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ADAPTAÇÃO ESCOLAR: UMA PARCERIA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA
Rafaela Francisco dos Santos�
rafa_gatinha_santos@hotmail.com
Viviane Domingues Preto de Faria�
vivipdomingues@hotmail.com
RESUMO
Este artigo discorre sobre o período de adaptação na Educação Infantil, uma nova experiência, em um novo contexto social, analisando os conflitos da separação entre mãe e filho e o trabalho desenvolvido nas instituições de Educação Infantil, buscando na parceria com a família, a possibilidade de um processo de adaptação de forma tranquila e saudável para todos os envolvidos.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidar. Educar. Família. Adaptação.
1-INTRODUÇÃO
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), a educação infantil tem como um de seus objetivos, proporcionar à criança a chance de descobrir-se, adquirir hábitos de cuidado com sua saúde e higiene, observar e explorar o ambiente, brincando e expressando suas emoções, desejos, necessidades e avançando no processo de construção de significados, enriquecendo assim sua capacidade de expressar-se e relacionar-se com os demais.
Dessa forma, pode-se observar que o binômio educar e cuidar deve ser explorado nesta etapa de ensino, garantindo às crianças o direito de serem tratadas em suas necessidades e potencialidades.
Toda instituição escolar, pública ou privada, educa e cuida das crianças, seja qual for sua jornada, assumindo a responsabilidade de participar e complementar a educação e o cuidado das crianças com as famílias.
Pensar em educação de qualidade nos tempos atuais é ter em mente a participação da família, independente da formação desta, na vida escolar de seu filho em todos os sentidos, ou seja, é preciso uma interação entre escola e família. Nesse sentido, escola e família assumem uma grande tarefa, pois nelas é que se formam os primeiros grupos sociais de uma criança.
O processo de ingresso e permanência da criança na educação infantil, compreendida como o período de 0 à 5 anos de idade, não tem tempo exato, tampouco receita para que aconteça de forma tranquila, podendo ser vivenciado por algumas crianças como uma situação conflituosa e insegura e, para outras, um momento a mais em suas vidas. 
O planejamento e o desenvolvimento deste processo de adaptação abrangem diferentes posturas que podem levar a decisão de ficar nesta escola ou a sua desistência. Portanto, nesse período a criança necessita ser compreendida e bem acolhida pela escola, sua família precisa estar segura desta decisão, para ambos passarem por um período de adaptação de forma tranquila e saudável.
Dessa forma, este trabalho torna-se pertinente, pois pretende explicar a importância da parceria da família e da escola no processo de adaptação da criança na educação infantil, tendo como objetivo orientar docentes e outros profissionais da área da educação em relação aos cuidados com este momento e aos benefícios desta parceria.
Este artigo foi elaborado baseado em pesquisas bibliográficas, optando pela abordagem qualitativa, procurando buscar respostas para perguntas como: Cuidar e/ou educar? Como acontece o ingresso da criança na escola? Há uma única forma a ser seguida para este momento? A família participa ou prejudica?
Para responder a essas perguntas, recorremos a estudiosos do assunto como Kramer (2007), Rizzo (2010), Sartori (2001), Tedrus (1998) entre outros, além de utilizar documentos do MEC que são referência de qualidade, como o RCNEI (1998) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), buscando dar embasamento legal às teorias já existentes.
2- O CUIDAR E O EDUCAR: UMA RELAÇÃO INDISSOCIÁVEL
De acordo com o RCNEI (1998), compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Debates em nível nacional apontam para as necessidades das instituições de Educação Infantil, de introduzirem gradativamente as funções de educar e cuidar, concedendo às crianças as condições para a aprendizagem que ocorre nas brincadeiras, e também naquelas advindas de situações pedagógicas intencionais, planejadas e adequadas na escola. 
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil:
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (2010, p.12).
Toda instituição caracterizada como não doméstica, pública ou privada educa e cuida das crianças, seja qual for sua jornada, assumindo a responsabilidade de participar e complementar a educação e o cuidado das crianças com as famílias.
Segundo Ferreira (1989, p. 146) cuidar significa: “[...] imaginar, meditar, cogitar, julgar, supor. Aplicar atenção, o pensamento, a imaginação. Ter cuidado. Fazer os preparativos. Prevenir-se. Ter cuidado consigo mesmo”, ou seja, o cuidar busca através da atenção e da prevenção, recursos para que a pessoa sinta-se bem consigo mesma e com os outros. Portanto, apresenta uma preocupação, com os cuidados básicos e essenciais a uma vida saudável.
Destaca-se de acordo com o RCNEI (1998, p. 25):
O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais.
Cuidar, porém, exige flexibilidade para qualquer imprevisto que possa vir a ocorrer com as crianças. Na Educação Infantil existe uma preocupação muito grande com os cuidados necessários ao desenvolvimento da criança, afinal ela precisa alimentar-se, adquirir hábitos de higiene e de atenção e cuidado com seu corpo evitando acidentes. A criança precisa ser bem tratada e atendida pelos profissionais, especialmente no que diz respeito aos cuidados imprescindíveis para a sua vida, pois eles são fundamentais para o seu desenvolvimento.
Kramer (1995) afirma que o cuidado está na necessidade do outro, que quem cuida não pode estar voltado para si próprio, estando atento para necessidade alheia. Mas, o cuidador precisa de tempo, entrega para o conhecimento daquele que precisa de cuidados.
Com relação ao educar Ferreira (1988, p. 185), considera: “[...] educar é promover a educação (de alguém); ou a sua própria educação; instruir-se”, ou seja, educar trata-se de oferecer educação, motivar aprendizagem, propiciar conhecimentos essenciais para a formação pessoal. Portanto, educar na Educação Infantil é promover o desenvolvimento, a socialização, enfim favorecer ações pedagógicas que sejam expressivas às crianças.
Segundo o RCNEI (1998) 
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal e de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (1998 p.23). 
As práticas de educar são compostas pelas situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas. É nesse fazer pedagógico de promoção de experiências de brincadeiras, de situações orientadas e de práticas de cuidados que ocorre o desenvolvimento integral da criança, ou seja, o desenvolvimentodas várias capacidades (física, afetiva, cognitiva, ética, estética, da relação interpessoal e inserção social). O documento aborda a prática educativa para o exercício da cidadania, para a formação de crianças que sejam cidadãs de direito e autônomas, promovendo as condições para o acesso aos conhecimentos da realidade social e cultural.
Didonet (2003, p. 9) coloca que:
[...] não há um conteúdo educativo na creche desvinculado dos gestos de cuidar. Não há um ensino, seja um conhecimento ou um hábito, que utilize uma via diferente da atenção afetuosa, alegre, disponível e promotora da progressiva autonomia das crianças. Os conteúdos educativos da proposta pedagógica, por sua vez, não são conteúdos abstratos de conhecimento, desvinculados de situações de vida, nem são elaborados pela criança pela via de transmissão oral, do ensino formal. Em vez disso, são interiorizados como construção da criança em um processo interativo com os outros em que entram em jogo a iniciativa, a ação, a reação, a pergunta e a dúvida, a busca de entendimento.
Para o autor, na Educação Infantil, todas as situações diárias são atos de cuidar e educar, pois as brincadeiras, os jogos, as atividades dirigidas, a escovação, a alimentação, enfim todas as atividades desenvolvidas na rotina devem buscar a autonomia e a formação da identidade, a construção de hábitos saudáveis entre outros aspectos. Isso é cuidar e educar para a vida!
Enfim, segundo RCNEI (1998) o cuidar e o educar são indissociáveis e devem ser trabalhados juntos, buscando o equilíbrio entre ambos, pois ao mesmo tempo em que sabemos que as crianças precisam de cuidados especiais, devemos também reconhecê-las como agentes ativos da sociedade onde vivemos e que construiremos. As crianças também precisam do educar, na qual preparam as situações e um aparato de condições para que criem seus próprios conhecimentos por meio da ação no meio físico, social e cultural, sendo assim, de acordo com esta publicação, uma maneira de proporcionar socialização e complementar as ações educativas fornecidas pela família, na busca pela formação de uma criança feliz e saudável.
Kramer (2007) ressalta que a relação escola- família, na sua extensão social, considera a maneira de agir e pensar dos pais, enriquecendo seus costumes e história, porém, conjuntamente, deixando explícitos as metas, propósitos e preferências educacionais.
3- A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO AMBIENTE ESCOLAR
Para Tedrus (1998) a família cerca um universo limitado e tradicionalmente competente, abarcando as recíprocas no nível afetuoso, a rotina alimentar, higiênico entre outros, enfim, seu dever é o mais centralizador. Para a autora, não parece que a família vem incumbindo poderes à escola, mas, pode ser que a escola esteja compartilhando parcelas mais expressivas das atribuições que, tradicionalmente, a sociedade encarregou à família. 
A família é a instituição mais persistente a que o indivíduo está vinculado. Se ela tende a ser uma entre as outras instituições socialmente incumbidas da socialização das pessoas, ela passa a representar uma ampla fonte de recursos, desde onde se podem articular elementos, como os modelos afetivos, como uma base para que se tenha uma nova definição de socialização escolar (TEDRUS, 1998, p.169).
A família, independente da forma de como é composta, de acordo com Polônia e Dessen (2005), exerce uma função muito importante no desenvolvimento e na aprendizagem humana. Ela é a primeira a incluir, por meio do ensino da língua materna, dos símbolos e das regras de convivência em grupo, as crianças no mundo cultural, e é quem transmite para elas, a educação geral e parte da formal, em colaboração com a escola.
Oliveira (2002) diz que o poder que os pais podem exercer nas escolas deriva de suas expectativas, suas experiências vividas na escola como aluno e representações sociais, que dependem de seu nível social. A família espera ser aprovada no seu papel de educador da criança, de acordo com o padrão desenvolvido esperado, ou seja, ela quer ser reconhecida como boa. Na verdade, os pais fazem mais para as crianças do que com as crianças, pois seria uma satisfação esse envolvimento de pais com seus filhos.
Tedrus (1998) destaca que a instituição escolar, simboliza para a criança uma amplificação de mundo, seja pela quantidade e multiplicidade das pessoas, onde vivem, seja pelos diversos tipos de relacionamentos entre crianças, e também criança-adulto,	ou nas atividades pedagógicas. 
Ao mesmo tempo, a escola relativiza o universo familiar, pela igualação dos grupos de idade, pelas trocas no nível afetivo, ou pela maior proporção na relação criança/adulto. Fundamentalmente, muda a natureza dos relacionamentos de cada criança com seus iguais e com seus diferentes (TEDRUS,1998,p.170).
Para a autora a escola também representa para a criança um circunstancial universo familiar, pelo equilíbrio entre os grupos da mesma idade, pelas trocas afetuosas, ou pela proporção nos relacionamentos com adultos. De maneira fundamental, modifica os relacionamentos de cada criança.
Ainda de acordo com a autora a escola pode ser considerada como um ambiente onde muitos procuram o cultivo de alguns valores, ou seja, busca a cooperação, a solidariedade, a individualidade, a criatividade, entre outros. Valores esses que descobrem sua intensidade na família. 
Como diz Paro (2000) a escola deve aproveitar todas as ocasiões de convívio com os pais, para transpor informações importantes a respeito de seus intuitos, recursos, dúvidas e sobre as perguntas pedagógicas. Assim sendo, a família irá se perceber comprometida com o avanço da capacidade escolar e com o crescimento de seu filho como ser humano.
Tiba (2002) compreende que se a aliança entre família e escola for consolidada a partir do início da vida escolar da criança, todos irão lucrar. O autor destaca ainda que, se a criança estiver bem, vai melhorar, e se necessitar de ajuda para resolver suas dúvidas, receberá tanto da escola quanto dos pais estímulos nas resoluções das mesmas.
Para Sartori (2001) o início da vida escolar da criança é uma decisão que cabe aos pais, escolher o momento oportuno e também a escola que seu filho frequentará, de acordo com sua origem, levando em consideração a qualidade do ensino do mesmo.
Na relação da criança com a escola, os pais possuem uma dupla função: a de introdução e de sustentação. Os pais decidem pelo momento de levarem-na para a escola, escolhem a escola de acordo com seus princípios (SARTORI, 2001, p.23).
Portanto, o objetivo na relação da família no ambiente escolar, segundo Kramer (2007) só será alcançado quando os pais se considerarem e sentirem a escola como sua. De acordo com o RCNEI (1998), para que isso ocorra, o documento ressalta a necessidade de se ter uma relação de confiança com a família começando com o processo de adaptação da criança, esclarecendo algumas dúvidas, angústias e ansiedades, tranquilizando os pais e, respectivamente, a criança.
4- ADAPTAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PARCERIA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA
Segundo Sartori (2001) o processo de adaptação, quando a criança deixa o lar para frequentar a creche, é o momento onde a criança deve compreender que não é mais o objeto de desejo materno em sua completude, marcado por muita angústia tanto da mãe, quanto do filho, devido a essa separação entre ambos. Existe então, um equilíbrio inconstante entre a procura do familiar e a simpatia pela novidade, pelo diferente, que faz parte do processo de individualidade do sujeito. Esse equilíbrio instável apresenta-se de uma maneira mais precisa nos primeiros anos de vida da criança, quando pode acontecer a observação mais transparente, o confronto entre o desejo de estar junto à mãe e/ou com alguém familiar, que lhe dá afeto e segurança, e a curiosidade pela pesquisa do novo.
Segundo Rizzo (2010), é necessário compreender o que se passa com a criança durante o seu processo de adaptação e, em consequência, algumas situações naturais desse período,como a influência da mãe no comportamento da criança, auxiliando ou prejudicando, adiantando ou retardando a sua adaptação. Igualmente é necessário sentir como vai passando a mãe com essa nova experiência. 
A entrada da criança na escola significa tanto sua adaptação em um novo contexto social, como a descoberta de um espaço que contém uma composição própria, com objetos específicos e uma estrutura social diferente da familiar. Mas, a escola também se depara com situações novas, alunos e familiares que se diferem a cada ano, precisando se preparar para recebê-los.
[...] é preciso reiterar que a adaptação escolar é um processo que vai exigir tanto a transformação da criança, que busca adequar-se a essa nova realidade social, quanto da pré-escola, que precisa se preparar para recebê-la (OLIVEIRA, 1995, p.128).
É preciso frisar que a adaptação é um processo que irá solicitar a transformação da criança e da escola, ou seja, a nova realidade social que a criança frequentará e a preparação da escola para receber a criança.
De acordo com Martins Filho (2006), o processo de adaptação, é um processo de socialização construtivo entre pares educativos (pais, crianças, professores e instituição) um espaço de relações, mediações e interações dialógicas para todos os envolvidos direta ou indiretamente no processo.
Sartori (2001) diz que o período de adaptação compromete-se com um tempo para compreender, sendo inevitável para que a criança possa dar um sentido, reposicionar-se, frente à mãe. Esse tempo é fundamental para a criança, possibilitando o reconhecimento físico da escola para que consiga se locomover tanto no espaço interno, quanto externo, compreendendo sua organização e rotina, que se difere da sua casa, possibilitando à criança estabelecer laços de confiança com o professor. 
Rizzo (2010) ressalta que o período de adaptação é constantemente uma tentativa dolorosa para a criança, onde ela sofre até resolver se vai ficar ou não, podendo ser uma experiência rápida ou mais demorada, semanas, dias ou até em poucas horas.
Segundo essa mesma autora, a entrada da criança na Educação Infantil passa por uma experiência causada por uma perda, no caso a mãe, uma pessoa conhecida e que traz segurança para a criança.
De acordo com Sartori (2001) toda separação envolve uma passagem, uma perda e o processo de humanização apropriam-se dessas passagens, que devem ser organizadas, para que o reconhecimento de uma nova condição seja possível. É indispensável guiar a família no sentido de um preparo que represente junto à criança essa passagem. Portanto, a organização do material escolar, o uniforme, a lancheira são itens importantes neste processo, porque é uma maneira dos pais envolverem as crianças com os elementos da escola.
O RCNEI (1998), diz que para ajudar no processo de adaptação da criança, garantindo sua permanência na escola, alguns objetos de passagens, como a fralda que ela usa para cheirar, mordedor, a chupeta, ou o bico de mamadeira que está acostumada a usar são consideradas boas estratégias. A presença da mãe ou responsável pode ou não, ser necessária no início. 
É importante destacar que existem diferentes reações no processo de adaptação, principalmente em se tratar de crianças que iniciam sua vida escolar em diversos níveis, tanto pela idade, quanto pelo laço afetivo, na maioria das vezes com a mãe. Diz Rizzo (2010), cada caso é único e tem que ser estimado dissociado.
Segundo Rizzo (2010) para a turma do berçário, bebês de sete ou oito meses, a adaptação não causa muitos problemas, pois o bebê não associa sua mãe visualmente das outras pessoas estranhas. A autora aconselha a adaptação da mãe na instituição de dois à três dias, podendo participar dos cuidados do seu filho, visando sua tranquilidade e concedendo aos funcionários, a observação de como o bebê está acostumado a ser tratado e sua relação mãe/filho.
No período dos 18 a 30 meses, ou seja, quando a criança está matriculada no maternal 1 ou 2 de acordo com sua idade, Rizzo (2010) ressalta que será preciso ter muita paciência, pois é necessário tempo para seu desenvolvimento, e confiança nos adultos e ambientes desconhecidos, para que possa recuperar a confiança básica necessária em sua mãe. O período de adaptação pode ser planejado em torno de 15 dias, onde a criança, na primeira semana, ficará na escola por no máximo duas horas, podendo contar com a presença materna nas atividades ao ar livre, porém, fora de sala quando as atividades forem dentro desta.
A mãe, não apenas por palavras, mas pela sua atitude, precisa provar ao filho que deseja que ele fique e que confia em ele fique bem. Para isso ela deve evitar colocá-lo, a todo momento, no colo ou abraçá-lo e beijá-lo continuamente, como que para recompensá-lo do “infortúnio” (RIZZO, 2010, p.158-159).
Rizzo (2010) destaca a importância do desejo da criança nessa fase, onde ela demonstra vontade própria de ficar para brincar com os brinquedos dados na sala de aula. Nesse período, ela ignora as outras crianças, por não se sentir atraída pelas mesmas. 
A maioria das crianças, a partir dos três anos, demonstra segurança na ausência da mãe, onde Rizzo (2010) comenta que a adaptação dessa faixa etária deve ser semelhante aos das menores, no que concerne a atitude das mães e educadores, somente o período destinado para fazer a passagem completa (da mãe para a creche) poderá ser menor. 
Sartori (2001) afirma que a separação pode ser muito complicada, gerando conflitos e tensões entre mãe e filho. Na maioria das vezes, os grandes responsáveis por esta situação são os próprios pais, os quais demonstram insegurança em ver seus filhos crescendo, se tornando independentes. Essa postura pode prejudicar e prolongar a adaptação da criança, refletindo em seus resultados, por exemplo, se a mãe deseja a criança não se adapta. 
A autora também diz que a mãe também pode não querer que o filho vá para a escola, e o mesmo se adapte facilmente. Pode haver a possibilidade, de a mãe querer a entrada do filho, e este sinta tranquilidade neste processo. Essas hipóteses, porém são sinais de variações do consciente que deseja a adaptação, e o inconsciente que não pode querer essa inserção. O desejo da mãe em querer que o filho vá para escola facilita seu processo, acontecendo de forma tranquila aceitando a presença da professora, tendo a curiosidade em conhecer esse novo ambiente, sentindo vontade de retornar no outro dia, e em pouco tempo, despedindo-se de sua mãe, colocando-se com interesse nesse espaço social.
Ainda para Sartori (2001) a condição na qual a mãe não deseja essa separação, a criança pode demonstrar resistência em se afastar dela, pedindo sua presença o tempo todo, propiciando também uma situação desconfortável, favorecendo a desconfiança da família, podendo até retirar o filho da escola. Em, outra situação a criança se insere facilmente, gostando e sentindo-se segura naquele novo ambiente onde se encontra. No entanto a mãe, por ciúmes, faz de tudo para reverter essa situação, chamando a atenção do filho na escola por motivos inconsistentes, gerando situações que podem interromper esse processo.
E, em uma última condição, a autora continua afirmando que a criança reluta em aceitar essa separação, apresentando comportamentos que desestabilizam a mãe colocando em dúvida sua decisão de colocá-la na escola. Mas, pelo contrário a mãe ajuda a professora e encoraja seu filho a ficar, argumentando o motivo pelo qual realizou essa escolha, e que não perderá sua mãe em espécie alguma por essa situação.
Essas variações podem ser entendidas à medida que se considere que no plano consciente toda mãe “deseja” que seu filho se adapte à escola, mas, no nível inconsciente, esse processo pode revelar que não há esse desejo (SARTORI, 2001, p.27).
Portanto, Sartori (2001) comenta que a mãe deve demonstrar confiança, segurança por essa nova descoberta de seu filho, pois pelo contrário, a criança poderá sentir que sua mãe não está tranquila em relação à essa decisão,percebendo a sua tensão, desconfiança em relação à escola o que, consequentemente, pode prejudicar sua adaptação. Os educadores ficam com a tarefa delicada de desfazer esses comportamentos indecisos e ajudar a mãe a se sentir confiante.
Rizzo (2010) destaca que, quando a criança enfrenta muitas complicações para distanciar-se de sua mãe, ou seja, a falta de segurança emocional ou segurança afetiva escassa nesta relação, pode propiciar seu sofrimento, podendo expor sintomas físicos, como: vômito, febre, diarreias etc. Esses sintomas devem nos manter em alerta para possíveis desajustamentos da criança à nova situação, mesmo ela não chorando nesse período. 
Concluindo, é de extrema importância o olhar atento do profissional para que observe muito bem cada choro, o que eles representam e quais as intervenções mais adequadas. 
Destaca-se de acordo com o RCNEI para a Educação Infantil (1998, p. 82):
O choro da criança, durante o processo de inserção, parece ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto nos professores. Mas, parece haver, também, uma crença de que o choro é inevitável e que a criança acabará se acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional, parando de chorar. 
Segundo Rizzo (2010) é preciso dar oportunidade durante o processo de adaptação tanto para a criança tanto para a mãe, se acostumarem com o novo ambiente, passando a frequentar sem nenhum constrangimento emocional, como por exemplo, o choro, choramingas, não se alimentando entre outros.
De acordo com RCNEI (1998) algumas pessoas acreditam que deve ser evitado dar atenção criança e/ou pegá-la no colo, consequentemente elas se tornarão manhosas, e vão parar de chorar. Mas, pelo ao contrário essa atitude deve ser evitada. A criança deve receber uma atenção especial, nesse momento de choro e também incentivada a realizar atividades.
Para ajudar na adaptação da criança, a educadora é responsável em passar segurança e confiança para a família. Como diz Bondioli e Mantovani (1998) um contato preliminar com os pais, estabelecendo um relacionamento de confiança, onde ambos se comuniquem com clareza, mostrando aos pais seu papel, que acima de tudo, é ajudá-los a viverem melhor, pode favorecer a construção de um elo de parceria entre escola e família. Explicar o que é adaptação, porque esse processo é realizado gradualmente, quais os objetivos da instituição escolar e como são colocados em prática, as reações e atitudes esperadas das crianças neste momento, podendo acontecer muitos conflitos ou nos surpreenderem com a tranquilidade, enfim, esse encontro preliminar servirá como uma tentativa de amenizar a insegurança dos pais, para uma adaptação com serenidade, com informações necessárias e uma breve programação do que esta por vir.
Segundo Bondioli e Mantovani (1998), para construir um relacionamento de confiança com os pais, o diálogo é fundamental, com o objetivo de conhecer e compreender as pessoas com quem, futuramente, haverá um laço estreito por conta de uma criança que começará uma nova caminhada educacional, em um novo contexto social.
O RCNEI (1998) propõe uma entrevista no ato da matrícula, com a finalidade de oferecer informações a respeito do atendimento dado, as metas do trabalho, o conceito da educação empregada. Esta também é uma boa ocasião também para que o professor estabeleça uma primeira proximidade com as famílias e que possa conhecer alguns hábitos das crianças. No documento, apoiar os pais com suas incertezas, aflições e impaciência, concedendo amparo e tranquilidade, colabora para que a criança também se compreenda menos instável nos primeiros dias na instituição. Primeiro, é necessário instituir uma ligação de confiança com as famílias, deixando evidente que o objetivo é a parceria de cuidados e educação visando à boa disposição física da criança. 
	As primeiras impressões que temos de uma pessoa são as que ficam e influenciam, consequentemente, o nosso comportamento. Enfim, os primeiros contatos da família e a criança com este novo espaço social são muito importantes para instituir um clima favorável ao bom relacionamento.
[...] é preciso reiterar que a adaptação escolar é um processo que vai exigir tanto a transformação da criança, que busca adequar-se a essa nova realidade social, quanto da pré-escola, que precisa se preparar para recebê-la (OLIVEIRA, 1995, p. 128).
Finalizando, Oliveira (1995) ressalta que o processo de adaptação nas instituições deve ser organizado, considerando a criança, sua família e seu professor, todos precisam estar seguros, confiantes e acolhidos.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
As instituições infantis são um, dos âmbitos de desenvolvimento da criança. Além de prestar cuidados físicos, ela cria situações para o seu desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional. O essencial é que a instituição seja pensada não como instituição substituta da família, mas como ambiente de socialização diferente do familiar. Nela se dá o cuidado e a educação de crianças, que vivem, convivem, conhecem, exploram, construindo uma visão de mundo e de si mesmas, constituindo-se como sujeito. 
A todo o momento em que se relaciona com outras pessoas, se é educador e educando, pois se ensina e aprende-se trocando experiências e pratica-se o educar e o cuidar nas mais diferentes atividades do dia- a -dia. 
A parceria com a família e os demais profissionais que se relacionam de forma direta e indireta com a criança é que vai ser o diferencial na formação desses educandos. É necessário ressaltar a importância de levar em consideração um bom diálogo entre escola e família, o que facilita desenvolver um trabalho de parceria, gerando oportunidades para a família estar mais envolvida com a escola. 
Assim, o papel de educar e cuidar, juntamente com a parceria da família com a escola pode ser estratégias tranquilizadoras no processo de adaptação de uma criança. Portanto, a adaptação é um processo contínuo de mudança, crescimento e amadurecimento para todos. É um envolvimento constante entre criança, família e escola, no qual todos têm uma grande responsabilidade, desde a decisão dos pais, no melhor momento de colocar seu filho na escola e na escolha da instituição que seu filho frequentará, o desafio para a criança devido as novidades que ele encontrará e pela socialização e, até mesmo, no acolhimento da escola para com eles, para uma adaptação tranquila precisa-se que se realize um trabalho em equipe, pois poderá haver muitos conflitos que possam prolongar esse processo. 
Mas, contudo o importante é ressaltar a importância de assegurar a tranquilidade, visando o bem estar da criança, consequentemente gerando segurança à família.
6- REFERÊNCIAS 
BONDIOLI, Ana; MANTOVANI, Susana. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos, uma abordagem reflexiva: Porto Alegre, 1998.
BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil/Ministério da Educação Básica, Secretaria da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2010.
BRASIL, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DIDONET, Vital. Não há educação sem cuidado. Revista Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, ano 1 n.1, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
KRAMER, Sônia (org). A Política do Pré-Escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez, 1995.
______________. Com a Pré-Escola nas Mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 2007.
MARTINS FILHO, Altino José. Crianças e adultos: marcas de uma relação. Porto Alegre: Mediação, 2006.
OLIVEIRA, Zilma Ramos. A Criança e seu Desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2000.
_________. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
PARO, Vitor Henrique. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã. 2000.
POLÔNIA, Ana da Costa; DESSEN,Maria Auxiliadora. Em busca de uma compreensão das relações entre família escola. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 9, n. 2, 2005.
RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
SARTORI, Cristina Helena Guimarães. Entrada da Criança na Escola e Período de Adaptação. Campinas: Alínea, 2001. 
TEDRUS, Dora Maria de Almeida Sousa. A relação adulto-criança: um estudo antropológico em creches e em escolinhas de Campinas. Campinas: Áreas de publicações CMU/Unicamp, 1998.
	
TIBA, Içami. Quem ama, educa. São Paulo: Gente, 2002.
� Discente no Curso de Pedagogia do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé-UNIFEG.
� Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé UNIFEG e Especialista (Pós Graduada) em Educação Infantil.
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