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AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA I Aula 9: Obesidade AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Introdução Obesidade é um estado de excesso de massa adiposa. (TIMERMAN et al, 2015) Conceito OBESIDADE # EXCESSO DE PESO Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Epidemiologia (TIMERMAN et al, 2015) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Epidemiologia Vigilância para Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL, 2014) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Etiologia (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016; VIGITEL, 2014) Complexa e multifatorial, resultando da interação: Genes; Ambiente; Estilos de vida; Fatores emocionais. Risco de Obesidade Nenhum dos pais é obeso: 9%; Um dos pais é obeso: 50%; Os 2 pais são obesos: 80%. AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Parte da complexa interação entre as vias hormonais e neurais que regulam a ingestão alimentar e a gordura corporal Leitura de Apoio: Clínica Médica, 2016. Cap.: 8 (SALA et al., 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Regulação do apetite, gasto energético e secreção hormonal Os obesos têm níveis séricos aumentados de leptina. E resistência à ação da leptina. Resistência à leptina em indivíduos obesos: um mecanismo potencial seria a menor capacidade da leptina circulante de ter acesso ao fluido intersticial cerebral para ligar-se aos seus receptores, por disfunção no transporte da leptina através das células endoteliais, na barreira hematoencefálica. (SALA et al., 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Distribuição anatômica do tecido adiposo Diferença dos adipócitos viscerais em relação aos periféricos: as células da gordura abdominal central são maiores, têm baixa capacidade de proliferação e diferenciação, baixa sensibilidade insulínica e são altamente lipolíticas. (OLIVEIRA et al., 2009) Obesidade Androide Obesidade Ginecoide Um Tributo ao Pioneiro: Jean Vague (1947) Diabetogênico Aterogênico Pró-trombótico Pró-inflamatório AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tipos de tecido adiposo Tecido Adiposo Branco • Distribuição generalizada pelo organismo, envolvendo ou mesmo se infiltrando por quase toda a região subcutânea, por órgãos e vísceras ocas da cavidade abdominal ou do mediastino e, por diversos grupamentos musculares; • O adipócito branco maduro armazena triglicerídeos. Funções • Reserva energética; • Protege os órgãos abdominais contra choques externos; • Isolante térmico; • Secretar hormônios (adipocinas). (FONSECA-ALANIZ et al., 2006) Órgão dinâmico e central na Regulação Metabólica AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tipos de tecido adiposo Tecido Adiposo Marrom • Depósitos praticamente ausentes em humanos adultos; • Célula caracterizada pela presença de várias gotículas lipídicas citoplasmáticas de diferentes tamanhos e um grande número de mitocôndrias que utilizam a energia liberada pela oxidação de metabólitos, principalmente ácidos graxos, para gerar calor; • Alta concentração de citocromo oxidase dessas mitocôndrias contribui para a coloração mais escurecida das células e do tecido. Função • Produção de calor (termogênese); • Regula a temperatura corporal. (FONSECA-ALANIZ et al., 2006) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Obesidade e doença cardiovascular A Obesidade Abdominal é o Elo Perdido? YAGER et al., 2000 Fonte: cidadeverde.com Critério Clínico para o Diagnóstico da Síndrome Metabólica AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Diagnóstico Recomendações • Aferir na primeira consulta e periodicamente: o peso e a estatura do paciente e calcular o índice de massa corporal (IMC); • Medir a circunferência abdominal (CA); • Usar os pontos de corte da OMS; • IMC ≥ 30Kg/m2 em adultos é indicativo de obesidade; • Quanto maior o IMC ou quanto maior a medida da CA, maior o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e mortalidade por todas as causas. OMS - Organização Mundial da Saúde (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Diagnóstico Recomendações • Para avaliação da CA podem ser usados os pontos de corte da OMS, NCEP ou IDF; • Pode ser útil calcular a circunferência cervical (CC) ajustada*. Se > 48cm, suspeitar de apneia do sono ; • Eficácia bem estabelecida para o uso rotineiro da bioimpedância e pouco estabelecida para o somatório das pregas cutâneas. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) * CC- medida na altura da cartilagem cricotireoídea. CC ajustada (somando a CC, respectivamente, 4,3 e 3, para a presença de hipertensão, ronco habitual e sufocamento na maior parte das noites). CA- circunferência abdominal, OMS- Organização Mundial da Saúde, NCEP- National Cholesterol Education Program, IDF- International Diabetes Federation AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Classificação de obesidade segundo o índice de massa corporal e risco de doença (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Fases de intervenção em obesidade (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento dietético Recomendações • Tratamento dietético com NUTRICIONISTA; • Dieta individualizada, levando em consideração o estado de saúde e as preferências do paciente; • Atenção para o uso de dietas da moda sem fundamentação científica. Equações preditivas para cálculo do valor calórico da dieta • Taxa metabólica basal (TMB) corrigida para o nível de atividade física (AF) = TMB x AF; • AF: sedentário (1-1,4); pouco ativo (1,4-1,6); ativo(1,6-1,9) e muito ativo (1,9-2,5). Calorimetria indireta, se disponível. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento dietético Recomendações • Dieta balanceada (20% a 30% de gorduras, 55% a 60% de carboidratos e 15% a 20% de proteínas), promove um déficit de 500 a 1.000kcal/dia; • Objetivos da dieta balanceada: adequação nutricional, maior variedade de alimentos e maior aderência ao plano alimentar; • Importante perda de peso pequena, mas sustentada. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento farmacológico Critérios para o início do tratamento farmacológico • IMC > 30kg/m2 ou IMC > 25 ou 27kg/m2 na presença de comorbidades; • Falha em perder peso com o tratamento não farmacológico. Medicamentos aprovados no Brasil • Sibutramina; • Orlistate; • Liraglutida 3,0mg. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento cirúrgico Indicações • Idade de 18 a 65 anos; • IMC maior 40kg/m² ou 35kg/m² com uma ou mais comorbidades graves relacionadas com a obesidade; • Resistência aos tratamentos conservadores há pelo menos dois anos (dietoterapia, psicoterapia, tratamento farmacológico e atividade física); • Avaliação específica para indivíduos com mais de 65 anos considerando riscocirúrgico e anestésico, presença de comorbidades, expectativa de vida, benefícios da perda de peso e limitações da idade. (SJOSTROM et al., 2007; Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) Mortalidade Total Acumulada durante um Período de 16 Anos AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento cirúrgico Mista Predominantemente Restritiva • By-pass Gástrico (Gastroplastia com Desvio Intestinal em “Y de Roux”); • Técnica bariátrica mais praticada no Brasil devido a sua segurança eficácia; • Perda de 40% a 45% do peso inicial; • Procedimento misto: grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome; • Repor vitaminas e monitorar os níveis séricos de ferro, cálcio e vitamina D. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento cirúrgico Restritiva • Banda Gástrica Ajustável ou Lap Band • Representa 5% dos procedimentos realizados no país; • Redução de 20% a 30% do peso inicial; • Procedimento: implante abdominal de um dispositivo por via laparoscópica constituído por: porte de insuflação de metal que fica no subcutâneo abdominal, tubo de conexão e banda de silicone ajustável, a qual envolve o estômago proximal e é parcialmente recoberta pela parede gástrica; • Raras complicações nutricionais. (Projeto Diretrizes Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, 2008) Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica Fonte: Wikipédia AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento cirúrgico Restritiva • Gastrectomia Vertical ou Sleeve Gástrico • Procedimento: grampeamento do estômago (retirada vertical da maior parte do corpo gástrico e eliminação total do fundo gástrico) que determina a formação de um tubo (novo estômago); • Capacidade em média de 150 a 200 mL; • Redução de volume, que leva a saciedade precoce e perda de peso por resultar na ressecção do fundo gástrico, que é o principal produtor de grelina*. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica *grelina- hormônio responsável por aumentar o apetite AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento cirúrgico Mista (Disabsortiva) • Duodenal Switch • Procedimento: associação do Sleeve gástrico a uma anastomose duodenoileal para minimizar efeitos colaterais decorrentes da disabsorção acelerada; • Perda de 40% a 50% do peso inicial; • O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao emagrecimento. (Projeto Diretrizes Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, 2008) Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Tratamento não cirúrgico • Balão Intragástrico • Terapia auxiliar para preparo pré-operatório; • Procedimento: implante de prótese de silicone no fundo do estômago por endoscopia, visando diminuir a capacidade gástrica e provocar saciedade; • O balão é preenchido com 500mL do líquido azul de metileno, que, em caso de vazamento ou rompimento, será expelido na cor azul pela urina; • Período médio de seis meses; • Indicado para pacientes com sobrepeso ou no pré-operatório de pacientes com IMC > de 50kg/m2. (Diretriz Brasileira Obesidade, 2016) Fonte: Endogastro Rio AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Nutrição no pós-operatório (Adaptado do Protocolo Waitzberg DL, 2009) A dieta é liberada após 12 a 24 horas de pós-operatório AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Suplementação no pós-operatório (BORDALO et al., 2011) * Deficiência no pré e pós-operatório Prevenção de Deficiência de Micronutrientes Suplementação Isolada* AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Recuperar de 5-10% do excesso de peso reduzido após 24 meses da cirurgia, de forma lenta e sem repercussão clínica, pode ser considerado normal. Caso Clínico • ♂49 anos, operada há 5 anos, 120kg e 1,65m no pré-operatório (excesso de peso 52kg); • 24 meses de pós-operatório reduziu 56kg – 107%; • Atualmente PA 72kg. Recuperou 8kg; • PA : 56 – 8 = 48 Kg 48/52 Kg = perda de 92% do excesso de peso • (o que é um resultado excelente); • Conduta: revisar a dieta com o nutricionista, reforçar a atividade física e manter acompanhamento com a equipe multiprofissional. Reganho de peso www.abeso.org.br AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I • O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar, não existindo nenhuma intervenção em longo prazo que não envolva mudanças de estilo de vida; • A perda de peso, embora importante, não se deve ser o foco do tratamento; • Atividade física e modificação comportamental devem ser incluídas em todo tratamento da obesidade. Considerações finais AULA 9: OBESIDADE Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Diretriz Brasileira Obesidade, 2016. Projeto Diretrizes Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, 2008. BORDALO L. A.; TEIXEIRA, T. F. S.; BRESSAN, J., MOURÃO, D. M. Cirurgia Bariátrica: como e por que suplementar. Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):113-120. FONSECA-ALANIZ M.H.; TAKADA, J.; ALONSO-VALE, M. I. C.; LIMA, F. B. O Tecido Adiposo como Centro Regulador do Metabolismo. Arq. Bras. Endocrinol Metab. 2006; 50(2): 216-229. MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Cap.: 21 (págs.: 532- 562). MARTINS, M. A.; CARRILHO, F. J.; ALVES, V. A. F. et al. Clínica Médica, volume 4: doenças do aparelho digestivo, nutrição e doenças nutricionais. São Paulo: Manole, 2016. Cap.: 8 (págs.: 702- 719). SJOSTROM, L.; NARBRO, K.; SJOSTROM, C. D.; KARASON, K.; LARSSON, B.; WEDEL, H. et al. Effects of Bariatric Surgery on Mortality in Swedish Obese Subjects. N Engl J Med. 2007; 357 (8): 741-52. Bibliografia complementar AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. Assuntos da PRÓXIMA AULA Fases da Deglutição; Disfagia Orofaríngea; Refluxo Gastroesofágico; Esôfago de Barrett.
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