ne- gativos do mesmo e também como um agente motivador para a mudança de estilo de vida entre as pessoas (KIMURA, 2010). Inicialmente denominada "ginástica de pausa", a Ginásti- ca Laboral começou na indústria com o objetivo de dar repouso ativo aos operários, por alguns períodos, durante sua jornada de trabalho. A primeira referência bibliográfica sobre o assunto é um manual editado na Polônia, em 1925. Posteriormente, surgi- ram também outras publicações na Holanda e na Rússia. Nas décadas anteriores à Segunda Guerra Mundial, mi- lhões de operários, em diversas empresas russas, passaram a praticar "ginástica de pausa" adaptada a cada ocupação. Nos anos 1960, já com o nome de Ginástica Laboral, essa prática re- nasce na Bulgária, Alemanha, Suécia e Japão, país que consoli- dou a obrigatoriedade da sua prática em relação a determinadas tarefas industriais. Os Estados Unidos adotaram a Ginástica Laboral em 1968 e fundaram a International Management Review, uma das mais 123© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL significativas avaliações sobre a saúde do trabalhador por meio do exercício físico. No Brasil, as primeiras manifestações de atividades físicas entre funcionários foram registradas em 1901, mas a Ginásti- ca Laboral teve sua proposta inicial publicada em 1973, com o "Projeto Educação Física Compensatória e Recreação", que foi elaborado a partir de proposta de exercícios físicos baseados em análises biomecânicas. Em 1974, foi implantada na Ishikawagima do Brasil (Ishibras – Rio de Janeiro) a ginástica no início da jorna- da de trabalho e a "ginástica compensatória", aplicada durante as pausas do trabalho. Em 1978, por meio de parceria entre SESI/RS e Feevale, foi desenvolvido o "Projeto Ginástica Laboral Compensatória". Também no ano de 1978, em Betim/MG, por iniciativa do SESI/ MG iniciou-se o "programa de Ginástica na Empresa" na fábrica da Fiat automóveis, fundamentado nos princípios da Ginástica Laboral, estudados a partir de visitas técnicas de profissionais do SESI aos estaleiros da Ishibras, para observação da ginástica en- tão aplicada aos trabalhadores. Contudo, a implantação mais abrangente dessa prática em nosso país só passou a ser observada com mais frequência a par- tir da década de 1990, com a abertura da economia para o mer- cado externo que determinou um grande aumento da produção industrial brasileira e, concomitantemente a esse aumento, foi também verificado um aumento abrupto no número de traba- lhadores lesionados. Atualmente, esses programas abrangem todo o país, com mais de 500 mil praticantes, envolvendo múltiplas empresas e objetivos relacionados à saúde e ao bem-estar do trabalhador. 124 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 2.2. GINÁSTICA LABORAL: DEFINIÇÕES A Ginástica Laboral (GL) apresenta diversas definições. Cas- tilho (2001) define a GL como um conjunto de práticas elabora- das a partir da atividade profissional, exercida pelo colaborador, em que se procura compensar as estruturas osteomusculares mais utilizadas e ativar as que não são requeridas durante o tra- balho, relaxando-as e tonificando-as. Segundo Carvalho (2003), a GL é definida como sendo o exercício físico orientado e praticado durante o horário do expe- diente visando a benefícios pessoais no trabalho, que tem por objetivo minimizar os impactos negativos oriundos do sedenta- rismo na vida e na saúde do trabalhador. Mendes (2004) e Leite (2004) a definem como um progra- ma de recuperação e manutenção da qualidade de vida e de pro- moção do lazer, planejada e aplicada no ambiente de trabalho durante o expediente. Esta é popularmente denominada Ativida- de Física na Empresa, GL Compensatória, Ginástica do Trabalho ou Ginástica de Pausa. Já Delbin e Moraes (2005) afirmam que a GL consiste na execução de exercícios de aquecimento musculoesquelético, que tem por finalidade preparar o organismo para o trabalho fí- sico, atuando de forma preventiva e terapêutica, sem gerar no trabalhador a sensação de cansaço excessivo. Por meio de sua prática, a GL propõe-se a criar um espa- ço, no qual os trabalhadores, espontaneamente, exercem várias atividades, exercícios físicos, sendo muito mais do que um con- dicionamento mecanicista, repetitivo e autônomo. É a atividade realizada durante o próprio período do expediente e que abran- 125© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL ge inúmeros aspectos, tais como: aspectos psíquicos, sociais e fisiológicos no ambiente de trabalho. A Ginástica Laboral no Brasil é praticada com intervalos de cinco a dez minutos diários. O seu objetivo é proporcionar ao funcionário uma melhor utilização de sua capacidade funcional por meio de exercícios de alongamento, de prevenção de lesões ocupacionais e dinâmicas de recreação. O programa de ativida- des deve ser desenvolvido após uma avaliação criteriosa do am- biente de trabalho e de cada funcionário em particular, respei- tando a realidade da empresa e as condições disponíveis. Existe uma divisão didática da GL em duas modalidades: 1) Ginástica Laboral Preparatória; 2) Ginástica Laboral Compensatória. Ginástica Laboral Preparatória São exercícios físicos realizados pelos funcionários no pró- prio local de trabalho, antes do trabalho ou logo nas primeiras horas deste. Na maioria das vezes, não é possível implantar em todos os setores antes de iniciar a jornada, sendo a ginástica realizada logo no início do turno, mas isso não a descaracteriza como preparatória. A sessão é constituída de exercícios de aque- cimentos e/ou alongamentos específicos para determinadas es- truturas exigidas durante a realização da tarefa. O objetivo é aumentar a circulação sanguínea, aumentar a viscosidade das articulações e tendões e lubrificá-los. Segundo Dias (1994), esses exercícios atuam de forma preventiva, aque- cendo a musculatura e despertando o corpo, prevenindo aciden- tes de trabalho, distensões musculares e doenças ocupacionais. 126 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Figura 1 Exemplo de GL preparatória. Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa São exercícios físicos realizados no meio do expediente de trabalho, como uma pausa ativa para executar exercícios especí- ficos de compensação que agem de forma terapêutica, para rela- xar os músculos que trabalham em excesso durante a jornada de trabalho por meio da contração dos seus antagonistas. Essa gi- nástica também permite a quebra da rotina, despertando os tra- balhadores e prevenindo, dessa maneira, acidentes de trabalho. 127© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Figura 2 Exemplo de GL compensatória. 2.3. OBJETIVOS DOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL Os objetivos da Ginástica Laboral, segundo Polito e Berga- maschi (2002), com base em diversos autores, são: 1) prevenção dos distúrbios osteomusculares relaciona- dos ao trabalho (DORTs); 2) melhora da atenção durante o trabalho; 3) redução dos acidentes de trabalho; 4) diminuição do absenteísmo e procura ambulatorial; 5) redução da rotatividade dos funcionários; 6) melhora da condição física geral; 7) prevenção da fadiga muscular; 8) aumento do ânimo e disposição para o trabalho; 128 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORALUNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 9) melhora da qualidade de vida e do trabalho; 10) promoção da saúde; 11) promoção da consciência corporal; 12) melhora do relacionamento interpessoal. A Ginástica Laboral pode fornecer diversos benefícios, de- pendendo da competência, grau de conscientização e postura ética adotada pelos profissionais que a conduzem. Contudo, é preciso conteúdo e senso crítico para entender que a ginástica não pode ser vista como uma panaceia universal! Essa é uma me- dida que traz resultados positivos diretamente relacionados com o tipo de exercício que utiliza e a forma como este é aplicado. O sucesso dos programas de exercício em ambiente ocu- pacional depende de profissionais bem preparados para a ela- boração e aplicação de tais programas. Assim, é importante ter domínio sobre princípios fisiológicos básicos relacionados às transformações geradas pelo exercício sobre os diferentes sis- temas do organismo humano. Além disso, é também importan- te resgatar os conhecimentos sobre Fisiologia do Exercício para compreender como o exercício pode atuar nesses sistemas. Essa compreensão mais abrangente permite uma visão mais ampla e crítica sobre os reais efeitos da GL. A seguir, abordaremos resumidamente os benefícios do exercício físico nos principais sistemas sobre os quais o exercício desencadeia respostas. 129© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 2.4. BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS PRINCIPAIS SISTE� MAS DO CORPO HUMANO Papel do exercício no Sistema Cardiorrespiratório Figura 3 Sistema Cardiorrespiratório. 130 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Os benefícios do exercício físico no Sistema Cardiorrespi- ratório são: 1) Melhora o rendimento do coração ao produzir as ne- cessidades energéticas do miocárdio mediante a redu- ção da frequência cardíaca e da pressão sanguínea. 2) Incrementa o débito cardíaco à custa de maior volume sistólico e de diminuição da frequência cardíaca. 3) Aumenta a diferença arteriovenosa de oxigênio, como resultado da distribuição mais eficiente do fluxo san- guíneo para os tecidos ativos e da maior capacidade desses tecidos em extrair e utilizar o oxigênio. 4) Eleva a taxa total de hemoglobina e beneficia a dinâ- mica circulatória, o que facilita a capacidade de forne- cimento de oxigênio aos tecidos. 5) Favorece o retorno venoso e evita o represamento do sangue nas extremidades do corpo. 6) Aumenta a ventilação pulmonar mediante ganho no vo- lume-minuto e na redução da frequência respiratória. 131© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Adaptações promovidas no Sistema Musculoesquelético Figura 4 Sistema Musculoesquelético. As adaptações promovidas pelo exercício físico no Sistema Musculoesquelético são: 1) Aumento do número e da densidade dos capilares san- guíneos dos músculos esqueléticos, oferecendo ainda maior incremento em seus diâmetros durante a reali- zação dos esforços físicos. 2) Elevação do conteúdo de mioglobina dos músculos es- queléticos e aumento da quantidade de oxigênio den- tro da célula, o que facilita a difusão do oxigênio para as mitocôndrias. 132 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 3) Melhora da estrutura e das funções dos ligamentos, dos tendões e das articulações. 4) Aumento da força das inserções ligamentares e tendi- nosas; além disso, o ponto de ruptura dos ligamentos e tendões fica maior após o treinamento físico (prin- cipalmente ao treino de força), resultando em menor probabilidade de lesões. 5) Promove hipertrofia da camada cortical óssea e do osso trabecular; porém, essas adaptações são depen- dentes da intensidade do programa de treinamento. 6) Aumento do conteúdo mineral ósseo específico no lo- cal onde o estímulo é realizado; sendo assim, levanta- dores de peso possuem maior densidade mineral ós- sea nos braços que a dos corredores. 7) Aumento na espessura da cartilagem responsável pela sustentação das sobrecargas. Efeitos psicológicos e sociais do exercício Figura 5 Sistema Neurológico. Alguns efeitos psicológicos e sociais do exercício são: 1) melhora da capacidade de trabalho; 2) melhora da imagem de si próprio; 133© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 3) melhora da sensação de bem-estar; 4) reduz a ansiedade e a depressão; 5) melhora do apetite e do ritmo de sono. Efeitos do exercício no Sistema Endócrino Figura 6 Sistema Endócrino. Durante o exercício físico ocorre o aumento na concentra- ção sanguínea de GH, proporcional à intensidade do exercício, e pode favorecer a utilização dos lipídeos como fonte de energia. 134 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Os níveis dos hormônios tireoidianos também aumentam durante o exercício físico, principalmente no exercício físico de alta intensidade, mas não se conhece a razão desse aumento. As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) têm seus ní- veis circulantes aumentados durante o exercício físico e, quanto maior a intensidade do esforço, maior será o aumento nos níveis sanguíneos desses hormônios. Esses hormônios atuam sobre o tecido adiposo, promovendo lipólise (quebra de gordura para ser utilizada na produção de ATP) e também um aumento na glice- mia durante o exercício físico. O hormônio cortisol também tem seus níveis sanguíneos aumentados durante o exercício físico. A principal função desse aumento é estimular a gliconeogênese hepática (produção de glicose a partir de fontes que não são carboidratos, como as pro- teínas, por exemplo) e com isso garantir a chegada de substratos energéticos (glicose) aos músculos ativos. A resposta da testosterona durante o exercício físico é idên- tica em homens e mulheres com aumento do hormônio, sendo verificado e proporcional à intensidade do esforço. Obviamente, o aumento nos níveis de testosterona nos homens é maior do que nas mulheres. Durante o exercício físico, tanto a glicose como os lipídeos são necessários como fonte de produção de ATP. Como o glu- cagon promove a liberação dessas substâncias na corrente san- guínea, é certo que esse hormônio aumenta durante o exercício físico. Os níveis de glucagon aumentam de acordo com a intensi- dade do esforço; assim, quanto mais intenso o esforço, maior a liberação de glucagon. 135© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Se os níveis de glucagon aumentam durante o exercício, os níveis de insulina obviamente diminuem. Isso pode soar estra- nho, pois, como sabemos, a insulina é o hormônio responsável por "enviar" glicose para o interior das células. Se os músculos ativos precisam de mais glicose para produzir ATP e se a insuli- na é o hormônio que permite que a glicose entre nas células e está diminuída durante o exercício físico, como o músculo ativo consegue produzir ATP utilizando glicose? A resposta é simples: músculo ativo não precisa de insulina para captar glicose da cor- rente sanguínea. Esse é um dos motivos pelo qual o exercício físico é imprescindível para os indivíduos portadores de diabete. No entanto, o treinamento físico provoca a diminuição na magnitude das respostas hormonais durante o exercício físico. Assim, quanto mais treinado for o indivíduo, mais intenso deverá ser o exercício físico para produzir as alterações hormonais que foram relatadas anteriormente. Com base no conteúdo anterior, percebemos que as res- postas desencadeadas no organismo pelo exercício são depen- dentes da magnitude da exposição ao exercício. Assim, é funda- mental compreender que determinadas respostas ocorrerão em função da especificidade do exercício realizado, da carga utiliza- da, frequência e duração desse exercício. 2.5. ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS DE EXERCÍCIOSPor se tratar de uma prática relativamente recente em todo o mundo e pelo fato de poder ser aplicada com múltiplos objetivos, ainda não existe um consenso sobre a melhor forma de aplicação desse tipo de intervenção quanto ao tipo de exercí- cio a ser utilizado, a frequência e a duração das sessões. 136 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Como vimos, no Brasil, a Ginástica Laboral é aplicada basi- camente por meio de sessões de alongamento, apresenta curta duração (5 a 10 minutos), é realizada muitas vezes por monitores (também conhecidos como multiplicadores – que muitas vezes são os próprios trabalhadores da linha de produção) e sem o acompanhamento regular e a supervisão de um profissional de saúde habilitado. Contudo, tais resultados são dependentes de um planeja- mento adequado de acordo com os objetivos que se pretende atingir. Um programa de exercícios composto por 5 a 10 minutos de alongamento jamais será suficiente para prevenir e controlar sintomas musculares decorrentes da exposição a uma jornada inteira de trabalho com exposição a um conjunto de fatores fí- sicos de risco (manuseio de cargas pesadas, uso de ferramentas e postos de trabalho ergonomicamente inadequados etc.) e psi- cossociais (baixo suporte social, longas jornadas de trabalho, por exemplo). Não se pode esperar realizar uma sessão meramente lúdi- ca e com ela alcançar a melhora da flexibilidade, do condiciona- mento aeróbico ou a capacidade física dos trabalhadores. Não se pode esperar que esse tipo de treino (que pode, quando bem planejado, trazer benefícios em relação a aspectos psicológicos) seja efetivo no controle de lesões musculoesqueléticas. Isso por- que não têm potencial de promover estímulo fisiológico suficien- te sobre os músculos para proporcionar mudanças bioquímicas estruturais. Deve haver um compromisso ético por parte dos profissionais que planejam tais programas e são responsáveis por sua aplicação. A Ginástica Laboral pode trazer importantes benefícios ao trabalhador, desde que seja planejada de forma criteriosa, seja 137© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL aplicada de forma adequada por profissionais habilitados e, aci- ma de tudo, seja praticada de forma regular e com comprometi- mento e envolvimento por parte dos trabalhadores. 2.6. PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DE UM PROGRAMA DE GI� NÁSTICA LABORAL O primeiro passo para a elaboração de um programa de GL de qualidade é conhecer: 1) os setores mais críticos e com maior número de queixas; 2) o tipo de atividade realizada pelos trabalhadores; 3) o tipo de demanda física e/ou cognitiva da tarefa; 4) a rotina do setor. Depois disso... • Analisar os resultados da avaliação do ambiente físico (AET) e investigar as principais demandas biométricas da tarefa. • Realizar levantamento das principais necessidades dos trabalhadores. A seguir, é apresentado um roteiro simples para observa- ção das principais exigências da tarefa. Roteiro para análise das posturas e movimentos durante o trabalho 1) O trabalho é realizado em pé e/ou sentado? 2) Quais são as principais posturas de: 138 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL a) pescoço; b) ombros; c) cotovelo; d) punho/mãos; e) tronco; f) MMII (Há agachamento?). 3) A atividade requer uso de força? Se sim, com qual frequência? 4) Há movimentos repetitivos? Se sim, quais? 5) Há posturas mantidas? Se sim, quais? 6) Velocidade de realização do movimento: 7) ( ) lenta ( ) moderada ( ) rápida 8) Qual a região do corpo mais sobrecarregada/requisita- da pela tarefa? O próximo passo... Planejar o programa de GL, considerando: 1) o tipo de exercício mais adequado para se obter os re- sultados esperados; 2) o número de séries e repetições; 3) o tempo total de duração da sessão de modo a tentar adequá-lo à rotina do setor; 4) o tempo mínimo (em meses ou semanas). Apresentação do projeto • Engajamento em ação coordenada entre SESMT, ge- rências, chefes de setores, supervisores e membros da 139© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL CIPA para definir grau de disponibilidade, melhor horá- rio para realização do exercício, frequência e duração das sessões. Figura 7 Exemplo de CIPA. • Realizar previamente um trabalho de conscientização do trabalhador sobre a importância do exercício para sua saúde e buscar conhecer as expectativas do traba- lhador de modo a envolvê-lo no processo. • Oferecer o programa por meio de profissionais capaci- tados e devidamente habilitados para tal. Isso porque se trata de uma medida de promoção de saúde, cujos efeitos dependem de uma participação constante, rea- lizada de forma correta pelo trabalhador e sob supervi- são adequada. 140 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Figura 8. Ginástica Laboral com supervisão. 2.7. APLICAÇÃO PRÁTICA DA GL Coury, Moreira e Dias (2009) destacam a importância da presença de um profissional preparado para fornecer orientação, acompanhar as sessões e auxiliar na realização correta do exer- cício para uma maior efetividade do treinamento. Contudo, nem sempre essa condição é verificada. Com o objetivo de reduzir custos, muitas empresas fazem uso de multiplicadores dos pro- gramas de exercício que muitas vezes são os próprios funcioná- rios das empresas. Os multiplicadores são eleitos para ministrar os exercícios para os colegas de trabalho, embora não possuam o nível de informação e formação para tal. Assim, são conduzidas sessões de baixa qualidade, sem motivação, com pobre adesão e, consequentemente, sem resultados positivos. Além disso, a execução incorreta dos exercícios pode gerar desconforto entre os participantes. Nesses casos, a atividade física pode tornar-se uma "faca de dois gumes”. Isso porque, ao ser conduzida por mãos inap- tas, poderá produzir lesões, além de gerar resultados físicos e psíquicos negativos. Em vez de exercer seu papel educativo e de promoção da saúde, a ginástica passa a ser vista de forma su- 141© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL bestimada. Dessa maneira, é importante ressaltar que, durante as sessões, o acompanhamento próximo de um profissional da saúde é necessário. Figura 9 Exemplo de aplicação incorreta da GL que pode contribuir para o surgimento de sintomas dolorosos. A prática da Ginástica Laboral requer a participação de uma equipe multidisciplinar capacitada, sendo o profissional de Educação Física o mais indicado para ministrar um programa de Ginástica Laboral, pois ele estará apto a corrigir e adaptar as ativi- dades do programa à necessidade e individualidade do trabalha- dor, além de ter formação intrinsecamente vinculada a questões educativas e motivacionais relacionadas à prática do exercício. É importante ressaltar que nenhum programa de promo- ção da saúde deve ser imposto de forma obrigatória aos traba- lhadores. Devem participar apenas as pessoas que se voluntaria- rem espontaneamente; porém, é muito importante esclarecer a importância desta prática para o trabalhador. Guerra (1995) contribui dizendo haver cinco etapas para que a implantação da Ginástica Laboral tenha êxito: 142 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 1) Avaliação e diagnóstico, analisando a aptidão física, qualidade de vida, demandas biomecânicas e condi- ções ergonômicas do trabalho, a fim de permitir uma correta adequação da atividade física. 2) Planejamento e estruturação do programa, prevendo inclusive a motivação, compreensão da validade, aval e aceitação do programa por parte dos funcionários. 3) Conscientização de todos os funcionários da empresa sobre os problemas provenientes da má postura(den- tro e fora do trabalho), sua prevenção e o incentivo à prática regular da atividade física. 4) Implantação do projeto-piloto, possibilitando ajustes antes da sua expansão a outros setores. 5) Avaliação dos resultados, incluindo questões relacio- nadas à qualidade do trabalho, produtividade e quali- dade de vida. 2.8. ENTENDENDO UM POUCO MAIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TIPO DE TREINO A SER UTILIZADO NOS PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL Pesquisas recentes têm demonstrado que exercícios envol- vendo alguma forma de resistência física, como halteres, equi- pamentos isocinéticos, faixas elásticas e exercícios utilizando a resistência do próprio corpo contra a gravidade são eficazes no controle da dor musculoesquelética relacionada ao trabalho nas regiões lombar e cervical. Isso porque, de acordo com o American College of Sports Medicine, as adaptações mais pronunciadas do músculo em ní- 143© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL vel celular são atingidas em resposta a treinos dinâmicos de for- ça, envolvendo tanto contrações excêntricas como concêntricas. A associação entre exercício resistido e redução de sinto- mas pode ser explicada, pelo menos em parte, pelo fato de que contrações musculares fortes ativam os receptores de tensão do músculo, cujas aferências provocam a liberação de opioides en- dógenos que estimulam a liberação de endorfina pela glândula pituitária. Assim, acredita-se que o aumento dos níveis de en- dorfina ao final do treinamento levaria à redução tanto da dor central como da periférica. Outra hipótese em relação ao papel de treinos resistidos sobre o alívio dos sintomas dolorosos estaria relacionada ao fato de que os treinos de força e/ou resistência teriam papel na esti- mulação do crescimento dos capilares sanguíneos, o que otimi- zaria a oferta de oxigênio, a remoção de resíduos metabólicos algogênicos e promoveria a melhor nutrição do tecido muscular. Em relação aos treinos leves aplicados em ambiente ocu- pacional (exercícios de alongamento e relaxamento), verifica-se que são pouco eficientes em reduzir sintomas dolorosos. Isso porque tais treinos não são capazes de gerar estímulos muscula- res suficientes para promover mudanças fisiológicas substanciais sobre o mecanismo da dor muscular crônica. Eventualmente, treinos leves envolvendo relaxamento, socialização etc. podem ter efeitos positivos sobre a produtividade e promover hábitos mais saudáveis, ou mesmo exercer um efeito positivo sobre as- pectos cognitivos e emocionais, como o estado de ânimo, e me- lhorar a imagem que os trabalhadores têm da empresa, mas não são suficientes para promover melhora na função muscular. Entre os trabalhadores que realizam trabalhos sedentários, a aplicação de programas de exercício que incluem uma ampla 144 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL gama de atividades físicas tem se mostrado eficaz para a me- lhoria da saúde e prevenção de lesões musculoesqueléticas. No entanto, entre os trabalhadores com alta demanda de trabalho físico, a estratégia ótima deve ser voltada para o aumento da capacidade física necessária para cumprir as demandas do tra- balho. Assim, a realização exclusiva de programas de alongamen- to tanto para trabalhadores envolvidos com atividades pesadas, como para aqueles que realizam atividades mais sedentárias não trará efeitos significativos na prevenção de lesões. 2.9. DURAÇÃO, INTENSIDADE E SUPERVISÃO DOS PROGRA� MAS DE EXERCÍCIO Os efeitos dos exercícios em ambiente ocupacional podem ser identificados a partir da décima semana de treinamento. Es- tudos que utilizaram programas de GL mais curtos, com dura- ção inferior a 10 semanas, não conseguiram alcançar resultados positivos. Ou seja, existe uma forte evidência de que um tempo mínimo de treinamento é necessário para que as alterações fi- siológicas ocorram nos músculos de trabalhadores para a obten- ção de benefícios nos exercícios realizados em ambientes ocu- pacionais. Da mesma forma que ocorre com atletas, também é necessário um tempo mínimo de 8 semanas para que ocorram as adaptações musculares ao treino de força (aumento da força voluntária). Assim, novamente verificamos a questão da especi- ficidade dos resultados de acordo com cada realidade (tipo de exposição, participantes e treinamento) Em relação à intensidade do treinamento (frequência e duração das sessões), não existe na literatura evidência que permita uma orientação mais específica sobre a frequência e a duração das sessões necessárias para promover alívio dos sinto- 145© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL mas. Contudo, verifica-se que, de modo geral, as sessões mais longas (com duração de 30 minutos a 1 hora) são associadas a frequências menores (duas vezes por semana) e as mais curtas, a frequências maiores, e mostram resultados positivos em ambos os casos. Assim, verificamos que não existem modelos prontos para a prática de exercício em ambiente ocupacional. É necessário que o profissional desenvolva senso crítico e fortaleça sua base teórica para elaborar programas que se adéquem às necessida- des dos trabalhadores e características da empresa na qual está inserido. Lembre-se sempre de que a atuação multidisciplinar har- mônica é fundamental para se obter sucesso com tais interven- ções. Esse sucesso é expresso em função da participação assídua dos trabalhadores (sabemos que dificilmente conseguiremos 100% de adesão, por isso é importante sempre buscar o diálogo com os resistentes para identificar os pontos que os desmotivam a participar), conquista do respeito e credibilidade dos membros envolvidos na equipe multidisciplinar e satisfação dos funcioná- rios com o programa. A prática da Ginástica Laboral não deve ser utilizada como única forma de prevenção de lesões! Intervenções ergonômicas para minimizar os riscos e garantir condições de trabalho ade- quadas são de fundamental importância para garantir um am- biente de trabalho saudável. 146 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. O primeiro texto é uma revisão sistemática da literatura, que tem por objetivo avaliar a efetividade e fornecer evidências a respeito da prática de exercício físico no ambiente ocupacional para o controle da dor musculoesquelética. Esse trabalho traz grandes contribuições para a área. • COURY, H. J. C. G.; COURY, R. F. C.; MOREIRA, N. B. D. Efetividade do exercício físico em ambiente ocupacio- nal para o controle da dor cervical, lombar e do ombro: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Fisiotera- pia, v. 13, n. 6, p. 461-79, 2009. O segundo estudo é sobre a aplicação de um programa de Ginástica Laboral a fim de reduzir sintomas musculoesqueléticos e o estresse. • FREITAS-SWERTS, F. C. T.; ROBAZZI, M. L. C. Efeitos da Gi- nástica Laboral Compensatória na redução do estresse ocupacional e dor osteomuscular. Revista Latino-Ameri- cana de Enfermagem, v. 22, n. 4, p. 629-36, 2014. Já o terceiro e último estudo irá abordar a questão da ade- são ao programa de Ginástica Laboral, peça fundamental para que alcancemos bons resultados. • SOARES, R. G.; ASSUNÇÃO, A. A.; LIMA, F. P. A. A bai- xa adesão ao programa de Ginástica Laboral: buscando elementos do trabalho para entender o problema. Re- vista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 31, n. 114, p. 149-160, 2006. 147© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responderas questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) No Brasil, a GL é praticada com intervalos de: a) 30 a 40 minutos. b) 100 a 120 minutos. c) cinco a dez minutos diários. d) um a dois minutos. 2) Com relação à GL preparatória, não podemos afirmar que: a) são exercícios físicos realizados pelos funcionários no próprio local de trabalho. b) devem ser sempre realizada antes do início do trabalho; após esse pe- ríodo, classificamos como GL compensatória. c) a sessão é constituída de exercícios de aquecimentos e/ou alongamen- tos específicos para determinadas estruturas exigidas durante a reali- zação da tarefa. d) o objetivo é aumentar a circulação sanguínea, lubrificar e aumentar a viscosidade das articulações e tendões. 3) Com relação à GL compensatória, não podemos afirmar que: a) são exercícios físicos realizados no meio do expediente de trabalho. b) também pode ajudar a prevenir acidentes de trabalho. c) pode ser realizada uma pausa ativa para executar exercícios específi- cos de compensação. d) esse tipo de exercício não tem como objetivo despertar o trabalhador. 4) Qual alternativa não representa um dos objetivos da GL? a) Aumento do ânimo e disposição para o trabalho b) Promoção da saúde. c) Promoção do aumento da rotatividade dos funcionários. d) Diminuição do absenteísmo e procura ambulatorial. 148 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL 5) Sobre o papel do exercício físico no Sistema Cardiorrespiratório, não é cor- reto afirmar que: a) melhora o rendimento do coração. b) favorece o retorno venoso. c) eleva a taxa de hemoglobina. d) diminui a ventilação pulmonar. 6) Sobre o papel do exercício físico no Sistema Musculoesquelético, não é correto afirmar que: a) diminui o número e a densidade dos capilares sanguíneos dos múscu- los esqueléticos. b) aumenta a força das inserções ligamentares e tendinosas. c) promove hipertrofia da camada cortical óssea e do osso trabecular. d) aumenta a espessura da cartilagem responsável pela sustentação das sobrecargas. 7) Com relação à elaboração de protocolo de exercício, podemos afirmar que: a) existe um consenso sobre a melhor forma de aplicação desse tipo de intervenção quanto ao tipo de exercício a ser utilizado, a frequência e a duração das sessões. b) no Brasil, a Ginástica Laboral é aplicada por meio de sessões de alon- gamento, apresenta longa duração. c) todos os tipos de treinos, mesmo os de curta duração e apenas com exercícios de alongamento, têm potencial de promover estímulo fisio- lógico suficiente sobre os músculos para proporcionar mudanças bio- químicas estruturais. d) a GL deve ser planejada de forma criteriosa, aplicada de forma ade- quada por profissionais habilitados e, acima de tudo, praticada de for- ma regular. 8) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. I - O primeiro passo para a elaboração de um programa de GL de qua- lidade é conhecer os setores mais críticos e com maior número de queixas. 149© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL II - O primeiro passo para a elaboração de um programa de GL de qua- lidade é conhecer o tipo de atividade realizada pelos trabalhadores. III - O primeiro passo para a elaboração de um programa de GL de qua- lidade é conhecer o tipo de demanda física e/ou cognitiva da tarefa. IV - O primeiro passo para a elaboração de um programa de GL de quali- dade é conhecer a rotina do setor. a) V, V, V, V. b) V, F, F, V. c) V, V, V, F. d) F, F, F, F. 9) Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ou falsas e escolha a alternativa correspondente a essa classificação. 1) Para o planejamento de um programa de GL, devemos considerar: I - o tipo de exercício mais adequado para se obter os resultados esperados. II - o número de séries e repetições. III - o tempo total de duração da sessão de modo a, ao máximo possí- vel, adequá-lo à rotina do setor. a) V, V, F. b) F, F, F. c) V, V, V. d) V, V, F. 10) Quem são os multiplicadores dos programas de exercícios? a) Profissionais qualificados para a supervisão da GL. b) Trabalhadores da própria empresa, sem qualificação para supervisio- nar a GL. c) Trabalhadores de outras empresas. d) Chefes das empresas. 11) Em relação aos treinos resistidos aplicados no ambiente ocupacional, não podemos afirmar que: a) são eficazes no controle da dor musculoesquelética relacionada ao tra- balho nas regiões lombar e cervical. 150 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL b) adaptações mais pronunciadas do músculo em nível celular são atingi- das em resposta a treinos de força dinâmicos, envolvendo tanto con- trações excêntricas como concêntricas. c) uma hipótese para o treino resistido reduzir os sintomas dolorosos es- taria relacionada ao fato de que os treinos de força e/ou resistência teriam papel na estimulação do crescimento dos capilares sanguíneos. d) não reduzem os sintomas musculoesqueléticos, pois os exercícios re- sistidos causam rupturas de fibras, aumentando a dor. 12) Em relação aos treinos leves aplicados no ambiente ocupacional, não po- demos afirmar que: a) são muito eficientes em reduzir sintomas dolorosos. b) não são capazes de gerar estímulos musculares suficientes para pro- mover mudanças fisiológicas substanciais sobre o mecanismo da dor muscular crônica. c) podem ter efeitos positivos sobre a produtividade e promover hábitos mais saudáveis. d) não são suficientes para promover melhora na função muscular. 13) Sobre a duração dos programas de exercícios, não podemos afirmar que: a) os programas de GL devem ter duração superior a 10 semanas. b) existe uma forte evidência de que um tempo mínimo de treinamento é necessário para que as alterações fisiológicas ocorram nos músculos de trabalhadores para a obtenção de benefícios nos exercícios realiza- dos em ambientes ocupacionais. c) a partir da primeira sessão, já há redução de dor musculoesquelética. d) programas de exercícios com longa duração têm maior impacto so- bre a redução dos sintomas musculoesqueléticos do que os de curta duração. 14) Sobre os efeitos psicológicos e sociais do exercício, não é correto afirmar que: a) altera negativamente o ritmo do sono. b) melhora a capacidade de trabalho. c) reduz a ansiedade e a depressão. d) aumenta a sensação de bem-estar. 151© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) c. 2) b. 3) d. 4) c. 5) d. 6) a. 7) d. 8) a. 9) c. 10) b. 11) d. 12) a. 13) c. 14) a. 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao término da quarta e última unidade de Er- gonomia e Ginástica Laboral. Este material possibilitou a você um conhecimento sobre o que é a Ergonomia e sua história, o 152 © ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL que é uma análise ergonômica do trabalho e o protocolo mais utilizado para esse fim, bem como conhecer sobre as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e também sobre uma das intervenções possíveis de serem implementadas no ambien- te ocupacional, que é a Ginástica Laboral. Apesar do conteúdo apresentado nesse material conter muitas informações impor- tantes, é de fundamental relevância que você continue apren- dendo com a leitura de diversas referências bibliográficas e arti- gos científicos relacionados a esses assuntos. Lembre-se de que você poderá sempre sanar suas dúvidas com o tutor. 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Exemplo de GL preparatória. Disponível em: <monografiaac.com.br>. Acesso em: 25 set. 2014. Figura 2 Exemplo de GL compensatória. Disponível em:<http://4.bp.blogspot.com/- 4oJ9K7lkLik/UEf09fVrmoI/AAAAAAAAAkY/7mCkxU5js9c/s1600/>. Acesso em: 12 jan. 2015. Figura 3 Sistema Cardiorrespiratório. Disponível em: < http://www.cirvascular.com/ cirurgia-vascular/entendendo-o-sistema-circulatorio2/ >. Acesso em: 12 jan. 2015. Figura 4 Sistema Musculoesquelético. Disponível em: <http://handsonhealthstl.com>. Acesso em: 4 nov. 2014. Figura 5 Sistema Neurológico. Disponível em: <library.thinkquest.org>. Acesso em: 25 set. 2014. Figura 6 Sistema Endócrino. Disponível em: <http://www.savingstudentsmoney.org/ OLI/AnPpost.html>. Acesso em: 4 nov. 2014. Figura 7 Exemplo da equipe CIPA. Disponível em: <protesegconsultoria.com.br>. Acesso em: 19 set 2014. Figura 8 Ginástica Laboral com supervisão. Disponível em: <www.claudialana.com>. Acesso em 25 set 2014. 153© ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL UNIDADE 4 – GINÁSTICA LABORAL Figura 9 Exemplo de aplicação incorreta da GL que pode contribuir para o surgimento de sintomas dolorosos. Disponível em: <www.blogdamulher.com>. Acesso em: 20 set 2014. Site pesquisado ARGENTON, W. H.; CANCELLI, R. G.; MITUE, E. A Ginástica Laboral: os contrastes nos resultados quando orientada pelo educador físico. Centro Universitário Positivo, Curitiba, PR. 2004. Disponível em: < http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/ arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/artigos/A_ginastica_laboral_ os_contrastes.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2015. CARVALHO, S. H. F. Ginástica laboral. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento. com.br>. Acesso em: 12 jan. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAGAARD, P. et al. A mechanism for increased contractile strength of human pennate muscle in response to strength training: changes in muscle architecture. J Physiol. v. 534 (Parte 2), p. 613-23, 2011. 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