Buscar

TRADUÇÃO: Uma Introdução à Terapia Focada na Compaixão na Terapia Cognitivo-Comportamental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Este documento trata-se de uma tradução não-profissional do artigo “An Introduction to Compassion 
Focused Therapy in Cognitive Behavior Therapy”, de Paul Gilbert. A tradução foi realizada por Carlos 
Alberto Dorneles Nonnenmacher, psicólogo e psicoterapeuta cognitivo-comportamental. A tradução visa 
apenas a divulgação do conhecimento científico, da TCC e TFC. Qualquer consideração: 
carlosdornelesn@gmail.com. 
 
International Journal of Cognitive Therapy, 3(2), p. 97-112, 2010 
UMA INTRODUÇÃO À TERAPIA FOCADA NA 
COMPAIXÃO NA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL 
Paul Gilbert 
Kingsway Hospital, Derby, UK 
 
Este artigo salienta as origens antigas da Terapia Focada na Compaixão (TFC) de dentro da 
tradição cognitivo-comportamental (TCC). Ele então se focará em como nossa nova compreensão 
de áreas referentes a sistemas de regulação do afeto e a importância das relações afiliativas e 
gentis na regulação de estados mentais apontam a processos-chave que subjazem dificuldades de 
saúde mental – bem como possíveis mecanismos para a terapia e mudança. A TFC reconhece um 
débito imenso às psicologias Orientais, tais como o budismo, que tem articulado a importância da 
compaixão para nosso bem-estar pessoal e social por milhares de anos. Contudo, a TFC foi 
originalmente desenvolvida para e com pessoas que sofrem com altos níveis de vergonha e 
autocriticismo e que consideram experiências de apoio, gentileza e compaixão – tanto de si 
mesmos quanto de outros – difíceis ou até mesmo assustadoras. O artigo fornecerá o plano de 
fundo conceitual para os artigos seguintes, que se focam nas aplicações da TFC. 
 
Os terapeutas cognitivos há muito reconhecem que as raízes de muitas das nossas 
dificuldades emocionais recaem sobre nossos cérebros evoluídos. Isso foi esclarecido no 
trabalho seminal de em Beck, Emery e Greenberg (1985) sobre ansiedade e na abordagem 
de Beck (1987) à depressão. Existem também escritos específicos explorando a ligação 
entre a terapia cognitiva e a psicologia evolucionista (Gilbert, 2002). A terapia focada na 
compaixão (TFC) está enraizada na psicologia evolucionista (Gilbert, 1984, 1989, 
2009a). Nesse pequeno artigo introdutório, eu salientarei as origens da TFC dentro da 
TCC, suas ligações com a psicologia evolucionista, e tocarei em algumas das suas 
aplicações à vergonha e autocriticismo. 
 
ORIGENS 
 
É sabido há tempos que a ligação entre a cognição e a emoção é complexa. Panksepp 
(2007) delimita diferenças neuroquímicas claras nesses processos, enquanto os 
psicólogos têm apontado distinções em tipos de sistemas de processamento da informação 
que distinguem emoção e cognição (Stott, 2007; Teasdale, 1997). Ademais, distinções 
baseadas em evidências existem entre o processamento consciente e inconsciente, 
implícito e explícito (Hassin, Uleman & Bargh, 2005). As pesquisas também têm 
demonstrado que podemos induzir subliminarmente indivíduos para que forneçam 
considerações imprecisas sobre suas emoções e reações aos estímulos (Haidt, 2001). 
Também sabemos que as autoavaliações e sentimentos estão ligados a representações 
conscientes e inconscientes do self-em-relação com outros – e que não deveríamos 
encarar esquemas de self como socialmente descontextualizados, mas sim como co-
construídos (Baldwin, 1992, 2005; Baldwin & Dandeneau, 2005). Toda essa pesquisa 
claramente indica que devemos ser cuidadosos ao dependermos de declarações verbais e 
explicações conscientes daquilo que o indivíduo sente ou como se comporta. 
 Nós também encontramos o problema da cognição-emoção no contexto clínico, 
na experiência bem conhecida de um paciente dizer que consegue enxergar a lógica de 
gerar pensamentos alternativos ou se envolver em várias “exposições”, mas que isso não 
ajudava sempre a se sentirem diferente. Mesmo que tais intervenções ajudem, eles ainda 
reclamam que se sentem vazios e com poucos sentimentos de bem-estar ou um sentimento 
de conexão com outros. Quando eu explorei em profundidade o porquê de os 
“pensamentos alternativos” não serem “experienciados” como úteis, os pacientes 
revelaram que o tom emocional, e a maneira como “ouviam” seus pensamentos 
alternativos em suas cabeças, era geralmente frio, desapegado ou até mesmo ligeiramente 
agressivo. Os pensamentos alternativos como “Vamos lá, a evidência não apoia essa visão 
negativa de mim como uma falha; lembre o quanto você conquistou semana passada!” 
terão um impacto diferente se ditos a si mesmo (experienciados) de maneira agressiva e 
irritada, do que se ditos lentamente e com gentileza e calor. O mesmo acontece para 
exposições ou tarefas de casa. A maneira como são realizadas (por bullying e se forçando 
versus encorajando e sendo gentil consigo) pode ser tão importante quanto o que está 
sendo feito (Gilbert, 2000ab). 
 Então, pareceu claro para mim que precisávamos focar muito mais nos 
sentimentos das alternativas, não apenas o conteúdo – de fato, um foco excessivo no 
conteúdo não era útil para alguns pacientes com vergonha elevada. Há mais de 20 anos 
atrás, eu simplesmente tentei encorajar os clientes a imaginar uma voz calorosa e gentil 
(poderia ser a sua própria ou de outra pessoa), oferecendo/falando para eles as 
alternativas; ou trabalhando com eles as suas tarefas comportamentais com “sentimentos 
de encorajamento e gentileza”. Alguns pacientes acharam isso notavelmente útil – outros 
tiveram muita dificuldade. Com o passar do tempo, isso levou ao desenvolvimento de 
uma psicoterapia com um foco na compaixão (gentileza) e, então, à TFC. Na época da 
segunda edição de Counselling for Depression (Gilbert, 2000a), todo o foco tinha se 
tornado sobre o “desenvolvimento de calor interno” (veja também Gilbert, 2000b, e a 
terceira edição, 2007a). 
 Contudo, a mudança de foco para as texturas emocionais dos pensamentos 
alternativos e imagens revelariam dois aspectos-chave do trabalho com compaixão. 
Primeiro, os sentimentos de calor e encorajamento estão ligados a sistemas de regulação 
de afeto específicos que evoluíram com apego e possuem uma base neuro-hormonal 
específica. Segundo, algumas pessoas eram resistentes e assustadas para desenvolver 
calor por si mesmos. De fato, ao longo dos anos ficou claro que as pessoas com alta 
vergonha e autocriticismo têm dificuldades na avaliação de sentimentos de (auto)calor, 
compaixão e reasseguramento. Nós até mesmo temos evidências neurofisiológicas para 
esse problema (Longe et al, 2010; Rockliffe, Gilbert, McEwan, Lightman & Glover, 
2008). 
 A história de vida de pessoas com dificuldades de sentir calor por si mesmos 
parece ser aquelas nas quais experimentaram muito pouco no que se refere a compaixão, 
validação, apaziguamento/tranquilização (soothing) e reasseguramento dos pais ou outras 
figuras de apego. Nós agora sabemos que as qualidades afetivas das interações primárias 
possuem um grande impacto no senso de self, habilidades de regulação do afeto e sistemas 
fisiológicos de crianças (Cozolino, 2007). Nós também sabemos que relações primárias 
de apego influenciam as habilidades para ser autocompassivo e resiliente (Masten, 2001). 
 Então, a TFC foi desenvolvida originalmente para, e com, pessoas que sofrem de 
altos níveis de vergonha e autocriticismo, e para quem encontra dificuldades para se 
autotranquilizar e gerar sentimentos de gentileza interna, calor e autorreasseguramento 
(Gilbert, 2000ab, 2007a; Gilbert & Irons, 2005). Ficou óbvio que se esse sistema 
emocional não está funcionando, então o input cognitivo por si só iria encontrar 
dificuldades em ajudar o indivíduo a se sentir diferente. De fato, como agora 
exploraremos, a TFC é baseada nos achados evolucionistas e da neurociência sobre a 
existência de sistemas de regulação doafeto específicos em nossos cérebros. Devido ao 
fato de que o calor está ligado a um regulador inato e natural de nossos sistemas de 
processamento da ameaça (a gentileza nos acalma), a inabilidade de gerar o autocalor é 
um grande problema para algumas pessoas – deixando seus esforços de regulação do afeto 
muito mais frágeis. 
 
OS SISTEMAS DE REGULAÇÃO DO AFETO 
 
As pesquisas recentes sobre a neurociência da emoção sugerem que podemos distinguir 
ao menos três tipos de sistemas de regulação emocional (Depue & Morrone-Strupinsky, 
2005). A saber: sistemas de ameaça e proteção; sistemas de drive, busca por recursos e 
excitação; e sistemas de contentamento, soothing e segurança social. Nós exploraremos 
cada um desses e sua relação com TFC. Estes são, é claro, simplificações para o que são 
sistemas muito mais complexos e de nenhuma forma são as únicas maneiras nas quais 
nossos sistemas de regulação emocional podem ser mapeados, subdivididos e 
conceitualizados (Panksepp, 1998), mas eles oferecem uma heurística útil ao pensamento 
clínico. Uma descrição simples de suas interações é fornecida na Figura 1. 
 
Drive, excitação e vitalidade Contentamento, segurança, conexão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Raiva, ansiedade, aversão 
Figura 1. A interação entre os Três Sistemas Principais de Regulação Emocional. Nota. Gilbert 
(2009a), The Compassionate Mind. Reimpresso com permissão. 
Busca por coisas 
agradáveis 
Realização e 
Ativação 
Foco na afiliação 
Soothing/segurança 
Bem-estar 
Busca por segurança 
e proteção focada 
na ameaça 
Ativação/Inibição 
 
Nós deveríamos também manter em mente que esses sistemas estão interagindo e 
formando padrões. Então, é incorreto localizar excessivamente as funções em um sistema 
específico sozinho. 
 
1. Sistema de Ameaça e Proteção 
 
Todos seres vivos evoluíram com sistemas básicos de detecção e proteção à ameaça. A 
neurociência desses sistemas está crescentemente sendo compreendida (LeDoux, 1998; 
Panksepp, 1998). A função desse sistema é localizar as ameaças rapidamente (focalização 
da atenção e enviesamento) e então nos fornece torrentes de sentimentos como ansiedade, 
raiva ou nojo. Esses sentimentos atravessam nossos corpos, nos alertando e fazendo com 
que tomemos ações para fazer algo quanto a ameaça – se proteger. Os outputs 
comportamentais incluem aqueles de luta, fuga e submissão (Gilbert, 2001; Marks, 1987). 
Em parte porque o sistema é orientado a “melhor prevenir do que remediar” (better safe 
than sorry, Gilbert, 1998), ele é facilmente condicionado (no sentido do condicionamento 
clássico), tornando possível a ativação rápida e pré-consciente de (por exemplo) detecção 
de ameaças baseadas na amígdala e de respostas a vários estímulos (Rosen & Schulkin, 
1998). Podemos ser tomados com emoções baseadas em ameaça antes que pensamentos 
conscientes surjam. Devemos então tentar explicar que nossos sentimentos e explicações 
que damos a nós mesmos não são necessariamente verdadeiros (Haidt, 2001). Além disso, 
a regulação genética e sináptica de neurotransmissores como serotonina desempenha um 
papel no funcionamento do sistema de ameaça-proteção (Caspi & Moffitt, 2006). 
Problemas com o sistema de ameaça estão ligados a: 
 
1. Os tipos de gatilhos que ativam o sistema de ameaça-proteção, ligados à natureza 
da ameaça, respostas emocionais condicionadas e significados pessoais. 
2. Os tipos e formas da resposta de proteção, por exemplo: raiva ou ansiedade; luta 
ou fuga; batimento cardíaco, náusea, suor, enrubescimento; pensamentos rápidos 
e foco atencional. 
3. A rapidez e intensidade da resposta de proteção à ameaça. 
4. A duração da resposta de proteção à ameaça e das maneiras de acalmar a ativação 
aversiva à ameaça. 
5. A frequência da ativação do sistema de ameaça-proteção ligada a estímulos 
contextuais externos (por exemplo, viver em uma vizinhança violenta) e internos 
(por exemplo, autocriticismo, ruminação, preocupação). 
6. A maneira como diferentes formas de coping (por exemplo, evitação experiencial 
e estratégias de segurança ineficazes) acentuam uma percepção da ativação da 
ameaça em 1 a 5. 
 
Como apontado em outro lugar (Gilbert, 1989, 1993), quase todas psicoterapias são 
focadas nas complexidades da autoproteção à ameaça (apesar de não necessariamente ser 
conceitualizada dessa forma), mas possuem diferentes teorias e métodos para se envolver 
com problemas desse sistema. 
 A operação suave do sistema de ameaça e autoproteção pode ser difícil, por conta 
de “problemas no design” e como muitas das suas opções de resposta conflitam umas 
com as outras (Gilbert, 2009a, 2010). Por exemplo, imagine que você tem trabalhado 
muito em algo, entrega para seu chefe e ele critica você. Nesse contexto, você pode se 
sentir com raiva, ansioso e possivelmente triste – tudo ao mesmo tempo. A terapia 
cognitiva sugere que isso estará ligado a uma gama de interpretações sobre as críticas. Na 
TFC, nós sugeriríamos que o criticismo é uma ameaça interpessoal e, como somos seres 
evoluídos sensíveis a isso, ele pode ativar automaticamente o sistema de ameaça, dos 
quais várias emoções e interpretações podem advir – algumas podendo ser ligadas 
experiências passadas e memórias emocionais. Assim, na TFC presumiríamos isso e 
perguntaríamos: “Nessa situação, o que sua parte com raiva pensa; o que sua parte ansiosa 
pensa; o que sua parte triste-desapontada pensa?”. Isso ilumina e normaliza os 
pensamentos e sentimentos múltiplos e conflitivos. De fato, isso também ajudará a pessoa 
a pensar sobre os conflitos de se sentir com raiva e se sentir ansiosa, se sentir ansiosa 
sobre se sentir com raiva e, se ela se comporta muito submissamente, sentir raiva sobre 
se comportar ansiosamente e submissamente. A TFC ajuda as pessoas a pensar sobre os 
conflitos das emoções e as ambivalências, porque as pessoas ficam frequentemente 
confusas ou envergonhadas de algumas de suas reações às coisas – elas podem temer a 
raiva ou se entristecer quando são criticadas. A TFC treina os terapeutas para 
compreenderem as complexidades dos sistemas de ameaça-proteção a partir de bases da 
neurociência comportamental. 
 Na TFC, há muita discussão sobre as respostas de ameaça-proteção como formas 
de estratégias de segurança (Salkovskis, 1996; Thwaites & Freeston, 2005), muitas das 
quais se desenvolveram cedo na vida. O foco está na autoproteção (com consequências 
não-planejadas e indesejadas) em vez de na patologia. A formulação explora como 
eventos passados podem ter sensibilizado os sistemas de ameaça, levando ao 
desenvolvimento de memórias emocionais que guiam várias estratégias de segurança e 
assim podem operar automaticamente como respostas condicionadas, incluindo respostas 
conflitivas. Por exemplo, algumas pessoas podem ter estratégias de segurança bem-
sucedidas de submissão. Isso faz com que fiquem alertas do ranking, status e poder de 
outros em relação a si, ter uma tendência a se perceberem como inferiores, rapidamente 
se sentirem socialmente ansiosas e incertas, se envolverem em comportamentos de 
subjugação e evitação frente a conflitos interpessoais (Gilbert, 2005, 2007a). Essas 
estratégias podem levar a uma vulnerabilidade aumentada à ansiedade e depressão, ter 
consequências negativas não-planejadas sobre a autoestima e a habilidade de perseguir 
objetivos de vida. Então, no modelo evolucionista, as estratégias podem envolver 
combinações de estilos de pensamentos, comportamentos e sentimentos (Gilbert 2002; 
veja Gumley et al., este volume, Lowens, este volume; Welford, este volume — para mais 
exemplos de formulação). 
 Estratégias sensibilizadas(de segurança) e fenótipos para a detecção e proteção à 
ameaças podem se tornar formas importantes nas quais uma pessoa percebe e transita no 
mundo. Como muitos autores deste volume assinalam, o terapeuta de TFC irá identificar, 
contextualizar historicamente e validar as funções e origens das estratégias de segurança, 
bem como buscará o seu desenvergonhamento (de-shame) (Gilbert, 2007a, 2007b; 
Linehan, 1993; Ogden, Mindon, & Pain, 2006; Van der Hart, Nijenhuis, & Steele, 2006). 
Na TFC, o foco está na compreensão das funções dos sintomas e dificuldades pessoais 
em termos de estratégias de segurança compreensíveis e da organização do sistema de 
ameaça. 
 Os primeiros aspectos da compaixão crescem desse tipo de formulação, porque 
ela ajuda os pacientes a reconhecer que sua patologia e sintomas “não são culpa deles”, 
mas estão ligados à maneira como nossos cérebros evoluíram (nós temos cérebros muito 
difíceis de gerenciar; Gilbert, 2009a), como foram moldados socialmente pelos nossos 
ambientes, e que todos seres vivos são prontos para a autoproteção e criação de estratégias 
de segurança complexas – independente se elas são fontes de felicidade ou não (Gilbert, 
2009a, 2010). A partir disso, é possível começar a desenvolver reflexões compassivas e 
validantes (não apenas insight) sobre o fato de se ter precisado desenvolver essas 
estratégias de segurança. Na TFC, uma vez que os indivíduos abrem mão da crítica, 
condenação e culpabilização de si mesmos por suas estratégias de segurança, sintomas, 
pensamentos ou sentimentos, eles se tornar mais livres para ir em direção à tomada de 
responsabilidade e aprendizagem de enfrentamento. 
 A TFC considera um número de maneiras nas quais o sistema de ameaça pode ser 
ativado através da ativação de memórias emocionais condicionadas (Brewin, 2006; Rosen 
& Schulkin, 1998), significados pessoais e o conteúdo das crenças, mas também como 
um resultado da ruminação e preocupação. O impacto da ruminação e preocupação é que 
elas agem como estimuladores internos constantes do sistema de ameaça (Fisher & Wells, 
2009; Wells, 2000). 
 
2. Sistema de Drive e Excitação 
 
Os animais precisam ter sistemas motivacionais e emocionais que os direcionem a 
importantes recompensas e recursos. Isso inclui comida, oportunidades sexuais, alianças, 
espaços para ninhos, territórios, assim em diante. Assim, a função desse sistema é 
fornecer sentimentos positivos que nos energizem e guiem para buscarmos coisas (por 
exemplo, comida, sexo, amizades); é um “sistema de desejos” que nos guia a importantes 
objetivos de vida, ligados fortemente com a atividade da dopamina (Depue & Morrone-
Strupinsky, 2005). Se ganhamos uma competição, passamos em um exame ou 
conseguimos sair com uma pessoa desejada, podemos ter sentimentos de excitação e 
prazer (um furor de dopamina). Se as pessoas usam cocaína ou anfetamina, este é o 
sistema que elas mais provavelmente estimularão. Na psicologia budista, os sentimentos 
positivos ligados a esse tipo de sistema de realizações e satisfação de desejos pode nos 
dar prazer, mas não felicidade (Dalai Lama, 2001; Ricard, 2006). Isso ocorre em parte 
porque nossos sentimentos de prazer são dependentes de nossas recompensas, recursos e 
realizações. Eles têm vida curta, porque (de uma perspectiva evolucionista) os recursos 
como comida e sexo precisarão ser conquistados de novo e de novo – de forma que 
ninguém nunca pode estar satisfeito por muito tempo. 
 O sistema de drive e o sistema de ameaça-proteção podem estar ligados de 
maneiras complexas, especialmente quando estamos motivados a evitar eventos negativos 
que aparecem em pensamentos de “poderias, terias e deverias”. Alguns indivíduos podem 
buscar status, posses materiais e realizações para se sentirem seguros e evitarem rejeição, 
ou evitarem a subordinação ou sentimentos de inferioridade. Esses indivíduos podem 
sentir que precisam provar a si mesmos e precisam estar constantemente conquistando 
coisas. Há crescentes evidências de que há ao menos dois tipos de motivações para a 
realização: uma focada em seus prazeres e benefícios, enquanto a outra foca na prova de 
autovalor e no recebimento de validação dos outros (Dykman, 1998). Essa segunda 
motivação é focada em ameaça e segurança, e quando as pessoas falham, elas não apenas 
ficam desapontadas, mas temem a ameaça da perda de recursos sociais, a marginalização 
e a rejeição (Gilbert, Broomhead, Irons, McEwan, Bellew, Mills, & Gale, 2007). 
 Depue e Morrone-Strupinsky (2005) sugerem que a busca por status, a 
competitividade e a busca em evitar a rejeição estão todas ligadas a esse sistema de drive. 
Então, a TFC explorará as metas do paciente, as funções dessas metas e como ele reage 
se tropeça ou falha ao tentar atingi-las. Existem sentimentos de desapontamento ou um 
ataque mais agressivo ao self ou outros? Alguns indivíduos possuem uma meta de 
autoidentidade, ser “legal e gostado”. A função dessa meta é ganhar o afeto e evitar a 
rejeição e o conflito, mas se isso falha podem se tornar autocríticos. 
 
3. Sistema de Contentamento, Segurança Social (social safeness) e 
Soothing 
 
Quando os animais não estão precisando atentar ou lidar com ameaças e perigos, e 
possuem recursos suficientes, eles podem tentar se tornar contentes ou entrar em estados 
de contentamento (Depue & Morrone-Strupinsky, 2005). As emoções positivas do 
sistema de contentamento são muito diferentes daquelas do sistema de drive, busca por 
recursos e excitação. O contentamento está associado com uma percepção de paz, bem-
estar e tranquilidade – não buscar – e tem sido ligado a sistemas de endorfinas. O 
contentamento não é apenas a ausência de ameaça ou baixa atividade no sistema de 
ameaça. Em vez disso, é um sistema particular ligado a opiáceos que mediam os 
sentimentos de bem-estar e contentamento. 
 Depue e Morrone-Strupinsky (2005) apontam que esse sistema foi 
significativamente desenvolvido na evolução do comportamento de apego. O 
comportamento de cuidado do pai/mãe e, em particular, a proximidade física possuem 
um efeito de soothing na fisiologia da criança. Assim, a TFC integra as descobertas e 
conceitos advindos da pesquisa em apego (Bowlby, 1973; Gilbert, 2005; Mikulincer & 
Shaver, 2007). Porges (2007) também escreveu extensivamente sobre a maneira como os 
sistemas nervosos simpático e parassimpático passaram por mudanças em mamíferos para 
permitir que eles se envolvam em relações interpessoais próximas e apaziguem (soothe) 
um ao outro. O ponto-chave é reconhecer a importância do comportamento de cuidado 
na estimulação do sistema de soothing e segurança social, e assim apaziguar a excitação 
e sofrimento relacionado a ameaças no indivíduo recipiente de cuidado. 
 Trabalhos recentes demonstraram como o carinho-afiliação opera através de um 
sistema de opiáceos e oxitocina, sendo esta um neurohormônio ligado a sentimentos de 
afiliação, confiança e sentimentos de apaziguamento e calma dentro de relações 
interpessoais (Carter, 1998; Depue & Morrone-Strupinsky, 2005; Uväns-Morberg, 1998; 
Wang, 2005). Há crescente evidência de que a oxitocina (ligada a afiliação social) reduz 
a sensibilidade nos circuitos de medo na amigdala, especialmente aos estímulos 
socialmente ameaçadores (Kirsch, Esslinger, Chen et al, 2005). Gilbert (1989, 2005, 
2007a, 2009a) referiu a esse sistema como um sistema de segurança social (social 
safeness) ligado ao afeto e gentileza com propriedades de soothing. 
 
O BÁSICO DA TFC E A NATUREZA DA COMPAIXÃO 
 
A TFC sugere que existam sistemas específicos em nossos cérebros que ajudam a regular 
o sistema de ameaça e também subjazem sentimentos de bem-estar e segurança. Para uma 
descrição facilitada,nós chamamos eles de sistema de soothing (ligado a endorfinas e 
oxitocina), apesar de a compaixão nem sempre ser baseada em soothing. Por vários 
motivos, esse sistema não parece acessível para alguns pacientes que encontram 
dificuldades em ter sentimentos de calor e gentileza por si mesmos ou estarem abortos à 
gentileza de outros. Às vezes, as pessoas possuem uma gama de crenças sobre compaixão 
como uma fraqueza ou que ela “apenas faz eu me sentir muito triste”. É importante, assim, 
que os terapeutas sejam aptos a trabalhar essas questões e focar na retomada deste sistema 
natural de regulação de soothing junto aos outros sistemas de regulação do afeto. A TFC 
busca fazer isso com o uso de exercício e orientação focados na compaixão. 
 
COMPAIXÃO 
 
A compaixão é uma área de pesquisa crescente e pode ser definida de muitas maneiras 
(Fehr, Sprecher & Underwood, 2009), sem uma definição comum a todos. A palavra na 
realidade vem do latim, significando “sofrer com”. O Dalai Lama (2001) define a 
compaixão como “uma sensibilidade ao sofrimento do self e dos outros, com um profundo 
compromisso para tentar aliviá-lo”. É importante o aspecto motivacional em 
“compromisso para tentar aliviá-lo”. Ademais, Buda defendeu que os esforços deveriam 
ser habilidosos, baseados em uma gama de maneiras bem-informadas, sábias e 
perspicazes de pensar, prestar atenção e agir (chamadas de caminho óctuplo). 
 Como uma abordagem evolucionista-neurocientífica, a TFC encara nossa 
capacidade de compaixão como produto de nossas capacidades para o comportamento 
altruísta e de cuidado (Gilbert, 1989, 2005). O altruísmo torna possível um desejo de 
ajudar outros a atingir suas metas e aliviar o sofrimento. Crianças pequenas de 14-18 
meses possuem um interesse inato em ajudar outros a atingir seus objetivos – 
independentemente das recompensas (Warneken & Tomasello, 2009). Quanto ao 
cuidado, a TFC se baseia no modelo de cuidado de Fogel, Melson e Mistry (1986) 
(Gilbert, 1989), que define os elementos nucleares do cuidado como: “...a provisão de 
orientação, proteção e cuidado com o propósito de fomentar a mudança desenvolvimental 
congruente com o potencial esperado de mudança do objeto do cuidado” (p. 55). Eles 
também sugerem que o cuidado envolve awareness da necessidade de ser cuidado, 
motivação ao cuidado, expressão de sentimentos de cuidado, compreensão do que é 
necessário de ser cuidado e a habilidade de responder a partir do feedback do impacto que 
o cuidado teve no outro. Gilbert (2000ab) defendeu que esses aspectos podem ser 
autodirecionados, não apenas direcionados a alvos externos. Então, o cuidado é um 
aspecto nuclear da compaixão, e problemas com qualquer uma dessas competências pode 
interferir com a compaixão nos relacionamentos – incluindo na relação terapêutica. 
 A compaixão pode envolver uma série de sentimentos, pensamentos e 
comportamentos, como aqueles voltados ao cuidado, proteção, resgate, ensino, 
orientação, soothing e pode oferecer sentimentos de aceitação e pertencimento – para 
beneficiar o alvo do cuidado (Gilbert, 1989, 2007a, 2007b, 2010). Nesse sentido, ela pode 
ser considerada uma mentalidade social – enquanto uma mentalidade social pode ser 
definida como “a organização de competências e modos de nossas mentes, guiadas por 
motivações, para perseguir objetivos sociais”. Então, por exemplo, se um indivíduo está 
motivado a buscar um relacionamento sexual, essa motivação irá organizar o que 
prestaremos atenção, a maneira como pensamos e como nos comportamos. Essa 
organização das nossas mentes (ligada à mentalidade de busca por sexo) pode ser bem 
diferente daquela referente ao cuidado de (digamos) uma criança (o que envolveria uma 
mentalidade de cuidado). A mentalidade liga motivações a competências – tais como 
atenção e pensamento (veja Gumley et al, este volume, para mais exemplos). A meta da 
TFC é tentar ativar a mentalidade de cuidado via compaixão. 
 
Treino Multimodal da Mente Compassiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. O Círculo da Compaixão: Os Atributos e Habilidades da Compaixão. Nota. De Gilbert 
(2007a). Reimpresso com permissão. 
 
 Intervenções compassivas requerem um número de diferentes competências 
interdependentes e atributos. Para clarificar essas interdependências, elas podem ser 
representadas por dois círculos em interação, chamados de círculos da compaixão 
(Gilbert, 2005, 2009a). Esses elementos interconectados aprimoram uns aos outros. 
Todos são infundidos com um calor básico (em vez de, digamos, desapego frio). Eles são 
apresentados na Figura 2. 
 Podemos distingui um círculo interno de atributos – os “o quês” da compaixão – 
e um círculo interno de habilidades. O círculo externo contém os “comos” para o círculo 
interno. Então, podemos aprender a direcionar nossa atenção compassivamente, pensar e 
raciocinar compassivamente, sentir compassivamente, se comportar compassivamente, 
gerar imagens compassivas e trabalhar para criar uma percepção corporal da compaixão. 
Formas de fazer essas coisas estão ainda sendo desenvolvidas e reconhecidas em outras 
abordagens. Exemplos são fornecidos na Tabela 1. 
 
 
 
 
TABELA 1. Exemplo de Atributos Compassivos e Habilidades Compassivas 
Atributos Compassivos Habilidades Compassivas 
 
1. Desenvolver uma motivação para ser cuidadoso 
consigo e outros – reduzir o sofrimento e 
florescer. A “intencionalidade” e 
reconhecimento do valor do esforço para 
desenvolver compaixão é crucial e 
frequentemente precede os “sentimentos” de 
compaixão. 
 
2. Desenvolver sensibilidade a sentimentos e 
necessidades de si e de outros (diferente de 
apenas estar ciente dessa vulnerabilidade, medos 
ou preocupações). 
 
3. Desenvolver simpatia, estar tocado e 
emocionalmente conectado com os sentimentos 
do self e de outros (em contraste a estar 
desassociado, com raiva ou medo de nossos 
sentimentos). Também significa estar mais 
sensível às necessidades do crescimento – por 
exemplo, ajuda ou time out. 
 
4. Desenvolver habilidades de tolerar em vez de 
evitar sentimentos, memórias ou situações 
difíceis (incluindo emoções positivas). 
 
5. Desenvolver insight e compreensão como a 
nossa mente e a de outros funcionam; por que 
nós/eles sentimos/sentem o que 
sentimos/sentem. 
 
6. Desenvolver uma orientação conosco e com 
outros baseadas em aceitação, não-condenação e 
não-submissão. 
 
 
 
1. Aprender a focar deliberadamente nossa 
atenção em coisas que são úteis e levam a 
uma perspectiva equilibrada. Isso envolve 
“mindful awareness” e o desenvolvimento 
de atenção mindful – utilizar nossa atenção 
para trazer à mente imagens compassivas 
e/ou um senso de self úteis. Isso pode 
ajudar a desenvolver a tolerância 
emocional. 
 
2. Aprender a pensar e raciocinar, “dando um 
passo para trás” e objetivamente olhar as 
evidências – trazendo uma perspectiva 
balanceada. Se utiliza diversas formas de 
escrita. 
 
3. Aprender a planejar e se envolver em 
comportamentos que agem para aliviar o 
sofrimento e nos mover (e mover outros) 
em direção a objetivos de vida nossos (ou 
de outros), para florescer. 
 
4. O comportamento compassivo pode 
envolver atos de gentileza a si ou outros, ou 
demonstrar gratidão e apreciação. 
Contudo, isso pode exigir coragem – 
reconhecimento de que a mudança pode ser 
dolorosa e difícil, mas estar preparado para 
se envolver nela. 
 
5. Imagens mentais compassivas envolvem a 
criação de diversas imagens que buscam 
emoção e estados corporais compassivos – 
ela pode ser utilizada isoladamente, mas 
também para a realização de todas outras 
intervenções. 
 
 
 
Os atributos e habilidades da compaixão são coisasque podemos escolher 
desenvolver em nossas relações com outras pessoas, mas é importante também na nossa 
relação com nosso self. Quando ativa, a compaixão cria padrões em toda nossa mente; 
assim, é chamada de mente compassiva. As habilidades e práticas que utilizamos para 
treinar nossas mentes em compaixão são chamadas de treinamento da mente compassiva 
(TMC). 
 Muitas intervenções da TFC utilizam intervenções da TCC tradicional como: 
encadeamento de inferências, resolução de problemas, diminuição da ruminação, geração 
de alternativas, análise de evidências, desenvolvimento de aceitação, exposição gradual, 
experimentos comportamentais, diminuição de comportamentos de segurança – para citar 
alguns. Essas são habilidades muito importantes que não são exclusivas da TFC; é o 
contexto e a maneira na qual elas são aplicadas que é distinto (Gilbert, 2010). 
 Então, podemos contrastar diferentes tipos de mentalidade e “mentes”, por 
exemplo, mente focada na ameaça ou mente focada na compaixão, reconhecendo que 
mentes diferentes orientam nossa motivação, atenção, pensamento, comportamento, 
sentimentos, imagens e fantasias de maneiras muito diferentes. Isso pode ser ilustrado na 
Figura 3 – algo que se desenha junto ou se mostra ao cliente. 
 
USO DE IMAGEM MENTAL (COMPASSIVA) 
 
A imagística é crescentemente utilizada em uma série de terapias, incluindo terapias 
cognitivas, com o reconhecimento de que ela pode impactar em processos cognitivos 
(implícitos e explícitos), emocionais e fisiológicos. Por exemplo, Rein, Atkinson e 
McCraty (1995) descobriram que o direcionamento de pessoas em imagens mentais 
compassivas tinha efeitos positivos em um indicador de funcionamento imunológico (S-
Iga), enquanto imagens de raiva tinham efeitos negativos. Práticas de compaixão por 
outros produzem mudanças no córtex frontal, sistema imune e bem-estar (Lutz, 
Brefczynski-Lewis, Johnstone & Davidson, 2008). Pace, Negi e Adame (2009) 
descobriram que a meditação compassiva (por seis semanas) melhora o funcionamento 
imunológico e respostas neuroendócrinas e comportamentais ao estresse. 
 
Mente Ameaçada Mente Compassiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMEAÇA 
Atenção 
Pensamen
to/raciocí
nio 
Emoções 
Imagens / 
Fantasias 
Comporta
-mentos 
Motivação 
COMPAI
XÃO 
Atenção 
Pensamen
to/raciocí
nio 
Emoções 
Imagens / 
Fantasias 
Comporta
-mentos 
Motivação 
Figura 3. Ajudando Pacientes a Distinguir Diferentes Tipos de Mente. Nota. De Gilbert (2010). 
Reimpresso por permissão. 
 
 Existe uma vasta literatura sobre budismo Mahayana e vários tipos de imagens 
compassivas (Leighton, 2003; Vessantara, 1993). Contudo, no Ocidente, a forma mais 
comum de imagem mental compassiva tem sido tirada de tradições Theravada e em 
particular daquelas associadas com amor-bondade (Salzberg. 1995). Kabat-Zinn (2005, 
p. 285-296) fornece uma breve introdução e panorama sobre as meditações de amor-
bondade, que podem envolver: lembrar de outros sendo gentil com você; lembrar de 
momentos quando você foi gentil com outros; e, se tiver dificuldades de lembrar outros 
sendo gentis com você, então imaginar figuras sendo gentis com você. A visualização de 
amor-bondade é atualmente utilizada de várias maneiras para a autoajuda (veja Germer, 
2009; Salzberg, 1995). Muitas tradições de práticas espirituais e outras psicoterapias t~em 
focado em imagens interpessoais associadas com ser ajudado, gentil e encontrar um outro 
ou amigo sábio e apoiador e receber compaixão (Frederick & McNeal, 1999). 
 Exercícios focados na compaixão e imagens mentais estimulam sistemas cerebrais 
particulares – especialmente o sistema afiliativo e de soothing (oxitocina-endorfina) 
(Longe et al, 2010; Rockliff et al, 2008). Em suas raízes, o TMC está interessado com a 
regulação fisiológica, utilizando exercícios para ajudar a trazer à tona tipos e padrões 
particulares de estados cerebrais, tais como a ativação da insula para permitir a empatia, 
que por sua vez permite aos pacientes o processamento da informação com compaixão 
empática. As pesquisas têm demonstrado que a insula (uma área cerebral importante para 
a empatia) é ativada quando as pessoas utilizam uma abordagem de autorreasseguramento 
e compaixão aos eventos ameaçadores – mas não quando elas tomam uma abordagem 
autocrítica (Longe et al, 2010). Na TFC, os terapeutas são mais mindful quanto aos 
sistemas cerebrais que precisam ser ativados (e como fazer isso), para processar a 
informação de maneiras que levem ao bem-estar e recuperação. Além disso, a TFC busca 
estimular tipos de afeto positivo que fomentam sentimentos de segurança, 
reasseguramento e bem-estar e aliviam a ativação de sistema de ameaça. Por exemplo, se 
a imagem compassiva é capaz de liberar oxitocina (e essa e uma pesquisa que ainda 
precisa ser feita), então, já que sabemos que a oxitocina ajuda a reduzir o processamento 
baseado em ameaça, a imagem compassiva pode ter efeitos fisiológicos diretos. 
 Exercícios focados na compaixão podem ser orientados de quatro maneiras 
principais: 
 Desenvolver o self compassivo interno: Nestes exercícios, nos focamos em criar 
uma percepção de se tornar um self compassivo, como atores fazem quando estão 
tentando entrar em um papel. 
 Compaixão fluindo de você para outros: Nestes exercícios, nos focamos no 
preenchimento de nossas mentes com sentimentos compassivos por outras 
pessoas. 
 Compaixão fluindo para dentro de você: Nestes exercícios, nos focamos em abrir 
nossas mentes para a compaixão de outros. Isso objetiva abrir a mente e estimular 
áreas de nossos cérebros que são responsivas à gentileza de outros. 
 Compaixão para si: Está ligada ao desenvolvimento de sentimentos, pensamentos 
e experiências que são focadas na compaixão para si mesmo. A vida é geralmente 
muito difícil e aprender como gerar autocompaixão pode ser muito útil nesses 
momentos, particularmente para nos ajudar com nossas emoções. 
 
A ideia básica é de que é muito fácil ficar preso em ciclos de pensamento, imagens 
e sentimentos quando nos sentimentos ameaçados, ansiosos ou com raiva. Então, é útil 
aprender a praticar a criação de estados mentais (ativando sistemas em nossos cérebros) 
que podem regular o sistema de ameaça. Os clientes podem aprender a: 
1. Aceitar sentimentos como são – em vez de tentar evita-los ou toma-los como 
intoleráveis, sobrecarregados ou assustadores. 
2. Utilizar uma formulação evolucionista das razões pelas quais esses sentimentos 
existem: eles advêm em parte por conta de como nossos cérebros evoluíram. 
Logo, isso não é minha culpa – mas se pode aprender a tomar responsabilidade, 
aprendendo a regular os próprios sentimentos. 
3. Aprender a ser compassivo e compreensivo consigo, despersonalizar e 
desenvergonhar (eu não sou o único), e alternar para um foco de compaixão se 
ameaçado. 
4. Reconhecer o autocriticismo inútil e refocalizar para a autocompaixão ao se tornar 
ciente de que o autocriticismo foi ativado. 
5. Reconhecer a ruminação inútil e substitui-la com foco compassivo útil e práticas 
ao se tornar ciente de que se adentrou um ciclo ruminativo. 
 
Um dos exercícios mais importantes é a prática de se imaginar como “uma pessoa 
compassiva”. Ele utiliza técnicas de “atuação” (Gilbert, 2009a). Utilizando a respiração 
em ritmo de soothing, focando na sabedoria interior (que advém da formulação e 
psicoeducação) e gerando gentileza, os pacientes tentam criar o estado mental de “uma 
pessoa compassiva”. Não importa se eles sentem que são ou não são compassivos, apenas 
que eles pratiquem – como um ator faria, para aprender um papel. A partir dessa posição, 
começamos a nos envolver comqualquer material que seja o foco do trabalho. Então, por 
exemplo, o indivíduo poderia imaginar ser uma pessoa compassiva e então mentalmente 
trabalhar um problema de ansiedade. Aqui nós entraríamos no modo/papel de self 
compassivo e visualizaríamos o envolvimento, a tolerância e o enfrentamento da 
ansiedade; imaginando a si mesmo sendo gentil e oferecendo apoio e encorajamento à 
imagem de si mesmo que existe mentalmente. Isso é similar ao processo utilizado na 
inibição recíproca – a criação de estados competitivos. Quando uma pessoa vê o problema 
“através dos olhos/mente do self compassivo”, vários aspectos da terapia, como a 
exposição e a mudança cognitiva, podem se tornar mais fáceis. O trabalho focado na 
compaixão é uma maneira de alternar, redirecionar, tomar controle e deliberadamente 
permitir a si mesmo se mover em direção a sistemas de emoção e sentimentos que podem 
estar causando problemas, mas também aqueles que conduzem ao bem-estar. Não é fácil, 
é claro, e requer prática. 
 
 
Figura 4. Demonstrando as Ligações entre a Ameaça e o Soothing. Nota. De Gilbert (2010). 
Reimpresso com permissão. 
 
MEDO DA COMPAIXÃO 
 
Apesar de eu ter apresentado o modelo básico, na realidade a maior parte do trabalho em 
casos complexos é referente ao medo da compaixão. O espaço não permite que entremos 
em detalhes sobre a natureza dessas intervenções, exceto que digamos que existem várias 
formas e funções do medo da compaixão. Para alguns, os sentimentos de compaixão 
reativam sentimentos de apego que se conectam a um senso de perda e luto (o que pode 
ser sobrecarregador) ou memórias de abuso que podem parecer assustadoras. Por vezes, 
as pessoas possuem pensamentos metacognitivos sobre a compaixão, de que é uma 
fraqueza ou que não merecem ela. Outras vezes, as pessoas possuem muita raiva não-
processada, o que significa que elas não querem realmente ser compassivas – apesar das 
aparências externas. Veja Gilbert (2010) para uma maior discussão. 
 
PANORAMA 
 
A TFC sugere que não se pode apenas depender de refocalização de conteúdo ou 
desengajamento da ruminação ou aprendizagem de como enfrentar e aceitar emoções 
quando ajudamos as pessoas – nós devemos também ativar um importante sistema de 
regulação do afeto que evoluiu com o sistema de apego e está ligado a importantes 
neurohormônios que influenciam o sistema de ameaça. 
Logo, a TFC busca mecanismos-chave de mudança, como: 
1. Desengajar de estimuladores (internos) de ameaça, por exemplo, a ruminação de 
autocriticismo ou raiva (mecanismo compartilhado com terapias metacognitivas 
e baseadas em mindfulness) e refocalizar para insights, sentimentos, pensamentos 
e comportamentos compassivos. 
2. Ser capaz de se distanciar compassivamente das próprias tempestades internas de 
emoção e se tornar mais “observador e espectador” dos próprios pensamentos e 
sentimentos “à medida que surgem” (como nas terapias baseadas em mindfulness 
e aceitação). Possuir uma motivação compassiva pode ajudar nesse processo. 
3. Estimular o regulador natural de ameaças no cérebro – o sistema de soothing, 
alternando para a refocalização e imagens compassivas. Isso também pode ajudar 
se estamos trabalhando com conteúdos cognitivos. 
4. Ser capaz de se envolver com experiências internas aversivas, como memórias 
traumáticas ou emoções evitadas, primeiro desenvolvendo uma base interna de 
compaixão. 
 
EVIDÊNCIAS PARA O VALOR DA FOCALIZAÇÃO COMPASSIVA 
 
Fredrickson, Cohn, Coffey, Pek e Finkel (2008) alocaram 67 empregados da Compuware 
para um grupo de meditação de amor-bondade e 72 para um grupo-controle de lista de 
espera. Eles descobriram que sessões grupais semanais de uma hora e práticas em casa 
baseadas em um CD de meditações de amor-bondade (compaixão direcionada ao self, 
então outros, então estranhos) aumentaram emoções positivas, mindfulness, sentimentos 
de propósito na vida e apoio social e diminuíram sintomas de doenças. Hutchinson, 
Seppala e Gross (2008) descobriram que uma breve meditação de amor-bondade aumenta 
os sentimentos de conexão social a afiliação para com estranhos. 
 Neff (2003) tem sido uma pioneira nos estudos da autocompaixão e tem 
demonstrado que ela pode ser diferenciada da autoestima, prediz alguns aspectos de bem-
estar melhor que a autoestima (Neff & Vonk, 2009) e que a autocompaixão auxilia no 
enfrentamento de fracassos acadêmicos (Neff, Hsieh & Dejitterat, 2005). Achados 
parecidos foram reportados por Neely, Schallert, Mohammed, Roberts e Chen (2006). 
Como apontado, contudo, os conceitos de autocompaixão de Neff são diferentes dos da 
teoria evolucionista. A escrita de carta compassiva para si melhora o enfrentamento de 
eventos de vida e reduz depressão (Leary, Tate, Adams, Allen & Hancock, 2007). 
 Em um pequeno estudo não-controlado com pessoas com problemas crônicos de 
saúde mental, o treino em compaixão reduziu significativamente a vergonha, o 
autocriticismo, a depressão e a ansiedade (Gilbert & Proctor, 2006). Também se descobriu 
que o treino em compaixão também foi útil para pessoas psicóticas que ouviam vozes 
(Mayhew & Gilbert, 2008). Em um estudo de TFC grupal para 19 clientes de uma 
instalação psiquiátrica de alta segurança, Laithwaite et al (2009; veja Gumley et al, este 
volume) descobriram “... uma grande magnitude de mudança nos níveis de depressão e 
autoestima... uma magnitude de mudança moderada foi encontrada na escala de 
comparação social e psicopatologia geral, com uma pequena magnitude de mudança para 
a vergonha, medida pela Other as Shamer Scale. Essas mudanças foram mantidas em um 
follow-up de seis semanas”. 
 Finalmente, como será visto neste volume, os terapeutas de TFC estão tentando 
desenvolver uma base de evidências. Importantemente, a TFC não deseja ser outra tribo 
de psicoterapia, mas oferecer um modelo e intervenções que se baseiam em outras 
terapias e outras terapias podem utilizar, se acharem útil. Na TFC, nós consideramos que 
nossos modelos e compreensões de psicopatologias e nossas intervenções não deveriam 
estar enraizadas em uma única escola de psicoterapia ou processos psicológicos, mas sim 
clarificar uma ciência da mente integrativa que está aberta a todos – sujeita ao rigor e 
debate científico. 
 
CONCLUSÃO 
 
A TFC cresceu de dentro da TCC. Contudo, eu sempre tive um interesse e preocupação 
pela teoria evolucionista e a neurociência. Talvez mais nas tradições comportamentais e 
de condicionamento clássico, a TFC sugere que precisamos trabalhar diretamente com a 
emoção. Ela também sugere que são certos tipos de emoções positivas que são 
problemáticas às pessoas, especialmente aquelas ligadas à afiliação e afeto – ainda que 
elas sejam reguladores naturais dos sistemas de processamento de ameaça. A TFC sugere 
que quaisquer intervenções realizadas – seja cognitiva, comportamental, focada na emoçã 
ou no corpo – elas podem ser feitas mais efetivamente se os terapeutas estiverem certos 
de estar trabalhando com sistemas de compaixão. A falha em endereçar esses sistemas de 
processamento do afeto que fornecem os sentimentos de reasseguramento pode limitar a 
efetividade de algumas intervenções terapêuticas para algumas pessoas. Se envolver em 
intervenções “através dos olhos do self compassivo” pode contribuir para a efetividade 
da terapia. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Baldwin, M.W. (1992). Relational schemas and 
the processing of social information. 
Psychological Bulletin, 112, 461-484. 
 
Baldwin, M.W. (Ed.). (2005). Interpersonal 
cognition. New York: Guilford. 
 
Baldwin, M.W., & Dandeneau, S.D. (2005). 
Understanding and modifying the relational 
schemas underlying insecurity. In M.W. Baldwin 
(Ed.), Interpersonal cognition (p.33 61). New 
York: Guilford. 
 
Beck, A.T. (1987). Cognitive models of 
depression. Journal of Cognitive Psychotherapy: 
An International Quarterly, 1, 5-38. 
 
Beck, A.T., Emery, G., & Greenberg, R.L. 
(1985). Anxiety disorders and phobias: A 
cognitive approach. New York: Basic Books. 
 
Bowlby, J. (1973). Separation, anxiety and 
anger: Attachment and loss, vol. 2. London: 
Hogarth Press. 
 
Brewin, C.R. (2006). Understanding cognitive 
behavior therapy: A retrieval competition 
account. Behavior Research and Therapy, 44, 
765-784. 
 
Carter, C.S. (1998). Neuroendocrine 
perspectives on social attachment and love. 
Psychoneuroendorinlogy, 23, 779-818. 
 
Caspi, A., & Moffitt, T.E. (2006). Gene-
environment interactions in psychiatry: Joining 
forces with neuroscience. Nature Reviews: 
Neuroscience, 7, 583-590. 
 
Cozolino, L. (2007). The neuroscience of human 
relationships: Attachment and the developing 
brain. New York: Norton. 
 
Dalai Lama. (2001). An open heart: Practising 
compassion in everyday life. N. Vreeland (Ed.). 
London: Hodder & Stoughton. 
 
Depue, R.A., & Morrone-Strupinsky, J.V. 
(2005). A neurobehavioral model of affiliative 
bonding. Behavioral and Brain Sciences, 28, 
313-395. 
 
Dykman, B.M. (1998). Integrating cognitive and 
motivational factors in depression: Initial tests of 
a Goal Orientation Approach. Journal of 
Personality and Social Psychology, 74, 139-158. 
 
Fehr, C., Sprecher, S., & Underwood, L.G. 
(2009). The science of compassionate love: 
Theory research and application. Chichester: 
Wiley. 
 
Fisher, P., & Wells, A. (2009). Metacognitive 
therapy. London: Routledge. 
 
Fogel, A., Melson, G.F., & Mistry, J. (1986). 
Conceptualising the determinants of nurturance: 
Areassessment of sex differences. In A. Fogel & 
G.F. Melson (Eds.), Origins of nurturance: 
Developmental, biological and cultural 
perspectives on caregiving (pp. 53-67). 
Hillsdale, NJ: Erlbaum. 
 
Frederick, C., & McNeal, S. (1999). Inner 
strengths: Contemporary psychotherapy and 
hypnosis for ego strengthening. Mahwah, NJ: 
Erlbaum. 
 
Fredrickson, B.L., Cohn, M.A., Coffey, K.A., 
Pek, J., & Finkel, S.A. (2008). Open hearts build 
lives: Positive emotions, induced through loving-
kindness mediation, build consequential personal 
resources. Journal of Personality of Social 
Psychology, 95, 1045 -1062. 
 
Germer, C. (2009). The mindful path to self-
compassion: Freeing your self from destructive 
thoughts and emotions. New York: Guilford. 
 
Gilbert, P. (1984). Depression: From psychology 
to brain state. London: Erlbaum. 
 
Gilbert, P. (1989). Human nature and suffering. 
London: Erlbaum. 
 
Gilbert, P. (1993). Defence and safety: Their 
function in social behavior and psychopathology. 
British Journal of Clinical Psychology, 32, 131-
153. 
 
Gilbert, P. (1998). The evolved basis and 
adaptive functions of cognitive distortions. 
British Journal of Medical Psychology, 71, 447-
464. 
 
Gilbert, P. (2000a). Counselling for depression: 
A cognitive-interpersonal approach, second 
edition. London: Sage. 
 
Gilbert, P. (2000b). Overcoming depression: A 
selfguide using cognitive behavioral techniques 
(revised edition). New York: Oxford University 
Press. 
 
Gilbert, P. (2001). Evolutionary approaches to 
psychopathology: The role of natural defences. 
Australian and New Zealand Journal of 
Psychiatry, 35, 17-27. 
 
Gilbert, P. (2002). Evolutionary approaches to 
psychopathology and cognitive therapy. 
Cognitive Psychotherapy: An International 
Quarterly (Special Edition: Evolutionary 
Psychology and Cognitive Therapy), 16, 263-
294. 
 
Gilbert, P. (2005). Compassion and cruelty: A 
biopsychosocial approach. In P. Gilbert (Ed.), 
Compassion: Conceptualisations, research and 
use in psychotherapy (pp. 9-74). London: 
Routledge. 
 
Gilbert, P. (2007a). Psychotherapy and 
counselling for depression (3rd ed.). London: 
Sage. 
 
Gilbert, P. (2007b). Evolved minds and 
compassion in the therapeutic relationship. In P. 
Gilbert & R. Leahy (Eds.), The therapeutic 
relationship in the cognitive behavioral 
psychotherapies (pp. 106-142). London: 
Routledge. 
 
Gilbert, P. (2009a). The compassionate mind. 
Oakland, CA: New Harbinger. 
 
Gilbert, P. (2009b). Evolved minds and 
compassion focused imagery in depression. In L. 
Stropa (Ed.), Imagery and the threatened self: 
Perspectives on mental imagery in cognitive 
therapy (pp. 206-231). London: Routledge. 
 
Gilbert, P. (2010). Compassion focused therapy: 
Its distinctive features. London: Routledge. 
 
Gilbert, P., Broomhead, C., Irons, C., McEwan, 
K., Bellew, R., Mills, A., et al. (2007). Striving 
to avoid inferiority: Scale development and 
its relationship to depression, anxiety and stress. 
British Journal of Social Psychology, 46, 633-
648. 
 
Gilbert, P., & Irons, C. (2005). Focused therapies 
and compassionate mind training for shame and 
self-attacking. In P. Gilbert (Ed.), Compassion: 
Conceptualisations, research and use in 
psychotherapy (pp. 263-325). London: 
Routledge. 
 
Gilbert, P., & Procter, S. (2006). Compassionate 
mind training for people with high shame 
and self-criticism: A pilot study of a group 
therapy approach. Clinical Psychology and 
Psychotherapy, 13, 353-379. 
 
Haidt, J. (2001). The emotional dog and its 
rational tail: A social intuitionist approach to 
moral judgment. Psychological Review, 108, 
814-834. 
 
Hassin, R.R., Uleman, J.S., & Bargh, J.A. (2005). 
The new unconscious: New York: Oxford 
University Press. 
 
Hutcherson, C.A., Seppala, E.M., & Gross, J.J. 
(2008). Loving-kindness meditation increases 
social connectedness. Emotion, 8, 720-724. 
 
Kabat-Zinn, J. (2005). Coming to our senses: 
Healing ourselves and the world through 
mindfulness. New York: Piatkus. 
 
Kirsch, P., Esslinger, C., Chen, Q., et al. (2005). 
Oxytocin modulates neural circuitry for social 
cognition and fear in humans. The Journal of 
Neuroscience, 25, 11489-11493. 
 
Laithwaite, H., Gumley, A., O’Hanlon, M., 
Collins, P., Doyle, P., Abraham, L., et al. (2009). 
Recovery after psychosis (RAP): A compassion 
focused programme for individuals residing in 
high security settings. Behavioral and Cognitive 
Psychotherapy, 37, 511-526. 
 
Leary, M.R., Tate, E.B., Adams, C.E., Allen, 
A.B., & Hancock, J. (2007). Self-compassion 
and reactions to unpleasant self-relevant events: 
The implications of treating oneself kindly. 
Journal of Personality and Social Psychology, 
92, 887-904. 
LeDoux, J. (1998). The emotional brain. 
London: Weidenfeld and Nicolson. 
 
Leighton, T.D. (2003). Faces of compassion: 
Classic Bodhisattva archetypes and their modern 
expression. Boston: Wisdom Publications. 
 
Linehan, M. (1993). Cognitive behavioral 
treatment of borderline personality disorder. 
New York: Guilford. 
 
Longe, O., Maratos, F.A., Gilbert, P., Evans, G., 
Volker, F., Rockliffe, H., et al. (2010). Having a 
word with yourself: Neural correlates of self-
criticism and self-reassurance. NeuroImage, 49, 
1849-1856. 
 
Lutz, A., Brefczynski-Lewis, J., Johnstone, T., & 
Davidson, R.J. (2008). Regulation of the neural 
circuitry of emotion by compassion meditation: 
Effects of the meditative expertise. Public 
Library of Science, 3, 1–5. 
 
Marks, I.M. (1987). Fears, phobias and rituals: 
Panic, anxiety and their disorders. Oxford: 
Oxford University Press. 
 
Masten, A.S. (2001). Ordinary magic: Resilience 
processes in development. American 
Psychologist, 56, 227-238. 
 
Mayhew, S., & Gilbert, P. (2008). 
Compassionate mind training with people who 
hear malevolent voices: A case series report. 
Clinical Psychology and Psychotherapy, 15, 113 
138. 
 
Mikulincer, M., & Shaver, P.R. (2007). 
Attachment in adulthood: Structure, dynamics, 
and change. New York: Guilford. 
 
Neely, M.E., Schallert,D.L., Mohammed, S., 
Roberts, R.M., & Chen, Y. (2006). Self kindness 
when facing stress: The role of self-compassion, 
goal regulation, and support in college students’ 
well-being. Motivation and Emotion, 33, 88-97. 
 
Neff, K.D. (2003). Self-compassion: An 
alternative conceptualization of a healthy attitude 
toward oneself. Self and Identity, 2, 85-102. 
 
Neff, K.D., Hsieh, Y., & Dejitterat, K. (2005). 
Selfcompassion, achievement goals and coping 
with academic failure. Self and Identity, 4, 263-
287. 
 
Neff, K.D., & Vonk, R. (2009). Self-compassion 
versus global self-esteem: Two different ways of 
relating to oneself. Journal of Personality, 77, 
23-50. 
 
Ogden, P., Minton, K., & Pain, C. (2006). 
Trauma and the body: A sensorimotor approach 
to psychotherapy. New York: Norton. 
 
Pace, T.W.W., Negi, L.T., & Adame, D.D. 
(2009). Effects of compassion meditation on 
neuroendocrine innate immune and behavioral 
responses to psychosocial stress. 
Psychoneuroendocrinology, 34(1), 87-98. 
 
Panksepp, J. (1998). Affective neuroscience. New 
York: Oxford University Press. 
 
Panksepp, J. (2007). The neuroevolutionary and 
neuroaffective psychobiology of the prosocial 
brain. In R.I.M. Dunbar & L. Barrett (Eds.), The 
Oxford handbook of evolutionary psychology 
(pp.145-162). Oxford: Oxford University Press. 
 
Porges, S.W. (2007). The polyvagal perspective. 
Biological Psychology, 74, 116-143. 
 
Rein, G., Atkinson, M., & McCraty, R. (1995). 
The physiological and psychological effects of 
compassion and anger. Journal for the 
Advancement of Medicine, 8, 87-105. 
 
Ricard, M. (2007). Happiness: A guide to 
developing life’s most important skill. New York: 
Atlantic Books. 
 
Rockliff, H., Gilbert, P., McEwan, K., Lightman 
S., & Glover, D. (2008). A pilot exploration of 
heart rate variability and salivary cortisol 
responses to compassion-focused imagery. 
Journal of Clinical Neuropsychiatry, 5, 132-139. 
 
Rosen, J.B., & Schulkin, J. (1998). From normal 
fear to pathological anxiety. Psychological 
Bulletin, 105, 325-350. 
 
Salkovskis, P.M. (1996). The cognitive approach 
to anxiety: Threat beliefs, safety-seeking 
behavior, and the special case of health anxiety 
and obsessions. In P.M. Salkovskis (Ed.), 
Frontiers of cognitive therapy (pp. 48-74). New 
York: Guilford. 
 
Salzberg, S. (1995). Loving-kindness: The 
revolutionary art of happiness. Boston: 
Shambhala. 
 
Stott, R. (2007). When the head and heart do not 
agree: A theoretical and clinical analysis of 
rational-emotional dissociation (RED) in 
cognitive therapy. Journal of Cognitive 
Psychotherapy: An International Quarterly, 21, 
37-50. 
 
Teasdale, J. D. (1997). The transformation of 
meaning: The interacting cognitive subsystems 
approach. In M. Power & C.R. Brewin (Eds.), 
The transformation of meaning in psychological 
therapies: Integrating theory and practice (pp. 
141-156). Chichester: Wiley. 
 
Thwaites, R., & Freeston, M.H. (2005). 
Safetyseeking behaviors: Fact or fiction: How 
can we clinically differentiate between safety 
behaviors and additive coping strategies across 
anxiety disorders. Behavioral and Cognitive 
Psychotherapy, 33, 177-188. 
 
Uväns-Morberg, K. (1998). Oxytocin may 
mediate the benefits of positive social interaction 
and emotions. Psychoneuroendocrinology, 23, 
819-835. 
 
Van der Hart, O., Nijenhuis, E.R.S., & Steele, K. 
(2006). The haunted self: Structural dissociation 
and the treatment of chronic traumatization. 
New York: Norton. 
 
Vessantara. (1993). Meeting the Buddhas: A 
guide to Buddhas, Bodhisattvas and tantric 
deities. New York: Winhorse Publications. 
 
Wang, S. (2005). A conceptual framework for 
integrating research related to the physiology of 
compassion and the wisdom of Buddhist 
teachings. In P. Gilbert (Ed.), Compassion: 
Conceptualisations, research and use in 
psychotherapy (pp. 75-120). London: 
BrunnerRoutledge. 
 
Warneken, F., & Tomasello, M. (2009). The 
roots of altruism. British Journal of Psychology, 
100, 455-471. 
 
Wells, A. (2000). Emotional disorders and 
metacognition: Innovative cognitive therapy. 
Chichester: Wiley.

Continue navegando