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Interpretação dos contratos
	Assim como a lei possui lacunas que precisam ser supridas pelos interpretes, os contratos também possuem lacunas a ser supridas.
	Em virtude dessa necessidade, se faz por bem estabelecer critérios e técnicas de interpretação dos contratos. A principal função do interprete é descobrir qual foi a vontade real com que as partes celebraram o contrato. Não se pode esquecer que a vontade real é elemento de grande subjetividade e encontra-se lotado na reserva mental de cada individuo.
	O juiz ao analisar o contrato, pode declarar a sua invalidade caso observe que o mesmo vai de encontro com a ordem publica. Contudo, o julgador jamais deverá fazer o ajustamento das cláusulas contratuais. Caso se verifique que uma cláusula vai de encontro à ordem publica, o juiz deverá declarar sua invalidade e aplicar a lei pertinente (diretamente, na íntegra) para suprir (substituir) a referida cláusula.
	Outro aspecto que também deve ser investigado pelo interprete é a vontade manifestada pelas partes na celebração do contrato. Como fazer essa interpretação? No primeiro momento se verifica o conteúdo literal das palavras, verifica-se o que se quis dizer. No segundo momento, verifica-se se os elementos utilizados pelos contratantes se assemelham a algumas das espécies de contratos nominados na lei. Caso os elementos sejam iguais será aplicado ao contrato analisando os mesmos efeitos dos contratos identificados. Na análise acima, não se leva em conta a nomenclatura utilizada pelas partes. O importante é identificar o tipo de contrato para poder se aplicar os efeitos específicos. Em virtude dessa técnica é que se faz a interpretação subjetiva e objetiva.
Interpretação subjetiva: o interprete, na tentativa de dirimir conflitos ao analisar o contrato, deverá alcançar a vontade real com a qual as partes manifestaram em seu íntimo. A vontade real é aquela que a parte manifesta interiormente em seu pensamento. A busca pela vontade real poderá trazer a tona aspectos que certamente irão consolidar o real motivo com o qual as partes assinaram o contrato. Esse método é de suma importância para se tentar chegar a alguma conclusão sólida sobre a questão. O interprete não pode se afastar da tentativa de descobrir a vontade real.
Interpretação objetiva: é subsidiária à interpretação subjetiva, ou seja, após o interprete utilizar-se da interpretação subjetiva para descobrir a vontade real, deverá valer-se da interpretação objetiva para desvendar a vontade manifestada pelas partes. A interpretação objetiva utiliza três princípios para sustentar sua efetivação. Princípio da boa fé: a chamada boa fé objetiva é aquela que se verifica no chamado “homem médio”. Pessoa com capacidade para adquirir direito e obrigação por si só. Princípio da conservação dos contratos: os contratos foram criados com alguma finalidade. Buscou-se produzir determinados efeitos. O contrato tem alguma função. Princípio extrema ratio: por mais obscuro que seja o contrato, deverá possuir algum efeito. O contrato deverá ser aclarado. O contrato tem que ter equilíbrio, ser menos pesado para a parte hiposuficiente. Se for oneroso deve haver equilíbrio, se for gratuito deve ser equitativo. A interpretação objetiva é sequência da subjetiva. Obs: para a interpretação dos contratos é mais importante a vontade real do que a vontade manifestada pelas partes.
Formação dos contratos
	Proposta: tem como função dar início à formação do contrato, não dependendo de regra especial. É antecipada por uma fase chamada de negociações preliminares ou conversações, estudos ou chamada de puntação. Nessa fase não há manifestação de vontade, ou seja, não há vinculação ao negócio, todos podem alegar desinteresse, sem responder por perdas e danos. A responsabilidade só ocorre se ficar demonstrado a deliberada intenção de causar dano ao outro contraente (perda de outro negócio ou realização de despesas). O fundamento para o pedido de perdas e danos é o ilícito civil (art. 186) e não o inadimplemento contratual. A proposta vincula o proponente (art. 427) desde que séria e consciente, sua retirada enseja perdas e danos. Obs: são exceções à vinculação da proposta, a morte ou a interdição do proponente, podendo ensejar responsabilidade aos herdeiros e curadores. Também não vincula o proponente quando da existência de cláusula expressa no instrumento contratual, ou quando em razão da natureza do negócio. Ex: propostas abertas ao público limitadas ao estoque existente e também em razão da circunstância do caso (CC. Art. 428, II, II, III IV). O código estabeleceu que oferta aberta ao público equivale a proposta do seu art. 429. O proponente quando ocasiona uma perda ou usa de má fé ele se responsabiliza por perdas e danos a quem ofereceu a proposta (perda de uma chance). Obs: em virtude da possibilidade do proponente ocasionar a perda de uma chance sobre a pessoa da qual objetiva a oferta, aquele poderá ser responsabilizado pelas perdas e danos que sua proposta possa vir a ter causado.
Aceitação
	É a concordância com os termos da proposta. É a manifestação da vontade imprescindível para a conclusão do contrato.
Requisitos: Deve ser pura e simples; Se apresentada fora do prazo, as adições, restrições ou modificações, importará em nova proposta denominada contraproposta (art. 431). Podendo ser também expressa ou tácita (art. 432).
Quando não possui força vinculante? a) Quando chegar tarde ao conhecimento do proponente, caso em que este deverá avisar ao aceitante sob pena de pagar perdas e danos (Lei 10.406 art. 430); b) Se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433). Obs: os contratos entre presentes se consolidam no momento da aceitação. Nos contratos entre ausentes, por correspondência ou intermediário, a resposta passa por algumas fases, existindo conflito na doutrina onde surgem algumas teorias: 
Teoria da declaração ou agnição: esta se divide em três. a) Da declaração propriamente dita, que considera o momento da redação; b) Da expedição, que considera o momento do envio da aceitação; c) Da recepção, que considera o momento da entrega da aceitação ao destinatário. O código civil, na tentativa de dirimir os conflitos doutrinários sobre a aceitação, estabelece em seu art. 434 que o contrato nasce a partir do momento em que a aceitação é expedida pelo aceitante, ou seja, a partir do momento em que o mesmo se manifesta. Contudo, o código também prevê a possibilidade da retratação e nesse momento e somente nesses casos, considera o momento da recepção por parte do proponente.
Lugar da celebração
	O código adota, como regra, em seu art. 435 o lugar da celebração do contrato onde o mesmo foi proposto (nesse momento o código está em conformidade com a LINDB).
Retratação
	O proponente, de acordo com seu interesse poderá emitir logo após a proposta, imediatamente após, a retratação da proposta que foi feita. É de suma importância que esta retratação chegue o quanto antes ao seu destinatário para evitar a vinculação dos efeitos da proposta anterior. Como dito anteriormente, a proposta vincula o proponente e o mesmo é responsável pelos possíveis danos causados a terceiros. Sendo assim, diante de uma retratação, se faz necessário que a mesma chegue em tempo hábil para evitar a vinculação e os possíveis danos a terceiros. A aceitação também é passível de retratação, desde que a mesma também seja encaminhada de modo que chegue ao proponente antes ou imediatamente com a aceitação. Nas propostas com prazo, caso seja encaminhada após o término do mesmo, será considerada uma nova proposta. Obs: segundo o CC, o contrato nasce a partir da aceitação da parte que recebe a proposta, essa é a regra geral, contudo a lei também traz a hipótese de retratação da aceitação e quando for o caso, o contrato passa a existir a partir do momento em que o proponente toma conhecimento da retratação, desde que a mesma ocorra em tempo hábil.
Classificação dos contratos
Quanto aos efeitos, os contratos se dividem em: Unilaterais- quando gera obrigaçõespara apenas uma das partes, por exemplo, a doação pura sem ônus ou encargos; Bilaterais- são aqueles em que gera obrigações para ambas as partes, por exemplo, a compra e venda; Plurilaterais- são aqueles que produzem efeitos, obrigações para as várias pessoas, físicas ou jurídicas, exemplo o contrato de consórcio ou de sociedades empresariais.
Contratos comutativos: são aqueles em que o objeto negociado é coisa certa, ou seja, não se trata de um negócio de risco, exemplo a compra e venda a vista com a entrega imediata da coisa.
Contratos aleatórios: são aqueles em que o objeto negociado é coisa incerta, ou seja, é um negócio de risco, exemplo o contrato de seguro, compra e venda de safra futura, etc.
Classificação quanto à formação: Contratos paritários- são aqueles em que as partes estão frente a frente, olho a olho, deliberando sobre todas as cláusulas contratuais. Nesse tipo de contrato são as partes que criam, de acordo com os seus interesses, todos os pontos que constituem o instrumento contratual. Temos como exemplo a compra e venda de bem móvel, contrato de locação, etc. Nos dias de hoje, em virtude da era empresarial essa modalidade contratual esta sendo cada vez mais, menos utilizada; Contrato de adesão- nessa modalidade contratual, as partes praticamente não deliberam sobre as cláusulas. Uma das partes hipersuficiente economicamente, produz o instrumento contratual e oferta na íntegra para a parte hiposuficiente economicamente. Este, não delibera absolutamente sobre nada, apenas concorda ou não, ou seja, ou adere às cláusulas e condições impostas, ou simplesmente não assina o contrato. Essa é a modalidade contratual mais utilizada nos dias de hoje. Temos como exemplo os contratos bancários, de franquia, de consorcio, etc.; Contratos tipo ou de massa, em série ou por formulários- nessa modalidade contratual, as partes quase não deliberam sobre as cláusulas. Geralmente o contrato já vem pronto com alguns campos abertos para serem preenchidos pelas partes. É constituído pela parte hipersuficiente que dá apenas a opção da parte hiposuficiente estabelecer alguma informação e/ou restrição sobre algum ponto do instrumento contratual. Verifica-se o uso de talonários, aonde o contrato já vem impresso em três vias e carbonado. Temos como exemplo os contratos de prestação de serviços em um modo geral.
Classificação quanto ao momento da execução: Execução instantânea- são aqueles que se constituem instantaneamente no momento de sua deliberação e em um só ato. As partes, ao celebrarem o contrato cumprem instantaneamente as suas obrigações, não podendo ninguém exigir mais nada. Temos como exemplo a compra e venda a vista com entrega imediata da coisa; Execução diferida- são aqueles em que o negócio é realizado em um momento e uma das partes cumprirá sua obrigação em momento futuro e em um só ato. Temos como exemplo a compra e venda com o pagamento a vista e com entrega da coisa em um momento futuro. Execução continuada ou de trato sucessivo- são aqueles em que uma ou ambas as partes cumprem com suas obrigações parceladamente, periodicamente, geralmente mensalmente. Enquanto cada uma das partes tiver parcelas a cumprir, não se desobriga do cumprimento da sua prestação. Temos como exemplo a compra e venda parcelada. Pode ocorrer também na contratação de um serviço que será prestado periodicamente.
Classificação quanto ao agente: 
Contratos personalíssimos ou intuitu personae- são aqueles que se constituem em função de uma característica pessoal, ou de uma habilidade específica que uma determinada pessoa possui. Nessa modalidade contratual, o objeto da relação jurídica recai sobre a figura de uma determinada pessoa, não podendo esse vinculo jurídico ser transferido ou transmitido. Nesse tipo de contrato, só a pessoa sobre a qual recai o vinculo jurídico, a prestação, a obrigação, poderá cumprir a referida prestação. Essas relações constituem-se em função de direitos inerentes à pessoa, ou seja, direitos personalíssimos. Em virtude disso, é vedada a transferência e a transmissão das obrigações. Temos como exemplo os contratos de direitos de imagem, os celebrados com artistas, explorando imagem, voz, nome, etc; Contratos impessoais- são aqueles que se constituem sem nenhuma vinculação, a características e/ou habilidades inerentes a determinadas pessoas, ou seja, são contratos onde o seu objeto não se refere a direitos personalíssimos, sendo assim, poderão ser transferidos e transmitidos sem maiores problemas. Geralmente ocorre muito com a prestação de serviços de um modo geral onde as empresas, muitas vezes, terceirizam o cumprimento da prestação; Contratos individuais- são aqueles que se constituem em função de se poder verificar o objeto da relação jurídica contratual, as vontades individuais de seus participantes. Nesse tipo de contrato, mesmo que haja vários sujeitos participando da relação contratual, o que importa é a possibilidade de se verificar a vontade individual manifestada por cada um deles. Nesse tipo de contrato não se verifica a existência de uma pessoa jurídica de direito privado representando os interesses da coletividade dos sujeitos. Temos como exemplo, quando um grupo de pessoas se reúne, informalmente, para comprar um imóvel, onde cada um responde com a sua cota parte, podendo esta, ser igual ou não entre eles; Contratos coletivos- são aqueles em que se verifica uma pessoa jurídica de direito privado representando os interesses dos sujeitos da relação contratual. Nesse tipo de contrato, não dá para visualizar a vontade individual dos sujeitos, apenas se enxerga a vontade coletiva manifestada pela pessoa jurídica que representa o direito de todos. Temos como exemplo os contratos celebrados por sindicatos, sociedades civis e empresariais, etc.
Classificação quanto ao modo: Contratos principais- são aqueles que se constituem independente da existência de qualquer outro, são autônomos. A sua existência não está subordinada à de nenhum outro vinculo jurídico. Ele produz seus próprios efeitos. Exemplo a compra e venda, locação, empréstimo; Contratos acessórios- são aqueles cuja existência está subordinada diretamente a um contrato principal, ou seja, o vinculo jurídico anterior. Os seus efeitos geralmente estão subordinados ao inadimplemento do contrato principal. Sendo assim, caso o contrato principal deixe de existir, o contrato acessório também deixará. Temos como exemplo o contrato de fiança, de hipoteca, de aval, etc. Obs: no contrato de aval, o avalista é solidário na divida e no contrato de fiança, o fiador é subsidiário; Contratos derivados ou subcontratos- são aqueles que derivam de uma relação jurídica anterior, mas não possuem natureza acessória. Na verdade é uma nova relação jurídica que surge entre um dos sujeitos da relação jurídica anterior e uma terceira pessoa. Geralmente encontra-se cláusula expressa, na relação jurídica anterior, autorizando a constituição dessa nova relação jurídica, como exemplo a sublocação, a sub-empreitada, etc. É um exemplo clássico de terceirização muito utilizada na prestação de serviços. Obs: pode acontecer também de encontrarmos clausulas vedando a constituição dos contratos derivados nas relações jurídicas anteriores.

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