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FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA SEGUNDA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL RENATA DE OLIVEIRA PINTO SILVA - 170120294 BETIM 2017 FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA SEGUNDA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho apresentado como requisito parcial para a atribuição de nota na disciplina de Estágio Supervisionado, do curso de Segunda Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Educacional da Lapa – FAEL. Orientador: Profª Thais Cristina Rodrigues RENATA DE OLIVEIRA PINTO SILVA - 170120294 BETIM 2017 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 04 2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................. 09 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ............. Erro! Indicador não definido.3 2.2 DESCRIÇÃO DA DOCÊNCIA ................................................................................ 13 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 18 REFERÊNCIAS .......................................................................... Erro! Indicador não definido. 4 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho refere-se ao Relatório de Estágio Supervisionado Docência na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, realizado na Escola.Centro de Educação Infantil Portas Abertas. O estágio supervisionado em educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental tem como objetivo, Vivenciar processos de ensino e pesquisa na escola-campo/centro de educação infantil/creches, ou em outros espaços previamente aprovados, para que os alunos desenvolvam condições e convicções favoráveis à continuidade da sua formação. Elaborar, desenvolver e avaliar projetos educativos, a partir do diagnóstico da realidade da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, construindo formas de atuação, com vistas à melhoria da educação de crianças, jovens e adultos. Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes relativas à profissão docente, considerando o contato direto com o campo de estágio e a formação teórica proporcionada pelo curso. Educação Infantil é a fase que envolve crianças de 0 a 6 anos de idade, considerada a primeira etapa da Educação Básica. Seu objetivo é o desenvolvimento integral das crianças, ou seja, não apenas o cognitivo, mas também o físico e o socioemocional.Esta fase está dividida em dois segmentos: creche (crianças de 0 a 3 anos) e pré-escola (crianças de 4 a 5 anos e 11 meses).A primeira infância é um período crucial na vida das crianças, é nesta fase que elas adquirem capacidades fundamentais para o desenvolvimento de habilidades que irão impactar na sua vida adulta, por isso, cuidar da Educação Infantil é cuidar do futuro das nossas crianças. Neste quarto parágrafo apontem brevemente a metodologia utilizada, ou seja, quais métodos utilizaram e o que fizeram, citando as observações participantes em sala de aula e a docência na aplicação dos planos. Deve ser uma síntese. (Ex.: Para a realização deste trabalho foram realizadas observações participantes na escola e em uma das turmas da mesma. Também foram planejados e aplicados 05 planos de aula com temas e conteúdos diversos O texto deste relatório está subdividido da seguinte forma: esta Introdução, que apresenta de forma geral o conteúdo do trabalho; o desenvolvimento que apresenta a caracterização da instituição; a observação frente aos processos de inclusão a observação da turma e a descrição da docência. O trabalho está dividido em capítulos organizados por temáticas diversas. Alguns apresentam subitens, que consideramos de extrema importância para a compreensão das atividades realizadas durante o Estágio Supervisionado. No primeiro momento, destacamos a importância do Estágio para a formação do futuro educador. Na sequência, fazemos a contextualização e a caracterização do Estágio Curricular na Educação Infantil, trazendo alguns dados sobre a Escola, além da explicitação do desejo de realizar as atividades neste espaço e a importância tanto do PPP - Projeto Político-Pedagógico - quanto das avaliações educacionais realizadas hoje no Brasil. Apresentamos também os recursos humanos da Instituição. Apresentadas estas questões, relatamos o momento do desenvolvimento do Estágio Curricular na Educação Infantil, buscando trabalhar, de forma breve, o contexto histórico da criança enquanto ser social e as 5 mudanças ocorridas. A partir disto, com o olhar cuidadoso, passamos ao momento da regência, que vai desde a observação do espaço físico à escolha da turma para realização do Estágio Obrigatório. A próxima temática a ser discutida é a regência, que foi baseada no projeto alfabetizar com o lúdico. Mais à frente, ainda sobre a prática educativa, abrimos espaço para dissertarmos sobre a importância de realizar o planejamento do trabalho docente. Por fim, relatamos as intervenções realizadas em sala de aula, nossos momentos de aprendizagens e reflexões. Para a realização deste relatório, utilizamos como referência bibliográfica a Constituição da República Federativa do Brasil (1988), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), além dos Parâmetros de Qualidade da Educação Infantil (2006). Para fundamentar e articular as discussões, o aporte teórico utilizado foi baseado nas contribuições de autores, tais como Ariès (1978), Craidy e Kaercher (2001), Fernandes e Gremaud (2009), Fontana e Cruz (1997), Libâneo (1986), Lopes e Vieira (2011), Pimenta e Lima (2004/2005), Santomé (1988), Tardif (2002) e Veiga (1995). Estes foram de suma importância para a consolidação dos saberes necessários a ser utilizados na escrita deste relatório. 1.1 A importância do Estágio para a atuação do futuro educador A importância do Estágio Curricular para a formação acadêmica é inquestionável. Destacamos este momento como uma forma mais efetiva de relacionar teoria e prática, articulando os conhecimentos compartilhados na graduação. Em cursos como o de Pedagogia, que ainda é considerado bastante teórico, quando chegamos à prática, muitas vezes temos a sensação de estar perdidos. Quantas vezes ouvimos a seguinte afirmação: na teoria é assim, na prática é outra coisa. Para Pimenta e Lima (2004), O estágio sempre foi identificado como parte prática dos cursos de formação de profissionais em geral, em contraposição à teoria. Não é raro ouvir-se dos alunos que concluem seus cursos se referirem a estes como „teóricos‟, que a profissão se aprende „na prática‟, que certos professores e disciplinas são por demais „teóricas‟. Que „na prática‟ a teoria é outra. (PIMENTA; LIMA, 2004, p.06). Sabemos que não é bem assim. No curso de Pedagogia , pudemos perceber que, embora os primeiros semestres sejam de caráter bastante teórico, algumas disciplinas têm a preocupação de propor atividades para que possamos, em escolas, conhecer a sua realidade por meio de observações e entrevistascom profissionais da área. Acreditamos que estas atividades foram de fundamental importância para nossa formação, pois, a partir delas, passamos a conhecer como se dá a atuação do profissional da educação na prática. Além disso, na medida em que passamos a vivenciar tal realidade, nos deparamos com situações ocorridas no ambiente escolar, o que contribui para a nossa futura atuação profissional. A partir desse momento, começamos a nos questionar: É esta profissão que quero seguir? Será que, ao final do curso, estarei preparada para atuar como professora? O momento do Estágio Supervisionado torna-se importante à 6 medida que nos ajuda a responder, de fato, a tais questionamentos. Podemos afirmar que é um espaço crucial no processo de formação do pedagogo. As atividades desenvolvidas neste processo tornam-se essenciais quando pensamos no desenvolvimento de competências indispensáveis a uma atuação pedagógica responsável. Por meio delas, é possível refletir de que maneira tais atividades contribuem para o aprendizado dos alunos envolvidos e para nossa formação continuada. Analisar a nossa atuação no papel de professores, promovendo a contextualização dos temas trabalhados na busca da formação do pensamento crítico e reflexivo dos alunos, almejando sempre uma formação cidadã e para a equidade social, é fator determinante nesse momento. O Estágio Supervisionado torna-se o eixo central na formação acadêmica do futuro professor, pois é por meio deste que o educando tem acesso aos conhecimentos indispensáveis para a construção da identidade e dos saberes do cotidiano (PIMENTA; LIMA, 2004). Embora o momento da práxis seja aguardado por todos os estudantes dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas com muita ansiedade, algumas questões precisam ser problematizadas quando refletimos sobre este processo formativo: Como trabalhar os conceitos, se, quando vamos para a prática, principalmente na rede pública de ensino, existem barreiras que, muitas vezes, não permitem que a atividade seja realizada com eficiência? Como promover propostas motivadoras para a turma que iremos atuar? Será que o professor responsável pela turma oportunizará momentos, em sua aula, para a realização das atividades propostas pelos estagiários? Essas e outras questões e problemáticas serão abordadas neste trabalho. Durante o Estágio Supervisionado, a observação é o primeiro passo deste momento de formação, tornando-o essencial para o sucesso das atividades a serem desenvolvidas. Permite conhecer o contexto da sala de aula e as práticas educativas utilizadas pelo professor titular. Verificar o dia a dia dos alunos ajuda a entender o que mais lhes interessa e, assim, abre caminhos para percebermos de que maneira vamos abordar os temas e trabalhá-los dentro e fora da sala de aula. Ou seja, dá-nos as condições concretas da escola e da turma escolhida. Para isso, o professor deve conhecer bem seus alunos e perceber em qual contexto está inserido, se aquilo que o aluno estuda é interessante para a vida dele ou se não está muito distante de seu cotidiano. A observação realizada com o objetivo de criar estratégias e organizar a ação docente está em conformidade com uma proposta de planejamento crítico, reflexivo e comprometido com o processo de ensino-aprendizagem, pois favorece a seleção consciente e diversificada de conteúdos, metodologias e avaliação. A segunda etapa é a identificação do nível de aprendizagem em que os educandos se encontram. Com estes dados em mãos, é possível trabalhar temas desafiadores e desenvolver atividades mais significativas, tanto para os alunos quanto para nós, em processo de formação. Destacamos outro momento importante neste momento: o de conhecer a realidade e a comunidade escolar a ser trabalhada, e também o de respeitar as opiniões e as “dicas” do professor titular. Somente assim o estagiário poderá desenvolver uma prática criativa e transformadora pela inserção de teorias que sustentam o trabalho do professor. 7 Quando chegamos à prática, realmente percebemos um cenário diferente, muitas vezes já idealizado por nós, mas nunca com o real tamanho da complexidade do sistema público de ensino. Em determinadas situações, é bastante desafiante relacionarmos as teorias aprendidas na Academia com a prática docente em sala de aula. Principalmente quando lidamos com a distorção série/idade, algo tão comum nas instituições brasileiras e da nossa cidade. A este respeito, cabe refletirmos: Como trabalhar alfabetização com crianças que se encontram em uma mesma sala de aula, com níveis distintos de aprendizagem? Será que vamos conseguir atingir a todos os alunos? Essa é uma problemática que permeia as instituições públicas e que vamos identificar, de forma mais efetiva, quando estivermos atuando como professores. Só podemos planejar uma atividade para determinada situação se nos oferecerem a oportunidade de vivenciá- las. A atividade docente é bastante complexa e não se restringe somente aos muros da escola e à formação inicial. Estamos no momento de constante mudança e o profissional da educação precisa se preparar para atuar nesse contexto. O professor deve ter em mente que uma formação continuada é algo necessário em sua vida profissional, já que, quando falamos em educação, não é possível pensarmos em propostas fixas, cristalizadas e em um círculo fechado, sem espaço para a mudança. É esta formação que valoriza o professor como sujeito de transformações que precisam se processar continuamente na escola e na sociedade. Consoante aponta o Plano Nacional de Educação (2001), A formação continuada do magistério é parte essencial da estratégia de melhoria permanente da qualidade da educação, e visará à abertura de novos horizontes na atuação profissional. A formação continuada assume particular importância, em decorrência do avanço científico e tecnológico e de exigência de um ní vel de conhecimentos sempre mais amplos e profundos na sociedade moderna. A formação continuada torna-se imprescindível à medida que possibilita ao professor a constituição dos seus saberes, num processo contínuo. Promove a ampliação do seu conhecimento, implicando diretamente o crescimento pessoal e profissional para atuar, de maneira adequada, no contexto escolar. Logo, reconhecemos, assim como Geraldi (2010), que o curso de formação docente nos forma, mas não nos torna professores. Para tal empreitada, faz-se necessária uma formação continuada que articule os saberes vivenciados na prática com os conhecimentos e desafios diários que se apresentam na sociedade e para a educação. Segundo Pimenta e Lima (2005), os currículos dos cursos de formação de professores têm se constituído em um aglomerado de disciplinas, que, muitas vezes, não são utilizados no campo da atuação profissional. Esta lacuna entre a teoria e prática nos deixa, em determinados momentos, com dificuldades de planejar situações de aprendizagens que, de fato, sejam executáveis no contexto das escolas públicas e tragam contribuições para o processo de ensino-aprendizagem. Porém, esta situação pode ser amenizada quando realizamos o contato in loco 8 com a realidade do contexto sociocultural do aluno, alicerçado pelas teorias que estudamos e compartilhamos no interior das disciplinas e, principalmente, quando tornamos este momento objeto de reflexão. Diante deste contexto de reflexão, podemos propor atividades para contribuir com uma educação de qualidade. Torna-se importante, durante o processo de formação,que os estudantes vivenciem práticas interdisciplinares desde a universidade, pois somente assim poderão ter condições e coragem de transformar o ato pedagógico num ato de conhecimento da vida. Ao chegar à sala de aula, o professor deve ter propriedade do conhecimento científico e todo o seu processo de organização e didática a ser utilizada e, além disso, deve construir com seus alunos o alicerce do conhecimento, fazendo com que os educandos possam expressar seus sentimentos, desejos e saberes. Neste sentido, muitas instituições de ensino estão assumindo um caráter interdisciplinar no que diz respeito aos cursos de Pedagogia, pois acreditam que as questões sociais e os problemas do cotidiano devem ser contemplados no trabalho curricular nas salas de aulas e escolas. Por isto, é de extrema importância que os alunos do curso de formação de professores tenham o contato com a realidade da sala de aula, sempre tentando propor o intercâmbio de ideias entre o que se diz e o que se faz, ou seja, entre a teoria e a prática. Os professores em processo de formação precisam estar disponíveis e envolvidos para trabalhar em sala de aula com uma proposta de ensino que faça uso da interdisciplinaridade, pois é a partir dela que é possível trabalhar do contexto geral ao particular e articular as disciplinas umas às outras. Como diz Libâneo, “o importante não é a transmissão do conhecimento específico, mas despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida” (LIBÂNEO, 1986, p.13). A prática educacional está muito além de compartilhar conhecimentos, ou seja, não deve permear apenas a transmissão sistematizada do saber, mas oferecer condições reais para que os alunos possam enfrentar os problemas e as questões postas pela sociedade. Segundo adverte Santomé (1988, p. 73), O ensino baseado na interdisciplinaridade tem um grande poder estruturador, pois os conceitos, contextos teóricos, procedimentos, etc., enfrentados pelos alunos encontram-se organizados em torno de unidade mais globais, de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas. É notório que, quando a escola trabalha com uma prática embasada pela interdisciplinaridade, os alunos têm mais facilidade de ultrapassar os limites da disciplina concreta, enfrentando desafios, analisando e solucionando problemas novos, tendo em vista que existe uma motivação para aprender que vai além dos conhecimentos apresentados nas disciplinas. 9 2 DESENVOLVIMENTO Interessamo-nos em realizar o estágio nesta escola, pois é considerada uma das melhores da região. Por morar próximo da escola, já conhecia o trabalho que é desenvolvido na comunidade escolar que têm como proposta o desenvolvimento de uma educação que respeita a diversidade cultural promovendo o enriquecimento permanente do universo de conhecimentos. Durante toda a nossa vivência na instituição ficou claro que a equipe escolar se preocupa, de fato, com a qualidade da educação que oferecem. Este foi um dos pontos mais importantes para a realização do nosso trabalho, pois é uma preocupação que está registrada no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, como também é algo que vai de encontro com as necessidades que existem hoje na educação. Devido às mudanças ocorridas na última década do século XX, algumas questões relativas à educação, ganharam uma ênfase maior no que diz respeito ao acesso irrestrito e a permanência com qualidade das crianças nas escolas. Deixou-se de pensar em uma estrutura hierarquizada de administração, partindo para a descentralização de responsabilidades e tarefas, de modo que as instituições e seus envolvidos passassem a ser avaliados. Nesta perspectiva é de extrema importância mensurar o desempenho e exercer a prestação de contas à sociedade das políticas e programas implantados. As avaliações educacionais realizadas hoje em nosso país estão diretamente relacionadas ao desempenho destas e o seu real funcionamento dentro da educação. Com o intuito de aumentar o conteúdo informacional da avaliação e suas consequências sobre as escolas, foi implementado, a partir de 2005, a Prova Brasil, que permite agregar à perspectiva diagnóstica a noção de responsabilização (FERNANDES; GREMAUD, 2009). Hoje a realização desta prova nas escolas é considerada pelos educadores um mecanismo de extrema importância, pois é através dos resultados obtidos na Prova Brasil, que podem analisar a qualidade da educação em cada instituição, como também se sua prática está coerente. Acredito que esta prova, não traga uma real situação da educação brasileira, tendo em vista que na correção destas avaliações, não é considerado o contexto como um todo, além de apresentar um peso maior do aspecto quantitativo sobre o qualitativo. Penso que o professor não pode depender exclusivamente deste tipo de instrumento para avaliar seus alunos, tendo em vista que a avaliação deva acontecer de forma contínua, observando todos os aspectos do educando e seu tempo de aprendizagem. Ao chegar à escola todos nos receberam muito bem, desde a diretoria, ao pessoal do suporte pedagógico e os professores. Isso contribuiu bastante para o fácil acesso aos documentos da escola, como o PPP e as pessoas que fazem parte da gestão escolar, o que foi de extrema importância para realização das atividades na escola, já que poderíamos nortear nossas atividades baseadas no projeto da escola. Considero que o PPP foi muito bem elaborado, pois toma por base as necessidades encontradas na realidade da instituição e dos educandos, atrelados aos documentos oficiais nacionais direcionados a Educação Infantil e as teorias abordadas nas diferentes disciplinas do curso de pedagogia. Um dos documentos importantes para a realização do projeto foi o Parâmetro de Qualidade da Educação Infantil proposto pelo Ministério da Educação. Em síntese, para propor parâmetros de qualidade para a Educação infantil, é imprescindível levar em conta que as crianças desde que nascem são: cidadãos de direitos; 10 indivíduos únicos, singulares; seres sociais e históricos; seres competentes, produtores de cultura; indivíduos humanos, parte da natureza animal, vegetal e mineral. (BRASIL, 2006, p.18) É com base nestes princípios e fundamentos primordiais para a qualidade da educação infantil que a instituição escolhida trabalha. A instituição possui uma estrutura física bem conservada, como podemos perceber nas fotos abaixo. Em suas dependências encontramos: 20 salas de aula, sendo quatro delas com 2 banheiros (destinadas a educação infantil); 1 cozinha; 1 laboratório de informática com 19 computadores, mas sem uso (por falta de instalações elétricas); 1 quadra de esportes; 1 biblioteca; 1 diretoria; 1 secretaria; 1 almoxarifado; 1 sala multifuncional; 1 sala dos professores e 13 banheiros divididos da seguinte forma: 6 para os alunos e 3 administrativos. A escola, também, possui o Conselho Escolar que é constituído por representantes de pais, estudantes, professores, demais funcionários, membros da comunidade local e o diretor da escola. Segundo a diretora todos participam das decisões da gestão administrativa, pedagógica e financeira da escola, contribuindo com a melhoria da qualidade do ensino, como também das funções deliberativas, consultivas, fiscais, mobilizadoras e pedagógicas. O Projeto Político Pedagógico da escola explícita a importância da participação de todospara construir uma escola com educação de qualidade. A instituição apresenta uma gestão democrática que possibilita uma interação entre família, docentes e discentes. Juntos unem forças para propor um ambiente de formação, seja na escola, em casa ou na comunidade. Segundo Veiga (1995), é necessário decidir, coletivamente, o que se quer reforçar dentro da escola e como detalhar as finalidades para se atingir a almejada cidadania. Para que isto aconteça à educação infantil deve estar fundamentada na função indissociável do cuidar e educar, como também atender os direitos e necessidades próprias das crianças no que se refere à saúde, alimentação, higiene, proteção e acesso ao conhecimento sistematizado. Na Educação Infantil o Cuidar e Educar estão entrelaçados. O desenvolvimento, a construção dos saberes, a constituição do ser não ocorre em momentos estanques e de maneira compartimentada, tudo isto acontece de forma conjunta. É necessário, portanto, ter uma visão integrada do desenvolvimento da criança. O cuidado preciso considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças, levando em conta diferentes realidades socioculturais. (BRASIL, 1998, p. 25). Na educação infantil o cuidar está inserido na educação e precisa estar acompanhado do verbo educar. O tempo de aprendizagem nesta etapa acontece de 11 maneira diferenciada, por isso é importante estar atento a esta questão. É necessária a articulação de vários campos do conhecimento e cooperação de profissionais de diferentes áreas de atuação, Fonoaudiólogos, Psicólogos, entre outros. O educar na educação Infantil deve propiciar as crianças situações real de aprendizagem baseadas nas concepções de desenvolvimento que consideram os educandos nos seus contextos sociais, ambientais, culturais. A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação (BRASIL, 1998, p. 23). As situações de aprendizagem devem ocorrer de forma integrada, contribuindo de fato para o seu desenvolvimento e basear-se em atividades intencionais integradas e que permeiem as relações interpessoais, propiciando o conhecimento a partir do contexto social. Na idade medieval, a criança era vista como um adulto em miniatura, e desde muito cedo enviadas para o trabalho, muitas não tinham nem condições de brincar, e logo que entravam na infância, não precisavam mais de cuidados básicos, pois eram obrigadas a realizarem atividades de adulto. Isso pode ser verificado nos desenhos e pinturas da época que enfatizavam essas concepções e não respeitavam as devidas proporções entre criança e um adulto, muito menos os fatores intrínsecos eram respeitados (como os hormonais), principalmente, a maneira como as crianças viam o mundo, desta forma observamos também que as crianças se vestiam e tinham comportamentos de adultos (Figura 03). Neste período, eram poucas as crianças que iam à escola. A educação acontecia nas paróquias ou mosteiros. O momento da brincadeira era visto como fútil com uma única utilidade, a distração. Mulheres e crianças eram consideradas seres inferiores que não mereciam nenhum tipo de tratamento diferenciado, sendo inclusive a duração da infância reduzida. De acordo com Ariès (1978), por volta do século XII era provável que não houvesse lugar para a infância, uma vez que a arte medieval a desconhecia. Os estágios da infância eram desconsiderados, sua socialização não era controlada pela família e a educação era garantida pela aprendizagem de tarefas realizadas juntamente com os adultos. Por volta do século XVII, consolidaram os primeiros conceitos de que a infância era uma etapa da vida que necessitava de cuidados próprios. Desde então a infância passou a ser analisada de outra forma. Essa concepção teve como principal representante o pensador Jean Jacques Rousseau, considerado o “pai da pedagogia contemporânea”. Além disso, Rousseau também criou inúmeros brinquedos educativos. A princípio estes brinquedos eram para estudar crianças com deficiência mental, mas, depois foram utilizados para o ensino das crianças ditas “normais”. Por isso, ele tem até hoje grande importância para a pedagogia. Recentemente, depois da década de 70, as escolas brasileiras começaram a trabalhar com materiais lúdicos, brinquedos pedagógicos e materiais didáticos. Algumas escolas já deixaram de lado a metodologia de repetição na pré-escola. Porém não são todas as escolas que trabalham com as brincadeiras para desenvolver o cognitivo das crianças. Segundo Fontana (1997), nos últimos anos, a psicologia, tem 12 mostrado que a brincadeira tem um papel importante no desenvolvimento da criança e que ela satisfaz algumas de suas necessidades. Figura 03 - Crianças Trabalhando e Crianças brincando no século XVII Fonte: http://nanamada.blogspot.com/ No Brasil, as leis recentes para Educação Infantil são reflexos da nossa atual Constituição que foi promulgada em 1988. A partir dela as crianças no Brasil passaram a serem consideradas, de fato, sujeitos de direito. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão (BRASIL, 1988). Oito anos após a Constituição de 1988, tivemos a Lei de Diretrizes de Bases em 1996 que também estabeleceu novas diretrizes para Educação Infantil. A inserção da educação infantil na educação básica, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores” forneceu a esta etapa de ensino mais ênfase e importância. Estabelecida como primeira etapa da educação, a LDB apresenta em seu Art. 29 que “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Logo, esta etapa passa a ser o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade. Segundo Craidy e Kaercher (2001), nem os pais, nem as instituições de atendimento, nem qualquer setor da sociedade ou do governo poderão fazer com as crianças o que bem entenderem ou o que considerarem válido. Todos são obrigados a respeitar os direitos definidos pela Constituição eLDB. Quando cursamos a disciplina de Educação Infantil, percebemos na teoria como de fato deve ser a postura de um professor lotado nesta etapa de ensino. Sua prática deve ser organizada de modo que as crianças possam desenvolver com confiança sua capacidade e percepção das limitações. Conhecer seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo hábitos de higiene pessoal. Ampliar suas relações sociais por meio de vínculos com outras crianças e adultos. Saber 13 utilizar diferentes linguagens, entender as diversidades e expressar suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades. Durante os momentos em sala de aula pude perceber que os estudos realizados nesta disciplina foram primordiais para a realização do planejamento e das aulas no período da regência. Acredito na importância da realização da atividade de estágio para nossa formação, pois é o ponto de partida para vivenciar, na prática, as experiências da sala de aula e como parte integrante de uma comunidade escolar. Além de poder analisar a prática à luz da teoria estudada na academia e pensar nossa futura atuação enquanto professores. 2.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DA TURMA O primeiro encontro para desenvolver as atividades do plano de ação foi no dia 16 de novembro de 2017. Este foi o momento apenas de observar o cotidiano em sala de aula e fazer as anotações que considerássemos importantes. A professora foi bastante atenciosa, mas deixou claro no primeiro encontro que sua intenção era estar no ensino fundamental, mas que por falta de escolha teve que assumir a turma de educação infantil. Apresentei-me as crianças e percebi que estavam um pouco tímidas, mas com o decorrer do dia foram se familiarizando. O processo de familiarização da professora com os alunos durou duas semanas. A docente buscou conhecer as crianças, onde moravam, quantos anos tinham o que gostavam de fazer, entre outros. Em seguida iniciou uma atividade de sondagem para perceber o nível de desenvolvimento das crianças, pelo menos foi o que percebemos, mas só tivemos uma resposta concreta nas próximas visitas. Estes momentos foram importantes para que pudéssemos analisar e planejar as aulas e projetos para turma. Além disso, verificamos a real necessidade dos alunos do nível IV da educação infantil que foi a turma escolhida por nós para fazermos nosso primeiro estágio curricular obrigatório na educação infantil. Lembramos que essas crianças tinham entre 5 e 6 anos de idade. Escolhemos esta turma para fazer as observações e regência, pois já havíamos cursado a disciplina de Alfabetização e Letramento I Consideramos que esta turma seria ideal para colocar em prática o que já havíamos aprendido em tal disciplina. De fato, a escolha foi bastante certa, no sentido que as atividades propostas desenvolvidas tiveram uma repercussão bastante significativa para o aprendizado dos alunos, baseada nesta perspectiva, começamos a articulação para nossa próxima etapa que seria a regência. 2.2 DESCRIÇÃO DA DOCÊNCIA Nos dias de observação percebemos que a professora em sua prática trabalhava com as famílias das letras. Isso pode ser demonstrado na fala da docente: - “hoje vamos trabalhar a família do B - ba, be, bi, bo, bu”. Minha intenção neste trabalho não é criticar ou desfazer da metodologia adotada pela docente, porém considero ser mais significativo trabalhar com as letras dentro de um contexto mais amplo e fazendo relação 14 com aquilo que a criança vivencia, trazendo significado para o alfabetizando. Para isso, o professor tem que fazer uma investigação inicial sobre os conhecimentos prévios dos seus alunos. Desta forma, as atividades pedagógicas devem ser focadas no desenvolvimento das capacidades fundamentais às práticas da linguagem oral e escrita. No contexto da sala de aula, as crianças precisam ouvir e falar, ler e escrever os mais variados textos. A prática pedagógica organizada em torno do uso da língua e sua reflexão deve visar não só ao processo de alfabetização em si mesmo, mas também à possibilidade de inserção e participação ativa dos alunos na cultura escrita, nas práticas sociais que envolvem a escrita, na produção e compreensão de diferentes gêneros textuais. (LOPES E VIEIRA, 2011, p. 10). Esta perspectiva estabelece um novo caminho a ser seguido pelas escolas, o de rever as práticas pedagógicas para o ensino das séries iniciais, trazendo um desafio maior aos profissionais de educação. É neste sentido que a relevância da prática pedagógica se torna preponderante, pois busca alfabetizar mantendo um equilíbrio entre o trabalho de aquisição do código, articulado ao domínio da leitura e escrita, contextualizando com os temas trabalhados em sala de aula a partir de discussões e necessidades atuais, além de propor aos alunos situações reais de alfabetização e letramento. Sabemos que isso não é tarefa fácil, já que no Brasil a teoria do conhecimento empirista dominou tudo que se fez em alfabetização até a década de 70, onde considerava que o aprendizado da leitura e da escrita se dava por meio de um processo de associação entre grafema e fonema, onde a criança evoluiria por receber e fixar informações transmitidas pelos adultos. Infelizmente, mesmo depois de passado tantos anos, podemos observar fortemente na pratica pedagógica da professora titular da turma que estagiamos, o enraizamento desta teoria nos dias atuais. Talvez em sua formação a disciplina de alfabetização não tenha problematizado estas questões. Mas, embora compreendamos a dificuldade, acreditamos na possibilidade de mudança, pois “o saber dos professores não provém de uma fonte única, mas de várias fontes e de diferentes momentos da história de vida e da carreira profissional” o que possibilita a compreensão desse conceito. (TARDIF, P.18, 2004) Nossa primeira atividade foi planejada diante da dificuldade dos alunos escrevem seu próprio nome. Fazer os crachás e o mural para colocar o nome deles foi o ponto de partida para conhecermos melhor o nível em que as crianças se encontravam, sempre pensando em trabalhar de forma lúdica e considerando os interesses e necessidades deles. Por isso, tivemos um momento de investigação de interesses das crianças. Daí então, começamos nosso trabalho de regência. Segundo Lopes apud Leal (2011), a brincadeira é um poderoso instrumento que pode auxiliar nas práticas de alfabetização e letramento. Diante desse pressuposto buscamos alicerçar todo nosso projeto com base lúdica. Desse modo, confirma que o brincar com a língua faz parte das atividades sociais que a criança realiza quando canta cantigas de roda, recita m poemas, quadrinhas e adivinhações, quando lê contos de fadas, faz palavras cruzadas ou brinca de adedonha. Essas atividades lúdicas que envolvem a formação de palavras permitem à criança o entendimento do sistema de escrita alfabética, ao mesmo tempo, que se constituem em momentos prazerosos de utilização da leitura, escrita e oralidade nas práticas sociais (Lopes apud Leal, p13, 2011). 15 Foi nesta perspectiva que buscamos desenvolver as atividades em sala de aula na prática de estágio tendo em vista que articular os jogos e as brincadeiras aos conteúdos escolares propicia às crianças o conhecimento sobre o uso social da leitura e da escrita. Essa forma lúdica de se trabalhar é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, pois, adquirem diversas experiências, interagem com outras pessoas,organizam seu pensamento, tomam decisões e criam maneiras diversificadas de jogar, brincar e produzir conhecimentos. Ressaltamos ainda que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no jogar e no brincar contribuíram de forma significativa nos processos de apropriação do conhecimento, além de desenvolver as habilidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais. Para Vygotsky, “O lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.” (Vygotsky, 1998). A falta da intencionalidade e situações reais de alfabetização, nas brincadeiras realizadas na sala de aula nos motivou a desenvolver nosso planejamento nessa perspectiva. Preencher esta lacuna foi um dos maiores desafios enfrentados por nós, já que passaríamos dar uma importância maior ao lúdico, trabalhando de maneira intencional, para que as atividades realizadas fizessem sentido para nós e para as crianças. Acredito que escolhemos o caminho certo, pois era notória a felicidade das crianças ao estarem conosco e realizando as atividades, além de terem conseguido grandes avanços no processo de alfabetização. Quando chegamos à sala as 07h da manhã, esperamos as crianças chegarem até as 07h15min. Inicialmente a professora titular faz a contagem dos alunos para poder saber quantos alunos vieram para informar ao pessoal da merenda. Nesse momento não interferimos. Após esse primeiro contato, a professora informou para as crianças que seriam nós que conduziríamos a aula naquele dia. Como planejado, fizemos uma roda da conversa, que não era um procedimento adotado pela professora, pelo menos nas segundas, pois nunca tínhamos presenciado. Convidamos os alunos para sentarem no chão formando um círculo, iniciamos as perguntas: Como foi seu final de semana? Brincaram de quê? O que comeram? Enfim, tentávamos trabalhar a oralidade com eles, enquanto aproximávamos do contexto social daqueles alunos. Logo após a roda da conversa, fomos trabalhar os crachás que fizemos para eles e buscamos fazê-lo de forma lúdica para que não fosse algo cansativo. Espalhamos os crachás no chão e oferecemos a oportunidade dos alunos procurarem seus próprios crachás e o dos colegas. Dessa forma podemos perceber quais as crianças precisavam de uma atenção maior nas atividades de alfabetização diante das dificuldades encontradas durante a brincadeira, além de trabalhar a socialização entre eles. O sentimento de angústia e tristeza se fizeram presentes dentro de mim, pois era notório que muitas crianças não sabiam nem a letra que começava seu próprio nome. Diante disto, todo o processo de planejar, executar e avaliar foi extremamente importante para o nosso aprendizado. Nesse momento aprendíamos mais do que ensinávamos. Como as crianças têm muita resistência a escrever no caderno, pensamos então em colocá-los para escrever no quadro. Como em uma brincadeira, todos adoraram a ideia e desta forma, escreveram o seu nome e dos seus colegas. A partir desse principio de que o brincar é uma prática cultural de construção de conhecimentos na infância, defendemos que as práticas de alfabetizaçã o na perspectiva do letramento levem em conta que a brincadeira é uma prática cultural e histórica, dotada de múltiplas significações, que permite à criança a assimilação de conhecimento sobre a língua, suas formas de organização e seus usos sociais (LOPES, p13, 2011). Segundo Lopes (2011), atividades com os nomes próprios são referências estáveis de escrita e têm valor afetivo, de identidade. Sua exploração em sala, tanto na leitura, como na escrita, proporciona aprendizagem de diversos aspectos da escrita (gráficos e conceitos) que são altamente relevantes no início da alfabetização. Na volta do intervalo era a hora do vídeo, assim é a rotina da professora titular nas segundas-feiras. Pensávamos em outra proposta, mas a professora não abriu mão do vídeo, mas nos deixou escolher o que passaríamos nos dias das nossas regências. A partir deste momento poderíamos explorar vídeos intencionais, que de fato estivesse inserido em uma proposta real de alfabetização, já que antes, pelo que percebemos no período da observação, este era apenas para passar o tempo e acalmar as crianças na volta do recreio. Além disso, as atividades propostas após o vídeo nem sempre tinham relação com o mesmo. Neste sentido levamos um vídeo curto, que tinha uma “musiquinha” animada com frutas dançarinas que diziam seus nomes e sua função na alimentação das crianças. Eles adoraram e prestaram bastante atenção. Assim poderíamos utilizar com utilidade a volta do recreio. Propomos atividades por meio da produção de listas com o nome das frutas, desta forma trabalhamos a leitura e a escrita com eles. Para a realização desta atividade buscamos também, por meio da oralidade, enfatizar a importância da alimentação saudável para o desenvolvimento do ser humano. É chegada a hora da sistematização dos temas trabalhados. Neste momento trabalhamos a atividade de leitura e escrita, sempre fazendo a relação das letras encontradas no nome das frutas com seus próprios nomes.. Assim percebemos que as crianças gostavam muito de escrever no quadro e tinham uma participação mais efetiva nestas atividades. Este momento foi bastante significativo, pois as crianças apresentavam um interesse maior e com isso pudemos perceber que não é só com lápis e papel que se aprende a ler e escrever. O professor precisa estar atento ao que realmente é de interesse dos alunos, somente desta maneira poderá desenvolver atividades motivadoras e diferenciadas, trazendo outras propostas que ultrapassam um ensino tradicional. Como de costume iniciamos a aula com a roda de conversa. Em seguida realizamos as atividades que estavam inseridas dentro do nosso projeto que era alfabetizar de forma lúdica. Levamos para sala de aula um jogo com as letras, algo que eles pudessem interagir brincando e ao mesmo tempo para fazer relação com as letras do alfabeto e dos seus nomes. Foi idealizado então o Bingo do Alfabeto. Para o desenvolvimento desta atividade buscamos trabalhar as letras de forma diferenciadas e não isoladas, uma vez que, levamos para sala de aula figuras que faziam parte do cotidiano dos alunos e solicitamos que nos falassem o que era aquela figura e que letra começava e terminava a palavra. Com esta proposta foi possível trabalhar as relações entre eles, além da atividade de leitura e escrita. Segundo Lopes (2011), a exploração específica da forma e nome das letras, se configuram como jogos e podem ser montadas e desenvolvidas, como bingos com letras e nomes para identificação e memorização das letras, seus nomes e valores sonoros, dados, entre outros. O desenvolvimento desta atividade trouxe a oportunidade de vivenciar de forma diferenciada o ensinar e o aprender. Neste momento pudemos perceber que a brincadeira em sala de aula é bastante instigante e motivadora para todos os envolvidos. Os alunos interagem, se expressam, testam seu conhecimento de mundo. Para nós fica a importância destas atividades para o desenvolvimento dos alunos. Quando voltamos do intervalo as crianças realizaram uma atividade de caça palavras. De início seria uma atividade para casa, porém a professora nos informou que seria muito complexapara que eles fizessem sozinhos, segundo ela exigia muito das crianças e alguns pais poderiam não conseguir ajudá-los. Então trabalhamos a atividade em sala de aula, antes do vídeo. Este momento foi de fundamental importância para nós, pois remeteu-nos as aulas de didática quando a professora enfatizava a discussão trazida por vários autores de que Não existe planejamento rígido! Todos nós discutimos durante o curso de pedagogia a ideia de que o planejamento flexível permeia as ações pedagógicas desenvolvidas no contexto escolar, por isto devemos estar atentos a esta tal flexibilidade. Precisamos distinguir a flexibilidade de frouxidão: é certo que o projeto não pode se tornar uma camisa de força, obrigando o professor a realizá-lo mesmo que as circunstâncias tenham mudado radicalmente, mas isto também não pode significar que por qualquer coisa o professor estará desprezando o que foi planejado. (VASCONCELLOS, 2000, P.159) Como diz Vasconcelos não podemos ter o planejamento como uma camisa de força. Precisamos ter consciência de assumi-lo como um dispositivo norteador das atividades. Não podemos deixar de lado, por completo, o que foi planejado sem procurar uma explicação para o ocorrido. É necessária uma reflexão por parte do professor quando a atividade que foi prevista não foi concretizada. Acima de tudo o comprometimento deve ser assumido, pelo professor, no intuito de prever as possíveis mudanças no decorrer do caminho. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A universalização do ensino, as transformações sociais e o aumento dos anos da escolarização fizeram crescer a expectativa de outras exigências em relação aos professores e a escola, temos um papel fundamental neste processo por isso devemos trabalhar em conjunto para atender as necessidades deste novo modelo de ensinar, adquirindo assim mais autonomia e controle. O presente trabalho trouxe uma análise sobre o estágio obrigatório na Educação Infantil. Pensar e elaborar o projeto e os planos de aula como uma professora titular tendo como suporte os referenciais teóricos já estudados e as disciplinas, já cursadas, como a disciplina de Didática e Alfabetização e Letramento e tantas outras foi primordial para o sucesso do nosso estágio obrigatório e para execução das atividades propostas em sala de aula. Experiências como essas são extremamente importantes para construção do conhecimento do pedagogo, sem esses momentos não podemos colocar em prática toda a bagagem intelectual aprendida. Foi possível articular diversos saberes, conhecimentos e experiências. Nosso estágio foi bastante rico de aprendizagem, pois nos possibilitou fazer articulações com a teoria estudada. Acredito que a atividade de estágio nos trouxe a aproximação de relacionar a teoria com a prática estudada, revelou-se também como oportunidade para responder vários questionamentos indagados por nós durante o curso. As dúvidas ficaram para trás, já que a vivência nos proporcionou uma satisfação ímpar, a de dever cumprido. O planejamento pensado por nós, para a realização do estágio foi concretizado, mas isso só foi conseguido, pois tivemos uma base sólida quanto às disciplinas estudadas e a orientação que nos foi dada, como também total liberdade para planejar as aulas e desenvolver as atividades na sala de aula. O estágio curricular obrigatório veio para mim como mais um desafio entre tantos outros do curso de Pedagogia, acredito que este tenha sido o mais difícil, mas também o mais prazeroso e real. Digo real, pois é neste momento que colocamos em prática boa parte do que aprendemos. O processo vivido nesse percurso me fez compreender a importância deste momento para a formação docente. Já que são hora de resinificar os saberes, refletir sobre a nossa conduta e construir a nossa identidade enquanto pedagogos. Ser professor é uma satisfação muito grande. Sentir o carinho das crianças e perceber a evolução no processo de aprendizagem é um momento de muita felicidade, principalmente quando percebemos a nossa importância para a construção da identidade e da cidadania dos educandos. Quanto aos educandos, ficou claro o prazer e comprometimento deles quanto à participação nas atividades. Muitos diziam: - Tia, adoramos a segunda- feira! Nem era preciso perguntar o motivo, pois o brilho nos olhos e o entusiasmo com as brincadeiras deixava claro, que além da nossa presença, as atividades realizadas nestes dias eram diferenciadas. Acredito que as dinâmicas realizadas por nós contribuíram para melhorar as relações interpessoais, o respeito às diversidades, apropriar-se dos diversos tipos de linguagem e estabelecer relações entre os assuntos abordados e o contexto em que vivem. Penso que quando há comprometimento do profissional, planejamento das aulas e metas a ser alcançada, a atividade de estágio passa a ser um prazer e não apenas mais uma disciplina a ser estudada. Posso dizer, ao final deste processo, que esta é uma das disciplinas primordiais para o processo de formação do pedagogo. 3.1 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Ana Rita Silva. O que é afetividade? Reflexões para um conceito. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br. Acessado em: 28.11.2015. ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução: D. 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