Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS Monique Falcão 2 Direitos Fundamentais. Espécies. Estrutura de Políticas Públicas. • A efetivação dos direitos fundamentais é o objetivo das políticas púlbicas. Definidos como bens jurídicos constitucionais tutelados pelo Estado, os direitos fundamentais são estudados em suas duas espécies básicas: direitos individuais e direitos sociais. • Os direitos fundamentais têm origem no Estado Moderno, modelo político desenvolvido à luz dos movimentos filosóficos Iluminismo, Antropocentrismo, Racionalismo e Positivismo. O Estado Moderno tem como característica a limitação ao exercício do poder do governante e do Estado. Os institutos criados para tanto são a Constituição, os direitos individuais e a repartição de competências. • A Constituição é um instrumento de definição e de delimitação dos poderes do Estado. Seus elementos principais são os direitos fundamentais – normas prescritivas de limites à atuação do Estado na esfera individual e social – e repartição de competências – distribuição de atribuições entre os poderes de Estado. Ambos impõem limites à atuação do Estado na sociedade e na economia. • Os direitos individuais correspondem aos direitos de propriedade, liberdade, vida e integridade física. Foram criados a partir do modelo econômico liberal clássico. A efetivação desses direitos se dá na medida em que o Estado se abstém de interferir arbitrariamente na vida, na integridade física e na propriedade dos cidadãos. As normas que contém direitos individuais são de eficácia e aplicabilidade imediatas. • Principais documentos de reconhecimento de direitos individuais: • Magna Carta de 1215, assinada pelo rei “João Sem Terra”; • Paz de Westfália (1648); • Habeas Corpus Act (1679); • Bill of Rigts (1688); • Declarações, seja a americana (1776), seja a francesa (1789). 3 • Os direitos sociais correspondem aos direitos de saúde, educação, moradia, alimentação e trabalho. Foram criados a partir do modelo de Estado de Bem-Estar Social, nos séculos XIX e XX. Nesses, o Estado tem dever de prestar através dos instrumentos jurídicos e econômicos que lhe são disponíveis: as políticas públicas. • Principais Documentos de reconhecimento de direitos sociais: • Constituição do México, de 1917; • Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha, conhecida como a Constituição da primeira república alemã; • Tratado de Versalhes, 1919 (OIT); • Constituição de 1934, Brasil. • Como efetivação das normas de direitos fundamentais, cf. José Afonso da Silva, temos “por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos sociais tendem a sê-lo também na Constituição vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada e aplicabilidade indireta”. • A efetivação dos direitos sociais através de políticas públicas se dá a partir de dois critérios: mínimo existencial e reserva do possível: Políticas Públicas: estrutura • Como definição de prioridades e estratégias para concretização dos direitos fundamentais, as políticas públicas são formuladas com base na 4 reserva do possível, um parâmetro para instituição de critérios orçamentários e valoração dos bens jurídicos tuteláveis. • Enquanto instrumento de intervenção do Estado, na economia e nas relações sociais, as políticas públicas compreendem relações de poder, institucionalizadas, recorrentes e estruturadas em uma ação coletiva. Entre seus elementos, temos teorias, atores sociais, interesses coletivos, valores da sociedade, financiamentos e custos. • Requisitos mínimos: • Estruturação republicana; • Coexistência e independência entre poderes; • Vigência de direitos de cidadania; • Cultura política compatível; • Relações de poder, institucionalizada, recorrente e estruturada, constituindo ação coletiva; • Convivência com outras formas de políticas públicas na sociedade: ex.: corporativismo, coronelismo e populismo. • Estrutura: • Estrutura Formal: Teoria, Prática e Objetivos • Teoria: conjunto de informações sobre práticas e resultados idealizados e desejados. • Prática: natureza prática da política, com medidas e ferramentas selecionadas conforme objetivo e contexto. • Objetivos: resultados a serem alcançados. • Estrutura Substancial: Atores, Interesses e Regras Atores: agentes sociais com condutas orientadas por objetivos implícitos e explícitos, com maior ou menor grau de racionalidade (interesses), em um espaço institucionalizado por comportamentos predeterminados. Interesses: objetivos práticos de cada ator ou do grupo. Regras: leis, normas, convenções, costumes que determinam o comportamento dos atores para um interesse específico. 5 • Estrutura Material: Financiamento, Suportes e Custos Financiamento: revela natureza e modalidades de vínculo estabelecido entre o exercício da política e do contexto econômico, expressando a idologia vigente. Suportes: técnicos, teóricos e ideológicos. Bases e fundamentos. Custos: condições de viabilização da intervenção. Revelam sistemas de gestão e de capacidade técnica instalada no aparelho estatal. • Estrutura Simbólica: Valores, Saberes e Linguagens Valores e Saberes: interferências ideológicas e conhecimentos acumulados com a experiência histórica do povo. Linguagens: universos próprios e específicos de comunicação, que estabelecem vínculos entre os diversos tipos de atores de cada nicho político da sociedade. • Elementos para a construção de um conceito de Políticas Públicas: • Valoração e discricionariedade; • Racionalidade e ação vinculada a orçamento; • Legalidade no procedimento; • Objetividade na escolha de resultados. • Critérios de Realização das Políticas Públicas • Mínimo existencial como elemento norteador de concretização de políticas públicas. É o critério que norteia a escolha das ações materiais essenciais do programa de políticas públicas, que devem sempre prezar pela condição de existência do ser humano. As ações materiais que não podem deixar de existir, em programas de políticas públicas, são as que preservam a vida digna do ser humano. • Reserva do Possível como elemento limitador para concretização de políticas públicas. São as limitações materiais e orçamentárias que definem o alcance de programas de políticas públicas. 6 Para melhor compreensão sobre a definição, estrutura e elementos de políticas públicas, veja o trabalho disponível no link a seguir, com base na qual a segunda parte da aula 1 foi desenvolvida: (Disponível em: <https://observatorio03.files.wordpress.com/2010/06/elementos-das-politicas-publicas.pdf>) Critérios para desenvolvimento de políticas públicas em saúde e educação (Aula 2) CRITÉRIOS PARA POLITICAS PÚBLICAS EM DIREITOS SOCIAIS • No direito à educação, o Estado tem obrigação de fornecer, independentemente de previsão orçamentária, a educação infantil e fundamental, caracterizadas como direito público subjetivo do cidadão. Quanto à educação superior, o Estado a proverá direta e indiretamente, através de programas de financiamento e de acesso limitados às suas possibilidades orçamentárias. Nem todos os que desejam cursar o nível superior, portanto, poderão usufruir dos programas governamentais, devendo arcar, muitas vezes com o custo total do curso superior. • O direito à saúde tem seus critérios de efetivação definidos no art. 196 da CR/88. 7 •Enquanto direito de todos, a saúde é direito público subjetivo de dimensão individual, o que justifica juridicamente a intervenção do Poder Judiciário em tutelas de urgência na área de Saúde. • A característica de acesso universal e igualitário refere-se à igualdade de assistência sem preconceitos ou privilégios de nenhuma espécie e à possibilidade de intervenção direta do Estado, na economia, como ocorreu na quebra de patente de medicamentos (coquetel de AIDS) como forma de concretização de política pública. • Enquanto dever do Estado e garantido mediante políticas públicas sociais e econômicas, este tem obrigação de fornecer o que se encontra prescrito em atos normativos da Agência Nacional de Saúde – ANS –, sendo este o entendimento majoritário da jurisprudência. Trata-se de dever fundamental do Estado que se distribui entre os entes da federação mediante repartição de competência comum dos entes da Federação, cf. CR/88, art. 23, II. • Como instrumentos de financiamento, temos a descentralização com base na heterogeneidade regional, a municipalização do financiamento, os recursos do orçamento da seguridade social previstos na CR/88 art. 198, §1º, e a possibilidade de intervenção federal em caso de descumprimento orçamentário pelo Estado. • Ainda para fins de finaciamento e efetivação da universalidade de acesso, o art. 199, da CR/88, prevê critérios para participação do setor privado em políticas públicas de prestação de saúde: • Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 8 • § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. • § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. • § 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei. • § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. • Os critérios para estipulação das ações concretas devem ter como elemento norteador o objetivo de redução de risco de doença e outros agravos. A prioridade, portanto, é de ações preventivas, cf determinação do art. 198, II da CR/88 e levando em consideração a orientação da Organização Mundial de Saúde que reconhece relação direta entre saneamento básico, acesso à água potável e saúde pública. • Trata-se de norma de natureza programática, na medida em que é a evolução da Medicina e das demandas sociais que orientam as decisões de políticas públicas. • Quanto às prescrições de saúde não previstas como obrigatórias pela ANS, o Estado deverá considerar alguns critérios específicos de natureza administrativa para analisar a obrigatoriedade ou não de fornecimento. • A participação do Poder Judiciário será devida dentro dos seguintes critérios estabelecidos no julgamento da STA 175 pelo STF: 9 1) Existência ou não de política estatal de Saúde demandado pela parte A) Se não, verifica-se a não previsão nas políticas do SUS em função de: i) omissão legislativa ou administrativa; ii) decisão administrativa negativa do fornecimento; iii) vedação legal expressa à prestação. 2) Motivação para não fornecimento de ação de saúde A) Se o SUS fornecer tratamento alternativo, mas não adequado: deve ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS sempre que não for comprovada a ineficácia ou impropriedade da política pública existente; B) Se o SUS não tiver nenhum tratamento específico para certa patologia: i) tratamentos experimentais não podem ser exigidos do Estado; ii) novos tratamentos podem ou não ser exigidos do Estado conforme disponibilidade para a oferta de tratamento similar e eficaz. • O direito à alimentação, criado como direito social pela EC64/2010, tem como critério norteador a implantação de programas educativos e de fornecimento de produtos alimentares aos mais necessitados. 10 • Entre os programas para efetivação dos objetivos acima, estão: • Programa Saúde na Escola; • Programa Academia da Saúde; • Programa Bolsa Família; • Vigilância Alimentar e Nutricional para a População em Situação de Rua; • Avaliação do estado nutricional de crianças prematuras; • Avaliação do estado nutricional de pessoas com deficiência; • Linha de cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade; • Sistemas de Informação em Saúde e a Vigilância Alimentar e Nutricional; Fonte: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf> • O direito ao trabalho conta com programas de capacitação e de aprimoramento de jovens e adultos, programas de combate ao trabalho infantil e programas de incentivo ao trabalho no âmbito do MERCOSUL, todos fundados nos princípios previstos, no art. 170, da CR/88, de busca do pleno emprego, valorização do trabalho humano e livre iniciativa. 11 • Já o direito à moradia constitui em programa de financiamento, reforma e compra de mobiliário para a compra de casa própria por brasileiros de baixa renda, tanto na cidade, como no campo. Critérios para desenvolvimento de políticas públicas em cultura e desporto (Aula 3) CRITÉRIOS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO DA CULTURA NACIONAL • Conforme previsto no art. 215, da CR/88, “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. §1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. §2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais”. • O art. 215, da CR/88, foi acrescido do §3º, que instituiu o Plano Nacional de Cultura – Lei 12.343/2010. Trata-se de plano plurianual que visa ao desenvolvimento cultural do país e à integração das ações do Poder Público para: • Defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; • Produção, promoção e difusão de bens culturais; • Formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; • Democratização do acesso aos bens de cultura; • Valorização da diversidade étnica e regional. 12 PATRIMÔNIO NACIONAL • Art. 216, da CR/88: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. • Entre os instrumentos de proteção do patrimônio nacional está o tombamento cuja natureza jurídica e efeitos serão estudados na aula 8. Por ora, apresentamos as diferentes “livros do Tombo”, instrumentos de registro das diferentes manifestações e produções culturais existentes nopaís: 1) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, onde são inscritos os bens culturais em função do valor arqueológico, que engloba sinais de lugares onde há indícios de atividades humanas, estruturas e vestígios abandonados na superfície, subsolo ou sob as águas, além do material a eles associados. Os bens de valor etnográfico, parques, jardins, e as paisagens naturais e culturais também estão nesse livro. O mesmo ocorre com os monumentos naturais constituídos por formações geológicas, fisiográficas e biológicas. Ex.: Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí (mais antigos vestígios da presença do homem na América do Sul); Serra da Barriga, Alagoas 13 (Quilombo dos Palmares); Lençóis, Serra do Sincorá, Chapada Diamantina, Bahia. 2) Livro do Tombo Histórico, onde são inscritos os bens culturais em função do seu valor histórico. É formado pelo conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Brasil e cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil. Esse livro, para melhor condução das ações do IPHAN, reúne, especificamente, os bens culturais em função do seu valor histórico que se dividem em bens imóveis (edificações, fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, por exemplo) e móveis (imagens, mobiliário, quadros e xilogravuras, entre outras peças). Ex.: Principais cidades constantes: Rio de Janeiro, Ouro Preto e Salvador; Rio de Janeiro: paisagem cultural reconhecida como Patrimônio Mundial – UNESCO. 3) Livro do Tombo das Belas-artes, onde são inscritos os bens culturais em função do seu valor artístico particular. O termo belas-artes é aplicado às artes que imitam a beleza natural e são consideradas diferentes daquelas que combinam beleza e utilidade. Ex.: Conjunto de estátuas feitas por Aleijadinho, em Congonhas, MG, no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos. 14 4) Livro do Tombo das Artes Aplicadas, onde são inscritos os bens culturais em função do seu valor artístico aplicado. Essa denominação (em oposição às belas artes) se refere à produção artística que se orienta para a criação de objetos, peças e construções utilitárias: alguns setores da arquitetura, das artes decorativas, design, artes gráficas e mobiliário, por exemplo. Desde o século XVI, as artes aplicadas estão presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos. Ex.: Forro da capela-mor da Igreja Matriz de São José de Ribamar, séc XVIII, em Aquiraz, CE. São 78m² em madeira e folha de ouro. 5) Livro de Registro das Formas de Expressão: Roda de Capoeira. 15 6) Livro de Registro dos Lugares: para mercados, feiras, santuários, praças onde são concentradas ou reproduzidas práticas culturais coletivas. Ex.: Feira de Caruaru e Cachoeira de Iauaretê – Lugar Sagrado dos Povos Indígenas dos Rios Uaupés e Papuri INCENTIVOS – LEI ROUANET – LEI 8313/91 • O Incentivo Fiscal (Renúncia Fiscal) é um dos mecanismos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), instituído pela Lei Rouanet (Lei 8.313/1991). É uma forma de estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural. O proponente apresenta uma proposta cultural ao Ministério da Cultura (MinC) e, caso seja aprovada, é autorizado a captar recursos junto às pessoas físicas pagadoras de Imposto de Renda (IR) ou empresas tributadas com base no lucro real para a execução do projeto. Fonte: <http://www.cultura.gov.br/projetos-incentivados>. • O apoio a um determinado projeto pode ser revertido no total ou em parte para o investidor do valor desembolsado deduzido do imposto devido, dentro dos percentuais permitidos pela legislação tributária. Para empresas, até 4% do imposto devido; para pessoas físicas, até 6% do imposto devido. • Podem apresentar propostas pessoas físicas com atuação na área cultural (artistas, produtores culturais, técnicos da área cultural etc.); pessoas jurídicas públicas de natureza cultural da administração indireta 16 (autarquias, fundações culturais etc.); e pessoas jurídicas privadas de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos (empresas, cooperativas, fundações, ONGs, organizações culturais etc.). Fonte: <http://www.cultura.gov.br/projetos-incentivados> DESPORTO, CR/88, art. 217, §3º • Estado tem dever de fomentar, esporte, lazer e divertimento – promoção social, principalmente as de “criação nacional”, isto é, incorporado à cultura brasileira. • Lei Pelé – Lei 9.615/98 – modalidades de desporto: • Desporto formal e não formal, conforme aceitas ou não por entidades nacionais de administração de esportes; • Desporto educacional, referente a jogos e brinquedos; • Desporto de participação, em que cabe ao Estado preservar áreas para o esporte por lazer; • Desporto de rendimento, de rendimento profissional e de rendimento não profissional, a depender da existência ou não de vínculo empregatício 17 CIÊNCIA E TECNOLOGIA, CR/88, art. 218 • Cabe ao Estado: Desenvolvimento científico; Pesquisa tecnológica; Capacitação tecnológica. • Modalidades de pesquisa: Pesquisa científica básica; Pesquisa tecnológica. COMUNICAÇÃO SOCIAL, CR/88, art. 220 • Princípios: • Inexistência de restrição, salvo as existentes na CR/88; • Plena liberdade de informação jornalística, respeitados: a) vedação ao anonimato; b) direito de resposta; c) indenização por dano material, moral ou à imagem; d) inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem. • Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de imagens: • Brasileiros natos; • Brasileiros naturalizados; • Pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no Brasil (mínimo de 70% capital votante pertencente a pessoas constituídas no Brasil. • Regulação: • ANATEL: competência para regular serviços de telecomunicações, sem radiodifusão; • Ministério das Comunicações: competência para serviços de radiodifusão de sons (rádio) e de sons e imagens (TV). 18 FAMÍLIA, CR/88, art. 226 • CR/88, art. 226, a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento – STF, ADI 4.277 e ADPF 132. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes – Família Monoparental e Família Sócioafetiva. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher – Função Social da Família. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (EC66, de 2010) § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Lei Planejamento Familiar, Lei 9.263/96 § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a 19 violência no âmbito de suas relações. Lei Maria da Penha – Lei 11.340/2006 • STF, ADI 4.277 e ADPF 132 – interpretação do § 3º: “faz-se necessária a utilização da técnica de interpretação conforme à Constituição para excluir do dispositivo qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, públicae duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva”. ORDEM SOCIAL E PREVIDÊNCIA • Ordem Social: Base: Primado do Trabalho • Ordem Social: Objetivo: Bem-estar social e Justiça social • Conteúdo da ordem social em sentido amplo: • Seguridade Social: Saúde, Previdência e Assistência; • Educação; • Cultura; • Desporto; • Ciência e Tecnologia; • Comunicação Social; • Meio Ambiente; • Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso; • Índios; • Saúde; • Previdência; 20 • Assistência Social. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL • Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. • Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: • I - universalidade da cobertura e do atendimento; • II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; • III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; • IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; • V - eqüidade na forma de participação no custeio; • VI - diversidade da base de financiamento. HISTÓRIA DA PREVIDÊNCIA BRASILEIRA 1) Lei Eloy Chaves: Decreto 4.682 / 1923. Art. 1º Fica creada em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no país uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os respectivos empregados. (redação original) “No ano de 1923, com a Lei Eloy Chaves, foi implantada no Brasil a Previdência Social, na forma de pensão e caixas de aposentadoria, contemplando apenas algumas classes de 21 trabalhadores. Mas foi a partir dessa lei que surgiram outras caixas de aposentadorias e pensões, sendo os benefícios estendidos a praticamente todas as categorias de trabalhadores urbanos.” 2) Institutos de Aposentadorias e Pensões: 1933 – IAPM 1934 – IAPC 1934 – IAPB 1936 – IAPI 1938 – IPASE 1938 – IAPETEC 1939 – IAPOE 1960 – IAPFESP “A partir de 1933, a previdência iniciou uma nova fase com a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões. Entretanto, como cada instituto operava de forma distinta, fez- se necessária a uniformização da legislação aplicável à Previdência Social, bem como a unificação administrativa. Somente em 1960, com a Lei Orgânica da Previdência Social, houve a unificação das Leis Previdenciárias. Restava, portanto, a unificação administrativa, fato que ocorreu somente em 1966, com a fusão dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), sendo criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).” 3) Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) – 1977 Trata da organização administrativa, financeira e patrimonial com os seguintes institutos: • Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); • Instituto de Administração Financeira da Previdência e da Assistência Social (IAPAS); 22 • Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS); • Central de Medicamentos (CEME); • Legião Brasileira de Assistência; • FUNABEM; • DATAPREV. 4) CR/88: Instituição da Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência) 1990 – Criação do INSS = INPS + IAPAS; Extinção dos demais órgãos CONCEITOS PRINCIPAIS: • SEGURADOS: • Facultativos. • Obrigatórios: Empregado – prestador de serviço urbano ou rural à empresa em caráter não eventual, sob subordinação e mediante remuneração; Empregado Doméstico – aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos. Trabalhador Avulso – aquele que sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, com intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos da lei. Contribuinte Individual – quem presta serviço de natureza urbana ou rural a uma ou mais empresas sem relação de empresa. Segurado Especial – agricultor, pecuarista, extrativista e pescador. • PERÍODO DE GRAÇA: 23 É o período de manutenção extraordinária da qualidade de segurado em que a pessoa faz jus aos benefícios. Este período varia de benefício para benefício e é regulado pela Lei 8.213/91. • BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – PRINCIPAIS ESPÉCIES: 1) Auxílio-doença – CR/88, art. 201, I e Lei 8.213/91 O auxílio-doença é concedido em caso de incapacidade parcial e/ou temporária. Incapacidade parcial significa a impossibilidade do segurado de exercer a sua atividade, mas poderia exercer outras atividades capazes de lhe garantir o sustento. O benefício é recebido até a reabilitação para exercício de outra atividade. 2) Aposentadoria por invalidez Invalidez permanente é aquela que não tem recuperação, é aquela que tem um prognóstico negativo com os recursos terapêuticos disponíveis no momento. Além de permanente ela deve ser total. Os requisitos são cumulativos, só tem aposentadoria por invalidez se a invalidez for total e permanente. Invalidez total é aquela que inabilita o segurado ao exercício de qualquer atividade que lhe garanta o sustento. 3) Auxílio-acidente A ideia do auxílio-acidente é indenizar o segurado por uma redução em sua capacidade de trabalho. Em sentido estrito, o auxílio acidente não corresponde ao benefício por incapacidade, a pessoa não está incapacitada, ela consegue trabalhar, mas tem uma redução na capacidade de trabalho, não consegue trabalhar como antes. 4) Aposentadorias Voluntárias – CR/88, art. 201, §7º, I 24 São as aposentadorias por idade (rural, urbana e híbrida), por tempo de contribuição (comum, do professor e da pessoa com deficiência) e especial. MEIO AMBIENTE, ORDEM ECONÔMICA E SERVIÇOS PÚBLICOS (Aula 4) MEIO AMBIENTE – DEFINIÇÃO, ESPÉCIES, REGIME JURÍDICO • CR/88, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. • Meio ambiente natural ou físico – Lei 6.938/81, art. 3º, I: “é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.” • Meio ambiente cultural: aponta a história e cultura de um povo, suas raízes e identidade, sendo integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turístico. • Meio ambiente artificial ou humano: materializa-se no espaço urbano construído, destacando-se as edificações (espaço urbano fechado) e também os equipamentos públicos, como as ruas, espaços livres, parques, áreas verdes, praças etc. (espaço urbano aberto). • Meio ambiente do trabalho: espécie de meio ambiente artificial. Tratado em categoria autônoma. É o local onde o trabalhador desenvolve sua atividade. Cf. CR/88, art. 200, VIII, é atribuição do SUS a colaboração com a proteção do meio ambiente, para garantir ao trabalhador condições de salubridade e de segurança (CR/88, art. 196 e 7º). • CR/88, Art. 225 c/c art. 5º – Direito Fundamental – Argumentos normativos e doutrinários: 25 • Res. 41/128 da Assembleia Geral da ONU, de 04/12/86 – direito ao desenvolvimento como direito inalienável de toda pessoa humana e de todos os povos. • CR/88, art. 170, caput e VI – a ordem econômica fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa observando, entre outros, o princípio da defesa do meio ambiente. • Lei 6.938/81 – visa à compatibilização entre desenvolvimento econômico e preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. • Sustentabilidade como solução para aparente conflito de valores constitucionais: propriedade, livre iniciativa, intimidade, liberdade de expressão se submetem a preservação do meio ambiente, devendo-se buscar outras formas mais eficazes para exercício desses direitos na esfera individual e coletiva. • CR/88, Art. 225 c/c art. 5º – Instrumentos do Poder Público. Principais conceitos: • Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais; • Provimento do manejo ecológico das espécies e ecossistemas; • Preservação da diversidade e integridade do patrimônio genético do país; • Fiscalização das entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material genético; • Delimitação de espaços territoriais especialmente protegidos; • EIA / RIMA; • Controle Estatal – Agências Reguladoras; • Educação Ambiental; • Fauna e flora. 26 • CR/88, Art. 225 c/c art. 5º – principais controvérsias em políticas públicas de manejo ambiental 1) Crueldade contra animais: • A proibição de tratamento cruel aos animais (CR/88, art. 225, §1º, VII) SE SOBREPÕE à manifestação cultural (CR/88, art. 215, caput, § 1º). 2) Importação de Pneus Usados – ADPF 101: • Livre iniciativa versus proteção ao meio ambiente. É constitucional a legislação que proíbe a importação de pneus usados por prevalecer: • Proteção à saúde; • Meio ambiente ecologicamente equilibrado; • Soberania nacional; • Defesa do meio ambiente; • Princípios internacionais decorrentes de tratados de proteção ambiental. 3) Responsabilidade por danos ambientais: • Responsabilidade Criminal: meio ambiente como bem jurídico- penal autônomo, prevendo responsabilização criminal em razão dos crimes ecológicos. Lei 9.605/98; • Responsabilidade Administrativa: sanções como multa, interdição da atividade, advertência, suspensão de benefícios; • Responsabilidade civil objetiva e integral pelo dano ecológico causado, independente de comprovação de culpa (negligência, imprudência ou imperícia). Basta a comprovação do nexo causal e do dano. 27 • CR/88, Art. 225, § 4º – Ecossistemas com regime legal específico de exploração: • Floresta Amazônica; • Mata Atlântica; • Serra do Mar; • Pantanal Mato-grossense; • Zona Costeira. • CR/88, Art. 20, XI – Terras tradicionalmente ocupadas pelos Índios: bens público de uso especial: • Não necessariamente são terras referentes a aldeamentos extintos; • São as que sejam habitadas em caráter permanente; • São as que sejam utilizadas para as atividades produtivas dos índios; • São as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-estar; • São as necessárias à reprodução física e cultural dos índios, cf seus usos, costumes e tradições; • Índios tem direito a posse permanente e a usufruto das riquezas do solo, rios e lagos, respeitados os limites impostos na CR/88: a) Art. 231, § 3º: autoriza aproveitamento hídrico, com potencial energético, pesquisa e lavra (inclusive garimpo) mediante prévia autorização expressa e formal do Congresso Nacional. b) Remoção de grupos indígenas: art. 231, §5º: em regra, é proibida, cabendo apenas, mediante autorização ad referendum do Congresso Nacional, em casos de i) catástrofe ou epidemia que 28 ponha em risco sua população e ii) interesse da soberania nacional. • ADCT, art. 68 – Quilombolas o O artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) reconhece aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir os títulos. Divergência de interpretação no STF: i) O ADCT, art. 68 é norma autoaplicável, não precisando de lei específica do Poder Legislativo, sendo válido o Dec. 4.887/2003, do Poder Executivo, que regulamenta a identificação dos grupos quilombolas e a demarcação de suas terras. ii) O ADCT, art. 68 não é norma autoaplicável, sendo necessário lei específica do Poder Legislativo, precedente a decreto do Poder Executivo, razão pela qual o Dec. 4.887/2003, é inconstitucional, devendo ser declarado nulo. ORDEM ECONÔMICA: • Estado Liberal: preponderância do ator social indivíduo; Estado não intervencionista ou de intervenção mínima. Enfoque nos direitos individuais. • Estado Social: preponderância do ator social coletivo; Estado intervencionista. Enfoque nos direitos sociais. • Estado Pós-social ou Neoliberal: novos movimentos sociais como novos atores sociais: objetivo de eliminar problemas interindividuais sem ignorar a relevância da conflituosidade de classes. • Compatibilização de direitos individuais com direitos sociais. 29 • Instrumentos jurídicos: constitucionalização da economia com i) garantia de livre iniciativa, ii) controle do abuso do poder econômico e iii) promoção de justiça social. ORDEM ECONÔMICA – PRINCÍPIOS GERAIS NA CR/88 1) Soberania Nacional. Ex.: disciplina constitucional dos investimentos de capital estrangeiro; regulação das remessas de lucro para o exterior. 2) Propriedade Privada e 3) Função Social da Propriedade. Ex.: meios de produção devem atender ditames da política urbana, política agrícola e política fundiária (art. 182 a 191). 4) Livre Concorrência – Lei 12. 529 / 2011 Sistema Brasileiro da Concorrência: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE): • Fiscalização, acordo de leniência e punição administrativa; • Algumas infrações à Ordem Econômica; • Limitar a livre concorrência (impedimento da entrada ou permanência de agentes econômicos em seus respectivos mercados; • Aumentar arbitrariamente os lucros, ir, sem causa lícita em detrimento dos demais agentes de mercado. Algumas infrações à Ordem Econômica: • Exercer de forma abusiva posição dominante (concentração de parcela significativa do ciclo econômico sob alguns agentes); • Formação de cartel (acordo para restringir variedade de produtos e dividir mercado para manter receitas estáveis); • Venda casada (impede entrada de outros agentes econômicos no mercado); • Preços predatórios (manter o preço abaixo do preço de custo); 30 • Atos de concentração (CADE aprecia fusão, aquisição e incorporação se uma das empresas detiver 20% ou mais de mercado relevante); • Dominar mercado relevante de bens ou serviços (imposição arbitrária da vontade de um agente econômico sobre demais que atuam no mesmo nicho econômico). 5) Defesa do consumidor • Lei 8.078/90 – CPDC. Princípio da Vulnerabilidade, reconhecendo ao consumidor institutos jurídicos para exercer direitos perante fornecedores; • Boa-fé objetiva; • PROCON; • Inversão do Ônus da Prova. 6) Defesa do meio ambiente • Parâmetros para desenvolvimento sustentável. 7) Redução das desigualdades regionais e sociais • Ex.: criação de regiões administrativas (Art. 43), instituição do plano plurianual (art. 165, § 1º), possibilidade de concessão de incentivos fiscais (art. 151, I), fundo de erradicação da pobreza (EC. 67/2010). 8) Busca do pleno emprego • Valorização do trabalho humano; • Princípio diretivo da economia. 9) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte • Simplificação de obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias. PRINCÍPIOS GERAIS: CR/88, art. 170: valorização do trabalho humano e livre iniciativa + CR/88, art. 1º. IV: valores sociaisdo trabalho e valores sociais da livre iniciativa = 31 ORDEM ECONÔMICA – MEIOS DE ATUAÇÃO DO ESTADO e PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS • Direto: o Estado atua na economia do país, seja em regime de monopólio, seja em regime de participação com as empresas do setor privado. • Indireto: O Estado faz prevalecer a livre concorrência e evita abusos como os decorrentes de cartéis, dumping. Há delegação de prestação de serviços públicos à iniciativa privada. • CR/88, art. 175: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão: II – os direitos dos usuários; III – política tarifária; IV – a obrigação de manter serviço adequado. ORDEM ECONÔMICA – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS • Serviços públicos: É a atividade desenvolvida sob regime de direito público, que traz comodidades e utilidades para a população em geral, 32 podendo ser imprescindível ou não à satisfação de necessidades existenciais do grupo social. • Titularidade: Estado. Mas, Exercício: pode ser delegado a particulares mediante concessão, permissão ou autorização (CR/88, art. 21, XI e XII). • Serviços Públicos – Concessão e Permissão: Lei 8.987/1995 – Concessão e Permissão de Serviços Públicos, Art. 2º, II e IV; • Concessão de serviço público: delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. • Permissão de serviço público: é a delegação a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 33 SERVIÇOS PÚBLICOS ADEQUADOS E CONTINUIDADE: • Art. 6º, § 1º. Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. §2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e sua conservação, bem como a melhoria e a expansão do serviço. §3º Não se caracteriza descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. Obs.: Não pode haver descontinuidade em serviços públicos essenciais. • Prerrogativas do poder concedente: • Alteração unilateral do contrato; • Extinção unilateral do contrato (encampação por interesse público e caducidade por inexecução total ou parcial do contrato pela concessionária); • Fiscalização da execução do contrato; • Aplicação direta de sanções; • Decretação “ocupação temporária”. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS: 34 • Lei 11.079/2004; • Caracterizada pela contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado: • Concessão patrocinada: concessão de serviços públicos ou de obras públicas descritas na Lei 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. • Concessão administrativa: é o contrato de prestação de serviços de que a administração pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Políticas Públicas e Estrutura Institucional prevista na Constituição Brasileira. (Aula 5) Princípios e Poderes: • Legalidade estrita (CR/88, art.37): Significa a supremacia da lei (e da Constituição), de modo que a atividade administrativa e legislativa encontra na lei o seu fundamento e o seu limite de validade. A lei é o que delimita o campo de atuação dos órgãos administrativos e de seus agentes. A divisão entre os entes federativos e entre os órgãos administrativos permite a divisão de trabalho. Essa divisão de trabalho está descrita em normas legais. • Federação: dissociação de sujeitos titulares de competências de cada ente federativo. No Brasil, não há vínculo hierárquico entre os entes federativos. Em caso de conflito de competência/atribuição, deve-se identificar a titularidade da competência dos entes envolvidos. 35 CR/88, art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – Entes de Estado • CR/88, art. 21 – exclusiva e indelegável Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal. • CR/88, art. 22 – competência privativa e delegável Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais. 36 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. • CR/88, art. 23 – competência comum Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os estados, o Distrito Federal e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. • CR/88, art. 24 – competência concorrente – União, estados, DF Art. 24. Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; 37 VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não excluia competência suplementar dos estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. • CR/88, art. 25 – competência residual estados Art. 25. Os estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São reservadas aos estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º Cabe aos estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º Os estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 38 agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. • CR/88, art. 26 – bens dos estados Art. 26. Incluem-se entre os bens dos estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. • CR/88, art. 30 – competência dos municípios Art. 30. Compete aos municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 39 VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (...) REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – Funções Típicas de Estado • PODER LEGISLATIVO: • Nível Federal: Congresso Nacional = Câmara dos Deputados + Senado Federal; • Nível Estadual: Assembleia Legislativa; • Nível Municipal: Câmara Vereadores. • PODER EXECUTIVO: • Nível Federal: Chefe de Estado e Chefe de Governo; Ministérios; • Nível Estadual e Municipal: Chefe de governo, Secretarias. • PODER JUDICIÁRIO: • Jurisdição Constitucional – Supremo Tribunal Federal; • Justiça Comum – Justiça Federal e Estadual (Cível, Criminal, Tributário, Previdenciário); • Justiça Especial – Militar, Eleitoral. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – Funções Atípicas de Estado • Função Legislativa: • Regulamentar, normatizar, organizar divisão de competências dos órgãos. 40 • Função Executiva: • Administrar, gerir; • Concretizar atividades e tarefas prescritas em atos normativos. • Função Judiciária: • Apreciar controvérsias internas, solucionar conflitos internos e proceder à autotutela. ESCOLA DO INTERESSE PÚBLICO • O interesse público prevalece sobre todos os demais e o regime de direito administrativo é destinado a assegurar a prevalência deste último. São características: • Supremacia: é a superioridade sobre demais interesses existentes na sociedade (sobre interesses privados). • Indisponibilidade: Vincula-se ao princípio da República, que impõe a dissociação entre titularidade e exercício do interesse público. A sociedade (o povo) é o titular do interesse público. O agente público é, portanto, um servo do interesse público. • Como decorrências teóricas e práticas das características do interesse público, podemos destacar: Interesse público não se confunde com interesse do Estado; Interesse público não se confunde com interesse do aparato administrativo; Interesse público não se confunde com interesse do agente público; • São espécies de interesse público: • Interesse Público Primário: é a dimensão pública dos interesses individuais, isto é, no plexo de interesses dos indivíduos enquanto partícipes da sociedade. O Estado gerencia interesses da coletividade. 41 • Interesse Público Secundário (Derivado): o Estado pode ter, assim como as demais pessoas, interesses que lhe são particulares, individuais, concebidos nas individualidades do próprio Estado, enquanto pessoa: são interesses individuais do Estado. Princípios da Impessoalidade e da Finalidade (CR/88, art. 37, II) • Ausência de subjetividade: o agente público fica impedido de considerar quaisquer interesses pessoais próprios ou de terceiros; • Teoria da Imputação: a vontade do agente se confunde com a vontade do órgão; • Decorrências práticas: proibição de nepotismo (súmula vinculante 13 do STF). Princípio da Moralidade: • Administração e seus agentes devem atuar em conformidade com princípios éticos aceitáveis socialmente. Observância de padrões éticos, boa-fé, lealdade; • Responsabilização do administrador público: CR/88, art. 37, § 4º; Lei 8.429/92; CR/88, art. 85, V (crimes de responsabilidade do presidente da república), CR/88, art. 5º, LXXIII (remédios constitucionais, principalmente ação popular); LC101/00 (LRF). Publicidade (CR/88, art. 37, caput): • Divulgação, conhecimento público dos atos administrativos; • Fundamento: agente público exerce função pública em nome do povo; • Funções: • condição de eficácia marcando início da produção dos efeitos externos do ato administrativo. Ninguém está obrigado a cumprir ato administrativo se não o conhece; • marca termo inicial para contagem de prazos; 42 • viabiliza controle e fiscalização dos atos praticados pelo Poder Público, tanto pelos interessados diretos, tanto pelo povo, através de ‘remédios’ como MS, ACP, Após, direito de petição, HD (CR/88, art. 5º LXXII; direito de certidão, CR/88, art. 5º XXXIV, ‘b’); • divulgação, conhecimento público dos atos administrativos; • fundamento: agente público exerce função pública em nome do povo. • Exceções – Garantia de sigilo: • Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem (CR/88, art.5º, X); • Imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado (CR/88, art. 5º, XXXIII, Lei 11.111); • Para fins de defesa da intimidade ou do interesse social (Lei 8.112/90, art. 150: reuniões e audiências com caráter reservado). Eficiência (EC19/98): • CR/88, art. 41: condição para aquisição e perda da garantia de estabilidade – avaliação especial de desempenho e avaliação periódica , cujo resultado negativo pode ensejar demissão, mediante processo administrativo. • CR/88, art.169: A Administração Pública não pode exceder limites de despesa com pessoal (Ativo ou inativo). Para a União, o limite é de 50% da receita corrente líquida; para Estados e Municípios, 60%. O ente que extrapolar esse limite, obriga-se a reduzir , com o corte inicial de 20% das despesas, na seguinte ordem: (i) de cargo em comissão e funções em confiança, (ii) servidores não estáveis, (iii) servidores estáveis. Isonomia: • Objetiva a igualdade de tratamento entre os administrados que se encontrem na mesma situação jurídica. Tratar desiguais na medida de sua desigualdade. Ex.: cadeirante excluído de edital de concurso parasalva-vidas. • Discriminação sobre gênero, idade (CR/88, art. 7º, XXX) e altura. Discussão sobre capacidade física. Contraditório e Ampla Defesa – Devido Processo Legal (CR/88, LIV; Lei 9.874/99, art. 2): 43 • Origem no direito processual; • Assegura documentação, acesso a informações e possibilidade de defender-se; • Caráter prévio da defesa em relação ao ato decisório; • Direito de interpor recurso administrativo, independentemente de previsão explícita em lei, com aplicação do CR/88, art. 5º, LV e XXXIV (direito de petição); • Defesa técnica (representação por advogado). Súmula Vinculante nº 5 "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição"; • Direito de acesso e cópias, com despesas a cargo do interessado; • Direito de solicitar a produção de provas, vê-las realizadas e interferindo efetivamente no convencimento do julgador. Razoabilidade • Princípio da proibição de excessos: agir discricionariamente ≠ agir arbitrariamente; • Trata-se da pertinência entre oportunidade e conveniência do administrador, de um lado e a finalidade, do outro. Proporcionalidade • Equilíbrio entre os meios utilizados pela Administração e os fins almejados, segundo padrões comuns da sociedade em que se vive, caso a caso; • Não se pode tornar a prestação excessivamente onerosa para nenhuma das partes; • Não expresso, mas sim implícito na CR/88, art. 37 c/c art. 5º, II e art. 84, IV; Lei 9.784/99, art. 2º, parágrafo único, VI, VIII, IX e art. 29, § 2º. Continuidade • Ausência de interrupção. Atividade administrativa deve ser prestada continuamente; • Consequências: interrupção somente em hipóteses expressamente autorizadas por lei; 44 • Lei 8.987/95, art.6º, § 3º: não há descontinuidade do serviço em caso de emergência ou após aviso prévio por motivo técnico ou de segurança das instalações ou por inadimplemento do usuário, considerando-se, sempre, o interesse coletivo; • Discussão: inadimplemento do usuário e corte de prestação de serviço essencial. ATOS ADMINISTRATIVOS (Aula 6) ELEMENTOS Elementos (perfeição) Pressupostos de validade (validade) Sujeito Competência Finalidade Interesse Público Forma Prescrita em lei Objeto Lícito e possível Motivo Interesse Público in concreto e específico • Sujeito: é o autor do ato. • Forma: é o revestimento externo do ato: sua exteriorização. • Objeto (ou conteúdo): disposição jurídica expressada pelo ato: o que ele estabelece. • Motivo: situação objetiva que autoriza ou exige a prática do ato. • Finalidade: bem jurídico a que o ato deve atender. SUJEITO. COMPETÊNCIA • Sujeito: é o produtor do ato; é quem exerce a função administrativa tido como objeto do ato administrativo. • Competência: são os limites ou medida do exercício dessa função administrativa. A competência possui duas características: improrrogabilidade e inderrogabilidade. Isso significa que o administrador não pode renunciar aos poderes e competências que lhe foram outorgados por lei, salvo expressa permissão legal. Tampouco pode transacionar seus poderes e atribuições. • Lei 9784/99, art. 2º, II: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 45 razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; • Lei 9784/99, art. 11: A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. • Portanto, quando extrapolado o limite de exercício dessa função, sem permissão legal, temos a incompetência e o excesso de poder. As permissões legais estão no Decreto-Lei 200/67 e na Lei 9784/99. Assim, quanto à inderrogabilidade, há exceções, previstas em lei ou em ato normativo, que são a avocação e a delegação. • Decreto-Lei 200/67, Art. 12: É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal delegar competência para a prática de atos administrativos, conforme se dispuser em regulamento; • Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de delegação. • Lei 9784/99, Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial; • Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. • Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. OBJETO DO ATO ADMINISTRATIVO 46 • Conceito: É o efeito jurídico imediato que o ato produz. Ex.: Demissão, desapropriação. • Requisitos: • Licitude: conforme a lei; • Possibilidade: realizável pela Administração Pública; • Certeza: definido quanto ao destinatário, efeitos, tempo e lugar; • Moral: conforme padrões justos e corretos da moralidade administrativa e geral. • Objeto natural: efeito produzido pela simples realização do ato. • Objeto acidental: • Termo: dia de início e fim da eficácia do ato. • Modo: ônus imposto ao destinatário do ato. • Condição: cláusula que subordina o efeito do ato a evento futuro e incerto. Suspensiva: suspende o início da eficácia do ato; Resolutiva: quando esta condição é verificada, faz cessar a produção de efeitos jurídicos do ato. • Vícios do Objeto do Ato Administrativo: Lei nº 4.717/65, art. 2º, parágrafo único, alínea ‘c’ • Proibição legal. Ex.: Desapropriação de bem da união por município • Subsunção legal equivocada. Ex.: Suspensão aplicada em hipótese em que cabe apenas advertência. • Impossibilidade. Os efeitos pretendidos são irrealizáveis, por razões de fato ou de direito. Ex.: Nomeação para cargo inexistente. • Imoralidade. Ex.: Parecer emitido sob encomenda, contrário ao entendimento do parecerista. • Incerteza quanto aos destinatários, coisas, tempo, lugar. Ex.: Desapropriação de bem não definido. FORMA 47 • Exigências legais (formalidades específicas) para legitimidade da formação do ato administrativo. • São o resultado de um procedimento administrativo prévio (série de atos formais), fundado em devido processo legal. • Exceção ao princípio da solenidade somente mediante expressa autorização de lei. Ex.: sinais sonoros e gestos por guarda de trânsito, sinais de semáforo ou placas de trânsito. Ex.: L.8.666/93, art. 60, § único. • Silêncio Silêncio não é ato jurídico, por que não é manifestação de vontade que se perfectibiliza com uma declaração jurídica. Portanto não pode produzir efeitos. Mas, silêncio pode ser fato jurídico administrativo, quando repercutir juridicamente para o administrado, para o agente que se omitiu e para Administração Pública, cujos efeitos são analisados no caso concreto. • Resposta da Administração: Direito de o administradoreceber resposta (CR/88, art. 5º, XXXIV) – direito de petição. Dever do administrador de responder (em prazo legal ou prazo razoável – CR/88, art.5º, LXXVIII) podendo ser suprido pelo Judiciário (CR/88, art.5º, XXXV). Lei 9784/99, art. 48: prazo de 30 dias para decisão em processo administrativo, salvo prorrogação expressamente motivada. 48 • Caracterização do silêncio praticado pelo Agente: Se pratica negligência, viola Lei 8112/90, art. 116, I e III. • Atuação do judiciário: • Atos discricionários: Judiciário pode exigir a manifestação da Administração a respeito. • Atos vinculados: Judiciário pode praticar o ato administrativo, preenchidos os requisitos legais para tanto. Ex.: concessão de aposentadoria. Liberação do automóvel independentemente de multa. • Vício de forma: Em regra, acarreta invalidação, quando atingir conteúdo. Ex.: resolução em vez de decreto do Chefe Executivo para declaração de imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação (DL nº3.365/41, art. 6º). Ex.: demissão de servidor público estável sem devido procedimento disciplinar; Ex.: contratação sem devido procedimento licitatório (CR/88, art. 37, XXI) Mas, excepcionalmente, pode ser convalidado, quando não atingir qualquer esfera de direito, isto é, não gerar prejuízos para os destinatários. MOTIVO DO ATO • Conceito: Razões que justificam edição do ato. É a situação de fato e de direito que gera a vontade do agente da prática do ato administrativo. Ex.: compra de materiais hospitalares Ex.: obra de ponte Ex.: contratação de professores Ex.: concurso público Ex.: desapropriação 49 • Requisitos de validade: 1) Materialidade do ato: motivo em função do qual foi praticado deve ser verdadeiro e compatível com a realidade fática apresentada pelo administrador. 2) Motivo com critério subjetivo de valoração do administrador deve manter-se nos limites permitidos pela estrutura do ordenamento (princípios constitucionais, como razoabilidade e proporcionalidade). Ex.: identificação de comportamento imoral ou de conduta escandalosa (Lei 8.112/90). 3) Congruência entre motivo existente e declarado e o resultado prático desse ato (Lei 4717/65, art. 2º, parágrafo único, in fine). Ex.: revogação de inúmeros portes de arma, todos fundados em aumento de violência, quando apenas algumas pessoas se enquadram nesse motivo. Ex.: realização de obra pública para fins de lazer em local ainda não habitado. Ex.: compra de material hospitalar / de ensino para hospital / escola que já atende demanda. Ex.: enviar 90% das verbas de enchentes para o Nordeste. • Motivo: fato e fundamento jurídico justificantes da prática do ato. • Motivação: dever de justificar seus atos, apontando-lhes fatos, fundamentos de direito e correlação lógica correspondente. • Teoria dos Motivos Determinantes: para quando não houver motivação ou quando for posterior à prática do ato. O administrador fica vinculado às razões de fato e de direito que o levam à prática do ato. Ex.: se exonerar servidor de cargo em comissão cumprindo regra de redução de despesas não poderá nomear outro para mesmo cargo. Ex.: desapropriar bem de desafeto político em área inacessível alegando interesse social na construção de área de lazer para população local. Desapropriação: possibilidade de mudança de motivo alegado, quando mantidas razões de interesse público. 50 EXTINÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (Aula 7) DIFERENÇAS CONCEITUAIS PRELIMINARES • Invalidação: atos que possuem qualquer vício, sanável (anulável) ou insanável (nulo); • Anulação: anulação de atos com vícios insanáveis, pelo Judiciário (acesso à justiça) ou pela Administração (autotutela) • Revogação: atos perfeitos, retirados do ordenamento jurídico por conveniência e oportunidade da Administração Pública (por interesse público). São os discricionários. • Lei 9.784/99, art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. REQUISITOS: • Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. ATOS NULOS: Não podem ser convalidados. O juiz pode declará-los de ofício, independentemente de requerimento das partes ou do MP. São eles: • os atos que a lei assim declare; • os atos em que é materialmente impossível a convalidação, pois se o mesmo conteudo fosse novamente produzido, seria reproduzida a invalidade anterior; é o que ocorre com os vícios relativos ao objeto, à finalidade, ao motivo, à causa. ATOS ANULÁVEIS Podem ser convalidados. O juiz só pode declará-los mediante provocação da parte interessada, ou do MP. São eles: • Os que a lei assim os declare. 51 • Os que podem ser praticados sem vício; é o caso dos atos praticados por sujeito incompetente, com vício de vontade, com defeito de formalidade. CONVALIDAÇÃO E CONVERSÃO PARA ATENDER SEGURANÇA JURÍDICA, ADMINISTRADO E TERCEIROS DE BOA-FÉ Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. • Há convalidação de atos anuláveis • Há possibilidade de convalidação de atos nulos desde que respeitada Lei 9.784, art. 54 (decadência 5 anos e boa-fé). • Convalidação quanto ao Sujeito • Se o ato foi praticado com vício de incompetência, há convalidação (chamada ratificação), salvo se (i) a incompetência se der em razão da matéria ou (ii) se a competência for exclusiva. • Convalidação quanto ao Motivo e Finalidade • NUNCA há convalidação. • Convalidação quanto ao Objeto • Se o objeto for ilegal não há convalidação. • Se o objeto for legal, há conversão, que implica na substituição de um ato por outro, em que a Administração converte um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original para aproveitar os efeitos já produzidos. 52 ESTABILIZAÇÃO DE EFEITOS • Trata-se de aplicar critérios (temporal — Lei 9.784, art. 54 — e de segurança jurídica) que imponham limites à atemporalidade da autotutela. Ex.: Servidor Público ingresso sem concurso público ou por concurso interno (Lei 8.112/90, art. 8º, III e art. 10, declarados inconstitucionais somente em 1993, na ADI 837, com base na CR/88, art. 37, II). • Impossibilidade de anulação do ato de posse e de nomeação, com base na Lei 9.784, art. 54. • Impossibilidade de devolução das remunerações percebidas por quem teve nomeação e posse anuladas, dentro do prazo do art. 54, da Lei 9784, para evitar enriquecimento sem causa e ilícito para Administração Pública, empregadora. ATOS IRREVOGÁVEIS: • Atos assim declarados por lei; • Atos que gerem direito adquirido (STF, 473); • Atos que já tenham exaurido seus efeitos, uma vez que a revogação não retroage para atingir a origem do ato. Ex.: Demolição de uma casa; • Atos cuja competência já tenha exaurido por ter a autoridade competente deixado de sê-lo; • Atos vinculados, porque não há elementos de oportunidade e conveniência a serem apreciados; • Atos enunciativos, por terem seus efeitos definidos por lei e não por discricionariedade do agente; • Atos que integrem um procedimento, por preclusão do ato anterior com a prática do novo ato subsequente; • Atos de controle:a competência se exaure com expedição do ato controlador, por que os efeitos se produzem a partir do ato controlado. Ex.: autorização prévia; aprovações posteriores de algum ato administrativo. • Atos antecedentes aos seguintes (atos sucessivos), em um procedimento, tem a competência exaurida, operando preclusão; • Atos de decisão final de processo contencioso; 53 • Atos complexos, por que só se tornam perfeitos e eficazes com a manifestação de vontade de órgãos distintos, de forma que a vontade de 1 apenas não pode modificar o que a lei faz depender da manifestação de mais de 1 vontade. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA • Impossibilidade de se alterar decisão definitiva da qual não caiba mais recurso administrativo. • A revisão somente poderá ser feita judicialmente; Ex.: processo administrativo revisional: funda-se na infração à lei, com todos os participantes envolvidos (Lei 9.784/99, art. 65). CLASSIFICAÇÃO: Quanto às prerrogativas: • De Império: praticados pela Administração com todas as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular. Aplica-se o direito público. • De Gestão: praticados pela Administração em situação de igualdade com os particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão de seus serviços. Aplica-se predominantemente o direito comum. Quanto à função da vontade: • Atos administrativos propriamente ditos: há declaração de vontade com objetivo de obter certos efeitos jurídicos definidos em lei. • Meros atos administrativos: há declaração de opinião (parecer), conhecimento (certidão) ou desejo (voto em órgão colegiado). Quanto à formação da vontade: • Atos complexos: resultam da manifestação de dois ou mais órgãos para formar um único ato. Ex.: aposentadoria. • Ato composto: resulta da prática de dois ou mais atos, sendo um complementar ou pressuposto do principal. Ex.: Autorização, aprovação, proposta, parecer, laudo técnico, homologação, visto. Ex. dispensa de licitação que depende de homologação pela autoridade superior para produzir efeitos. 54 Quanto aos destinatários: • Atos gerais: são atos normativos praticados pela Administração, atingindo todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Ex.: Regulamentos, portarias, resoluções, circulares, instruções, deliberações e regimentos. • Atos individuais: são os que produzem efeitos jurídicos no caso concreto. Ex.: Nomeação, demissão, tombamento, servidão administrativa, licença, autorização. Quanto à formação da vontade: • Atos complexos: resultam da manifestação de dois ou mais órgãos para formar um único ato. Ex.: aposentadoria. • Ato composto: resulta da prática de dois ou mais atos, sendo um complementar ou pressuposto do principal. Ex.: autorização, aprovação, proposta, parecer, laudo técnico, homologação, visto. Ex.: dispensa de licitação que depende de homologação pela autoridade superior para produzir efeitos. Quanto aos destinatários: • Atos gerais: são atos normativos praticados pela Administração, atingindo todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Ex.: regulamentos, portarias, resoluções, circulares, instruções, deliberações e regimentos. • Atos individuais: são os que produzem efeitos jurídicos no caso concreto. Ex.: nomeação, demissão, tombamento, servidão administrativa, licença, autorização. Quanto à exequibilidade: • Perfeito: é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já completou todo o seu ciclo de formação. • Imperfeito: é o que não está apto a produzir efeitos jurídicos, porque não completou o seu ciclo de formação. Os prazos prescricionais não correm nesta fase. • Pendente: é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos. • Consumado: é o que já exauriu os seus efeitos. Não pode ser impugnado administrativamente nem judicialmente. Se ilícito pode ensejar responsabilidade administrativa, criminal ou civil de Estado. 55 Quanto aos efeitos: • Constitutivo: é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito ou uma situação do administrado. É o caso da permissão, autorização, dispensa, aplicação de penalidade e revogação. • Declaratório: é aquele em que a Administração apenas reconhece um direito que já existia antes do ato. • Enunciativo: é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito. QUANTO AO CONTEÚDO Autorização: Ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração faculta ao particular o desempenho de atividade material ou prática de ato que, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos. • Autorização de Uso: uso privativo de bem público, a título precário. • Autorização de Serviço Público: o Poder Público delega ao particular a exploração de serviço público, a título precário. Trata-se do previsto na CR/88, art. 21, XI e XII, que são serviços públicos próprios, quando prestados pelo Estado, por autorização. Obs.: seriam serviços públicos impróprios, quando abertos à iniciativa privada, havendo autorização como ato de polícia. Licença: É o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade. Admissão: É o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração reconhece ao particular, que preencha os requisitos legais, o direito à prestação de um serviço público. Permissão: É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito e oneroso, pelo qual a Administração faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização privativa de bem público. Seu objeto é a utilização privativa de bem público ou execução de serviço público por particular. Fundamento: CR/88, art. 175, parágrafo único, I. Lei 8987/95. 56 Aprovação: É o ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce o controle a priori (equivale a autorização para a prática do ato) ou a posteriori (equivale ao seu referendo) do ato administrativo. Ex.: CR/88, art. 52 que exige aprovação prévia do Senado pra escolha de magistrados e ministros do TCU. Homologação: É o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração reconhece a legalidade de um ato jurídico, sempre a posteriori. Ex.: Homologação do procedimento da licitação. Parecer: É o ato pelo qual os órgãos da Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência. • Facultativo: quando fica a critério da Administração solicitá-lo ou não, além de não ser vinculante para quem o solicitou. • Obrigatório: quando o parecer é pressuposto para o ato final, podendo ter ou não caráter meramente opinativo. • Vinculante: quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e a acatar sua conclusão. Em regra, não há responsabilização do parecerista, salvo no parecer vinculante, porque neste caso o parecer contém a motivação do ato praticado. QUANTO A FORMA Decreto: É a forma de que se revestem os atos individuais ou gerais, emanados do Chefe do Poder Executivo. Quando gerais, podem ser: • Regulamentar ou de execução – CR/88, art. 84, IV. Quando comparado à lei, o decreto é ato normativo derivado, por que tem seu fundamento de validade na lei que pretende regulamentar ou executar. • Independente ou Autônomo – CR/88, art. 84, VI (EC32/2001). A independência é restrita por ter de respeitar o não aumento de despesa nem a criação ou extinção de órgãos públicos. Resolução e portaria: São formas de que se revestem os atos, gerais ou individuais, emanados de autoridades
Compartilhar