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7ª Arbitragem (1)

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Anotações do professor Ricardo Burrattino Félix
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ARBITRAGEM 
 
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA: 
LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.
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LEI Nº 13.129, DE 26 DE MAIO DE 2015.
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CONVENÇÕES INTERNACIONAIS: 
Convenção sobre Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras 
(Nova York 1958); 
Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (Panamá 1975); 
Convenção Interamericana sobre a Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos 
Arbitrais Estrangeiros de Montevidéu (1979) 
UNCITRAL – ONU 1975 – Resolução 40/72 
Protocolo de Olivos – MERCOSUL (2002) 
 
INTRODUÇÃO. HISTÓRIA: 
Um dos mais antigos meios de composição de conflitos. 
 Três milênios antes de Cristo. Rei de Kish, Mesilim resolveu um diferendo 
fronteiriço na região da Mesopotâmia, entre tribos Umma e Lagash. 
 O Papa durante a idade média, solucionava litígios entre os Estados da 
Cristandade. 
 Período feudal, era comum os soberanos receberem o encargo de árbitro de 
seus vassalos. 
 Revolução Francesa e o surgimento dos Estados modernos, a arbitragem foi 
relegada ao segundo plano. Estados zelosos de sua jovem soberania. 
 A arbitragem renasceu no cenário internacional a partir do século XVIII. 
Questão do Alabama, 1782. EUA reclamaram a falta de neutralidade do Reino 
 
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 Anotações que serviram de referências na aula expositiva. Este material não é apostila, tampouco texto 
acadêmico. Enviadas aos alunos em razão da solicitação dos mesmos. Não substitui consulta à doutrina e 
jurisprudência. 
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 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm 
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 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm 
Unido que abasteceu navio de rebeldes sulistas na Guerra de Secessão 
estadunidense. (Barão de Itajubá participa como árbitro) 
 Marco histórico – Tratado de Jay (firmado em 19/11/1794). Toda 
controvérsia entre EUA e Reino Unido seriam submetidas a uma comissão 
arbitral mista, cujas decisões seriam obrigatórias. 
 Tratado de Washington de 1871. Inovações: formação de um tribunal arbitral 
5 árbitros sendo 3 de nacionalidade diversas do Estados envolvidos; julgamento 
por meio das fontes de Direito Internacional. 
 1º tratado internacional de arbitragem permanente foi celebrado em 1880, 
entre os Estados de São Salvador e Colômbia. 
 1ª Conferência da Paz em Haia, 1889, foi adotada a Convenção para Solução 
Pacífica de Conflitos Internacionais. Instituída a Corte Permanente de 
Arbitragem de Haia. 
 2ª Conferência da Paz em Haia, 1907 (melhorias no texto da Convenção) 
 1928, Sociedade das Nações adotou o Ato Geral de Arbitragem, revisto mais 
tarde pela Assembleia Geral da ONU. 
 1958 Assembleia Geral da ONU promove comunicação aos Estados, no sentido 
de dar publicidade a um modelo de regras acerca do processo arbitral. 
 
CONCEITO, DEFINIÇÕES E CRÍTICAS: 
Mecanismo de solução pacífica de conflitos onde as partes escolhem um ou mais 
árbitros para atribuir uma decisão, a qual deverá ser acolhida como obrigatória. 
 
Heterocomposição, terceiro imparcial. 
 
A arbitragem se apresenta como uma solução superadora de conflitos, que elide o 
rigoroso formalismo do procedimento judicial, e que alcança a satisfação dos 
interesses que entraram na situação de dissidência. 
 
Resposta bem elaborada aos reclamos de um direito do comércio internacional, 
livre dos entraves nacionalistas de judiciários locais, é a arbitragem comercial 
internacional (Hermes Marcelo Huck). 
 
Insuperável morosidade das máquinas judiciárias estatais. 
 
DEFINIÇÃO: 
Meio privado, jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de direitos 
patrimoniais e disponíveis por sentença arbitral, definida como título executivo judicial 
e prolatada pelo árbitro, juiz de fato e de direito, normalmente especialista na matéria 
controvertida. 
 
FORMAS DE ARBITRAGEM: 
Obrigatória: estipulada por tratado internacional, bilateral ou multilateral, reconhecida 
por convenção geral de arbitragem. 
Facultativa: partes livremente e de comum acordo pactuam o uso da arbitragem como 
mecanismo de solução de controvérsias 
De direito: Sentença arbitral deve ser fundamentada em direito determinado pelas 
partes. 
Equidade: Tribunal decide segundo seu leal saber, com maior margem de 
discricionariedade, sem furtar do devido processo legal. 
 
CARACTERÍSTICAS: 
Acordo de vontade das partes; 
Fixação do objeto do litígio e pedido; 
Livre escolha dos árbitros; 
Obrigatoriedade da decisão. 
 
VANTAGENS DA ARBITRAGEM: 
economicidade, 
celeridade, 
preservação do relacionamento contratual após a disputa. 
 
PRINCÍPIOS: 
Autonomia da vontade: permite que as partes utilizem a arbitragem para solução das 
controvérsias versando sobre direitos patriomoniais disponíveis. 
Princípio da boa-fé: agir com lealdade , correção e confiança recíproca. Visa impedir 
que a parte de má-fé não honre com o pactuado e impeça a instauração do procedimento 
arbitral. 
Princípio do contraditório: tomem conhecimento da existência da ação e de todos os 
atos do processo. 
Princípio da ampla defesa: as partes têm todos os meios legalmente utilizados para 
provar seu direito. 
Princípio da igualdade: ambas as partes terão igualdade de oportunidades. 
Princípio da imparcialidade: árbitro deve proceder com imparcialidade, 
independência, competência, diligência e discrição (ausência de favoritismo ou 
preconceito). 
Princípio do livre convencimento: liberdade do árbitro para apreciar provas. 
Princípio da irrecorribilidade da sentença: (exceto: erro material, obscuridade, 
dúvida, contradição ou omissão na sentença). 
Princípio da kompetenz (competência): Árbitro e o tribunal arbitral são competentes 
para apreciar a controvérsia em questão e proferir sentença arbitral. 
Princípio da autonomia da cláusula compromissória: Visa assegurar a efetiva 
instauração do juízo arbitral e impedir a parte de má-fé de não cumprir com a obrigação 
pactuada. 
 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E COMPROMISSO ARBITRAL. 
Cláusula compromissória é a cláusula contratual através da qual as partes elegem a 
arbitragem como forma de solução de possíveis litígios futuros. Previsão de solução 
arbitral. 
Compromisso arbitral é um acordo entre as partes em litígio atual, que buscam 
resolver, mediante o procedimento arbitral, a pendência surgida entre elas. 
Espécie de cláusula arbitral: 
Cheia: prevê a forma de instituição da arbitragem, regras de uma entidade especializada 
arbitragem (institucional ou administrada), ou a forma de instituição e desenvolvimento 
da arbitragem (ad hoc ou avulsa). 
Vazia: prevê arbitragem, mas não prevê forma de sua instituição, sem definição de 
árbitro ou condições da arbitragem. 
 
ARBITRAGEM NO BRASIL: 
No Brasil, a Lei nº 9.307/96, dispõe sobre a arbitragem, alterada pela Lei 13.129/15. 
A Lei 9307/96 instituiu os princípios regedores da arbitragem, que servem para traçar 
condutas a serem observadas em qualquer operação jurídica envolvendo esse meio 
alternativo de solução de controvérsias. 
Foram três as principais modificações trazidas pela Lei nº 9.307/96: 
 Força obrigatória e vinculante para a cláusula compromissória; 
 Equiparação da sentença arbitral à sentença judicial; 
 Supressão da necessidade de dupla homologação. Prévia homologação do Poder 
Judiciário do Estado de origem. 
 
LIMITES: art. 1º da Lei 9307/1996. 
Capacidade de contratar. 
Direitos patrimoniais e disponíveis. 
Vedado: questões de Estado, de direito pessoal de famíliae de outras que não tenham 
caráter estritamente patrimonial art. 852 de CC. 
Relação de consumo, em regra (havendo exceções): impossibilidade. Art. 51, VII do 
CDC. 
Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
 
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA – arts. 34 a 40 
da Lei de Arbitragem 
Sentença arbitral estrangeira é aquela proferida em outro país, pelos critérios de 
arbitragem local, nos termos da convenção de arbitragem. 
Sendo preferida no exterior, para ser executada no Brasil, deverá antes, ser homologada 
pelo STJ, nos termos do art. 105, I, i, da CF, com redação dada pela Emenda 45/2004. 
 
LEI DE ARBITRAGEM arts. 34 a 40 
Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no 
Brasil de conformidade com os tratados internacionais com eficácia 
no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com 
os termos desta Lei. 
Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral 
estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Superior 
Tribunal de Justiça. 
Art. 36. Aplica-se à homologação para reconhecimento ou execução de 
sentença arbitral estrangeira, no que couber, o disposto nos arts. 
483 e 484 do Código de Processo Civil. 
Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida 
pela parte interessada, devendo a petição inicial conter as indicações da 
lei processual, conforme o art. 282 do Código de Processo Civil, e ser 
instruída, necessariamente, com: 
I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente 
certificada, autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de 
tradução oficial; 
II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente 
certificada, acompanhada de tradução oficial. 
Art. 38. Somente poderá ser negada a homologação para o 
reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira, quando o 
réu demonstrar que: 
I - as partes na convenção de arbitragem eram incapazes; 
II - a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as 
partes a submeteram, ou, na falta de indicação, em virtude da lei do 
país onde a sentença arbitral foi proferida; 
III - não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de 
arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório, 
impossibilitando a ampla defesa; 
IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de 
arbitragem, e não foi possível separar a parte excedente daquela 
submetida à arbitragem; 
V - a instituição da arbitragem não está de acordo com o 
compromisso arbitral ou cláusula compromissória; 
VI - a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as 
partes, tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão 
judicial do país onde a sentença arbitral for prolatada. 
Art. 39. A homologação para o reconhecimento ou a execução da 
sentença arbitral estrangeira também será denegada se o Superior 
Tribunal de Justiça constatar que: (Redação dada pela Lei nº 
13.129, de 2015) (Vigência) 
I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser 
resolvido por arbitragem; 
II - a decisão ofende a ordem pública nacional. 
Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a 
efetivação da citação da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos 
moldes da convenção de arbitragem ou da lei processual do país onde se 
realizou a arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com 
prova inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte brasileira 
tempo hábil para o exercício do direito de defesa. 
Art. 40. A denegação da homologação para reconhecimento ou execução 
de sentença arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte 
interessada renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados. 
 
QUEM PODE SER ÁRBITRO? 
Deverão ser pessoas capazes e que gozem da confiança das partes, art. 13, Lei 9.307/96. 
“Qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes”. 
Art. 18, Lei 9.307/96. Árbitro é juiz de fato e de direito, prolatada a sentença, esta não 
está sujeita a recurso ou homologação pelo Poder Judiciário (exceto arbitragem 
internacional) 
Deveres: 
Imparcialidade, Independência, Competência, Diligência, Discrição 
Impedimento, suspeição: art. 14 da Lei de Arbitragem e arts. 145 e 146 do CPC. 
Impossibilidade de atuação do árbitro e sua substituição: arts. 12 e 15 e parágrado 
único da Lei de Arbitragem. 
 
NORMAS DE PROCEDIMENTO DAS ARBITRAGENS BRASILEIRAS: 
art. 21 da Lei de Arbitragem. 
 
SENTENÇA: 
Arts. 24 a 32 da Lei de Arbitragem 
 
REFERÊNCIAS: 
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem. 6 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. Capítulos I, II, III, e VI.

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