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2_ Estudo Dirigido


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1. A sucessão ecológica é um processo pelo qual todo e qualquer ecossistema passa. Diferentes teorias buscam explicar como ocorre esse processo, mas dentre estas a mais utilizada é a de Connell & Slatyer (1977), que fala que durante a sucessão podem ocorrer três diferentes mecanismos: facilitação, inibição e tolerância. Explique esses mecanismos, dando exemplos diferentes daqueles apresentados em sala de aula.
R:
A facilitação é a seqüencia de desenvolvimento no qual cada estágio “pavimenta” o caminho para a seguinte, ou seja, facilitando a entrada do outro estágio. É o caso da Cecropia pachystachya (embaúba), que possui um desenvolvimento rápido, e quando adultas as aves usam seus galhos de poleiros e ali depositam sementes, dispersão zoocórica, facilitando a colonização ao entorno da árvore em um processo denominado nucleação.
A inibição ocorre quando uma espécie inibe a outra, de forma que a outra espécie só aparece quando ocorre a morte da primeira. Por exemplo, os efeitos alelopáticos de crotalária (Crotalaria juncea L.) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformes DC.) no desenvolvimento do picão-preto (Bidens pilosa), reduzindo a germinação e o desenvolvimento inicial de picão-preto.
A tolerância é o mecanismo pelo qual uma espécie pode invadir um novo habitat e se estabelecer, independentemente da presença e ausência de outras espécies. É o caso relatado por Charles Darwin já na metade do século XIX onde registrou a densa ocupação dos pampas na Argentina e no Chile por Cynara cardunculus (cardo), planta arbustiva espinhenta originária do Marrocos.
2. Apesar de classificarmos as espécies de forma binária, como por exemplo, em espécies de estágios finais e iniciais de sucessão, na prática não podemos afirmar que isso aconteça. Explique o porque.
R:
Porque não pode afirmar realmente qual seria o estagio final de um ambiente, sendo que a espécie classificada como final ou inicial pode ainda ser apenas uma intermediária no estágio de sucessão. Portanto, devido à dinâmica no ambiente pode-se ter ao mesmo tempo em um local, espécies com características de estágio inicial e espécies com característica de estágio final.
3. Quando analisamos a fragmentação florestal sob a ótica da Biogeografia de Ilhas, além dos parâmetros indicados por esta teoria, juntam-se outros parâmetros que irão determinar a quantidade de espécies presentes dentro de um fragmento, segundo a figura abaixo. Explique cada um desses parâmetros.
R:
Quanto maior o tamanho da ilha, maior será o número de espécies. Ao se ter uma maior disponibilidade de recursos aumenta-se a capacidade de suporte do ambiente, possibilitando um número elevado de habitats dentro da ilha, conseqüentemente maior número de nichos ecológicos ocupados, diminuindo o grau de degradação do ambiente, reduzindo assim o efeito de borda, resultando em um elevado número de espécies.
4. O efeito de borda pode atuar tanto de forma direta quanto indireta sobre as espécies, reduzindo a diversidade nativa em nível local, ou seja, dentro do fragmento. Explique de que forma o efeito de borda atua sobre as comunidades biológicas remanescentes em fragmentos florestais.
R:
O efeito de borda atua com um conjunto de alterações abióticas e bióticas, causando efeitos redutores ou modificadores na diversidade do fragmento, através de efeitos diretos sobre os elementos abióticos, tais como: ventos, maior insolação, maior temperatura, menor umidade do solo e do ar, maiores oscilações das variáveis climáticas. O Tamanho, forma e orientação do fragmento causam efeitos diretos nos elementos bióticos, como queda de folhas e árvores, avanço da borda para dentro do fragmento, invasão por sementes das áreas abertas, sub-bosque mais denso e competição entre árvores “nativas” e invasoras, desta forma desacelerando a regeneração, resultando no que chamam de floresta de “mortos-vivos”. De forma indireta, ocorrem mudanças nas interações ecológicas causadas pela interação dos efeitos abióticos e biológicos diretos, provocando um efeito cascata. Por exemplo, com uma maior luminosidade aumenta as taxas de brotamento de folhas novas que atraem insetos herbívoros, que conseqüentemente atrai animais insetívoros, atraindo assim predadores e parasitas.
5. Defina e dê exemplos (diferentes dos apresentados em sala de aula) para populações contínuas, relictuais e metapopulações.
R:
As populações contínuas são quando a fragmentação e a matriz não impedem os movimentos dos indivíduos, portanto o fluxo é tão intenso com alta taxa de troca de indivíduos entre subpopulações. É o caso de aves que tem fácil mobilidade entre os fragmentos.
A população relictual é quando a fragmentação e a matriz impedem os movimentos dos indivíduos, ocasionando o impedimento do fluxo gênico e leva a redução dos tamanhos populacionais, chegando à extinção local. Por exemplo, o que acontece com populações de relictuais de veado-campeiro, Ozotoceros bezoarticus (Linnaeus) (Artiodactyla, Cervidae) no município da Lapa, Paraná, Brasil. E uma espécie que habita exclusivamente áreas originalmente formadas por campos e cerrados da América do Sul, porém a fragmentação desses habitats pelo uso agrícola da terra, acabam confinando os animais dentro do fragmento.
Metapopulação é definido como uma rede formada por populações espacialmente estruturadas em agrupamentos, cujos indivíduos se reproduzem localmente e onde a migração entre as populações pode influenciar a dinâmica local. Um exemplo de metapopulação que vem sendo estudada em detalhe é o da cuíca, Micoures demerarae, em fragmentos de Mata Atlântica dentro da Reserva Biológica de Poço das Antas, no Estado do Rio de Janeiro. Este pequeno marsupial, que utiliza principalmente o sub-bosque, ocorre em pelo menos cinco de oito fragmentos de mata muito pequena (a maior parte delas com áreas em torno de 10 hectares), sendo o conjunto como um todo conhecido como Ilhas dos Barbados. Os fragmentos são separados pela chamada matriz – um conjunto de áreas de vegetação aberta dominada por gramíneas, samambaias e ocasionalmente árvores pioneiras.
Entre 1995 e 1998 foi conduzido um estudo, por captura-marcação-recaptura, das populações desse marsupial em fragmentos e na matriz. Nesse período foram realizadas mais de 600 capturas e recapturas de M. demerarae nos fragmentos e apenas duas matriz. Das recapturas nos fragmentos, nove foram de indivíduos que haviam sido marcados em outros fragmentos.
Esses resultados mostraram que:
M. demerarae é residente nos fragmentos, mas não na matriz entre eles, onde as raras capturas provavelmente foram de indivíduos em trânsito;
Em cada fragmento há uma população bem diferenciada, uma vez que a esmagadora maioria das recapturas é de indivíduos anteriormente marcados naquele mesmo fragmento;
Ocorrem movimentos de indivíduos entre essas populações.
Em vista dessas características, pode-se afirmar que M. demerarae nas Ilhas dos Barbados constitui uma metapopulação dentro das definições de Hanski e Gilpin (1991) e Hanski e Simberloff (1997).
6. Por que populações pequenas têm maior risco de serem extintas?
R:
As pequenas populações devido ao seu número menor de indivíduos estão mais vulneráveis a flutuações populacionais, caso ocorra uma doença o número de indivíduos cai bruscamente e torna difíceis as chances de se recuperar, pois populações pequenas e isoladas em fragmentos acabam tendo uma baixa variabilidade genética, perdendo sua flexibilidade evolutiva, ou seja, há uma limitação da população em conviver com mudanças do ambiente a longo prazo, gerando gargalos genéticos.
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Departamento de Ciências Ambientais
Ecologia Florestal – IF105
2º ESTUDO DIRIGIDO
Discente: Maycow Lucas Dutra Gomes Berbert
Matrícula: 201003035-2
Turma: T01
Professora: André F. N. Freitas