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O processo de comunicação

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O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
	A vida humana é um processo contínuo de comunicação. Aprimorar nossa capacidade comunicativa é uma forma de ampliar o nosso relacionamento com o mundo, tornando-nos aptos a compreender melhor a realidade a fim de poder transformá-la. E, como vemos, a língua portuguesa é um elemento fundamental desse intercâmbio de experiências e indagações humanas.
O lingüísta russo Roman Jakobson propôs, em 1969, em um ensaio que teve ampla divulgação (Lingüística e Poética), um modelo explicativo para o processo de comunicação verbal baseado em seis fatores: 
	. o emissor (codificador de signos) – é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas – uma empresa, um sindicato, uma assembléia, uma emissora de rádio, (por exemplo);
	. o receptor (decodificador dos signos) – é aquele a quem a mensagem é endereçada (também pode ser um indivíduo ou um grupo);
	. a mensagem – é o conteúdo das informações transmitidas;
	. o canal – é o meio pelo qual a mensagem é transmitida (para que haja eficiência nessa transmissão, devemos atrair e prender a atenção do destinatário);
	. o código – é o conjunto de signos e regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem – (emissor e receptor devem dominar o mesmo código);
	. o referente – é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
	O conhecimento dos componentes do ato de comunicação permite-nos exercer uma avaliação mais consciente da nossa posição nas diferentes situações comunicativas do cotidiano. 
	Segundo a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem uma finalidade predominante, que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. Roman Jakobson caracterizou seis funções da linguagem, cada uma delas estreitamente ligada a um dos seis elementos que compõem o ato de comunicação. São elas:
	. função referencial (denotativa ou cognitiva) – (ênfase no contexto) privilegia o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre a realidade ou o elemento designado. Valoriza o objeto ou a situação de que trata a mensagem, sem que haja manifestações pessoais ou persuasivas. É a função que predomina nos textos de caráter jornalístico e também nos de caráter científico. O trecho a seguir é um exemplo dessa função:
	No total, o Brasil produz 100.000 toneladas de lixo por dia. Só a metrópole de São Paulo gera 15.000 toneladas diárias, um volume que, prensado, equivaleria a um prédio de 30 andares. Tudo é recolhido e depositado em aterros. O único material reciclado são as latinhas de alumínio, graças aos catadores de lixo, que vivem da coleta informal. Por causa deles, em 1999 reciclamos 73% da produção nacional, índice superior ao da maioria dos países de primeiro mundo. Cada tonelada de alumínio reciclado poupa a retirada da terra de 5 toneladas de minério de bauxita.
		(YAMAGUCHI, Gabriela. “Nada se perde”. In Revista Superinteressante, nº.9, set.2000)
	. função emotiva (expressiva) - (ênfase no emissor) quando o objetivo da mensagem é a expressão de emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao que fala. Por meio dessa função, o emissor imprime no texto marcas pessoais. Nas cartas pessoais, nas resenhas críticas, na poesia confessional, nas canções sentimentais predomina essa função. O trecho a seguir é um fragmento da tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Ela traduz bem a emoção da personagem:
	Édipo: Oh! Execrável nuvem de trevas, que calas sobre mim, monstruosa, invencível, que não posso dissipar! Ai de mim! Ai de mim! Como sinto cravar-se juntamente a pontada destes aguilhões e a memória de minhas desventuras! 					(SÓFOCLES. Teatro Grego)
	. função conativa (apelativa) – (ênfase no receptor) procura organizar o texto de forma a que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o, influenciando-o a mudar o seu comportamento. As expressões lingüísticas como vocativos e formas verbais no imperativo também fazem parte desse tipo de texto. A linguagem da propaganda é, nesse sentido, a expressão típica da função conativa.
	VERÃO – Não corra, não mate, não morra. Esta frase, criada para uma campanha publicitária e que apareceu, durante anos, estampada em adesivos nas janelas dos carros, deve ser levada mais do que a sério em época de férias e agito.
	(Jornal do Assinante – Net São Paulo. Ano 5, nº.44, jan. 1998. p.7.)
	. função fática – (ênfase no canal, no contato) ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. Seu objetivo é simplesmente o de estabelecer ou manter a comunicação, o contato entre o emissor e o receptor. São exemplos típicos da função fática da linguagem as fórmulas de abertura de diálogos, que constituem frases feitas cuja finalidade é estabelecer a solidariedade comunicativa entre os participantes do diálogo.
	(Na porta de uma danceteria).
- E aí, meu!
	- Tudo em cima?
	- Tudo.
	- É isso aí, a gente se vê.
	
	. função metalingüística – (ênfase no código) quando o objetivo da linguagem é falar sobre a própria linguagem, quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente. Dessa forma, nos textos metalingüísticos a mensagem se orienta para os elementos do código, explicando-os, definindo-os ou analisando-os. Os dicionários, os textos que estudam e interpretam outros textos, os poemas que falam da própria poesia, as canções que falam de outras canções ou de como se fazem canções são alguns dos exemplos da função metalingüística.
	As palavras que, num sujeito ou noutras funções sintáticas (...), podem ser o seu nome principal são nomes substantivos, ou, simplesmente, substantivos; já as que servem de adjunto de um substantivo são os nomes adjetivos, ou, simplesmente, adjetivos.
	(KURY, G. Português Básico.)
	. função poética – (ênfase na mensagem) quando o objetivo da mensagem é explicar um trabalho de elaboração feito sobre a própria forma da linguagem. Ocorre quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagens ou de idéias. Nessa função, a linguagem é manipulada de forma pouco convencional, capaz de despertar no leitor a surpresa e o prazer estético. Ela é encontrada na poesia, nos textos publicitários, nos provérbios ou até mesmo em textos prosaicos. O uso das chamadas aliterações (repetição da mesma consoante) e das assonâncias (repetição da mesma vogal) é um dos efeitos encontrados na função poética.
mar azul
mar azul 	marco azul
mar azul 	marco azul 	barco azul
mar azul 	marco azul 	barco azul 	arco azul
mar azul 	marco azul 	barco azul 	arco azul 	ar azul
			(GULLAR, Ferreira. Toda a poesia. Rio de Janeiro., Nova Fronteira,1980)

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