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© 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . Gorduras, óleos e outros lipídios 5 101 © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 101 Após a leitura deste capítulo, você estará apto a: OA 5.1 Descrever as três classificações de lipídios e explicar as diferenças na estrutura de triglicerídeos, fosfolipídios e colesterol. OA 5.2 Descrever como a gordura é ingerida, absorvida e transportada no corpo. OA 5.3 Descrever as funções da gordura no corpo. OA 5.4 Definir as recomendações nutricionais para gordura total, ácidos graxos essenciais, gordura saturada, colesterol e gordura trans. OA 5.5 Identificar as principais fontes alimentares dos diferentes tipos de gordura, incluindo os ácidos graxos essenciais, as gorduras saturadas e as gorduras trans. OA 5.6 Descrever o desenvolvimento de aterosclerose, incluindo seu papel no risco de doenças cardíacas. OA 5.7 Explicar as mudanças na dieta que você pode fazer para manter níveis saudáveis de colesterol no sangue e reduzir o risco de doenças cardíacas. Q uando você vai às compras, o que está na sua lista? Se você for como muitos norte-americanos, provavelmente terá as melhores intenções de encher o carrinho com itens com baixo teor de gordura, sem gordura ou sem colesterol para adotar uma dieta mais saudável. Até mesmo apenas dizer as palavras gordura ou colesterol traz imagens negativas de alimentos que devemos evitar. A verdade é que uma pequena quantidade de gordura na dieta é essencial para o corpo. Neste capítulo, discutiremos a estrutura e as funções dos diferentes tipos de lipídios, como eles são processados no corpo e as quantidades de cada um que devem ser consumidas em uma dieta saudável. Também iremos explorar o papel de alimentos com alto teor de gordura no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde. O que são gorduras e por que você precisa delas? OA 5.1 Descrever as três classificações de lipídios e explicar as diferenças na estrutura de triglicerídeos, fosfolipídios e colesterol. Quando você vê a palavra gordura, pode pensar em manteiga, maionese, colesterol em carnes e ovos e até mesmo nos tecidos adiposos do próprio corpo. Porém, falando tecnicamente, esses não são exemplos de gordura. Em vez disso, são exemplos de uma categoria mais ampla de substâncias conhecidas como lipídios — compostos que contêm carbono, oxigênio e hidrogênio e que são hidrofóbicos (hidro = água, fóbico = medo), o que significa que não se dissolvem em água. Se você pingasse lipídios, como manteiga ou óleo de oliva, em um copo d’água, veria as gostas subirem e ficarem na superfície da água. Essa repulsão da água permite que os lipídios desempenhem um papel único nos alimentos e no corpo. Para responder à nossa pergunta original, gordura é o nome comum para apenas um tipo de lipídio, conhecido como triglicerídeo. Como esse é o tipo de lipídio encontrado em maior quantidade em alimentos, os rótulos de alimentos e as fontes de nutrição geralmente se referem a essa categoria como gordura alimentar, e não lipídio alimentar, assim, gordura é o termo que usaremos neste capítulo. As gorduras atendem a várias funções nos alimentos e no corpo As gorduras realizam diversas funções na culinária. Elas dão uma textura floculada a crostas de tortas e outros itens assados, deixam a carne macia e sopas e pudins cremosos. O sabor e o aroma das gorduras podem dar água na boca ao olhar para um frango frito ou sentir o cheiro de cookies no forno. Os alimentos com maior teor de gorduras contribuem para a saciedade, a sensação de estar satisfeito depois de comer. No corpo, as gorduras são essenciais para o armazenamento de energia e o isolamento. Outros dois tipos de lipídios também são importantes como componentes das membranas que envolvem as células e desempenham um papel crucial no transporte de compostos pelo sangue. Os três tipos de lipídios encontrados em alimentos e no corpo são os triglicerídeos (gorduras), os fosfolipídios e os esteróis. Dois dos três, triglicerídeos e fosfolipídios, são compostos por uma unidade básica chamada de ácido graxo. Assim, vamos começar nossa discussão da estrutura dos lipídios com os ácidos graxos. Ácidos graxos são encontrados em triglicerídeos e fosfolipídios Todos os ácidos graxos (Figura 5.1) consistem em uma cadeia de átomos de carbono e hidrogênio, com um grupo de ácido (COOH) em uma extremidade. Há 102 O bj et iv os d e ap re nd iz ag em © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que são gorduras e por que você precisa delas? 103 C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H HC H H C H H C H H H O HO HO HO C C H H a Ácido esteárico, um ácido graxo saturado C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H C H C H H H C H H C C H H C H H C H H C H H C H H C H H H O C C H H Ácido oleico, um ácido graxo monoinsaturado 1 ligação dupla na cadeia de carbono cria 1 curva C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H C H O C C H H Ácido linoléico, um ácido graxo poli-insaturado ômega-6 2 ligações duplas criam 2 curvas HO C H H C C H H C H H C H C H C H H C HH H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H C H O C C H H 3 ligações duplas criam 3 curvas c Ácido alfa-linolênico, um ácido graxo poli-insaturado ômega-3d b C H H C H H C C H H H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H H O HO C Grupo ácido Cadeia de átomos de carbono e hidrogênio mais de 20 ácidos graxos diferentes. Eles podem variar: (1) no comprimento da cadeia; (2) em se os átomos têm ligação simples ou dupla entre si (C—C ou C==C); e (3) no número total de ligações duplas. A maneira e onde as ligações de carbono ocorrem em diferentes tipos de ácidos graxos é o que torna alguns ácidos graxos mais saudáveis que outros. Há três tipos principais de ácidos graxos: • Ácidos graxos saturados. Quando cada carbono em uma cadeia de ácido graxo é ligado a dois átomos de hidrogênio, como vimos na Figura 5.1, a cadeia é considerada saturada com hidrogênio. Ela não consegue conter nada mais. Portanto, chamamos esse ácido graxo de ácido graxo saturado. Por exemplo, o ácido esteárico é um ácido graxo saturado (Figura 5.2a). Ele tem 18 carbonos, todos eles ligados, ou saturados, com hidrogênio. Ácidos graxos de cadeia longa, como ácido esteárico, Figura 5.1 Estrutura de um ácido graxo Ácidos graxos são os componentes de alguns lipídios. Figura 5.2 Ácidos graxos saturados e insaturados Os ácidos graxos diferem pelo tamanho da cadeia de ácido graxo, se há ou não ligações duplas entre os carbonos e (se houver ligações duplas) quantas ligações duplas eles têm. lipídios Uma categoria de compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio insolúveis em água. hidrofóbico Com aversão à água. ácido graxo A unidade básica de triglicerídeos e fosfolipídios. ácido graxo saturado Um ácido graxo que tem todos os carbonos ligados a hidrogênio. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep rod u ção sem p erm issão . 104 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios a Ácidos graxos saturados Ácidos graxos insaturadosb A manteiga de cacau derrete à temperatura do corpo. É por isso que o chocolate ao leite sólido derrete na boca. Figura 5.3 Ácidos graxos saturados e insaturados ajudam a moldar os alimentos Ácidos graxos saturados são capazes de se agruparem firmemente uns aos outros e são sólidos à temperatura ambiente. As ligações duplas em ácidos graxos insaturados causam dobras no seu formato e impedem que fiquem firmemente agrupados, de modo que tendem a ser líquidos à temperatura ambiente. gorduras saturadas Gorduras que contêm principalmente ácidos graxos saturados. ácido graxo monoinsaturado ácido graxo monoinsaturado Um ácido graxo que tem uma ligação dupla. ácido graxo insaturado Um ácido graxo que tem uma ou mais ligações duplas entre carbonos. gorduras insaturadas Gorduras que contêm principalmente ácidos graxos insaturados. ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) Um ácido graxo com duas ou mais ligações duplas. ácidos graxos essenciais Os dois ácidos graxos poli-insaturados que o corpo não consegue produzir e, portanto, devem ser ingeridos com os alimentos: ácido linolênico e ácido alfa-linolênico. ácido linolênico Um ácido graxo essencial poli-insaturado; parte da família de ácidos graxos ômega 6. ácido alfa-linolênico Um ácido graxo essencial poli-insaturado; parte da família de ácidos graxos ômega 3. são fortemente atraídos uns aos outros e são relativamente retos, assim, conseguem se agrupar firmemente nos alimentos, tornando-se gorduras sólidas à temperatura ambiente. O ácido esteárico pode ser encontrado na manteiga de cacau (chocolate) e na parte gordurosa da carne. Ácidos graxos saturados mais curtos (com menos de 12 carbonos) têm uma atração mais fraca uns aos outros, assim, não ficam firmemente agrupados. Por isso, alimentos que contêm esse tipo de ácido graxo são líquidos à temperatura ambiente. Leite integral contém ácidos graxos saturados de cadeia curta. Gorduras feitas principalmente de ácidos graxos saturados são chamadas de gorduras saturadas. Como você irá aprender mais adiante no capítulo, gorduras saturadas e outras gorduras sólidas devem ser minimizadas na dieta, pois não são saudáveis para o coração. • Ácidos graxos monoinsaturados. Dê uma olhada no ácido graxo mostrado na Figura 5.2b. Você observa que, em um ponto na cadeia, dois carbonos estão cada um ligado a apenas um átomo de hidrogênio e ligados duas vezes um ao outro? Essa dupla ligação de carbono significa que os carbonos não estão “saturados” com átomos de hidrogênio naquele ponto da cadeia. Isso torna a cadeia insaturada. Quando ocorre uma ligação dupla em apenas um ponto da cadeia, a molécula é chamada de ácido graxo monoinsaturado (lembre-se de que mono significa um). O exemplo mostrado na Figura 5.2b é do ácido oleico. Como o ácido esteárico, o ácido oleico contém 18 carbonos, mas dois deles estão combinados entre si, em vez de a hidrogênio, de modo que ele tem uma ligação dupla. Essa única ligação dupla torna o ácido oleico um ácido graxo monoinsaturado. Também o torna curvado. Ou seja, cadeias duplas causam uma dobra na cadeia do ácido graxo. Essa dobra impede ácidos graxos insaturados de se agruparem firmemente. Assim, ácidos graxos insaturados são líquidos à temperatura ambiente. Por exemplo, o ácido oleico é encontrado no óleo de oliva. É possível ver o efeito das cadeias de ácidos graxos retas versus curvas em alimentos na Figura 5.3. Gorduras feitas principalmente de ácidos graxos insaturados são chamadas de gorduras insaturadas. Enquanto as gorduras saturadas não são saudáveis, as gorduras insaturadas são consideradas importantes para a saúde. • Ácidos graxos poli-insaturados. Um ácido graxo poli-insaturado (poli = muitos) contém mais de uma ligação dupla e é ainda menos saturado de hidrogênio que um ácido graxo monoinsaturado. Por exemplo, o ácido linolênico contém duas ligações duplas e é poli-insaturado (Figura 5.2c). Ele é encontrado no óleo de soja. Como gorduras monoinsaturadas, as gorduras poli-insaturadas são consideradas saudáveis. Incidentalmente, o corpo pode produzir a maioria dos ácidos graxos de que precisa, mas há dois que ele não consegue produzir, e ambos são poli- insaturados. Como você deve consumi-los na dieta, eles são conhecidos como ácidos graxos essenciais. Eles são o ácido linolênico, mostrado na Figura 5.2c, e o ácido alfa-linolênico, mostrado na Figura 5.2d. Iremos discutir esses ácidos graxos essenciais em mais detalhes adiante. #AsAventurasBJ Realce © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que são gorduras e por que você precisa delas? 105 Triglicerídeos contêm três cadeias de ácidos graxos Triglicerídeos são os lipídeos mais comuns presentes em alimentos e no corpo. Cada composto de triglicerídeo consiste em três cadeias de ácidos graxos (tri = três) conectadas a um “núcleo” de glicerol. O glicerol é um composto que contém carbono, hidrogênio e um tipo de álcool. Os três ácidos graxos se unem ao núcleo de glicerol para formar o triglicerídeo (Figura 5.4). Qualquer triglicerídeo pode conter uma variedade de diferentes ácidos graxos. O nome mais comum para os triglicerídeos é gordura, e esse é o termo que usaremos em todo este capítulo e no restante do livro. A maioria dos lipídios que você ingere e que estão no corpo está na forma de gordura. Muitos alimentos gordurosos, como manteiga, banha e gordura em carnes, são sólidos à temperatura ambiente, assim, costumam ser chamados de gorduras sólidas. Óleos são gorduras líquidas à temperatura ambiente. Fosfolipídios contêm fosfato Como as gorduras, os fosfolipídios contêm um núcleo de glicerol, mas, em vez de três ácidos graxos, contêm dois ácidos graxos e um grupo fosfato (um composto contendo o mineral fósforo) (Figura 5.5). A parte em que o fosfato é anexado ao glicerol é chamada de cabeça, que é hidrofílica (fílico = adora), assim, ela é capaz de atrair a água. Em contraste, as caudas dos ácidos graxos dos fosfolipídios são hidrofóbicas. Os fosfolipídios compõem a dupla camada de fosfolipídio nas membranas celulares. As cabeças que adoram água ficam voltadas para as áreas aquosas tanto dentro quanto fora das células, enquanto as caudas que adoram gordura se alinham umas com as outras no centro, criando uma membrana de fosfolipídio que envolve a célula e atua como uma barreira (Figura 5.6). As membranas celulares permitem que determinadas substâncias, como a água, entrem na célula, mas impedem outras, como as proteínas, de saírem. Você pode visualizar essa camada de fosfolipídio como uma cerca de estacas, atuando como uma barreira em torno de cada célula. Figura 5.5 Estrutura de um fosfolipídio Fosfolipídios são similares a triglicerídeos, mas eles têm apenas dois ácidos graxos e um grupo fosfato conectado ao núcleo de glicerol. Essa configuração permite que fosfolipídios, como a lecitina, sejam atraídos tanto pela água quanto pela gordura. Figura 5.4 Estrutura de um triglicerídeo Um triglicerídeo consiste em três ácidos graxos anexados a um núcleo de glicerol. Observe que um único triglicerídeo pode conter diferentes ácidos graxos. triglicerídeos Três ácidos graxos anexados a um núcleo de glicerol. glicerol O núcleo de três carbonos de um triglicerídeo. gordura O nome comum para triglicerídeos. óleos Gorduras que são líquidas à temperatura ambiente. fosfolipídios Lipídios compostos por dois ácidos graxos e um grupo fosfato anexado a um núcleo de glicerol. C H H OH C + + 3 H=H OH C H H OH Três ácidos graxos Uma gordura (triglicerídeo) Ácido palmítico Ácido oleico Ácidoesteárico Núcleo de glicerol O Água H + = Dois ácidos graxos Grupo fosfato Glicerol (núcleo) Cauda não polar (repele a água) Fosfolipídio Cabeça polar (atrai a água) © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 106 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios O principal fosfolipídio nas membranas celulares é a lecitina. Embora a lecitina desempenhe um importante papel no corpo, você não precisa se preocupar em ingerir grandes quantidades de lecitina nos alimentos. Como acontece com todos os fosfolipídios, o corpo é capaz de produzir toda a lecitina de que precisa. Devido aos seus atributos únicos de afinidade por água e gordura, a lecitina é usada em muitos alimentos como um emulsificante, que ajuda a manter substâncias incompatíveis, como água e óleo, misturadas. Por exemplo, às vezes um emulsificante é adicionado a molhos prontos de salada comerciais para evitar que a gordura se separe e suba para a parte superior do molho (Figura 5.7). A cauda não polar do emulsificante que atrai gordura cerca as gotículas de gordura, enquanto a cabeça polar do emulsificante que atrai água fica voltada para a parte aquosa do molho. Isso mantém a gotícula de gordura suspensa no molho e permite que essas duas substâncias incompatíveis se mantenham misturadas. Veremos o processo de emulsificação novamente quando discutirmos como o corpo usa a gordura. Os esteróis têm uma estrutura em anel única Diferentemente dos fosfolipídios, os esteróis são lipídios que não contêm glicerol nem ácidos graxos. Em vez disso, eles são compostos principalmente por quatro anéis conectados de carbono e hidrogênio (Figura 5.8). O esterol mais conhecido é o colesterol. Embora a associação do colesterol com doenças cardíacas tenha manchado sua reputação, ele desempenha um papel importante nas membranas celulares e é o precursor de alguns compostos muito importantes no corpo. Como acontece com a lecitina, não se preocupe em atender à necessidade diária dessa importante substância por meio da dieta, já que o corpo produz todo o colesterol de que precisa. Figura 5.9 resume as estruturas dos três tipos de lipídios. Como a cabeça que contém fósforo é polar, ela atrai partículas carregadas, como a água localizada tanto dentro quanto fora de suas células. 1 Sua cauda, que contém ácidos graxos, é não polar, portanto, ela se mistura e se alinha com outras moléculas não polares, como as extremidades que contêm ácidos graxos de outros fosfolipídios. 2 Cria-se assim uma membrana de duas camadas que envolve a célula e atua como uma barreira, permitindo que determinadas substâncias ingressem na célula, mas impedindo que outras substâncias saiam dela. 3 Membrana celular Fora da célula (fluido extracelular) Célula Dentro da célula (citoplasma aquoso) Cabeça de fosfolipídio Proteína Cabeça de fosfolipídio Colesterol Caudas de fosfolipídios Caudas de fosfolipídios Figura 5.6 Papel dos fosfolipídios nas membranas celulares Água Emulsificante (lecitina, um fosfolipídio) Gota de gordura Figura 5.7 Como manter um molho para saladas emulsificado Para impedir que a gordura se separe em um molho para saladas, um emulsificante é adicionado. A cauda do emulsificante que atrai gordura cerca as gotículas de gordura, enquanto as cabeças que atraem água permanecem orientadas para a parte aquosa da solução ou molho. Isso permite que a gotícula de gordura fique suspensa e misturada no molho. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que acontece com a gordura que você come? 107 OA 5.1 Lembre-se Os lipídios são compostos hidrofóbicos feitos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Os três tipos de lipídios são triglicerídeos, fosfolipídios e esteróis. Ácidos graxos, que consistem em uma cadeia de carbono e hidrogênio e um grupo de ácido, são as unidades estruturais básicas dos triglicerídeos e dos fosfolipídios. Os triglicerídeos são formados por três ácidos graxos conectados a um núcleo de glicerol e são os lipídios mais prevalentes nos alimentos e no corpo. Os fosfolipídios são compostos por dois ácidos graxos e um grupo contendo fosfato anexado a um núcleo de glicerol. Os fosfolipídios são uma parte importante da estrutura das membranas celulares. O colesterol é um importante esterol nas membranas celulares e o precursor de outros compostos essenciais. O que acontece com a gordura que você come? OA 5.2 Descrever como a gordura é ingerida, absorvida e transportada no corpo. Como acontece com todos os nutrientes, a digestão da gordura começa na boca (consulte a Figura 5.10 na página 152). A mastigação quebra mecanicamente os alimentos, neste caso, uma fatia de pizza. A enzima chamada lipase lingual na boca desempenha um papel secundário na quebra de algumas gorduras. Depois que o alimento é engolido, o estômago começa a quebrar a gordura ainda mais. Vamos acompanhar a gordura na pizza de queijo pelo restante do trato gastrointestinal. Você digere a maior parte da gordura no estômago e no intestino delgado No estômago, a gordura se mistura à lipase gástrica, uma enzima que quebra parte dela em um ácido graxo e um diglicerídeo (o remanescente da digestão de gordura quando restam apenas dois ácidos graxos ligados ao núcleo de glicerol). A maior parte da digestão da gordura ocorre no intestino delgado, onde uma enzima liberada pelo pâncreas, a lipase pancreática, continua a quebrar a gordura em dois ácidos graxos e um monoglicerídeo (o remanescente da digestão de gordura quando resta apenas um ácido graxo ligado ao núcleo de glicerol). Assim como óleo e água não se misturam, a gordura não pode se misturar com os fluidos de água no trato digestório. Os glóbulos de gordura tendem a se agrupar, em vez de se dispersarem pelos fluidos. Misturar gorduras com CH2 HO CH3 CH CH3 CH2 CH2 CH3 CH3 CH H3C emulsificante Um composto que mantém duas substâncias incompatíveis, como água e óleo, misturadas. esterol Um lipídio que contém quatro anéis conectados de carbono e hidrogênio. precursor Uma substância que é convertida ou leva à formação de outra. diglicerídeo Um glicerol com apenas dois ácidos graxos anexados. monoglicerídeo Um glicerol com apenas um ácido graxo anexado. bile Uma substância produzida pelo fígado, armazenada na vesícula biliar e secretada no intestino delgado que emulsifica a gordura em glóbulos menores, permitindo que as enzimas quebrem a gordura. Lipídio Triglicerídeos Gordura saturada Gordura insaturada Gordura transÁcidos graxos Estrutura Exemplos Glicerol Fosfolipídios Lecitina Ácidos graxos Cabeça de fosfato Esterois Colesterol HO Figura 5.9 Três tipos de lipídios Os três tipos de lipídios variam em termos de estrutura. Os triglicerídeos e os fosfolipí- dios são feitos de ácidos graxos, enquanto esteróis são compostos por anéis de carbono. Figura 5.8 Estrutura de um esterol Em vez de ser composto por ácidos graxos anexados a um núcleo de glicerol, os esteróis têm uma configuração de anel de carbono com hidrogênios e oxigênio anexado. O colesterol é o esterol mais conhecido. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 108 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios PÂNCREAS VESÍCULA BILIAR FÍGADO BOCA ESTÔMAGO INTESTINO DELGADO ÓRGÃOS DO TRATO GASTROINTESTINAL ÓRGÃOS ACESSÓRIOS A maior parte da digestão de gordura ocorre no intestino delgado, com a ajuda de enzimas biliares e lipase. Os subprodutos digestivos absorvidos são transportados através de quilomícrons para o sistema linfático.A mastigação inicia a digestão mecânica dos alimentos. A gordura sólida derrete com o calor do corpo. A lipase lingual, presente na saliva, inicia a digestão química das gorduras. Os movimentos peristálticos agitam e misturam os alimentos com gordura com os sucos gástricos. A lipase gástrica quebra algumas gorduras, criando diglicerídeos e ácidos graxos livres. A bile, secretada pela vesícula biliar, através do duto biliar comum, dentro do intestino delgado, emulsifica a gordura em glóbulos menores. A lipase pancreática quebra as gorduras em monoglicerídeos, glicerol e ácidos graxos livres. À medida que são absorvidas, as micelas se separam nas partes que a compõem. Os ácidos graxos de cadeia curta entram diretamente na corrente sanguínea. Os ácidos graxos de cadeia longa, colesterol, fosfolipídeos e outros remanescentes são reagrupados em quilomícrons para o transporte para dentro do sistema linfático. Os subprodutos da digestão de gordura são agrupados em micelas para transporte através das células da parede do intestino. Produz a bile, que é armazenada na vesícula biliar. Libera a bile dentro do intestino delgado através do duto biliar comum. Produz a lipase pancreática, que é secretada no intestino delgado por meio do duto pancreático. Linfa Sangue Ácidos graxos curtos Micelas Quilomícron Figura 5.10 Digestão e absorção de gordura APRESENTAÇÃO DA FIGURA EM FOCO Escaneie o código QR com um dispositivo móvel para ver uma apresentação em vídeo sobre esta figura por Joan Salge Blake. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que acontece com a gordura que você come? 109 Fosfolipídio Colesterol Gotícula de gordura (triglicerídeos) fluidos aquosos requer a adição de bile, que é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. Quando a gordura da pizza chega ao intestino, a vesícula biliar libera bile. A bile contém ácidos biliares que ajudam a emulsificar a gordura em glóbulos menores dentro da solução digestiva aquosa. Isso mantém os glóbulos de gordura menores dispersos pelos fluidos e fornece mais área de superfície para que a lipase pancreática possa quebrar a gordura com mais facilidade. Monoglicerídeos e ácidos graxos então são embalados com lecitina, que está na bile, e outras substâncias para criar micelas (transportadores pequenos). Quando chegam perto da mucosa do intestino delgado, as micelas se deslocam para dentro das células do intestino. O comprimento da cadeia do ácido graxo determina o que acontece em seguida. Ácidos graxos de cadeia curta irão entrar na corrente sanguínea, indo diretamente ao fígado. Ácidos graxos de cadeia longa não podem entrar diretamente na corrente sanguínea. Eles entram na linfa e precisam de transportadores. As lipoproteínas transportam gordura pela linfa e pelo sangue Ácidos graxos de cadeia longa são reformulados em uma gordura dentro das células da parede intestinal conforme são absorvidos. Essas gorduras reformuladas (bem como outros lipídios, como o colesterol) não são solúveis no sangue aguado. Elas precisam ser agrupadas dentro de transportadores contendo proteína, chamados de lipoproteínas. Esses transportadores de gordura em formato de cápsula têm uma casca externa com alto teor de proteína e fosfolipídios e um compartimento interno que transporta a gordura insolúvel, bem como o colesterol, pela linfa e pelo fluxo sanguíneo. Um exemplo de transportador de lipoproteína que transporta esses lipídios é um quilomícron (Figura 5.11). Os quilomícrons são grandes demais para serem absorvidos diretamente no fluxo sanguíneo, assim, eles se deslocam pela linfa primeiro e então entram no sangue. Uma vez no sangue, a gordura é quebrada em ácidos graxos e glicerol com ajuda da enzima de lipoproteína lipase, que está localizada nas paredes dos capilares. Depois que a gordura é removida dos quilomícrons, os remanescentes dessas lipoproteínas irão para o fígado para serem desmanchados. O fígado produz outras lipoproteínas com diferentes papéis no corpo: • Lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) • Lipoproteína de baixa densidade (LDL) • Lipoproteína de alta densidade (HDL) Embora todas as lipoproteínas contenham gordura, fosfolipídios, colesterol e proteína, a proporção da proteína nessas substâncias difere nos vários tipos. A proteína é mais densa que a gordura, assim, a parte da proteína nas lipoproteínas determina a densidade geral (consulte Figura 5.12 na página 110). Por exemplo, as VLDLs são compostas principalmente por triglicerídeos e têm muito pouca proteína, assim, são consideradas de densidade muito baixa. As LDLs, que são aproximadamente 50% colesterol, têm mais proteína que as VLDLs, porém, menos que as HDLs, que têm a maior densidade. A proteína nas lipoproteínas as ajuda a realizar suas funções no corpo. Por exemplo, o alto teor de proteína nas HDLs não apenas ajuda a remover o colesterol das células, como também possibilita ao transportador se expandir e se contrair, dependendo da quantidade de gordura e colesterol que está transportando. Por que a proporção de proteína em um transportador de lipoproteína é importante? Cada lipoproteína tem um papel diferente. O principal papel das VLDLs é distribuir a gordura produzida no fígado aos tecidos. Depois que a gordura for distribuída, os remanescentes da VLDL são convertidos em LDLs. As LDLs distribuem colesterol para as células e costumam ser chamadas de transportadoras do colesterol “ruim”, pois depositam colesterol nas paredes das artérias, o que pode levar a doenças cardíacas. Para ajudá-lo a se lembrar disso, pense em “L” de LDL como “Limitado” em termos de benefício à saúde. Figura 5.11 Quilomícron Quilomícrons são um tipo de lipoproteína. micelas Pequenos transportadores no intestino que habilitam a absorção de ácidos graxos e outros compostos. linfa Fluido aquoso que circula pelo corpo nos vasos linfáticos e acaba por entrar no sangue. lipoproteínas Transportadores em formato de cápsula que habilitam a gordura e o colesterol a percorrer a linfa e o sangue. quilomícron Um tipo de lipoproteína que transporta gordura digerida e outros lipídios pelo sistema linfático para o sangue. lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) Uma lipoproteína que entrega a gordura produzida no fígado aos tecidos. O remanescente de VLDL é convertido em LDLs. lipoproteína de baixa densidade (LDL) Uma lipoproteína que deposita colesterol nas paredes das artérias. Como pode acarretar doenças cardíacas, a LDL é chamada de transportador de colesterol ruim. lipoproteína de alta densidade (HDL) Uma lipoproteína que remove o colesterol dos tecidos e levam-no para o fígado para ser usado como parte da bile ou ser excretado do corpo. Por isso, é conhecida como transportadora do colesterol bom. Proteína © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 110 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios Proteína 2% Triglicerídeos 90% Colesterol Triglicerídeos 10% Colesterol 50% Proteína 25% Fosfolipídios 15% Triglicerídeos 5% Colesterol 20% Fosfolipídios 25% Proteína 50% Triglicerídeos 60% Proteína 10% 18% Colesterol 12% Quilomícron VLDL LDL HDL Fosfolipídios Figura 5.12 Lipoproteínas Os diversos tipos de lipoproteínas e sua composição. As HDLs têm cerca de 50% de proteína. Elas removem o colesterol das células e levam-no para o fígado para produzir bile ou ser excretado do corpo. Por esse motivo, as HDLs costumam ser chamadas de transportadoras de colesterol “bom”, pois ajudam a remover o colesterol das artérias. Uma maneira fácil de se lembrar disso é pensarem “H” em HDL como referindo-se a “Habilidoso” (Figura 5.13). OA 5.2 Lembre-se A digestão da gordura começa na boca e, com ajuda das enzimas e dos ácidos biliares emulsificantes, a maior parte dela é digerida e então absorvida pelo intestino delgado. A gordura costuma ser agrupada como parte do transportador de lipoproteína quilomícron e se desloca na linfa antes de entrar na corrente sanguínea. As outras lipoproteínas são VLDLs, LDLs e HDLs. As VLDLs são convertidas em transportadores de colesterol LDL “ruim”, que podem depositar colesterol nas paredes das artérias. Os transportadores de colesterol HDL “bom” removem o colesterol das artérias e levam-no para o fígado para ser excretado do corpo. De que maneira o corpo utiliza a gordura e o colesterol? OA 5.3 Descrever as funções da gordura no corpo. Algumas pessoas tentam evitar gordura na dieta por acreditarem que ela não é saudável. Isso pode, na verdade, ser contraproducente, pois a gordura desempenha muitos papéis importantes no corpo. A gordura é uma importante fonte de energia e ajuda na absorção de alguns compostos. A gordura também isola o corpo e atua como amortecedor para os órgãos principais. Alguma gordura é essencial para uma boa saúde. Há diferenças entre os tipos de gordura que você come. Diferentes gorduras podem ter diferentes efeitos sobre a saúde e, especificamente, o coração. Vamos analisar os papéis que as gorduras desempenham no corpo. Gordura fornece energia A 9 calorias por grama, em comparação a 4 calorias por grama para carboidratos e proteínas, a gordura é uma grande fonte de combustível para o corpo. O corpo tem uma capacidade ilimitada de armazenar energia (calorias) como gordura. Na verdade, as reservas de gordura podem aumentar até 1.000 vezes o tamanho original conforme mais gordura é adicionada. Se suas células atingirem a capacidade máxima, o corpo pode adicionar mais células adiposas. Você se recorda do Capítulo 4 que o corpo tem capacidade apenas limitada de armazenar glicose, que é necessária para o funcionamento do cérebro e das hemácias. Quando o nível de glicose no sangue começa a cair, o hormônio glucagon promove a liberação de glicose do fígado para suprir o sangue com glicose. O glucagon favorece ao mesmo tempo a liberação de gordura das células adiposas para fornecer energia adicional ao corpo. O coração, fígado e músculos em repouso preferem a gordura como fonte de combustível, poupando a glicose que será usada para o sistema nervoso e as hemácias. Na verdade, a gordura é a principal fonte de energia durante o dia todo. A gordura armazenada nas células adiposas oferece uma fonte de reserva de energia entre as refeições. Em uma situação de escassez de alimentos, alguns indivíduos conseguem passar meses sem comer, dependendo da quantidade de gordura armazenada e da disponibilidade de líquidos adequados que tiverem. A gordura ajuda você a absorver certos compostos e a isolar o corpo A gordura ajuda você a absorver as vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, bem como os carotenoides, compostos que podem ter propriedades antioxidantes no corpo.1 Fosfolipídios 3% 5% #AsAventurasBJ Realce #AsAventurasBJ Realce © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . De que maneira o corpo utiliza a gordura e o colesterol? 111 Os quilomícrons transportam a gordura e o colesterol ingeridos em uma refeição para suas células através do sistema linfático. Uma vez no sangue, a lipoproteína lipase ajuda a quebrar a gordura. Os quilomícrons remanescentes são quebrados no fígado. QUILOMÍCRONS As VLDLs (lipoproteínas de muito baixa densidade), produzidas principalmente no fígado, transportam gordura para as células. A lipoproteína lipase ajuda no processo de absorção de ácidos graxos pelas células, principalmente aqueles presentes no músculo e no tecido adiposo, transformando VLDLs em LDLs (lipoproteínas de baixa densidade). VLDLs As lipoproteínas de baixa densidade liberam colesterol nas células do corpo. As LDLs não absorvidas pelas células se degradam ao longo do tempo, liberando colesterol, que pode então aderir às paredes dos vasos sanguíneos. LDLs As HDLs (lipoproteínas de alta densidade) produzidas pelo fígado circulam no sangue, coletando o colesterol das células. O colesterol é devolvido ao fígado e excretado através da bile, retirando-o da corrente sanguínea. HDLs Células do intestino delgado Para vasos sanguíneos via sistema linfático Ácidos graxos Células musculares Células musculares Células adiposas Células adiposas Retorna ao fígado para ser reciclada ou eliminada Células do corpo Colesterol Colesterol Ácidos graxos Quilomícron Quilomícrons remanescentes LDL VLDL A gordura e o colesterol são transportados pelo corpo através de vários compostos lipoproteicos diferentes, como quilomícrons, VLDLs, LDLs e HDLs. HDL HDL LDL Figura 5.13 As funções das lipoproteínas APRESENTAÇÃO DA FIGURA EM FOCO Escaneie o código QR com um dispositivo móvel para ver uma apresentação em vídeo sobre esta figura por Joan Salge Blake. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 112 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios O consumo de quantidades inadequadas de gordura pode impedir que você absorva essas vitaminas lipossolúveis e compostos. A gordura fica localizada logo abaixo da pele e ajuda a isolar o corpo e a manter a temperatura dele. A gordura também atua como um amortecedor de proteção para os ossos, órgãos e nervos. Os ácidos graxos essenciais ajudam a manter as células saudáveis Dois ácidos graxos poli-insaturados, o ácido linolênico e o ácido alfa-linolênico, são essenciais, o que significa que o corpo não consegue produzi-los; portanto, você precisa obtê-los da alimentação. O ácido linolênico também é conhecido como ácido graxo ômega-6, e o ácido alfa-linolênico também é normalmente chamado de ácido graxo ômega-3. Se isso parece grego para você, é isso mesmo. As letras do alfabeto grego ajudam a identificar a disposição dos carbonos nos ácidos graxos. Ômega é a última letra do alfabeto grego. Sendo assim, o carbono ômega é o último carbono do ácido graxo. No ácido alfa-linolênico, a primeira ligação dupla ocorre no terceiro carbono no final ômega. Por isso, ele é chamado de ácido graxo ômega-3 (consulte novamente a Figura 5.2d). Os ácidos graxos essenciais ajudam a manter as células da pele, os nervos e as membranas celulares saudáveis. Por exemplo, a carência de ácido linolênico pode interferir no crescimento normal e resultar em inflamação da pele. A carência de ácido alfa-linolênico pode afetar o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. Os ácidos graxos essenciais também são necessários para produzir outras substâncias de que o corpo precisa. O ácido linolênico é usado para produzir outro ácido graxo poli-insaturado, denominado ácido araquidônico (Figura 5.14). Este ácido graxo é importante para as células e para produzir eicosanoides, que são substâncias semelhantes aos hormônios. Entre outras funções, os eicosanoides ajudam na pressão arterial, nas inflamações e na coagulação do sangue. Uma quantidade limitada de ácido alfa-linolênico pode ser convertida em dois outros ácidos graxos ômega-3 importantes: ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenoico. Foi demonstrado que o ácido eicosapentaenoico e o ácido docosahexaenoico reduzem o risco de doenças cardíacas.2 Todos os peixes contêm ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenoico, embora os peixes oleosos como salmão, arenque e sardinha sejam fontes especialmente ricas. O óleo de fígado de bacalhau é abundante em ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenoico,mas também nas vitaminas lipossolúveis A e D, o que pode ser tóxico se consumido em grandes quantidades. O consumo de peixe é uma maneira segura de obter ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenoico e também pode ser muito saudável para o coração, como será discutido mais adiante neste capítulo. Algumas pesquisas sugerem que uma dieta que contêm quantidades excessivas de ácidos graxos ômega-6 em comparação com ácidos graxos ômega-3 pode não ser saudável. Ainda não se chegou a um consenso sobre essa questão.3 Ácidos graxos poli-insaturados Ácidos graxos ômega-6 Ácido linolênico (um ácido graxo essencial) Ácido araquidônico Ácidos graxos de ômega-3 Ácido alfa-linolênico (um ácido graxo essencial) Ácido docosahexaenoico Ácido eicosapentaenoico (EPA) eicosanoides Substâncias semelhantes aos hormônios no corpo. Prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos são eicosanoides. ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA) Dois ácidos graxos ômega-3 que são saudáveis para o coração. Figura 5.14 Ácidos graxos essenciais O ácido linolênico (um ácido graxo ômega-6) e o ácido alfa-linolênico (um ácido graxo ômega-3) são ácidos graxos essenciais que você precisa obter na dieta. Outros ácidos graxos podem ser produzidos a partir desses ácidos graxos. #AsAventurasBJ Realce © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . Quanto de gordura você precisa todos os dias? 113 O colesterol tem muitas funções importantes O corpo precisa de colesterol como parte das membranas celulares e como precursor para a vitamina D e os ácidos biliares. O colesterol também é o precursor para os hormônios sexuais, como o estrogênio e a testosterona, que ajudam a determinar as características sexuais. A confusão em torno do colesterol continua. Embora o colesterol alimentar tenha sido proclamado como não saudável, o colesterol no sangue pode ser “bom” ou “ruim”. Como uma substância pode ser tanto o Médico e o Monstro? Mais adiante neste capítulo, iremos analisar os efeitos do colesterol na saúde e tentaremos esclarecer essa confusão. Durante a discussão, tenha em mente que o colesterol na dieta não é o único fator que determina os níveis de colesterol no sangue. OA 5.3 Lembre-se A gordura contém 9 calorias por grama e é uma fonte abundante de energia que funciona como combustível para o corpo. A gordura amortece e protege os ossos, órgãos e nervos e isola você, ajudando a manter a temperatura do corpo. A gordura também fornece ácidos graxos essenciais e é necessária para a absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenoides. Os ácidos graxos essenciais, o ácido linolênico (um ácido graxo ômega-6) e o ácido alfa-linolênico (um ácido graxo ômega-3), são necessários para manter as células saudáveis. O ácido linolênico é necessário para produzir o ácido araquidônico e os eicosanoides. Uma quantidade limitada de ácido alfa- linolênico pode ser convertida em dois outros ácidos graxos ômega-3, EPA e DHA, que também estão presentes no peixe. O colesterol faz parte das membranas celulares e é necessário para produzir vitamina D, ácidos biliares e hormônios sexuais. Quanto de gordura você precisa todos os dias? OA 5.4 Definir as recomendações nutricionais para gordura total, ácidos graxos essenciais, gordura saturada, colesterol e gordura trans. À primeira vista, parece que o consumo de gordura pelos norte-americanos aumentou e diminuiu ao longo do século. Nos anos 1930, os americanos estavam consumindo cerca de 34% das calorias de gordura; esse número subiu para 42% em meados da década de 1960. Até 1984, o consumo de gordura havia diminuído para 36% do total de calorias, e o consumo atual é de cerca de 34% das calorias.4 Contudo, embora os níveis de consumo de hoje estejam em conformidade com as recomendações atuais, ainda não conseguimos cortar os sundaes da vida. Medir o consumo de gordura somente como percentual do total de calorias e não incluir o tipo de gordura pode ser um caminho tortuoso. Você irá ler mais adiante que a quantidade de gordura saturada não saudável para o coração que consumimos todos os dias pode precisar de alguns ajustes. No entanto, a gordura alimentar ainda é essencial para a saúde. Então o quanto você deve consumir? Você precisa consumir um percentual específico de calorias diárias provenientes de gordura A recomendação atual da faixa de distribuição aceitável de macronutrientes é que 20 a 35% das calorias diárias devem ser provenientes de gordura. Para alguns indivíduos, especialmente aqueles que são sedentários ou estão acima do peso, uma dieta com muito pouco teor de gordura (fornecendo menos de 20% das calorias diárias provenientes de gordura) que é consequentemente rica em carboidratos pode causar um aumento de gordura no sangue e uma redução do colesterol HDL bom, uma combinação não exatamente saudável para o coração. Para outros, o consumo de mais de 35% das calorias totais de gordura pode perpetuar a obesidade, que é um fator de risco para doenças cardíacas.5 © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 114 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios cis Os hidrogênios ficam do mesmo lado da ligação dupla trans Os hidrogênios ficam em lados opostos da ligação dupla Os óleos vegetais são boas fontes de ácidos graxos essenciais. C C C C H HH H Figura 5.15 Criação de ácidos graxos trans A hidrogenação de um ácido graxo insaturado, ou a adição de hidrogênio a este, criará um ácido graxo mais saturado. Esse processo também causará a mudança repentina das ligações duplas de uma posição cis para uma posição trans. Isso cria um ácido graxo trans. hidrogenação Adição de hidrogênio em um ácido graxo insaturado para torná-lo mais saturado e sólido em temperatura ambiente. ácidos graxos trans Substâncias que resultam da hidrogenação de um ácido graxo insaturado, causando a reconfiguração de algumas das ligações duplas deste. Uma pequena quantidade de ácidos graxos trans que ocorre naturalmente em alimentos de origem animal. gordura trans Substância composta em sua maioria por ácidos graxos trans. rancidez A quebra ou deterioração de gorduras por oxidação. Embora o consumo de gordura não irá fazer você engordar a menos que você consuma continuamente mais calorias do que precisa, lembre-se de que a gordura alimentar contém mais que o dobro de calorias por grama de carboidratos ou proteínas. Portanto, o consumo de muitos alimentos gordurosos pode perpetuar um problema de controle do peso. Vários estudos de pesquisa têm demonstrado que a redução da gordura alimentar também pode diminuir as calorias alimentares, o que pode resultar em perda de peso.6 Consequentemente, o controle do consumo de gordura pode ajudar a controlar o peso. De acordo com a recomendação da faixa de distribuição aceitável de macronutrientes, se você precisa de 2.000 calorias diárias para manter o peso, você pode consumir entre 44 e 78 g de gordura por dia (Tabela 5.1). Para a saúde do coração, você deve consumir menos de 10% (o ideal seria menos de 7%) das calorias da dieta, ou 16 a 22 g, de gorduras saturadas. Você precisa consumir uma quantidade específica de ácidos graxos essenciais todos os dias Para garantir que você consome o suficiente de ácido linolênico e ácido alfa- linolênico, uma quantidade recomendada foi estabelecida para cada um desses nutrientes importantes. No mínimo 5% e no máximo 10% do total de calorias na dieta devem ser provenientes do ácido linolênico, e o ácido alfa-linolênico deve compor de 0,6% a 1,2% do total de calorias que você consome.7 Essas quantidades recomendadas se baseiam nas necessidades calóricas estimadas de acordo com suaidade e sexo. Por exemplo, homens com idade entre 19 e 50 anos precisam de 17 g de ácido linolênico por dia e mulheres entre 19 e 50 anos que não estejam grávidas ou amamentando precisam de 12 g diárias. Para o ácido alfa-linolênico, homens com idade entre 14 e 70 precisam de 1,6 g por dia, enquanto que mulheres da mesma idade precisam de 1,1 g ao dia. Minimize as gorduras saturada e trans na dieta Embora seja necessário incluir ácidos graxos essenciais na alimentação, alguns tipos de gordura devem ser evitados. Gorduras sólidas (como manteiga, gordura de frango, creme de leite, óleo de coco, óleo de palma e óleo de palmiste) são as principais fontes de gordura saturada não saudável para o coração e óleos hidrogenados são fontes significativas de gordura trans na dieta (conforme mencionado no Capítulo 2). Essas gorduras sólidas normalmente estão presentes em vários alimentos, que incluem sanduíches de hambúrguer, carne bovina, carne de aves, preparações com frutos do mar, pizza, arroz, massas e preparações com grãos, bem como salgadinhos, doces e produtos lácteos.8 O consumo de gordura saturada em excesso pode levar a níveis mais altos do transportador de colesterol LDL “ruim” (você irá aprender mais sobre como essas lipoproteínas implicam no risco de doenças cardíacas mais adiante neste capítulo). Algumas das gorduras trans presentes nos alimentos são criadas por fabricantes de alimentos pelo processo de hidrogenação. A hidrogenação envolve o aquecimento de um óleo e a exposição dele ao gás hidrogênio, o que faz algumas ligações duplas no ácido graxo insaturado se tornarem saturadas com o hidrogênio. Normalmente, os hidrogênios de uma ligação dupla são alinhados em uma configuração cis (cis = igual), ou seja, todos estão no mesmo lado da cadeia de carbono no ácido graxo. Durante a hidrogenação, alguns hidrogênios atravessam para o lado oposto da cadeia de carbono, resultando em uma configuração trans (trans = atravessar) (Figura 5.15). O ácido graxo recentemente configurado agora é um ácido graxo trans sintético. Essas gorduras trans são, na verdade, piores para a saúde do coração do que a gordura saturada, pois elas não apenas aumentam os níveis de colesterol LDL, como também reduzem o colesterol HDL no corpo. As gorduras trans foram inicialmente usadas em diversos alimentos processados por fornecerem textura mais rica, maior resistência à rancidez e uma validade maior do que as gorduras insaturadas. Depois que a gordura saturada deixou de ser utilizada nos anos 1980, devido à pesquisa que confirmou a associação desta gordura com doenças cardíacas, as gorduras trans passaram a ser comercializadas de forma geral. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . De que maneira o corpo utiliza a gordura e o colesterol? 115 Caso você precise desta quantidade de calorias para manter o peso Você não deve consumir mais do que isso Gordura (gramas) (20% a 35% do total de calorias) Gordura saturada (gramas) (<7% a 10% do total de calorias) 1.600 36-62 12-18 1.700 38-66 13-19 1.800 40-70 14-20 1.900 42-74 15-21 2.000 44-78 16-22 2.100 47-82 16-23 2.200 49-86 17-24 2.300 51-89 18-26 2.400 53-93 19-27 2.500 56-97 19-28 2.600 58-101 20-29 2.700 60-105 21-30 2.800 62-109 22-31 Mulheres sedentárias devem consumir aproximadamente 1.600 calorias por dia. Adolescentes do sexo feminino, mulheres ativas e muitos homens sedentários precisam de aproximadamente 2.200 calorias por dia. Adolescentes do sexo masculino, muitos homens ativos e algumas mulheres ativas precisam de cerca de 2.800 calorias por dia. Para determinar a quantidade de calorias que você precisa consumir diariamente, consulte a Tabela 2.1 no Capítulo 2. O percentual de calorias provenientes da gordura e as gramas correspondentes de gordura podem ser calculadas pela multiplicação do número de calorias que você consome ao dia por 20% e 35% e depois a divisão destes números por 9. (A gordura fornece 9 calorias por grama). Por exemplo, se você consome 2.000 calorias por dia: 2.000 × 0,20 (20%) = 400 calorias ÷ 9 = 44 g 2.000 × 0,35 (35%) = 700 calorias ÷ 9 = 78 g A faixa de consumo de gordura deve ser de 44 a 78 g por dia. Para saber o máximo de gramas de gordura saturada que você deve consumir diariamente, repita o processo: 2.000 × 0,07 (7%) = 140 calorias ÷ 9 = 16 g 2.000 × 0,10 (10%) = 200 calorias ÷ 9 = 22 g A quantidade total de consumo de gordura saturada não deve ultrapassar 22 g por dia. Tabela 5.1 Limitando o consumo de gordura Tudo desde cookies, bolos e bolachas até batatas fritas e donuts usaram gordura trans para manter a textura e a validade. As gorduras trans também eram normalmente utilizadas para fritura nos restaurantes fast-food. Para conscientizar mais os consumidores sobre a gordura trans, a FDA determinou em 2006 que a maioria dos alimentos, e até mesmo alguns suplementos alimentares, como barras energéticas, listasse as gramas de gordura trans por porção na tabela de informação nutricional no rótulo do alimento. O rótulo permite que você some rapidamente as gorduras saturada e trans listadas e facilita o monitoramento da quantidade dessas gorduras que você consome. Devido a essa exigência de rotulagem, muitos fabricantes de alimentos reformularam os produtos para remover ou reduzir a quantidade de gordura trans produzida com a hidrogenação. A FDA propôs a proibição de óleos parcialmente hidrogenados nos alimentos para reduzir o consumo de gordura trans nos Estados Unidos. Reduzir a quantidade de gorduras sólidas na dieta ajudará você a diminuir o consumo de gorduras saturada e trans (consulte a Figura 5.16).9 A pasta de amendoim industrializada não contém qualquer nível detectável de ácidos graxos trans. Apesar do uso de óleo parcialmente hidrogenado como estabilizador em muitas marcas de pasta de amendoim, a quantidade é tão pequena que se torna insignificante. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 116 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios Figura 5.16 Principais fontes de gorduras saturada e trans para os americanos A redução da quantidade de alimentos que contêm gorduras sólidas, como queijo, pizza, sobremesas à base de grãos e preparações com carne ajudará você a diminuir as gorduras saturada e trans da dieta. O impacto do colesterol na dieta Como mencionado anteriormente, o corpo humano é capaz de produzir todo o colesterol de que precisa. Portanto, você não precisa consumi-lo na dieta. Homens adultos nos Estados Unidos consomem atualmente cerca de 338 mg por dia, enquanto que mulheres adultas ingerem 229 mg de colesterol por dia, em média, o que é coerente com as recomendações anteriores para limitar o colesterol alimentar a, no máximo, 300 mg por dia. As pesquisas mais recentes sugerem que o colesterol alimentar tem menos impacto nos níveis de colesterol no sangue do que a gordura saturada e o consumo atual de 229 a 338 mg de colesterol alimentar entre os norte-americanos saudáveis apresenta pouco efeito nos níveis de colesterol no sangue.10 Contudo, o consumo muito alto de colesterol alimentar pode elevar os níveis de colesterol no sangue. Manter os tipos de lipídios corretos e se lembrar do quanto se deve consumir ou evitar cada um pode ser um desafio. O resumo a seguir deve ajudar você a se lembrar do que aprendeu até o momento: • CERTIFIQUE-SE de obter a quantidade suficiente dos dois ácidos graxos essenciais saudáveis para o coração, ácido linolênico e ácido alfa-linolênico, na dieta por meio do consumo de quantidades adequadas de gorduras poli- insaturadas nas refeições diárias. • ESCOLHA gorduras mono- e poli-insaturadas em vez de gorduras saturadassempre que possível, pois as gorduras insaturadas são melhores para você. As gorduras saturadas devem ser mantidas abaixo de 10% do total de calorias, pois não são boas para o coração nem para os níveis de colesterol no sangue. • NÃO inclua gordura trans na dieta. Elas não são saudáveis para o coração e para os níveis de colesterol no sangue. Além disso, devem ser consumidas o mínimo possível. • NÃO se preocupe em consumir colesterol suficiente, já que o corpo produz o necessário. No que se refere a manter o controle do consumo de gordura, contar as gramas de gordura presente nos alimentos que você consome é a melhor estratégia. A Tabela 5.1 apresenta uma faixa saudável do consumo recomendado de gordura com base nas suas necessidades calóricas diárias. (Para descobrir as suas necessidades calóricas diárias aproximadas, consulte o Capítulo 2). Use a Autoavaliação para estimar o quanto de gordura e gordura saturada você consome por dia. Todas as outras categorias de alimentos 24,5% Batatas brancas fritas 2,0% Pratos com nozes e sementes e porção sortida de nozes e sementes 2,1% Batata/milho/ outros salgadinhos 2,4% Manteiga 2,9% Doces 3,1% Pratos com ovo e mistos de ovo 3,2% Leite integral 3,4% Pratos com massa e mistos de massas 3,7% Leite com baixo teor de gordura 3,9% Pratos com carne e mistos de carne 4,1% Tortillas, burritos, tacos 4,1% Hambúrgueres 4,4% Salsicha, bacon, costelas 4,9% Pratos com frango e mistos de frango 5,5% Sobremesas à base de produtos lácteos 5,6% Sobremesas à base de grãos 5,8% Pizza 5,9% Queijo normal 8,5% Quais são as melhores fontes alimentares de gorduras? 117 Autoavaliação © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . OA 5.4 Lembre-se Você precisa consumir uma determinada quantidade de gordura na dieta, especialmente ácidos graxos essenciais, porém deve limitar outros tipos de gordura, como gorduras saturadas e gorduras trans. O consumo de gordura deve variar de 20 a 35% do seu total de calorias. Para atender às necessidades de ácidos graxos essenciais, 5 a 10% das calorias devem ser provenientes do ácido linolênico e 0,6 a 1,2% das calorias diárias devem ser provenientes do ácido alfa-linolênico. No máximo 10% do consumo de gordura deve ser proveniente da gordura saturada, e a gordura trans deve ser limitada na dieta. Você não precisa consumir colesterol dos alimentos, pois o corpo produz todo o colesterol necessário. Quais são as melhores fontes alimentares de gorduras? OA 5.5 Identificar as principais fontes alimentares dos diferentes tipos de gordura, incluindo os ácidos graxos essenciais, as gorduras saturadas e as gorduras trans. Os alimentos que contêm gorduras insaturadas (as gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas) são melhores para a saúde do que os alimentos com alto teor de gordura saturada, colesterol e/ou gordura trans. Então onde você pode encontrar as gorduras mais saudáveis nos alimentos? As gorduras insaturadas são abundantes nos óleos vegetais, como os de soja, milho e canola, bem como na soja, nas nozes, na pasta de amendoim, na linhaça e no gérmen de trigo. Óleos vegetais, nozes e linhaça também são boas fontes de ácidos graxos essenciais. Na verdade, todos os alimentos listados na Figura 5.17 são excelentes fontes de gorduras insaturadas e ácidos graxos essenciais. Figura 5.17 Fontes alimentares de ácidos graxos essenciais Vários tipos de óleo e nozes contêm elevadas quantidades dos dois ácidos graxos essenciais que você precisa obter na dieta. A sua dieta é sobrecarregada de gordura e/ou gordura saturada? Existem fontes surpreendentes de gordura na sua dieta? Use o programa de análise de dieta, a Tabela de composição de alimentos e/ou os rótulos dos alimentos para monitorar o consumo de gordura por dia. Qual a comparação do seu consumo atual com a quantidade recomendada para você na Tabela 5.1? Qual a quantidade de gordura presente na sua dieta? Diário alimentar Alimento/bebida Quantidade Gordura (g) Gordura saturada (g) Café da manhã Lanche Almoço Lanche Jantar Lanche Total Ad ul to s de 1 9 a 50 a no s Ad ul to s de 1 9 a 50 a no s G ra m as ( g ) d e á ci d o li n o lé ic o e ác id o a lf a- lin o lê n ic o 3,0 7,0 2,0 1,0 5,0 4,0 So ja , a ss ad a, 1 / 4 x íc ar a Ó le o de s oj a, 1 c ol he r d e so pa Ó le o de c an ol a, 1 c ol he r d e so pa N oz es , 1 /4 xí ca ra Am ên do as , 1 /4 xí ca ra 1,0 2,0 8,5 Li nh aç a, 1 / 4 x íc ar a 10,0 De 12 a 17 1,1–1,6 Proteína Necessidades lácteasÓleos Ácido linoléico Ácido alfa-linolênico 0,5 © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 118 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios O queijo cheddar por cima do cheeseburguer contém mais gordura e gordura saturada por grama do que o hambúrguer. Figura 5.18 Onde está a gordura saturada nos alimentos? A gordura saturada pode ser encontrada nos produtos de origem animal, óleos tropicais e alimentos hidrogenados. Escolher versões com menos gordura saturada de alguns dos seus alimentos favoritos nas refeições e nos lanches pode reduzir bastante a quantidade de gordura saturada que você consome na dieta. A maior parte da gordura saturada na dieta é proveniente dos alimentos de origem animal, como produtos lácteos integrais, por exemplo, queijo, manteiga e sorvete, cortes gordos de carne e a pele de aves. A escolha de carnes magras e produtos lácteos, carne de aves sem pele e patês à base de óleo irã ajudar você a minimizar a gordura saturada na dieta. Alguns óleos vegetais, como o óleo de coco, de palma e de palmiste, contêm alto teor de gordura saturada. Embora os fabricantes de alimentos utilizem atualmente esses óleos tropicais altamente saturados com menos frequência, eles ainda podem ser encontrados em alimentos como balas, produtos de panificação industrializados e sorvetes gourmet. Verificar o rótulo dos ingredientes nas embalagens dos alimentos é a melhor forma de descobrir se esses óleos estão presentes nos alimentos que você come (Figura 5.18). Sorvete de limão gourmet, 1 xícara 0 5 10 15 20 25 Sorvete de baunilha gourmet, 1 xícara 21,0 Verduras com molho, 1 xícara de verduras e 1/2 xícara de molho Nachos com queijo, 56 g de batata chips e 85 g de queijo Salmão grelhado, 85 g Costela especial, 85 g 2,0 13,0 21,0 0 0 Batata assada (pequena) com 1 colher de sopa de margarina light Purê de batatas com manteiga e leite, 1 xícara Cachorro-quente de peru Cachorro-quente de carne 3,0 6,5 6,0 2,0 Sanduíche de rosbife Sanduíche de carne com queijo 2,0 10,0 Pizza de cogumelo e pimenta, 2 fatias Pizza de pepperoni, 2 fatias 4,5 1,5 Hambúrguer vegetariano no pão de hambúrguer Cheeseburger no pão de hambúrguer 1,5 13,5 Muffin inglês com 1 colher de sopa de margarina light Bagel com 56 g de requeijão cremoso 13,0 2,0 Leite desnatado, 1 xícara Leite integral, 1 xícara <0,5 5,0 Leite semidesnatado (56 g) no café Creme (56 g) no café 0,5 7,0 Café da manhã Gramas (g) de gordura saturada Almoço Jantar Lanches © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . Quais são as melhores fontes alimentares de gorduras?119 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ól eo d e c oc o* Ól eo d e p alm ist e* Ma nte iga Go rd ur a d a c ar ne (se bo ) Ól eo d e p alm a* Go rd ur a d e p or co (b an ha ) Go rd ur a d e f ra ng o Go rd ur a v eg eta l Ma rg ar ina em b ar ra Ól eo d e s em en te de al go dã o Ma rg ar ina cr em os a Ól eo d e a me nd oim Ól eo d e s oja Az eit e d e o liv a Ól eo d e m ilh o Ól eo d e g ira ss ol Ól eo d e c an ola Ól eo d e c ár tam o C om po si çã o de á ci do s gr ax os (% d o to ta l) Gordura saturada Gordura monoinsaturada Gordura poli-insaturada Gorduras sólidas Óleos Nutrição prática VÍDEO Figura 5.19 Composição de diversas gorduras Os alimentos variam na composição de gordura. *O óleo de coco, óleo de palmiste e óleo de palma são chamados de óleos porque são derivados das plantas. Entretanto, eles são semissólidos em temperatura ambiente devido ao alto teor de ácidos graxos saturados de cadeia curta. São considerados gorduras sólidas para fins nutricionais. Como todas as gorduras e óleos são uma combinação de ácidos graxos, não é apenas impossível eliminar a gordura saturada da dieta, como também não é saudável fazer isso Figura 5.19). O corte extremo de gorduras e óleos pode levar a eliminação desnecessária de alguns alimentos, como os óleos de soja e de canola, carnes magras, carne de peixe, carne de aves e produtos lácteos com baixo teor de gordura, o que poderia deixar você com deficiência de nutrientes importantes, como os ácidos graxos essenciais, proteína e cálcio. Lembre-se apenas de manter o consumo alimentar de gordura saturada abaixo de 10% do total de calorias diárias. Em média, os norte-americanos consomem 11% das calorias diárias a partir de gordura saturada, de modo que provavelmente você precisará reduzir o consumo.11 Você pode usar a Figura 5.18 para fazer escolhas alimentares com baixo teor de gordura saturada em algumas das refeições e lanches. OA 5.5 Lembre-se Consumir carnes magras, carnes de aves sem pele, produtos lácteos sem gordura e óleos vegetais, bem como limitar produtos de panificação industrializados e petiscos é uma boa estratégia para a boa saúde geral. Esses alimentos irão fornecer uma quantidade suficiente de gorduras insaturadas saudáveis, com muitos ácidos graxos essenciais, e ao mesmo tempo irão limitar o consumo de gorduras saturadas não saudáveis. Fazendo escolhas Magras Você sabe quanta gordura está presente no sorvete? Você pode se surpreender! Escaneie o código QR com um dispositivo móvel para ver o vídeo. Você também pode acessar o vídeo em . © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 120 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios O que é doença cardíaca e o que aumenta seu risco de incidência? OA 5.6 Descrever o desenvolvimento de aterosclerose, incluindo seu papel no risco de doenças cardíacas. A doença cardiovascular abrange várias condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, incluindo problemas nas válvulas cardíacas, batimentos cardíacos irregulares, infecções e outros problemas. Porém, o tipo mais comum de doença cardiovascular é a doença coronariana, que afeta os vasos sanguíneos que atendem o músculo cardíaco e pode levar a um ataque cardíaco. Este é o tipo em que nos concentraremos neste capítulo. A doença cardíaca é a maior causa de óbitos de adultos nos Estados Unidos desde 1918. Atualmente, ela é a causa de uma em cada seis mortes entre os norte- americanos.23 Vamos examinar como a doença cardíaca se desenvolve e os tipos de lipídios que podem acelerá-la. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que é doença cardíaca e o que aumenta seu risco de incidência? 121 Fatores que você não pode controlar Fatores que você pode controlar Idade e sexo Histórico familiar de doença cardíaca Diabetes mellitus tipo 1 Diabetes mellitus tipo 2 Pressão arterial alta Tabagismo Inatividade física Excesso de peso Nível baixo de colesterol HDL “bom” Nível alto de colesterol LDL “ruim” Uma em cada 30 mulheres norte-americanas morre todos os dias de câncer de mama, porém um em cada quatro óbitos de mulheres adultas é decorrente de doença cardíaca.26 Tabela 5.2 Fatores de risco para doenças cardíacas A doença cardíaca começa com o entupimento das artérias A doença cardíaca se desenvolve quando as paredes das artérias coronárias, os grandes vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e outros nutrientes para o coração, acumulam substâncias como gordura e colesterol. Conforme a artéria vai ficando estreita, o fluxo de sangue é impedido e menos oxigênio e nutrientes são fornecidos ao coração. Quando o coração não recebe oxigênio suficiente, podem ocorrer dores no peito. O estreitamento da artéria também aumenta a probabilidade de bloqueio do vaso por um coágulo de sangue, causando um ataque cardíaco. Se a artéria leva ao cérebro, pode ocorrer um acidente vascular cerebral (AVC). Aproximadamente a cada 34 segundos, um adulto sofre um ataque cardíaco nos Estados Unidos.24 A causa exata do estreitamento das artérias, também chamado de aterosclerose (atero = pasta, esclero = endurecimento, se = condição), é desconhecida, porém os pesquisadores acreditam que ele começa com uma lesão no revestimento interior de uma artéria e a inflamação subsequente da área lesionada (consulte a Figura 5.20). Níveis séricos elevados de colesterol e gordura, pressão arterial alta, diabetes e tabagismo provavelmente contribuem para a lesão. Com o tempo, as LDLs e outras substâncias são depositadas em uma parede arterial lesionada. As LDLs se infiltram abaixo do revestimento do vaso, tornam-se oxidados e atraem macrófagos (células do sistema imunológico), que ficam maiores com a LDL carregada de colesterol e se desenvolvem em células espumosas. As células espumosas se acumulam na parede da artéria, junto com as plaquetas (fragmentos de células no sangue), as fibras de proteína de cálcio e outras substâncias, para formar uma placa. A placa estreita a passagem da artéria. Quais são os fatores de risco para a doença cardíaca? Embora o principal fator de risco para a doença cardíaca seja o nível elevado de colesterol LDL, outros fatores de risco também existem. Alguns deles são possíveis de controlar; outros não (consulte a Tabela 5.2). Fatores de risco que você não pode controlar Conforme o colesterol no sangue aumenta, o risco de doença e ataques cardíacos também se torna maior. O nível de colesterol no sangue tende a aumentar com a idade até se estabilizar por volta dos 65 anos. O sexo também influencia. Até a menopausa, que ocorre por volta dos 50 anos, as mulheres tendem a apresentar um nível menor de colesterol no sangue que os homens e menos risco de doença cardíaca. Após a menopausa, o nível de colesterol no sangue de uma mulher tende a alcançar e até ultrapassar o de um homem da mesma idade.25 ataque cardíaco Danos permanentes ao músculo do coração que resultam de uma súbita falta de sangue rico em oxigênio. acidente vascular cerebral (AVC) Uma condição causada pela falta de oxigênio no cérebro que pode resultar em paralisia e possível morte. aterosclerose O estreitamento das artérias coronárias devido ao acúmulo de fragmentos nas paredes arteriais. placa O acúmulo endurecido de células espumosas carregadas de colesterol, plaquetas, resíduos de células e cálcionas artérias que resulta em aterosclerose. 122 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios O sangue flui sem obstrução por uma artéria normal saudável. ARTÉRIA SAUDÁVEL O revestimento da artéria está lesionado, atraindo células do sistema imunológico e provocando inflamação. LESÃO ARTERIAL Os lipídios, particularmente LDLs que contêm colesterol, se infiltram sob o revestimento da parede. As LDLs se oxidam. As células do sistema imunológico, atraídas para o local, envolvem as LDLs oxidadas e são transformadas em células espumosas. LIPÍDIOS SE ACUMULAM NAS PAREDES As células espumosas, juntamente com as plaquetas, o cálcio, as fibras de proteínas e outras substâncias, formam depósitos espessos de placas, endurecendo e estreitando as artérias. O fluxo sanguíneo que passa pela artéria é reduzido ou obstruído. FORMAÇÃO DE PLACA As células espumosas se acumulam, formando uma camada de gordura que libera mais substâncias químicas tóxicas e inflamatórias. CAMADA DE GORDURA O acúmulo de placas nas artérias coronárias estreita seu interior e impede o fluxo de sangue rico em oxigênio para o coração. Micrografia da seção transversal de uma artéria saudável Micrografia da artéria com secção transversal da placa. Hemácias Lipídio Lesão Célula espumosa Célula do sistema imunológico (leucócitos) 122 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . Figura 5.20 Desenvolvimento de aterosclerose APRESENTAÇÃO DA FIGURA EM FOCO Escaneie o código QR com um dispositivo móvel para ver uma apresentação em vídeo sobre esta figura por Joan Salge Blake. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . O que é doença cardíaca e o que aumenta seu risco de incidência? 123 O sangue flui sem obstrução por uma artéria normal saudável. ARTÉRIA SAUDÁVEL O revestimento da artéria está lesionado, atraindo células do sistema imunológico e provocando inflamação. LESÃO ARTERIAL Os lipídios, particularmente LDLs que contêm colesterol, se infiltram sob o revestimento da parede. As LDLs se oxidam. As células do sistema imunológico, atraídas para o local, envolvem as LDLs oxidadas e são transformadas em células espumosas. LIPÍDIOS SE ACUMULAM NAS PAREDES As células espumosas, juntamente com as plaquetas, o cálcio, as fibras de proteínas e outras substâncias, formam depósitos espessos de placas, endurecendo e estreitando as artérias. O fluxo sanguíneo que passa pela artéria é reduzido ou obstruído. FORMAÇÃO DE PLACA As células espumosas se acumulam, formando uma camada de gordura que libera mais substâncias químicas tóxicas e inflamatórias. CAMADA DE GORDURA O acúmulo de placas nas artérias coronárias estreita seu interior e impede o fluxo de sangue rico em oxigênio para o coração. Micrografia da seção transversal de uma artéria saudável Micrografia da artéria com secção transversal da placa. Hemácias Lipídio Lesão Célula espumosa Célula do sistema imunológico (leucócitos) Cerca de uma a cada oito mulheres entre 45 e 64 anos tem doença cardíaca, mas esse número salta de uma a cada quatro mulheres com idade acima de 65 anos. A diminuição do nível do hormônio estrogênio em mulheres pós-menopáusicas tem um papel importante no aumento desse risco.27 Devido ao fato de que os níveis elevados de colesterol no sangue podem ser em parte determinados pelos genes, algumas vezes os níveis têm origem na família.28 Se o seu pai ou irmão já apresentou sinais de doença cardíaca antes dos 55 anos, ou a sua mãe ou irmã tiveram estes mesmos sinais antes dos 65 anos, então você tem um risco maior. Ter diabetes também aumenta o risco. Embora a forma menos comum de diabetes, o tipo 1, não possa ser evitada, a forma mais prevalente, a diabetes tipo 2, pode ser controlada. Fatores de risco que você pode controlar Controlar a diabetes pode ajudar bastante a diminuir o risco de doença cardíaca para as pessoas que apresentam essa condição. A diabetes tipo 2 pode ser tratada e, ao longo da leitura deste capítulo, você descobrirá que ela pode até ser evitada, por meio da alimentação, mudanças no estilo de vida e medicações. Adultos com diabetes apresentam probabilidade de duas a quatro vezes maior de morrer de doença cardíaca do que adultos sem diabetes.29 A pressão arterial é outro fator que você pode controlar. A pressão arterial é a força do sangue contra as paredes das artérias. A leitura da pressão arterial consiste em dois números. O primeiro número, chamado de pressão sistólica, é a pressão nas artérias quando o coração contrai. O segundo número, chamado de pressão diastólica, é a pressão nas artérias um momento depois, quando o coração está relaxado. Uma pressão arterial normal é considerada inferior a 120 milímetros de mercúrio (Hg) para a pressão sistólica e inferior a 80 milímetros Hg para a pressão diastólica. Você pode ouvir esta leitura como “120 por 80”. Uma leitura de pressão arterial de 140/90 ou acima é considerada hipertensão, ou pressão arterial alta. As pessoas com hipertensão costumam apresentar uma força acima do normal pressionando as paredes das artérias. Considera-se que isso danifica o revestimento das artérias, provoca inflamação e acelera o acúmulo de placas. A pressão arterial alta crônica também faz o coração bater mais forte que o normal e pode causar o aumento do coração. (O Capítulo 8 contém uma discussão detalhada sobre hipertensão e como uma dieta saudável pode ajudar a baixar a pressão arterial elevada). O tabagismo danifica as paredes das artérias e acelera a aterosclerose e a doença cardíaca. De fato, até mesmo o hábito de fumar pouco ou ocasionalmente pode causar esse dano.30 Como a prática regular de exercícios físicos pode reduzir o colesterol LDL e aumentar o colesterol HDL, ser inativo é um fator de risco para doenças cardíacas. Apesar de um nível elevado de colesterol HDL poder ajudar a proteger você contra uma doença cardíaca, ter um nível de HDL inferior a 40 mg/dl aumenta o risco de doença cardíaca, já que você não tem esse transportador de colesterol “bom” em quantidade suficiente no corpo. Em contrapartida, um nível elevado de colesterol HDL, 60 mg/dl ou mais, é considerado um fator de risco “negativo”. Ou seja, existe uma quantidade tão grande do colesterol “bom” no corpo ajudando a proteger você contra doenças cardíacas que permite que você “apague” um fator de risco da lista. Além de se exercitar regularmente, perder o excesso de peso e parar de fumar podem ajudar a aumentar o colesterol HDL. A prática de exercícios também pode ajudar você a controlar o peso. O sobrepeso pode aumentar o colesterol LDL e aumentar o risco de doenças cardíacas. Considerando que também foi demonstrado que beber quantidades moderadas de álcool pode aumentar o colesterol HDL, outros problemas podem superar esse benefício. Na verdade, para alguns indivíduos, o consumo de álcool não é aconselhado.31 Outros possíveis fatores de risco Alguns indivíduos não apresentam colesterol LDL elevado, mas assim desenvolvem doenças cardíacas, o que indica outros fatores que devem estar afetando a saúde do coração. Esses outros possíveis fatores de risco são chamados de fatores de risco emergentes. pressão arterial normal Menos de 120 mm Hg (sistólica — o primeiro número) e menos de 80 mm Hg (diastólica — o segundo número). Referida como 120/80. hipertensão Pressão arterial alta. © 2017 Lau reate. É p ro ib id a a rep ro d u ção sem p erm issão . 124 Capítulo 5 | Gorduras, óleos e outros lipídios síndrome metabólica Refere-se a uma