Buscar

53 108 1 SM

Prévia do material em texto

31
1. INTRODUÇÃO 
Falar da Educação de Jovens e Adultos é 
englobar a Educação Nacional desde a colonização do 
Brasil, mesmo que a prática estivesse voltada para os 
interesses da Igreja Católica em catequizar os primeiros 
habitantes do país. Com as reformas políticas e 
institucionais que ocorreram, a EJA- Educação de 
Jovens e Adultos foi-se mantendo em meio aos 
desinteresses da sociedade dominante. A partir de 
propostas educacionais voltadas para a humanização e 
não somente pra os interesses governamentais que, 
Paulo Freire instituiu o Plano de Alfabetização 
Nacional, com objetivos que estavam além de 
alfabetizar o educando da modalidade EJA, mas sim, 
formar cidadãos críticos e reflexivos, com ideais e um 
novo olhar para o meio que o cerca. Com a chegada da 
ditadura militar no país, a Educação implantada por 
Paulo Freire foi extinta, dando espaço para o Mobral, 
um modelo de alfabetização para jovens e adultos no 
Brasil. Somente com o fim do modelo rígido e 
militarista que a EJA teve seu reconhecimento no país 
com a Constituição de 1988, que passou a garantir o 
ensino fundamental, obrigatório e gratuito para aqueles 
que não tiveram acesso à escola na idade apropriada, 
iniciando então, a luta pela educação democrática.
Porém, se por um lado houve conquistas na 
EJA, por outro, a mesma até hoje enfrenta desafios 
com relação à permanência dos educandos dentro desta 
modalidade de ensino, relatando os motivos que levam 
à evasão. A AJA – Alfabetização de Jovens e Adultos, 
tem se mostrado como um desafio no que se refere ao 
processo de ensino e aprendizado dos alunos, bem 
como à inclusão dos mesmos. 
A realidade de evasão faz parte desta 
modalidade de ensino, também no município de Barra 
do Garças, MT, sendo esta fomentada por várias esta 
por várias causas, que serão apresentadas neste 
relatório de investigação. 
2. UM BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS NO BRASIL.
Quando se fala da Educação de Jovens e 
Adultos (EJA), deve-se abordar o período colonial em 
1549, onde os jesuítas acreditavam que não seria 
possível converter os índios sem que eles soubessem 
ler e escrever. Até aqui, verifica-se a importância da 
alfabetização (catequização) na vida dos adultos, para 
que os mesmos servissem, não só para a igreja, como 
também para o trabalho. Os jesuítas dedicaram-se à 
pregação da fé católica e ao trabalho educativo. 
Através do trabalho de catequizar com o intuito de 
salvar as almas, abriram caminho para a entrada de 
colonizadores e, à medida que ensinavam as primeiras 
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA: DESAFIOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
Hellen Tânia Rodrigues da Silva1
Tânia Mara Souza Moura2
RESUMO: A Educação de Jovens e Adultos vem abrindo espaço de inserção e promoção da cidadania de uma demanda 
que já possui conhecimentos adquiridos nas suas vivências e diferenças. Paulo Freire já havia proposto esta educação 
libertadora, na qual vem abordar a concepção ampliada da EJA, que entende Educação como direito de aprender, de 
ampliar conhecimentos ao longo da vida, e não apenas de se escolarizar somente, vencendo os desafios da evasão escolar 
por meio de práticas pedagógicas aplicadas. Através do tema proposto, iniciou-se o projeto de pesquisa quanti-qualitativo, 
por meio da pesquisa bibliográfica e de campo para fundamentar o artigo.
Palavras-Chaves: educação libertadora – educação de jovens e adultos - práticas pedagógicas. 
ABSTRACT: The Youth and Adult Education has opened space for integration and promotion of citizenship of a demand 
that has already acquired knowledge in their experiences and differences. Paulo Freire had already proposed this liberating 
education, which is addressing the design of rf EJA, who understands education as a right to learn, to expand knowledge 
throughout life, not just to educate only, overcoming the challenges of truancy by through pedagogical practices applied. 
Through the theme, began the project of quantitative and qualitative research, through literature and field support for the 
article.
Keywords: liberating education - youth and adults - pedagogical practices.
1 Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIVAR – Faculdades Unidas do Vale do Araguaia de Barra do Garças – 
MT . hellentaniarodrigues@hotmail.com.
2 Mestra em Ciências da Educação (UI), Especialista em Administração e Planejamento para docentes (ULBRA) e 
Graduada em Pedagogia: Supervisão Escolar e Magistério das Matérias pedagógicas (UNIVAR). Possui experiência no 
Ensino Básico, Superior e na Pós Graduação Lato-Sensu. Atualmente exerce a função docente e coordena o curso de 
Pedagogia das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.
32
letras, também ensinavam a doutrina católica e os 
costumes europeus.
Segundo Freire (2011), a Educação de Jovens 
e Adultos não é recente no país e que, com a expulsão 
dos jesuítas ocorrida no século XVIII, desorganizou o 
ensino até então estabelecido. Novas iniciativas sobre 
ações dirigidas rumo à Educação de Jovens e Adultos 
só ocorreram na época do Império. A Constituição 
Imperial de 1824 reservava a todos os cidadãos a 
instrução primária gratuita. Contudo, a titularidade de 
cidadania era restrita às pessoas livres, saídas das 
elites, que poderiam ocupar funções na burocracia 
imperial ou no exercício de funções ligadas à política e 
ao trabalho imperial. 
Neste período, começaram a abrir novas 
escolas noturnas para trabalhar com esses alunos e 
possibilitar o acesso dos mesmos no meio escolar. O 
ensino tinha curta duração e pouca qualidade. Na 
década da Revolução de 1930, o único interesse do 
governo era alfabetizar as camadas baixas com o 
intuito de aprender ler e escrever para atender o 
desenvolvimento no processo de industrialização. A 
oferta de ensino era de graça, tendo o estímulo do 
Governo Federal no qual, projetava diretrizes 
educacionais para todo o país.
Desde a Revolução de 1930, as mudanças 
políticas e econômicas permitiram o início da 
consolidação de um sistema público de educação 
elementar no país. A Constituição de 1934 estabeleceu 
a criação de um Plano Nacional de Educação (PNE), 
que indicava pela primeira vez a EJA com dever do 
Estado, incluindo em suas normas, a oferta do ensino 
primário integral, gratuito e de frequência obrigatória 
extensiva para adultos.
Segundo Haddad (2007), o período da década 
de 1940 houve mudanças na Educação de Jovens e 
Adultos, onde ocorreram grandes iniciativas políticas e 
pedagógicas como: a criação e regulamentação do 
Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP); a criação 
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP); o 
surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino 
supletivo; o lançamento da Campanha de Educação de 
Adolescentes e Adultos (CEAA), e outros. Este 
conjunto de iniciativas permitiu que a EJA se firmasse 
como uma questão nacional. 
Em 1945, com o fim da Ditadura de Vargas, o 
país passou por tribulações políticas e a sociedade por 
grandes momentos de crises. Com a instalação do 
Estado Nacional Desenvolvimentista, houve um 
deslocamento do projeto político do Brasil, passando 
do modelo agrícola e rural para um modelo industrial e 
urbano, o que gerou a necessidade de mão de obra 
qualificada e alfabetizada. 
 A partir desse período, a EJA ganhou 
destaque na sociedade, mostrando seu valor. Em 1947, 
o MEC promoveua Campanha de Educação de 
Adolescentes e Adultos (CEAA) com o intuito de 
alfabetizar grande parte da população e capacitar 
profissionais que atuem junto à comunidade. Já na 
década de 1950, foi realizado o Segundo Congresso 
Nacional de Educação de Jovens e Adultos, avaliando 
as ações trabalhadas na área e propondo soluções 
adequadas para as questões referentes à qualidade do 
professor, o material didático adequado e as estruturas 
dos prédios escolares. 
A década de 1960 foi marcada na história da 
EJA com a instauração do Plano Nacional de 
Alfabetização (PNA), dirigido por Paulo Freire, que 
depois com a aprovação do Ministério da Educação, 
implantou o Sistema de Paulo Freire em nível nacional, 
tendo o seu reconhecimento em todo o país pelo 
sucesso que obteve. Segundo Paiva (2006), pode-se 
dizer que a EJA na década de 60 foi marcada em toda a 
sua extensão pelo método Paulo Freire, na qual a 
alfabetização e a humanização andavam juntas, ou seja, 
educação libertadora e educação funcional. Em 1964, 
com o golpe militar, todos os movimentos de 
alfabetização que se vinculavam à ideia de 
fortalecimento de uma cultura popular foram 
reprimidos. 
Nos anos 60, as múltiplas relações entre a 
educação e a política marcaram os conflitos 
entre grupos de todas as tendências, de modo 
geral agrupadas entre aquelas de 
conservação e de inovação/mudança social. 
Observe-se que esses dois grupos eram 
heterogêneos, cada um deles abrigando 
radicais de direita e de esquerda. 
(SCOCUGLIA, 2000, p. 33).
Nisto, percebe-se o quando a Educação 
brasileira se apresentou como uma forte representante 
da população que, mesmo diante da repressão militar, 
fez surgir uma nova perspectiva de elevar a Educação 
do Brasil em nível de progresso da nacionalidade, 
apresentando jovens e adultos não somente 
alfabetizados, mas sim, críticos e reflexivos mediante 
as imposições políticas. 
Com a chegada da década de 70, mesmo ainda 
a população sendo submetido à ditadura militar, o país 
abraça o Movimento Brasileiro de Alfabetização 
(MOBRAL), que era um projeto para se acabar com 
analfabetismo em apenas dez anos, com princípios 
opostos aos de Paulo Freire. Em 1971, foi implantado o 
Ensino Supletivo, com proposta de ser um modelo de 
educação do futuro, atendendo às necessidades de uma 
sociedade em processo de modernização e ao mercado 
de trabalho competitivo, buscando escolarizar um 
grande número de pessoas, mediante um baixo custo 
operacional. 
No Brasil, até a segunda guerra mundial, a 
educação de adultos foi integrada à educação 
chamada popular, isto é, uma educação para 
o povo, que significava difusão do ensino 
elementar. Depois da segunda guerra, 
seguindo tendências mundiais, a educação 
de adultos foi concebida basicamente como 
independente da educação elementar, muitas 
vezes com objetivos políticos populistas. 
(GADOTTI et al, 2008, p.35).
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X 
33
2.1. Uma Nova Concepção de Alfabetização de 
Adultos Com o Fim da Ditadura Militar.
 Na década de 80, teve o fim dos governos 
militares e a sociedade brasileira passou a viver no 
processo democrático, passando assim, por grandes 
transformações sócio-políticas, fazendo com que 
estudantes, educadores e políticos se organizassem em 
defesa da escola pública e gratuita para todos. A EJA 
teve avanços com a Nova Constituição de 1988, que 
passou a garantir o ensino fundamental, obrigatório e 
gratuito para aqueles que não tiveram acesso à escola 
na idade apropriada. A educação deixou de ser um 
ensino voltado para o tradicionalismo, fazendo com 
que os educadores buscassem novas propostas de 
ensino, com o intuito de ajudar no crescimento do 
aluno para um ensino mais qualificado que proporcione 
um futuro melhor para a humanidade.
Já nos anos 90, o governo não contribuiu com 
a EJA, deixando a responsabilidade de educar estes 
alunos nas mãos de alguns Estados e Municípios. No 
ano de 2003, o Ministério da Educação e Cultura 
anunciou que a EJA seria uma prioridade do Governo 
Federal com fins de erradicar o analfabetismo no país 
apresentando o Programa Brasil Alfabetizado. 
Infelizmente, salvo raras e honrosas 
exceções, a representação parlamentar 
brasileira tem tido pouca sensibilidade para a 
prioridade da educação básica para todos, 
como fator de desenvolvimento, 
competitividade internacional e equidade 
interna, além de suas diversas bancadas --- 
muitas fora das nucleações partidárias --- se 
constituírem em representação institucional 
de interesses corporativos de grupos 
minoritários, e não, dos interesses da maioria 
da população. (GADOTTI et al, 2008, p.47):
A história da Educação de Jovens e Adultos 
no Brasil acompanhou as transformações políticas, 
sociais e econômicas do país, buscando o ensino de 
qualidade, porém, as lutas foram grandes em manter 
este sistema de ensino e fazer com que os educandos 
desta modalidade educacional conheçam e busquem o 
direito a uma vida mais digna, com perspectiva de 
construir um Brasil de mudanças positivas, 
promovendo assim, a formação de cidadãos que visam 
à humanização.
3. ALGUNS DESAFIOS ENFRENTADOS NA 
MODALIDADE EJA NA ATUALIDADE.
Como nos níveis de ensino, a modalidade EJA 
também enfrenta desafios para continuar na ativa. A 
evasão, por exemplo, faz parte destes e pode ser 
comprovada por meio de pesquisa bibliográfica e de 
campo, que apresentam alguns impasses para que este 
educando continue na escola. 
Dentre eles destacam-se: o ciúme do 
companheiro, a distância da escola de casa e horário 
compatível, o desemprego, desmotivação em relação 
aos estudos devido ao tempo que passou afastado da 
escola e idade/cansaço, como um dos principais 
desafios para manter este educando na escola. 
Gráfico 1: Resposta dos Professores. 
Gráfico 2: Resposta dos Alunos.
 
O ciúme por parte dos homens em relação a 
sua companheira que estuda também é considerado 
como fator que causa a evasão, dificultando a sua 
permanência no âmbito escolar. Ainda existe o fato da 
adequação dos horários disponíveis dos alunos quanto 
aos horários da escola, levando-os a abandonar os 
estudos, por não conseguir cumprir as normas 
escolares, bem como por estarem cansados fisicamente. 
Muitos alunos não conseguem permanecer nos 
estudos pelo motivo de estarem desempregados, 
ocasionando os problemas financeiros, dificultando 
ainda mais a avançar no processo de ensino e 
aprendizado. Outros, têm se perguntado onde vão 
chegar e o que vão ganhar com tanto esforço que fazem 
em frequentar as aulas, levando-os a ficarem 
desmotivados, ainda mais com os apertos que passam 
para acompanhar as disciplinas. Segundo Brunel 
(2011), onde se lê: “Desmotivação: Sem se interessar 
pelo que a escola oferece, vários adolescentes deixam 
de frequentar as aulas e só tempos depois retornam 
cientes da importância dos estudos”.
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X 
34
3.1 Alfabetização: um dos Desafios de Inclusão. 
Dentre os vários desafios da prática de 
Educação de Jovens e Adultos a Alfabetização tem se 
destacado. Pesquisas apontam que o adulto em 
processo de alfabetização são os quemais abandonam 
a escola. Muitos fatores desencadeiam a evasão escolar 
de muitos educandos, confirmando assim, dados 
alarmantes do descaso com o ensino público.
A porcentagem de alunos que literalmente 
abandonam os estudos é considerável e, o país se 
apresenta longe de vencer esse obstáculo na educação 
brasileira. 
[...] No entanto, parece prioritário e viável 
apreciar alguns aspectos da educação escolar 
de jovens e adultos, não só por ser um objeto 
acessível e mensurável, mas também porque 
incide sobre um direito básico da cidadania 
que é o acesso à alfabetização e ao ensino 
básico para todos [...]. (HADDAD et al, 
2000).
Os resultados da última edição do Indicador 
do Analfabetismo Funcional (Inaf), que ocorreu entre 
dezembro de 2011 e abril de 2012, mostram que apenas 
26% da população podem ser consideradas plenamente 
alfabetizadas - mesmo patamar verificado em 2001, 
quando o indicador foi calculado pela primeira vez. 
Segundo Barcelos (2007, p.43): “Considerar a 
alfabetização como a panaceia para todas as injustiças 
sociais é tão equivocado quanto negar seu papel e 
importância como um passo importante e fundamental 
no caminho em direção à inclusão”.
O processo da alfabetização de jovens e 
adultos como um desafio para a inclusão deve ser 
analisado de maneira reflexiva e aberto, ou seja, se faz 
necessário avaliar a realidade dos educando desta 
modalidade de ensino, para que assim, o aprendizado 
possa ser significativo e construtivo. 
O diálogo sobre a educação de jovens e 
adultos em redes de ensino pode ser tenso e 
intenso, e isso implica considerar nelas a 
tradição organizativa e curricular instalada, 
que se vincula basicamente ao modelo das 
chamadas escolas regulares seriadas. Assim, 
os limites e as possibilidades de gestar novas 
relações pedagógicas devem considerar, de 
fato, as especificidades dos diferentes 
públicos que demandam a educação. 
(MACHADO, 2008, P.78).
4. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EJA - 
DESAFIOS E AVANÇOS.
Há décadas que se buscam métodos e práticas 
adequadas para serem aplicadas na EJA. O uso de 
cartilhas e metodologias inadequadas sempre 
preocupou os educadores. Porém, infelizmente essa 
problemática ainda permeia os tempos atuais. Uma das 
formas de modificar esta realidade é que o professor 
entenda.
Segundo Rocha et.al (2009), o processo de 
ensino e aprendizado tem que se fundamentar na 
confiança que o educador apresenta para seu aluno no 
que refere à sua capacidade de criar, aprender, 
descobrir, buscar, desafiar, escolhendo e assumindo a 
sua posição mediante a sua escolha e determinação, 
fazendo com que o educando se sinta motivado a 
aprender mais e mais, promovendo a construção do 
conhecimento. Para Souza (2007), tem sido apontado 
em vários estudos para se alcançar uma práxis que 
possibilite uma aprendizagem significativa, é 
imprescindível que sejam consideradas, no processo 
educativo, informações que desvelem o contexto no 
qual os educandos estão inseridos. 
Gráfico 3: Resposta do Professor.
 
Gráfico 4: Resposta do Aluno.
 
Faz-se necessário embasar-se na realidade do 
educando, transpondo o ensino e aprendizado como 
meio de relacionamento sólido e eficaz na sua 
formação educacional, levando o mesmo a ser crítico, 
reflexivo, tendo um novo olhar para o meio que o 
cerca. 
Mais uma vez, o que percebemos é que os 
critérios e modos de seleção e organização 
curricular não buscam dialogar nem com os 
saberes nem com os desejos e expectativas 
dos jovens a que se destinam, permanecendo 
enclausurados nas certezas de uma "ciência" 
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X 
35
que, em nome das suas supostas objetividade 
e neutralidade, abdica de se comunicar com 
o mundo das pessoas. (OLIVEIRA. 2010).
Os desafios relacionados às práticas 
pedagógicas estão focados no professor, ou seja, o 
educador precisa rever seus conceitos e fazer uma auto 
avaliação do seu trabalho que, por sinal, reflete na vida 
do aluno, tanto podendo ser o resultado positivo como 
negativo. 
Os objetivos do trabalho pedagógico 
deixariam de ser apenas os de levar ao aluno 
alguns conhecimentos escolares clássicos 
formais e passariam a incorporar as 
possibilidades dos conteúdos de 
contribuírem para as ações concretas que os 
alunos devem ser capazes de desenvolver na 
sua vida cotidiana, tanto para melhorar sua 
própria qualidade de vida como para 
associar esta com a vida do conjunto da 
sociedade. (OLIVEIRA, 2010).
Contudo tudo que foi apresentado nos textos, 
como as práticas pedagógicas, a didática e os 
integrantes deste processo de ensino e aprendizado, 
todos requerem afinidade e participação, ou seja, tem 
que estar ativos e unidos na construção do 
conhecimento, fazendo com que o educando apresente 
a sua demanda e o educador mostre respostas 
motivadoras e criativas para que o ensino seja de 
qualidade.
Considerando o trabalho de pesquisa, a evasão 
escolar na Educação de Jovens e Adultos, está mais 
voltada para as áreas social, cultural e econômica, e 
percebe-se o quanto estes fatores quando não estão 
bem resolvidos, afetam a área educacional do 
indivíduo, permitindo que o mesmo abandonem os 
estudos. Segundo Leitão (2004), as práticas 
pedagógicas precisam ser bem planejadas e 
fundamentadas para que o aluno seja motivado a 
aprender, promovendo assim, a construção do 
conhecimento, levando o mesmo a ser um cidadão 
crítico e reflexivo mediante aos acontecimentos que lhe 
são apresentados mostrando que, houve avanços no que 
se refere à Educação de Jovens e Adultos no Brasil, um 
crescimento tanto no ingresso e participação dos 
educandos no processo de ensino e aprendizado, 
também na abertura de novas oportunidades dentro de 
uma sociedade tão preconceituosa. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a Educação de Jovens e Adultos 
no Brasil ao longo dos anos, percebe-se que esta 
modalidade de ensino enfrentou muitos obstáculos de 
cunho social, político, econômico e cultural para que o 
processo de ensino e aprendizado de milhares de 
brasileiros pudesse concretizar-se, ou seja, a EJA 
passou por cima de vários preconceitos para alcançar 
pessoas interessadas em dar um novo rumo em suas 
vidas.
Estas pessoas eram desfavorecidas pela 
sociedade, de classe baixa, sem qualquer requisito que 
pudesse as apresentar como inclusas na sociedade. 
Porém, na década de 60, o estudioso Paulo Freire 
instaurou o Plano Nacional de Alfabetização (PNA), 
sistema este que se estendeu por todo o país, 
apresentando uma nova concepção de educação, isto é, 
a educação libertadora, que transforma mentes e vidas 
numa perspectiva bem maior do que trabalho, mas sim, 
uma educação que promova a construção do 
conhecimento, que forma cidadãos críticos e reflexivos 
mediante aos acontecimentos que se propagam no 
mundo.
A EJA apresentou avanços com a Nova 
Constituição de 1988, que passou a garantir o ensino 
fundamental, obrigatório e gratuito para aqueles que 
não tiveram acesso à escola na idade apropriada. A 
educação deixou de ser um ensino voltado para o 
tradicionalismo, fazendo com que os educadores 
buscassem novas propostas de ensino, com o intuito de 
colaborar e propiciar o crescimento do aluno para um 
ensino mais qualificado queproporcione um futuro 
melhor para o país.
Mas, mesmo com todos estes avanços, a 
Educação de Jovens e Adultos passa até hoje por 
dificuldades no que se refere, não só a inserção, mas 
sim, na permanência destes educandos no processo de 
ensino e aprendizado, pois, os mesmos apresentam 
realidades de vidas bem complexas, tendo muitas 
dificuldades econômicas e sociais, acometidas pelo 
desemprego, doenças, trabalho árduo, cansaço, 
desmotivação em relação ao ensino oferecido e outros.
Segundo Soares (2008), é preciso refletir 
sobre as práticas pedagógicas que estão sendo inseridas 
neste contexto educacional, necessitando andar em 
sintonia com a realidade apresentada pelos educandos 
da EJA, buscando avanços no que se refere à 
construção do conhecimento, fomentando o 
planejamento sistematizado, por meio da ação/reflexão 
e reflexão /ação.
Em suma, a Educação de Jovens e Adultos 
precisa de pessoas compromissadas com a Educação 
Nacional, imbuídas no objetivo de resgatar no 
educando a autoestima, motivação, confiança de que o 
mesmo é capaz, para que assim, o processo de ensino e 
aprendizado na EJA seja significativo, qualitativo e 
construtivo como para o lado pessoal, profissional e 
humanitário. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEC- Elaborando trabalhos Científicos –Normas 
para apresentação e elaboração /Univar- Faculdades 
Unidas do Vale do Araguaia. Barra do Garças (MT): 
Editora ABEC, 2008.
BARCELOS, Valdo. Formação de Professores Para 
Educação de Jovens e Adultos. 2. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2007.
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X 
36
BRUNEL, Carmen: Jovens Cada Vez Mais Jovens na 
Educação de Jovens e Adultos. Cuiabá: Ed. 
Mediação, 2011. Disponível em Revista Nova Escola.
FREIRE, Paulo, 1921-1997. Pedagogia do Oprimido/ 
Paulo Freire. – 50. ed. rev. e atual.- Rio de Janeiro: Paz 
e Terra, 2011.
GADDOTI, Moacir, ROMÃO, José E. (orgs.). 
Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e 
proposta. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 
HADDAD, Sérgio. A Ação de Governos Locais na 
Educação de Jovens e Adultos. Rev. Bras. Educ., Ago 
2007, vol.12, no.35, p.197-211. ISSN 1413-2478. 
Disponível em: <http:www.scielo.br>. Acesso em 20 
de setembro de 2012.
HADDAD, Sérgio and DIPIERRO, Maria Clara: 
Aprendizagem de Jovens e Adultos: Avaliação da 
Década da Educação Para Todos. São Paulo, perpec. 
Março 2000, vol. 14, nº.1, p. 29- 40. ISSN 0102-8839. 
Disponível em: <http:www.scielo.br>. Acesso em 20 
de setembro de 2012.
LEITÃO, Cleide Figueiredo. Buscando Caminhos nos 
Processos de Formação/Auto Formação. Rev. Bras. 
Educ., Dez 2004, no.27, p.25-39. ISSN 1413-2478. 
Disponível em: <http:www.scielo.br>. Acesso em 20 
de setembro de 2012.
MACHADO, Maria Margarida. Formação de 
Educadores de Jovens e Adultos. 1. ed. Brasília, 
2008.
 
MEC. Ministério da Educação e Cultura. Constituição 
Federal e Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 
Disponível em: www.mec.gov.com.br. Acesso em: 
15/03/2012. 
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Dossiê: Educação de 
Jovens e Adultos: novos diálogos frente às dimensões 
contextuais contemporâneas. Dez. 2010. 12p. Artigo 
científico. Disponível em: <http:www.scielo.br>. 
Acesso em: 20 de setembro de 2012.
PAIVA, Jane. Tramando Concepções e Sentidos 
para Redizer o Direito à Educação de Jovens e 
Adultos. Rev. Bras. Educ., Dez 2006, vol.11, no.33, 
p.519-539. ISSN 1413-2478. Disponível em: 
<http:www.scielo.br>. Acesso em: 20 de setembro de 
2012.
ROCHA, Halline Fialho da, et. al. As Práticas 
Educativas na Educação de Jovens e Adultos. Dez. 
2009. 15p. Artigo científico. Disponível 
em:<http://www.scielo.br>. Acesso em: 20 de 
setembro de 2012.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. Histórias Inéditas da 
Educação Popular: do Sistema Paulo Freire aos IPMS 
da ditadura. João Pessoa: Universitária/UFPB: Cortez, 
2000. 
SOARES, Leôncio. O Educador de Jovens e Adultos 
e Sua Formação. Educ.rev; Junho 2008, nº47, p.83 – 
100. ISSN 0102-4698. Disponível 
em:<http://www.scielo.br>. Acesso em: 20 de 
setembro de 2012.
SOUZA, Janine Fontes de and MOTA, Kátia Maria 
Santos. O Silêncio é de Ouro e a Palavra é de Prata? 
Considerações Acerca do Espaço da oralidade em 
Educação de Jovens e Adultos. Ver. Bras. Educ. 
Dezembro de 2007, vol.12, nº 36, p 505 – 514 ISSN 
1413 – 2478. Disponível em:<http://www.scielo.br>. 
Acesso em: 20 de setembro de 2012.
On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 
Vol – 3 p. 31 - 36 ISSN 1984-431X

Continue navegando