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Instituto Superior de Engenharia de Lisboa TRANSPORTE DE FLUIDOS 2ª EDIÇÃO Helena Teixeira Avelino Jaime Filipe Borges Puna António Carlos Coentro Fevereiro 2003 INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA SECÇÃO 9 – PROCESSOS QUÍMICOS E REACTORES TRANSPORTE DE FLUIDOS 1ª EDIÇÃO: HELENA TEIXEIRA AVELINO 1999 2ª EDIÇÃO: HELENA TEIXEIRA AVELINO JAIME FILIPE BORGES PUNA ANTÓNIO CARLOS COENTRO 2003 INDICE CAPÍTULO I – MECÂNICA DE FLUIDOS 1. Introdução 1 1.1 Classificação dos fluidos 2 1.2 Fluido em movimento 5 1.3 Fluido estática 7 1.4 Manómetros 8 2. Mecanismo do fluxo de fluidos 11 2.1 Distribuição de velocidades 12 2.2 Noção de viscosidade e massa volúmica 14 3. Princípio da conservação de energia 3.1 Teorema de Bernouilli 17 3.2 Equação da continuidade 22 3.3 Tubagens, tubos e acessórios 24 4. Perdas de pressão no fluxo de fluidos em tubagens 29 4.1 Cálculo das perdas por fricção em tubagens 32 5. O efeito do choque hidráulico 41 6. Número de Karman 42 7. Diâmetro mínimo de uma tubagem 43 8. Previsão da perda de carga 44 9. Medidores de caudais 45 9.1 Medidores de carga variável 46 9.1.1 Medidor de orifício 48 9.1.2 Embocadura 51 9.1.3 Medidor de Venturi 52 9.1.4 Tubo de Pitot 53 9.2 Medidores de área variável 9.2.1 Rotâmetros 54 9.3 Outros medidores de caudal e de velocidades locais 55 PROBLEMAS 67 CAPÍTULO II – BOMBAS 1. Introdução 73 1.1 Balanços de massa/balanços de energia 73 1.2 Tipos de bombas 74 1.2.1. Bombas de deslocamento positivo 76 1.2.2. Bombas centrífugas 80 1.3 Escolha da bomba centrífuga 83 2. Dimensionamento de uma bomba centrífuga 85 3. Cavitação 90 4. Curvas características das bombas centrífugas 95 5. Leis de semelhança entre bombas centrífugas 97 5.1 Efeito da variação da velocidade do rotor com diâmetro constante 98 5.3 Efeito da variação do diâmetro do rotor com velocidade de rotação do rotor constante 98 6. Ponto de funcionamento 99 7. Associação de bombas 101 PROBLEMAS 103 CAPÍTULO III – COMPRESSORES 1. Introdução 111 2. Classificação dos compressores 112 3. Ciclos de compressão 115 3.1 Compressão isotérmica 115 3.2 Compressão adiabática ou isentrópica 116 3.3 Compressão politrópica 116 4. Teoria da compressão 4.1 Energia Interna 118 4.2 1ª Lei da Termodinâmica 118 4.3 2ª Lei da Termodinâmica 120 4.4Trabalho teórico 122 4.4.1 – Processo isotérmico 122 4.4.2 – Processo isentrópico 123 4.4.3 – Processo politrópico 128 4.4.4 – Gás real 129 5. Cargas de velocidade 130 6. Potência e eficiência dos compressores 132 6.1 Eficiência de compressores alternativos 133 6.2 Eficiência de compressores centrífugos 136 7. O aumento da temperatura durante a conversão 139 8. Diâmetro do rotor e velocidade 139 9. Compressores multi-andares 140 PROBLEMAS 145 BIBLIOGRAFIA 151 Mecânica de Fluidos 1 CAPÍTULO I – MECÂNICA DE FLUIDOS 1. INTRODUÇÃO: No decurso da sua actividade os engenheiros químicos são confrontados na indústria com uma grande diversidade de processos de fabrico nos quais poderão existir simultânea ou isoladamente, transformações físicas e/ou químicas. Define-se da seguinte maneira: 1 - Processo Unitário - como toda a sequência ou operação que envolve uma transformação química; 2 - Operação Unitária - como toda a sequência ou operação que implica apenas uma transformação física. Os primeiros cursos de engenharia química eram baseados no estudo de tecnologia industrial e sofreram grandes alterações pela introdução do conceito de operações unitárias, decorrente da semelhança entre as mudanças físicas que são utilizadas em indústrias totalmente diversas. Por exemplo, reconheceu-se que a evaporação de um líquido de uma solução seguia os mesmos princípios, balanços de massa e energia, quer se tratasse de um processo de obtenção de açúcar, fertilizante ou sumo concentrado. Assim a evaporação tornou-se uma das operações unitárias reconhecida como tal. Pode-se distinguir, entre outros, os seguintes passos de um processo: transporte ou escoamento de líquidos, transferência de calor, humidificação, secagem, destilação, absorção gasosa, extracção, etc... Neste capitulo irá estudar-se uma das operações unitárias mais importantes em Engenharia Química - O Transporte de Fluidos. A importância desta operação unitária está associada ao facto de o manuseamento de líquidos ser muito mais simples e económico do que o manuseamento de sólidos. Assim o engenheiro químico tende, sempre que lhe seja possível, a movimentar todas as substâncias na forma de líquidos, suspensões ou soluções. Principalmente nas industrias transformadoras, ocorre com muita frequência o facto de os fluidos necessitarem de ser bombeados a longas distâncias entre as unidades 2 Transporte de Fluidos de armazenagem e os reactores, por exemplo, ou entre estes para outras operações unitárias, etc. e, haverá frequentemente, uma perda de pressão importante, tanto na conduta como nas próprias unidades em causa. Por conseguinte, é preciso considerar os problemas associados ao cálculo da potência necessária à bombagem, ao projecto do sistema de fluxo mais apropriado, à medição do caudal e muitas vezes ao controle deste mesmo caudal. 1.1. Classificação dos fluidos: Um fluido pode definir-se como uma substância que não resiste permanentemente a uma distorção. Ao pretender modificar-se a forma de uma massa de fluido, observa-se que as camadas do mesmo se deslocam umas em relação às outras, até que se alcance uma nova forma. Durante este processo ocorrem tensões tangenciais (esforços de corte) que dependem da viscosidade e da velocidade de fluxo do fluido. Um fluido em equilíbrio está completamente livre de esforços cortantes. Os fluidos subdividem-se em líquidos e gases, podendo ser classificados das seguintes formas: 1 - De acordo com o seu comportamento sob a acção de uma pressão aplicada exteriormente: ? Incompressíveis Se o volume de um elemento de fluido é independente da sua pressão e temperatura. Ex.: Líquidos. Para pequenas variações de pressão, podem-se considerar incompressíveis. ? Compressíveis Se o volume de um elemento de fluido varia com a sua pressão e temperatura. Ex.: Gases Note-se contudo que nenhum dos fluidos reais é completamente incompressível. No entanto, os líquidos podem ser encarados como tal para efeitos de estudo do seu mecanismo de fluxo. Mecânica de Fluidos 3 2 - De acordo com os efeitos produzidos sob a acção de um esforço de corte: O comportamento de um fluido sob a acção de um esforçode corte é muito importante pois determina a forma como ele se movimentará. A fim de que se possa introduzir a noção de esforço de corte (tensão tangencial), torna-se necessário analisar as forças exteriores que actuam numa determinada massa de fluido sujeita à acção da aceleração da gravidade. Essas forças são de dois tipos: a - Peso do fluido; b - Forças de contacto que actuam sobre a superfície que limita o volume ocupado pela massa de fluido. Figura 1: Forças exteriores que actuam numa massa de fluido A força de contacto dF exercida sobre dA pode decompor-se segundo um versor n normal a dA em: dFn - Força normal a dA dFt - Força tangencial a dA A grandeza escalar p= dFn/dA recebe o nome de pressão; e a grandeza escalar R= dFt/dA designa-se por tensão tangencial (esforço de corte). Num fluido em repouso não existem tensões tangenciais e de acordo com a lei de Pascal a pressão num ponto é igual em todas as direcções. Nos fluidos em movimento, em que se manifeste a acção da viscosidade desenvolvem-se tensões tangenciais ou esforços de corte. 4 Transporte de Fluidos Sendo a viscosidade uma propriedade física que determina a resistência ao escoamento uniforme de um fluido, ela afecta a distribuição do esforço de corte deste, verificando-se no caso dos gases que, mesmo para velocidades de corte elevadas as tensões tangenciais observadas são muito pequenas. Considere-se então: Ry - esforço de corte dy dv - velocidade de corte verificou-se experimentalmente que o esforço de corte é directamente proporcional à velocidade de corte. Introduzindo uma nova constante µ (viscosidade dinâmica ou absoluta) tem-se que: Ry = µ. dy dv (1.1) ou particularizando para escoamento laminar no interior de um tubo de secção circular: Ry = - µ. dy dv (1.2) em que y representa o raio do cilindro, devendo-se o sinal ( - ) ao facto de v (velocidade do fluxo do fluido) diminuir quando y aumenta. Representando graficamente Ry = f (dv/dy), obtém-se: Mecânica de Fluidos 5 Figura 2: Gráfico esforço de corte (Ry) vs. velocidade de corte (dv/dy) Da análise do gráfico conclui-se que: Fluido Ideal - apresenta resistência nula à deformação; Fluido Newtoniano - o esforço de corte é proporcional à velocidade de corte, sendo τ o declive da recta; Fluido não Newtoniano - deforma-se de tal maneira que o esforço de corte não é proporcional à velocidade de corte; Plástico Ideal - o fluido sustém, inicialmente, um esforço sem qualquer deformação, deformando-se posteriormente de forma proporcional ao esforço de corte; Sólido Ideal - não ocorre deformação para qualquer valor de tensão. Os Fluidos Newtonianos são praticamente todos os líquidos orgânicos e inorgânicos enquanto que os Fluidos não Newtonianos podem ser classificados em pseudoplásticos, dilatantes, Bingham, etc. . Como exemplos de Fluidos não Newtonianos podem-se destacar a pasta de celulose, algumas tintas, borracha, massa de bolo, etc. . 1.2. Fluido em movimento: Quando um fluido circula numa tubagem, a sua velocidade pode ser medida numa direcção perpendicular à corrente. A variação de velocidade pode ser indicada pelo uso de linhas de corrente de acordo com: 6 Transporte de Fluidos Figura 3: Linhas de corrente que exemplificam o escoamento de um fluido Linhas de corrente equidistantes indicam que a velocidade do fluxo é constante. Um menor espaçamento entre as linhas de corrente indica um aumento na velocidade de fluxo de fluido. Figura 4: Linhas de corrente e distribuição de velocidades num fluido em regime laminar e turbulento. Mecânica de Fluidos 7 1.3. Fluido estática: Considere a seguinte coluna de fluido estático: Figura 5: Coluna de fluido estático Num tubo de secção S as forças de pressão que actuam num fluido de massa volúmica, ρ, às diferentes alturas Xn são as seguintes: P1=F/S P2 = P1 + h1 ρ g/gc P3 = P2 + (h2-h1) ρ g/gc Note-se que g/gc = 1 se o factor de proporcionalidade (gc) for expresso em unidades do sistema europeu de engenharia, isto é, gc = 9.8 kgm.m.kgf-1.s-2 . No Sistema Internacional de Unidades (SI), g/gc = 9.8 porque o factor de proporcionalidade (gc) é adimensional e igual à unidade, isto é, gc = 1. 8 Transporte de Fluidos 1.4. Manómetros: Os manómetros são instrumentos de medida que permitem determinar uma diferença de pressão entre dois pontos num escoamento de um determinado fluido. Como se sabe, este diferencial de pressão é medido pelo desnível de alturas do líquido existente no manómetro (líquido manométrico) nos dois ramos do manómetro. As figuras seguintes apresentam alguns tipos de manómetros (os mais usuais) e as expressões adequadas que permitem calcular o diferencial de pressão. ⇒ Manómetro em U: ∆P = R.(ρ(líquido manométrico) - ρ(fluido)). cg g (1.3) Figura 6: Esquema de um manómetro em U com líquido manométrico B instalado numa tubagem onde se escoa um fluido A. Mecânica de Fluidos 9 ⇒ Manómetro diferencial: Neste tipo de manómetro, existe um líquido “intermédio” entre o líquido manométrico e o fluido. Esse líquido designa-se por líquido diferencial. Este tipo de manómetro normalmente é utilizado para determinar diferenciais de pressão muito pequenos. ∆P = R.( ρC - ρA ). cg g (1.4) Figura 7: Esquema de um manómetro diferencial com líquido manométrico C e líquido diferencial B, instalado numa tubagem onde se escoa um fluido A. ⇒ Manómetro inclinado: Semelhante ao manómetro em U em termos de constituição, mas em que um dos ramos está sujeito a uma inclinação em relação ao plano horizontal, diferente da do outro. 10 Transporte de Fluidos ∆P = R.senα.(ρA - ρB ). cg g (1.5) Figura 8: Esquema de um manómetro inclinado com um ângulo α e com um líquido manométrico A, instalado numa tubagem onde se escoa um fluido B. As unidades da diferença de pressão (∆P) do fluido dependem do sistema de unidades utilizado. Por exemplo: Sistema Internacional: [∆P] ≡ PASCAL (Pa) ≡ N.m-2 , onde gc = 1; Sistema Europeu de Engenharia: [∆P] ≡ kgf.m-2, onde gc = 9.8 kgm.m.kgf-1.s-2 ; Sistema Inglês de Engenharia: [∆P] ≡ lbf.ft-2, onde gc = 32.17 lbm.ft.lbf-1.s-2 . Mecânica de Fluidos 11 2. MECANISMO DE FLUXO DE FLUIDOS: Considere-se a experiência de Osborn Reynolds: Figura 9: Esquema simplificado da experiência de Reynolds, realizada em 1883. Na experiência de Reynolds liga-se um tubo de vidro a um depósito de água de tal forma que a velocidade desta, que flui ao longo do tubo possa ser modificada. Na extremidade do tubo introduz-se na massa de água uma fina corrente de corante. Reynolds verificou que quando a velocidade da água era baixa, permanecia um filme corado uniforme ao longo do tubo. Aumentando a velocidade da água concluiu que para determinado valor de velocidade, o filme corado desaparecia tingindo-se a água uniformemente. Estas duas formas de regime foram designadas, como corolário da experiência, respectivamente por: • REGIME LAMINAR OU VISCOSO • REGIME TURBULENTO A velocidade a partir da qual o regime de fluxo passa de laminar a turbulento designa-se por velocidade critica (vc). 12 Transporte de Fluidos Estavelocidade crítica é função de: vc = f (v,ρ,µ, Di ) onde: v - velocidade média de circulação do fluido ρ - massa específica do fluido µ - viscosidade do fluido Di - diâmetro interno da tubagem A conjugação correcta destas variáveis permitiu que Reynolds definisse um grupo adimensional que caracteriza o tipo de regime ou de fluxo de um determinado fluido, grupo este designado por Nº de Reynolds: Re = ρ µ .v.Di (1.6) Conclui-se que para o fluxo de fluidos em tubagens circulares rectilíneas: Re < 2100 ⇒ Regime laminar 2100 < Re < 4000 ⇒ Regime de transição Re > 4000 ⇒ Regime turbulento 2.1. Distribuição de velocidades: Se se medir a velocidade de circulação de um fluido a diferentes distâncias do centro de uma tubagem circular rectilínea e representarmos graficamente a velocidade local v’ como função da distância do centro da tubagem, conclui-se, através da análise cuidada da figura seguinte que, independentemente do regime de fluxo do fluido, a velocidade é sempre maior no centro da tubagem e vai diminuindo progressivamente até às paredes desta. Aqui a velocidade é sempre mais baixa do que nos restantes pontos da tubagem. Tal facto deve-se ao atrito provocado pela rugosidade das paredes desta que depende essencialmente do material constituinte e do seu diâmetro. Mecânica de Fluidos 13 Figura 10: Gráfico máx.v v em função da distância do centro às paredes de uma tubagem, para um fluido nos vários regimes. As curvas A, B e C, representam os seguintes regimes, para qualquer fluido: A – Regime de Transição; B - Regime Turbulento; C - Regime Laminar - Perfil Parabólico. Definem-se equações empíricas que relacionam a velocidade média de um fluido com a sua velocidade máxima (que se situa no centro da tubagem). Deste modo, tem-se o seguinte: REGIME LAMINAR: Vmédia = 0,5 . Vmáxima (1.7) REGIME TURBULENTO: Vmédia = 0,8 . Vmáxima (1.8) 14 Transporte de Fluidos À medida que nos aproximamos das paredes da tubagem a velocidade vai diminuindo, pelo que junto das paredes existe uma película de fluido que se move em regime laminar vcrítica > vmédia. Logo que v > vc, o regime de fluxo passa a turbulento. (v = vmédia; vc = vcritica; vmáx = vmáxima; v’ = vlocal) Relação entre a velocidade e a velocidade máxima e o número de Reynolds: Existem gráficos que relacionam v com a vmáx, podendo sob determinadas condições conhecer-se v a partir de vmáx. Figura 11: Gráfico que relaciona máx.v v com o n.º de Reynolds. 2.2 - Noção de viscosidade e massa volúmica: A viscosidade (µ) é uma propriedade física que é definida como sendo a resistência de um fluido ao seu escoamento uniforme. Considere-se duas camadas paralelas de fluido separadas de L cm, onde cada uma delas possui uma área de A cm 2. Mecânica de Fluidos 15 Seja F a força em dines necessária para manter a placa inferior com uma velocidade v em relação à placa superior. Verificou-se experimentalmente que: F = µ.v. L A Figura 12: Experiência que permite definir a viscosidade de um fluido. A viscosidade, para cada fluido, depende da temperatura e pressão. A grandeza viscosidade pode ser caracterizada por duas vertentes: DINÂMICA VISCOSIDADE CINEMÁTICA A viscosidade dinâmica (µ) para um determinado fluido é determinada recorrendo a tabelas ou a gráficos enquanto que a viscosidade cinemática (ν) é expressa da seguinte maneira: ν = ρ µ (1.9) onde ρ é a massa volúmica do fluido, a qual depende também da temperatura e da pressão, sendo esta preponderante no caso dos gases. A massa volúmica, que é definida como sendo a massa de fluido ocupada por um determinado volume, é determinada recorrendo a tabelas ou a gráficos (no caso de líquidos ou de gases à pressão atmosférica) ou então pela expressão (1.14) para gases sujeitos a quaisquer valores de pressão e temperatura, expressão esta demonstrada da seguinte forma: 16 Transporte de Fluidos ρ = V m (1.10) onde (m) é a massa de fluido e (V) o volume de fluido ocupado por (m). Mas, m = n.M (1.11) onde (n) é o n.º moles de fluido e (M) a massa molar desse fluido. Considerando que um determinado fluido gasoso se comporta como um gás perfeito, V = P n.R.T (1.12) onde (R) é a constante dos gases perfeitos, (P) a pressão absoluta do gás e (T) a temperatura absoluta desse gás. Combinando (1.11) e (1.12) com (1.10), vem: ρ = P n.R.T n.M (1.13) simplificando e obtendo a expressão final, que permite determinar a massa volúmica de um fluido gasoso a qualquer pressão e a qualquer temperatura, vem: ρ = R.T P.M (1.14) UNIDADES: Sistema de unidades ρ µ ν S.I. Kg.m-3 Kg.m-1.s-1 m2.s-1 c.g.s. g.cm-3 g.cm-1.s-1 ≡ Poise (P) cm2.s-1 ≡ Stoke (Sk) Sistema Inglês lb.ft-3 lb.ft-1.s-1 ft2.s-1 Tabela 1: Sistemas de unidades para ρ, µ e ν. Mecânica de Fluidos 17 3. PRINCIPIO DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA: 3.1 Teorema de Bernoulli: No nosso estudo de transporte de fluidos ir-se-á sempre estipular as seguintes considerações: Regime Estacionário - as variáveis do processo, como por exemplo, pressão, temperatura, volume, etc. permanecem constantes ao longo do tempo; Fluido Newtoniano - a viscosidade é constante; Fluido Incompressivel - a massa volúmica é praticamente constante ao longo do processo, no caso de líquidos; Fluxo de um fluido unifásico - o fluido é gás ou liquido. Em disciplinas anteriores, foi estudado o primeiro princípio da termodinâmica em dispositivo termodinâmico fechado: ∆U = Q + W (1.15) onde a variação de energia interna de um sistema (∆U) é igual à soma do calor trocado no sistema (Q) com o trabalho realizado (W) nesse mesmo sistema. No caso do transporte de qualquer fluido, o sistema está, como um todo, em movimento em relação a um referencial solidário com o dispositivo termodinâmico, isto é, o sistema possui energia cinética associada à velocidade v do seu centro de inércia. Diz-se, nestas condições, que se trata de um dispositivo termodinâmico aberto (DTA), o qual pode ser enunciado da seguinte forma: “Em qualquer transformação que ocorra em regime estacionário, num DTA de paredes perfeitamente indeformáveis, a variação da energia potencial gravítica, energia de pressão, energia cinética e energia interna do sistema é igual à soma algébrica das interacções com o exterior sob a forma electromagnética, calor ou trabalho, sendo de incluir neste ultimo caso, os aparelhos de transporte”. 18 Transporte de Fluidos ∆Epot. + ∆Ecin + ∆U + ∆Epress. = W + Q + f.e.m. (1.16) A variação é entre 2 pontos do sistema. Exemplos de aparelhos de transporte: bombas, compressores, ventiladores - fornecem energia ao sistema turbinas - retiram energia do sistema Considere-se o seguinte sistema genérico de escoamento de qualquer fluido e estipule-se o seguinte: Base de Cálculo: 1 Kg de Fluido Figura 13: Figura que representa o escoamento genérico de um fluido entre dois pontos quaisquer. MN – Plano horizontal. Mecânica de Fluidos 19 A energia associada ao fluido de massa (m) noponto A, é a seguinte: Epotencial = m.XA. cg g (1.17) em que: X = altura do fluido em relação a um referencial previamente estabelecido, Ecinética = m. c 2 A 2.g v (1.18) em que: v = velocidade do fluido, Epressão = c AA g .g.Vm.P (1.19) em que: V = volume específico, P = pressão absoluta do fluido, e considerando ainda que: m.F. cg g = perdas de energia por fricção no sistema, m.W. cg g = energia fornecida ao sistema por meio de um equipamento mecânico, tem-se, m.XA. cg g + m. c 2 A 2.g v + c AA g .g.Vm.P - m.F. cg g + m.W. cg g = m.XB. cg g + m. c 2 B 2.g v + c BB g .g.Vm.P (1.20) 20 Transporte de Fluidos Em Engenharia, é costume escrever-se a equação de conservação da energia reportada ou à unidade de peso do fluido circulante, ou à unidade de volume de fluido circulante, ou ainda à unidade de tempo. Considerando a equação de conservação da energia reportada à unidade de peso de fluido: XA + c 2 A 2.g v + PA.VA – F + W = XB + c 2 B 2.g v + PB.VB (1.21) onde gc = 9.8 kgm.m.kgf-1.s-2 para o Sistema Europeu de Engenharia ou gc = 32.17 lbm.ft.lbf-1.s-2 . A energia por unidade de peso tem dimensões de altura (comprimento) e assim, cada um dos termos é acompanhado de um adjectivo que precisa o termo a que se reporta: X = altura potencial c 2 2.g v = altura cinética P.V = altura estática = P. ρ m F = perdas de carga W = energia por unidade de peso adicionada ao sistema por meio de um equipamento mecânico (ex. bomba, compressor, etc.) Assim, a equação do balanço energético associada ao transporte de qualquer fluido (para uma unidade de massa desse fluido) assumirá a seguinte forma genérica: XA + c 2 A 2.g v + ρ AP - F + W = XB + c 2 B 2.g v + ρ BP (1.22) expressão esta que se designa por equação de Bernouilli. Mecânica de Fluidos 21 Se efectuarmos uma análise dimensional da equação de Bernouilli, constata-se que cada termo tem a dimensão de um comprimento (L). [X] ≡ L c 2 g v ≡ 2- -22 L. .L θ θ ≡ L ρ P ≡ 3- -2 M.L M.L ≡ L [F] ≡ L [W] ≡ L Sistema de unidades S.I. Sistema Europeu de Engenharia Sistema Inglês de Engenharia X m m ft v m.s-1 m.s-1 ft.s-1 P N.m-2 ≡ Pa kgf.m-2 lbf.m-2 ρ kg.m-3 kg.m-3 lb.ft-3 F m m ft W m m ft Tabela 2: Sistemas de unidades para os vários termos da equação de Bernouilli. ? É importante notar que a equação de Bernouilli tal como está descrita em (1.22), a pressão absoluta do fluido tem de vir necessariamente expressa em unidades do Sistema Europeu de Engenharia ou, no Sistema Inglês de Engenharia ou, em PSI (lbf.in-2) ou, nos respectivos submúltiplos. Não poderá ser expressa nem em unidades do Sistema Internacional nem em unidades derivadas como atmosfera, bar, mm Hg, Torr, etc. . ? Para se poder exprimir a pressão absoluta em unidades SI [Pascal (Pa)], a equação de Bernouilli tem de assumir a seguinte forma: XA + c 2 A 2.g v + .g PA ρ - F + W = XB + c 2 B 2.g v + .g PB ρ (1.23) equação de Bernouilli aplicada no Sistema Internacional de Unidades (SI). Note que, 1 Newton (N) ≡ 1 kgf.m.s-2 22 Transporte de Fluidos 3.2. Equação da continuidade: Considere-se a passagem de um fluido através de um tubo de corrente conforme se indica na figura: Seja: Ai = área interna da secção normal ao fluxo; v = velocidade de fluxo do fluido ρ = massa volúmica do fluido Figura 14 : Tubo de escoamento de um fluido Define-se então: Caudal mássico (Qm): Massa de fluido transportada (m) por unidade de tempo (t): Qm = t m (1.24) Caudal molar (QM): N.º moles de fluido (n) transportado por unidade de tempo (t): QM = t n (1.25) Caudal volumétrico (Qv): Volume de fluido (V) transportado por unidade de tempo (t): Qv = t V (1.26) A relação do caudal volumétrico de fluido com a sua velocidade é expressa da seguinte forma: Qv = v.Ai (1.27) Mecânica de Fluidos 23 Em relação ao caudal mássico, tem-se: Qm = ρ.Qv = ρ.v.Ai (1.28) e, em relação ao caudal molar, tem-se: QM = M Qm = M .v.Aiρ (1.29) onde (M) é a massa molar de fluido transportado. ? Se considerarmos uma tubagem com vários troços de tubagem de diâmetros diferentes, o caudal de fluido é sempre constante em toda a tubagem. Aliás, o caudal de um fluido só pode ser alterado por agentes externos à tubagem, como por exemplo, através de válvulas, equipamento mecânico instalado (bomba, por exemplo), etc. . Considere-se três troços de tubagem com diâmetros quaisquer: (1) (2) (3) Então, como Qv = const., Qv1 = Qv2 = Qv3 = Qv ⇔ v1.Ai1 = v2.Ai2 = v3.Ai3 = v.Ai (1.30) A expressão (1.30) é designada por equação da continuidade. O termo continuidade deriva do facto de o caudal em todos os troços ser constante. Em termos de caudal mássico (Qm = cont.), Qm1 = Qm2 = Qm3 = Qm ⇔ ρ.v1.Ai1 = ρ.v2.Ai2 = ρ.v3.Ai3 = ρ.v.Ai (1.31) 24 Transporte de Fluidos 3.3 Tubagens, tubos e acessórios: Antes de se iniciar uma discussão mais detalhada dos métodos de determinação das perdas de pressão por fricção no fluxo de fluidos em tubagens, termo F da equação de Bernoulli, torna-se importante analisar os recursos necessários para que se possa proceder à movimentação de um fluido. Tubagens e tubos: Os fluidos são frequentemente encontrados numa gama muito diversificada de processos químicos, sendo a sua movimentação assegurada entre as diferentes etapas do processo através da utilização de tubagens ou tubos de secção circular. As tubagens e os tubos são fabricados a partir dos materiais de construção dentro de determinadas gamas de especificação disponíveis no mercado, dependendo a opção de escolha das propriedades corrosivas e da pressão de fluxo do fluido a ser transportado. Alguns dos materiais de tubagens mais utilizados são os seguintes: • Vidro; • Concreto; • Ferro fundido, galvanizado; • aço comercial, aço inox, aço rebitado; • plásticos (PVC); • madeira, etc. ; No entanto os materiais mais vulgarmente utilizados na sua construção são o ferro, o aço e o cobre. a) Tubagens As tubagens podem ser fabricadas com diferentes diâmetros, espessuras de parede e materiais, pelo que se tornou necessário standardizar as suas dimensões. Assim, por convenção e, de acordo com a ANSI (American National Standards Institute), as dimensões das tubagens e acessórios são caracterizadas em termos do seu Mecânica de Fluidos 25 diâmetro nominal e espessura de parede. Para tubagens de aço, por exemplo, os diâmetros nominais podem variar entre 1/8" e 30". O diâmetro nominal de uma tubagem é uma grandeza que não coincide com o seu diâmetro interno ou externo, no entanto para tubagens com diâmetros nominais inferiores a 12", os diâmetros nominais constituem uma boa aproximação do diâmetro interno da tubagem. O diâmetro interno é a grandeza que é utilizada para todos os cálculos relativos a transporte de fluidos onde o diâmetro da tubagem intervenha.Figura 15: Vista frontal de várias tubagens com o mesmo diâmetro nominal, para vários catálogos. Como se pode constatar pela figura 15, tubagens com o mesmo diâmetro nominal possuem o mesmo diâmetro externo, mas possuem espessuras de parede diferentes, o que implica, necessariamente, diâmetros internos diferentes. Esta situação permite a utilização indiscriminada dos diferentes tipos de acessórios standardizados disponíveis no mercado. A espessura da parede de uma tubagem é indicada pelo seu n.º de catálogo (schedule number): Sch. number = 1000. S P (1.32) em que: P = Pressão de trabalho interna S = Tensão de segurança admitida para o material à temperatura de trabalho. 26 Transporte de Fluidos Quanto maior o n.º catálogo, maior é a espessura da parede, podendo assim especificar com maior rigor o tipo de tubo necessário ao processo. Os 11 Schedule Number existentes são: 5,10, 20, 30, 40, 60, 80, 100, 120, 140 e 160. O Schedule 40 corresponde a tubos standart e é a espessura mais utilizada na prática, a que corresponde um tubo de parede normal. O Schedule 80 é designado por tubo extra forte e o Schedule 160 é designado por tubo duplamente extra forte. A título de exemplo, observe-se a seguinte tabela, para um diâmetro nominal de 4”: Diâmetro Nominal Diâmetro Externo (inches) Diâmetro Interno (inches) Espessura da parede (inches) Schedule 4” 4,500 4,026 0,237 40 4” 4,500 3,826 0,337 80 4” 4,500 3,264 0,438 100 4” 4,500 3,438 0,531 160 Tabela 3: Vários diâmetros internos, espessuras e shedule numbers para uma tubagem de diâmetro nominal de 4”. Para aço comercial, não existe Schedule 5. Os tubos de aço inoxidável existentes no mercado são Schedule 5, 10, 40 e 80. b) Tubos Os tubos, de menores dimensões que as tubagens, são comercializados com base nos seu diâmetro externo e espessura da parede. A espessura da parede dos tubos é expressa frequentemente pelas Birmingham Wire Gage (BWG). Acessórios de tubagens: O termo acessório refere-se a uma peça de equipamento instalada numa tubagem e que pode satisfazer uma das seguintes funções: • União de dois troços de tubagem – Ex.: Uniões • Mudança na direcção de uma tubagem – Ex.: Curvas, Tês Mecânica de Fluidos 27 • Mudança no diâmetro de uma tubagem – Ex.: Reduções, Alargamentos • Interrupção de uma tubagem – Ex.: Tampões , Válvulas • União de duas correntes para formar uma terceira – Ex.: Tês • Controle de fluxo (caudal) – Ex.: Válvulas Os acessórios para tubagens de aço são vulgarmente construídos em ferro fundido ou aço macio, encontrando-se disponíveis no mercado para uma gama muito diversificada de espessura de parede. Válvulas: As válvulas, sendo um acessório, possuem algumas funções muito importantes para além da simples ligação a uma tubagem. De facto entre as suas aplicações pode-se destacar: ? controle de caudal; ? interrupção no fluxo de um fluido numa tubagem. O tipo de concepção de uma válvula determina a sua aplicação. Uma vez que uma descrição exaustiva deste tipo de equipamento sai fora do âmbito da cadeira far-se-á apenas uma breve referência às válvulas de comporta e de globo. a) Válvula de comporta: Constituída por um disco posicionado na direcção perpendicular ao fluxo. É fundamentalmente utilizada para interrupção do fluxo. b) Válvula globo: O fluido passa através de uma abertura cuja área é controlada por um disco posicionado numa direcção paralela ao fluxo. Muito utilizada para controle do caudal. c) Outro tipo de válvulas: - Válvula de macho esférico, de retenção, de diafragma; - Válvulas de segurança, automáticas de controle, etc. . 28 Transporte de Fluidos Figura 16: Acessórios roscados Mecânica de Fluidos 29 Figura 17: Válvulas mais usuais 30 Transporte de Fluidos Figura 18: Outros tipos de válvulas e purgadores Mecânica de Fluidos 31 4. PERDAS DE PRESSÃO NO FLUXO DE FLUIDOS EM TUBAGENS: Na equação de Bernoulli foi incluído um termo F que representa a perda de energia por unidade de força, devida à fricção no fluxo de fluidos em tubagens. A este termo dá-se o nome de perda de carga total do fluido transportado. Uma das aplicações de maior interesse em engenharia consiste na determinação de perdas de carga para o fluxo de qualquer fluido a partir das suas propriedades físicas e condições de escoamento. Ao discutir-se o mecanismo do fluxo de fluidos concluiu-se que um fluido se pode movimentar segundo os seguintes regimes: - Laminar ou viscoso; - Turbulento. Quando um fluido se movimenta em regime laminar, a perda de pressão por fricção (∆P) pode ser determinada através da equação de Hagen-Poiseuille: ∆P = 2 ig.D 32.L.v.µ (1.33) onde: L – comprimento da tubagem; v – velocidade média do fluido; µ - viscosidade dinâmica do fluido; Di – diâmetro interno da tubagem. No entanto verifica-se na prática que, a maioria dos fluidos são movimentados em regime turbulento, pelo que, não será possível a utilização da mesma equação para efeitos da determinação das perdas por fricção na maioria dos casos. Tratando-se de regimes de fluxo diferentes, os processos de determinação das perdas de energia por fricção serão necessariamente diferentes, pelo que a solução do problema passa inevitavelmente por uma generalização dos conceitos 32 Transporte de Fluidos relacionados com as transferências da quantidade de movimento que ocorrem durante o fluxo de um fluido. Assim a perda de pressão por fricção de um fluido que se move ao longo de uma tubagem, representa um caso especial da lei geral da resistência entre um sólido e um fluido em movimento relativo. De acordo com esta lei verificou-se experimentalmente que, a força resistente total ao fluxo do fluido depende unicamente de; - rugosidade, volume e forma do sólido; - velocidade, massa específica e viscosidade do fluido. Desta forma resulta a conveniência prática de que entre outras variáveis a força resistente total é uma função do número de Reynolds o que simplifica a solução do problema. 4.1 Cálculo das perdas de carga em tubagens: De acordo com o que foi discutido, as perdas de energia por unidade de peso de fluido devidas a fricção, termo F da equação de Bernoulli, deverão ser determinadas a partir do regime de fluxo do fluido e das suas propriedades físicas. Essas perdas de energia por unidade de peso devidas a fricção, são vulgarmente conhecidas por perdas de carga: F = Σ∆H (1.34) correspondem ao somatório dos seguintes tipos de perdas de carga: A ⇒ ∆Hf - Perda de carga por atrito; B ⇒ ∆Ha - Perda de carga por alargamento súbito na secção da tubagem; C ⇒ ∆Hc - Perda de carga por contracção súbita na tubagem; D ⇒ ∆Hv - Perdas de carga provocadas pela introdução de acessórios nas tubagens. Mecânica de Fluidos 33 A ⇒ Perda de carga por atrito ou fricção (∆Hf): Considere-se a seguinte tubagem com um comprimento (L) por onde se desloca um fluido sujeito a uma tensão de corte (τ): Figura 19: Perda de carga num tubo cilíndrico. A força (F) exercida pelo fluido sobre toda a superfície transversal interna da tubagem (Ai) é dada por: F = ∆Pf.Ai = ∆Pf.π. 4 D2i .g (1.35) onde ∆Pf corresponde à perda de pressão do fluido por fricção, isto é, devido ao atrito.∆Pf é expresso em unidades dos sistemas de engenharia (europeu ou inglês). Esta perda de pressão do fluido por fricção corresponderá a uma perda de carga por atrito, a qual dependerá de um factor de atrito, resultante da existência de fricção entre o fluido e as paredes da tubagem. Fanning definiu factor de atrito como sendo a razão da tensão de corte (τ) pela energia cinética do fluido, calculada com base na velocidade média deste, ou seja, τ = f. 2 .v2ρ (1.36) em que f é o factor de atrito de Fanning. Por sua vez, a força associada à tensão de corte do fluido é dada por τ.π.Di.L . Ora, pela lei do equilíbrio do sistema de forças existente, equilibrando esta força com a força (F) da expressão (1.35), vem: τ.π.Di.L = ∆Pf.π. 4 D2i .g (1.37) P + ∆Pf τ L 34 Transporte de Fluidos ou seja, ∆Pf = 2.f. i 2 g.D .vL.ρ (1.38) Como para qualquer perda de pressão de um fluido está subjacente uma correspondente perda de carga, tem-se para as perdas de pressão por atrito, ∆Hf = ρ fP∆ (1.39) e, combinando (1.38) com (1.39), vem: ∆Hf = i 2 g.D .L2.f.v (1.40) onde: ∆HF – Perdas de carga por atrito ou fricção; Di – Diâmetro interno da tubagem; v – Velocidade média do fluido; L – Comprimento da tubagem; f – Factor de atrito de Fanning (adimensional). A expressão (1.40), designada por equação de Fanning, é utilizada para calcular qualquer perda de carga por atrito para um fluido em movimento ao longo de uma tubagem, em qualquer tipo de regime. O valor de f pode ser determinado graficamente recorrendo ao gráfico de Fanning (apresentado na sebenta de Tabelas de Tecnologia Química), onde se representa: f = função do n.º de Reynolds (Re) e da rugosidade relativa (ε/D) O valor da rugosidade relativa de uma tubagem pode ser encontrado em tabelas onde esta grandeza é função do tipo de material e do diâmetro da tubagem. A Mecânica de Fluidos 35 grandeza ε representa a rugosidade da superfície interior da tubagem possuindo as dimensões de um comprimento. É preciso ter cuidado com o factor de atrito utilizado, visto que, em diversa literatura, existem outros factores de atrito que diferem daquele que é aqui referido. Por exemplo, é muito comum utilizar-se o factor de atrito de Moody (ou Darcy) e que é quatro vezes superior ao de Fanning. Especificamente, para regime laminar, se for conhecida a viscosidade de um fluido que se mova neste tipo de regime numa tubagem rectilínea de secção circular, pode determinar-se o valor da perda de carga por atrito (∆Hf), a partir da equação de Hagen-Poiseuille (válida apenas para regime laminar): ∆Hf = 2.Dig. 32.L.v. ρ µ (1.41) em que: ∆Hf – perda de carga L - comprimento da tubagem v - velocidade média de circulação do fluido Di - Diâmetro interno da tubagem ρ - Massa volúmica do fluido µ - Viscosidade dinâmica do fluido Para regimes de fluxo laminar, pode-se combinar a equação de Poiseiulle com a equação de Faning, obtendo-se: (1.42) Donde se conclui-se que, para regime laminar: f = Re 16 (1.43) A equação de Fanning tanto pode ser usada para regime laminar como turbulento. 32 2 2 2. . . . . . . . L v g D f L v g D µ ρ = 36 Transporte de Fluidos Uma análise mais detalhada do gráfico f = f(Re, ε/D), apresentado na sebenta de Tabelas de Tecnologia Química, permite concluir o seguinte: • Para Reynolds < 2100 o factor de atrito é independente da rugosidade; f = 16/Re; • Para Reynolds > 4000 o factor de atrito depende da rugosidade e do Re; • Para Reynolds muito mais elevados o factor de atrito é praticamente independente do Reynolds; • Para a zona de transição é impossível prever o regime de fluxo; • No gráfico f = f(Re, ε/D), a curva indicada mais abaixo representa as tubagens de superfície interior lisa, onde o valor da rugosidade relativa é praticamente nulo; • Resta por último salientar que a precisão de leitura no mapa de atrito é de aproximadamente 5 a 10%. É comum utilizar-se, para regime turbulento, a expressão de Colebrook and White, que relaciona o factor de atrito de Fanning com o n.º Reynolds (Re) e a rugosidade relativa (ε/D): f 1 = -2.log10 + fRe. 2,51 3,7.D ε (1.44) que prevê factores de atrito na gama 3500 ≤ Re ≤ 108 e 0 ≤ ε/D ≤ 0,05. A tabela 4 indica valores de rugosidade absoluta (ε) para vários materiais de tubagem. B ⇒ Perdas de carga por alargamento brusco na secção da tubagem: Conforme se indica na figura 20, se o diâmetro de uma tubagem aumentar bruscamente, a área efectiva disponível para o fluxo aumentará gradualmente, desde o tubo mais pequeno até ao tubo de maior diâmetro, diminuindo progressivamente a velocidade do fluxo, ou seja, um aumento do diâmetro da tubagem provoca uma diminuição da velocidade do fluido. Mecânica de Fluidos 37 MATERIAL DA TUBAGEM ε (mm) Latão, vidro 0,003 PVC, cobre 0,01 a 0,04 Novo 0,05 Usado 0,10 a 0,20 Enferrujado 0,15 a 0,25 Incrustado 1,5 a 3 Aço laminado: Revestido 0,015 Novo 0,05 a 0,1 Usado 0,15 a 0,25 Aço soldado: Enferrujado 0,4 Aço galvanizado 0,15 a 0,20 Aço inoxidável 0,01 Novo 0,25 Enferrujado 1 a 1,5 Ferro fundido: Fortemente incrustado Até 3 Polyester, fibra de vidro reforçada, D > 200 mm 0,05 a 0,085 Fibrocimento 0,03 Grés 0,3 a 1 Madeira 0,3 a 1 Galerias em rocha (não revestidas) 90 a 600 Betão liso 0,3 a 0,8 Tabela 4: Rugosidades absolutas para vários materiais de tubagem1. Figura 20: Alargamento de uma tubagem 1 Jerónimo, Prof. Manuel, “Curso de Transporte de Fluidos em Tubagens”, CENERTEC, Porto, 2001. 38 Transporte de Fluidos Para um alargamento brusco de secção, a perda de carga será representada por: ∆Ha = ( ) c 2 21 2.g v- v (1.45) onde, com base na figura 20, v1 é a velocidade média do fluido antes do alargamento da tubagem e v2 após o alargamento da tubagem, em que a área interna Ai2 > Ai1. C ⇒ Perdas de carga por contracção súbita na secção de uma tubagem: Conforme se indica na figura 21, se o diâmetro de uma tubagem diminuir bruscamente, a área efectiva disponível para o fluxo diminuirá gradualmente, desde o tubo maior até ao tubo de menor diâmetro, aumentando progressivamente a velocidade do fluxo, ou seja, uma diminuição do diâmetro da tubagem provoca um aumento da velocidade do fluido. Figura 21: Contracção de uma tubagem. A perda de carga num acidente deste tipo pode ser expressa por: ∆Hc = ( ) K.2.g v- v c 2 21 (1.46) onde, com base na figura 21, v1 é a velocidade média do fluido antes da contracção da tubagem e v2 após a contracção da tubagem, em que a área interna Ai2 < Ai1. Mecânica de Fluidos 39 K representa o coeficiente de contracção de tubagem (adimensional) que depende da relação de áreas das duas secções Ai2/Ai1. A constante K pode ser obtida por via gráfica: Figura 22: Gráfico K em função do quociente de áreas maior área menor área . D ⇒ Perdas de carga provocadas pela introdução de acessórios nas tubagens: A perda de carga introduzida pelos acessórios instalados nas tubagens deve ser expressa como um comprimento de tubo rectilíneo com a mesma resistência. Estecomprimento é designado por comprimento equivalente. Usualmente não se expressa em metros de tubagem, mas como um certo n.º de diâmetros de tubagem. Num sistema que apresente acessórios e para o qual haja que calcular a perda de carga por atrito, a tubagem rectilínea mede-se entre o espaço ocupado pelos acessórios. A esta distância, comprimento físico, real, adiciona-se o comprimento equivalente dos acessórios que existem no sistema. O comprimento resultante chamado comprimento total é o valor de L que se utiliza na equação de Fanning. Considere-se o seguinte exemplo, que serve como caso geral: Figura 23: Esquema de uma tubagem com troços rectos L1 e L2 e um acessório (Leq.) 40 Transporte de Fluidos O comprimento equivalente de cada acessório pode ser determinado pela seguinte expressão: Leq.(acessório) = iD Leq. .Di (1.47) O quociente iD Leq. representa o comprimento equivalente de um acessório por unidade de diâmetro de tubagem. Basta multiplicar este quociente pelo diâmetro interno da tubagem para se obter o comprimento equivalente absoluto desse mesmo acessório. A tabela 5 apresenta, para vários acessórios, o respectivo iD Leq. . PERDAS DE CARGA PROVOCADAS PELA INTRODUÇÃO DE ACESSÓRIOS: ACESSÓRIO Leq./Di Joelhos 15 Cotovelos a 90º, raio normal 32 Cotovelos a 90º, raio médio 26 Cotovelos a 90º, grande curvatura 20 Cotovelos a 90º, em esquadria 60 Curvas de retorno de 180º, fechadas 75 Curvas de retorno de 180º, raio médio 50 Tês (utilizados como cotovelos, com entrada pelo centro) 60 Tês (utilizados como cotovelos, entrada lateral) 90 Acoplamentos Desprezável Uniões Desprezável Válvulas de comporta, 100% abertas 7 Válvulas de assento esférico, 100% abertas 300 Válvulas de ângulo, 100% abertas 170 Contadores de água, de disco 400 Contadores de água, de pistão 600 Contadores de água, de rodete 300 Tabela 5: iD Leq. para vários acessórios de tubagem. Mecânica de Fluidos 41 O comprimento equivalente total de uma tubagem será igual à soma dos vários troços rectos da tubagem com os vários comprimentos equivalentes dos diversos acessórios. Leq.T = ΣLTROÇOS RECTOS + ΣLeq. (ACESSÓRIOS) (1.48) Na prática, a perda de carga por atrito (∆Hf) e a perda de carga por introdução de acessórios (∆Hv) são expressas numa só, que é designada por perda de carga por atrito com introdução de acesórios (∆Hf): ∆Hf = i T 2 g.D .Leq.2.f.v (1.49) que não é mais do que a equação de Fanning aplicada a tubagens com acessórios. Como conclusão deste ponto 4, a determinação da perda de carga total de qualquer fluido num sistema de transporte entre dois pontos, termo F da equação de Bernouilli (1.23), é a seguinte: F = Σ∆Hf + Σ∆Ha + Σ∆Hc (1.50) 5. O EFEITO DO CHOQUE HIDRÁULICO: Quando se provoca uma alteração rápida da velocidade de escoamento de um fluido numa tubagem, tal como a provocada por uma obturação rápida de uma válvula de macho esférico ou pelo arranque ou paragem de uma bomba, surgem sobrepressões e subpressões muito consideráveis, que provocam vibrações e por vezes rebentamentos. Este fenómeno é designado por choque hidráulico ou golpe de aríete. A sobrepressão ∆P resultante da variação muito rápida da velocidade ∆v, para a água, é dada apróximadamente por: ∆P (bar) ≅ 10.∆v (m.s-1) (1.51) 42 Transporte de Fluidos Deste modo, uma variação de velocidade súbita de 1m/s de água, produz uma sobrepressão de 10 bar. Por este facto, deve-se limitar a velocidade de circulação dos fluidos, sempre que houver possibilidades de alterações rápidas desta grandeza e/ou usar dispositivos de protecção que amorteçam as ondas de choque geradas. 6. NÚMERO DE KÁRMAN: O n.º de Kárman permite a solução de problemas nos quais seja desconhecida a velocidade de circulação do fluido (v), mas onde sejam conhecidas as perdas de carga por atrito com ou sem acessórios (∆Hf) e o diâmetro da tubagem (Di). Define-se o n.º de Karman como sendo o produto do n.º de Reynolds pela raiz quadrada do factor de atrito de Fanning: Λ = Re. f (1.52) onde: Λ - Nº Karman; Re – Nº Reynolds; f – Factor de atrito de Fanning utilizando a definição do n.º Reynolds (1.6) e a equação de Fanning (1.49) e substituindo estas expressões em (1.52), vem: Λ = µ ρ i.v.D . T 2 fi .Leq.2.v H.g.D ∆ (1.53) simplificando, vem: Λ = µ ρ i.D . T fi 2.Leq. H.g.D ∆ (1.54) Mecânica de Fluidos 43 A determinação do factor de atrito de Fanning é efectuada através de gráfico próprio (sebenta de Tabelas de Tecnologia Química), onde (f) é função da rugosidade relativa (ε/D) e do n.º Kárman (Λ). Definindo um procedimento de cálculo para este tipo de problema, este poderá ser o que a seguir se descreve: 1.º Calcular Λ através de (1.54); 2.º Retirar o valor de ε/D através do gráfico ε/D = f(D, material da tubagem); 3.º Determinar o valor de f através do gráfico f2. 1 = f(ε/D, Λ); 4.º Determinar o valor de Re através de (1.52); 5.º Calcular v através da definição de Re (1.6); 6.º Calcular Qv através da equação da continuidade (1.31). 7. DIÂMETRO MÍNIMO DE UMA TUBAGEM: Muitas vezes, torna-se necessário determinar o diâmetro mínimo de uma tubagem a utilizar numa instalação, dispondo de uma energia determinada para um caudal de circulação do fluido conhecido. A dedução matemática da expressão que permite a determinação do diâmetro mínimo de uma tubagem, conhecida a velocidade do fluido e a perda de carga por atrito, com ou sem acessórios, é a seguinte: Combinando a equação da continuidade (1.31) Qv = v.Ai = v. 4 .D2iπ ⇔ v = 2 i.D 4.Qv π (1.55) com a equação de Fanning (1.49) ∆HF = i T 2 g.D .Leq.2.f.v = 5 i 2 T 2 .g.D .Leq.32.f.Qv π (1.56) vem: 44 Transporte de Fluidos Di(min.) = 5 f T 2 H.g. .Leq.32.f.Qv ∆2π (1.57) Considerando que (f) é função do diâmetro da tubagem, através da rugosidade relativa, tal como está, a expressão (1.57) conduz a uma indeterminação. Este tipo de problema terá de ser resolvido por tentativas. Ora, definindo um procedimento de cálculo para este tipo de problema, este poderá ser o que a seguir se descreve: Método Iterativo: 1.º Arbitrar um valor para f = 0,005; 2.º Determinar o Di(min.) correspondente ao (f) arbitrado através de (1.57); 3.º Determinar ε/D através do gráfico ε/D = f(D, material da tubagem); 4.º Determinar v através de (1.55); 5.º Determinar Re pela definição (1.6); 6.º Determinar um novo valor para o factor de atrito (f’) pelo gráfico de Fanning f’ = f(ε/D, Re); 7.º Comparar f’ com o valor de f arbitrado; 8.º Se os valores de f não coincidirem, voltar a arbitrar um novo valor de f; 9.º Efectuar os passos 2 a 7 até f = f’ ou a diferença entre estes valores implicar, normalmente, um erro relativo Er ≤ 2%; 10.º Quando se cumprir o passo 9, o diâmetro mínimo da tubagem será o calculado por (1.57) com o valor de (f) acertado no passo anterior. 8. PREVISÃO DA PERDA DE CARGA: No projecto de um processo ou de uma fábrica é necessário muitas vezes estimar as perdas de carga antes de possuir toda a informação necessária. Um exemplo típico acontece quando se acaba de obter o diagrama de fluxo processual e ainda não se tem a tubagem desenhada em detalhe. Conhece-se a localização do equipamento Mecânica de Fluidos 45 principal, podendoestimar-se o comprimento equivalente da tubagem e acessórios (Leq.) somente a partir do comprimento da tubagem (L), do seu diâmetro (D) e de um factor de complexidade da instalação (Fc). A expressão encontrada para esta correlação2, quando expressa em unidades SI, é a seguinte: L Leq. = 1 + ( ).Fc0,216. D2,18. + (1.58) Os valores típicos de Fc são os seguintes, para alguns exemplos de instalações: Instalação Fc Redes de distribuição muito complexas 4 Redes de distribuição típicas 2 Tubagem normal 1 Tubagem longa razoavelmente longa 0,5 Linhas de fornecimento de utilidades (água, vapor, ar comprimido e fuelóleo) fora dos limites das unidades 0,25 Tabela 6: Factores de complexidade para alguns exemplos de instalações. Exemplo: numa tubagem normal, em que D = 0,1 m (4”), tem-se: Fc = 1 e L Leq. = 1 + ( ).10,216. 0,12,18. + = 1,9 Daqui se conclui que, numa tubagem normal, o comprimento equivalente da mesma com acessórios é cerca do dobro do comprimento do tubo rectilíneo. 9. MEDIDORES DE CAUDAIS: A classe mais importante de medidores de caudal é aquela em que o fluido é acelerado ou retardado na secção de medição e a variação na energia cinética é medida pela diferença de pressão criada. Esta classe abrange: 2Brown, G. G. , “Operaciones Básicas de la Ingeniería Química”, Editorial Marín, 1965. 46 Transporte de Fluidos ⇒ O tubo de Pitot, no qual um pequeno elemento de fluido é levado a parar num orifício situado perpendicularmente à direcção do fluxo. Obtém-se o caudal medindo a diferença entre a pressão de impacto e a pressão estática. ⇒ O medidor de orifício, no qual o fluido é acelerado numa constrição súbita, no curso da corrente. A perda de pressão global é elevada, porque o excesso de energia cinética do fluido é desperdiçado. ⇒ A embocadura, na qual o fluido é acelerado gradualmente até à garganta do instrumento. A energia de pressão não é recuperada e, portanto, apresenta características semelhantes às do medidor de orifício. ⇒ O medidor Venturi, no qual é gradualmente acelerado e, depois, é gradualmente retardado. Uma fracção elevada do excesso de energia cinética é recuperada. ⇒ O dique ou represa, no qual a energia do fluido correspondente à sua pressão hidrostática é convertida em energia cinética. Os medidores de caudal são classificados em dois grupos: De carga variável MEDIDORES DE CAUDAL { De área variável 9.1 Medidores de carga variável: Neste tipo de medidores de caudal, em cada um deles o fluido é acelerado através de um estrangulamento; dá-se, deste modo, um aumento da energia cinética do fluido transportado devido ao aumento de velocidade deste, que é consequência do estrangulamento existente na tubagem, isto é, redução do seu diâmetro. Isto irá implicar uma diminuição da energia de pressão. O caudal determina-se medindo a diferença de pressão, através de um manómetro, entre a entrada do medidor (onde não ocorre perturbação do fluido) e um ponto de pressão reduzida (localizado no próprio medidor). Aplicando-se a equação de Bernoulli entre estes pontos, tem-se: Mecânica de Fluidos 47 XA + c 2 A 2.g v + ρ AP - F + W = XB + c 2 B 2.g v + ρ BP (1.59) Em que o ponto (A) corresponde a um ponto a montante do estrangulamento e (B) um ponto no interior do referido estrangulamento. Ora, considerando que numa tubagem rectilínea, os pontos (A) e (B) estão à mesma altura piezométrica em relação ao mesmo referencial, XA = XB e que, entre estes mesmos pontos, não existe qualquer equipamento mecânico (nem tal facto fazia sentido), W = 0. Considerando ainda que as perdas de carga entre estes dois pontos (muito próximos) são nulas, tem-se que F = 0. Logo, a expressão (1.59), vem, com as referidas simplificações: c 2 A 2.g v + ρ AP = c 2 B 2.g v + ρ BP (1.60) que pode assumir a seguinte forma: 2 A 2 B v- v = ρ BA c P - P .2.g (1.61) mas, da expressão (1.39), ρ BA P - P = ρ P∆ = ∆H (1.62) vem: 2 A 2 B v- v = H.2.gc ∆ (1.63) equação geral para os medidores de caudal de carga variável. ∆H é a perda de carga do fluido nesse medidor de caudal. Nota importante: Em relação às unidades, nestas expressões, a diferença de pressão (∆P) terá de vir expressa em unidades dos sistemas europeu ou inglês de engenharia, ou respectivos sub-múltiplos, ou ainda, em PSI (lbf.in-2). Para se utilizar 48 Transporte de Fluidos unidades do Sistema Internacional para o ∆P (Pascal), a perda de carga no medidor de caudal (1.62) terá de ser a seguinte: .g P - P BA ρ = .g P ρ ∆ = ∆H (1.64) 9.1.1. Medidor de orifício: Figura 24: Medidor de orifício, com as bordas agudas Um medidor de orifício é constituído por uma placa plana que contém um orifício concêntrico através do qual passa o fluido. Esse orifício situa-se no eixo da tubagem, o que implica uma redução significativa do diâmetro desta e posterior alargamento significativo. O medidor deve ser normalizado. Os factores mais importantes que influem na leitura do ∆P de um medidor de orifício são os seguintes: ? o tamanho do orifício; ? o diâmetro da tubagem em que se encontra. Outros factores, porém, afectam de algum modo essa leitura: ♦ a posição exacta das tomas de pressão; ♦ o método de fixação das mesmas, porque a área do fluxo e, portanto, a velocidade do fluido, variam gradualmente na região do orifício. A toma de montante deve estar situada a cerca de um diâmetro do tubo e a toma a jusante a cerca de meio diâmetro do orifício. A primeira corresponde ao fluxo normal e a segunda à vena contracta. Mecânica de Fluidos 49 Na prática, desconhece-se o diâmetro da vena contracta, mas é conhecido o diâmetro do orifício. A equação pode escrever-se em função da velocidade através do orifício, introduzindo uma constante que tenha em conta a diferença entre esta velocidade e a da vena contracta. Existem, por outro lado, perdas por atrito que devem ser consideradas na dita constante. Esta constante é designada por coeficiente de descarga do medidor de orifício Co. 2 A 2 o v- v = oc 2 o H.2.g C ∆ (1.65) em que: vo - velocidade do fluido no orifício do medidor; vA – velocidade do fluido num ponto da tubagem a montante do estrangulamento; ∆Ho – perda de carga do fluido no medidor de orifício = ρ oP∆ e ∆Po é a diferença de pressão do fluido no medidor de orifício, que é determinada pela equação do respectivo manómetro, acoplado no medidor [ver expressões (1.3), (1.4) e (1.5)]. A constante Co depende de: ? rugosidade das paredes do tubo; ? forma exacta do orifício; ? espessura da chapa do orifício; ? proximidade de curvas e válvulas. O medidor deve colocar-se nunca a menos de 50 diâmetros do tubo a partir de qualquer dessas obstruções. Co é função do N.º de Reynolds no orifício (Reo) e do quociente entre o diâmetro do orifício (do) e o diâmetro interno da tubagem (Di). Co = f(Reo, i o D d ) A desvantagem mais grave do medidor é que a maior parte da perda de pressão não é recuperável. Normalmente apenas se consegue recuperar, como energia de pressão, cerca de 5 a 10% da energia cinética em excesso. A perda de carga 50 Transporte de Fluidos através do medidor de orifício é, portanto, elevada e isto pode impedir a sua utilização em certas circunstâncias.A expressão (1.65) pode tomar a seguinte forma: Qv =Co. ∆ 2 A 2 o o Ai 1 - A 1 H2.g. (1.66) que é a equação do medidor de orifício, onde: Qv - caudal volumétrico; Ao - área do orifício; AiA - área interna da tubagem por onde circula o fluido; Co - coeficiente de descarga do orifício; g - aceleração da gravidade = 9,8 ms-2; ∆Ho - perda de carga no medidor de orifício. A determinação do Co pode ser efectuada por gráfico apropriado Co = f(Reo, i o D d ), existente na sebenta de Tabelas de Tecnologia Química, mas esta determinação implica conhecer-se a velocidade do fluido no medidor de orifício e, por conseguinte, o caudal. No entanto, quando a variável é, precisamente o caudal, a determinação gráfica de Co torna-se impossível de ser efectuada. Nestas condições, a determinação de Co é feita por método iterativo. Um algoritmo simples de resolução para determinação de Co nestas condições poderá ser o seguinte: Método Iterativo simples: 1.º Arbitrar um valor para Co = 0,63; 2.º Determinar Qv através de (1.66); 3.º Determinar vo = oA Qv ; 4.º Determinar Reo = µ ρ oo .d.v ; 5.º Se Reo > 104, então Co = 0,63 ⇒ Qv é o calculado no passo 2; Mecânica de Fluidos 51 6.º Se Reo < 104, determina-se o verdadeiro valor de Co através do gráfico Co = f(Reo, i o D d ). Nota importante: O Co só assume um valor constante e independente de Reo e de Di do , a partir de valores de n.º Reynolds no orifício Reo ≥ 104 [ver gráfico Co = f(Reo, i o D d ), existente na sebenta de Tabelas de Tecnologia Química]. Daí a razão de se começar o processo iterativo simples com Co = 0,63. 9.1.2. Embocadura: Este medidor é semelhante ao do orifício, como se indica na figura seguinte: Figura 25: Embocadura A embocadura tem um coeficiente de descarga (CE) elevado e constante, cerca de 0,99, numa extensa gama de condições, porque o coeficiente de contracção é igual a um. Este coeficiente é a razão da área na vena contracta pela área do orifício. É mais dispendioso que o medidor de orifício e é muito usado para medir caudais de vapores e líquidos sujos. A equação deste medidor será a seguinte: Qv =CE. ∆ 2 A 2 E E Ai 1 - A 1 H2.g. (1.67) 52 Transporte de Fluidos onde: AE - área do estrangulamento da embocadura; CE - coeficiente de descarga da embocadura = 0,99; ∆HE - perda de carga na embocadura; AiA – área interna da tubagem. 9.1.3. Medidor de Venturi: Se em vez do que se passa no orifício, a variação de secção se efectuar, gradualmente de forma a não originar remoinhos, as perdas de energia são menores. Deste modo, o coeficiente de descarga correspondente (Cv) tem um valor elevado. Existe um medidor de caudal de carga variável com estas condições, que se designa por Venturi. Figura 26: Venturi Cv varia entre 0,9 e 0,99 para fluxo turbulento. Como valor médio típico = 0,98. Para regime laminar, os coeficientes são muitíssimos baixos. A equação deste medidor é a seguinte: Qv =Cv. ∆ 2 A 2 v Ai 1 - A 1 Hv2.g. (1.68) onde: Av - área do estrangulamento (garganta) do Venturi; Cv - coeficiente de descarga do Venturi = 0,98; Mecânica de Fluidos 53 ∆Hv - perda de carga no Venturi; AiA – área interna da tubagem. 9.1.4. Tubo Pitot: O Tubo de Pitot serve somente para determinar velocidade local do fluido; por isso só pode usar-se para explorar os gradientes de velocidades locais numa secção do tubo pela qual circula o fluido. Os valores obtidos para as velocidades locais em vários pontos de um diâmetro da tubagem, constituem os valores precisos para o cálculo da velocidade média do fluxo, baseada, na área total da secção transversal da tubagem. Só quando se conhece de antemão a distribuição de velocidades na secção, é que se pode calcular o caudal a partir só de uma leitura. Quando o n.º de Reynolds ( calculado com a velocidade máxima) é maior do que 50.000, a relação entre a velocidade média e a velocidade local no centro de uma conduta circular é igual a 0,81 e pode-se, para calcular a velocidade média, fazer uma simples leitura com o referido instrumento colocado no centro da tubagem. Figura 27: Tubo de Pitot. ∆HP = c 2 max 2.g v (1.69) logo, vmáx. ≅ vA e, vA = C. PH2.g.∆ (1.70) 54 Transporte de Fluidos onde: ∆HP – Perda de carga no Tubo de Pitot; C – Coeficiente de descarga no tubo de Pitot = 0,98; vA – Velocidade local do fluido na tubagem. É importante referir que, só uma calibração do aparelho para as mesmas condições, permite fixar correctamente o valor de (C). Respeitando as condições de aplicabilidade do Tubo de Pitot, pode-se relacionar a velocidade local determinada na tubagem por (1.70) com o caudal de fluido (Qv): Qv = vA.Ai (1.71) onde Ai é a área interna da tubagem por onde se escoa o fluido. 9.2. Medidores de área variável: 9.2.1. Rotâmetros: O rotâmetro consta de um tubo tronco - cónico transparente, colocado verticalmente, e ligado à tubagem por flanges, no qual circula o fluido em sentido ascendente. Dentro do tronco de cone há uma bóia que roda lentamente, mais densa que o fluido, chamada de flutuador, que, para cada caudal, atinge uma altura determinada. A regulação do caudal é feita através de uma válvula instalada a montante deste medidor. A determinação do valor do caudal de fluido que passa no rotâmetro é feita directamente através de uma escala de caudal (normalmente volumétrico ou mássico) inscrita no próprio aparelho. Tal é possível por calibração do movimento ascendente e descendente da bóia. A bóia toma uma posição de equilíbrio no tubo, de maneira que a força de elevação total que nela actua é igual ao seu peso. A diferença de pressão entre montante e jusante da bóia é igual ao quociente do peso da bóia pela respectiva área máxima da secção recta num plano horizontal. A área disponível para caudal é a coroa circular formada entre a bóia e a parede do tubo; quanto mais acima estiver a bóia Mecânica de Fluidos 55 no tubo, maior é a área, uma vez que a área da secção recta do tubo onde se movimenta a bóia aumenta no sentido ascendente. Pode considerar-se o rotâmetro como sendo um medidor de orifício com abertura variável e, portanto, as fórmulas já deduzidas são aplicáveis. Tanto no medidor de orifício vulgar como no rotâmetro, a queda de pressão resulta de duas causas, nomeadamente, a conversão de energia de pressão em energia cinética e o atrito de superfície nas paredes do orifício ou da bóia. A diferença de pressão, pode expressar-se pelo equilíbrio de forças na bóia. A força descendente que se exerce na bóia, ou seja o peso da mesma, menos a força ascensional, será equilibrada pela diferença de pressão no fluido em ambos os lados da bóia, multiplicada pela área da secção transversal da bóia. ( ) ( )PA g g b c ∆−=ρ−ρbbV (1.72) ( ) ( )- P Vb b∆ = −ρ ρ g A gb c (1.73) ∆ ∆ΗP = ρ (1.74) ( ) bAρ ρ−ρ= bboRv Vg2ACQ (1.75) Figura 28: Rotâmetro comercial. 9.3. Outros medidores de caudal e de velocidades locais: Existem outros medidores de velocidades locais, como por exemplo: ? Cilindro de Pitot; ? Esferas de Pitot; ? Molinetes; 56 Transporte de Fluidos ? Correntógrafo; ? Flutuadores. O Cilindrode Pitot é uma variante do Tubo de Pitot que permite eliminar os erros de direcção, desde que se conheça o plano que contém o vector velocidade. O aparelho consta de um cilindro em que, numa secção recta, existem duas tomadas de pressão fazendo entre si um ângulo cerca de 78º. Figura 29: Cilindro de Pitot O modo de operar resume-se ao seguinte: 1.º Faz-se coincidir a secção do cilindro, em que estão as tomadas de pressão, com o plano (π) que contém o vector velocidade e ligam-se as duas extremidades do cilindro a um manómetro diferencial; 2.º Roda-se o cilindro até que a diferença de pressão indicada pelo manómetro seja nula. Nesta posição, a velocidade é dirigida segundo a bissectriz do ângulo (α), ficando consequentemente a conhecer-se a direcção da velocidade no plano π (ver figura seguinte); 3.º Roda-se o cilindro de metade do ângulo α (39º). A leitura do manómetro, nesta posição, dá a grandeza da velocidade, por processo análogo ao Tubo de Pitot. Mecânica de Fluidos 57 A Esfera de Pitot é ainda uma variante que permite conhecer, num ponto, a direcção e grandeza da velocidade, sem necessidade de conhecer a priori o plano do vector velocidade. Consta fundamentalmente de uma esfera, na qual se fazem 5 tomadas de pressão (ver figura seguinte). Figura 30: Esferas de Pitot ⇒ A esfera está colocada na extremidade de uma haste que pode rodar em torno do seu eixo, sendo o ângulo de rotação, registado numa escala horizontal. Durante a operação de calibração, pode-se fazer variar o ângulo de inclinação δ da haste. A pressão estática e a velocidade são entidades conhecidas na operação de calibração. Fixado um determinado δ, roda-se a haste até que as leituras no manómetro 4 e 5 coincidam (h4 = h5); ⇒ Efectuam-se também as leituras h1, h2, e h3 e estabelecem-se os seguintes coeficientes que, dentro de certos limites, são só características do aparelho, isto é, independentes da velocidade: Coeficiente de direcção ⇒ Kd = 42 13 h - h h - h (1.71) Coeficiente de velocidade ⇒ Kv = 2.g v h - h 2 42 (1.72) 58 Transporte de Fluidos Coeficiente de pressão ⇒ Kh = 2.g v h - h 2 2 (1.73) ⇒ Repete-se a operação para outros valores de δ e obtêm-se as curvas de Kd, Kv e Kh em função de δ. Estas curvas são caracteristicas próprias de cada aparelho. ⇒ Para medir a velocidade e sua direcção num ponto, coloca-se a esfera nesse ponto, com a haste perpendicular ao eixo do canal e roda-se a haste até que os piezómetros 4 e 5 indiquem leituras iguais (h4 = h5) e lê-se então o ângulo horizontal. Registam-se também os valores de h1, h2 e h3 e determina-se o valor de Kd. Para este valor e, a partir da curva de calibração, determina-se o valor de δ, o que, juntamente com o valor do ângulo horizontal, define completamente a direcção da velocidade. Conhecido δ, obtêm-se a partir das curvas de taragem, os valores de Kv e Kh, os quais permitem conhecer a grandeza da velocidade (v) e da pressão (h), no ponto em estudo. Denomina-se molinete um sistema de pás ou hélices, montado num eixo vertical ou horizontal, o qual é posto em movimento por acção da velocidade da água. O número de rotações dado pelo aparelho é função da velocidade da água. O modo de efectuar a contagem do número de rotações é específico de cada aparelho. A relação entre a velocidade e o n.º rotações é feita em ensaios prévios de calibração, que se realizam em laboratório, movendo-se o molinete a uma determinada velocidade, com a água parada. A equação de calibração chama-se curva característica do molinete e é do tipo v = a + b.n (1.76) em que (v) é a velocidade do fluido, (n) o n.º rotações, (a) e (b) são duas constantes caracteristicas de cada aparelho. Os ensaios de calibração devem ser repetidos periodicamente, visto que, com o próprio funcionamento, se alteram as condições do molinete. Há também que ter em atenção a turbulência do escoamento, para o que é necessário que a medição, em cada ponto, se realize durante um certo tempo (5 a 10 minutos ou mesmo mais) até se obter valores constantes. Mecânica de Fluidos 59 O correntógrafo é um tipo de molinete especialmente adaptado ao registo de correntes marítimas. Existem vários tipos de correntógrafos no mercado, os quais, colocados num ponto, durante alguns dias, registam a direcção e a intensidade instantânea da corrente nesse ponto. A técnica de colocação e de trabalho é específica de cada tipo de aparelho. O meio mais intuitivo de medir velocidades consiste no emprego de flutuadores. Este meio é válido sobretudo para velocidades superficiais. O princípio hidráulico de medição não oferece qualquer dificuldade: medição do comprimento percorrido durante certo intervalo de tempo. A realização deste princípio é que por vezes se apresenta mais difícil porque, em geral, os flutuadores não seguem trajectórias previamente escolhidas, pois de um modo geral, tendem a encaminhar-se para o filão (zona de maior velocidade do fluido). Como ordem de grandeza, pode supor-se que, em correntes de uma certa regularidade, a velocidade média do fluido é cerca de 0,7 a 0,8 vezes a velocidade no filão. Convém porém não esquecer que, esta relação pode ser superior a 1, sobretudo em canais profundos de paredes quase verticais, em que as velocidades máximas deixam de se verificar próximo da superfície. Em relação à utilização de outros instrumentos de medida para determinação de caudais, para além dos já mencionados anteriormente (medidor de orifício, venturi e embocadura), que são classificados como aparelhos deprimogéneos, são, actualmente, enquadrados nos seguintes grupos: ? Métodos volumétricos; ? Diafragmas e Bocais (aparelhos deprimogéneos); ? Contadores mecânicos; ? Medidores electromagnéticos; ? Medição de caudais por meio de curvas. O modo mais rigoroso de medir esta grandeza, quer em pressão, quer em superfície livre, é a partir da sua própria definição: volume escoado por unidade de tempo. Ou seja, aplicando métodos volumétricos. Deste modo, medindo-se o volume de fluido que se escoou durante um certo intervalo de tempo, obtém-se o caudal volumétrico médio durante esse tempo. Este método só é viável para pequenos caudais. Para a 60 Transporte de Fluidos medição dos volumes, utilizam-se tanques convenientemente aferidos. Para a medição do tempo, utilizam-se cronómetros. O método mais simples consiste em dispor de um cronógrafo, com actuação manual e de um tanque aferido. Nestas condições, se o tanque tiver capacidade para, pelo menos, um minuto de escoamento, o erro cometido pode ser unicamente da ordem de 1%. Os diafragmas e bocais, que pertencem ao grupo dos aparelhos deprimogéneos, medem o caudal de um fluido em condutas fechadas à custa da medição de uma diferença de pressão provocada por um estreitamento na tubagem. O Diafragma é constituído por um orifício, em aresta rectangular, aberto numa placa delgada (ver fig. 31a). A face de montante da placa deve ser plana e trabalhada, sem necessidade propriamente de ser rectificada. A face de jusante da placa deve ser também trabalhada, embora com menor cuidado do que a face de montante. O diâmetro do orifício deve ser calibrado com uma aproximação de ±0,001D. As tomadas de pressão são feitas nos ângulos e são habitualmente constituídas por fendas anelares que abrem em camâras também anelares piezométricas (parte superior da fig. 31). São designadas por tomadas de pressão tipo “A”. A fenda de comunicação das camâras anelares com o tubo, deve ser igual ou inferior a 0,02D. Deve também
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